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Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA LICITAÇÕES CONTEÚDO Princípios reguladores das Licitações Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 2 A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. 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Coliseo - Centro Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 www.faculdadefocus.com.br Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 3 Sumário Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 1. Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 -------------------------------------------- 4 3.1 Princípio da licitação sustentável ------------------------------------------------------------------------------------ 5 3.2 Princípio da ampla defesa --------------------------------------------------------------------------------------------- 6 3.3 Princípio da adjudicação compulsória ------------------------------------------------------------------------------ 7 3.4 Princípio da legalidade ------------------------------------------------------------------------------------------------- 8 3.5 Princípio da vinculação ao instrumento convocatório --------------------------------------------------------- 8 3.6 Princípio da impessoalidade ------------------------------------------------------------------------------------------ 9 3.7 Princípio do julgamento objetivo ------------------------------------------------------------------------------------ 9 3.8 Princípio da igualdade ------------------------------------------------------------------------------------------------ 10 3.9 Princípio da isonomia ------------------------------------------------------------------------------------------------- 10 3.10 Princípios da moralidade e probidade administrativa ------------------------------------------------------- 11 3.11 Princípio da publicidade---------------------------------------------------------------------------------------------- 11 3.12 Princípio da eficiência ------------------------------------------------------------------------------------------------ 12 2. Princípios acrescidos pela nova Lei de Licitações ------------------------------------------------ 12 3.13 Princípio da competitividade --------------------------------------------------------------------------------------- 12 3.14 Princípio do interesse público -------------------------------------------------------------------------------------- 13 3.15 Princípio do planejamento ------------------------------------------------------------------------------------------ 13 3.16 Princípio da transparência ------------------------------------------------------------------------------------------- 13 3.17 Princípio da eficácia --------------------------------------------------------------------------------------------------- 14 3.18 Princípio da segregação de funções ------------------------------------------------------------------------------- 14 3.19 Princípio da motivação ----------------------------------------------------------------------------------------------- 15 3.20 Princípio da segurança jurídica ------------------------------------------------------------------------------------- 15 3.21 Princípios da razoabilidade e proporcionalidade ------------------------------------------------------------- 16 3.22 Princípio da celeridade ----------------------------------------------------------------------------------------------- 17 3.23 Princípio da economicidade ----------------------------------------------------------------------------------------- 17 3. Concluindo -------------------------------------------------------------------------------------------------- 17 4. Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 18 Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 4 1. Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 Todas as relações existentes no direito são pautadas em alguns princípios, eles representam um papel fundamental no âmbito jurídico, pois, garantem a aplicação da lei de forma justa. Desta forma, assim como as normas, os costumes e a doutrina, os princípios representam uma das fontes do direito e estabelecem diretrizes básicas a serem seguidas. Portanto, a licitação, igualmente como outros processos, é norteada por princípios básicos, que ganharam um destaque especial na Lei 14.133/21. De acordo com José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 378), a licitação pode ser definida “como o procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico”. Em outras palavras, trata-se de um procedimento administrativo que tem o intuito de avaliar e escolher a proposta mais favorável à Administração. As partes envolvidas (licitantes), são vinculadas ao procedimento através de um instrumento convocatório (edital), que define todos os elementos do processo. Desta forma, com o advento da nova Lei de Licitações – nº 14.133/21 – o rol de princípios antes abordados pela Lei 8.666/93 foi ampliado e agora o art. 5º afirma que, além dos Princípios Constitucionais da Administração Pública, elencados no art. 37 da CF, serão observados os princípios do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, bem como as disposições da Lei de Introdução as Normas doDireito Brasileiro – LINDB (DL nº 4.657/42). Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 5 LEI Nº 8.666/93 LEI Nº 14.133/21 Previsão Legal Art. 3º Art. 5º Princípios Constitucionais SIM (art. 37, CF) SIM (art. 37, CF) Princípios da Licitação O processo licitatório deve observar os princípios da isonomia, da proposta mais vantajosa para a administração, da promoção do desenvolvimento nacional sustentável, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. O processo licitatório deve observar os princípios do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável. Realizadas nossas considerações iniciais, passamos a análise de todos os princípios de forma pormenorizada, apontando e destacando as principais características de cada um. 3.1 Princípio da licitação sustentável Previsto no art. 5º da Lei 14.133/21, o princípio da licitação sustentável ou do desenvolvimento sustentável, determina que o certame incentive a preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico, difusão das tecnologias de manejo do meio ambiente, entre outros fatores, em consonância com o art. 4º da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 9.938/81). Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 6 I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; (Vide decreto nº 5.975, de 2006) III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Não é de hoje que o legislador passou a se preocupar mais com o meio ambiente e priorizando um desenvolvimento mais sustentável. Essa preocupação já estava presente na Lei 8.666/93 e se manteve com a promulgação da nova Lei de Licitações (nº 14.133/21). 3.2 Princípio da ampla defesa Antes da Lei 14.133/21, o princípio constitucional da ampla defesa já estava garantido no art. 5º inciso LV da Magna Carta, o qual confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral o direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 7 Neste sentido, Licínia Rossi (2020, p. 1.065) afirma que “sempre que existir alguma litigiosidade entre Administração Pública e administrado, é necessário que a Administração confira oportunidade de contraditório e ampla defesa”. Assim, pautada nesta premissa constitucional, a nova Lei de Licitações exige respeito ao princípio da ampla defesa, mesmo que de forma implícita, em face à aplicação de eventuais sanções administrativas ligadas ao processo licitatório ou aos contratos administrativos. 3.3 Princípio da adjudicação compulsória O princípio da adjudicação compulsória defende que, a Administração Pública deve firmar o contrato com o contrato com o licitante vencedor declarado pela Comissão Licitante. De acordo com Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2020, p. 671) “o princípio da adjudicação compulsória significa que o objeto da licitação deve compulsoriamente ser adjudicado ao primeiro colocado, o que não significa reconhecer o direito ao próprio contrato”. Isto é, após finalizado o processo licitatório, a Administração não poderá atribuir o objeto do certame a outrem se não ao licitante vencedor. Embora de forma implícita, o princípio da adjudicação compulsória é representado pelo art. 90 da nova Lei de Licitações, o qual determina que, Art. 90. A Administração convocará regularmente o licitante vencedor para assinar o termo de contrato ou para aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e nas condições estabelecidas no edital de licitação, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei. No entanto, como bem destaca Maria Sylvia Di Pietro (2019, p. 777) a expressão adjudicação compulsória muitas vezes é interpretada de forma equivocada, vez que pode sugerir a ideia de que, após a conclusão do julgamento, “a Administração está obrigada a adjudicar; isto não ocorre, porque a revogação motivada pode ocorrer em qualquer fase da licitação”. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 8 3.4 Princípio da legalidade O princípio da legalidade, além de ser um preceito básico a Administração Pública, desempenha um papel fundamental no processo licitatório, pois, é através dele que a Administração se mantém ligada as diretrizes estabelecidas por lei, tanto que, qualquer cidadão poderá acompanhar o seu desenvolvimento. Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 386) “o princípio da legalidade é talvez o princípio basilar de toda a atividade administrativa. Significa que o administrador não pode fazer prevalecer sua vontade pessoal; sua atuação tem que se cingir ao que a lei impõe. Essa limitação do administrador é que, em última instância, garante os indivíduos contra abusos de conduta e desvios de objetivos”. 3.5 Princípio da vinculação ao instrumento convocatório Conforme vimos acima, o instrumento convocatório da licitação é representado pelo edital do certame. Trata-se de um documento escrito, dotado de formalidade que dispõe sobre as diretrizes e demais exigências relativas ao processo licitatório. Além disso, o edital deve discorrer sobre o valor que a Administração terá que desembolsar para adquirir e contratar os bens e serviços que pretende. De acordo com Maria Sylvia Di Pietro (2019, p. 775) o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, “trata-se de princípio essencial cuja inobservância enseja nulidade do procedimento”. Assim, podemos afirmar que, esse princípio é um desdobramento do princípio da legalidade, dado que o edital assume a posição de lei interna ao processo licitatório, devendo ser respeitado tanto pelos licitantes quanto pelo próprio Poder Público, sob pena de nulidade do procedimento. Isto é, será vedado a Administração, no decorrer do certame, inovar ou alterar asregras nele previstas por simples conveniência. Da mesma forma que, não pode o licitante vencedor, solicitar a alteração de cláusulas no momento da assinatura do contrato. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 9 3.6 Princípio da impessoalidade O princípio da impessoalidade presume que todos os envolvidos no processo licitatório sejam tratados de forma igual, com absoluta neutralidade, sendo vedado qualquer forma de favoritismo ou perseguições infundadas. Assim, segundo entendimento manifestado por Maria Sylvia Di Pietro (2019, p. 772) o princípio da impessoalidade está “intimamente ligado aos princípios da isonomia e do julgamento objetivo: todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas, salvo as expressamente previstas na lei ou no instrumento convocatório”. 3.7 Princípio do julgamento objetivo Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 389) “o princípio do julgamento objetivo é corolário do princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Consiste em que os critérios e fatores seletivos previstos no edital devem ser adotados inafastavelmente para o julgamento, evitando-se, assim, qualquer surpresa para os participantes da competição”. Em outras palavras, o princípio do julgamento objetivo proíbe que o Administrador Público julgue ou tome decisões baseadas em critérios subjetivos, motivados por gostos pessoais, visto que tem o poder-dever que agir com probidade em nome da Administração Pública, prestando contas de seus atos e sobre o gerenciamento dos bens e interesses que pertencem à coletividade. Assim, em atenção ao princípio do julgamento objetivo, dispõe o art. 33 da Lei 14.133/21 que, o julgamento das propostas será realizado de acordo com os seguintes critérios, que vincularão o administrador: a) menor preço; b) maior desconto; c) Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 10 melhor técnica ou conteúdo artístico; d) técnica e preço; e) maior lance, no caso de leilão; f) maior retorno econômico. Desta forma, o referido princípio deduz ainda que os agentes públicos respeitem os princípios da legalidade, publicidade e da vinculação ao procedimento formal. Perceba que esse princípio exige bastante equilíbrio do administrador público. 3.8 Princípio da igualdade Nas palavras de Maria Sylvia Di Pietro (2019, p. 763) “o princípio da igualdade constitui um dos alicerces da licitação, na medida em que esta visa, não apenas permitir à Administração a escolha da melhor proposta, como também assegurar igualdade de direitos a todos os interessados em contratar”. Assim, como premissa fundamental no direito, o princípio da igualdade é manifestado no art. 9º, inciso I, alínea “b” e inciso II da nova Lei de Licitações, observe: Art. 9º É vedado ao agente público designado para atuar na área de licitações e contratos, ressalvados os casos previstos em lei: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situações que: b) estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes; II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamento, mesmo quando envolvido financiamento de agência internacional; 3.9 Princípio da isonomia Embora a Lei 14.133/21 tenha uma proposta mais garantista com relação a antiga 8.666/93, devido a um aumento significativo no rol dos princípios fundamentais, alguns ainda prevalecem implícitos, é o caso do princípio da isonomia. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios gerais e específicos da Lei 14.133 de 2021 www.cenes.com.br | 11 Diferente do princípio da igualdade que garante um tratamento igual a todos, sem distinção, a isonomia defende a ideia de que os iguais devem ser tratados de forma igual e os desiguais na medida de suas desigualdades, como ocorre, por exemplo, com as microempresas e empresas de pequeno porte, que, em determinadas situações, possuem um tratamento diferenciado. Contudo, é importante ressaltar que, a aplicação do princípio da isonomia não é absoluta, justamente pela sua premissa de tratar situações desiguais na medida de suas desigualdades. 3.10 Princípios da moralidade e probidade administrativa De acordo com Maria Sylvia Di Pietro (2019, p. 773) os princípios da moralidade e da probidade administrativa, exigem “da Administração comportamento não apenas lícito, mas também consoante com a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade”. Em outras palavras, os princípios exigem que o administrador mantenha uma conduta, moral, ética e proba com relação ao processo licitatório. 3.11 Princípio da publicidade O princípio da publicidade requer que a Administração divulgue o processo licitatório de forma ampla, para que as suas diretrizes cheguem ao maior número de pessoas possíveis. Esse princípio se mantém sobre uma lógica simples, o número de possíveis licitantes aumenta à medida que o edital de licitação chega ao conhecimento de mais pessoas, logo, a forma de seleção será mais eficiente e vantajosa para a Administração. Além disso, José dos Santos Carvalho Filho (2019, p 388) lembra que, “os atos do Estado devem estar abertos a todos, ou seja, são atos públicos e, por tal motivo, devem ser franqueados a todos. Licitação sem publicidade revela-se simplesmente um zero jurídico”. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios acrescidos pela nova Lei de Licitações www.cenes.com.br | 12 3.12 Princípio da eficiência O princípio da eficiência está previsto no caput do art. 37 da Constituição Federal e, é considerado essencial para o bom funcionamento da Administração Pública, logo, também é extremamente importante para o processo licitatório. Assim, de acordo com esse princípio o processo de licitação deve ser célere, eficaz, econômico e, além disso, deve observar os critérios de efetividade e de qualidade, exigidos aos serviços públicos. 2. Princípios acrescidos pela nova Lei de Licitações Conforme mencionamos anteriormente, a nova Lei de Licitações ampliou o rol de princípios inerentes ao processo licitatório de forma significativa. Portanto, na sequência, veremos melhor cada um dos novos princípios trazidos pela Lei 14.133/21, embora alguns já fossem previstos de forma implícita. 3.13 Princípio da competitividade O princípio da competitividade, antes implícito na Lei 8.666/93, tornou-se expresso com a redação do art. 5º na nova Lei de Licitações. De acordo com José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 390) esse princípio é representado pela ideia de “que a Administração não pode adotar medidas ou criar regras que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação. Em outras palavras, deve o procedimento possibilitar a disputa e o confronto entre os licitantes, para que a seleção se faça da melhor forma possível”. Além disso, o princípio da competitividade é manifestado no art. 9º, inciso I, alínea “a” da Lei 14.133/21. Ao passo que é dever do agente público designado para atuar na área de licitações e contratos, admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situaçõesque comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo do processo licitatório, inclusive nos casos de participação de sociedades cooperativas. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios acrescidos pela nova Lei de Licitações www.cenes.com.br | 13 3.14 Princípio do interesse público O princípio do interesse público ou também chamado de supremacia do interesse público, é um dos pilares fundamentais do Direito Administrativo e, embora não estivesse previsto de forma expressa na Lei 8.666/93, deve ser observado sempre, dado que todas as relações públicas são pautadas nele, inclusive aquelas oriundas do processo licitatório. Neste sentido, Jose dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 112) afirma que “não é o indivíduo em si o destinatário da atividade administrativa, mas sim o grupo social num todo”. Assim, por mais que as relações sociais excitem, em determinados momentos, um conflito entre o interesse público e o interesse privado, o interesse público deve prevalecer. 3.15 Princípio do planejamento O princípio do planejamento, como o próprio nome já diz, determina que a Administração Pública planeje todo o processo licitatório e as contratações públicas de forma eficiente, que atenda aos demais princípios elencados na Lei 14.133/21 e aqueles estabelecidos na Constituição Federal. Isto é, de acordo com esse princípio, a Administração tem o dever se realizar um planejamento apropriado, razoável, tecnicamente correto e materialmente satisfatório. 3.16 Princípio da transparência O princípio da transparência, trazido de forma expressa pela Lei 14.133/21 ao processo licitatório e aos contratos administrativos, já era uma garantia constitucional previsto no inciso XXXIII do art. 5º, Art. 5º [...] XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios acrescidos pela nova Lei de Licitações www.cenes.com.br | 14 responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Desta forma, como em qualquer meio administrativo, os cidadãos terão direito a receber informações, desde que não sigilosas, relativas aos atos praticados pela Administração no processo licitatório e nas contratações públicas, principalmente no que toca aos procedimentos de habilitação ou de proposta. Ainda, neste sentido, o Min. Herman Benjamin da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do RESP 200301612085 afirmou que, o “direito à informação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Objetiva e do Princípio da Confiança […].” 3.17 Princípio da eficácia O princípio da eficácia muitas vezes se confunde com o da eficiência, dado que esses dois princípios presumem que o processo licitatório seja célere, eficaz, econômico, devendo sempre observar os critérios de efetividade e de qualidade, exigidos aos serviços públicos. Além disso, esse princípio determina que os agentes públicos exerçam suas competências de forma imparcial, transparente e de forma simples, priorizando o melhor interesse público. 3.18 Princípio da segregação de funções O princípio da segregação de funções é uma espécie de regra interna, criada com o intuito de evitar falhas ou fraudes no processo licitatório e nas contratações públicas. Esse princípio descentraliza o poder da mão de um único agente, estabelecendo independência para as funções do processo como um todo. A segregação de funções defende que nenhum agente deve ser sob seu domínio, todas as fases de um procedimento. Assim, a nova Lei de Licitações consagra o princípio da segregação de funções ao Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios acrescidos pela nova Lei de Licitações www.cenes.com.br | 15 processo licitatório e as contratações públicas, dado que em seu art. 7º, caput e § 1º prega que, a autoridade ao indicar, promover ou designar os agentes públicos as funções do processo de licitação, ou de contratação, “deverá observar o princípio da segregação de funções, vedada a designação do mesmo agente público para atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes na respectiva contratação”. 3.19 Princípio da motivação No âmbito do direito administrativo, o princípio da motivação já era consagrado no art. 2º da Lei 9.784/99, que regula os processos administrativos, dizendo que “a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”. Assim, com o advento da Lei 14.133/21, o princípio também se tornou expresso para os processos licitatórios e as contratações públicas. Contudo, neste aspecto, podemos dizer que o princípio da motivação está associado as decisões dos agentes públicos, que poderão ser eventualmente responsabilizados por elas, se motivadas de forma equivocada. Um exemplo desse princípio é o inciso IX do art. 18 da nova Lei de Licitações, o qual determina que a fase preparatória do processo licitatório deve abordar, entre outros, o elemento da “motivação circunstanciada das condições do edital, tais como justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante indicação das parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do objeto, e de qualificação econômico- financeira, justificativa dos critérios de pontuação e julgamento das propostas técnicas, nas licitações com julgamento por melhor técnica ou técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à participação de empresas em consórcio”. 3.20 Princípio da segurança jurídica O princípio da segurança jurídica agora expresso na Lei 14.133/21 já é muito debatido no direito administrativo, principalmente no que diz respeito as licitações e Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Princípios acrescidos pela nova Lei de Licitações www.cenes.com.br | 16 contratações públicas. Ao longo do tempo, muitas empresas foram “perdendo a fé” nos órgãos públicos e não manifestam interesse em se relacionar comercialmente com a Administração por inúmeros motivos, seja pela burocracia, direcionamento do processo a uma empresa específica, revogação imotivada do procedimento, entre outros, mas o principal fator, que traduz todos esses motivos, é a insegurança jurídica demonstrada pelo Poder Público. Pensando nisso, a nova Lei de Licitações traz a segurança jurídica como um princípio expresso no rol do art. 5º, que deve nortear todas as relações estabelecidas no processo licitatório e nas contratações públicas. Desta forma, o legislador não poderá mais interpretar as normas legais como bem entender, modificando fatos já reconhecidos e consolidados. Além disso, de acordo com o novo diploma legal, o administrador possui o dever de garantir no edital de licitação e no contrato administrativo cláusulas consoantes ao referido princípio. Por exemplo, no caso do art. 22, § 2º da Lei, o qual determina que o contrato deverá refletir sobre a matriz de alocação de riscos entre o contratante e o contratado. 3.21 Princípios da razoabilidade e proporcionalidade Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade já consolidados no âmbito do direito administrativo, agora se tornam expressos na Lei 14.133/21, vinculando a suasdiretrizes os processos licitatórios e as contratações públicas. De acordo com esses princípios, o administrador responsável pelas licitações e contratações deve, no uso de sua discricionariedade, se atentar aos parâmetros básicos de prudência e sensatez, além de respeitar os critérios de proporcionalidade entre os meios que ele pretende utilizar para atingir a finalidade desejada. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Concluindo www.cenes.com.br | 17 3.22 Princípio da celeridade A celeridade é consagrada como um dos princípios fundamentais em todas as áreas do direito, previsto no art. 5º, inciso LXXVII da Constituição Federal, será assegurado a todos no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Assim, também estarão vinculados a essa diretriz, o processo licitatório e as contratações públicas, ao passo que os procedimentos devem ser livres de um rigor exacerbado e formalidades desnecessárias, em prol da celeridade do ato. 3.23 Princípio da economicidade Por fim, o princípio da economicidade, agora classificado de forma expressa na Lei 14.133/21, está aliado ao princípio da eficiência, pois, considerando que a essência do processo licitatório é encontrar a proposta mais vantajosa para a Administração, isso deve ser feito da forma mais eficiente e econômica possível. 3. Concluindo Os princípios, assim como para outras áreas do direito, são fundamentais no Direito Administrativo, sobretudo nos aspectos relativos a Administração Pública, responsável por garantir e promover o bem-estar da sociedade. Assim, não seria diferente no processo licitatório, que para se manter coerente e justo, deve observar os ditames legais e principiológicos. Com um viés garantista, a nova Lei de Licitações (nº 14.133/21), comparada a antiga 8.666/93, aumentou de forma significativa o rol de princípios aplicáveis ao processo licitatório e na elaboração dos contratos administrativos, além dos princípios constitucionais elencados no art. 37 da Constituição Federal e aqueles previstos na Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro – LINDB (DL nº 4.657/42), são ao todo 17 princípios explícitos. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 18 4. Referências Bibliográficas CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 33 ed. São Paulo: Atlas, 2019. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 8 ed. Rio de Janeiro: Método, 2020. ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 6 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78 Licitações | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 19 Licensed to Daniela Simplício Cardoso - danigpx@bol.com.br - 310.795.998-78
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