Buscar

O sistema constitucional tributário

Prévia do material em texto

Direito tributário
Prof.Katia Ranzani
Aspectos históricos
• O tributo sempre existiu. Nos primórdios da 
humanidade era a principal fonte de 
recursos para a manutenção dos impérios. 
• É um ramo do direito publico, dotado de 
autonomia que visa disciplinar toda relação 
jurídica que se estabelece entre o fisco e o 
contribuinte. 
• O direito tributário é norma de rejeição 
social, porque ele existe com uma única 
finalidade de invadir a órbita patrimonial 
privada para a subsistência de “alguém” 
(governo → estado).
•
• Kelsen “ O elemento primário da norma é a 
sanção, porque é através dela que a lei 
estabeleceu que a sociedade cumprira ou 
não esta lei.” Esta norma aplica-se 
fortemente ao direito tributário, porque as 
sanções impostas são severas.
•
• Tributário vem de “tributu”, que quer dizer 
prêmio pago a tribo vencedora nas 
batalhas.
•
• → Tributos in natura → pagos em produtos
• → Tributos pro labore → pagos em serviços
• → tributos pagos em dinheiro
•
• Com o passar do tempo os tributos in 
natura e o pro labore foram extinguidos, 
porque o Estado veio percebendo que as 
necessidades do governo eram outras, então 
hoje todos os tributos são pagos em 
dinheiro.
• FISCO → é sinônimo de Estado 
arrecadador.
O sistema constitucional 
tributário.
• A CF/46 já trazia alguns delineamentos de 
um sistema tributário nacional, mas não o 
suficiente para ordená-lo.
• O CTN surgiu em 25.10.66 no governo de 
Castelo Branco e teve como seu grande 
defensor Aliomar Baleeiro.
• O sistema tributário nacional tomou alguma 
consistência com a EC m 18/65.
O sistema constitucional 
tributário
• Aspectos históricos:
O CTN é lei que começou a ser discutida na 
década de 50. Teve como seu grande 
idealizador Rubens Gomes de Souza.
O objetivo era sistematizar o direito 
tributário nacional, que era chamado de 
“manicômio tributário” por Augusto Becker
O sistema tributário nacional
• Foi com a EC 18/65 que surgiram os 
princípios da legalidade, anterioridade, 
uniformidade, liberdade de tráfego e a 
imunidade tributária.
• Preparou o ordenamento jurídico para a 
recepção ao CTN, que estabelece normas 
gerais em matéria de tributação.
O sistema tributário nacional
• O CTN é lei ordinária com eficácia de lei 
complementar ( art. 146 da CF)
• O CTN foi recepcionado pelas CFs de 1967 
e 1988, jamais tendo qualquer dispositivo 
sido considerado inconstitucional.
O sistema constitucional 
tributário
• A CF/8 tem os seguintes objetivos:
a) outorgar competência tributária
b) delimitar essa competência/poder
c) nominar os tributos aos entes políticos
d) estabelecer normas gerais para a 
repartição de receita.
• TRIBUTO → at. 3º CTN. O tributo é 
coercitivo porque nasceu de uma imposição 
normativa. Então o tributo é toda prestação 
pecuniária paga em dinheiro. 
•
• O tributo é gênero que se divide em 
espécies. Ele é diferente de multa, não 
podendo com ela ser confundida. O tributo 
só “nasce” de lei, ou seja, só pode ser 
instituído por lei. No direito financeiro não 
existe ato discricionário, apenas ato 
vinculado.
•
•
• Todos os atos de arrecadação e fiscalização 
dos tributos devem estar previamente 
vinculados à lei. O direito tributário é 
divido em 3 partes:
• * Geral → constituição e código tributário 
nacional;
• * Especial→ ITR, IPTU, ISS, ETC;
• Tributo art. 3º CTN
• Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária 
compulsória, em moeda ou cujo valor nela 
se possa exprimir, que não constitua sanção 
de ato ilícito, instituída em lei e cobrada 
mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada.
• Art. 4º A natureza jurídica específica do 
tributo é determinada pelo fato gerador da 
respectiva obrigação, sendo irrelevantes 
para qualificá-la:
• I - a denominação e demais 
características formais adotadas pela lei;
• II - a destinação legal do produto da 
sua arrecadação. 
espécies
• → Imposto, taxa, contrib. de melhorias, 
contrib. Especiais, empréstimo 
compulsório.
Classificação dos tributos
• a-) Quanto à sua finalidade ou função, os 
tributos podem ser fiscais ou extrafiscais:
• Fiscais → a sua única razão de ser é a 
arrecadação de dinheiro;
• Extrafiscais →é um tributo que além de 
representar um instrumento para captação 
de dinheiro, terá outras finalidades como 
por exemplo: controlar a balança comercial.
• Os principais tributos extrafiscais estão nas mãos 
da união: exemplo: imposto de importação 
(controla a entrada de mercadoria no país); 
imposto de exportação (controla a balança 
comercial brasileira através de alta ou baixa de 
alíquotas); IPI (imposto sobre produtos 
industrializados), IOF (imposto sobre operações 
financeiras) → incidem nas operações bancárias, 
seguros;
• b-) Quanto à natureza jurídica:
• reais → tributos de natureza real. Ex.: 
IPTU, IPVA, ITR. Esse tipo de tributo 
grava a coisa, o bem e recai sobre ela, 
desconsiderando a figura do próprio 
contribuinte.
• Pessoais → recai sobre o contribuinte, sua 
atividade, o tipo de profissão que 
desenvolve. Ex.: imposto de renda, ISS 
(imp. s/ serviços qualquer natureza);
• C-) Quanto a incidência, recai sobre:
• A propriedade → é o que grava a 
propriedade;
• A Produção → Por ex.: ICMS.
• A carga tributária brasileira é uma das 
maiores do mundo, esta em 3º lugar no PIB 
mundial. NO Brasil existe uma carga 
tributária de Estado centralizador, quando 
na verdade o Estado brasileiro é neoliberal, 
ou seja, um Estado em que deixa boa parte 
de suas funções nas mãos dos civis como: 
Saúde, educação, etc.
•
•
O sistema constitucional 
tributário
• Compete a lei complementar todo o teor 
descrito no artigo 146.
– Dispor sobre conflitos de competência
– Regular os princípios const. Tributários
– Definir tributos, fato gerador, contribuintes e 
base de cálculo de todos os impostos.
– Tratar sobre obrigação tributária, lançamento, 
crédito, prescrição e decadência.
O sistema constitucional 
tributário
- dar adequado tratamento tributário ao ato 
coorperativo.
- definir tratamento favorecido as microempresas e 
empresas de pequeno porte, especialmente em face 
do ICMS, das contribuições sociais e do 
PIS/COFINS
- estabelecer regime único de arrecadação de 
impostos e contribuições.
- estabelecer critérios especiais de tributação com 
o objetivo de prevenir desequilíbrios da 
concorrência.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
• É atribuição de poder.
• Características:
a) facultativa
b) taxativa
c) imprescritível
d) indelegável
e) irrenunciável
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
• ESPÉCIES:
- comum ou concorrente (impostos, taxas, 
contribuição de melhoria)
- exclusiva (contribuições especiais, 
empréstimo compulsório, imposto 
extraordinário de guerra);
- residual (impostos extraordinários)
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
• EXERCÍCIO:
- Via lei ordinária.
- Via lei complementar: empréstimo 
compulsório, impostos extraordinários da 
competência residual.
( a questão imposto sobre grandes fortunas??)
O TRIBUTO E SUAS ESPÉCIES
• O Art 145 é chamado de carta das 
competências porque atribui poder a todos 
os entes políticos para instituir Impostos, 
Taxas e a Contribuição de Melhoria 
(tributos de competência comum)
O TRIBUTO E SUAS ESPÉCIES
• O IMPOSTOS (art. 145, I c/c art. 16 e ss do 
CTN)
• A TAXA ( Art 145, II c/c art. 77 e ss do 
CTN)
• A CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA (Art. 
145, III c/c art. 81 e ss do CTN c/c Decreto 
lei n. 195/67.
O TRIBUTO E SUAS ESPÉCIES
• O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO (art. 
148, I e II da CF – vide art. 15 CTN –
tacitamente revogado)
• AS CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS (Art. 
149 da CF)
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• A CIDE
• são contribuições interventivas, com o 
objetivo de dirigir ou induzir determinada 
atividade econômica;
• Funda-se na atuação ordinatória do estado 
em face da economia nacional
• Fundamento: art. 149 CF.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• CIDE:
• Não incidemsobre receitas decorrentes de 
exportação
• Incidem sobre importação de produtos 
estrangeiros e de serviços
• Podem ser cumulativas, sendo que a lei 
definirá as hipóteses de não cumulatividade.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• CIDE
• Incidente sobre a importação e a comercialização 
de petróleo e seus derivados, gás natural e seus 
derivados e álcool etílico combustível ( lei 
10336/2001 e Parág. 4o art. 177 CF). Visa intervir 
no mercado de exportação de combustíveis. São 
contribuintes o produtor, o formulador e o 
importador do bem.
Cide dos combustíveis
• § 4º A lei que instituir contribuição de 
intervenção no domínio econômico relativa 
às atividades de importação ou 
comercialização de petróleo e seus 
derivados, gás natural e seus derivados e 
álcool combustível deverá atender aos 
seguintes requisitos:
• I - a alíquota da contribuição poderá 
ser:
• a) diferenciada por produto ou uso;
• b)reduzida e restabelecida por ato do Poder 
Executivo, não se lhe aplicando o disposto 
no art. 150,III, b ;
• II - os recursos arrecadados serão 
destinados:
• a) ao pagamento de subsídios a preços ou 
transporte de álcool combustível, gás 
natural e seus derivados e derivados de 
petróleo;
• b) ao financiamento de projetos ambientais 
relacionados com a indústria do petróleo e 
do gás;
• c) ao financiamento de programas de infra-
estrutura de transportes.
Cide dos combustíveis
• A Lei n º 10.336, de 19 de dezembro de 2001, 
instituiu a Cide-combustíveis, contribuição de 
intervenção no domínio econômico incidente 
sobre a importação e a comercialização de 
gasolina e suas correntes, diesel e suas correntes, 
querosene de aviação e outros querosenes, óleos 
combustíveis (fuel-oil ), gás liquefeito de petróleo 
(GLP), inclusive o derivado de gás natural e de 
nafta, e álcool etílico combustível.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10336.htm
• A CIDE-combustíveis tem como fatos 
geradores as seguintes operações, realizadas 
com os combustíveis elencados no art. 3º 
da Lei nº 10.336, de 2001 (gasolinas, diesel, 
querosenes, etc.):
• a) a comercialização no mercado interno; e
• b) a importação
• São contribuintes da Cide-combustíveis: 
o produtor, o formulador e 
o importador (pessoa física ou jurídica) 
dos combustíveis elencados no art. 3º da Lei 
nº 10.336, de 2001.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• Contribuições coorporativas. 
• São tributos de interesse de categorias 
profissionais ou econômicas.
• Visam captar recursos aos órgãos 
representativos dessas categorias. 
• Os contribuintes serão os membros dessas 
categorias. 
• Possui natureza parafiscal.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• Contribuições coorporativas:
– Destinadas aos órgãos reguladores de 
determinadas profissões liberais 
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• Contribuições coorporativas destinadas a 
manutenção do sistema SENAI, SENAC, 
SESI, OAB, Etc. São chamadas 
contribuições parafiscais
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• As contribuições parafiscais foram criadas 
pela constituição de 1946 ( decreto-lei 
4042/42.
• A atual CF fez referência a essas 
contribuições no art 240. Assim o STF 
entende que houve recepção da CF a essas 
contribuições.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• Contribuição para o custeio do serviço de 
energia elétrica: (art. 149-A)
• Competência dos Municípios e DF
• Pode ser cobrada na Fatura de energia elétrica 
residencial mensal.
• Limite total de arrecadação: O custo da despesa
• Limite individual de rateio ou contribuição: 
indefinido ( ?? )
• Base de Cálculo: indefinido (??)
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• Contribuições Sociais: 
• Se dividem em:
– Contribuições sociais gerais -ex. salário 
educação (212), FGTS (7o CF)
– Contribuições para a seguridade social
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA A 
SEGURIDADE SOCIAL:
- A seguridade social compreende um 
conjunto de ações destinadas a assegurar ao 
cidadão os direitos relativos a saúde, 
previdência e assistência social (ART. 194, 
196, 201 E 203)
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA A 
SEGURIDADE SOCIAL:
- A seguridade social deve ser financiada 
por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, e pelos orçamentos da União. 
Estados e Municípios.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• A seguridade social é custeada pelas 
contribuições sociais descritas no art. 195 
da CF88. A enumeração não é taxativa, 
podendo a União criar outras contribuições 
para garantir a manutenção e expansão do 
sistema (art.194, parág 4o CF), desde que 
faça no exercício de sua competência 
residual ( art. 154, I ).
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• As contribuições sociais se submetem ao 
princípio da anterioridade nonagesimal 
(195, parág. 6o ) .
• Não se lhes aplica o princípio da 
anterioridade descrito no art. 150, III, b.
• Compete a União sua instituição, via lei 
ordinária.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• As contribuições para a seguridade social se 
dividem em :
- contribuições sociais propriamente ditas;
- contribuições sociais previdenciárias (para 
garantir os benefícios previdenciários)
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
• As contribuições previdenciárias seguem o regime 
contributivo, de filiação obrigatória. Assim, 
apenas terão direito aos benefícios previdenciários 
aqueles que contribuírem para o sistema ( art. 201 
CF) 
• As contribuições previdenciárias tem natureza 
tributária.
• Os benefícios previdenciários são os descritos no 
art. 201.
CONTRIBUIÇÕES 
PREVIDENCIÁRIAS
• Nos termos do art. 114, parág. 3o da CF/88: 
compete à Justiça do Trabalho executar, de 
ofício, as contribuições sociais previstas nos 
arts 195, I ,’a’ e II, e seus acréscimos legais, 
decorrentes das sentenças que proferir.
CONTRIBUIÇÕES PARA A 
SEGURIDADE SOCIAL
• ESPÉCIES ( ART. 195)
a) devidas pelo empregador, empresa ou 
entidades a ela equiparadas:
- incidentes sobre a folha de salários e 
demais rendimentos pagos e creditados a 
qualquer título (20%)
CONTRIBUIÇÕES PARA A 
SEGURIDADE SOCIAL
• a) devidas pelo empregador, empresa ou 
entidades a ela equiparadas:
– Incidentes sobre a receita e o faturamento 
(finsocial,Cofins, Pis-Pasep)
– Incidentes sobre o lucro das empresas 
(CSLcontábil)
CONTRIBUIÇÕES PARA A 
SEGURIDADE SOCIAL
• b) devidas pela sociedade de forma indireta
– Incidente sobre a receita de concurso de 
prognósticos (loterias)
- Devidas pelo importador de bens e serviços 
(Pis-Pasep-importação; Cofins-importação)
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 
PREVIDENCIÁRIA
• C) devida pelo trabalhador e demais 
segurados da previdência social (INSS)
- Não incide sobre aposentadorias e pensões 
concedidas pelo regime geral de previdência 
social ( art. 201). Assim, não há 
contribuição dos inativos à previdência 
social.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 
PREVIDENCIÁRIA
• Garante os benefícios previdenciários 
descritos no art. 201 da CF:
a) Afastamento por doença;
b) Aposentadoria por invalidez, morte, idade 
e tempo de contribuição;
c) Auxílio maternidade
d) Auxílio desemprego
e) Salário-família e auxílio reclusão. 
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
GERAIS
• Tem fundamento no art. 212, parág.5o da 
CF: é o salário educação ( lei 9424, de 24-
12-1996)
• STF – Súmula 732: “é constitucional a 
cobrança da contribuição do salário-
educação, seja sob a carta de 69, seja sob a 
CF/88, e no regime da lei 9424/96”
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
GERAIS 
• Contribuição para o seguro de acidentes de 
trabalho.
• Art. 7o, inciso XXVIII da CF
• Suportada pelo Empregador
• Lei 8212/91: Alíquota de 1 a 3%
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
GERAIS 
• Contribuição sobre o FGTS
• Fundamento: LC n. 110, de 26-6-2001.
• Alíquota de 10% incidente sobre o saldo do 
FGTS em caso de dispensa sem justa causa 
do trabalhador.
• Tem natureza de penalidade ao empregador

Mais conteúdos dessa disciplina