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Noções de Libras APRESENTAÇÃO Após um período em que o método oralista foi, preferencialmente, escolhido para ditar a educação de surdos, Willian Stokoe, nos anos de 1960, confere às Línguas de Sinais o status de línguas, ou seja, há um reconhecimento de suas especificidades linguísticas. Muitos países, posteriormente à essa data, iniciaram um movimento de oficialização das Línguas de Sinais em seus territórios. No Brasil, essa oficialização, aconteceu somente em 2002. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará essa língua amplamente difundida no país, principalmente na área educacional. É de suma importância o conhecimento sobre as especificidades e as características da Libras, que fazem parte do cotidiano. Além disso, você também conhecerá aspectos sobre a recepção e a produção da Libras, bem como sobre o seu ensino em ambientes escolares. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Desenvolver as competências linguísticas, discursivas e sociolinguísticas da Libras.• Praticar as habilidades de recepção e de produção da Libras.• Explicar a importância do ensino da Libras nas escolas.• DESAFIO O país vive um paradigma educacional inclusivo, ou seja, a escola está apta a atender à toda diversidade de alunos que compõe as infâncias e juventudes. Parte integrante dessa diversidade são os alunos surdos que, em grande parte, chegam às escolas sem uma proficiência em Libras e, consequentemente, com um conhecimento precário da Língua Portuguesa. A Lei Brasileira de Inclusão, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, publicada em 6 de julho de 2015, destaca no Capítulo IV, que trata sobre o Direito à Educação, no artigo 28 inciso IV, a "oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, em escolas ou classes bilíngues e em escolas inclusivas" (BRASIL, 2015). Considerando esse contexto, o que você faria: defenderia a continuidade das aulas de Libras ou não? Justifique. INFOGRÁFICO É muito importante que a criança surda tenha acesso à língua de sinais desde o seu nascimento, uma vez que essa é a língua materna desses sujeitos. Nesse sentido, é fundamental que a criança surda tenha acesso à língua de sinais, nos mais variados contextos em que ela circula, e não somente na escola. Neste Infográfico, você conhecerá os principais contextos de aquisição da língua de sinais pela criança surda descritos por Quadros & Cruz (2011). CONTEÚDO DO LIVRO Da mesma forma que os sujeitos ouvintes têm acesso a sua língua natural, no caso a Língua Portuguesa, desde o seu nascimento, os sujeitos surdos também têm esse mesmo direito, com a língua de sinais. No entanto, essa não é a realidade no Brasil. Muitos surdos, só têm acesso à Libras quando ingressam na escola. Essa situação tem gerado questionamentos em relação ao ensino e à aprendizagem dos surdos. Afinal: qual a melhor idade para aquisição da língua de sinais pela criança surda? No caso do Brasil, a Língua Brasileira de Sinais - Libras é considerada primeira ou segunda língua da criança surda? Surdos, filhos de pais ouvintes: quais as implicações? E surdos, filhos de pais surdos? Essas são algumas das reflexões/indagações que pretendem ser respondidas durante o estudo. No capítulo Noções de Libras, da obra Língua Brasileira de Sinais, você vai aprender um pouco sobre os processos de aquisição da língua de sinais pela criança surda, bem como, seus estágios. Além disso, temas como recepção e produção da Libras e o papel da escola, frente ao discente surdo, também serão abordados. Boa leitura! LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Gabriel Pigozzo Tanus Cherp Martins Noções de Libras Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você será capaz de: Desenvolver as competências linguísticas, discursivas e sociolinguís- ticas da Libras. Praticar as habilidades de percepção e produção da Libras. Explicar a importância do ensino de Libras nas escolas. Introdução A aquisição da língua brasileira de sinais pelas crianças surdas é algo que ainda nos inquieta, nos retira da zona de conforto. É algo que mostra, muitas vezes, diversas lacunas nos processos de aprendizado e ensino- -aprendizagem; mostra as fragilidades de um processo de inclusão social falho, despreparado para uma sociedade diversa e diferente. A escola, assim como as demais instituições sociais, não está preparada para atender às especificidades linguísticas, culturais e identitárias dessa minoria que ora se apresenta. Neste capítulo, você aprenderá sobre as questões relacionadas à aquisição da língua brasileira de sinais pela criança surda, bem como os estágios que a compõe, os processos pelos quais ela passa e sobre a importância da Libras no cotidiano escolar. Competências linguísticas, discursivas e sociolinguísticas da Libras Cerca de 95% das crianças surdas são fi lhas de pais ouvintes, e essa condição acarreta uma série de questões que podem determinar sua trajetória escolar e, consequentemente, sua formação (SKLIAR, 1997). Prover o acesso à língua desde a mais tenra idade é essencial para garantir um desenvolvimento pleno e integral do sujeito, além de proporcionar sua percepção e interação com o mundo que o cerca. Quadros e Cruz (2011) aponta que somente 5% das crianças surdas são filhas de pais surdos e, por isso, possuem o input linguístico adequado no período de aquisição da linguagem. Neste ponto, trazemos para a reflexão o conceito de cultura surda, apresentado por Strobel no livro A imagem do outro sobre a cultura surda, publicado em 2009. A autora define cultura surda como a forma de “[...] o sujeito surdo entender o mundo e modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável ajustando-o com suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas [...]” (STROBEL, 2009, p. 27). O que tem a ver a cultura surda com o uso da língua brasileira de sinais? Ou melhor, qual a relação entre a cultura surda e a aquisição da língua de sinais? Quando pensamos que a aquisição da língua pelas crianças surdas é análoga à das crianças ouvintes, nos causa estranheza quando recebemos um discente surdo em nossa sala de aula que não domina a língua brasileira de sinais (Libras). Não é mesmo? As crianças ouvintes, logo ao nascerem, entram em contato com a língua majoritária — no nosso caso, a língua portuguesa —, na modalidade oral, por meio dos mais diversos canais. No entanto, a maioria das crianças surdas não possui esse contato linguístico desde o nascimento. A língua brasileira de sinais é um dos artefatos culturais apresentados por Strobel (2009) cuja importância é fundamental. Por isso, há a necessidade de uso da Libras desde o nascimento, para que essa criança cresça imersa em sua cultura e crie sua identidade. Infelizmente, essa é a realidade de apenas 5% das crianças surdas. Ao crescerem e se desenvolverem, tomando consciência de sua condição, alguns surdos passam a frequentar as associações e a se relacionar com seus pares e desenvolvem/adquirem os demais artefatos culturais, além da língua e da identidade. A cultura surda é o jeito surdo de ser, de perceber, de sentir, de vivenciar, de comunicar e de transformar o mundo para torná-lo habitável (PERLIN, 2010). Pensando em contextos de aquisição de língua pelas crianças surdas, Quadros e Cruz (2011) nos apresentam três espaços onde há possibilidade de acontecer esse processo, são eles: o lar, a escola e a clínica, cada um deles com a sua importância, dependendo da história de vida da criança surda. Noções de Libras2 No lar, primeiro local de contato com a língua, os bebês terão contatos com os pais, surdos ou não, mas que sinalizam. Algum outro familiar (tio, tia, avó ou avô, etc.) é fundamental nesse espaço. A escola pode oferecer um espaço que atenda às especificidades linguísticas desses indivíduos, por meio da presençade adultos surdos ou ouvintes, mas fluentes em Libras, e/ou da presença de outras crianças surdas para que a língua “aconteça” nas relações. Por último e não menos importante, a clínica é o local onde, por meio, preferencialmente, de uma abordagem oralista, a criança tem contato com a linguagem antes de ingressar à escola comum (QUADROS; CRUZ, 2011). Outro fator, além dos apresentados anteriormente, que influencia na aqui- sição da língua é o período em que a surdez foi detectada. Alguns diagnósticos costumam ser concluídos quando as crianças estão no 3º ou 4º ano de vida. Isso, comparado às crianças ouvintes, faz as crianças surdas apresentarem atrasos no desenvolvimento da linguagem, comprometendo seu desenvolvimento integral e suas relações, pois, segundo Quadros e Cruz (2011), essa privação de lingua- gem nos primeiros anos de vida deixa sequelas sérias no desenvolvimento da linguagem. O sucesso ou fracasso desse processo depende, em grande parte, do acesso às informações que os pais/responsáveis têm sobre a língua de sinais e sobre a surdez. Essas informações despertam nos pais/responsáveis a consciência sobre a necessidade de a criança surda adquirir uma língua de modalidade viso- -gestual, além de estabelecer comunicação com os filhos, viabilizando, assim, um ambiente linguístico adequado (QUADROS; CRUZ, 2011). Quadros e Cruz (2011) apresentam quatro estágios de aquisição de lin- guagem das crianças surdas, são eles: estágio pré-linguístico, estágio de um sinal, estágio das primeiras cominações e estágio de combinações múltiplas. O primeiro estágio ocorre quando as crianças surdas começam a balbuciar. É interessante é que o balbucio ocorre tanto com as crianças ouvintes quanto com as surdas. Quadros e Cruz (2011) nos relata que o balbucio apresenta: [...] partes do sistema fonológico das línguas de sinais. O segundo estágio inicia por volta dos 12 meses e se estende até os 24 meses. Nesta fase, a criança se refere aos objetos apontando, segurando, olhando e tocando-os. [...] as primeiras produções incluem formas chamadas congeladas da produção adulta, ou seja, a criança usa uma palavra com um significado mais amplo (QUADROS; CRUZ, 2011). Após o período de 2 anos, as crianças surdas começam a produzir as primei- ras cominações de sinais, com o intuito de descrever ações e acontecimentos do seu cotidiano. Quadros e Cruz (2011) apontam que, nesse estágio, as crianças surdas usam, de forma inconsistente, o sistema pronominal e a ordem verbo- 3Noções de Libras -objeto em sua sinalização. Esse estágio dura aproximadamente até o 30º mês de vida. O quarto estágio é o das múltiplas combinações. Nesse período, há uma “explosão de vocabulário”, e as crianças iniciam o processo de produção de frases curtas e sentenças (QUADROS; CRUZ, 2011). É importante que a criança surda esteja em um ambiente linguístico adequado para que possa ter condições naturais de aquisição de linguagem e desenvolvimento integral. Recepção e produção da Libras As práticas de produção e recepção da Libras estão relacionadas ao contato com seus pares linguísticos, de preferência surdos adultos e sinalizantes. As crianças surdas precisam desse referencial para se reconhecerem enquanto surdas e lin- guisticamente diferentes, a fi m de interagir e modifi car o mundo que as cerca. Esses adultos servirão como um modelo a ser seguido linguística e culturalmente. Tendo explicitado anteriormente que cerca de 95% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, a língua de sinais, em grande parte dos lares, não circulará com a devida frequência e importância, ou seja, as crianças surdas terão acesso tardiamente à Libras, por isso a importância da presença de um adulto surdo. É importante que os pais ouvintes aprendam a Libras para se comunicarem com seus filhos, minimizando, assim, as barreiras comunicativas e informacionais. Ao atingirem a idade escolar, muitas crianças surdas chegam à escola sem uma língua adquirida, pronta e internalizada. O paradigma atual é o de uma escola inclusiva, uma escola para todos, uma escola que viva e promova a diversidade; uma escola onde essa diferença é valorizada, é estimulada, é trabalhada nos currículos e nas relações existentes nesse templo do saber. Contudo, é uma escola cuja língua majoritária é a língua portuguesa, uma escola cujo currículo é pensado por e para ouvintes, uma escola cujas práticas, métodos e avaliações também são pensados por e para ouvintes. E os discentes surdos, onde estariam nesse espaço do saber? Por meio de qual língua adquirirá os conhecimentos curriculares e manterá as relações estabelecidas? Como estão sendo pensadas as especificidades dos discentes surdos na escola para todos? A Libras nas escolas No ano de 1996, foi publicada a Lei nº 9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996). No corpo dessa legislação, Noções de Libras4 é facultado ao discente estudar na escola mais próximo da sua residência, além de adaptações curriculares e atendimento educacional especializado, quando necessário. Uma refl exão: sabendo que a criança surda precisa estar em contato com seus pares linguísticos, quem garante que na “escola próximo da sua residência” haverá outras crianças surdas regularmente matriculadas? No ano de 2002, a língua brasileira de sinais (Libras) é reconhecida como meio de comunicação e expressão da comunidade de surdos do Brasil por meio da publicação da Lei nº 10.436, também conhecida como Lei de Libras (BRA- SIL, 2002). Na constituição dessa legislação, a Libras passa a ser disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores (licenciaturas e magistério) e fonoaudiólogos, além de optativa nos demais cursos de graduação. É pro- vável que a Libras ainda não seja uma disciplina obrigatória nas escolas de educação básica de nosso país por ser considerada um meio de comunicação de um determinado grupo social, O Decreto nº 5.626, de 2005, que regulamenta a Lei de Libras, apresenta a possibilidade de o ensino para as crianças surdas ser ministrado em Libras do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, além das formações para professores, intérpretes, instrutores e outros atores da educação de surdos (BRASIL, 2005). Chamo a atenção para o inciso I do art. 22º do referido Decreto: [...] escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental”. No parágrafo, primeiro define escolas ou classes bilíngues: “São denominadas escolas ou classes bilíngues aquela em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utili- zadas no desenvolvimento de todo o processo educativo [...] (BRASIL, 2005, documento on-line). Escola inclusiva ou bilíngue? Instrução em Libras ou em língua por- tuguesa? Como pensar esse quebra-cabeça da educação de surdos? Uma escola bilíngue para surdos não seria uma escola especial? Estaríamos regredindo, uma vez que a escola especial data do período do paradigma da integração, ou seja, anteriormente à década de 1990? A escola comum (inclusiva), em que atualmente os discentes surdos estão matriculados, é uma escola cuja língua de instrução é a língua portuguesa, nesse caso, não estariam eles (surdos) sendo excluídos de todo o processo educativo? Línguas diferentes e com status diferentes se tensionando dentro do mesmo espaço. Reflexões. 5Noções de Libras No site da Editora Arara Azul, disponível no link a seguir, há uma série de materiais disponíveis que auxiliam na aquisição de língua e que podem ser utilizados para o ensino da Libras em escolas comuns inclusivas. https://qrgo.page.link/PQuu2 Ora esse sujeito tem o direito de estudar próximo à sua residência, ora de estar junto a seus pares, ora ter sua instrução em Libras, ora...., ora..., ora.... As legislações vigentes não dialogam entre si e fazem a educação desses indivíduos ser um complexo labirinto a ser vencido.A comunidade surda (i.e., alunos surdos, professores surdos, professores ouvintes bilíngues e intérpretes) defendem um modelo de educação bilíngue tendo a Libras como língua de instrução e a língua portuguesa na sua modalidade escrita como segunda língua, mas vale ressaltar que esse modelo é adotado em escolas de/para surdos e, no Brasil, nem todas as cidades do país possuem escolas que trabalham nessa perspectiva. No processo inclusivo, o ensino da Libras é importantíssimo, uma vez que, em grande parte das escolas comuns, o discente surdo é o único falante da língua de sinais, não havendo nenhum par linguístico. Esse ensino parte do pressuposto de que é por meio da comunicação e da interação com o outro que acontece o desenvolvimento intelectual, cognitivo e linguístico, além do aprendizado com qualidade. É necessário também que a escola incentive e pratique a pedagogia da diferença, de modo que comunidade reconheça a diferença linguística e cultural de seus alunos. Para que os indivíduos surdos alcancem níveis satisfatórios de apren- dizado, relacionamento e desenvolvimento integral, a escola precisa criar estratégias adequadas para o processo de ensino-aprendizagem, buscando metodologias e práticas que potencializem o uso de recursos visuais, além de avaliações condizentes com as especificidades linguísticas e a criação de políticas que valorizem seus artefatos culturais, essenciais para seu crescimento. Noções de Libras6 (In)conclusões Pensar as questões referentes à surdez e ao ensino da Libras são desafi adoras. Procuramos, no decorrer deste capítulo texto, apresentar alguns elementos que compõem essa complexidade. Desde os lares até as escolas, há uma série de entraves que tencionam as relações entre surdos e ouvintes, por exemplo: língua, cultura, identidade(s), entre outros. As crianças surdas, desde o nascimento até o ingresso nas escolas comuns, percorrem caminhos de aquisição de linguagem completamente diferentes, levando-se em consideração os ambientes em que cresceram e se desenvol- veram. Enquanto uma criança surda filha de pais surdos adquire linguagem dentro do tempo esperado (concluindo todos os estágios de aquisição no período estabelecido), as crianças surdas filhas de pais ouvintes, em sua maioria, têm essa aquisição tardia, uma vez que os pais podem não ter contato com a Libras, comprometendo etapas de seu desenvolvimento. Acesse, por meio do link a seguir, a biblioteca do curso de Letras Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e, na unidade Libras VI, você encontrará um bom texto sobre “Aquisição de Linguagem por crianças surdas”. https://qrgo.page.link/XdMjj Na área educacional, percebe-se que, atualmente, os surdos encontram-se em conflito com a política de inclusão, uma vez que não são atendidos pela pedagogia da diferença e não têm suas questões linguísticas e culturais aten- didas nos espaços do saber. A inclusão ainda não os percebe como sujeitos que demandam práticas escolares diferenciadas, e muito menos os enxerga como indivíduos cultural e linguisticamente diferentes. Há uma violência simbólica no processo educacional quando, por exemplo, há a imposição de uma língua (língua portuguesa) sobre outra (língua brasileira de sinais). 7Noções de Libras A escola precisa repensar suas práticas, métodos, currículos e avaliações para que contemplem as especificidades dos discentes surdos, além de incen- tivar o uso da Libras em seus espaços e entre seus atores. Assim, um espaço que oferece possibilidades linguísticas para os surdos pode proporcionar um melhor aprendizado e gerar um sentimento de pertencimento. Leia o artigo “As políticas educacionais e a educação de surdos”, que aponta questões sobre as políticas nacionais vigentes e a educação de surdos inclusiva, disponível no link a seguir: https://qrgo.page.link/ytVpU BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 13 jul. 2019. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da edu- cação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 13 jul. 2019. BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 13 jul. 2019. QUADROS, R. M.; CRUZ, C. R. Língua de sinais: instrumentos de avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2011. STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2. ed. Florianópolis: UFSC, 2009. SKLIAR, C. Abordagens socioantropológicas em educação especial. In: SKLIAR, C. (org.). Educação e exclusão. Porto Alegre: Mediação, 1997. Noções de Libras8 Leituras recomendadas ALBRES, N. A. Surdos e inclusão educacional. Petrópolis: Arara Azul, 2010. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 13 jul. 2019; BRASIL. Lei nº 13.146 de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 13 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/in- dex.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de- -educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192. Acesso em: 13 jul. 2019. PERLIN, G. Identidades surdas. In: SKLIAR, C. (org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2010. ZILOTTO, G. S.; GISI, M. L. As políticas educacionais e a educação de surdos. In: CON- GRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 13., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: FIOCRUZ, 2017. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/23461_11761.pdf. Acesso em: 13 jul. 2019. 9Noções de Libras DICA DO PROFESSOR Assim como qualquer criança ouvinte, a criança com surdez passará pelas fases de aquisição da linguagem: pré-linguístico, estágio de uma palavra, estágio das primeiras combinações e estágio das múltiplas combinações. Cabe ao adulto reconhecer o momento em que a criança está e assim buscar recursos e ferramentas que possam contribuir nesse processo. O professor precisa conhecer propostas e metodologias para estimular seu aluno nos diferentes estágios de desenvolvimento da linguagem, mas para isso é necessário conhecê-las. Assista ao vídeo da Dica do Professor e você poderá se informar sobre cada um desses estágios. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) No prefácio do livro Língua de Sinais: instrumentos de avaliação (QUADROS & CRUZ, 2011), Maria Cristina Pereira aponta que “estudos sobre crianças surdas filhas de surdos demonstravam que elas apresentavam desenvolvimento linguístico, cognitivo e acadêmico comparável ao de crianças ouvintes, o que evidenciou a importância de os surdos serem expostos à língua de sinais o mais cedo possível”. Baseado nisso, qual afirmativa está correta? A) Pesquisas como essa e as reivindicações dos movimentos surdos por direito de usarem a língua oral, majoritária em seu país, foram importantes no processo de aquisição de língua pelas crianças surdas. B) Pesquisas como essa e as reivindicações dos movimentos surdos por direito de usarem a língua de sinais, foram importantes para a aprovação das leis n.o 10.098/2000 e 10.436/2002, bem como do Decreto n.o 5.626/2005. C) Pesquisas como essa e as reivindicações dos movimentos surdos por direito de usarem a língua de sinais, não tiveramimpacto na aprovação das leis n.o 10.098/2000 e 10.436/2002 e do Decreto n.o 5.626/2005. D) Pesquisas como essa são suficientes para a aprovação da Lei n.o 10.436/2002 e do Decreto n.o 5.626/2005, uma vez que política e movimentos sociais são questões distintas. E) Pesquisas como essa e as reivindicações dos movimentos surdos foram feitas para garantir o direito de usarem a língua portuguesa como língua de instrução em seu processo de aprendizagem. 2) Atualmente, a escola vivencia o paradigma da inclusão, ou seja, da igualdade de acesso e de permanência de todos os alunos regularmente matriculados. Sendo um espaço que acolhe a todos, como ela pode se preparar para receber um aluno surdo? A) São necessárias adaptações do currículo, dos espaços físicos e dos materiais, além das mudanças de estratégias, práticas e metodologias, com intuito de tornar a participação dos discentes surdos possível. B) Não se faz necessário adaptar currículos e nem o espaço físico, mas sim, os materiais. É importante repensar estratégias e práticas de ensino, bem como metodologias que busquem a visualidade e oralidade. C) O ingresso dos discentes surdos exige da escola uma mudança de perspectiva, ou seja, deve contratar um intérprete de Libras, que se torne professor desse aluno. Não é necessário realizar nenhuma adaptação na estrutura escolar. D) O tradutor intérprete de Libras é o responsável pelo processo de ensino do aluno surdo e é o profissional que realiza as mudanças na escola. A escola será adaptada, a fim de receber esse aluno surdo. Essas adaptações serão realizadas nos seguintes quesitos: obras estruturais, horário de funcionamento e E) atendimento especializado. 3) “Todos os estudos mencionados sobre a aquisição da língua de sinais por crianças surdas concluíram que esse processo ocorre em período análogo à aquisição de crianças ouvintes” (QUADROS, 2008). Na aquisição de linguagem em crianças surdas, destacam-se quatro períodos (estágios). Quais são eles? A) Período pós-linguístico; estágio de um sinal; estágio das primeiras combinações e estágio das múltiplas combinações. B) Período pré-linguístico; estágio de dois sinais; estágio das primeiras combinações e estágio das múltiplas combinações frasais. C) Período pré-linguístico; estágio de um sinal; estágio das primeiras combinações e estágio das múltiplas combinações. D) Período de um sinal; estágio de dois sinais; estágio pós-linguístico e estágio das múltiplas combinações. E) Período pré e pós-linguístico; estágio de um sinal; estágio das primeiras frases e estágio das múltiplas combinações sinalizadas. 4) A educação inclusiva é uma realidade nacional e os discentes surdos fazem parte disso. Trata-se de línguas diferentes dentro do mesmo espaço pedagógico, cuja importância é determinada pela quantidade de falantes/usuários. É sabido que, para a inclusão dos surdos, é necessária uma série de adaptações e mudanças de atitude por parte da comunidade escolar. Em relação ao ensino da Libras nesse espaço, marque a alternativa correta. A) A Libras é o meio de comunicação e expressão da comunidade surda brasileira. B) A Libras é o meio de comunicação e expressão da comunidade surda internacional. C) O aprendizado da Libras é obrigatório nos cursos de bacharelado. D) Não há necessidade da disciplina de Libras nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia. E) A Libras é a língua de instrução nas escolas comuns inclusivas. 5) Carlos Skliar (2010) aponta que a “falta de compreensão e de produção dos significados da língua oral, o analfabetismo massivo, a mínima proporção de surdos que têm acesso ao ensino superior, a falta de qualificação profissional para o trabalho, etc.” são motivos para justificar o fracasso escolar dos surdos. Dentre as alternativas abaixo, aponte aquela que corrobora com essa reflexão. A) A escola inclusiva está preparada para atender às demandas educacionais e de formação do sujeito surdo. B) A escola inclusiva trabalha numa perspectiva visual, a fim de aproveitar toda a visualidade do sujeito surdo. C) A escola inclusiva trabalha com métodos, estratégias, práticas e avaliações pensadas por e para ouvintes. D) A escola inclusiva trabalha com estratégias, métodos, avaliações e práticas pensadas para a diversidade existente entre surdos e ouvintes. E) A escola inclusiva trabalha numa perspectiva bilíngue de educação, tendo a Libras como primeira língua e o Português, na modalidade escrita, como segunda língua. NA PRÁTICA O uso e difusão da língua de sinais não precisa ser apenas uma prática de salas de aula ou escolas que tenham alunos com surdez, todo e qualquer aluno deveria ser colocado em contato com a língua para que se algum momento precisasse já a conhecesse. Ter apenas um ou dois professores que saibam e usem a libras limita a circulação e aprendizagem do sujeito com surdez. No vídeo do Na Prática é apresentada uma sugestão de trabalho a ser realizada na e com a escola que tenha alunos com surdez, como organizar e proporcionar momentos de aprendizagens a todos que estejam envolvidos nesse processo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Língua de Sinais: instrumento de avaliação O livro trata da apresentação de um instrumento de avaliação de linguagem para surdos, com intuito de suprir uma demanda existente na área. Este material pode ser utilizado por profissionais que se ocupam de estudar as questões referentes à compreensão e expressão da linguagem, além de fonoaudiólogos. O instrumento de avaliação é um importante recurso para acompanhar a aquisição da linguagem, na língua de sinais, em diversos contextos. A importância do ensino da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS O processo de aquisição da linguagem, por crianças surdas, é análogo ao das crianças ouvintes; porém, na maioria dos lares, a criança surda não tem contato, desde o nascimento, com a língua de sinais. Existe uma quantidade significativa de crianças surdas com atraso na aquisição e desenvolvimento da língua. Isso desencadeia uma série de fatores que prejudicam seu desenvolvimento linguístico, cultural, social e cognitivo. Nesta Dica do Professor, você terá a oportunidade de refletir sobre a importância do acesso da criança surda, desde o nascimento, à sua língua materna e o quanto a escola tem um papel fundamental na aquisição da Libras. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Seu nome é Jonas O filme retrata a história de um menino surdo internado com diagnóstico de deficiência mental por erro médico. Jonas foi retirado do hospital quando tinha, aproximadamente, três anos de idade e, a partir de então, a mãe do menino peregrina por diversas instituições e experimenta uma série de técnicas para reparar o déficit auditivo do filho. Durante a trama, diversos desafios familiares são apresentados, além da luta da mãe em buscar a melhor filosofia para educar seu filho. A história tem uma reviravolta quando as personagens principais conhecem a Língua de Sinais Americana (ASL). Apesar de ser da década de 1970, o filme pode ser considerado bem atual. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Centro de Educação para Surdos Rio Branco O Centro de Educação para Surdos (CES) Rio Branco é localizado em São Paulo (SP) e atende crianças e jovens surdos. Com uma proposta de educação bilíngue e bicultural, o CES consegue potencializar as especificidades dos educandos surdos, conta com uma equipe com profissionais bilíngues e biculturais, além de promover a língua, a cultura e a identidade surda. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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