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CAPÍTULO 5
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE 
GESTÃO
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Defi nir a auditoria como instrumento de avaliação da qualidade da assistência 
prestada ao paciente e como ferramenta de gestão para a instituição de saúde.
 Apresentar o fl uxo de trabalho na atuação do auditor.
 Ressaltar a importância do papel educativo da auditoria hospitalar.
 Conhecer o processo do trabalho do auditor e os impactos dessas atividades 
na instituição de saúde.
 Debater a respeito da preparação que a organização de saúde deve dispensar 
para que a relação entre prestador de serviço e fi nanciador seja harmoniosa.
 Apresentar os apontamentos realizados pelo auditor que tragam conhecimento 
para instituição de saúde e aperfeiçoamento para seus processos.
76
 Auditoria Hospitalar
77
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a), aqui abordaremos as questões de gestão 
envolvidas no processo de auditoria, com enfoque nas empresas que executam 
os serviços e nos fi nanciadores do atendimento prestado.
Conforme estudado no primeiro capítulo, a auditoria tem como intuito principal 
averiguar a qualidade do serviço que está sendo prestado e, diante dessa perspectiva, 
vamos tratar das ferramentas que podem auxiliar nesse processo, bem como o 
aprendizado que essa rotina pode proporcionar para as instituições de saúde.
AUDITORIA COMO INSTRUMENTO DE 
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE
A assistência à saúde, é senso comum, teve inúmeras melhorias apresentadas 
nas últimas décadas, seja pelo próprio avanço dos estudos e tecnologia, seja pela 
quantidade de profi ssionais mais preparados e com maior acesso à informação, 
bem como pela própria evolução dos processos de controle sanitário e de gestão, 
que estão relacionados aos atendimentos realizados.
Sabemos que uma instituição de saúde, para manutenção saudável de 
sua estrutura, seja ela pública ou privada, necessita, fundamentalmente, de um 
processo de gestão que ampare suas atividades. Na área de assistência à saúde 
temos uma série de inter-relacionamentos entre profi ssionais e áreas que tornam 
a execução do serviço particularmente complexo, além, é claro, do produto, que 
se trata ser a vida humana, e que demanda uma estrutura muito organizada e 
profi ssionalizada para garantia do atendimento adequado.
Essa evolução passou pelo incremento de diversos processos, criação 
de ferramentas, estabelecimento de normas e legislações para regulação da 
área, bem como novas pesquisas e tecnologias. Nesse ponto, é importante que 
os profi ssionais que atuam na prestação do serviço diretamente, sejam eles 
médicos, enfermeiros, fi sioterapeutas e outros, compreendam a importância do 
cuidado prestado no atendimento ao paciente e o arcabouço envolvido, como, 
por exemplo, a necessidade de registros fi dedignos e completos para uma correta 
análise da auditoria.
Relembramos que a auditoria hospitalar não acontece apenas na avaliação 
de prontuários. Ela tem o foco operacional, que trata do controle e execução 
da assistência, na qual se encaixa a análise dos prontuários e documentos 
78
 Auditoria Hospitalar
hospitalares. Assim, temos a auditoria analítica, que se apoia nos indicadores do 
processo de assistência e, também, o processo de auditoria clínica, que tem como 
foco a melhoria da qualidade dos cuidados aos pacientes. 
Perceba que essas auditorias não existem separadamente, elas 
se relacionam a todo momento e uma complementa a outra. Diante 
disso, tendo em vista que o processo de auditoria tem como intuito 
principal verifi car a qualidade do serviço dispensado ao paciente, 
é importante trazer a defi nição do termo qualidade, que, segundo 
Mezomo (2001), consiste em atender às necessidades dos clientes 
e satisfazer suas expectativas. Em nossa realidade, ao invés de 
consumidores, temos pacientes e suas necessidades, o que, em muitos 
momentos, está relacionado com a manutenção da vida. Para alcançar qualidade 
na área de prestação de serviços de saúde, é fundamental que os processos de 
desenvolvimento estejam estabelecidos, treinados e que funcionem corretamente. 
É nesse ponto que a auditoria em saúde vai agir, buscando averiguar se os 
processos estão ocorrendo de acordo com os padrões estabelecidos. 
Cabe ressaltar que a percepção de qualidade, como envolve a satisfação 
das necessidades, é um conceito relativamente particular para cada paciente, 
o que torna o processo menos tangível e de difícil mensuração. É um conceito 
complexo e subjetivo, diante da percepção de cada indivíduo e das peculiaridades 
dos serviços de saúde.
Os processos de acreditação vêm contribuindo para a implantação da cultura 
da qualidade, que, diante das necessidades de aperfeiçoamento dos processos 
de gestão, torna-se cada vez mais rotineira nas instituições de saúde brasileiras, 
principalmente as privadas.
Diante disso, tendo-se como foco a garantia da qualidade da assistência ao 
paciente, os profi ssionais relacionados necessitam envolver-se no processo de 
defi nição de normas e condutas. Eles devem conhecer a realidade dos serviços 
oferecidos para auxiliar na proposição de melhorias, visando à qualidade dos 
atendimentos prestados. 
Esse deve ser o foco da auditoria, garantir que está sendo executado o 
que foi planejado para o paciente. Para tanto, existem diversos mecanismos de 
aferição, como a auditoria concorrente, que acompanha em loco a atenção que 
está sendo prestada ao enfermo; a auditoria prévia, que visa garantir que o que foi 
planejado para aquela pessoa realmente está de acordo com o preconizado para 
o caso; bem como a auditoria retrospectiva, que visa avaliar o passado relativo ao 
atendimento e analisar sua aderência às condições clínicas do paciente.
Perceba que 
essas auditorias 
não existem 
separadamente, 
elas se relacionam 
a todo momento e 
uma complementa 
a outra.
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AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
Percebemos que, em muitos momentos, a auditoria, seja ela aplicada em 
qualquer área, é vista meramente como ato fi scalizatório, o que não pode ser a 
realidade defendida pelos que são responsáveis pela implementação e gestão 
desse processo. A auditoria deve evidenciar situações nas quais não está 
ocorrendo a prestação de serviço de forma adequada, sendo essa avaliação 
realizada de forma totalmente isenta e fundamentada em pareceres subsidiados 
em dados científi cos e de medicina baseada em evidencias. Dessa forma, 
esse instrumento auxilia a gestão, seja da empresa prestadora do serviço, pois 
indica as situações em que está ocorrendo desvio dos padrões estabelecidos 
para atendimento dos pacientes, seja nas instituições públicas ou privadas 
responsáveis pelo fi nanciamento desses atendimentos.
Por meio da auditoria, teremos o conhecimento da realidade sobre 
o que está sendo proposto para execução e o que efetivamente já foi 
prestado. Além disso, baseado nos cuidados em desacordo com os 
padrões defi nidos, poderão desenvolver-se ações para educação e 
ajuste dos processos. Assim, percebe-se que a qualidade em saúde 
“[...] está relacionada com a auditoria como meio de adequar, controlar, 
registrar e analisar para atender as necessidades dos clientes” 
(BAZZANELLA; SLOB, 2013, p. 53).
Cabe ressaltar que um fato recorrente, detectado durante as auditorias, é a 
ausência de informações fundamentais para esclarecimento das ações concretizadas, 
como, por exemplo, a situação de pagamento de insumos, tais como: materiais, 
medicamentos e procedimentos que dependem do registro da equipe multidisciplinar. 
Caso essas informações não estejam consistentes, legíveis ou sejam subjetivas, 
estão sujeitas ao não pagamento, ou seja, à realização da glosa.
Por meio da 
auditoria, teremos 
o conhecimento 
da realidade sobre 
o que está sendo 
proposto para 
execução e o que 
efetivamentejá foi 
prestado.
TRATATIVAS DE GLOSAS
Glosa, de acordo com Bazzanella e Slob (2013), signifi ca cancelamento ou 
recusa parcial ou total de orçamento ou conta por serem considerados ilegais e/
ou indevidos para pagamento.
80
 Auditoria Hospitalar
Glosa na saúde suplementar é quando o plano de saúde 
suspende o pagamento de serviços contratados, tais como: 
consultas, exames, medicamentos e materiais ou taxas cobradas 
por hospitais, clínicas, laboratórios ou outros profi ssionais de saúde 
conveniados.
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/kGMDsf>. Acesso em: 09 dez. 2016.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre as glosas 
relacionadas às operadoras de assistência à saúde e prestadores de 
serviços em saúde, acesse a cartilha de contratualização glosa, no 
seguinte endereço eletrônico: <https://goo.gl/kGMDsf>.
No Sistema Único de Saúde (SUS), glosa signifi ca a rejeição 
total ou parcial de recursos fi nanceiros do SUS utilizados pelos 
Estados, Distrito Federal e Municípios de forma irregular ou cobrados 
indevidamente por prestadores de serviços, causando danos aos 
cofres públicos.
Fonte: DENASUS (2004).
Acesse o manual de glosas do sistema nacional de auditoria, no 
seguinte endereço eletrônico: <https://goo.gl/QmPdCW>.
81
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
Conforme Buzzanella e Slob (2013), as glosas podem ser técnicas ou 
administrativas. As primeiras estão relacionadas com a apresentação de valores 
para insumos ou serviços utilizados nos procedimentos médicos adotados e ocorrem 
quando há dúvidas em relação às regras e práticas adotadas pela instituição que 
presta o serviço em saúde. As segundas são decorrentes de falhas operacionais 
relativas às cobranças, seja por falta de interação entre o plano de saúde e o prestador 
de serviço, seja por falha no momento de análise da conta do prestador.
O desfecho de um atendimento em glosa não deve ser o objetivo do 
prestador de serviço, que acaba tendo sua expectativa de faturamento frustrada, 
nem mesmo do fi nanciador, pois mesmo que reduza o valor monetário repassado, 
percebe naquele processo desconformidade com os padrões estabelecidos. 
Assim, novamente, trazemos a importância do processo educacional diante dos 
apontamentos de irregularidades realizados pela equipe de auditores.
INDICADORES E FERRAMENTAS PARA 
ATUAÇÃO DO AUDITOR
Nesse ponto, apresentamos a importância da auditoria de 
enfermagem na avaliação da qualidade da assistência prestada 
aos clientes, através da análise de prontuários e do próprio 
acompanhamento dos pacientes. De acordo com Kurcgant (2006), a 
auditoria de enfermagem consiste em confrontar os procedimentos 
realizados com conta hospitalar visando alcançar os objetivos e 
resultados. Além disso, Scarparo e Ferraz (2008) ressaltam que além 
da fi nalidade do processo de auditoria na verifi cação de contas, existe 
uma forte tendência de utilização da auditoria para verifi cação da 
conformidade dos cuidados de enfermagem prestados, tendo como 
objetivo a melhoria contínua.
Nesse processo de verifi cação, é muito comum perceber falhas na técnica 
de checagem, contudo, diante da importância legal relativa ao prontuário e a 
consequente validação para pagamento, essa atividade passou a ter cuidado 
especial pelas instituições de saúde, sendo passível de revisão antes mesmo de 
encaminhamento da cobrança para os convênios.
Na evolução dos processos de auditoria e diante do conhecimento adquirido 
com as análises, acaba-se por ter informações detalhadas, inclusive do perfi l de 
atuação de cada profi ssional relacionado ao atendimento assistencial diretamente, 
pois, assim, é possível priorizar determinadas situações nas quais se deve ter 
A auditoria de 
enfermagem 
consiste em 
confrontar os 
procedimentos 
realizados com 
conta hospitalar 
visando alcançar 
os objetivos e 
resultados.
82
 Auditoria Hospitalar
uma atenção maior para a verifi cação, dependendo do perfi l de faturamento do 
prestador ou, até mesmo, do profi ssional atuante.
Cabe ressaltar, também, a importância das informações corretas, inclusive 
para a análise de dados estatísticos e os estudos realizados serem fi dedignos. Daí 
surge a possibilidade da utilização de indicadores para corroborar no processo de 
gestão e educação da entidade.
INDICADORES DE SERVIÇOS DE SAÚDE
A utilização de indicadores de prestação de serviços como alerta 
para identifi cação de distorções que necessitem instaurar auditorias, 
rever o planejamento de ações de saúde ou a organização dos 
serviços, tem sido crescente, pois permite que essa atividade não 
tenha caráter policialesco, verifi cando não apenas a ação isolada e 
sim o impacto de um conjunto de ações nas condições de saúde da 
população e no fi nanciamento do setor. A metodologia de utilização 
de indicadores quantitativos para inferir a qualidade das ações e 
seu impacto nas condições de saúde possibilita diferentes graus de 
detalhamento e deve ser dinâmica, conforme o resultado das ações de 
auditoria e/ou de reorganização dos modelos assistencial e gerencial.
Os indicadores mais utilizados são apresentados sob as 
seguintes formas: I - taxas percentuais; II - número de atividades em 
determinados grupos de procedimentos ou de clientes expostos ao 
procedimento; III - gasto “per capita”: refere-se ao gasto médio por 
usuário potencial, podendo ser geral ou em grupos específi cos; IV - 
taxa de cesárea: proporção de partos pelo procedimento cesariano 
em relação ao total de partos; V - taxa de cobertura: taxa de usuários, 
em geral ou de grupos de atendimentos específi cos, atendidos em 
determinada ação ou programa de saúde; VI – mortalidade; VII – 
fi nanciamento; VIII – atendimento ambulatorial: acompanhamento 
da agenda e produtividade; IX – cobertura; X - grau de alcance de 
metas; XI – perfi l da produção: analisar separadamente os exames 
realizados em decorrência de atendimentos internos da unidade 
dos solicitados por outras unidades; XII - perfi l do atendimento; XIII - 
resolubilidade do atendimento médico; IVX – atendimento hospitalar; 
XV - Perfi l de atendimento hospitalar; XVI – Resolubilidade.
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/f0KXDz>. Acesso em: 09 dez. 2016.
83
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
Cabe ressaltar que os indicadores devem sempre estar relacionados às 
atividades previstas no processo de planejamento, independentemente de 
gerar ou não auditorias operacionais. Dessa forma, o gestor deverá defi nir os 
indicadores pertinentes em cada situação, tendo em vista que eles servem de 
controle e alerta para a melhoria contínua.
Para a evolução da qualidade dos serviços através dos indicadores, as 
ferramentas de gestão, como, por exemplo, o ciclo PDCA, também podem ser 
incorporadas nessa área, sempre rodando as fases em busca da adequação dos 
processos controlados por meio da auditoria.
Conforme Burmester e Moraes (2014, p. 21):
[...] um sistema de auditoria bem estruturado é aquele que, 
além de permitir o exercício das atividades de padronização, 
controle e normatização da área assistencial, também possa 
prover, ao corpo diretivo, informações e sabedoria que permi-
tam a avaliação do momento presente da empresa e indicar 
tendências que apontem alternativas para o futuro.
Nesse quesito, reforçamos a ação gerencial que as atividades de auditoria 
trazem para as organizações. Essa atividade, que se iniciou com o trabalho médico, 
atualmente tem grande parte de sua força de trabalho desenvolvida por enfermeiros 
e profi ssionais administrativos, além de outros profi ssionais da saúde em menor 
volume, e apresenta-se como uma ferramenta valiosa de gestão assistencial.
Diante disso, a visão do auditor, mal visto, com olhar de 
policiamento, não tem mais espaço, embora ainda exista nos 
ambientes profi ssionais. Em função até mesmo dessas divergências 
de entendimento, houve a necessidade de defi nições legais a respeito 
do papeldesses profi ssionais, estabelecidas pelos seus respectivos 
conselhos representativos de classe, que defi niram as regras para 
atuação do profi ssional auditor, bem como as suas habilitações.
Em ambientes onde essa visão retrógada ainda permanece, é 
fundamental que as fontes pagadoras busquem o aprimoramento 
das funções e da atuação das auditorias, a fi m de objetivar a qualidade da 
assistência técnica, a racionalização dos recursos, e a preservação do ambiente 
de relacionamento. Para tanto, a celebração de contratos é fundamental, tanto 
que hoje já é item obrigatório para a contratação no setor público e privado 
(BURMESTER; MORAES, 2014).
A visão do auditor, 
mal visto, com olhar 
de policiamento, 
não tem mais 
espaço, embora 
ainda exista 
nos ambientes 
profi ssionais.
84
 Auditoria Hospitalar
PAPEL EDUCATIVO DA AUDITORIA
Com essa evolução do papel do auditor e apoio da informática, o resultado 
das observações realizadas por esses profi ssionais possibilita o tratamento 
estatístico e sintetizado dos dados, culminando na proposta de atuação direta nos 
casos em que uma atenção diferenciada deve ser dada. 
Diante do cenário atual de dinamismo e recursos escassos, diante de tantas 
possibilidades e ofertas de tratamentos em saúde, é fundamental o aproveitamento 
das informações para auxílio na tomada de decisão. Além disso, a agilidade nas 
análises deve ser busca contínua de melhoria nos processos, visto que a não 
aplicação de um recurso, ou mesmo o seu retardamento, pode gerar grande 
volume de sofrimento ao indivíduo afetado, pois, lembre-se, estamos tratando de 
atendimento à saúde das pessoas.
Para esse auxilio na tomada de decisão, é imprescindível informações de 
qualidade, obtidas através de um sistema de coleta de dados fi dedignos e atuação 
de equipe técnica qualifi cada. De acordo com Burmester e Moraes (2014), para 
ter acesso a essas informações, é fundamental um sistema planejado de forma 
realista, projetado com auxílio de profi ssionais envolvidos no processo assistencial 
com características de simplicidade, organização, padronização, facilidade de 
implantação e utilização, dinamismo, segurança e melhoria contínua.
DRG
DRG “Diagnosis Related Groups” – É um sistema de classifi cação 
de pacientes, criado no fi nal da década de 60, primeiramente para 
doentes internados em hospitais para casos agudos, por uma equipe 
interdisciplinar da Yale University (EUA). Esse instrumento relaciona 
os tipos de pacientes atendidos pelo hospital com os recursos 
consumidos durante a internação, indicando grupos de pacientes 
coerentes do ponto de vista clínico e similares ou homogêneos 
quanto à utilização dos recursos hospitalares.
No Brasil, segundo Couto, o número de dias necessários para 
se tratar um paciente de um determinado DRG é cerca 86% maior 
que o percentual americano. “Ora é possível entregar a assistência 
consumindo 86% menos diárias, compara”.
85
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
Couto aconselha que para o hospital conseguir isso, ele deve 
ter governança clínica e alta qualidade assistencial. Já as operadoras 
devem ter sistemas de saúde que entreguem continuidade de cuidado 
permitindo uma alta precoce. “O dinheiro oriundo deste programa 
de aumento de produtividade hospitalar poderá ser compartilhado 
pela operadora, hospitais e médicos. Felizmente temos uma enorme 
oportunidade de sanear o sistema”. 
Ari Ribeiro, superintendente de serviços ambulatoriais do Hcor 
e membro da Anahp, adianta que a entidade de hospitais privados 
já estuda o modelo internamente para uma possível adoção nos 
hospitais integrantes. Mas há difi culdades para implantá-lo. Neste 
momento dada a precariedade da maioria dos serviços de codifi cação 
diagnóstica no Brasil, o DRG signifi caria uma drástica redução de 
receita para os hospitais, visto que o banco de dados que possibilita 
a implantação do modelo depende da codifi cação secundária e 
a maioria das entidades brasileiras mal codifi cam o diagnóstico 
principal, avalia.
 
Outro obstáculo colocado por ele é a questão das patentes. Para 
utilizar o DRG é preciso usar um sistema que pertenceria ao patrimônio 
da 3M. Mas Couto esclarece que a multinacional americana é apenas 
uma das empresas que patentearam alterações na metodologia, e 
pode ser utilizada por qualquer cidadão. “A maior parte dos países do 
mundo usam DRG e não pagam patente à 3M”, afi rma. 
Saiba mais sobre o DRG: 
DRG nasceu nos Estados Unidos em 1969 e, desde o início dos 
anos 80, é usado e atualizado pelo governo americano.
A versão MS-DRG usada pelo governo americano é livre e 
acessível a qualquer cidadão ou empresa.
O DRG só se aplica a pacientes internados em hospitais. O 
desempenho da produção assistencial deve ser mensurado em duas 
dimensões: custos e resultados.
Dois indicadores permitem avaliar a qualidade: complicações 
assistenciais e mortalidade.
86
 Auditoria Hospitalar
Para usar o DRG é necessário um software que realize milhares 
de combinações entre idade, CID da doença principal, CID de 
comorbidades, procedimentos realizados para gerar os 786 produtos 
da versão atual (MS-DRG).
Os principais desafi os para implantar o DRG no Brasil, segundo 
Couto, são:
Desconfi ança entre as partes: por isso ela precisa ocorrer de 
forma voluntária, transparente e com decisões sustentadas em 
preceitos técnicos.
Diferenças do sistema de codifi cação EUA vs. Brasil: São 72 mil 
códigos cirúrgicos americanos e 5100 códigos TUSS brasileiros. A 
solução é construir equivalências de códigos.
Os processos gerenciais do sistema de saúde suplementar 
brasileiro devem ser inclusos: Categorizador de DRG deve integrar a 
assistência a ser realizada pela operadora e hospital.
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/4LUf04>. Acesso em: 09 dez. 2016.
Retomando o papel do auditor, Burmester e Moraes (2014) ainda ressaltam que:
[...] é missão do auditor em saúde obter e selecionar as mel-
hores informações, para, com elas, produzir relatórios e pare-
ceres que transformem as diferentes ações em saúde, inclusive 
as suas, em verdadeiros benefícios aos usuários dos sistemas. 
Para o seu trabalho, a auditor pode-se valer de inúmeras fer-
ramentas, cuja construção adequada dará ao gestor em saúde 
subsídios para a tomada de decisões corretas e efi cientes.
Diante dessa contribuição e com o desenvolvimento de uma visão 
compartilhada de relacionamento em que todas as partes envolvidas devem 
buscar a melhoria contínua e relacionamento duradouro, é possível alcançar bons 
resultados com o fi nanciamento adequado. 
Para tanto, é fundamental o entendimento que o hospital, seja público seja 
privado, deve realizar seu serviço tendo seus custos superados pelo retorno 
fi nanceiro, mediante a prestação de serviço, visando à perenidade e à atualização 
de seus recursos. Novamente, reforçamos a necessidade do papel do auditor de 
buscar a adequação dos recursos e resultados pretendidos e obtidos, convergindo 
com os interesses de quem presta o serviço. O auditor não pode ver o lucro do 
87
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
prestador de serviço com desconfi ança, pois é dele que sairão os investimentos 
para atualização e melhoria dos serviços oferecidos.
Nessa relação e na dinâmica de funcionamento de uma estrutura hospitalar, 
temos diversos agentes em atuação, sejam eles processos produtivos, como 
ambulatórios e centros cirúrgicos; sejam auxiliares, como lavanderia, nutrição; 
sejam administrativos, como faturamento, contabilidade. Todos eles têm a 
função da auditoria em saúde relacionada, podendo esta contribuir em todos os 
processos, visto que o intuito é buscar qualidade e resultado em saúde. 
Para apoiar o auditor no desenvolvimento de suas atribuições, algumas 
etapas são necessárias, entre elas, o processo de credenciamento e contratação 
dos prestadores de serviços. O auditor deve conhecer a habilitação do hospital, 
bemcomo sua estrutura física e técnica. O contrato no qual está defi nido o que 
será contratado pelo fi nanciador, bem como tabelas e composição de diárias e 
taxas, também são fundamentais para o desenvolvimento das tarefas. Além disso, 
Burmester e Moraes (2014) apresentam como fundamentais para a primeira fase 
de acordos de trabalho: conhecimento da legislação aplicável ao nosocômio; bases 
contratuais entre a fonte pagadora e o hospital: serviços que estão contratados; 
fontes de custeio do hospital; ações planejadas e realizadas voltadas à qualidade.
Burmester e Moraes (2014) ainda defi nem que a contratação deve ser 
realizada de forma clara, observando os seguintes aspectos: legais (portarias) 
para a contratação do serviço para o setor público; legais para o credenciamento 
no setor privado, com a defi nição das resoluções normativas da ANS; todos 
os serviços cobertos e sua descrição detalhada; os valores e a qualidade do 
atendimento vinculado a indicadores que possam mensurar os resultados; tabela 
de preço compatível com o mercado; período de reajuste, preferencialmente 
atrelado à qualidade do atendimento; forma que se darão os processos de 
auditoria em saúde.
Também pode ser incluída a negociação de qualifi cação e remuneração 
diferenciada, em conjunto com indicadores para avaliação da performance, 
negociação por pacotes conforme o atendimento prestado, busca de redução 
dos índices de internação e permanência desnecessárias, estudos técnicos 
para avaliação da implantação de processos de melhoria da assistência. Nesses 
acordos prévios, tem-se a fi nalidade de estabelecer responsabilidades e limites 
entre as partes.
88
 Auditoria Hospitalar
É obrigatório aos hospitais ter e manter seu registro junto ao 
Ministério da Saúde no Cadastro Nacional de Estabelecimentos 
de Saúde. Ele pode ser consultado publicamente, o que facilita o 
trabalho da auditoria. Atualmente, é cobrada a atualização dos dados 
com prazo máximo de 6 em 6 meses.
Como no desenvolvimento da auditoria prospectiva pode haver algum 
desentendimento entre o fi nanciador e os prestadores de serviços, Burmester 
e Moraes (2014) propõem que esse processo estabeleça padrões técnicos 
acordados com os serviços, e indicadores de qualidade que possibilitem ajustar 
o pagamento pelos serviços antes da sua execução. Dessa forma, ao entender 
que um procedimento está proposto de forma adequada a um paciente, todos 
os ajustes necessários são previamente realizados para que possua foco na 
qualidade de sua prestação.
Para esses ajustes, temos a defi nição de procedimentos que necessitam 
autorização prévia da fonte pagadora, acordos de trabalho entre serviço e equipe 
de auditores, estabelecimento de protocolos de atendimento, bem como de itens 
que compõem o faturamento, como a composição das diárias, seus componentes 
e critérios de avaliação, a defi nição das taxas relativas ao serviço de saúde, os 
ajustes necessários e os casos em que serão aceitos, e critérios da avaliação da 
qualidade em todas as áreas.
Diante dessa evolução e na busca por transparência e melhoria dos 
processos, é possível aos auditores estabelecer padrões ou níveis de auditoria 
retrospectiva, conforme a previsibilidade dos eventos e séries históricas, 
determinando parâmetros de valores e frequência. Isso apenas é possível com o 
trabalho de avaliação e elaboração de relatórios, por parte dos auditores. Assim, a 
auditoria focará nas discrepâncias encontradas e terá um resultado mais efetivo, 
otimizando seus recursos.
Como critério de remuneração, existe, também, a metodologia em que há um 
repasse fi xo ao serviço para realização dos atendimentos. Independentemente 
da quantidade, nessa metodologia fi ca a critério do serviço toda a gestão de 
recursos. Cabe ressaltar que, nesse modelo, é fundamental o acompanhamento 
da qualidade dos serviços prestados através da utilização de indicadores.
89
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
Em ambos os exemplos citados, o papel da auditoria deixa de 
ser a análise das cobranças e parte para a aproximação da análise da 
qualidade do serviço prestado, ponto que ressaltamos na evolução de 
nossos estudos.
 
Outro ponto importante para o auditor em saúde é analisar os 
procedimentos operacionais padrão (POPs) adotados pelo serviço 
hospitalar, bem como a padronização destes, estendida ao treinamento 
de seus funcionários. Para isso, o auditor pode se apoiar nos documentos que 
devem descrever todas as rotinas executadas no hospital. Através dessa análise 
prospectiva, é possível ao auditor analisar e comprovar as padronizações e sua 
aplicação. Citamos, como exemplo, o processo de identifi cação do paciente 
internado, que, independente da área onde esteja sendo atendido, deve ser 
devidamente realizada, visto que é utilizada por diversos atores no processo 
assistencial e deve ocorrer sempre da mesma forma, visando à qualidade do 
serviço e à redução de erros.
Dessa forma, Burmester e Moraes (2014) defi nem que é necessário o 
acompanhamento da auditoria em saúde em todos os processos assistenciais e, 
também, nos processos de apoio que possam afetar o primeiro, para estabelecer 
padrões e monitorar a qualidade. Esse movimento acontece através da auditoria 
prospectiva.
Perceba como foi recorrente em nossa narrativa a preocupação com 
a padronização dos processos, visando à redução de riscos. Para auxiliar 
nessa busca permanente pela qualidade da assistência ao paciente, algumas 
ferramentas, que serão abordadas em outras disciplinas, podem corroborar 
com o processo de auditoria, como, por exemplo, a matriz GUT, que analisará 
a gravidade, a urgência e a tendência dos problemas para auxiliar a defi nir 
prioridades para solucioná-los; a análise da causa raiz, para identifi cação real 
do causador do problema e, até mesmo, a compliance, ferramenta para auxiliar 
na mitigação dos riscos. Essas ferramentas podem ser instrumentos de gestão 
muito úteis na busca da melhoria contínua e, consequentemente, agentes que 
contribuem para a auditoria preventiva.
O papel da 
auditoria deixa de 
ser a análise das 
cobranças e parte 
para a aproximação 
da análise da 
qualidade do 
serviço prestado.
OPERACIONALIZAÇÃO DA AUDITORIA
Processo de auditoria envolve a análise de processos relatórios 
ou documentos, a verifi cação do atendimento através do exame 
direto dos fatos. Para tanto, como ações de controle tem-se:
90
 Auditoria Hospitalar
• Analisar e auditar in loco as solicitações de internações.
• Autorizar a emissão da AIH.
• Autorizar, previamente, a realização de cirurgias eletivas.
• Autorizar realização de exames de alta complexidade.
• Analisar os relatórios de saída do sistema ambulatorial e de 
internação. 
• Vistoriar os serviços em conjunto com a Vigilância Sanitária.
• Controlar o cumprimento das normas sobre as atividades de 
prestação de serviços pelas Entidades prestadoras de serviços.
• Acolher denúncias de usuários, prestadores, gestores ou 
profi ssionais de saúde.
• Analisar e auditar os atendimentos individuais de ambulatório e 
SADT (Serviço Auxiliar de Diagnose e Terapia).
• Acionar a realização de auditoria analítica a partir da detecção 
de distorções ou problemas específi cos.
Instrumentos para auditoria operacional
• Contratos e convênios com a rede prestadora de serviços.
• Manuais, resoluções, leis e portarias que regulam a prestação 
de serviços.
• Prontuários dos pacientes.
• Sistema de Informação em Saúde.
Roteiro da auditoria operacional
Objetivo: o roteiro de auditoria operacional tem como objetivo 
sistematizar as ações de controle dos atendimentos realizados pelas 
unidades prestadoras.
Análise de prontuário: Segundo orientação do Conselho 
Federal de Medicina, o prontuário não pode ser retirado da unidade.
 
Documentos:
1. Laudo de solicitação da AIH: Confrontar o procedimento 
solicitado e o procedimento autorizado com o procedimento realizado. 
Em caso de mudança de procedimento,verifi car se ele foi autorizado.
2. História clínica.
3. Avaliar a compatibilidade entre o procedimento realizado e a 
anamnese, exame físico e SADT constantes do prontuário.
91
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
4. Prescrição médica: Medicamentos prescritos devem ser 
compatíveis com o diagnóstico.
5. Evolução: Deve ser diária.
6. Evolução de enfermagem: Analisar cuidados de enfermagem 
e anotações correspondentes no prontuário.
7. Descrição cirúrgica: Analisar compatibilidade da descrição 
com o procedimento solicitado / autorizado / realizado.
8. Ficha de anestesia: Analisar o tempo de duração do ato.
9. Ficha obstétrica: Analisar informação sobre o tipo de parto e 
indicações.
10. Procedimentos especiais e órteses/próteses: Analisar se o 
realizado está compatível com o procedimento autorizado.
Na ação da auditoria, devem ser seguidos passos, como:
- Planejamento dos trabalhos.
- Exame preliminar (legislação aplicável, normas e instruções 
vigentes, resultado das últimas auditorias realizadas, outros 
registros).
- Elaboração do programa de trabalho (determinação dos 
objetivos do exame, identifi cação do universo a ser verifi cado, 
identifi cação dos documentos de referência, defi nição e o alcance, 
estabelecimento de técnicas apropriadas, material a ser utilizado, 
quantidade de recursos humanos/hora necessária, aspectos críticos 
das atividades, análise rotineira da documentação).
- Verifi car a adequação, legalidade, legitimidade, efi ciência, 
efi cácia e resolubilidade dos serviços de saúde e a aplicação dos 
recursos. Verifi cando cumprimento da legislação.
- Condução da auditoria e avaliação dos resultados, onde as 
modifi cações de procedimento podem ser determinadas a partir dos 
fatos apurados.
Condução da auditoria (para os casos de auditoria 
específi ca)
Pode ser dividida em seis fases:
92
 Auditoria Hospitalar
1. Reunião de abertura – estabelecer clima de boa comunicação 
e cooperação entre auditados e auditores. Devem estar presentes 
toda a equipe de auditores e a direção da área a ser auditada, 
devendo ser breve e objetiva. As presenças devem ser registradas e 
a reunião deve ser presidida pelo coordenador da equipe.
2. Execução da auditoria – Considerada a fase operacional, 
deve-se atentar para os seguintes detalhes:
Planejamento da auditoria – exame de relatório; relatório de 
apoio; auditorias anteriores; normas e instruções vigentes; legislação 
específi ca; outros documentos.
Elaboração do programa de trabalho – aqui é o 
desenvolvimento da auditoria, onde defi nem-se os passos a serem 
dados e realiza-se o levantamento. Através de:
- Defi nição das ações analíticas e operacionais.
- Determinação do alcance.
- Identifi cação do universo a ser examinado.
- Coleta de dados e materiais a serem examinados.
- Material a ser utilizado.
- Estabelecimento de técnicas.
- Recursos humanos necessários.
- Aspectos críticos.
- Análise de documentos.
- Não permitir que o auditado defi na ritmo da auditoria.
- Ficar atento a atividades destrutivas do auditado.
3. Avaliação da auditoria – procede-se a análise de todas as 
informações, devendo haver uma separação entre: evidências 
objetivas ou observações que merecem ser consideradas para cada 
distorção, impropriedade ou irregularidade.
4. Reunião de fechamento – consiste em dar ciência ao auditado 
da compreensão dos resultados genéricos da auditoria, apontando 
distorções que devem receber correção imediata.
5. Relatório de auditoria – deve observar uma cronologia 
adequada para permitir que ações preventivas, corretivas e 
saneadoras possam ser levadas ao conhecimento do auditado e 
serem aplicadas o mais breve possível.
93
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
6. Ações de acompanhamento – consiste de persistir em 
acompanhamento sistemático da implementação de medidas que 
possibilitem a reversão das situações irregulares, devendo-se defi nir 
o período e forma de acompanhamento, as respostas por escrito do 
auditado sobre medidas tomadas e a confi rmação e comprovação 
das medidas tomadas.
PONTOS CHAVES DA AUDITORIA
No transcurso do trabalho de auditoria temos que ter presente 
a necessidade de passos fundamentais durante o andamento desta. 
Vamos apresentar alguns itens que devem ser lembrados durante 
seu andamento:
Coordenação dos trabalhos: Suas atividades serão de:
- Promover a participação dos componentes das equipes.
- Instruir e dirigir adequadamente.
- Defi nir a intensidade da supervisão.
- Planejar a auditoria.
- Aplicar procedimento e técnicas.
- Observar objetivos da auditoria.
- Representar a equipe de auditoria perante o auditado.
- Elaborar, em conjunto com a equipe, o relatório da auditoria.
- Relatar à chefi a imediata os resultados da auditoria.
Obtenção de evidências – é fundamental que sejam colhidas 
evidencias sufi cientes para um grau de convencimento da realidade 
dos fatos e situações observadas, da veracidade da documentação 
examinada, da consistência do somatório das observações e dos 
registros gerenciais que fundamentem solidamente os pareceres. 
As evidências podem ser físicas (podem ser comprovadas 
materialmente), documental (têm registros e documentos) e 
admissível (obtidas por declaração verbal e registrada).
A validade do julgamento depende da qualidade da evidência no 
que diz respeito a ser: sufi ciente, adequado e pertinente.
Devemos considerar aspectos circunstanciais que possam estar 
envolvidos na obtenção de evidências aquelas que apenas fornecem 
impressão ao auditor não sendo sufi cientemente objetiva para 
fundamentar observações feitas durante a auditoria. Salientamos que 
é sempre necessário avaliar a importância das evidências e também 
as possibilidades de erros que elas possam induzir.
94
 Auditoria Hospitalar
Impropriedade e irregularidades – situações que denotem 
indícios de irregularidades, mesmo que não estejam no escopo 
inicial da auditoria, devem ser detidamente analisadas e nelas buscar 
evidências que possam trazer esclarecimentos. Devemos estar 
atentos para:
- Fragilidade dos mecanismos de controle interno.
- Risco dos desperdícios de recursos.
- Características de cada atividade quanto ao seguimento de 
normas.
- Atitude do pessoal.
- Comportamentos indevidos.
- Observação de indicadores de irregularidades (controles 
estabelecidos, trabalhos já efetuados durante a auditoria e checagem 
de todas as fontes de informação).
Apuração – os aspectos levantados, as evidências defi nidas, as 
informações obtidas e o cruzamento destas, foram os encadeamentos 
das apurações. É fundamental não ignorar a proposta inicial, mesmo 
com o surgimento de fatos novos e a observação pessoal, a pergunta 
íntima para se chegar a uma apuração de fatos que venham a tornar 
o parecer fi nal mais apropriado possível.
É necessário que os métodos empregados, que as análises 
desenvolvidas e que os fatos apurados não sejam contraditórios, 
devendo ser checados e cruzados entre si.
Resultado da auditoria – é fundamental que se tenha a devida 
preocupação com um relatório objetivo e bem fundamentado e dentro 
das regras básicas da instituição.
Após a fi nalização do relatório, este deve ser encaminhado 
diretamente à chefi a de controle, para os devidos encaminhamentos. 
Assim, vamos apresentar as bases que devem ser observadas na 
confecção do relatório, pois, em cada auditoria realizada, o auditor 
deverá emitir relatório que refl ita o resultado dos exames efetuados 
de acordo com a forma ou tipo de auditoria.
Devem constar os seguintes conteúdos:
- Escopo e objetivo da auditoria.
- Identifi cação da equipe da auditoria.
- Data e período da auditoria.
95
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
- Documentos auditados e/ou relacionados.
- Descrição das não conformidades encontradas.
- Apreciação/julgamento e sua apreciação (parecer).
Os relatórios elaborados deverão ter como aspectos básicosos 
seguintes tributos de qualidade: concisão, objetividade, convicção, 
clareza, integridade, coerência, integridade, oportunidade, 
apresentação e aspectos conclusivos. 
Sendo que estes relatórios devem obedecer um padrão que 
segue:
A – RELATÓRIO
- Primeira página: CAPA
Nome da Entidade
Número do relatório/ano
Unidade auditada
Data da realização da auditoria
- Segunda página:
Equipe de auditores – relacionar o nome e matrícula da equipe.
- Terceira página:
Identifi cação – identifi car unidade ou serviço auditado.
- Quarta página:
Índice – relacionar por itens, subitens e tópicos do relatório.
- Quinta página: Corresponde à primeira folha do relatório 
a ser numerada. Devendo ter, deste ponto em diante, a seguinte 
sequência: 
I – INTRODUÇÃO
II – METODOLOGIA
III – AVALIAÇÃO DOS CONTROLES INTERNOS 
3.1. Avaliação físico-funcional
3.2. Análise da documentação
3.3. Avaliação orçamentária-fi nanceira
3.4. Avaliação qualitativa (auditoria propriamente dita)
IV – RECOMENDAÇÕES
V – CONCLUSÃO
PARECER
Deverá ser emitido quando o auditor verifi car a qualidade e 
efetividade da assistência à saúde, aplicação, utilização ou guarda 
96
 Auditoria Hospitalar
dos bens e valores para todo aquele que der causa a perda, 
subtração ou estrago de valores, bens e materiais.
O parecer deve conter:
b.1. Achados da auditoria que estejam relacionados com falhas, 
omissões, distorções e impropriedades.
b.2. Acurado exame das circunstâncias onde devem ser 
observados os seguintes aspectos:
b.2.1. Frequência da incidência ou reincidência do achado.
b.2.2. Descumprimento a recomendações de auditoria 
anteriores.
b.2.3. Evidências de intenção ou não.
b.2.4. Efetivo prejuízo ao fi nanciador.
b.2.5. Fatores consistentes que possam fundamentar a posição 
técnica do auditor.
FORMALIZAÇÃO DO PROCESSO DE AUDITORIA
O Processo de auditória deve conter todos os documentos que 
fazem parte de sua formalização, que são:
1. Documento que originou a auditoria.
2. Cópia do ato que designou a equipe de auditoria.
3. Cópia do ofício de apresentação.
4. Comunicação de auditória.
5. Relatório de auditório.
6. Mapa de análise de AIH devidamente preenchido.
7. Cópia de demonstrativos de AIHs pagas.
8. Os relatórios de saída dos sistemas de informação, que 
serviram de parâmetro na auditoria analítica, quando for o caso.
9. Cópia de documentos pertinentes ao processo.
10. Cópia do ofício endereçado à direção da unidade auditada, 
solicitando apresentação de defesa escrita e cópia do Aviso de 
Recebimento (AR).
11. Defesa encaminhada pela unidade com seus respectivos 
anexos.
12. Planilha de cálculo das impugnações, quando for o caso.
13. Cópia dos expedientes de encaminhamento do processo e/
ou relatório de auditoria às outras instâncias.
97
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
Observação: esse roteiro deve ser adaptado para a realidade da 
auditoria a ser realizada, atentando para o tipo de fi nanciador que a 
está promovendo e a forma como a auditoria é estruturada.
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/v7OhQ6>. Acesso em: 09 dez. 2016.
Durante os processos de auditoria, o auditor concorrente vai controlar e 
avaliar os planos de cuidado estabelecidos para os pacientes, as intercorrências 
durante a internação, a padronização dos processos operacionais, avaliar a 
correta utilização dos recursos, realizar a conciliação das contas através da 
análise prévia ao faturamento, controlar os recursos de glosas visando à melhoria 
contínua, avaliar o resultado de processos de alta complexidade, participar de 
comissões e/ou comitês do hospital.
No processo de auditoria retrospectiva, que tem como base a verifi cação das 
cobranças realizadas pelos prestadores de serviço, temos o processo mais distante 
de avaliação da qualidade dos serviços prestados. Nesse momento, o auditor faz 
a avaliação do que está sendo faturamento pelo hospital perante o serviço que 
foi prestado. Sabe-se que nesse processo existe o consumo de recursos que têm 
custo, despesa e investimento, podendo existir parcela de perdas também. Ao 
auditor cabe diferenciar esses pontos e estabelecer ações em função deles.
Quadro 6 - Processo de auditoria retrospectiva
Custo Despesa Investimento Perda
Conceito
Gasto relativo a 
um bem ou serviço 
consumido direta-
mente na produção 
de outros bens e 
serviços.
Bem ou serviço 
consumido direta 
ou indiretamente 
fora do processo 
produtivo.
Pagamento de 
bem ou serviço que 
gera ou incremen-
ta a produção e 
que aumenta o 
patrimônio.
Bem ou serviço 
consumido de forma 
anormal ou invo-
luntária, sem gerar 
produção ou agregar 
valor.
Exemplo
Consumo adequado 
de materiais no 
centro cirúrgico.
Consumo de ma-
teriais nos proces-
sos administrativos 
do hospital.
Aquisição de siste-
ma de gestão.
Fio cirúrgico aberto e 
não utilizado.
Análise 
auditoria
Verifi car a adequa-
ção do consumo.
Verifi car a compa-
tibilidade com as 
necessidades da 
assistência.
Buscar analisar 
o real impacto 
na melhoria dos 
processos assis-
tenciais.
Identifi car, discutir, 
informar e propor 
ações de melhoria.
Fonte: Burmester e Moraes (2014, p. 129).
Nesse movimento, é importante que o auditor conheça a estrutura do serviço 
para, consequentemente, ter claro o custo operacional por tipo de procedimento, 
98
 Auditoria Hospitalar
inclusive, para colaborar na elaboração de pacotes para facilitar a auditoria 
retrospectiva. Também é fundamental conhecer a estrutura de custos fi xos 
do prestador, pois, assim, o auditor saberá se existe superdimensionamento 
de pessoal, por exemplo, o que acabará acarretando nos preços das diárias e 
taxas. Outra informação fundamental são os indicadores de tempo médio de 
permanência, a taxa de ocupação, entre outros. Todas essas informações são 
necessárias para situar o auditor diante da realidade que está analisando. 
Burmester e Moraes (2014, p. 128) também apresentam como importante 
para o auditor saber formular perguntas corretamente. Veja:
• O processo de faturamento está adequado, ou seja, produz 
informações corretas e confi áveis?
• Há outra forma de remuneração diferente da atual que ainda 
não foi aventada?
• A estrutura do hospital está efetivamente adequada para os 
serviços a que se propõe?
• Há inefi ciências?
• Há padrões para os procedimentos?
• Há internações prolongadas desnecessariamente ou altas 
abaixo da média de permanência para o procedimento?
• O hospital tem negociado bem suas compras, o que leva ao 
estabelecimento do preço fi nal à fonte pagadora?
Os autores ainda citam a diferença entre o processo de auditoria 
retrospectiva para atendimento onde existe defi nição de valor prefi xado para o 
evento, como ocorre no SUS; e nas negociações por pacotes e no modelo de fee 
for service, onde todos os itens são descriminados e cobrados do convênio. Nesta 
última situação, é possível avaliar todos os componentes do consumo, contudo, 
exige grande manuseio da conta, tanto para faturamento como para auditoria, 
aumentando consideravelmente a possibilidade de erros e perdas, e grande 
necessidade de mão de obra.
Para conferencia dessas cobranças, é possível suporte de sistemas que 
validem se os valores cobrados estão conforme os acordos realizados, entretanto, 
a análise da adequação dos itens da cobrança e das quantidades apenas pode 
ser realizada por profi ssional competente. Assim, a auditoria retrospectiva pode 
auxiliar na melhoria dos processos através de análises para aprimorar e reduzir os 
desperdícios e as inefi ciências, visando à padronização de processos e à redução 
da variabilidade. Os autores citam que podem ser desenvolvidas em parceria 
entre auditores e prestador ações, como a qualifi cação dos serviços para modelo 
de remuneração diferenciada, negociação de pacotes, busca da diminuição dos 
índices de internação e permanência, determinação de indicadores de avaliação 
da performance e estudo técnico para implantação de processos de melhoria.
Para complementaçãodesse processo, temos a auditoria clínica, que está 
inserida no processo de governança em saúde, com a educação continuada, a 
99
AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO Capítulo 5 
Atividade de estudos:
1) Para a condução de um processo de auditoria, que ocorre 
especifi camente em determinado período ou serviço, ou seja, que 
não é de rotina, existe um roteiro com seis fases, que auxiliam 
na condução desse processo. Sendo assim, cite essas fases e 
explique-as brevemente.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao longo deste capítulo, aprofundamos nosso conhecimento sobre os 
processos desenvolvidos pela auditoria hospitalar. Vimos que, fundamentalmente, 
para se alcançar a qualidade em assistência à saúde, foco da auditoria, o ponto 
crucial são as pessoas envolvidas e engajadas no processo. São essas pessoas 
que pensaram os processos e se lastrearam com ferramentas para auxiliar a 
evidenciação de inconformidades, para consequente ajuste proativo destas.
Para tanto, a auditoria, diante dessa perspectiva, deve apoiar todos os 
processos que visem à avaliação do desempenho dos prestadores de serviço, a 
fi m de validar os resultados entregues, ou, quando necessário, ajustar para que 
o serviço seja entregue adequadamente ao paciente. Para desenvolver essas 
pesquisa e o desenvolvimento, a saúde baseada em evidencias, o gerenciamento 
de riscos e o resultado em saúde. Essa forma de auditoria parte da análise dos 
dados e visa construir informações de qualidade e fi dedignas para aperfeiçoar 
os processos de assistência. Temos em nossa realidade atual, nos serviços 
que realmente são comprometidos com essa qualidade, uma busca incessante 
por essas informações, pois são elas que permitirão a análise dos resultados 
alcançados e, consequentemente, a oportunidade de aperfeiçoamento dos 
processos. Nessa evolução, as rotinas de auditoria são qualifi cadas, pois esses 
serviços estão engajados na padronização dos processos e consequente redução 
de risco para os pacientes.
100
 Auditoria Hospitalar
ações, percebemos o quanto a informação é fundamental. Esta deve ser fi dedigna, 
de qualidade e disponibilizada em tempo adequado, visto que de nada contribui 
uma informação caso não possa ser utilizada em tempo hábil para análises e, se 
necessário, encaminhamentos de ajustes.
Nesse contexto, temos o papel do auditor, que, muitas vezes, é visto 
como estritamente fi scalizador, contudo, sua atuação deve ser lastreada como 
profi ssional que deve atentar para a segurança do paciente, de acordo com os 
padrões defi nidos de atenção à saúde de acordo com o convênio que representa. 
Mitos conhecidos na área, mas que devem ser desmistifi cados, são de que a 
auditoria é percebida meramente como avaliação das atividades, que os funcionários 
se sentem vigiados com a atuação do profi ssional. Reforçamos, aqui, que a 
auditoria deve ser compreendida com um conjunto de ações de assessoramento 
e consultoria, visando à verifi cação dos procedimentos e à validação da utilização 
dos controles internos da instituição, permitindo, assim, que o auditor emita parecer 
com aconselhamentos, focando a melhoria contínua e o apoio à gestão. Para 
tanto, temos a elaboração de protocolos e diretrizes, as contribuições da medicina 
baseada em evidencias, elaboração de informações de apoio à gestão, que servem 
como ferramentas para estruturação desses processos.
REFERÊNCIAS
BAZZANELLA, N. A. L.; SLOB, E. A auditoria como ferramenta de análise para a 
melhoria contínua da qualidade no serviço prestado. Gestão & Saúde, Brasília, 
v. 7, n. 2, p. 793-810, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Auditoria do SUS – 
DENASUS. Manual de Glosas do Sistema Nacional de Auditoria. Brasília, DF, 
2004.
BURMESTER, H.; MORAES, M. V. de. Auditoria em saúde – Série gestão 
estratégica de saúde. São Paulo: Saraiva, 2014.
KURCGANT, P. Administração em enfermagem. São Paulo: EPU, 2006.
MEZOMO, J. C. Gestão da qualidade na saúde: princípios básicos. São Paulo: 
Loyola, 2001.
SCARPARO, A. F.; FERRAZ, C. A. Auditoria em enfermagem: identifi cando sua 
concepção e métodos. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 61, n. 3, 
p. 302-305, 2008.

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