Buscar

Caderno de Criminologia - 2022

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

C r i m i n o l o g i a 
Trilhas de Estudo – EAD 2022
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Introdução à Criminologia e sua Etapa Pré-Científica: a Criminologia Enquanto Ciência e a Criminologia Positivista
1) Noções Introdutórias: A Etapa Pré-Científica da Criminologia e Criminologia enquanto Ciência;
2) Conceito e Métodos da Criminologia;
3) Objetos de Estudo;
4) Relação entre Criminologia, Política Criminal e Direito Penal;
5) Noções Gerais: Correntes da Criminologia Positivista.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS: A ETAPA PRÉ-CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA E CRIMINOLOGIA ENQUANTO CIÊNCIA
Etimologicamente, a expressão Criminologia deriva do latim crimino = crime e sua junção com o grego logos = estudo, ou seja, é o estudo do crime (para nós uma das formas de estudá-lo, como veremos adiante).
É difundido pela doutrina que a primeira menção ao termo Criminologia foi de Raffaelle Garófalo (1851-1934), jurista e magistrado italiano, apontado como um dos expoentes da Escola Positivista.
Durante os séculos XVI ao XIX proximadamente, os esboços criminológicos eram acientíficos, sem qualquer metodologia, e se resumiam a um conjunto de estudos dispersos e desorganizados, normalmente desenvolvidos por pessoas dotadas de conhecimentos técnicos específicos em uma determinada área como medicina, biologia, psicologia, filosofia etc., as quais, por curiosidade e dentro de sua órbita de conhecimento, buscavam explicar as razões que levavam um indivíduo a delinquir.
Nessa etapa pré-científica, as pesquisas eram compostas por teorias assistemáticas elaboradas por especialistas de diversas áreas como psicanálise, medicina, psiquiatria, sociologia, dentre outras, os quais se mostravam curiosos sobre a prática criminosa. 
Assim, caracterizava-se pela generalização dos estudos, os quais eram baseados nas experiências profissionais cotidianas do indivíduo. Por exemplo, psiquiatras que estudavam a criminalidade obviamente definiam a conduta criminosa com base nos seus conhecimentos clínicos, e assim por diante.
Abaixo alguns exemplos de linhas de pesquisa desse período.
A demonologia, por exemplo, determinava ser o crime produto de influências espirituais malignas e possessões demoníacas, o que, à época, se mostrava óbvio, haja vista a forte influência que a crença religiosa exercia sobre os valores da sociedade.
A Fisionomia atribuía a prática criminosa a indivíduos que tinham determinadas características físicas como nariz adunco, corcunda, queixo e sobrancelhas proeminentes etc. 
Citem-se como exemplos o médico, químico, filósofo e astrônomo italiano Giovanni Battista Della Porta (1535-1615) e o teólogo e filósofo suíço Johann Kaspar Lavater (1741-1801), este último, inclusive, comparava o criminoso a animais apontando para uma bestialidade e malevolência natural do homem.
Você Sabia? 
Na Roma antiga o Édito do Imperador Valério dispunha que “na dúvida entre dois presumidos culpados, condena-se o mais feio”.
A Frenologia, por sua vez, ao estudar o crânio e cérebro dos criminosos, atribuía a origem do crime a má formações cerebrais. Destaca-se a pesquisa desenvolvida
pelo médico neurologista e neurocientista alemão Franz Joseph Gall (1758-1828), que mapeou em 38 regiões o cérebro de diversos delinquentes.
>>> Frenologia é o ramo de estudo que indica ser a forma e saliências do crânio fatores determinantes sobre as faculdades e aptidões mentais do indivíduo.
Em linha de raciocínio semelhante, o oficial de polícia e criminólogo francês Alphonse Bertillon (1853-1914), precursor da antropometria criminal ou judicial, baseava seus estudos nas medidas e assimetrias do corpo humano como gênese delitiva. Seus métodos de pesquisa ficaram conhecidos como Bertiolagem.
Os psiquiatras também se interessaram pelo estudo da criminalidade, ressaltando, entre outros, os estudos do médico psiquiatra francês Philippe Pinel (1745-1826), que considerava os delinquentes doentes mentais, e o psiquiatra francês Jean Ethienne Dominique Esquirol (1772-1840), que pregava ser o delito produto de um delírio mental. 
Na mesma linha, o psiquiatra austríaco Bénédict Augustin Morel (1809-1873), para quem o crime desvelava uma degeneração doentia da personalidade (SHECAIRA, 2004. p. 82).
Percebe-se um ponto em comum entre todas as linhas de raciocínio desta etapa pré-científica: eram estudos baseados na experiência prática, cotidiana e profissional dos pesquisadores.
Destoando das reflexões acima, a Escola Clássica (séculos XVII e XVIII), decorrência do pensamento Iluminista da revolução francesa, entendia ser o comportamento criminoso produto da livre manifestação de vontade do indivíduo, assim, o crime era visto como infração consciente e voluntária à lei penal, sem qualquer menção a fatores socioeconômicos e traços físicos ou da personalidade do agente. Esse modo de pensar se mostrava óbvio e lógico, haja vista a linha de pensamento racionalista que se desenvolvia à época, em busca por liberdade e em clara oposição à opressão do Estado absolutista.
“ O delito era produto da livre escolha do ser humano, ou seja, do seu livre-arbítrio.”
Quanto à aplicação da pena, a Criminologia Clássica via a sanção penal como mero castigo em retribuição ao mal causado pelo delito, não se cogitando, à época, de finalidade ressocializadora da pena. Baseava-se no fato de que a prática criminosa era uma conduta consciente e voluntária, em claro desrespeito à legislação penal vigente e, portanto, aquele que, deliberadamente a violasse, deveria ser castigado.
Como expoentes do Classicismo, podem ser citados, dentre outros, o advogado e político italiano Francesco Carrara (1805-1888), o economista, filósofo e jurista italiano Gian Domenico Romagnosi (1761-1835), o também jurista italiano Giovanni Carmignani (1768-1847) e o filósofo alemão Ludwig Andreas Feuerbach (1804-1872).
Podendo-se, ainda, ser lembrado como um dos seus precursores, o filósofo, jurista e político italiano Cesare Beccaria (Marques de Beccaria 1738-1794), que, em 1764, escreveu a memorável obra intitulada Dos Delitos e das Penas.
Percebe-se que nesta etapa acientífica da criminologia, pouco ou nada se falava sobre a vítima e a pena, salvo raríssimas exceções, em que a sanção era vista como castigo, com caráter puramente punitivo em retribuição justa aplicada para combater o mal representado pela conduta criminosa.
Ainda de forma introdutória, ressalte-se que hoje em dia a Criminologia se desenvolve através de conjuntos organizados de estudos constituindo-se em verdadeira ciência. À frente, delimitaremos o marco inicial da chamada Criminologia científica.
Registre-se que desde seus primórdios até hoje em dia, a Criminologia é formada por diversos pensamentos e teorias, as quais, em razão do momento histórico-social, da ideologia, do desenvolvimento teórico e tecnológico discorrem sobre diversos fatores relacionados à criminalidade. Sendo assim, não há uma verdade criminológica, mas, ao contrário, várias formas de pensar e enxergar o fenômeno do crime.
Aludidas teorias surgem e se desenvolvem no decorrer da história em um movimento fluído, em épocas distintas, ou no mesmo momento histórico, em complemento ou contrariedade umas das outras.
Afirme-se de antemão, que não há exatidão incontestável nesta ou naquela teoria, pois, a Criminologia como ciência opinativa é marcada pelo subjetivismo fundamentado de seus conceitos (opiniões abalizadas).
Primeiramente, é bom afirmar que a criminologia é uma ciência, pois, constitui-se em um ramo de estudo organizado, com princípios e métodos próprios.
Trata-se de ciência ontológica, pois tem como meta o estudo do “mundo do ser”, do ser humano naturalmente considerado no tocante à sua existência enquanto indivíduo integrado em uma sociedade em um determinado momento da história (localizado no tempo e espaço). Não se ocupa do estudo da legislação penal, mas do crime enquanto fenômeno social.
A Criminologia é diferente, por exemplo, do Direito Penal, o qual, por sua vez, é uma ciênciadeontológica, se ocupando do estudo das regras de comportamento impostas pelo Estado aos indivíduos e, portanto, pertencente ao “mundo do dever ser”. Quer se dizer que, o Direito Penal estuda o conjunto de normas jurídico-penais (ordenamento jurídico-penal) e os respectivos métodos de interpretação e aplicação da lei pelo Poder Judiciário a casos concretos (jurisprudência). A Criminologia, por seu turno, adota outra metodologia de pesquisa.O termo ontologia é originário do grego onto = ser e logia = estudo, sendo assim, é o estudo do ser, do estado natural das coisas e do ser humano.
CONCEITO E MÉTODOS DA CRIMINOLOGIA 
Nestor Sampaio Penteado Filho, Paulo Agarate Vasques e Ugo Osvaldo Frugoli conceituam criminologia como : a ciência empírica (baseada na observação e experiência) e interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e do controle social das condutas criminosa. (PENTEADO FILHO; FRUGOLI; VASQUES, 2014, p. 18)
Para chegar às suas conclusões, os criminólogos utilizam método empírico e interdisciplinar, tratando-se de ciência explicativa (indutiva).
>>> Indutivo: termo que decorre de indução, significando raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral.
Difere, como dissemos, do Direito Penal, que interpreta a legislação penal buscandocompreender sua aplicabilidade a um caso concreto.
	Criminologia
	Direito Penal
	MÉTODO INDUTIVO
	MÉTODO DEDUTIVO
	Parte da análise do fato
para chegar a conclusões
aplicáveis na prevenção ou repressão à criminalidade.
	Parte da intepretação da
lei para aplicá-la a um fato.
	
	
Em outras palavras, para o Direito Penal, o crime é considerado exclusivamente como descrição legal de uma conduta (norma penal incriminadora). Para a Criminologia, o mesmo fenômeno é visto como fato real, efetivamente praticado em um contexto social.
Como já dito, a Criminologia faz uso de método caracterizado pelo empirismo e interdisciplinaridade. Vejamos essas características.
EMPIRISMO Empirismo: doutrina segundo a qual todo conhecimento provém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo externo pelos sentidos.
A criminologia, grosso modo, se ocupa da análise das causas e consequências da criminalidade enquanto fenômeno social localizado em um determinado tempo e espaço, e assim o faz, através de método empírico, ou seja, através da observação de fatos realmente ocorridos em uma determinada sociedade.
Quer se dizer que busca conhecer a realidade dos fatos e, após essa análise, tira suas conclusões acerca dos diversos fatores envolvidos com a prática delitiva. Em outras palavras, chega a suas conclusões a partir da observação da realidade dos fatos ocorrentes na sociedade.Cristiano Gonzaga faz interessante compêndio sobre alguns métodos utilizados, dentre os quais destacamos: exame do corpo de delito e:
[...] levantamento do local do crime e sua documentação fotográfica; observação dos instrumentos e produtos do crime; estudo comparado do criminoso com cidadãos comuns, para tentar analisar semelhanças e diferenças, com o fim de distinguir o comportamento desviado; estudos genealógicos; estudo de casos criminais, por meio da leitura de processos; notícias publicadas na imprensa; anotações funcionais feitas por profissionais que trabalharam na investigação do delito, como médicos, sociólogos e assistentes sociais e avaliação psicológica por meio de testes, para analisar o criminoso (interdisciplinaridade); autodescrição dos criminosos, como diários, cartas, biografias, memória . (GONZAGA, 2018. p. 18-19).
Em nossa legislação processual penal vigente, podemos citar como exemplos de empirismo os artigos 6º incisos I, II, III, IV, V, VIII e IX; 7º e 158-A caput e § 1º todos do Código de Processo Penal.
INTERDISCIPLINARIDADE
Consiste no ponto de encontro da ótica de diversas outras ciências que também se debruçam sobre o crime, desta feita, aglutina teorias, pesquisas, análises e conclusões de outras ciências como sociologia, psicologia, antropologia, economia, medicina, história, estatística etc.
Apesar de sofrer influências de diversos outros ramos de pesquisa, a Criminologia mantém sua autonomia científica através de metodologia própria. Obviamente, cada teoria criminológica desenvolve seus métodos próprios de estudo, pesquisa e análise dos diversos fatores que envolvem a criminalidade, cada qual dando maior ou menor ênfase em determinados aspectos.
O criminólogo se utiliza dos conhecimentos e técnicas de várias outras disciplinas para chegar às suas conclusões sobre um ou diversos aspectos que, em dado momento histórico cultural, envolvem o fenômeno criminal. Em poucas palavras, a Criminologia analisa fatos e deduz conclusões.
Ademais, acrescente-se que, mesmo que ainda superficialmente, a Criminologia não se resume ao estudo das causas e consequências sociais do crime, mas abrange também uma análise do autor do crime (delinquente), da vítima e das formas de controle, preventivo e repressivo, da criminalidade.
OBJETOS DE ESTUDO
Como afirmamos acima, a Criminologia é o estudo do crime, não é o estudo da lei penal (são óticas diferentes), mas do delito enquanto fato real e praticado no seio da sociedade, não se limitando a somente analisar o contexto fático, mas também seu autor, a vítima e o controle social do fato delituoso.
Em resumo, o objeto de estudo do Direito Penal é a legislação penal vigente, o da Criminologia é o mesmo fenômeno (crime), mas sob ótica diferente, enquanto fato social concreto, lesivo à vítima e também aos valores ético-morais de toda sociedade, enxergando o delito como comportamento que traz perturbação à ordem social.
Discorre, em focos distintos, sobre as diversas causas originárias do delito e também sobre seu autor, condições da vítima e as formas de controle preventivo e repressivo da criminalidade.
Os estudos criminológicos não são voltados para a legislação penal. A Criminologia não é uma ciência normativa voltada para o estudo das normas, de sua interpretação e aplicação a um caso concreto. Trata-se de ramo de estudo opinativo- explicativo em que as várias correntes de pensamento desenvolvem distintas visões sobre a criminalidade, tanto no tocante ao fato praticado, quanto a aspectos socioeconômicos e psíquicos tanto do agente, como da vítima, e sobre as formas de controle da criminalidade. Sendo assim, abarca pluralidade de objetos, a saber: delito, delinquente, vítima e controle social.
Registre-se que nem sempre a Criminologia teve vários objetos de estudo. No seu desenvolver enquanto ciência, em dados momentos, o foco recaiu somente sobre o delito, em outros, somente sobre o delinquente, e assim por diante. No entanto, modernamente, abarca pluralidade de objetos, a saber: delito, autor do crime, vítima e controle social.
Como dito, estudaremos os principais pensamentos criminológicos sobre referidos temas, afirmando-se, desde já, que encontraremos pensamentos totalmente divergentese contrapostos, e, em outros momentos, teorias complementares umas às outras em uma relação de reciprocidade, em clara convergência para um ponto comum.
O DELITO
Primeiramente, reafirme-se que o enfoque criminológico não recai sobre o estudo da legislação penal, não discorre sobre os métodos de interpretação e aplicabilidade das normas jurídico-penais a um caso concreto, isso é tarefa do Direito Penal.
Refere-se a Criminologia ao delito como fato social relevante para toda a sociedade, e não como entidade jurídico-penal de importância somente para os indivíduos envolvidos (autor e vítima), buscando compreender as diversas razões que levaram o indivíduo a delinquir, assim como as consequências de seu comportamento. 
O Delinquente
Algumas vertentes teóricas focam em seus traços físicos, outras, psicológicos, e outras ainda em aspectos sociais ou até mesmo econômicos que o conduziram à prática delitiva, sendo comum a junção de diversas causas em uma mesma linha de pensamento. Busca, assim, desenvolver, em váriosaspectos distintos, análise sobre a personalidade do agente, de sua capacidade intelectivo-volitiva, de suas condições socioeconômicas, enquanto indivíduo localizado em uma dada sociedade, em um momento da história, cada teoria, por vezes, com maior enfoque em uma ou outra característica isolada, ou conjuntamente consideradas.
Da mesma forma que ocorre com as teorias e análise sobre o fato criminoso, os estudos criminológicos sobre o delinquente abordam diferentes aspectos, por exemplo, as vezes com maior enfoque no livre-arbítrio, por vezes nos aspectos socioeconômicos (classe social), em outros momentos, em características biológicas, genéticas e até mesmo patológicas, como psicopatia ou debilidade mental.
Quer se dizer que algumas reflexões consideram o responsável pela prática delitiva como indivíduo guiado pela sua manifestação de vontade (livre-arbítrio), como pessoa que deliberadamente opta pelo comportamento criminoso, outras teorias o consideram um incapaz, cuja incapacidade cognitiva é determinada por fatores genéticos ou biológicos (desenvolvimento mental incompleto ou doença mental).
Ademais, há outras linhas de raciocínio que focam nas condições socioeconômicas do delinquente, como origem de seu comportamento desviante, e outras ainda que, levando em conta a posição política e econômica, consideram o sentimento de impunidade como fator determinante em certas condutas criminosas (crimes de colarinho branco, econômicos ou de corrupção).
Para melhor compreensão, e ainda à título de exemplo, a Criminologia Positivista de Cesare Lombroso (Positivismo antropológico) via o criminoso como um doente, inclusive sendo reconhecido por certas características físicas como orelhas de abano, sobrancelhas grandes etc. A Criminologia Marxista, por seu turno, entendia que o criminoso era produto do conflito de classes do modo de produção capitalista, e há outras teorias que o veem como produto do meio social em que vive, aprendendo e reproduzindo tal comportamento em razão do convívio, e assim por diante.
Mas, a análise do criminoso se mostra relevante?
Sim, sem dúvidas, a título de exemplos, o Código Penal em seu artigo 59 leva em consideração para cálculo da pena: os antecedentes criminais, a conduta social, a personalidade do agente e os motivos do crime. 
O Código de Processo Penal em seus artigos 6º, IX e 185 e seguintes discorrem sobre o interrogatório do indiciado/réu, destacando-se o previsto no artigo 187 parágrafo 1º também do Código de Processo Penal:
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
§ 1º .Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
A VÍTIMA
Vitimologia é um ramo específico da criminologia que enfoca seus estudos no comportamento da vítima.
Verifica-se, no transcorrer da história, oscilações entre momentos de maior atenção (chamados de idade de ouro e de revalorização da vítima) e outros de esquecimento do sujeito passivo do crime (chamado de fase de neutralização). Em outras palavras, vislumbram-se momentos de maior ou menor atenção à vítima, podendo-se falar em 3 enfoques distribuídos cronologicamente no decorrer da história: a idade de ouro, a neutralização da vítima e a sua revalorização.
Mas, a análise do comportamento da vítima se mostra relevante? 
Sim, sem dúvidas, a título de exemplos, o Código Penal em seu artigo 59 leva em consideração o comportamento da vítima na fixação da pena, o Código de Processo Penal, em seus artigos 6º, IV e 201 discorre sobre o depoimento do ofendido buscando entender a versão da vítima acerca do ocorrido e principalmente o artigo 201
§ 5º também do Código de Processo Penal dispõe sobre a possibilidade de acompanhamento multidisciplinar ao depoimento da vítima, mormente a infanto-juvenil, buscando preservar sua veracidade. 
Além disso, no tocante à reparação dos danos, os artigos 387, IV do Código de Processo Penal e 78 Lei 9099/95 que dispõem, respectivamente, sobre a indenização da vítima e composição civil dos danos.
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
§ 5º. Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.
Apesar da importância em se analisar aspectos relacionados à vítima, modernamente, o protagonismo dos estudos criminológicos recai sobre as causas do comportamento criminoso, salvo em seu ramo específico: a vitimologia.
O CONTROLE SOCIAL
A análise criminológica recai sobre os métodos de enfrentamento à criminalidade,sejam esses penais ou não penais, mas, na sua grande maioria, voltados para a prevenção do delito e ressocialização do criminoso. Verifica-se, ao longo do tempo que, majoritariamente, os estudos e teorias desenvolvidos concluem que estratégias preventivas e que promovem a reinserção social do delinquente possuem melhor eficácia quanto à redução dos índices de criminalidade.
Nada obstante, em sentido contrário, há correntes de pensamento criminológico baseadas em uma aplicação mais ampla e incisiva da legislação penal, enfatizando seu maior rigor punitivo. Nesta esteira, propõem e propagam os ideais de intervenção máxima do Direito Penal e do caráter retributivo da pena. Alinhados com essa ideologia punitivista encontram-se o Movimento de Lei e Ordem e o Direito Penal do Inimigo.
DIVIDE-SE O CONTROLE SOCIAL EM DOIS GRUPOS: AS INSTÂNCIAS OU AGÊNCIAS FORMAIS E AS INFORMAIS.
AS INSTÂNCIAS FORMAIS
Versa sobre os entes estatais disponibilizados para a repressão e combate à criminalidade como as polícias, o Poder Judiciário (Justiça Penal), Ministério Público e a Administração Penitenciária. Sob a ótica da Criminologia atual, as instâncias formais deveriam exercer papel subsidiário, ou seja, atuando somente nas situações em que os sistemas informais de controle falharem na sua primordial função de evitar a prática delituosa. Apesar do apelo teórico pela atuação subsidiária das agências estatais, tal fato não é observado na prática.
AS INSTÂNCIAS INFORMAIS
Conjunto formado por outras esferas da sociedade como: família, religião, sistema educacional (escola), ONGS, pleno emprego e até mesmo a opinião pública, os quais, através da transmissão costumeira e cotidiana de valores ético-morais buscam prevenir a prática desviante, e no caso de sua ocorrência, através de sanções também morais e éticas, visam realinhar o agente aos valores então proclamados e defendidos naquela sociedade, reeducando-o e promovendo sua ressocialização.
Apesar da divisão acima mencionada, é também corrente o pensamento de que somente a convergência das duas instâncias, formal e informal, seja o meio adequado para solucionar a problemática da criminalidade.
Relação entre Criminologia, Política Criminal e Direito Penal
Direito Penal e Criminologia apresentam visões diferentes sobre a problemática da criminalidade sendo que, na própria Criminologia, é temerário falar em certeza absoluta já que se trata de ciência composta de diversas teorias, cada qual com sua visão acerca do fenômeno do crime, o que se mostra óbvio, haja vista a complexidade de fatores envoltos em tal fenômeno social.
Em suma, a Criminologia é composta por visões distintas sobre o crime, cada uma com fundamentos próprios, e se distingue do Direito Pemal em razão do foco dado na análise do crime.
Como dito acima, o Direito Penal é uma ciência normativa, que estuda a legislação penal vigente, a Criminologia é uma ciência empírica, que estuda o mesmo fenômeno enquantofato praticado no meio social.
Nada obstante serem ciências distintas, a Criminologia se relaciona com a Política Criminal e o Direito Penal.
Sinteticamente, a Criminologia fornece dados para os órgãos estatais elaborarem as respectivas medidas legislativas e administrativas para enfrentar de maneira preventiva ou repressiva o crime.
A Criminologia tem a finalidade de fornecer diretrizes para os órgãos públicos responsáveis pela política criminal, os quais, por sua vez, transformam os estudos criminológicos em proposições e estratégias que poderão ou não ser utilizadas no real enfrentamento, preventivo ou repressivo, à criminalidade. Desta feita, pode-se afirmar que as conclusões a que chega a Criminologia podem servir de diretrizes para os governantes elaborarem a Política Criminal daquele Estado, embasando a elaboração da legislação penal e das ações de confrontação à criminalidade.
Em outras palavras, as conclusões aferidas pelos estudos e pesquisas das diversas vertentes da Criminologia podem estribar diferentes políticas estatais de enfrentamento à criminalidade subsidiando os órgãos governamentais pertinentes com variadasinformações acerca do crime, do criminoso e da vítima auxiliando, desta feita, as instâncias formais de controle social.No âmbito penal, por exemplo, subministra uma valiosa informação sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle social; informaçãoque a Política criminal transforma em proposições, estratégias e programas (não necessariamente repressivos) adequados ao controle e prevenção do delito, inspirando a reforma ou criação das leis. (GOMES, 2002. p. 200)
A legislação penal é o produto final da política criminal, e esta, por seu turno, é a forma pela qual o legislador pode concretizar as diretrizes criminológicas que julgue úteis na prevenção e repressão ao delito.
Indispensável a transcrição do magistério de Luiz Flávio Gomes e Antonio García Pablos de Molina:
NOÇÕES GERAIS: CORRENTES DA CRIMINOLOGIA POSITIVISTA
O marco da denominada Criminologia Científica foi a publicação da obra O Homem Delinquente, de Cesare Lombroso (1876), a partir da qual surge, ao final do século XIX, a chamada Criminologia Positivista ou Positivismo Criminológico, que contava com três expoentes: Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Rafaelle Garófalo, sendo subdividida em duas vertentes: Escola Antropológica (Cesare Lombroso) e Escola Sociológica (Enrico Ferri), localizando-se Garófalo em um pensa mento intermediário.
Genericamente, de forma superficial e introdutória, podemos resumir algumas premissas básicas do Positivismo Criminológico, as quais, à evidência, se contrapõem ao pensamento da anteriormente estudada Escola Clássica.
Dentre seus pilares teóricos, o Positivismo destacava a análise do delito, todavia, não como mero comportamento violador da lei penal, e sim como fato concreto, efetivamente praticado na sociedade. Além disso, centralizou seus estudos na figura do criminoso, mormente, nas causas que o levaram a delinquir, por vezes enfatizando a gênese biológica, por outras a raiz social da conduta criminosa, porém, todas revelando claro interesse pela origem do crime. Por outro lado, a análise da vítima e do controle da criminalidade foram superficialmente desenvolvidos.
>>> IMPORTANTE : Verifica-se pela análise das vertentes do pensamento positivista um grande enfoque no autor do crime, relegando as análises da vítima e do controle da criminalidade a segundo plano. Nesse diapasão, o referido período retrata uma das manifestações da fase de neutralização da vítima.
POSITIVISMO ANTROPOLÓGICO DE CESARE LOMBROSO
O médico psiquiatra e antropólogo italiano Cesare Lombroso (1835-1909), em 1876, escreveu O Homem Delinquente, obra considerada o marco histórico da Criminologia enquanto ciência, cuja temática central foi o conceito de criminoso nato.
O pensamento lombrosiano baseou-se em uma classificação de criminosos fundada na origem genética e atávica do delinquente, o qual era considerado uma subespécie inferior ao ser humano, dotada de características físicas inerentes a todo e qualquer criminoso, sendo assim, a pessoa já era biologicamente determinada à delinquência.
Em sua biotipologia criminal, Lombroso considerava certos estigmas físicos como traços descritivos próprios deste ser doente, como, por exemplo, orelhas de abano, nariz grande e adunco, sobrancelhas salientes, formato do rosto (longilíneo, achatado “em forma de bolacha”), irregularidades aparentes das “maçãs do rosto”, assimetria craniana com presença de saliências ou cavidades, testa grande, corcundas, mãos grandes, dentre diversos outros.Atavismo significa transmitido ou adquirido de maneira hereditária. Que se refere ao reaparecimento em alguém das características de um antepassado que permaneceram escondidas por muitas gerações.
Para tanto, fez uso de método empírico (análise de casos concretos in loco em hospitais psiquiátricos, presídios etc.) e interdisciplinar, com claro emprego da fisionomia e frenologia, ramos de pesquisa fortemente presentes nesta vertente da Criminologia Positivista.
Desta forma, entendia que a pessoa que apresentasse determinados traços físicos já nascia criminoso (criminoso nato), já que essa estigmatização era considerada decisiva para o reconhecimento do delinquente.
Realça, portanto, a figura do delinquente focando na origem antropométrica do delito e relegando a segundo plano os demais objetos de estudo da criminologia como o fato criminoso em si, a vítima e o controle social da criminalidade.Pede-se vênia para colacionar lição de Eduardo Viana :
[...] Sobre a fisionomia dos estupradores, por exemplo, descreveu: “o olho é cintilante, a fisionomia delicada, os lábios e as pálpebras volumosos; em maioria são frágeis, às vezes disformes”. Os matadores e os ladrões arrombadores têm cabelos crespos, crânios deformados, fortes mandíbulas, enormes zigomas, e frequentemente tatuagens; são cobertos de cicatrizes na cabeça e no tronco”. “Os homicidas habituais têm olhar vítreo, frio, imóvel, algumas vezes sanguíneo e injetado; o nariz frequentemente aquilino ou adunco como o das aves de rapina, sempre volumosos; mandíbulas grandes, orelhas longas, largos zigomas, os cabelos crespos, abundantes, escuros. Frequentemente a barba é escassa, os dentes caninos muito desenvolvidos, os lábios finos; muitas vezes há nistagmo e a contração unilateral do rosto que mostra os dentes caninos como uma ameaça.
(LOMBROSO, p. 167-168 apud VIANA, 2018. p. 59-60).
Paralelamente ao determinismo biológico, balizado na transmissão hereditária de genótipos e na fisionomia do chamado criminoso nato, Lombroso desenvolveu também
aprofundado estudo sobre o uso costumeiro de gírias e tatuagens como características frequentemente presentes em sua descrição.
Além do mais, para Lombroso, a prostituição era a forma nata de criminalidade feminina. Considerava tal prática uma forma de degeneração da mulher considerada normal à época, ou seja, prostituir-se era um comportamento revelador da indecência e depravação do gênero feminino. Registrou seus estudos sobre tal tema na obra “A mulher delinqüente, a prostituta e a mulher normal”.
POSITIVISMO SOCIOLÓGICO DE ENRICO FERRI
Se Lombroso foi considerado o pai da Criminologia enquanto ciência, Ferri, por sua vez, foi laureado com o título de patrono da Sociologia Criminal.
Enrico Ferri (1856-1929), professor, advogado, político e cientista italiano entendia que o indivíduo não escolhia deliberadamente pela prática da conduta criminosa, afastando, desta forma, a teoria de que o livre-arbítrio era a origem do crime.
A Sociologia Criminal de Enrico Ferri concebia que condições antropológicas como faixa etária, gênero, estado civil, profissão e inclusive patológicas como retardo e doenças mentais; fatores sociais, como classe social, condição econômica, estruturafamiliar; crença religiosa ou ateísmo; e climáticos, como estação do ano, horário e temperatura do dia, em conjunto, poderiam fomentar ou desmotivar a prática de condutas criminosas. Sendo assim, concluiu pela origem multifatorialdo delito considerando como sua origem causas de natureza distintas.
A despeito de tecer análise sobre esses três fatores (antropológicos, sociais e ambientais), seus estudos priorizavam os aspectos sociais considerados a principal causa da conduta delitiva, o que se mostra bem evidente em sua maior obra, intitulada Sociologia Criminal, de 1884.
Ferri rechaçava a teoria do livre-arbítrio até então defendida pela Criminologia Clássica e colocava em segundo plano o determinismo biológico pregado por Cesare Lombroso.
No que diz respeito ao controle social, realçou a importância do desenvolvimento de técnicas que busquem evitar tal prática, dispondo sobre o papel central de uma atuação preventiva do Estado na luta contra a criminalidade. Por conseguinte, ressaltou a importância da prevenção social ao crime pelo Estado, evidenciando o relevante papel de uma ação preventiva, ao invés de repressiva ao crime.
Desenvolveu a teoria dos substitutivos penais, pregando que o Direito Penal, em razão de seu cariz meramente punitivo e, portanto, retrógado e de eficácia no mínimo duvidosa no combate à criminalidade, deveria ser substituído por políticas sociais, econômicas, educacionais e, inclusive religiosas, adotadas pelo Poder Público com a finalidade de evitar a prática criminosa (prevenção geral ao crime).
Pede-se vênia para transcrição da lição de Christiano Gonzaga :
Um estudo prévio das esferas econômica, política, legislativa, religiosa etc. poderia fazer com que o estudioso fizesse um diagnóstico social mais preciso acerca dos fatores que poderiam permitir o crime, evitando assim seu surgiment o. (GONZAGA, 2018, p. 54).
POSITIVISMO MODERADO DE RAFFAELE GARÓFALO
Raffaele Garófalo (1851-1934), magistrado italiano, adepto de pensamento juridicamente técnico e moderado propunha que a razão da conduta delituosa jazia em uma anomalia moral, mas não patológica do indivíduo. Entendia que o criminoso era um ser desprovido de misericórdia e moralidade.
Por conseguinte, baseado na concepção de que o crime revela a degeneração ética do homem, desenvolveu o conceito de periculosidade entendida, grosso modo, como a maldade moral do indivíduo que o guiava à prática desviante.
Garófalo via o delinquente como um ser moralmente depravado, desprovido de compaixão e portador de valores ético-morais abaixo da média em relação ao ser humano comum.Leciona Sérgio Salomão Shecaira :
Introduz o conceito de temibilidade que sustentava ser a perversidade constante e ativa do delinquente e a quantidade do mal previsto que se deve temer por parte do mesmo delinqüente. Tal conceito foi decisivo para as formulações posteriores concernentes à intervenção penal, propostas pelos positivistas: a medida de seguranç . (SHECAIRA, 2004, p. 101)
Negava razão ao determinismo biológico de Lombroso, chegando a cogitar que aludidos desvalores eram transmitidos de geração em geração pela prática costumeira e reiterada de comportamentos moralmente degradados.
Fundado na falta de moralidade, reveladora da periculosidade social do indivíduo, entendia que a resposta estatal ao comportamento delitivo deveria ser ríspida e contundente. Garófalo, portanto, era defensor do punitivismo, da aplicação de sanções penais rígidas, como prisão perpétua e até mesmo a pena de morte. Acentuou a finalidade retributiva da pena, vendo-a exclusivamente como pesado castigo ao delinquente, preterindo, desta maneira, qualquer viés ressocializador da sanção penal.
Garófalo pregava que o déficit de decência e honradez seriam a gênese da conduta delitiva e que a aplicação de penas severas era imprescindível para a manutenção da paz social.
Doutrinariamente, é comum citar que a maior contribuição de Raffaele Garófalo foi a concepção de delito natural, ou seja, de condutas que, de per si, eram e serão consideradas criminosas em qualquer sociedade e em qualquer tempo.
Concebia que certos comportamentos são, e sempre serão, violadores de valores morais e reveladores da crueldade e iniquidade do ser humano, qualquer que seja a relação de tempo e espaço, pois, são considerados, atemporalmente, lesivos aos interesses de qualquer meio social. Cite-se como exemplos o homicídio doloso, latrocínio, estupro, pedofilia, dentre outros.
Por derradeiro, cabe ressaltar que os criminólogos deste período (Criminologia Positivista) desenvolveram classificações de delinquentes dividindo-os em categorias, o que se chama de tipologia criminal. Abaixo sintetizamos:
• Tipologia antropológica de Cesare Lombroso: classificou os delinquentes em: nato, louco, louco moral, epilético, passional e ocasional;
• Tipologia sociológica de Enrico Ferri: classificou os delinquentes em natos, loucos, ocasionais, habituais e passionais;
• Tipologia de Raffaele Garófalo: classificou os delinquentes em: assassino, violento, ladrão e lascivo.
	Cesare
Lombroso
	Enrico Ferri
	Raffaele
Garófalo
	• nato;
• louco;
• louco moral;
• epilético;
• passional;
• ocasional.
	• nato;
• louco;
• ocasional;
• habitual;
• passional.
	• assassino;
• violento;
• ladrão;
• lascivo.
Criminologia Positivista
Pensamento moderado de Raffaele Garófalo
Escola Antropológica de Cesare Lombroso
Escola Sociológia de Enrico Ferri
2
 
.MsftOfcThm_Accent4_lumMod_60_lumOff_40_Fill_v2 {
 fill:#FFD966; 
}
.MsftOfcThm_MainDark1_Stroke_v2 {
 stroke:#000000; 
}
 
 
.MsftOfcThm_Accent4_Fill_v2 {
 fill:#FFC000; 
}
.MsftOfcThm_Text1_Stroke_v2 {
 stroke:#000000; 
}

Continue navegando