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Estudo Dirigido Orelha Externa e Otite Externa

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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
Otorrinolaringologia 
ESTUDO DIRIGIDO 3 – OTITE EXTERNA 
Anatomia da Orelha Externa: 
O meato acústico externo estende-se desde a concha da orelha até a membrana timpânica, 
apresentando comprimento de aproximadamente 2,5 cm desde a concha e aproximadamente 4 
cm desde o trago. O meato acústico externo é dividido em porção cartilaginosa, que corresponde 
ao terço lateral da orelha externa, e porção óssea, que corresponde aos 2 terços mediais da 
orelha externa. A membrana timpânica posiciona-se obliquamente, fazendo com que o assoalho 
e a parede anterior do meato acústico externo sejam mais longos do que o teto e a parede 
posterior do meato acústico externo. 
A porção cartilaginosa, que corresponde ao terço lateral do meato acústico externo, apresenta 
aproximadamente 8 mm de comprimento, sendo contínua com a cartilagem auricular e fixada 
por tecido fibroso à circunferência da porção óssea do meato acústico externo. A porção óssea, 
que corresponde aos 2 terços mediais do meato acústico externo, apresenta aproximadamente 
16 mm de comprimento, sendo mais estreita que a porção cartilaginosa. A extremidade medial 
da porção cartilaginosa é mais estreita que a extremidade lateral e termina obliquamente, sendo 
delimitada pela membrana timpânica. A extremidade lateral é mais dilatada e apresenta 
superfície rugosa para a fixação da porção cartilaginosa do meato acústico externo. As paredes 
da porção óssea do meato acústico externo são formadas pelo osso temporal. 
Na região de transição entre a porção cartilaginosa e a porção óssea do conduto auditivo externo, 
localizam-se as fissuras de Santorini, que representam possível via de disseminação de 
infecções e/ou neoplasias do conduto auditivo externo em direção à glândula parótida. 
 
A inervação sensitiva das paredes anterior e superior do meato acústico externo é realizada pelo 
nervo auriculotemporal, que é ramo do nervo mandibular, e a inervação sensitiva das paredes 
posterior e inferior do meato acústico externo é realizada pelo ramo auricular do nervo vago. A 
analgesia da orelha externa é realizada por meio do bloqueio do nervo auriculotemporal. 
A superfície de todo o meato acústico externo é revestido internamente por pele, que também 
reveste a superfície externa da membrana timpânica. O tecido celular subcutâneo da porção 
cartilaginosa do meato acústico externo contém inúmeras glândulas ceruminosas, que são 
glândulas apócrinas modificadas secretoras de cera ou cerúmen. Os ductos das glândulas 
 
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ceruminosas abrem-se diretamente para a superfície epitelial ou ainda para dentro da glândula 
sebácea localizada próxima a um folículo piloso. O cerúmen protege a orelha externa de corpos 
estranhos e de poeira originados do ambiente externo, previne a maceração da pele do meato 
acústico externo devido à retenção de água e protege a orelha externa de infecção por 
microrganismos, devido ao seu pH ácido, que apresenta propriedades antibacterianas. O 
acúmulo e a produção excessiva de cera podem causar obstrução completa do meato acústico 
externo, dificultando a chegada do som à membrana timpânica e limitando a vibração normal da 
membrana timpânica e dos ossículos da audição. Embora a maioria das glândulas ceruminosas, 
das glândulas sebáceas e dos folículos pilosos estejam localizados na porção cartilaginosa do 
meato acústico externo, algumas glândulas pequenas e alguns pelos finos podem estar 
presentes no teto da extremidade lateral da porção óssea do meato acústico externo. A presença 
de ar quente e úmido no interior do conduto auditivo externo facilita as respostas mecânicas da 
membrana timpânica à chegada do som. 
A otite externa é definida como a infecção da pele do conduto auditivo externo, geralmente 
causada por bactérias (90% dos casos), como Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus 
aureus. Os principais fatores predisponentes para o desenvolvimento de otite externa são: 
- Obstrução do conduto auditivo externo por excesso de cerúmen ou por anormalidades 
anatômicas do conduto auditivo externo, como exostose ou osteoma. 
- Lesão do conduto auditivo externo por uso de cotonetes e/ou outros objetos. 
- Alergia, principalmente a antibióticos tópicos (neomicina). 
- Dermatite atópica. 
- Dermatite de contato. 
- Dermatite seborreica. 
- Diminuição da acidez do meato acústico externo, devido à presença recorrente de água no 
interior do conduto auditivo externo (ex. mergulhador, nadador). 
- Uso de agentes irritantes (ex. produtos para o cabelo). 
O uso de cotonetes e/ou outros objetos na tentativa de higienizar o conduto auditivo externo pode 
causar lacerações da pele do conduto auditivo externo, que atuam como porta de entrada para 
bactérias, ou empurrar cerúmen e/ou outras substâncias mais profundamente no conduto 
auditivo externo, que tendem a causar retenção de água, com maceração da pele e aumento do 
risco de infecção bacteriana. 
O tratamento da otite externa baseia-se em: 
- Debridamento do conduto auditivo externo por sucção ou uso de algodão seco sob iluminação 
adequada. 
- Aplicação de ácido acético a 2% para diminuir o pH do conduto auditivo externo e eliminar a 
população bacteriana. 
- Aplicação de corticoide tópico (ex. hidrocortisona) para diminuir a inflamação do conduto 
auditivo externo. 
- Aplicação de antibiótico tópico (ex. ciprofloxacino, ofloxacino) para erradicar a infecção 
bacteriana. 
- Administração de antibiótico sistêmico (ex. ciprofloxacino) em casos de otite externa grave. 
As principais vantagens da antibioticoterapia tópica para o tratamento da otite externa são: 
- Facilidade de uso pelo paciente. 
- Alta concentração da droga na área da infecção bacteriana. 
- Baixa incidência de efeitos adversos sistêmicos. 
 
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- Baixo custo. 
- Baixo risco de seleção de microrganismos resistentes. 
As principais desvantagens da antibioticoterapia tópica são: 
- Dificuldade de uso em casos de edema intenso do conduto auditivo externo e/ou de obstrução 
do conduto auditivo externo por excesso de cerúmen. 
- Possibilidade de reação alérgica às drogas tópicas. 
- Risco de lesão de orelha média e/ou de orelha interna em casos de uso de antibiótico tópico 
ototóxico em paciente com perfuração da membrana timpânica. 
Os antibióticos tópicos da classe dos aminoglicosídeos, como gentamicina, neomicina e 
tobramicina, são contraindicados em casos de perfuração da membrana timpânica, devido ao 
alto risco de ototoxicidade. Portanto, os antibióticos tópicos de primeira escolha para o tratamento 
da otite externa são as quinolonas, como ciprofloxacino e ofloxacino.

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