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Histologia do Tecido Nervoso, Sanguíneo e Sistema Cardiovascular

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DESCRIÇÃO
Principais funções e morfologia básica do tecido nervoso, do tecido sanguíneo e do
sistema cardiovascular.
PROPÓSITO
Compreender as características morfológicas e funções dos tecidos sanguíneo e
nervoso, bem como entender o funcionamento do sistema cardiovascular, conhecer
os componentes do sangue e a estrutura de diversos vasos sanguíneos. Esses
conhecimentos são importantes para iniciar os estudos relacionados às histologias
básica e aplicada, os estudos de patologia, especialmente distúrbios de circulação,
e os estudos de imunologia.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os diferentes componentes, a estrutura geral e a função do sistema
nervoso
MÓDULO 2
Descrever as características gerais, a função e os componentes do tecido
sanguíneo, bem como a estrutura da medula óssea
MÓDULO 3
Descrever a estrutura dos diferentes vasos sanguíneos, bem como a histologia
básica do coração e a importância do sistema vascular linfático
INTRODUÇÃO
Os tecidos do corpo humano representam a conformação e a união harmônica de
diferentes células com funções e características morfológicas distintas.
Neste conteúdo, iniciaremos nossa jornada pelo tecido nervoso. Você verá como
são interessantes a organização e os componentes do sistema nervoso central,
sistema nervoso periférico e do sistema nervoso autônomo — que, apesar do
nome, é altamente influenciado pelo sistema nervoso central.
Em seguida, veremos o tecido sanguíneo, que é uma especialização do tecido
conjuntivo. Conheceremos os principais componentes do sangue, os elementos
figurados e o plasma, bem como suas respectivas funções. Além disso,
conversaremos um pouco sobre a estrutura da medula óssea e sua importante
função como fonte das células hematopoiéticas.
Por último, estudaremos o sistema cardiovascular, apresentando a estrutura dos
principais tipos de vasos sanguíneos, os aspectos histológicos básicos da bomba
— o coração —, e as características do sistema vascular linfático, que conduz a
linfa.
Prepare-se para uma jornada longa, mas muito instigante e encantadora. Vamos
começar?
AVISO: Orientações sobre unidades de medida.
AVISO
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km)
por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve
existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios
técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional
de separação dos números e das unidades.
MÓDULO 1
 Reconhecer os diferentes componentes, a estrutura geral e a função do
sistema nervoso
CARACTERÍSTICAS GERAIS, ORIGEM
E FUNÇÕES DO SISTEMA NERVOSO
javascript:void(0)
O tecido nervoso, que constitui o sistema nervoso, é distribuído pelo organismo,
formando uma rede interligada de comunicação. Esse sistema é responsável por
detectar, transmitir e processar os estímulos sensoriais do ambiente, como calor,
luz e modificações químicas, e é encarregado de coordenar o funcionamento de
quase todas as funções do organismo. Desse modo, o sistema nervoso gerencia o
funcionamento do nosso corpo, como a pressão sanguínea, o pH do sangue, a
tensão de O2 e CO2, e a reprodução e a interação com outros seres à nossa volta.
 
Imagem: Shutterstock.com
 O sistema nervoso gerencia o funcionamento do nosso organismo.
As complexas funções desempenhadas pelo sistema nervoso dependem da
geração de seus muitos tipos de células — neuronais e gliais — em quantidades e
localização adequadas. A neurogênese, processo de origem e desenvolvimento do
sistema nervoso, começa na terceira semana de vida do embrião humano, já com a
formação dos folhetos embrionários.
No início da neurogênese embrionária, a placa neural sofre um processo de
invaginação, formando o tubo neural, uma estrutura que se estende por topo o
corpo do embrião. Por sua vez, o tubo neural desenvolve-se e dá origem ao
encéfalo e à medula espinhal.
javascript:void(0)
ENCÉFALO
O encéfalo é um conjunto de estruturas que estão anatomicamente e
fisiologicamente conectadas. Entre essas estruturas, estão o bulbo raquidiano,
o hipotálamo, o corpo caloso, o tálamo e o cerebelo.
 
Imagem: Shutterstock.com
O tecido nervoso é composto por uma complexa rede de células nervosas
especializadas, como os neurônios, os oligodendrócitos, os astrócitos e as células
da micróglia. Para entendermos como a sistema nervoso funciona, podemos dividi-
lo em:
 
Imagem: shutterstock.com
SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)
É como um sistema operacional que coordena as ações, sendo formado pelas
diferentes partes do encéfalo (cérebro e cerebelo) e medula espinhal.
 
Imagem: shutterstock.com
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP)
É a ramificação do sistema nervoso pelo corpo, formado pelos nervos e por
agrupamentos de células nervosas, os gânglios nervosos. Os nervos são
constituídos principalmente pelos prolongamentos dos neurônios, situados no
sistema nervoso central ou nos gânglios.
O cérebro fica localizado na cavidade craniana e a medula espinhal está contida na
cavidade vertebral da coluna. A comunicação nervosa do encéfalo com as partes
mais distantes do sistema nervoso periférico é feita através dos neurônios que se
prolongam. Alguns podem medir mais de um metro de comprimento.

 VOCÊ SABIA
O sistema nervoso periférico tem esse nome porque está na periferia, ou seja, além do
cérebro e da medula espinhal.
 
Imagem: Shutterstock.com adaptada por Américo Jr.
 Sistema nervoso central (em laranja) e o sistema nervoso periférico (em azul).
Os neurônios têm como função principal a condução do impulso elétrico, e seu
formato alongado é facilmente distinguível dos demais tipos celulares do tecido
nervoso. As células da micróglia, neuróglia ou simplesmente glia, desempenham
várias funções, incluindo a de sustentação e nutrição dos neurônios.
A morfologia dos neurônios permite a divisão básica em corpo celular e
prolongamentos, de modo que encontramos no sistema nervoso central a
substância branca e a substância cinzenta. Não se preocupe, veremos esses
conceitos mais detalhadamente adiante.
 
Imagem: Sra. Emma Vought/Wikimedia Commons/CC-BY-4.0
 Ilustração do encéfalo mostrando a substância branca e a substância cinzenta.

 SAIBA MAIS
Atualmente, já existem muitas evidências de que o processo de neurogênese ocorre ao
longo de toda a vida. Acredita-se que duas regiões do cérebro, a zona subventricular e
o hipocampo, atuem como berço de novos neurônios, gerando precursores neuronais
que se desenvolvem e se especializam no cumprimento da função de coordenar e
comunicar o corpo.
A prática da atividade física regular é vista como um grande estímulo para a geração e
sobrevivência de novos neurônios, ao mesmo tempo que o alcoolismo e o
envelhecimento parecem contribuir para a morte e perda de função dos neurônios.
COMPOSIÇÃO E MORFOLOGIA DO
SISTEMA NERVOSO
No funcionamento do sistema nervoso, os neurônios (ou células nervosas) têm a
atribuição de receber, transmitir e processar os estímulos. Quando estimulados,
podem liberar moléculas mensageiras chamadas de neurotransmissores, que
conseguem estimular outros neurônios e outros tipos celulares.
Existem muitos tipos de neurônios, especializados em funções específicas, mas
todos possuem uma morfologia que pode ser basicamente dividida em corpo
celular ou pericárdio, dendritos e axônio.
 
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Américo Jr.
 Estrutura do neurônio. As setas vermelhas indicam a orientação do impulso
nervoso.
Conheceremos, então, a morfologia básica dos neurônios. Para facilitar o seu
entendimento e memorização, tente desenhar um neurônio delimitando suas
partes.
O corpo celular de um neurônio contém basicamente o núcleo e o citoplasma da
célula, com diferentes organelas. Além de ser o centro trófico celular, apresenta
função receptora e integradora de estímulos, recebendo estímulos excitatórios ou
inibitórios gerados em outras células nervosas.
Na maioria dosneurônios, o núcleo é esférico e pouco corado, devido à distensão
cromossômica. Outro aspecto morfológico importante é a presença de abundante
retículo endoplasmático rugoso, cujas cisternas são entremeadas por
polirribossomos livres.

 SAIBA MAIS
Observamos uma maior quantidade de retículo endoplasmático rugoso particularmente
nos neurônios motores. O conjunto de cisternas do retículo e polirribossomos é visto
ao microscópio de campo claro como manchas basofílicas espalhadas pelo citoplasma,
denominadas corpúsculo de Nissl.
NEURÔNIOS MOTORES
Os neurônios motores têm longos axônios que se estendem do SNC a músculos,
órgão e glândulas.
 
Imagem: Sistema Nervoso, Histologia básica: texto e atlas, JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013, p. 153.
 Desenho com base em micrografias eletrônicas.
O complexo de Golgi está presente exclusivamente no corpo celular, no qual
também podemos encontrar uma quantidade moderada de mitocôndrias.
Entretanto, há maior abundância destas organelas no terminal axônico. O
citoplasma do corpo celular e dos prolongamentos também apresenta
javascript:void(0)
neurofilamentos, que são filamentos intermediários, e microtúbulos semelhantes
aos de outros tipos celulares.
Os dendritos são prolongamentos em forma de ramos ou galhos de árvore
especializados na recepção dos estímulos vindos do ambiente ou de outros
neurônios. A maioria dos neurônios apresenta numerosos dendritos, que
aumentam significativamente a área celular e, consequentemente, a quantidade de
conexões e ligações que o neurônio conseguirá fazer com os axônios das outras
células nervosas. Os dendritos vão se tornando mais delgados à medida que se
ramificam.
Há ainda neurônios que possuem apenas um dendrito, os neurônios bipolares, mas
são pouco frequentes e localizam-se em áreas específicas do sistema nervoso.
 
Imagem: Shutterstock.com
Muitos dos impulsos que chegam ao neurônio são recebidos por pequenas
projeções dendríticas, chamadas espinhas ou gêmulas. Essas abundantes
estruturas são o local inicial de processamento dos impulsos nervosos que chegam
ao neurônio e participam da plasticidade dos neurônios relacionada à adaptação,
memória e aprendizado.
O centro de processamento dos sinais recebidos fica localizado em um complexo
proteico preso à superfície interna da membrana pós-sináptica, como você pode
ver a seguir:
 
Imagem: Histologia básica: texto e atlas, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 156
 Principais aspectos funcionais das duas partes da sinapse: o terminal axônico,
pré-sináptico, e a membrana do neurônio pós-sináptico.
O axônio é um prolongamento único, cuja função é conduzir os impulsos que
transmitem informações do neurônio para outras células. Cada neurônio contém
apenas um único axônio, que apresenta comprimento e diâmetros variáveis de
acordo com o tipo neuronal. Na maioria dos casos, porém, o axônio é mais longo
do que os dendritos da mesma célula.
O corpo do axônio é revestido por uma substância de natureza lipídica chamada de
mielina, produzida pelos oligodendrócitos no sistema nervoso central e pelas
células de Schwann no sistema nervoso periférico. A bainha de mielina reveste o
axônio em segmentos e permite a condução mais rápida dos impulsos nervosos.
As fibras nervosas amielínicas, ou seja, sem o revestimento de mielina, apresentam
uma velocidade menor de transmissão do impulso elétrico. Os pontos de secção da
bainha de mielina são conhecidos por nódulos de Ranvier.
 
Imagem: Histologia básica: texto e atlas, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 151
 Divisão do neurônio. Note os nódulos de Ranvier.
Geralmente, o axônio deriva do cone de implantação, uma estrutura piramidal do
corpo celular. Nos neurônios que possuem axônios mielinizados, a região entre o
cone de implantação e o início da bainha de mielina é denominada segmento
inicial. Esse local recebe muitos estímulos, dos quais pode se originar um potencial
de ação cuja propagação é o impulso nervoso.
Além disso, encontramos muitos canais iônicos no segmento inicial, que são
importantes para a geração do impulso.

 ATENÇÃO
Não é frequente a presença de organelas no citoplasma do axônio, também conhecido
por axoplasma. A parte mais terminal de um axônio, ou telodentro, costuma ser bem
ramificada para aumentar a área de contato e assim facilitar a comunicação com outras
células.

 VOCÊ SABIA
Traumas que acarretem a lesão parcial ou total do axônio podem levar o indivíduo à
perda da sensibilidade ou até, em casos mais graves, a paralisias permanentes.
CONHECEMOS A ESTRUTURA DE UM NEURÔNIO,
MAS E AGORA, COMO SÃO OS OUTROS TIPOS
CELULARES? VAMOS CONHECÊ-LOS?
CÉLULAS DA GLIA, MICRÓGILA OU
NEUROGLIA
A neuróglia compreende vários tipos celulares encontrados no sistema nervoso
central, ao lado dos neurônios. De maneira geral, estima-se a existência de 10
células da glia para cada neurônio, de modo a fornecer um microambiente
adequado para as células nervosas, além de cumprirem outras funções.
Na figura a seguir, vemos os tipos celulares encontrados no SNC.
 
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Américo Jr.
 As células do sistema nervoso central.
Então, a partir de agora, conheceremos esses tipos celulares e os papéis que
desempenham.
ASTRÓCITOS
São células de morfologia estrelada, com múltiplas projeções no corpo celular.
Apresentam feixes de filamentos intermediários, constituídos pela proteína fibrilar
ácida da glia, que reforçam a estrutura celular. Os astrócitos conectam os
neurônios aos capilares sanguíneos e a uma camada delgada que reveste o
sistema nervoso central, a pia-máter. Além de cumprirem a função de sustentação,
também participam do controle da composição iônica e molecular do ambiente
extracelular dos neurônios.
Outras funções dos astrócitos incluem a regulação de várias atividades neuronais e
a comunicação com outros astrócitos por meio das junções comunicantes,
formando uma rede pela qual informações podem transitar de um local a outro e
alcançar regiões distantes do sistema nervoso central.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Corte histológico mostrando astrócitos ao redor dos capilares sanguíneos.
CÉLULAS MICROGLIAIS OU MICRÓGLIA
São células pequenas e alongadas, de prolongamentos curtos e irregulares. São
facilmente identificadas nas lâminas histológicas, pois apresentam núcleos escuros
e alongados, ao contrário dos núcleos esféricos das outras células. Eventos
inflamatórios no sistema nervoso central estão fortemente associados a ativação
dessas células, que retraem seus prolongamentos e assumem a morfologia de
macrófagos, fagocitando os agentes estranhos e apresentando antígenos.
Essas células também produzem mediadores inflamatórios, como citocinas, e
atuam no processo de reparo tecidual.
 
Imagem: Histologia: texto e atlas., ROSS, PAWLINA, 2016, p.594.
 Ilustração da micróglia (A) e corte histológico (B) mostrando os núcleos das
células microgliais (setas).
CÉLULAS EPENDIMÁRIAS
São células epiteliais colunares, às vezes ciliadas, que facilitam o movimento do
líquido cefalorraquidiano. Revestem os ventrículos cerebrais e o canal da medula
espinhal.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Corte histológico mostrando as células ependimárias na superfície, ciliadas.
OLIGODENDRÓCITOS E CÉLULAS DE
SCHWANN
São células que possuem prolongamentos que envolvem os axônios, produzindo a
bainha de mielina, um isolante elétrico para os neurônios do sistema nervoso
central. Tanto os oligodendrócitos quanto as células de Schwann possuem a
mesma função, a única diferença é que os oligodendrócitos envolvem as fibras do
sistema nervoso central e as células de Schwann envolvem as fibras periféricas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Os oligodendrócitos, células que emitem prolongamentos que recobrem o
axônio de neurônios do SNC.
As células nervosas e seus prolongamentos possuem dimensões e formas muito
variáveis. De acordo com a morfologia, os neurônios podem ser classificados em:
 
Imagem: Histologia básica: texto eatlas, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 152
 Ilustração simplificada da morfologia dos três tipos principais de neurônios.

NEURÔNIOS BIPOLARES
Possuem um dendrito e um axônio.

NEURÔNIOS MULTIPOLARES
Possuem mais de dois prolongamentos celulares.

NEURÔNIOS PSEUDOUNIPOLARES
Possuem prolongamento dividido em dois, sendo um ramo para a periferia e outro
para o sistema nervoso central.

 ATENÇÃO
A grande maioria dos neurônios é do tipo multipolar. Os neurônios bipolares são
geralmente especializados em funções sensoriais, como a visão e o olfato, e estão
localizados nos gânglios vestibular e coclear. Os neurônios pseudounipolares são
encontrados nas áreas sensoriais da medula espinhal e participam da percepção
sensorial do ambiente, como o calor e frio.
 
Foto: Shutterstock.com
 O neurônio de Purkinje
No córtex cerebelar (região interna do cerebelo), encontramos um tipo interessante
de neurônio multipolar, a célula de Purkinje. Esse tipo celular apresenta uma
extensa composição dendrítica, semelhante a uma árvore, e possui a função de
regulação motora, liberando neurotransmissores inibitórios.
Os neurônios também podem ser classificados de acordo com a sua função.
Aqueles que regulam órgãos efetores, como músculos e glândulas, são
classificados como neurônios motores.
 
Imagem: Shutterstock.com adaptada por Américo Jr.
 O neurônio motor.

 VOCÊ SABIA
Os axônios dos neurônios motores da medula espinhal, que inervam os músculos do
pé, possuem cerca de 1 metro de comprimento!
Já os neurônios sensoriais têm a capacidade de perceber e reagir a estímulos
internos e externos, tais como a temperatura e a luz. Existem ainda, os
interneurônios, que estabelecem a comunicação entre os demais neurônios,
formando uma rede complexa e interligada.
ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS
NERVOSOS CENTRAL, PERIFÉRICO E
AUTÔNOMO
Como você já sabe, o sistema nervoso central é formado pelo cérebro, pelo
cerebelo e pela medula espinhal. Quando essas estruturas são seccionadas,
percebemos uma região esbranquiçada, a substância branca, e uma região
acinzentada, a substância cinzenta.
Essa diferença de coloração deve-se à presença da mielina, que veremos mais
adiante.
Substância branca
Não possui corpos de neurônios, sendo formada somente pelos axônios
mielinizados, oligodendrócitos e outras células da glia.

Substância cinzenta
É formada pelos corpos neuronais, dendritos, células da glia e a porção inicial não
mielinizada dos axônios.
Predominante na superfície do cérebro e cerebelo (córtex), é na substância
cinzenta que ocorrem as sinapses do sistema nervoso central. As partes mais
centrais são ocupadas pela substância branca, na qual encontramos grupos de
neurônios formando ilhas de substância cinzenta.
Em algumas regiões do córtex cerebral, os neurônios sensoriais recebem e
processam impulsos aferentes, já em outras áreas, os neurônios motores
(eferentes) geram impulsos que controlarão os movimentos voluntários. O córtex
cerebelar apresenta três camadas:
1ª
A molecular, mais externa e formada por células esparsas.
2ª
A central, com grandes células de Purkinje.
3ª
A granulosa, mais interna e formada pelos menores neurônios do organismo.
 
Imagem: Histologia básica: texto e atlas, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p.162.
 Corte histológico com as três camadas do córtex cerebelar.
Na medula espinhal seccionada transversalmente, vemos a substância branca na
parte externa e a substância cinzenta mais interna, na forma da letra H. O traço
horizontal apresenta um orifício, corte do canal central medular, revestido por
células ependimárias. Os traços verticais formam os cornos anteriores, que
contêm neurônios motores, e os cornos posteriores, que recebem as fibras
sensoriais dos neurônios situados nos gânglios dos nervos espinhais.
O sistema nervoso central está contido e protegido pela caixa craniana e pelo canal
vertebral. Além disso, é revestido por membranas de tecido conjuntivo, as
meninges, formadas por três camadas:

DURA-MÁTER
Camada mais externa, constituída por tecido conjuntivo denso e contínuo com o
periósteo dos ossos cranianos.

ARACNOIDE
Camada central, formada por tecido conjuntivo avascular, com uma parte
membranosa em contato com a dura-máter e outra parte constituída por traves
conjuntivas, que a ligam à pia-máter. O espaço subaracnóideo, cheio de líquor,
constitui um colchão hidráulico que protege contra traumatismos no sistema
nervoso.

PIA-MÁTER
Camada mais interna e ricamente vascularizada, aderente ao sistema nervoso,
mas sem contato direto com as células ou fibras nervosas.
 
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Américo Jr.
 Meninges.

 VOCÊ SABIA
Os plexos coroides são dobras da pia-máter ricas em capilares fenestrados e dilatados
que penetram os ventrículos cerebrais. A principal função dos plexos coroides é
secretar continuamente o líquor, que ocupa as cavidades dos ventrículos, o canal
central da medula, o espaço subaracnóideo e os espaços perivasculares. O líquor é
importantíssimo para o metabolismo do sistema nervoso central e oferece proteção
contra traumatismos.
Os vasos sanguíneos penetram o tecido nervoso pelos túneis revestidos por pia-
máter, os espaços perivasculares, que desaparecem antes da transição para os
capilares, totalmente envolvidos pelos prolongamentos dos astrócitos.
 
Imagem: Adaptado de Sistema Nervoso, Histologia básica: texto e atlas,
JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 164.
 Esquema ilustrando a irrigação sanguínea no tecido nervoso do SNC.
Ainda como mecanismo importante de proteção ao sistema nervoso, temos a
barreira hematoencefálica, composta principalmente por células endoteliais que
possuem fortes junções oclusivas. Devido à menor permeabilidade dos capilares
sanguíneos do tecido nervoso, a barreira hematoencefálica controla estritamente a
entrada ou saída de substâncias, como antibióticos, toxinas e agentes químicos. A
seletividade é tão sofisticada que, em casos de meningite bacteriana, apenas
algumas classes específicas de antibióticos conseguem atravessar a barreira e
combater a infecção.
 
Shutterstock.com, adaptada por Americo Jr.
 Barreira hematoencefálica.
As fibras nervosas são constituídas por um axônio e as bainhas que o envolvem.
O conjunto das fibras forma os feixes do sistema nervoso central e os nervos no
sistema nervoso periférico. Todos os axônios do tecido nervoso maduro são
envolvidos por dobras únicas ou múltiplas de uma célula envoltória: a célula de
Schwann, nas fibras periféricas, e os oligodendrócitos, no sistema nervoso central.
Quando os axônios são envolvidos por apenas uma única dobra, temos as fibras
nervosas amielínicas. Por outro lado, abundantes envoltórios concêntricos
revestem os axônios com maior diâmetro, formando a bainha de mielina das fibras
mielínicas. Portanto, a mielina é constituída por diversas camadas de membrana
celular, que contém uma maior proporção lipídica que as membranas em geral.
 
Foto: Shutterstock.com adaptada por Américo Jr.
 O epineuro reveste o nervo, o perineuro reveste o feixe de fibras e o endoneuro
reveste as fibras nervosas.
O sistema nervoso periférico é composto pelos gânglios, pelos nervos e por suas
terminações. Os nervos estabelecem a comunicação entre os centros nervosos e
os órgãos efetores e sensoriais. A maioria dos nervos é misto, composto por fibras
aferentes, que levam as informações internas e externas para os centros nervosos
e por fibras eferentes, que levam os impulsos do centro nervoso para os órgãos
efetores comandados por ele. Entretanto, os nervos sensoriais contêm apenas
fibras aferentes e os nervos motores são formados apenas por fibras eferentes.
O agrupamento de neurônios fora do sistema nervoso central constitui os gânglios
nervosos. Essas estruturas, geralmente esféricas, são associadas aos nervos e
protegidas por cápsulas conjuntivas. Os gânglios são muito importantes para a
comunicação nervosa, pois funcionam como estações deconexão entre as partes
do sistema nervoso no organismo. Conforme a direção do impulso nervoso, os
gânglios podem ser aferentes ou eferentes.
Por último, apresentaremos o sistema nervoso autônomo, que é anatomicamente
formado por aglomerados de células nervosas localizadas no sistema nervoso
central, pelas fibras derivadas dos nervos cranianos e espinhais e pelos gânglios
situados no curso dessas fibras.

 SAIBA MAIS
Apesar do nome, o sistema nervoso autônomo é influenciado pela atividade do sistema
nervoso central e atua principalmente na regulação de algumas atividades involuntárias
do organismo, como o ritmo cardíaco e a secreção glandular, mantendo a hemostasia.
O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO PODE SER
DIVIDIDO EM DOIS RAMOS:

SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO:
As estruturas que formam o sistema nervoso simpático se localizam nas regiões
torácica e lombar da medula espinhal.

SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO:
Os núcleos do sistema nervoso parassimpático podem ser encontrados nas regiões
cranial e sacral (porção final da coluna vertebral).
 
Imagem: Shutterstock.com adaptada por Américo Jr.
 Sistema nervoso simpático e parassimpático.

POTENCIAL DE MEMBRANA E
SINAPSE
Assista a este vídeo em que a especialista Gabriela Cardoso Caldas fala sobre as
características gerais do potencial de membrana das células nervosas e
transmissão sináptica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS COMPLEXAS FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELO
SISTEMA NERVOSO DEPENDEM DA GERAÇÃO DE SEUS
MUITOS TIPOS DE CÉLULAS — NEURONAIS E GLIAIS — EM
QUANTIDADES E LOCALIZAÇÃO ADEQUADAS. EM RELAÇÃO
ÀS CARACTERÍSTICAS CELULARES DESSE SISTEMA, É
CORRETO AFIRMAR QUE
A) a mielina que reveste o axônio dos neurônios é produzida pelas células de
Schwann, no sistema nervoso central, e pelos oligodendrócitos no sistema nervoso
periférico.
B) a micróglia corresponde às células epiteliais colunares ciliadas, que facilitam o
movimento do liquor.
C) os astrócitos participam do controle da composição iônica e molecular do
ambiente extracelular dos neurônios.
D) eventos inflamatórios no sistema nervoso central estão fortemente associados à
ativação dos oligodendrócitos.
E) as células ependimárias são facilmente identificadas nas lâminas histológicas
pelos núcleos escuros e alongados.
2. O SISTEMA NERVOSO CENTRAL, FORMADO PELO
ENCÉFALO E PELA MEDULA ESPINHAL, É COMO UM SISTEMA
OPERACIONAL QUE COORDENA AS AÇÕES DO NOSSO
ORGANISMO. EM RELAÇÃO À SUA ORGANIZAÇÃO, É
CORRETO AFIRMAR QUE
A) no corte transversal da medula espinhal, vemos a substância branca na parte
externa e a substância cinzenta na parte mais interna.
B) as partes mais centrais são ocupadas pela substância cinzenta, na qual
encontramos grupos de neurônios formando ilhas de substância cinzenta.
C) a substância branca é formada pelos corpos de neurônios, axônios mielinizados
e células da glia.
D) a pia-máter é a camada mais interna das meninges, com contato direto com as
células ou fibras nervosas.
E) a aracnoide é a camada central das meninges, altamente vascularizada, que
recebe todo o suprimento sanguíneo do SNC.
GABARITO
1. As complexas funções desempenhadas pelo sistema nervoso dependem
da geração de seus muitos tipos de células — neuronais e gliais — em
quantidades e localização adequadas. Em relação às características celulares
desse sistema, é correto afirmar que
A alternativa "C " está correta.
 
Além da função de sustentação, os astrócitos participam da regulação de várias
atividades neuronais, da comunicação com outros astrócitos e do controle da
composição iônica e molecular do ambiente extracelular dos neurônios.
2. O sistema nervoso central, formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, é
como um sistema operacional que coordena as ações do nosso organismo.
Em relação à sua organização, é correto afirmar que
A alternativa "A " está correta.
 
Na medula espinhal seccionada transversalmente, vemos que a substância branca
está localizada externamente e a substância cinzenta internamente, formando um
H. O traço horizontal apresenta um orifício, corte do canal central medular,
revestido por células ependimárias. Os traços verticais formam os cornos
anteriores, que contêm neurônios motores, e os cornos posteriores, que recebem
as fibras sensoriais.
MÓDULO 2
 Descrever as características gerais, a função e os componentes do tecido
sanguíneo, bem como a estrutura da medula óssea
CARACTERÍSTICAS GERAIS E
FUNÇÃO DO SISTEMA SANGUÍNEO
 
Imagem: Shutterstock.com
O sangue é uma das especializações do tecido conjuntivo e é constituído por
células sanguíneas — hemácias, plaquetas e vários tipos de leucócitos — e pelo
plasma, parte líquida na qual as células estão suspensas.

 VOCÊ SABIA
Em um adulto de 70 quilogramas, o volume sanguíneo total é de aproximadamente 5
litros, correspondendo a 7% do peso corporal. O sistema circulatório, como veremos
mais adiante, mantém o movimento regular e unidirecional do sangue para o restante
do corpo a partir das contrações rítmicas do coração, principalmente.
Esses componentes podem ser separados por centrifugação, caso o sangue seja
colocado na presença de anticoagulantes (heparina, por exemplo). Nesse
processo, é possível visualizar a formação de várias camadas que refletem a
diversidade dos componentes:
 Camadas visualizadas após centrifugação do sangue com anticoagulantes.

 VOCÊ SABIA
O hematócrito é o resultado obtido pela sedimentação sanguínea e é realizado em
tubos de vidro com dimensões padronizadas. A análise do hematócrito possibilita
estimar o volume de sangue ocupado pelos eritrócitos (hemácias) em relação ao
sangue total.
A principal função do sangue é atuar como meio de transporte. Os leucócitos,
como veremos com mais detalhes, desempenham várias funções de defesa do
corpo e são a primeira barreira contra agentes invasores e nocivos. Por intermédio
do sangue, essas células percorrem o corpo, atravessam por diapedese a parede
dos vasos e se concentram nos tecidos inflamados ou infeccionados.
DIAPEDESE
Saída ativa de leucócitos do sistema circulatório, por movimentos ameboides.
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Imagem: Shutterstock.com
 Leucócitos e hemácias na corrente sanguínea.
Além dos leucócitos, o sangue transporta outras várias substâncias e moléculas. É
o caso do oxigênio, ligado à hemoglobina das hemácias, e do gás carbônico,
ligado à hemoglobina e a outras proteínas dos eritrócitos, ou dissolvido no plasma.
O plasma também transporta nutrientes, distribuindo-os pelo organismo, e
resíduos metabólicos, que são levados até os órgãos de excreção para serem
removidos.
O sangue é veículo de distribuição de hormônios e outras substâncias
reguladoras, possibilitando a troca de mensagens químicas entre órgãos distantes.
Atua, ainda, no equilíbrio acidobásico, osmótico e térmico do organismo.

 SAIBA MAIS
No entanto, nem tudo é vantagem: células cancerosas também podem ser
transportadas para longe de seus locais de origem pela corrente sanguínea, causando
metástase.
SANGUE: ELEMENTOS FIGURADOS E
PLASMA
O plasma é uma solução aquosa que contém componentes de pequeno e elevado
peso molecular, incluindo proteínas, gases, hormônios e nutrientes. As proteínas
plasmáticas correspondem a 7% do plasma e os sais inorgânicos a 0,9%, sendo
o restante formado por compostos orgânicos diversos, tais como aminoácidos,
vitaminas, hormônios e glicose.
Todos esses solutos ajudam na manutenção da hemostasia, um estado de
equilíbrio dinâmico que oferece pH e osmolaridade ideais para o metabolismo
celular.
Componentes do plasma
Água
91 –
92%
Proteínas (albumina, globulinas, fibrinogênio)
7 –
8%
Outros solutos
Eletrólitos (Na+, K+, Ca2+, Mg2+, Cl-, HCO 3-, PO43-, SO42-)
Substâncias nitrogenadas não proteicas (ureia, ácido úrico,
creatina, creatinina, sais de amônio)
1 –
2%
Nutrientes (glicose, lipídios, aminoácidos)
Gases (oxigênio, dióxido de carbono, nitrogênio)
Hormônios, enzimas
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabelautilize a rolagem horizontal
 Composição do plasma. 
Adaptado de Sangue. ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Ross Histologia: texto e atlas. 7.
ed, p. 442.
As proteínas plasmáticas consistem principalmente em albumina, globulinas (alfa,
beta e gama) e fibrinogênio.
ALBUMINA
É a menor proteína plasmática e o principal constituinte proteico do plasma,
representando cerca de metade do total de proteínas plasmáticas. É produzida no
fígado, atua como transportadora de hormônios, como a tiroxina, e de metabólitos,
como a bilirrubina e fármacos. Essa proteína também é responsável por exercer o
gradiente de concentração entre o sangue e o líquido extracelular tecidual.
Mas como isso acontece?
As proteínas plasmáticas como a albumina são responsáveis por exercer uma
importante pressão sobre a parede dos vasos sanguíneos, chamada de pressão
osmótica ou pressão coloidosmótica. Essa pressão é essencial para regular e
manter o equilíbrio entre os fluidos existentes no meio intra e extracelular, nesse
caso, entre sangue e volume de líquido tecidual (chamado de intersticial).
 
Foto: Shutterstock.com
 O acúmulo de líquido tecidual é mais facilmente observado pelo edema dos
tornozelos no final do dia.
Caso uma quantidade significativa de albumina extravase dos vasos sanguíneos ou
se perca para a urina, a pressão coloidosmótica do sangue diminui e o resultado é
o acúmulo de líquido nos tecidos, o edema.
GLOBULINAS
Incluem as imunoglobulinas (gamaglobulinas) e as globulinas não imunes (alfa e
betaglobulinas). As imunoglobulinas são os anticorpos, moléculas do sistema
imune secretadas pelos plasmócitos.
 
Foto: Shutterstock.com
 Ilustração de uma imunoglobulina.
Já as globulinas não imunes são secretadas pelo fígado e ajudam a manter a
pressão osmótica dentro do sistema circulatório. Também transportam substâncias
como o cobre, o ferro e a proteína hemoglobina. As lipoproteínas, fatores de
coagulação e outras moléculas pertencem à classe das globulinas não imunes.
FIBRINOGÊNIO
É produzido no fígado e representa a maior proteína plasmática. No processo de
coagulação, o fibrinogênio solúvel é transformado na proteína insolúvel, a fibrina.
Quando o sangue é removido da circulação, ele coagula imediatamente. O coágulo
consiste em um aglomerado de eritrócitos e plaquetas envolvido em uma rede de
fibrina.
Durante a coleta de sangue, para impedir a coagulação, utilizam-se tubos com
anticoagulante na coleta, como o citrato ou heparina. O citrato liga-se aos íons
cálcio, essenciais para o início da coagulação; a heparina desativa os fatores de
coagulação presentes no plasma. O plasma sem os fatores de coagulação é
denominado soro.
ELEMENTOS FIGURADOS
Geralmente, estudamos as células sanguíneas a partir de esfregaços
sanguíneos, nos quais uma gota de sangue é espalhada sobre uma lâmina e as
células ficam separadas. Esses esfregaços são corados com misturas de corantes
especiais, que contém eosina (corante ácido), azul de metileno (corante básico) e
azures (corantes básicos de cor púrpura). Com isso, as estruturas acidófilas coram-
se de rosa, as basófilas coram-se de azul e as que fixam os azures, as azurófilas,
de roxo. Você verá que essas características são importantes para identificarmos
as células sanguíneas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Esfregaço sanguíneo mostrando alguns leucócitos (em roxo) e as numerosas
hemácias (em rosa) ao fundo.
Os eritrócitos, ou hemácias nos mamíferos, são células anucleadas desprovidas
das organelas típicas. Em condições normais, essas células não saem do sistema
circulatório, permanecendo sempre no interior dos vasos. Contêm grande
quantidade de hemoglobina, uma proteína transportadora de O2 e CO2. A
hemoglobina liga-se ao oxigênio para distribuí-los aos tecidos e, posteriormente,
liga-se ao dióxido de carbono para sua remoção. Como a hemoglobina é uma
proteína básica, os eritrócitos são acidófilos e coram-se pela eosina.
As hemácias humanas apresentam morfologia de disco bicôncavo, o que
proporciona uma grande superfície celular e, consequentemente, facilita as trocas
gasosas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Ilustração das hemácias, mostrando com detalhes a morfologia de disco
bicôncavo.

 SAIBA MAIS
Outra característica importante é a flexibilidade, pois as hemácias sofrem deformações
para passar com facilidade pelos capilares mais finos, sem se romper. O tempo de vida
dos eritrócitos é de aproximadamente 120 dias e estima-se que, diariamente, 1% dos
eritrócitos sejam removidos da circulação. A maioria das células velhas são fagocitadas
por macrófagos do baço, do fígado e da medula óssea, órgão que também produz
continuamente novos eritrócitos para repor as células perdidas.
Os leucócitos representam um grupo de células esféricas, produzidas na medula
óssea ou em tecidos linfoides, que permanecem temporariamente no sangue. O
destino dessas células são os tecidos, onde atuam no combate de agentes
patogênicos e substâncias nocivas. Eles são classificados em dois grupos, os
granulócitos e os agranulócitos, que vamos conhecer melhor a seguir:
Granulócitos
Apresentam grânulos citoplasmáticos e núcleo de formato irregular, e são divididos
em neutrófilos, eosinófilos e basófilos.

Agranulócitos
Não possuem granulações específicas e apresentam núcleo mais regular. São
divididos em linfócitos e monócitos.
Conheceremos a seguir cada uma dessas células.
NEUTRÓFILOS
 
Imagem: Histologia básica, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 243.
 Esfregaço sanguíneo com três neutrófilos em destaque. Observe os núcleos
multilobados e os grânulos citoplasmáticos.
São os leucócitos mais abundantes e também os granulócitos mais comuns. No
esfregaço sanguíneo, são facilmente identificados pelos núcleos multilobados,
formados por dois a cinco lóbulos (mais frequentemente formados por três) e, por
isso, são também chamados de polimorfonucleares. O citoplasma do neutrófilo
apresenta predominantemente grânulos azurófilos (lisossomos), que contêm
proteínas que atuarão na digestão e morte de microrganismos, e grânulos
específicos, envolvidos no combate a microrganismos, reposição da membrana e
proteção contra antioxidantes.
O neutrófilo é uma célula em estágio final de diferenciação e realiza pouca síntese
proteica. Por isso, apresenta retículo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi
pouco desenvolvidos, raros ribossomos livres e poucas mitocôndrias.
EOSINÓFILOS
 
Imagem: Shutterstock.com
 Esfregaço sanguíneo mostrando eosinófilos. Observe os grânulos e o núcleo
bilobado.
Constituem apenas 1% a 3% do total de leucócitos. São ligeiramente maiores que
os neutrófilos, com núcleo geralmente bilobado. Além do núcleo, as granulações
ovoides são uma das principais características para identificação dos eosinófilos,
devido ao tamanho dessas granulações, geralmente maiores que as dos
neutrófilos, e ao fato de serem acidófilas (coradas pela eosina). São células que
atuam nas reações alérgicas, inflamações crônicas e no combate a infecções
parasitárias (helmintos e protozoários, principalmente). Possuem retículo
endoplasmático, mitocôndrias e complexo de Golgi pouco desenvolvidos.
BASÓFILOS
 
Imagem: Shutterstock.com
 El * Falaf/Wikimedia Commons/CC-BY-SA-3.0
São células de núcleo volumoso, com forma irregular e geralmente com aspecto de
S. Os basófilos são difíceis de serem encontrados nos esfregaços sanguíneos, pois
constituem menos de 2% dos leucócitos. Apresentam citoplasma repleto de
grânulos, geralmente maiores que os do neutrófilo e do eosinófilo, que acabam
muitas vezes escondendo o núcleo. Os grânulos são metacromáticos, por conta
da heparina, mas também contêm histamina e fatores quimiotáticos para os
outros granulócitos. Além das proteínas contidas nos grânulos, os basófilos
também secretam outros mediadores inflamatórios, como citocinas, e estão
envolvidos nas reações de hipersensibilidade e na anafilaxia.
METACROMÁTICOS
Apresentam uma cor diferente da cor do corante utilizado.
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FATORES QUIMIOTÁTICOS
Fatores químicos que orientam a locomoção de células através de um
gradiente de concentração.
LINFÓCITOS
 
Imagem: Shutterstock.com
 Esfregaço sanguíneo de um paciente com leucemia linfocítica. Observe a
grande quantidade de linfócitos, com núcleo esférico e citoplasma delgado.
São células que apresentam citoplasma escasso, demonstrado nos esfregaços
como um anel delgado em volta do núcleo esférico. O citoplasma é pobre em
organelas, com uma quantidade moderada de ribossomos livres. Apresentam
discreta basofilia, corando-se em azul claro.
Os linfócitos possuem tempo de sobrevivência variável, podendo ser de alguns dias
até muitos anos. Ao contrário dos demais leucócitos, que não retornam ao sangue
após a atuação nos tecidos, os linfócitos recirculam continuamente. Dependendo
das moléculas de superfície, podem ser separados em linfócitos B, linfócitos T e
células natural killer (NK).
As células natural killer são programadas durante o seu desenvolvimento para
matar determinadas células infectadas por vírus e alguns tipos de células tumorais.
São maiores que os linfócitos B e T e exibem vários grânulos azurófilos
citoplasmáticos grandes, facilmente identificados pela microscopia óptica. Desse
modo, são também denominados grandes linfócitos granulares.
Como agentes de defesa imunológica, os linfócitos combatem os agentes
infecciosos principalmente por meio da produção de imunoglobulinas (linfócitos B) e
resposta citotóxica mediada por células (linfócitos T e células NK).
MONÓCITOS
 
Imagem: Dr. Graham Beards/Wikimedia Commons/CC-BY-SA-3.0
 Monócitos. Observe o núcleo em forma de rim.
São os maiores leucócitos circulantes e apresentam núcleo ovoide, em forma de
ferradura ou de rim, mais claro que o dos linfócitos. O citoplasma é basófilo e
apresenta vários grânulos azurófilos (lisossomos) quase imperceptíveis ao
microscópio de campo claro. Possuem muitas mitocôndrias pequenas, retículo
endoplasmático rugoso pouco desenvolvido e grande complexo de Golgi, que
participa da formação dos grânulos. A superfície celular mostra muitas
microvilosidades e vesículas de pinocitose. Os monócitos permanecem poucos dias
no sangue e logo penetram nos tecidos, transformando-se em macrófagos.
PLAQUETAS
As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos anucleados derivados de células
gigantes e poliploides da medula óssea, os megacariócitos. Possuem forma de
disco e atuam na vigilância contínua dos vasos sanguíneos, na formação do
coágulo sanguíneo e no reparo do tecido lesado. As plaquetas permanecem no
sangue por 10 dias e tendem a aparecer aglutinadas nos esfregaços sanguíneos.
Apresentam grânulos corados em púrpura, os cromômeros, contido numa parte
azul-clara, o hialômero.
 
Imagem: Graham Beards /Wikimedia Commons/CC-BY-SA-3.0
 Esfregaço sanguíneo mostrando hemácias e plaquetas (pequenos pontos na
cor púrpura).
MEDULA ÓSSEA: ESTRUTURA,
LOCALIZAÇÃO E FUNÇÃO
 
Imagem: Shutterstock.com
A medula óssea, encontrada no canal medular dos ossos longos e nas cavidades
dos ossos esponjosos, é um órgão volumoso e muito ativo. No indivíduo adulto, ela
produz por dia cerca de 2,5 bilhões de eritrócitos, 2,5 bilhões de plaquetas e 1
bilhão de granulócitos por quilograma de peso corporal. Essa notável produção de
elementos figurados do sangue é altamente regulada e ajustada de acordo com as
necessidades do organismo.
Existem dois tipos de medula óssea:
Vermelha
Ou hematógena, denominada dessa forma por conta dos numerosos eritrócitos em
diferentes estágios de maturação.

Amarela
Que não produz células sanguíneas e contém grande quantidade de adipócitos.
MAS QUAL É A IMPORTÂNCIA DA MEDULA ÓSSEA
AMARELA?
Ela retém células-tronco e em alguns casos, como intoxicação, irradiação ou
hemorragias, pode se transformar em medula vermelha e retornar à produção de
células sanguíneas!
Entenda a diferença da coloração da medula óssea no decorrer da sua vida.
 
Imagem: Shutterstock.com
No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha, destinada à produção das
células sanguíneas.

 
Imagem: Shutterstock.com
Porém, com o avançar da idade, ocorre a substituição para a medula amarela,
ficando a medula vermelha restrita a locais como o esterno, vértebras, costela e na
díploe dos ossos do crânio.

 
Imagem: Shutterstock.com
Em adultos jovens, ainda podemos encontrar a medula vermelha nas epífises
proximais do fêmur e do úmero.

 ATENÇÃO
Em ambos os tipos de medula existem acúmulos de linfócitos, os chamados nódulos
linfáticos, mas não existem vasos linfáticos.
A medula óssea vermelha apresenta dois compartimentos: o compartimento do
estroma medular e o compartimento das células hematopoiéticas .
CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS
Células tronco que dão origem às células sanguíneas.
O estroma medular é uma rede constituída por células adiposas, fibroblastos,
células estromais, células endoteliais, macrófagos e vasos sanguíneos. As células
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endoteliais, as células estromais e os fibroblastos são fonte dos fatores para o
crescimento hematopoiético e das citocinas que regulam a produção das células
sanguíneas. Além disso, as células endoteliais funcionam como uma barreira
seletiva, impedindo que células em estágios imaturos deixem a medula e
permitindo que células maduras cheguem à corrente sanguínea. Os adipócitos
atuam como uma fonte local de energia, mas também sintetizam fatores de
crescimento. Já os macrófagos removem as células apoptóticas e resíduos de
células envelhecidas.
Os vasos sanguíneos chegam à medula óssea perfurando a superfície do osso. A
artéria nutridora entra no meio da diáfise de um osso longo e se ramifica na
artéria longitudinal central, que origina o plexo capilar medular contínuo com os
sinusoides medulares. Os extensos sinusoides desembocam na veia longitudinal
central, fazendo com que as células hematopoiéticas maduras alcancem a
circulação sanguínea.
 
Imagem: Histologia e biologia celular: uma introdução à patologia,
KIERSZENBAUM, 2008, p. 190.
 Vascularização da medula óssea.
O compartimento das células hematopoiéticas consiste em três principais
populações celulares:
Para entender melhor esse cenário, observe a imagem a seguir:
 
Imagem: Histologia e biologia celular: uma introdução à patologia,
KIERSZENBAUM, 2008, p. 192.
 Diferentes populações hematopoiéticas medulares e seus estágios de
diferenciação.
Você viu que as células-tronco comprometidas com a linhagem mieloide originam
as unidades formadoras de colônia responsáveis pela geração dos eritrócitos,
plaquetas, basófilos e eosinófilos. Os monócitos e neutrófilos derivam de uma UFC
comum granulócito-macrófago. A célula-tronco linfoide gera a população de
as células-tronco hematopoiéticas, que dão origem às células
sanguíneas e são capazes de autorrenovação;

as células precursoras comprometidas, células-tronco responsáveis
pela geração das linhagens celulares (linhagem mieloide e linhagem
linfoide);

e células em diferentes estágios de maturação, que se desenvolvem a
partir de células chamadas unidades formadoras de colônia (UFC).

linfócitos B, na medula, e de células T, que completam seu estado de maturação no
timo.

ASPECTOS INICIAIS DA
HEMATOPOIESE
Assista a este vídeo em que a especialista Gabriela Cardoso Caldas fala sobre os
aspectos básicos da formação dos elementos figurados do sangue.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS LEUCÓCITOS ABRANGEM UM GRUPO DE CÉLULAS
ESFÉRICAS QUE TEM OS TECIDOS COMO DESTINO, ONDE
ATUAM NO COMBATE DE AGENTES PATOGÊNICOS E
SUBSTÂNCIAS NOCIVAS. EM RELAÇÃO AOS LEUCÓCITOS,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) Como a hemoglobina é uma proteína ácida, os eritrócitos são acidófilos e
coram-se pela hematoxilina.
B) Ao contrário dos demais leucócitos, que não retornam ao sangue após atuação
nos tecidos, os linfócitos recirculam continuamente.
C) Os monócitos apresentam grânulos metacromáticos e participam das reações
de hipersensibilidade.D) Os eosinófilos possuem núcleo regular e citoplasma com granulações ovoides e
basofílicas.
E) Os monócitos permanecem poucos dias no sangue e logo penetram nos tecidos,
transformando-se em plasmócitos.
2. NO INDIVÍDUO ADULTO, A MEDULA ÓSSEA PRODUZ POR DIA
CERCA DE 2,5 BILHÕES DE ERITRÓCITOS, 2,5 BILHÕES DE
PLAQUETAS E 1 BILHÃO DE GRANULÓCITOS POR
QUILOGRAMA DE PESO CORPORAL. EM RELAÇÃO À
ESTRUTURA DESSE ÓRGÃO VOLUMOSO, ANALISE AS
AFIRMATIVAS A SEGUIR: 
 
I. A MEDULA ÓSSEA AMARELA CONTÉM UMA GRANDE
QUANTIDADE DE ADIPÓCITOS E É CAPAZ DE, EM ALGUNS
CASOS, TRANSFORMAR-SE EM MEDULA ÓSSEA
HEMATÓGENA. 
II. APÓS O NASCIMENTO, COM AVANÇAR DA IDADE, A MEDULA
VERMELHA FICA RESTRITA A LOCAIS COMO O ESTERNO,
VÉRTEBRAS, COSTELA E NA DÍPLOE DOS OSSOS DO CRÂNIO. 
III. EM AMBOS OS TIPOS DE MEDULA EXISTEM ACÚMULOS DE
LINFÓCITOS — OS NÓDULOS LINFÁTICOS — E VASOS
LINFÁTICOS. 
 
É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.
GABARITO
1. Os leucócitos abrangem um grupo de células esféricas que tem os tecidos
como destino, onde atuam no combate de agentes patogênicos e substâncias
nocivas. Em relação aos leucócitos, assinale a alternativa correta.
A alternativa "B " está correta.
 
Os leucócitos permanecem temporariamente no sangue e têm os tecidos corporais
como destino. Porém, os linfócitos, ao contrário dos demais leucócitos, retornam à
corrente sanguínea após sua atividade tecidual, recirculando continuamente.
2. No indivíduo adulto, a medula óssea produz por dia cerca de 2,5 bilhões de
eritrócitos, 2,5 bilhões de plaquetas e 1 bilhão de granulócitos por quilograma
de peso corporal. Em relação à estrutura desse órgão volumoso, analise as
afirmativas a seguir: 
 
I. A medula óssea amarela contém uma grande quantidade de adipócitos e é
capaz de, em alguns casos, transformar-se em medula óssea hematógena. 
II. Após o nascimento, com avançar da idade, a medula vermelha fica restrita
a locais como o esterno, vértebras, costela e na díploe dos ossos do crânio. 
III. Em ambos os tipos de medula existem acúmulos de linfócitos — os
nódulos linfáticos — e vasos linfáticos. 
 
É correto o que se afirma em
A alternativa "D " está correta.
 
A medula óssea é dividida em vermelha, devido aos numerosos eritrócitos
presentes em diferentes estágios de maturação, e amarela, pela grande quantidade
de adipócitos existentes e células-tronco. Essas células permitem que, em casos
de intoxicação, exposição à radiação ou hemorragias, a medula amarela se
transforme em vermelha e retorne à produção de células sanguíneas. Em ambos
os tipos de medula, existem acúmulos de linfócitos, os chamados nódulos linfáticos,
mas não existem vasos linfáticos. Após o nascimento, com avançar da idade, a
medula vermelha fica restrita a locais como o esterno, vértebras, costela e na
díploe dos ossos do crânio.
MÓDULO 3
 Descrever a estrutura dos diferentes vasos sanguíneos, bem como a
histologia básica do coração e a importância do sistema vascular linfático
INTRODUÇÃO AO SISTEMA
CARDIOVASCULAR
 
Imagem: Shutterstock.com
O sistema circulatório abrange o sistema vascular sanguíneo e o sistema vascular
linfático. O sistema vascular sanguíneo é um sistema fechado formado pelo
coração e pelos vasos sanguíneos, e é por meio desse sistema que o sangue
circula continuamente. Já o sistema vascular linfático é formado por tubos de fundo
cego que se juntam continuamente e desembocam no sistema vascular sanguíneo,
nas grandes veias próximas ao coração.
A parede dos vasos sanguíneos apresenta uma camada de tecido epitelial
especializado, o endotélio, uma camada de tecido muscular e uma camada de
tecido conjuntivo. Todos esses tecidos são encontrados em diferentes proporções
nas paredes dos vasos, exceto nos capilares e nas vênulas pós-capilares, que são
formados apenas pelo endotélio e sua membrana basal. A quantidade e a
organização desses tecidos no sistema circulatório são determinadas por fatores
mecânicos como a pressão sanguínea e fatores metabólicos que refletem a
necessidade local dos tecidos.
Conforme já citamos, o endotélio é um tipo especial de epitélio pavimentoso que
reveste a superfície interna de todos os vasos sanguíneos e linfáticos. Originado do
mesênquima, funciona como uma barreira semipermeável, que medeia e monitora
ativamente as trocas bidirecionais de pequenas moléculas e impede o transporte
de macromoléculas.
 
Imagem: Shutterstock.com adapatada por Américo Jr.
 Corte histológico mostrando um capilar e eritrócitos em seu interior. Os núcleos
das células endoteliais, revestindo o vaso, aparecem corados em roxo.
As células endoteliais não são homogêneas e apresentam características
funcionais de acordo com o vaso que revestem. Elas atuam na manutenção da
hemostasia, do tônus vascular, na angiogênese, nas inflamações e, além disso, são
locais de transferência de O2, CO2, água, solutos e outros metabólitos do sangue
para os tecidos e vice-versa.

 ATENÇÃO
Veremos mais adiante que, com exceção dos capilares e vênulas pericíticas (vênulas
pós capilares), podemos encontrar células musculares lisas na túnica média de todos
os vasos sanguíneos, organizadas em camadas helicoidais. Cada célula muscular é
envolta por uma lâmina basal e por uma quantidade variável de tecido conjuntivo. As
células musculares lisas, principalmente das arteríolas e das pequenas artérias,
frequentemente apresentam junções comunicantes.
Já os componentes do tecido conjuntivo são encontrados em proporções e
quantidades variáveis, de acordo com as necessidades funcionais dos vasos
sanguíneos.
As fibras de colágeno são elementos abundantes na parede do sistema vascular
e são encontradas entre as células musculares, na camada adventícia
(revestimento externo) e na camada subepitelial de alguns vasos.
As fibras elásticas fornecem resistência ao estiramento promovido pela expansão
da parede e predominam nas grandes artérias, onde se organizam em lamelas
paralelas.
Já a substância fundamental forma um gel heterogêneo nos espaços
extracelulares das paredes vasculares que provavelmente afeta a difusão e
permeabilidade de moléculas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Corte histológico da artéria aorta. Observe a quantidade de fibras elásticas (em
rosa), que fornecem resistência ao estiramento do vaso.
A maioria dos vasos compartilham das mesmas características estruturais, com um
plano geral de construção. Veremos mais adiante, entretanto, que um mesmo tipo
de vaso apresenta variações estruturais ao longo de seu percurso. Por isso, a
distinção entre diferentes vasos nem sempre é uma tarefa fácil, uma vez que a
transição de um tipo para outro se dá de maneira gradual.
De maneira geral, os vasos sanguíneos são compostos por três camadas ou
túnicas: a íntima, a média e a adventícia. Vamos conhecê-las a seguir.
 
Imagem: Histologia básica: texto e atlas, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 221
 Diagrama de uma artéria muscular de médio calibre, apresentando suas
camadas.
TÚNICA ÍNTIMA
É a camada mais interna do vaso, constituída por uma camada de células
endoteliais, sua respectiva lâmina basal e uma camada subendotelial de tecido
conjuntivo frouxo, que pode conter algumas células musculares lisas. Nas artérias,
a túnica íntima está separada da túnica média por uma camada semelhante a um
folheto, denominada lâmina elástica interna. Essa camada é composta
principalmente por elastina e contém fenestrações que possibilitam a difusão de
nutrientes para as células mais profundas da parede do vaso.
TÚNICA MÉDIA
Consiste principalmente em camadas concêntricas de células musculares lisas,
entremeadas por quantidades variáveis de fibras, lamelas elásticas, fibras
reticulares (colágeno do tipo III) e proteoglicanos produzidos por essas próprias
células. Nas artérias, a camada média é relativamente espessa, estendendo-se da
lâmina elástica interna até a lâmina elástica externa, que a separa da túnica
adventícia. As lâminas de material elástico, fenestradase dispostas em camadas
concêntricas, predominam na túnica média das artérias elásticas.
TÚNICA ADVENTÍCIA
É a camada mais externa de tecido conjuntivo, formada principalmente por fibras
colágenas do tipo I e algumas fibras elásticas dispostas longitudinalmente. Esses
componentes fundem-se gradualmente com o tecido conjuntivo frouxo que circunda
o vaso. Sua espessura varia, desde relativamente fina na maior parte das artérias
até bem espessa nas veias e vênulas, nas quais constitui o principal componente
da parede vascular.
Vasos grandes possuem vasa vasorum (vaso dos vasos), um sistema de
arteríolas, capilares e vênulas que se ramificam na adventícia e, em menor
quantidade, na porção externa da média. A função dos vasa vasorum é prover
essas camadas vasculares de metabólitos, uma vez que, em vasos maiores, elas
são muito espessas para serem nutridas somente por difusão a partir do sangue
que circula no lúmen do vaso. Esse sistema, entretanto, é mais frequente em veias
do que em artérias.
LÚMEN
Também chamado de luz, refere-se ao interior do vaso.
Nas artérias de diâmetro intermediário e grande, a túnica íntima e a região mais
interna da túnica média não apresentam vasa vasorum , sendo assim nutridas por
difusão de nutrientes advindos do sangue circulante no lúmen.
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Imagem: Histologia básica, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013. Pág: 223, adaptada
por Américo Jr.
 Corte histológico de uma artéria elástica. Observe os vasa vasorum na
adventícia, indicados pelas setas.

 VOCÊ SABIA
A maioria dos vasos sanguíneos que contém músculo liso em suas paredes é provida
por uma rede de nervos autônomos, os nervos vasculares, cujos neurotransmissores
são a norepinefrina. A descarga de norepinefrina pelas terminações nervosas resulta
em vasoconstrição.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS VASOS
SANGUÍNEOS
Do ponto de vista histológico, os vários tipos de artérias e veias distinguem-se uns
dos outros por diferenças na espessura da parede e na composição das túnicas.
Iniciaremos o estudo da estrutura dos diferentes vasos sanguíneos a partir das
artérias, que tradicionalmente são divididas em artérias elásticas, musculares e
arteríolas, e veremos as veias e vênulas em seguida.
Vamos lá?
As artérias de grande calibre, ou artérias elásticas, atuam principalmente como
tubos de condução sanguínea, facilitando também o movimento contínuo e
uniforme do sangue ao longo do tubo. Incluem a aorta e as artérias pulmonares,
que transportam o sangue do coração para a circulação sistêmica e pulmonar,
respectivamente, e seus principais ramos — o tronco braquiocefálico, as artérias
carótidas comuns, a subclávia e a ilíaca comum.
A túnica íntima das artérias elásticas é rica em fibras elásticas e é mais espessa
que a das artérias musculares. A túnica média consiste em uma série de lâminas
elásticas concêntricas, que contribuem para a uniformidade do fluxo sanguíneo e
dão a cor amarelada desse tipo de artéria. Durante a contração ventricular (sístole),
essas lâminas elásticas estão distendidas, reduzindo a variação de pressão. No
relaxamento ventricular (diástole), a pressão no ventrículo cai consideravelmente,
mas as lâminas elásticas ajudam a manter a pressão arterial. Entre as lâminas
elásticas, podemos encontrar células musculares lisas, fibras de colágeno,
proteoglicanos e glicoproteínas.
A túnica adventícia é relativamente pouco desenvolvida.
 
Imagem: Histologia: texto e atlas, ROSS; PAWLINA, 2016, p. 654.
 Á esquerda - Diagrama e a direita - micrografia de uma artéria elástica.
As artérias de calibre médio ou artérias musculares representam a maioria do que
conhecemos por artérias e controlam o fluxo sanguíneo para os órgãos, contraindo
ou relaxando as células musculares lisas da túnica média. Apresentam uma
camada subendotelial um pouco mais espessa que a das arteríolas e uma lâmina
elástica interna proeminente. A túnica média é formada essencialmente por várias
camadas de células musculares lisas, entremeadas por lamelas elásticas, fibras
reticulares e proteoglicanos, componentes sintetizados pelas próprias células. A
lâmina elástica externa só é encontrada nas artérias musculares maiores. A
adventícia consiste em tecido conjuntivo frouxo, vasos capilares linfáticos, vasa
vasorum e nervos da adventícia, que podem alcançar até a porção mais externa
da túnica média.
 
Imagem: Histologia: texto e atlas, ROSS; PAWLINA, 2016, p. 658.
 Diagrama e a direita - micrografia de uma artéria muscular.
As artérias de pequeno calibre e as arteríolas distinguem-se umas das outras
pelo número de camadas de células musculares lisas na túnica média: enquanto as
arteríolas apresentam apenas uma ou duas camadas, as artérias de pequeno
calibre podem apresentar até oito camadas de músculo liso. A túnica íntima de uma
artéria de pequeno calibre apresenta uma membrana elástica interna, que não está
presente na arteríola. A adventícia consiste em uma camada delgada e pouco
definida de tecido conjuntivo, que se mistura com o tecido de mesmo tipo que
envolve esses vasos.

 ATENÇÃO
As arteríolas controlam o fluxo sanguíneo para as redes de capilares por meio da
contração das células musculares lisas.
 
Imagem: Histologia: texto e atlas, ROSS; PAWLINA, 2016, p. 659, adaptada por
Américo Jr.
 Micrografia eletrônica de transmissão de uma arteríola.
Os capilares são os vasos sanguíneos de menor diâmetro, geralmente menor que
o diâmetro de um eritrócito, compostos por uma única camada de células
endoteliais (até três células) que se enrolam em forma de tubo. Essas células estão
sobre uma lâmina basal e prendem-se lateralmente umas às outras por zônulas de
oclusão. Essas estruturas desempenham um papel importante na fisiologia do
sistema circulatório, uma vez que apresentam permeabilidade variável a
macromoléculas.
Os capilares formam uma abundante rede vascular que possibilita a troca de
metabólitos, gases e moléculas entre os tecidos e o sangue em ambos os sentidos.
Ao longo dos capilares e das vênulas pós-capilares, células de origem
mesenquimal, com grandes projeções citoplasmáticas, envolvem as células
endoteliais e são chamadas de pericitos. Essas células são as células-tronco
mesenquimatosas indiferenciadas, que possuem estreita relação com as células
endoteliais, promovendo a mútua proliferação e sobrevida.
Após uma lesão tecidual, os pericitos podem se diferenciar para formar novos
vasos sanguíneos e novas células do tecido conjuntivo.
 
Imagem: Histologia básica: texto e atlas, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 209,
adaptada por Américo Jr.
 Micrografia eletrônica de um capilar.
As vênulas pós-capilares coletam o sangue da rede de capilares, numa transição
que ocorre gradualmente. A parede dessas vênulas é composta por uma camada
de células endoteliais, sua lâmina basal e os pericitos. Essas vênulas apresentam
características comuns aos capilares, como a participação em processos
inflamatórios e trocas de moléculas entre o sangue e os tecidos.
As vênulas musculares (até 0,1mm de diâmetro), que representam a maioria das
vênulas, localizam-se distalmente às vênulas pós-capilares na rede venosa de
retorno. Enquanto as vênulas pós-capilares não apresentam túnica média
verdadeira, as vênulas musculares apresentam uma a duas camadas delgadas de
músculo liso. Geralmente, não encontramos pericitos nas vênulas musculares e a
túnica adventícia também é bastante delgada.
As veias de pequeno calibre (0,1 a 1mm de diâmetro) são continuações das
vênulas musculares. Apresentam túnica média geralmente formada por duas ou
três camadas de músculo liso e adventícia mais espessa.
As veias de calibre médio (até 10mm de diâmetro) apresentam túnica íntima
delgada; túnica média muito mais fina que a das artérias de médio calibre,
composta por várias camadas de células musculares entremeadas por fibras
colágenas e elásticas; e túnica adventícia bem espessa e desenvolvida, com fibras
colágenas e redes de fibras elásticas.
 
Imagem:Histologia: texto e atlas, ROSS; PAWLINA, 2016, p. 667.
 Á esquerda - Diagrama e a direita micrografia de uma veia de médio calibre.
As veias de grande calibre (diâmetro superior a 10mm), como as veias cavas
superior e inferior e a veia porta do fígado, apresentam características semelhantes
às das veias de calibre médio, com a túnica adventícia bem espessa. As túnicas
das veias de médio e grande calibre não são tão distintas quanto aquelas
observadas nas artérias.
 
Imagem: Histologia: texto e atlas, ROSS; PAWLINA, 2016, p. 667.
 Á esquerda - Diagrama e a direita micrografia de uma veia de grande calibre.
Além disso, essas veias geralmente acompanham as artérias de médio e grande
calibre, assim como as arteríolas e vênulas musculares, que eventualmente
seguem o percurso juntas. As veias possuem paredes mais finas que as das
artérias que as acompanham e também possuem lúmen maior.
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 SAIBA MAIS
Uma característica importante das veias, particularmente daquelas que transportam o
sangue contra a gravidade (nos membros inferiores, por exemplo) é a presença de
válvulas, que impedem o movimento retrógrado do sangue decorrente da gravidade.
As válvulas são revestidas por endotélio e compostas de tecido conjuntivo rico em
fibras elásticas.
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TIPOS DE CAPILARES SANGUÍNEOS
Assista a este vídeo em que a especialista Gabriela Cardoso Caldas fala sobre as
características e diferenças dos principais tipos de capilares sanguíneos.
ASPECTOS HISTOLÓGICOS DO
CORAÇÃO
 
Imagem: Shutterstock.com
O coração localiza-se obliquamente no mediastino médio, que é o espaço
delimitado pelo esterno, pela coluna vertebral, pelo diafragma e pelos pulmões.
Contém quatro câmaras nas quais o sangue é bombeado: átrio direito, átrio
esquerdo, ventrículo direito e ventrículo esquerdo.
As saídas das câmaras apresentam válvulas, que impedem o refluxo sanguíneo.
Os lados direito e esquerdo são separados por um septo interatrial e um septo
interventricular.
VIAS DE CIRCULAÇÃO
O coração e os vasos sanguíneos formam duas vias de circulação: a circulação
pulmonar transporta o sangue vindo do coração para os pulmões e dos pulmões
para o coração; a circulação sistêmica transporta o sangue do coração para os
demais tecidos do corpo e desses tecidos para o coração.
 
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Américo Jr.
 Ilustração esquemática do coração e os fluxos de sangue (setas amarelas).

O lado direito do coração bombeia sangue pela circulação pulmonar. A partir das
veias cavas inferior e superior, o átrio direito recebe o sangue que retorna do corpo
e o direciona para o ventrículo direito, que bombeia esse sangue para os pulmões
pelas artérias pulmonares para ser oxigenado.

O lado esquerdo do coração é responsável por bombear o sangue pela circulação
sistêmica: o átrio esquerdo recebe o sangue oxigenado dos pulmões pelas quatro
veias pulmonares e o direciona para o ventrículo esquerdo, que o bombeia pela
aorta para ser distribuído para todo o corpo.
ESTRUTURA
A organização estrutural da parede do coração é contínua nos átrios e ventrículos e
apresenta três túnicas: a interna, o endocárdio; a média, chamada de miocárdio;
e a externa, o pericárdio. Além disso, o coração possui uma região fibrosa central,
chamada de esqueleto fibroso, que é local de origem e inserção das células
musculares cardíacas e serve de apoio para as valvas.
ENDOCÁRDIO
É constituído por endotélio, que repousa sobre uma camada delgada de tecido
conjuntivo frouxo contendo fibras elásticas, colágenas e algumas células
musculares lisas. A camada subendotelial conecta-se ao miocárdio por uma
camada de tecido conjuntivo que contém veias, nervos e ramos do sistema de
condução do impulso do coração, as células de Purkinje.
MIOCÁRDIO
É a camada mais espessa do coração e é composta por células musculares
cardíacas organizadas em camadas que envolvem as câmaras cardíacas como
uma espiral. Muitas dessas camadas se inserem no esqueleto fibroso. O arranjo
das células é extremamente variado e, mesmo em uma área pequena, podemos
ver células orientadas em várias direções.
PERICÁRDIO
É a camada mais externa do coração e consiste em um epitélio pavimentoso
simples (mesotélio) apoiado em uma fina camada de tecido conjuntivo (epicárdio),
que contém os vasos sanguíneos e nervos que suprem o coração. Circundando
essas estruturas, encontramos tecido adiposo, que funciona como uma espécie de
colchão. Entre as camadas visceral (epicárdio) e parietal do pericárdio, existe um
fluido que facilita os movimentos cardíacos.
 
Imagem: Modificado de Histologia: texto e atlas, ROSS; PAWLINA, 2016, p. 640.
 Corte histológico da parede do ventrículo esquerdo. Observe o endocárdio
(pontas de seta), miocárdio e epicárdio.
Ao observarmos a imagem, vemos que os vasos sanguíneos bem visíveis se
localizam no epicárdio e são circundados por tecido adiposo (A). Em (B),
observamos a área indicada pelo retângulo em visualização aumentada, mostrando
as características do endocárdio.
Observe a camada interna pavimentosa de endotélio (End), uma camada média de
tecido conjuntivo denso (TCD) subendotelial contendo células musculares lisas
(CML) e uma camada subendocárdica mais profunda contendo fibras de Purkinje
(FP). O miocárdio contém fibras musculares cardíacas (FMC) e está à esquerda.
O esqueleto fibroso é composto por tecido conjuntivo denso não modelado e
apresenta três principais componentes: septo membranoso, trígonos fibrosos e
anéis fibrosos, além de nódulos de cartilagem fibrosa em determinadas regiões.
Para o miocárdio do átrio e do ventrículo, ele proporciona locais de fixação
independentes, atuando também como um isolante elétrico que impede o fluxo livre
de impulsos elétricos.
As válvulas cardíacas, também chamadas de valvas, prendem-se aos anéis
fibrosos do esqueleto fibroso e consistem em uma parte central de tecido conjuntivo
denso revestida em ambos os lados por endotélio.
 
Imagem: Adaptado de OpenStax College/Wikimedia Commons/CC-BY-3.0
 Ilustração do esqueleto fibroso do coração.
SISTEMA GERADOR E CONDUTOR DO
IMPULSO
O coração possui um sistema gerador de estímulo rítmico próprio, que se espalha
por todo o miocárdio. Esse sistema é constituído por dois nodos atriais, o nodo
sinoatrial e o nodo atrioventricular, e pelo feixe atrioventricular. O nodo sinoatrial é
formado por células musculares cardíacas especializadas, que são fusiformes,
menores que as células atriais e apresentam menos miofibrilas.
 
Imagem: Histologia básica: texto e atlas, JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013, p. 213.
 Esquema mostrando o sistema gerador e condutor dos impulsos cardíacos.
O nodo atrioventricular assemelha-se ao sinoatrial, mas suas células são
ramificadas e emitem projeções citoplasmáticas, formando uma rede. O feixe
atrioventricular se origina no nodo atrioventricular e se ramifica para os ventrículos.
Suas células são semelhantes às do nodo, entretanto, as localizadas mais
distalmente são maiores e assumem um formato característico: são as chamadas
células de Purkinje, que contêm um ou dois núcleos centrais, escassas miofibrilas
e citoplasma rico em mitocôndria e glicogênio.

 RELEMBRANDO
Como já comentamos, os ramos do feixe atrioventricular penetram na espessura do
ventrículo e alcançam o miocárdio. Essa configuração é importante pois torna possível
que o estímulo penetre as camadas mais internas da musculatura ventricular. As
células do sistema gerador e condutor do impulso do coração estão funcionalmente
conectadas por junções do tipo gap .
SISTEMA VASCULAR LINFÁTICO
Além dos vasos sanguíneos que acabamos de estudar, o corpo humano possui um
sistema de canais de paredes finas, revestidas por endotélio, que coleta o fluido
intersticial — a linfa. Diferentemente dos vasos sanguíneos, que transportam
sangue para os tecidos e a partir deles, os vasos do sistema vascular linfático são
unidirecionais, transportando a linfa apenas a partir dos tecidos.
FLUIDO INTERSTICIALFluido localizado entre a pele e os demais órgãos, tecidos, músculos e o
sistema circulatório. A linfa, assim como o sangue, contribui com o transporte e
remoção de substâncias em diversas partes do corpo.
Esses capilares convergem em vasos coletores cada vez maiores, denominados
vasos linfáticos. Estruturalmente, os vasos linfáticos são semelhantes às veias,
exceto pelas paredes mais finas e pela indistinção das túnicas. Além disso,
apresentam um número maior de válvulas em seu interior, que impedem o fluxo
retrógrado da linfa.
Os menores vasos linfáticos são os capilares linfáticos, tubos de extremidade
cega (fundo de saco) que apresentam uma única camada de endotélio e uma
lâmina basal incompleta. Os capilares linfáticos possuem maior permeabilidade que
os capilares sanguíneos, atuando na captação de moléculas inflamatórias e células
imunes, por exemplo.
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Imagem: Cancer Research UK/Wikimedia Commons/CC-BY-SA-4.0
 Esquema mostrando a coleta do fluido intersticial (setas verdes) pelos capilares
linfáticos.
Os vasos linfáticos convergem gradualmente e finalmente unem-se para formar
dois troncos principais, o ducto torácico e o ducto linfático direito, que desembocam
nas veias de grande calibre situadas na base do pescoço. A linfa, então, entra no
sistema circulatório nas junções das veias jugular interna e subclávia.

 ATENÇÃO
Antes de retornar ao sangue, a linfa atravessa os linfonodos, nos quais é exposta às
células do sistema imune.
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LINFONODOS
Também chamados de gânglios linfáticos, os linfonodos são órgãos formados por
tecido linfoide e estão distribuídos por todo o corpo. Estão localizados, por
exemplo, nas axilas, na virilha e no pescoço e estão ligados a vasos linfáticos.
Por isso, os vasos linfáticos atuam não só no sistema circulatório, mas também são
componentes integrais do sistema imune. Os vasos linfáticos são encontrados na
maioria dos órgãos, exceto no sistema nervoso central e na medula óssea.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Esquema mostrando a circulação linfática e a estrutura dos vasos linfáticos.
Note o fundo cego do vaso linfático.
Ao contrário do sistema sanguíneo, não há uma bomba central no sistema linfático.
A linfa move-se lentamente, impulsionada principalmente pela compressão dos
vasos linfáticos realizada pelos músculos esqueléticos ao redor. A contração da
camada de músculo liso que circunda os vasos linfáticos também pode auxiliar na
condução da linfa.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. VIMOS QUE A MAIORIA DOS VASOS COMPARTILHAM DAS
MESMAS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS, COM UM PLANO
GERAL DE CONSTRUÇÃO FORMADO POR TRÊS CAMADAS: A
ÍNTIMA, A MÉDIA E A ADVENTÍCIA. SOBRE AS
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICA DESSAS CAMADAS,
ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR E ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
A) A túnica íntima é a camada mais interna do vaso, constituída por uma camada
de células endoteliais, sua respectiva lâmina basal e uma camada subendotelial, de
tecido adiposo.
B) Nas veias, a camada média é relativamente espessa, estendendo-se da lâmina
elástica interna até a lâmina elástica externa, que a separa da túnica íntima.
C) A túnica adventícia é a camada mais externa de tecido conjuntivo, formada
principalmente por fibras colágenas do tipo II e algumas fibras reticulares.
D) Vasos grandes, artérias mais frequentemente que veias, possuem vasa
vasorum, responsável pela nutrição dessas artérias.
E) A lâmina elástica interna, composta principalmente por elastina, contém
fenestrações que possibilitam a difusão de nutrientes para as células mais
profundas da parede do vaso.
2. VIMOS QUE AS VÊNULAS E VEIAS APRESENTAM ALGUMAS
DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS IMPORTANTES QUE ESTÃO
DIRETAMENTE RELACIONADAS À FUNÇÃO DESSES VASOS
SANGUÍNEOS. A RESPEITO DA ORGANIZAÇÃO DAS VÊNULAS
E VEIAS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) A parede das vênulas pós-capilares é semelhante à dos capilares, exceto pela
ausência de pericitos.
B) A túnica média das veias de médio calibre é bem mais fina que a túnica média
das artérias de médio calibre.
C) Assim como as vênulas pós-capilares, as vênulas musculares não apresentam
túnica média verdadeira.
D) As veias de grande calibre, como as veias cavas superior e inferior, possuem
túnica adventícia bem delgada.
E) As válvulas venosas são revestidas por endotélio e compostas de tecido
muscular liso e tecido conjuntivo denso.
GABARITO
1. Vimos que a maioria dos vasos compartilham das mesmas características
estruturais, com um plano geral de construção formado por três camadas: a
íntima, a média e a adventícia. Sobre as características morfológica dessas
camadas, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta:
A alternativa "E " está correta.
 
Nas artérias, a túnica íntima está separada da túnica média pela lâmina elástica
interna que é composta principalmente por elastina e contém fenestrações que
possibilitam a difusão de nutrientes para as células mais profundas da parede do
vaso.
2. Vimos que as vênulas e veias apresentam algumas diferenças morfológicas
importantes que estão diretamente relacionadas à função desses vasos
sanguíneos. A respeito da organização das vênulas e veias, assinale a
alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
 
As veias de calibre médio apresentam túnica íntima delgada e a túnica média muito
mais fina que a das artérias de médio calibre, composta por várias camadas de
células musculares entremeadas por fibras colágenas e elásticas. Apresentam
também a túnica adventícia bem espessa e desenvolvida, com fibras colágenas e
redes de fibras elásticas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após um longo caminho, chegamos ao fim da nossa conversa sobre o tecido
sanguíneo, o tecido nervoso e o sistema cardiovascular. Inicialmente, estudamos o
incrível tecido nervoso, que forma o sistema nervoso. Fomos apresentados aos
principais tipos celulares e suas funções, bem como à estrutura geral e organização
dos sistemas nervosos central, periférico e autônomo.
Por último, aprendemos sobre as funções dos diferentes componentes do sangue,
que são os elementos figurados e o plasma, e aprendemos sobre a importância e a
estrutura da medula óssea. Discutimos acerca da estrutura e função dos principais
vasos sanguíneos, os aspectos histológicos do coração e características
importantes do sistema vascular linfático, que drena o líquido intersticial e
desemboca nas grandes veias próximas ao coração.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
KIERSZENBAUM, A. L. Histologia e biologia celular: uma introdução à patologia.
2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2001.
ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Ross Histologia: texto e atlas. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
EXPLORE+
Navegue pelos batimentos cardíacos e fluxo sanguíneo nos vídeos Circulação
sanguínea e Trajeto do fluxo sanguíneo pelo coração , disponíveis
respectivamente nos canais Hemocentro RP e Alila Medical Media em
português, no YouTube.
Revise e aprofunde seus conhecimentos a respeito dos componentes do
sangue no vídeo Histologia Sistêmica – Células do Sangue , disponível no
canal Reabilitação Cardiovascular com Otávio Plazzi, no YouTube.
Leia sobre a cardiomiopatia hipertrófica, doença cardíaca que dificulta o
bombeamento do coração, no artigo de Silméia Bazan e colaboradores
chamado Cardiomiopatia Hipertrófica – Revisão, disponível na plataforma
SciELO.
Aprenda sobre as transformações cerebrais na adolescência no vídeo
Adolescência: o cérebro em transformação | Neurociência na Educação ,
publicado no canal Ciências e Cognição, no YouTube.
CONTEUDISTA
Gabriela Cardoso Caldas

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