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Semântica Cognitiva APRESENTAÇÃO O sentido tem um aspecto complexo e dinâmico. Isso fez com que algumas vertentes da Semântica fossem criadas a fim de explicar e descrever tal complexidade e dinamismo. A partir de 1980, em resposta ao gerativismo, desenvolveu-se uma vertente da Semântica que trouxe, de maneira inovadora, uma abordagem para se compreender o processo de significação das línguas: a Semântica Cognitiva. De maneira original, a Semântica Cognitiva passou a considerar a cognição humana, envolvendo as diferentes faculdades mentais no estudo do sentido. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as diferenças entre a Semântica Cognitiva e a Linguística Cognitiva, vai compreender o conceito de categorização e de teoria prototípica e também vai entender a relação entre metáfora e processo de categorização. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar Semântica Cognitiva de Linguística Cognitiva. • Conceituar categorização e teoria prototípica. • Relacionar a metáfora ao processo de categorização.• DESAFIO A Semântica Cognitiva estuda o sentido a partir da cognição humana. Nesse contexto, não apenas o conhecimento linguístico é importante, mas também as faculdades mentais contribuem no processo de significação. Além disso, essa vertente da Semântica considera que a vivência do falante é fundamental, uma vez que a sua percepção de mundo auxilia na construção do significado. Diante dessa situação, explique a relação da experiência de vida que a estudante teve com o fato de a palavra "calça" ter mais de um sentido. INFOGRÁFICO Na Semântica Cognitiva, o fenômeno da metáfora é muito estudado, não só por ser instigante, mas também porque, por meio da transferência e atribuição de sentidos entre domínios, se pode categorizar e, por sua vez, construir novos significados ao mundo que cerca os falantes. Diante disso, no Infográfico a seguir, você vai saber mais sobre a metáfora, principalmente acerca da projeção de domínios conceituais. CONTEÚDO DO LIVRO A Semântica Cognitiva teve início em 1980. Impulsionada pelo gerativismo de Chomsky, essa vertente da semântica aliou os aspectos linguísticos aos aspectos cognitivos na busca de estudar o significado das línguas naturais. Ela se destina a estudar o sentido a partir da perspectiva da cognição. Segundo essa abordagem, o sentido se configura por meio da mediação dos processos da cognição humana, e a experiência do sujeito é parte integrante desse cenário. No capítulo Semântica Cognitiva, do livro Semântica e Pragmática, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a diferenciar a Semântica Cognitiva da Linguística Cognitiva, conceituar categorização e teoria prototípica e relacionar a metáfora ao processo de categorização. Boa leitura. SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Semântica cognitiva Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar semântica cognitiva de linguística cognitiva. Conceituar categorização e teoria prototípica. Relacionar a metáfora ao processo de categorização. Introdução Neste capítulo, você vai estudar a semântica cognitiva, que é uma vertente da semântica. Uma das grandes inovações trazidas por ela é considerar, dentro do seu arcabouço teórico, a cognição humana no processo de significação de uma língua. Com isso, a semântica cognitiva reforça uma abordagem mais funcionalista à língua, bem como reitera o papel do sujeito nesse processo. Em um primeiro momento, você vai conhecer a distinção entre a semântica cognitiva e a linguística cognitiva. Em seguida, vai estudar o conceito de categorização e a teoria prototípica. Por fim, você vai ver qual é a relação entre a metáfora e o processo de categorização. 1 Linguística cognitiva e semântica cognitiva Antes de conhecer a distinção entre semântica cognitiva e linguística cogni- tiva, é importante que você esteja familiarizado com a trajetória teórica do gerativismo. Essa corrente pavimentou o que viria a ser uma nova vertente da linguística e da semântica. O ponto de partida: gerativismo Com a publicação da obra Estruturas Sintáticas, por volta de 1950, Noam Chomsky revolucionou a linguística. Esse estudioso norte-americano trouxe ao seio da disciplina questões relacionadas à linguagem como um sistema autônomo (assim como outras faculdades mentais, por exemplo, a memória, o pensamento matemático, etc.), inato (depositado na mente das pessoas) e comum a todos os seres humanos. Com isso, uma abordagem mais formalista ganhou espaço na linguística, com ênfase nas “[...] características internas da língua, seus constituintes e as relações entre eles” (CORTEZ, 2011, p. 58). A partir daí, nasceram conceitos importantes, como os de gramática universal, competência e desempenho linguístico. Chomsky (1972) considerou que as línguas naturais são frutos de princípios inatos e autônomos. Para ele, a linguagem é uma característica biológica e incrustada no DNA humano. Assim, cada ser humano, por meio de inputs (informações linguísticas disponíveis no ambiente em que o falante está), estabelece as regras e normas de uma língua. Ao definir um conjunto limitado de combinações por meio dessas normas, o falante desse idioma consegue produzir infinitas frases (daí o nome “gerativismo”). Tal produção não depende do estímulo/resposta advindo do meio para determinar o comportamento, contrariando a hipótese behaviorista. Por ter uma abordagem mais universalista da língua (entendida como algo comum a todos os seres humanos), Chomsky (1972) buscou analisar sentenças idealizadas, e não sentenças contextualizadas e reais. Além disso, devido ao privilégio dado ao estudo das regras e normas internalizadas em cada falante, o autor constatou que a sintaxe é o nível gramatical mais alto de todos (em detrimento da fonética, da morfologia, da semântica, etc.). Todavia, a partir de 1980, diversos linguistas revisitaram as contribuições de Chomsky, tecendo uma série de críticas. Tais críticas, mais tarde, acabaram criando uma nova vertente da linguística, a linguística cognitiva, que por sua vez originou a semântica cognitiva. O surgimento da linguística cognitiva Em 1980, George Lakoff , Ronald Langacker e Eleanor Rosch iniciaram uma série de questionamentos ao gerativismo. Um desses questionamentos dizia respeito à noção de que a linguagem seria uma faculdade autônoma na mente humana, como se fosse independente de outras faculdades mentais, indo de encontro ao princípio da modularidade. Na verdade, a mente funciona de maneira integrada. Logo, é “[...] fundamental levar em consideração os processos de pensamento subjacentes à utilização de estruturas linguísticas e sua adequação aos contextos reais nos quais essas estruturas são construídas” (MARTELOTTA; PALOMANES, 2012, p. 179). Semântica cognitiva2 Considere ainda o seguinte: [...] a proposta cognitivista leva em conta aspectos relacionados a restrições cognitivas que incluem a captação de dados da experiência, sua compreensão e seu armazenamento na memória, assim como a capacidade de organização, acesso, conexão, utilização e transmissão adequada desses dados (MARTE- LOTTA; PALOMANES, 2012, p. 179). Dessa forma, a linguística cognitiva procurou estudar a “[...] relação siste- mática entre linguagem, pensamento e experiência” (MARTELOTTA; PALO- MANES, 2012, p. 179). No Quadro 1, a seguir, veja as principais diferenças entre o gerativismo e a linguística cognitiva. Gerativismo Linguística cognitiva Faculdade da linguagem autônoma. Faculdade da linguagem associada às outras faculdades mentais (memória, raciocínio lógico, emoções, etc.). Concepção formalista — estuda a língua em sua forma, focando os aspectos linguísticos. Concepção funcionalista — estuda a língua em uso, aliando os aspectos linguísticos e os extralinguísticos.Sintaxe como nível privilegiado, que comanda as combinações possíveis que o falante pode usar. A fonética, o léxico, a morfologia, a sintaxe e a semântica atuam juntos na comunicação humana. Estuda o falante ideal, sem intervenção de fatores externos. Estuda o falante real em conjunto com fatores externos a ele. Quadro 1. Diferenças entre o gerativismo e a linguística cognitiva Linguística cognitiva e semântica cognitiva Como você viu, a partir dos estudos de Langacker, de Rosch e, sobretudo, de Lakoff , uma nova vertente linguística foi criada: a linguística cognitiva. A linguística cognitiva “[...] interessa-se pelo conhecimento através da linguagem e procura saber como é que a linguagem contribui para o conhecimento do mundo” (SILVA, 1997, p. 3). Além disso, o falante de uma língua adquire um 3Semântica cognitiva status relevante nesse processo, pois ele “[...] não é mais visto como um mero manipulador de regras preestabelecidas, mas como um produtor de signifi cados em situações comunicativas reais nas quais interage com interlocutores reais” (MARTELOTTA; PALOMANES, 2012, p. 181). Nesse contexto, uma das dimensões em que a linguística cognitiva busca compreender a maneira pela qual a linguagem auxilia no conhecimento de mundo é a semântica, principalmente em relação ao significado. Assim, a semântica cognitiva foi constituída como um ramo da linguística cognitiva: ela tem o intuito de estudar o significado a partir da perspectiva cognitiva. Isso quer dizer que “[...] o significado de uma expressão linguística não reflete diretamente a relação entre ‘palavra’ e ‘mundo’, mas é sempre mediado por processos inerentes à cognição humana” (FERRARI, 2010, p. 151). O estudo do significado por meio da mediação da cognição humana é feito “[...] através dos nossos sentidos corporais, e a partir daí algumas extensões de sentido são estabelecidas” (MARTELOTTA; PALOMANES, 2012, p. 181). Em função disso, o contexto externo ao sujeito propicia experiências diversas, as quais são sentidas pelo corpo e, por sua vez, fornecem a base para os sistemas de significação. Você vai estudar esse fenômeno mais profundamente no tópico seguinte, que trata da categorização e da teoria prototípica. 2 O conceito de categorização e a teoria prototípica Você já sabe que a semântica cognitiva, braço da linguística cognitiva, destina-se a estudar o sentido a partir da perspectiva da cognição. Esta, por sua vez, estabe- lece que o sentido se confi gura por meio da mediação dos processos da cognição humana, sendo que a experiência do sujeito é parte integrante desse cenário. De acordo com Silva (1997, p. 6), “[...] a interpretação e a aquisição de novas experiências é feita à luz de conceitos e categorias já existentes, que, por isso mesmo, funcionam como modelos interpretativos, como paradigmas”. Ainda segundo Silva (1997, p. 6), “Uma das capacidades cognitivas fundamentais é a categorização, isto é, o processo mental de identificação, classificação e nomeação de diferentes entidades como membros de uma mesma categoria”. Semântica cognitiva4 Ou seja, para a semântica cognitiva, o conceito de categorização é re- levante, uma vez que ele pode ser considerado um dos elementos-chave do processo de significação. Para compreender melhor tal conceito, considere as definições a seguir. Peixes: animais que nascem e vivem na água. Mamíferos: animais vertebrados que têm mamas. Por meio da sua vivência, o falante, articulando os seus conhecimentos da língua, estabelece mentalmente categorias de diferentes seres do mundo. A categoria “peixes”, por exemplo, se define por um conjunto de características específicas. Da mesma forma, na categoria “mamíferos”, há uma série de singularidades. Logo, o conceito de categorização diz respeito às categorias, as quais “[...] se formam e se definem em termos de ‘condições necessárias e suficientes’ (isto é, através de propriedades individualmente necessárias e conjuntamente suficientes)”; consequentemente, “[...] os elementos de uma categoria têm o mesmo estatuto (não havendo pois graus de representatividade)” (SILVA, 1997, p. 7). Esse conceito, na verdade, não é novo. Ele já existe desde Aristóteles e foi revisitado pela filosofia da linguagem de Wittgenstein e pela antropologia cultural de Berlin e Kay (FERRARI, 2010). Contudo, o conceito de catego- rização possui limitações, como você pode ver a seguir: Se, por um defeito de nascença, surgir um tigre com apenas três patas, ele deixaria de ser tigre? E se, por acaso, algum tigre resolver incluir vegetais em sua dieta, ele deixa de ser tigre? [...] Certamente, problemas dessa natureza interferem na aceitação de uma definição de conceito que use a noção de condições suficientes e necessárias (CANÇADO, 2005, p. 94). Considere mais uma vez o exemplo mencionado anteriormente: reflita agora sobre o caso da baleia, uma vez que ele produz uma inconsistência nas categorias de mamíferos e peixes. A baleia possui características de ambos os grupos. Logo, o conceito de categorização, para a semântica cognitiva, apresenta limitações e insipientes. Devido a isso, Rosch (1978) criou a teoria prototípica, ou teoria dos pro- tótipos. De acordo com essa teoria, as categorias se comportam, na verdade, a partir da dinâmica entre núcleo e periferia. Observe a Figura 1. 5Semântica cognitiva Figura 1. As categorias a partir da teoria prototípica. Pela teoria prototípica, o elemento central carrega mais definições e ca- racterísticas da categoria do que o elemento periférico. Note que a passagem é gradual de dentro para fora e vice-versa. Além disso, um elemento pode ser a interface entre duas ou mais categorias. É o que você pode ver na Figura 2. Figura 2. Interface entre categorias prototípicas: mamíferos e peixes. Essa teoria se reflete no dia a dia da língua, principalmente no aspecto semântico. Para Cançado (2005, p. 94), “A baleia é um animal que tanto pos- sui propriedades da categoria MAMÍFERO como propriedades da categoria PEIXE. Por isso, muitos falantes são incapazes de dizer, com certeza, se a baleia é um peixe ou um mamífero”. Semântica cognitiva6 Aliás, é interessante ressaltar o que Chiavegatto (2009, p. 82) pontua acerca dos desdobramentos causados por essa tomada de posicionamento teórico: A possibilidade de que processos cognitivos e construções linguísticas façam parte de categorias prototípicas é fundamental para a análise de uma série de fenômenos em linguística cognitiva. Pode explicar, por exemplo, a polissemia, a abrangência das correspondências metafóricas e as diferentes naturezas de introdutores de espaços mentais. Dessa forma, no próximo tópico, você vai se aprofundar na teoria proto- típica, relacionando o processo de significação com um dos fenômenos mais instigantes e pesquisados pela semântica cognitiva, a metáfora. 3 O fenômeno da metáfora Como você viu, para a semântica cognitiva, o processo de signifi cação se confi gura a partir da articulação entre as diversas faculdades mentais e as experiências dos usuários de uma língua no seu agir no mundo. Por isso, essa articulação permite uma categorização dos falantes em relação ao mundo pela linguagem. Entretanto, a categorização da realidade muitas vezes esbarra em sentidos que possuem características menos palpáveis, ou seja, mais abstratos, os quais demandam processos cognitivos mais elaborados. É nesse contexto que surgem as metáforas, fenômeno semântico muito estudado pela semântica cognitiva. Como Chiavegatto (2009) expôs anteriormente, as construções linguísticas e processos cognitivos pautados na categorização, sobretudo prototípica, permitem explicar fenômenos semânticos mais plásticos e intangíveis. Veja: [...] devido à nossa experiência física de ser e de agir no mundo — de perce- ber o ambiente à nossa volta, de mover nossos corpos, — de exercitar e de experienciar forças, etc. —, formamos estruturas conceituais básicas com as quais organizamos o nosso pensamentosobre outros domínios mais abstratos (CANÇADO, 2005, p. 102). Uma forma de isso ocorrer é por meio da metáfora. De acordo com Lakoff e Johnson (2003), o processo cognitivo da metáfora realizado pelo falante almeja construir um sentido a partir da projeção de domínios, com o intuito de materializar um conceito impalpável. 7Semântica cognitiva Cançado (2005, p. 97) mostra que a metáfora se estabelece a partir da aproximação e da atribuição do domínio-fonte e do domínio-alvo: “[...] o ponto de chegada ou o conceito descrito é conhecido, geralmente, como o domínio do alvo (do inglês, target domain); [...]. Enquanto o conceito comparado, ou a analogia, é conhecida como o domínio da fonte (do inglês, source domain)”. Para exemplificar a metáfora, Lakoff e Johnson (2003) utilizam o caso clássico “argumentação é guerra” (Quadro 2). Fonte: adaptado de Lakoff e Johnson (2003). Domínio-fonte Domínio-alvo Guerra (palpável) Argumentação (abstrato) Inimigos Debatedores Confronto Discussão Quadro 2. Metáfora “argumentação é guerra” Como você pode observar, o domínio-fonte projeta sentidos (inclusive frutos de experiências reais do falante) no domínio-alvo. Isso faz com que a argu- mentação, uma abstração, adquira características oriundas do domínio-fonte. Considere o seguinte: Entre os dois domínios estabelecem-se analogias estruturais: os participantes de uma discussão correspondem aos adversários de uma guerra, o conflito de opiniões corresponde às diferentes posições dos beligerantes, levantar objeções corresponde a atacar e manter uma opinião a defender, desistir de uma opinião corresponde a render-se, etc. Tal como uma guerra, uma batalha ou uma luta, também uma discussão, um debate ou o processo de argumen- tação pode dividir-se em fases, desde as posições iniciais dos oponentes até a vitória de um deles, passando por momentos de ataque, defesa, retirada, contra-ataque (SILVA, 1997, p. 13). Semântica cognitiva8 Chiavegatto (2009, p. 89) mostra que a metáfora também influencia outros processos de significação: Com as informações que são transferidas entre os domínios, construímos novos significados com relações que se processam no contexto. [...]. As cor- respondências efetuadas podem explicar, por exemplo, processos figurativos como as metáforas e suas extensões em figuras como analogias, comparações, personificações, hipérboles, eufemismos. A metáfora, à luz da semântica cognitiva, se constitui a partir da dinâmica dos domínios, os quais não só estruturam o pensamento humano, como também auxiliam na significação, bem como na compreensão do mundo pelo falante. Neste capítulo, você estudou os pressupostos teóricos fundamentais da semântica cognitiva. Como você viu, ela é um braço da linguística cognitiva, que surgiu a fim de questionar os princípios gerativistas. De modo ímpar, a linguística cognitiva trouxe para a semântica a cognição como elemento importante do processo de significação. Além disso, como você viu, para a semântica cognitiva, o sentido é estabelecido entre a palavra e o mundo, em um processo mediado pela cognição humana. Nesse processo, a interpretação se configura a partir de formulações de categorias que classificam e organizam a realidade. Porém, a categorização não é feita de maneira engessada e estanque. Na verdade, ela se comporta por meio de protótipos, aliando elementos com um maior conjunto de características (nucleares) a elementos com um menor conjunto de características (periféricos). Por último, você estudou a relação entre a categorização e a metáfora, que se mostra um fenômeno importante na significação. Afinal, por meio da projeção de domínios, a metáfora permite expandir e atribuir novos sentidos às mais distintas expressões linguísticas. 9Semântica cognitiva CANÇADO, M. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. Belo Horizonte: UFMG, 2005. CHIAVEGATTO, V. C. Introdução à linguística cognitiva. Matraga, v. 16, n. 24, 2009. Dis- ponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/27797. Acesso em: 16 abr. 2020. CHOMSKY, N. Syntactic structures. Paris: Mouton, 1972. CORTEZ, C. M. Formalismo x funcionalismo: abordagens excludentes? PERcursos Lin- guísticos, v. 1, n. 1, p. 57-77, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/percursos/ article/view/1188. Acesso em: 16 abr. 2020. FERRARI, L. Modelos de gramática em linguística cognitiva: princípios convergentes e perspectivas complementares. Cadernos de Letras da UFF, n. 41, p. 149-165, 2010. Dis- ponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/41/ artigo7.pdf. Acesso em: 16 abr. 2020. LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metaphors we live by. London: University of Chicago, 2003. MARTELOTTA, M. E.; PALOMANES, R. Linguística cognitiva. In: MARTELOTTA, M. E. (org.). Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2012. p. 176-192. ROSCH, E. Principles of categorization. In: ROSCH, E.; LLOYD, B. (ed.). Cognition and categorization. Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1978. p. 27-48. SILVA, A. S. da. A semântica de deixar: uma contribuição para a abordagem cognitiva em semântica lexical. 1997. Dissertação (Doutoramento) – Faculdade de Filosofia, Universidade Católica Portuguesa, Braga, 1997. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Semântica cognitiva10 DICA DO PROFESSOR A Semântica Cognitiva tem por princípio estudar o significado com base na interação entre palavra e mundo, sempre mediada pela cognição humana, uma vez que a faculdade da linguagem não é autônoma, mas sim integrada a outras faculdades da mente. Todavia, como a mente não é desassociada do corpo, se diz que essa mediação é feita a partir da corporificação do pensamento. Nesta Dica do Professor, você vai aprender o conceito de corporificação do pensamento. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Semântica Cognitiva surgiu a partir da Linguística Cognitiva em 1980. Essa vertente da Semântica e também da Linguística surgiu, sobretudo, devido ao gerativismo. A partir disso, veja as asserções abaixo: I. A Semântica Cognitiva e a Linguística Cognitiva criticam o inatismo da linguagem apregoado pelo gerativismo. PORQUE II. Para as duas primeiras, a faculdade da linguagem está associada a outras faculdades da mente humana. Agora, marque a opção correta: A) As asserções I e II são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa da primeira. B) A asserção I é verdadeira e a II é falsa. C) As asserções I e II são verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa da primeira. D) As asserções I e II são falsas. E) A asserção I é falsa e a II é verdadeira. 2) A Semântica Cognitiva surgiu em 1980, como braço da Linguística Cognitiva, e buscou estudar o significado a partir da perspectiva: A) da argumentação. B) da enunciação. C) da mente. D) da referencialidade. E) da cultura. 3) De acordo com a teoria prototípica de Rosch (1978), considere N para núcleo e P para periférico. Depois, classifique os elementos a seguir, cada um dentro da sua própria categoria: ( ) Vaca ( ) Pinguim ( ) Peixe-boi ( ) Pardal Assinale a alternativa que contém a sequência correta: A) N, P, N, P. B) N, P, P, P. C) N, N, N, P. D) N, P, N, N. E) N, P, P, N. 4) Leia as asserções abaixo: I. O conceito de categorização na Semântica Cognitiva é uma capacidade cognitiva aliada à linguagem de identificação e organização do mundo pelo falante. II. A teoria prototípica desenvolvida por Rosch (1978) veio responder questionamentos dos quais a categorização sozinha não dá conta. III. Na teoria prototípica, dentro de uma categoria,existe uma igualdade entre o elemento nuclear e o periférico. Sobre as asserções, marque a opção correta: A) As asserções I e III são verdadeiras. B) As asserções II e III são verdadeiras. C) Somente a asserção I é verdadeira. D) As asserções I e II são verdadeiras. E) Apenas a asserção III é verdadeira. 5) De acordo com a projeção de domínio da metáfora "tempo é dinheiro", segundo a Semântica Cognitiva, pode-se afirmar que: A) o domínio-fonte é o tempo. B) a atribuição de sentido temporal é direcionada ao dinheiro. C) o domínio-fonte é o dinheiro. D) o domínio-alvo é o dinheiro. E) a projeção de domínio pressupõe a incongruência entre dois domínios. NA PRÁTICA Um dos fenômenos semânticos mais estudados na Semântica Cognitiva é a metáfora. Ela é considerada um processo cognitivo que permite compreender um domínio de experiência a partir de outro, promovendo a plasticidade da língua e a construção de novos sentidos. Porém, ainda que a teoria da projeção de domínios relacionada à metáfora exija um nível de abstração grande, ela pode ser esquematizada de modo que se torne mais compreensível, sobretudo na Educação Básica. Neste Na Prática, você vai ver como aplicar essa projeção de domínios de uma maneira mais viável a partir de uma aula de Literatura para o Ensino Médio. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O fenômeno da categorização Neste artigo de Luciana Krebs, você pode se aprofundar mais sobre o conceito de categorização. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Trabalho e natureza: uma leitura semântico-cognitiva em textos dos séculos XIX, XX e XXI Neste artigo de Eliane Silva, você pode esmiuçar mais o conceito de metáfora à luz da Semântica Cognitiva. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Mente corporificada: mapeamento do conceito, interfaces e possibilidades de aplicação Neste artigo de Maria Avelar, você pode estudar mais sobre o conceito de corporificação e o seu papel dentro da Linguística e da Semântica Cognitiva. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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