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Direito ao esquecimento x Direito a liberdade de expressão

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DIREITO AO ESQUECIMENTO X DIREITO À LIBERDADE DE ESPRESSÃO.
1. DIREITO AO ESQUECIMENTO 
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado tempo de sua vida, seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos. No Brasil, possui assento constitucional e legal, considerando que é uma consequência do direito à vida privada (privacidade), intimidade e honra, asseguradas pela CF/88 (art. 5º, X) e pelo CC/02 (art. 21). Ele é um desdobramento dos princípios da dignidade da pessoa humana, da inviolabilidade da vida privada e da proteção à privacidade. Trata-se do direito do indivíduo não ser lembrado por situações passadas constrangedoras ou vexatórias.
No entanto, é fato que a internet é uma rede que não possui efetivo controle, logo, cada um publica, comenta, compartilha e relembra tudo o que quiser e em poucos minutos, milhares de pessoas visualizam tal ação. Os indivíduos da sociedade atual possuem todos os seus dados nas redes sociais que são coletados pelas grandes empresas tecnológicas como por exemplo, o Google. Além desses dados pessoais coletados a internet possui algoritmos que são responsáveis por direcionar as pesquisas das pessoas nas plataformas para determinados links e consequentemente, para determinadas informações. Então, o direito ao esquecimento se refere principalmente a internet, que é o meio mais utilizado em busca de uma informação ou notícia. Tal ferramenta é responsável por promover diversos benefícios durante uma pesquisa, pois poupa tempo do pesquisador, mas também, pode ser utilizada de má fé pelos sites de notícias que direcionam as pesquisas diretamente aos links das reportagens que eles pretendem polemizar e consequentemente, alcançar um número alto de leitores. Esses sites utilizam frequentemente reportagens que abordam sobre casos jurídicos de um ou mais indivíduos sem o consentimento deles e muitas das vezes exageram nos fatos ou até mesmo, espalham fake news sobre aquele caso, apenas para chamar mais atenção dos leitores. Assim, é notório que as pessoas envolvidas na situação exposta pela notícia acabam sendo vítimas de um jogo de marketing da imprensa que além de violar a privacidade e a intimidade delas, viola também diversas vezes, o direito ao esquecimento dos envolvidos. 
2. DIREITO Á LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
A liberdade de expressão é consagrada na Constituição Federal de 1988, por meio do artigo 5º, IV ao dispor “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” no inciso IX “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” e no inciso XIV ao prever “ é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário o exercício profissional”. 
A liberdade de expressão representa um direito fundamental essencial para a preservação da dignidade do indivíduo e, ao mesmo tempo, para estrutura democrática do Estado, pois está intimamente ligada à garantia de voz aos cidadãos. Por meio dela permite-se que toda a opinião, comentário e convicção sobre qualquer assunto ou pessoa, envolvendo temas de interesse público, ou não, seja divulgado pelos mais diversos meios de comunicação, não se restringindo apenas à palavra escrita ou falada, mas também por gestos. No entanto, para que pese a garantia constitucional da liberdade de expressão, é preciso que exista equilíbrio com os demais direitos fundamentais.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 
Ficou claro no presente trabalho que a disseminação de informações fez com que surgisse a criação de um novo direito, chamado o direito ao esquecimento. A partir disso, viu-se gerar um conflito entre os direitos fundamentais: de um lado a liberdade de expressão, e de outro, o direito ao esquecimento. Apesar da importância constitucional da liberdade de expressão para a sociedade contemporânea verificamos que tais liberdades não podem se sobrepor as demais regras e princípios estatuídos em nosso ordenamento. Ao contrário, verificou- se que deve haver uma harmonização entre a liberdade de imprensa e a dignidade das pessoas envolvidas. Por todo o exposto, é certo concluir que, ao analisar o conflito entre os direitos constitucionais, o operador deverá procurar a ponderação. Isto é, deverá analisar cada caso concreto, isoladamente, analisando suas peculiaridades, para, só então, estabelecer qual princípio fundamental deverá prevalecer: o direito de informar e ser informado, ou o direito de ser esquecido. 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/319988819/o-que-consiste-o-direito-ao-esquecimento
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-temas/direito-constitucional/o-direito-ao-esquecimento-e-o-conflito-com-os-direitos-a-liberdade-de-informacao-e-de-expressao
https://www.conjur.com.br/2019-dez-01/diana-fernandes-possivel-cumprir-direito-esquecimento-internet

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