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SEMÂNTICA Conteúdo Aula III

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Semântica Cognitiva
APRESENTAÇÃO
O sentido tem um aspecto complexo e dinâmico. Isso fez com que algumas vertentes da 
Semântica fossem criadas a fim de explicar e descrever tal complexidade e dinamismo. A partir 
de 1980, em resposta ao gerativismo, desenvolveu-se uma vertente da Semântica que trouxe, de 
maneira inovadora, uma abordagem para se compreender o processo de significação das línguas: 
a Semântica Cognitiva. De maneira original, a Semântica Cognitiva passou a considerar a 
cognição humana, envolvendo as diferentes faculdades mentais no estudo do sentido.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as diferenças entre a Semântica Cognitiva e a 
Linguística Cognitiva, vai compreender o conceito de categorização e de teoria prototípica e 
também vai entender a relação entre metáfora e processo de categorização. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar Semântica Cognitiva de Linguística Cognitiva. •
Conceituar categorização e teoria prototípica. •
Relacionar a metáfora ao processo de categorização.•
DESAFIO
A Semântica Cognitiva estuda o sentido a partir da cognição humana. Nesse contexto, não 
apenas o conhecimento linguístico é importante, mas também as faculdades mentais contribuem 
no processo de significação.
Além disso, essa vertente da Semântica considera que a vivência do falante é fundamental, uma 
vez que a sua percepção de mundo auxilia na construção do significado.
Diante dessa situação, explique a relação da experiência de vida que a estudante teve com o fato 
de a palavra "calça" ter mais de um sentido.
INFOGRÁFICO
Na Semântica Cognitiva, o fenômeno da metáfora é muito estudado, não só por ser instigante, 
mas também porque, por meio da transferência e atribuição de sentidos entre domínios, se 
pode categorizar e, por sua vez, construir novos significados ao mundo que cerca os falantes.
Diante disso, no Infográfico a seguir, você vai saber mais sobre a metáfora, 
principalmente acerca da projeção de domínios conceituais.
CONTEÚDO DO LIVRO
A Semântica Cognitiva teve início em 1980. Impulsionada pelo gerativismo de Chomsky, essa 
vertente da semântica aliou os aspectos linguísticos aos aspectos cognitivos na busca de estudar 
o significado das línguas naturais. 
Ela se destina a estudar o sentido a partir da perspectiva da cognição. Segundo essa 
abordagem, o sentido se configura por meio da mediação dos processos da cognição humana, e 
a experiência do sujeito é parte integrante desse cenário.
No capítulo Semântica Cognitiva, do livro Semântica e Pragmática, base teórica desta Unidade 
de Aprendizagem, você vai aprender a diferenciar a Semântica Cognitiva da Linguística 
Cognitiva, conceituar categorização e teoria prototípica e relacionar a metáfora ao processo de 
categorização.
Boa leitura.
SEMÂNTICA 
E PRAGMÁTICA 
Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra
Semântica cognitiva
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Diferenciar semântica cognitiva de linguística cognitiva.
  Conceituar categorização e teoria prototípica.
  Relacionar a metáfora ao processo de categorização.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a semântica cognitiva, que é uma vertente 
da semântica. Uma das grandes inovações trazidas por ela é considerar, 
dentro do seu arcabouço teórico, a cognição humana no processo de 
significação de uma língua. Com isso, a semântica cognitiva reforça uma 
abordagem mais funcionalista à língua, bem como reitera o papel do 
sujeito nesse processo.
Em um primeiro momento, você vai conhecer a distinção entre a 
semântica cognitiva e a linguística cognitiva. Em seguida, vai estudar o 
conceito de categorização e a teoria prototípica. Por fim, você vai ver qual 
é a relação entre a metáfora e o processo de categorização.
1 Linguística cognitiva e semântica cognitiva
Antes de conhecer a distinção entre semântica cognitiva e linguística cogni-
tiva, é importante que você esteja familiarizado com a trajetória teórica do 
gerativismo. Essa corrente pavimentou o que viria a ser uma nova vertente 
da linguística e da semântica.
O ponto de partida: gerativismo
Com a publicação da obra Estruturas Sintáticas, por volta de 1950, Noam 
Chomsky revolucionou a linguística. Esse estudioso norte-americano trouxe 
ao seio da disciplina questões relacionadas à linguagem como um sistema 
autônomo (assim como outras faculdades mentais, por exemplo, a memória, 
o pensamento matemático, etc.), inato (depositado na mente das pessoas) e 
comum a todos os seres humanos. Com isso, uma abordagem mais formalista 
ganhou espaço na linguística, com ênfase nas “[...] características internas da 
língua, seus constituintes e as relações entre eles” (CORTEZ, 2011, p. 58). A 
partir daí, nasceram conceitos importantes, como os de gramática universal, 
competência e desempenho linguístico.
Chomsky (1972) considerou que as línguas naturais são frutos de princípios 
inatos e autônomos. Para ele, a linguagem é uma característica biológica e 
incrustada no DNA humano. Assim, cada ser humano, por meio de inputs 
(informações linguísticas disponíveis no ambiente em que o falante está), 
estabelece as regras e normas de uma língua. Ao definir um conjunto limitado 
de combinações por meio dessas normas, o falante desse idioma consegue 
produzir infinitas frases (daí o nome “gerativismo”). Tal produção não depende 
do estímulo/resposta advindo do meio para determinar o comportamento, 
contrariando a hipótese behaviorista.
Por ter uma abordagem mais universalista da língua (entendida como algo 
comum a todos os seres humanos), Chomsky (1972) buscou analisar sentenças 
idealizadas, e não sentenças contextualizadas e reais. Além disso, devido ao 
privilégio dado ao estudo das regras e normas internalizadas em cada falante, 
o autor constatou que a sintaxe é o nível gramatical mais alto de todos (em 
detrimento da fonética, da morfologia, da semântica, etc.).
Todavia, a partir de 1980, diversos linguistas revisitaram as contribuições 
de Chomsky, tecendo uma série de críticas. Tais críticas, mais tarde, acabaram 
criando uma nova vertente da linguística, a linguística cognitiva, que por sua 
vez originou a semântica cognitiva.
O surgimento da linguística cognitiva
Em 1980, George Lakoff , Ronald Langacker e Eleanor Rosch iniciaram uma 
série de questionamentos ao gerativismo. Um desses questionamentos dizia 
respeito à noção de que a linguagem seria uma faculdade autônoma na mente 
humana, como se fosse independente de outras faculdades mentais, indo 
de encontro ao princípio da modularidade. Na verdade, a mente funciona 
de maneira integrada. Logo, é “[...] fundamental levar em consideração os 
processos de pensamento subjacentes à utilização de estruturas linguísticas e 
sua adequação aos contextos reais nos quais essas estruturas são construídas” 
(MARTELOTTA; PALOMANES, 2012, p. 179).
Semântica cognitiva2
Considere ainda o seguinte:
[...] a proposta cognitivista leva em conta aspectos relacionados a restrições 
cognitivas que incluem a captação de dados da experiência, sua compreensão 
e seu armazenamento na memória, assim como a capacidade de organização, 
acesso, conexão, utilização e transmissão adequada desses dados (MARTE-
LOTTA; PALOMANES, 2012, p. 179).
Dessa forma, a linguística cognitiva procurou estudar a “[...] relação siste-
mática entre linguagem, pensamento e experiência” (MARTELOTTA; PALO-
MANES, 2012, p. 179). No Quadro 1, a seguir, veja as principais diferenças 
entre o gerativismo e a linguística cognitiva.
Gerativismo Linguística cognitiva
Faculdade da linguagem autônoma. Faculdade da linguagem associada às 
outras faculdades mentais (memória, 
raciocínio lógico, emoções, etc.).
Concepção formalista — estuda a 
língua em sua forma, focando os 
aspectos linguísticos.
Concepção funcionalista — estuda 
a língua em uso, aliando os aspectos 
linguísticos e os extralinguísticos.Sintaxe como nível privilegiado, que 
comanda as combinações possíveis 
que o falante pode usar.
A fonética, o léxico, a morfologia, a 
sintaxe e a semântica atuam juntos na 
comunicação humana.
Estuda o falante ideal, sem intervenção 
de fatores externos.
Estuda o falante real em conjunto com 
fatores externos a ele.
Quadro 1. Diferenças entre o gerativismo e a linguística cognitiva
Linguística cognitiva e semântica cognitiva
Como você viu, a partir dos estudos de Langacker, de Rosch e, sobretudo, de 
Lakoff , uma nova vertente linguística foi criada: a linguística cognitiva. A 
linguística cognitiva “[...] interessa-se pelo conhecimento através da linguagem 
e procura saber como é que a linguagem contribui para o conhecimento do 
mundo” (SILVA, 1997, p. 3). Além disso, o falante de uma língua adquire um 
3Semântica cognitiva
status relevante nesse processo, pois ele “[...] não é mais visto como um mero 
manipulador de regras preestabelecidas, mas como um produtor de signifi cados 
em situações comunicativas reais nas quais interage com interlocutores reais” 
(MARTELOTTA; PALOMANES, 2012, p. 181).
Nesse contexto, uma das dimensões em que a linguística cognitiva busca 
compreender a maneira pela qual a linguagem auxilia no conhecimento de 
mundo é a semântica, principalmente em relação ao significado. Assim, a 
semântica cognitiva foi constituída como um ramo da linguística cognitiva: 
ela tem o intuito de estudar o significado a partir da perspectiva cognitiva. 
Isso quer dizer que “[...] o significado de uma expressão linguística não reflete 
diretamente a relação entre ‘palavra’ e ‘mundo’, mas é sempre mediado por 
processos inerentes à cognição humana” (FERRARI, 2010, p. 151).
O estudo do significado por meio da mediação da cognição humana é feito “[...] 
através dos nossos sentidos corporais, e a partir daí algumas extensões de sentido são 
estabelecidas” (MARTELOTTA; PALOMANES, 2012, p. 181). Em função disso, o contexto 
externo ao sujeito propicia experiências diversas, as quais são sentidas pelo corpo e, 
por sua vez, fornecem a base para os sistemas de significação. Você vai estudar esse 
fenômeno mais profundamente no tópico seguinte, que trata da categorização e da 
teoria prototípica.
2 O conceito de categorização e a teoria 
prototípica
Você já sabe que a semântica cognitiva, braço da linguística cognitiva, destina-se 
a estudar o sentido a partir da perspectiva da cognição. Esta, por sua vez, estabe-
lece que o sentido se confi gura por meio da mediação dos processos da cognição 
humana, sendo que a experiência do sujeito é parte integrante desse cenário.
De acordo com Silva (1997, p. 6), “[...] a interpretação e a aquisição de novas 
experiências é feita à luz de conceitos e categorias já existentes, que, por isso 
mesmo, funcionam como modelos interpretativos, como paradigmas”. Ainda 
segundo Silva (1997, p. 6), “Uma das capacidades cognitivas fundamentais 
é a categorização, isto é, o processo mental de identificação, classificação e 
nomeação de diferentes entidades como membros de uma mesma categoria”.
Semântica cognitiva4
Ou seja, para a semântica cognitiva, o conceito de categorização é re-
levante, uma vez que ele pode ser considerado um dos elementos-chave do 
processo de significação. Para compreender melhor tal conceito, considere 
as definições a seguir.
  Peixes: animais que nascem e vivem na água.
  Mamíferos: animais vertebrados que têm mamas.
Por meio da sua vivência, o falante, articulando os seus conhecimentos da 
língua, estabelece mentalmente categorias de diferentes seres do mundo. A 
categoria “peixes”, por exemplo, se define por um conjunto de características 
específicas. Da mesma forma, na categoria “mamíferos”, há uma série de 
singularidades. Logo, o conceito de categorização diz respeito às categorias, 
as quais “[...] se formam e se definem em termos de ‘condições necessárias 
e suficientes’ (isto é, através de propriedades individualmente necessárias e 
conjuntamente suficientes)”; consequentemente, “[...] os elementos de uma 
categoria têm o mesmo estatuto (não havendo pois graus de representatividade)” 
(SILVA, 1997, p. 7).
Esse conceito, na verdade, não é novo. Ele já existe desde Aristóteles e foi 
revisitado pela filosofia da linguagem de Wittgenstein e pela antropologia 
cultural de Berlin e Kay (FERRARI, 2010). Contudo, o conceito de catego-
rização possui limitações, como você pode ver a seguir:
Se, por um defeito de nascença, surgir um tigre com apenas três patas, ele 
deixaria de ser tigre? E se, por acaso, algum tigre resolver incluir vegetais em 
sua dieta, ele deixa de ser tigre? [...] Certamente, problemas dessa natureza 
interferem na aceitação de uma definição de conceito que use a noção de 
condições suficientes e necessárias (CANÇADO, 2005, p. 94).
Considere mais uma vez o exemplo mencionado anteriormente: reflita 
agora sobre o caso da baleia, uma vez que ele produz uma inconsistência nas 
categorias de mamíferos e peixes. A baleia possui características de ambos 
os grupos. Logo, o conceito de categorização, para a semântica cognitiva, 
apresenta limitações e insipientes.
Devido a isso, Rosch (1978) criou a teoria prototípica, ou teoria dos pro-
tótipos. De acordo com essa teoria, as categorias se comportam, na verdade, 
a partir da dinâmica entre núcleo e periferia. Observe a Figura 1.
5Semântica cognitiva
Figura 1. As categorias a partir da teoria prototípica.
Pela teoria prototípica, o elemento central carrega mais definições e ca-
racterísticas da categoria do que o elemento periférico. Note que a passagem 
é gradual de dentro para fora e vice-versa. Além disso, um elemento pode ser 
a interface entre duas ou mais categorias. É o que você pode ver na Figura 2.
Figura 2. Interface entre categorias prototípicas: mamíferos e peixes.
Essa teoria se reflete no dia a dia da língua, principalmente no aspecto 
semântico. Para Cançado (2005, p. 94), “A baleia é um animal que tanto pos-
sui propriedades da categoria MAMÍFERO como propriedades da categoria 
PEIXE. Por isso, muitos falantes são incapazes de dizer, com certeza, se a 
baleia é um peixe ou um mamífero”.
Semântica cognitiva6
Aliás, é interessante ressaltar o que Chiavegatto (2009, p. 82) pontua acerca 
dos desdobramentos causados por essa tomada de posicionamento teórico:
A possibilidade de que processos cognitivos e construções linguísticas façam 
parte de categorias prototípicas é fundamental para a análise de uma série de 
fenômenos em linguística cognitiva. Pode explicar, por exemplo, a polissemia, 
a abrangência das correspondências metafóricas e as diferentes naturezas de 
introdutores de espaços mentais.
Dessa forma, no próximo tópico, você vai se aprofundar na teoria proto-
típica, relacionando o processo de significação com um dos fenômenos mais 
instigantes e pesquisados pela semântica cognitiva, a metáfora.
3 O fenômeno da metáfora
Como você viu, para a semântica cognitiva, o processo de signifi cação se 
confi gura a partir da articulação entre as diversas faculdades mentais e as 
experiências dos usuários de uma língua no seu agir no mundo. Por isso, essa 
articulação permite uma categorização dos falantes em relação ao mundo 
pela linguagem.
Entretanto, a categorização da realidade muitas vezes esbarra em sentidos 
que possuem características menos palpáveis, ou seja, mais abstratos, os quais 
demandam processos cognitivos mais elaborados. É nesse contexto que surgem 
as metáforas, fenômeno semântico muito estudado pela semântica cognitiva. 
Como Chiavegatto (2009) expôs anteriormente, as construções linguísticas 
e processos cognitivos pautados na categorização, sobretudo prototípica, 
permitem explicar fenômenos semânticos mais plásticos e intangíveis. Veja:
[...] devido à nossa experiência física de ser e de agir no mundo — de perce-
ber o ambiente à nossa volta, de mover nossos corpos, — de exercitar e de 
experienciar forças, etc. —, formamos estruturas conceituais básicas com as 
quais organizamos o nosso pensamentosobre outros domínios mais abstratos 
(CANÇADO, 2005, p. 102).
Uma forma de isso ocorrer é por meio da metáfora. De acordo com Lakoff 
e Johnson (2003), o processo cognitivo da metáfora realizado pelo falante 
almeja construir um sentido a partir da projeção de domínios, com o intuito 
de materializar um conceito impalpável.
7Semântica cognitiva
Cançado (2005, p. 97) mostra que a metáfora se estabelece a partir da 
aproximação e da atribuição do domínio-fonte e do domínio-alvo: “[...] o ponto 
de chegada ou o conceito descrito é conhecido, geralmente, como o domínio 
do alvo (do inglês, target domain); [...]. Enquanto o conceito comparado, ou a 
analogia, é conhecida como o domínio da fonte (do inglês, source domain)”. 
Para exemplificar a metáfora, Lakoff e Johnson (2003) utilizam o caso clássico 
“argumentação é guerra” (Quadro 2).
Fonte: adaptado de Lakoff e Johnson (2003).
Domínio-fonte Domínio-alvo
Guerra (palpável) Argumentação (abstrato)
Inimigos Debatedores
Confronto Discussão
Quadro 2. Metáfora “argumentação é guerra”
Como você pode observar, o domínio-fonte projeta sentidos (inclusive frutos 
de experiências reais do falante) no domínio-alvo. Isso faz com que a argu-
mentação, uma abstração, adquira características oriundas do domínio-fonte.
Considere o seguinte:
Entre os dois domínios estabelecem-se analogias estruturais: os participantes 
de uma discussão correspondem aos adversários de uma guerra, o conflito 
de opiniões corresponde às diferentes posições dos beligerantes, levantar 
objeções corresponde a atacar e manter uma opinião a defender, desistir de 
uma opinião corresponde a render-se, etc. Tal como uma guerra, uma batalha 
ou uma luta, também uma discussão, um debate ou o processo de argumen-
tação pode dividir-se em fases, desde as posições iniciais dos oponentes até 
a vitória de um deles, passando por momentos de ataque, defesa, retirada, 
contra-ataque (SILVA, 1997, p. 13).
Semântica cognitiva8
Chiavegatto (2009, p. 89) mostra que a metáfora também influencia outros 
processos de significação:
Com as informações que são transferidas entre os domínios, construímos 
novos significados com relações que se processam no contexto. [...]. As cor-
respondências efetuadas podem explicar, por exemplo, processos figurativos 
como as metáforas e suas extensões em figuras como analogias, comparações, 
personificações, hipérboles, eufemismos.
A metáfora, à luz da semântica cognitiva, se constitui a partir da dinâmica 
dos domínios, os quais não só estruturam o pensamento humano, como 
também auxiliam na significação, bem como na compreensão do mundo 
pelo falante.
Neste capítulo, você estudou os pressupostos teóricos fundamentais da 
semântica cognitiva. Como você viu, ela é um braço da linguística cognitiva, 
que surgiu a fim de questionar os princípios gerativistas. De modo ímpar, 
a linguística cognitiva trouxe para a semântica a cognição como elemento 
importante do processo de significação.
Além disso, como você viu, para a semântica cognitiva, o sentido é 
estabelecido entre a palavra e o mundo, em um processo mediado pela 
cognição humana. Nesse processo, a interpretação se configura a partir de 
formulações de categorias que classificam e organizam a realidade. Porém, 
a categorização não é feita de maneira engessada e estanque. Na verdade, 
ela se comporta por meio de protótipos, aliando elementos com um maior 
conjunto de características (nucleares) a elementos com um menor conjunto 
de características (periféricos).
Por último, você estudou a relação entre a categorização e a metáfora, 
que se mostra um fenômeno importante na significação. Afinal, por meio da 
projeção de domínios, a metáfora permite expandir e atribuir novos sentidos 
às mais distintas expressões linguísticas.
9Semântica cognitiva
CANÇADO, M. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. Belo Horizonte: 
UFMG, 2005.
CHIAVEGATTO, V. C. Introdução à linguística cognitiva. Matraga, v. 16, n. 24, 2009. Dis-
ponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/27797. 
Acesso em: 16 abr. 2020.
CHOMSKY, N. Syntactic structures. Paris: Mouton, 1972.
CORTEZ, C. M. Formalismo x funcionalismo: abordagens excludentes? PERcursos Lin-
guísticos, v. 1, n. 1, p. 57-77, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/percursos/
article/view/1188. Acesso em: 16 abr. 2020.
FERRARI, L. Modelos de gramática em linguística cognitiva: princípios convergentes 
e perspectivas complementares. Cadernos de Letras da UFF, n. 41, p. 149-165, 2010. Dis-
ponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/41/
artigo7.pdf. Acesso em: 16 abr. 2020.
LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metaphors we live by. London: University of Chicago, 2003.
MARTELOTTA, M. E.; PALOMANES, R. Linguística cognitiva. In: MARTELOTTA, M. E. (org.). 
Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2012. p. 176-192.
ROSCH, E. Principles of categorization. In: ROSCH, E.; LLOYD, B. (ed.). Cognition and 
categorization. Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1978. p. 27-48.
SILVA, A. S. da. A semântica de deixar: uma contribuição para a abordagem cognitiva 
em semântica lexical. 1997. Dissertação (Doutoramento) – Faculdade de Filosofia, 
Universidade Católica Portuguesa, Braga, 1997.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Semântica cognitiva10
DICA DO PROFESSOR
A Semântica Cognitiva tem por princípio estudar o significado com base na interação entre 
palavra e mundo, sempre mediada pela cognição humana, uma vez que a faculdade da 
linguagem não é autônoma, mas sim integrada a outras faculdades da mente. Todavia, como a 
mente não é desassociada do corpo, se diz que essa mediação é feita a partir da corporificação 
do pensamento.
Nesta Dica do Professor, você vai aprender o conceito de corporificação do pensamento.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) A Semântica Cognitiva surgiu a partir da Linguística Cognitiva em 1980. 
Essa vertente da Semântica e também da Linguística surgiu, sobretudo, devido ao 
gerativismo. 
A partir disso, veja as asserções abaixo: 
I. A Semântica Cognitiva e a Linguística Cognitiva criticam o inatismo da linguagem 
apregoado pelo gerativismo.
PORQUE 
II. Para as duas primeiras, a faculdade da linguagem está associada a outras 
faculdades da mente humana.
Agora, marque a opção correta:
A) As asserções I e II são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa da primeira.
B) A asserção I é verdadeira e a II é falsa.
C) As asserções I e II são verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa da primeira.
D) As asserções I e II são falsas.
E) A asserção I é falsa e a II é verdadeira.
2) A Semântica Cognitiva surgiu em 1980, como braço da Linguística Cognitiva, 
e buscou estudar o significado a partir da perspectiva: 
A) da argumentação.
B) da enunciação.
C) da mente.
D) da referencialidade.
E) da cultura.
3) De acordo com a teoria prototípica de Rosch (1978), considere N para núcleo e P para 
periférico. Depois, classifique os elementos a seguir, cada um dentro da sua própria 
categoria: 
( ) Vaca 
( ) Pinguim 
( ) Peixe-boi 
( ) Pardal
Assinale a alternativa que contém a sequência correta:
A) N, P, N, P.
B) N, P, P, P.
C) N, N, N, P.
D) N, P, N, N.
E) N, P, P, N.
4) Leia as asserções abaixo:
I. O conceito de categorização na Semântica Cognitiva é uma capacidade cognitiva 
aliada à linguagem de identificação e organização do mundo pelo falante. 
II. A teoria prototípica desenvolvida por Rosch (1978) veio responder 
questionamentos dos quais a categorização sozinha não dá conta. 
III. Na teoria prototípica, dentro de uma categoria,existe uma igualdade entre o 
elemento nuclear e o periférico.
Sobre as asserções, marque a opção correta:
A) As asserções I e III são verdadeiras.
B) As asserções II e III são verdadeiras.
C) Somente a asserção I é verdadeira.
D) As asserções I e II são verdadeiras.
E) Apenas a asserção III é verdadeira. 
5) De acordo com a projeção de domínio da metáfora "tempo é dinheiro", segundo a 
Semântica Cognitiva, pode-se afirmar que:
A) o domínio-fonte é o tempo.
B) a atribuição de sentido temporal é direcionada ao dinheiro.
C) o domínio-fonte é o dinheiro.
D) o domínio-alvo é o dinheiro.
E) a projeção de domínio pressupõe a incongruência entre dois domínios. 
NA PRÁTICA
Um dos fenômenos semânticos mais estudados na Semântica Cognitiva é a metáfora. Ela é 
considerada um processo cognitivo que permite compreender um domínio de experiência a 
partir de outro, promovendo a plasticidade da língua e a construção de novos sentidos. 
Porém, ainda que a teoria da projeção de domínios relacionada à metáfora exija um nível de 
abstração grande, ela pode ser esquematizada de modo que se torne mais compreensível, 
sobretudo na Educação Básica. 
Neste Na Prática, você vai ver como aplicar essa projeção de domínios de uma maneira mais 
viável a partir de uma aula de Literatura para o Ensino Médio.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
O fenômeno da categorização
Neste artigo de Luciana Krebs, você pode se aprofundar mais sobre o conceito de categorização.
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Trabalho e natureza: uma leitura semântico-cognitiva em textos dos séculos XIX, XX e 
XXI
Neste artigo de Eliane Silva, você pode esmiuçar mais o conceito de metáfora à luz da 
Semântica Cognitiva.
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Mente corporificada: mapeamento do conceito, interfaces e possibilidades de aplicação
Neste artigo de Maria Avelar, você pode estudar mais sobre o conceito de corporificação e o seu 
papel dentro da Linguística e da Semântica Cognitiva.
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