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O poema abaixo é de autoria de Almeida Garret, grande nome do Romantismo Português: “ESTE INFERNO DE AMAR Este inferno de amar - como eu amo! – Quem mo pôs aqui n’alma ... quem foi? Esta chama que alenta e consome, Que é a vida - e que a vida destrói – Como é que se veio a atear, Quando - ai quando se há-de ela apagar? Eu não sei, não me lembra: o passado, A outra vida que dantes vivi Era um sonho talvez... - foi um sonho Em que paz tão serena a dormi! Oh!, que doce era aquele sonhar ... Quem me veio, ai de mim!, despertar? Só me lembra que um dia formoso Eu passei... dava o Sol tanta luz! E os meus olhos, que vagos giravam, Em seus olhos ardentes os pus. Que fez ela?, eu que fiz? –Não no sei; Mas nessa hora a viver comecei ...” Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000011.pdf. Acesso em 16 jan. 2020. A primeira e a última estrofes do poema mostram uma contradição no que o eu-lírico defende como amor. Assinale a alternativa que apresenta essa contradição: A - A primeira estrofe associa o amor ao fogo destruidor, já a última como um renascimento. B - A primeira estrofe associa o amor ao sofrimento, enquanto a última apresenta uma visão positiva.check_circleResposta correta C - A primeira estrofe caracteriza o amor como algo que deve ser apagado, enquanto a última como um sentimento vago. D - A primeira estrofe caracteriza o amor como infernal, já a última como algo celestial. E - A primeira estrofe mostra o amor como algo positivo, que deve ser vivido, enquanto a última como algo negativo. Viagem à minha terra é o romance mais conhecido de Almeida Garret. Como o título indica, o romance narra uma viagem por Portugal em que traz várias reflexões a respeito do que vê no país: “Ora nesta minha viagem Tejo arriba está simbolizada a marcha do nosso progresso social: espero que o leitor entendesse agora. Tomarei cuidado de lho lembrar de vez em quando, porque receio muito que se esqueça. Somos chegados ao triste desembarcadouro de Vila Nova da Rainha, que é o mais feio pedaço de terra aluvial em que ainda pousei os meus pés. O sol arde como ainda não ardeu este ano. Um imenso arraial de caleças, de machinhos, de burros e arrieiros, nos espera naquele descampado africano. É forçoso optar entre os dois martírios da caleça, ou do macho. Do mal o menos... seja este. E acolá, oh, suplício de Tântalo! vejo duas possantes e nédias mulas castelhanas jungidas a um veículo que, nestas paragens aos pé daqueloutros, me parece mais esplêndido do que um landau de Hyde Park, mais elegante do que um caleche de Longchamps, mais cômodo e elástico do que o mais aéreo brislta da Princesa Helena. E contudo — oh mágico poder das soituações! — ele não é senão uma substancial e bem apessoada traquitana de cortinas.” Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000012.pdf. Acesso 16 jan. 2020. No trecho, fica evidente que o narrador A - critica a condição dos animais que o levariam na viagem. B - critica o que vê na viagem e, consequentemente, Portugal como um todo.check_circleResposta correta C - descreve como triste boa parte das paisagens que presencia. D - descreve de modo romantizado o interior de Portugal. E - descreve e critica sua escolha por empreender a viagem. O Barroco como estética literária possui duas correntes: o conceptismo e o cultismo que estão relacionadas com a maneira como a linguagem é trabalhada nos textos. Em ambas, há riqueza na linguagem e exageros. Enquanto o cultismo apresenta jogos de palavras, escolha vocabular rica, o conceptismo traz um raciocínio em relação ao tema escolhido pelo autor. Leia o trecho do sermão do Padre Antônio Vieira e analise suas características: De três modos - que há muitos modos de mentir - mentiram hoje estes maus ouvintes. Mentiram, porque não creram a verdade; mentiram, porque impugnaram a verdade; mentiram, porque afirmaram a mentira. Não crer a verdade é mentir com o pensamento; impugnar a verdade é mentir com a obra; afirmar a mentira é mentir com a palavra. Tudo isto lhe tinha profetizado a Cristo seu pai Davi, quando disse: In multitudine virtutis tuae mentientur tibi inimici tui (4). De muitos modos mostrareis eficazmente a verdade de vosso ser, mas vossos inimigos vos mentirão também por muitos modos; mentir-vos-ão não crendo; mentir-vos-ão impugnando; mentir-vos-ão mentindo, como hoje fizeram. Disse-lhes Cristo que era Filho de Deus verdadeiro, a quem eles chamavam Pai sem o conhecerem: disse-lhes que os que recebessem e observassem sua doutrina viveriam eternamente, e aqui mentiram não crendo a verdade: Si veritatem dico vobis, quare non creditis mihi ( 5)? Disse-lhes mais, que Abraão desejara ver o seu dia, isto é, o dia em que havia de descer do céu à terra, e nascer homem entre os homens, e que, finalmente, o vira com grande júbilo e alegria da sua alma, e aqui mentiram impugnando a verdade: Quinquaginta annos nondum habes, et Abraham vidisti (Jo 8, 57)? Tu não tens ainda cinquenta anos, e viste Abraão? (4) Por ocasião do teu grande poder se convencerão de mentira os teus inimigos (Sl 65, 3). (5) Se eu vos digo a verdade, por que me não credes (Jo 8; 46)? VIEIRA, Antônio. Sermão da Quinta Dominga da Quaresma. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000035.pdf. Acesso 10 nov. 2019. O trecho do sermão de Vieira pode ser associado A - ao conceptismo, devido à associação entre o conceito de mentira e as referências bíblicas. B - ao conceptismo, pelo uso de expressões latinas no texto que corroboram as ideias associadas à mentira. C - ao conceptismo, pois o autor elabora uma argumentação a partir da ideia inicial da mentira.check_circleResposta correta D - ao cultismo, devido à argumentação presente no trecho, a partir da ideia da mentira. E - ao cultismo, pois para a elaboração das ideias acerca da mentira há um trabalho meticuloso com a linguagem. O classicismo português é marcado pela presença de um dos maiores nomes da literatura portuguesa: Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas é um dos poemas mais expressivos da cultura e história de Portugal. Os versos abaixo são os que iniciam esta obra: “As armas e os barões assinalados Que, da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, E em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a forca humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram. E também as memorias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fe, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando: — Cantando espalharei por toda a parte Se a tanto me ajudar o engenho e arte.” (CAMÕES, 1993, I, 1-2) Os Lúsíadas é considerado um poema épico, tanto pela forma, como pela temática que aborda, já que: A - discorre a respeito dos portugueses que viajaram às Índias, utilizando versos decassílabos em um soneto. B - narra fatos mitológicos em relação à história portuguesa, e é elaborado em prosa, o que é comum no gênero épico. C - o assunto tratado no poema diz respeito não somente à história portuguesa, e sua forma está relacionada aos modelos tradicionais greco-latinos.check_circleResposta correta D - trata de grandes feitos portugueses, que mudaram o curso da história, e sua forma está ligada à lírica camoniana. E - Vasco da Gama é um grande herói português, pois funda uma cultura nova no país, e sua forma recorda as obras de Virgílio. Gil Vicente é o maior nome do teatro português medieval, bem como um dos nomes mais importantes do Humanismo português. Em suas peças, o autor costuma trazer questões morais, éticas para serem discutidas, por meio da ação de suas personagens. Uma de suas peças mais famosas é “O velho da horta”, leia o diálogo inicial do texto: “Velho — Senhora, benza-vos Deus, Moça — Deus vos mantenha, senhor. Velho — Onde se criou tal flor? Eu diria que nos céus. Moça — Mas no chão. Velho — Pois damas se acharão que não são vosso sapato! Moça — Ai! Como isso é tão vão, e como as lisonjas são de barato! Velho — Quebuscais vós cá, donzela, senhora, meu coração? Moça — Vinha ao vosso hortelão, por cheiros para a panela. Velho — E a isso vinde vós, meu paraíso. Minha senhora, e não a aí? Moça — Vistes vós! Segundo isso, nenhum velho não tem siso natural. Velho — Ó meus olhinhos garridos, mina rosa, meu arminho! Moça — Onde é vosso ratinho? Não tem os cheiros colhidos? Velho — Tão depressa vinde vós, minha condensa, meu amor, meu coração! Moça — Jesus! Jesus! Que coisa é essa? E que prática tão avessa da razão!” VICENTE, Gil. Velho da horta. Disponível: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00116a.pdf. Acesso 10 nov. 2019. O trecho da conversa entre o Velho e a Moça revela: A - a conduta da Moça, que lamenta o comportamento do Velho, que a associa a classes mais baixas.cancelRespondida B - a conduta exemplar do Velho em relação à Moça, em que se destaca sua moral. C - a crítica da Moça em relação à postura do Velho, na sua maneira de conduzir sua horta. D - a crítica implícita de Gil Vicente na fala da Moça, que repreende a conduta do Velho.check_circleResposta correta E - a postura do Velho em relação à Moça, que se preocupa em oferecer os produtos que ela precisa.
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