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Semântica Argumentativa - Estudos dos Sentidos para o Ensino de Língua Portuguesa

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Semântica Argumentativa: 
Estudos dos Sentidos para o 
Ensino de Língua Portuguesa
Michel Marcelo de França
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62
4_
v1
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro 
meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de infor-
mação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação 
e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Danielle Leite de Lemos Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Ricken Barbosa
Priscila Pereira Silva
Coordenador Danielle Leite de Lemos Oliveira
Revisor Daniela Vitor Ferreira Silva
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Daniella Fernandes Haruze Manta
Flávia Mello Magrini
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 França, Michel Marcelo
F814s Semântica argumentativa : estudos dos sentidos para o
 ensino da língua portuguesa / Michel Marcelo França – 
 Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
 149 p.
 
 ISBN 978-85-522-0657-6
 
 1. Semântica argumentativa. 2. Língua portuguesa. 3.
 Ensino. I. França, Michel Marcelo. II. Título.
CDD 410
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Thamiris Mantovani CRB: 8/9491
SUMÁRIO
Tema 1: Estudo dos significados em língua materna ................ 6
Tema 2: As diferentes abordagens semânticas ......................... 19
Tema 3: Texto e argumentação ................................................... 33
Tema 4: Semântica argumentativa ............................................. 49
Tema 5: Teoria da polifonia ........................................................... 64
Tema 6: Teoria dos topoi ............................................................... 79
Tema 7: Blocos semânticos .......................................................... 93
Tema 8: Semântica no ensino de língua portuguesa ................ 108
A Linguística e suas áreas de estudo e respectivas ramificações cons-
tituem um fecundo terreno para investigações, descobertas e incertezas. 
Diferentemente do campo das ciências exatas, em humanas, especialmente 
nos domínios da linguagem, a interpretação da subjetividade inerente às 
relações sociais, culturais, e, portanto, ideológicas, torna a acepção da 
verdade um processo intangível, dando lugar ao verossímil e ao plausível 
(FRANÇA, 2015). 
Nessa perspectiva, em meio a outras disciplinas, como a Semiótica e a 
Semiologia, figura a semântica como uma das áreas legitimadas à investi-
gação do significado dos signos linguísticos e extralinguísticos. Esta disci-
plina possui diferentes vertentes que vão das mais tradicionais, como a 
Estruturalista e a Lógica, às mais vanguardistas, como a Semântica-Argu-
mentativa e seus desdobramentos. 
Embora os manuais de ensino contemplem alguns tópicos semânticos 
em suas sequências didáticas − como o estudo de sinônimos/antônimos, 
homônimos/parônimos, hiperônimos/hipônimos, polissemia, conotação/
denotação, funções e figuras de linguagem etc. −, os estudos fonológicos, 
morfológicos e sintáticos estruturalistas ainda ocupam maior espaço nos 
livros escolares e na própria prática docente no ensino de Língua Portu-
guesa enquanto língua materna. 
Atenta a essa problemática e às transformações recorrentes do advento 
das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), a nova Base 
Nacional Curricular Comum (BNCC), de 2017, convida-nos a refletir sobre 
essas questões com vista a uma mudança de paradigma rumo ao ensino 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
participativo, colaborativo e, principalmente, significativo da Língua Portu-
guesa. Nesse cenário, a semântica exerce papel de destaque, uma vez que 
é a disciplina que se ocupa em descrever o sentido e suas determinações. 
Considerando a relevância da semântica nesse novo cenário educacional 
que se desenha, é importante que você conheça melhor essa disciplina e 
se aprofunde em seu estudo. Para isso, nesse percurso, você vai conhecer 
diferentes vertentes semânticas e seus respectivos pressupostos, além de 
refletir sobre a aplicabilidade e relevância dessas teorias à melhora qualita-
tiva dos processos de letramentos em língua materna. 
Bons estudos!
1 Estudo 
dos 
significados 
em língua 
materna
7
Objetivos Específicos
• Delimitar o campo de estudo da semântica;
• Apresentar a natureza epistemológica do estudo semântico;
• Refletir sobre a importância da semântica para o ensino de Língua Materna (LM).
Introdução
Etimologicamente, a palavra semântica tem sua origem no grego, sēmantiká, o plural neutro 
de semantikos, cujo sentido é igual a significativo e/ou marcado. Outra possível origem seria a pala-
vra grega semainein, verbo que significa mostrar e é derivada da palavra sema, que significa sinal e 
é sinônima de semîon, que significa signo. Cabe considerar também que a semântica, enquanto área 
de investigação da Linguística, caracteriza-se pelo estudo do significado dos signos linguísticos (1), 
sejam eles isolados ou articulados: grafemas, morfemas, palavras, frases e enunciados.
A natureza do significado intriga teóricos e pesquisadores de toda ordem, principalmente no que 
versa sobre o seu grau de realidade. É fato, pois, que este não constitui o objeto a que se refere, mas 
é a representação psíquica deste, ou seja, uma imagem mental e simbólica, razão pelo qual reflete 
o conceito e não o objeto em si. 
Nesse campo de estudo, além de se estudar o significado de unidades linguísticas, são também 
analisadas as transformações e nuances de sentido a que estão expostos os signos linguísticos, 
decorrentes fatores alheios à relação dicotômica “significado/significante” proposta por Saussure 
(2012). Essas transformações e nuances se dão pois a língua e seu uso estão submetidos a questões 
de ordem situacional, relacional e contextual. A consideração desses fatores externos ao sistema lin-
guístico em um estudo semântico depende da perspectiva teórica à qual ele se filia, pois, em uma 
perspectiva de ordem estruturalista ou de ordem referencialista, os fatores externos não são consi-
derados no estudo do sentido.
Em razão de sua flexibilidade e expansividade, a semântica por vezes é comparada à semiologia 
e/ou semiótica (2), cujo objeto de estudo, o signo, é a essência da representação de todo e qualquer 
8
fenômeno físico, metafísico, biológico, quí-
mico e/ou psíquico, abrangendo, assim, as 
linguagens verbais e não verbais. 
1. Semântica 
e semiologia/
semiótica: entre 
dois reinos 
distintos, mas interconectados
A exemplo de outras áreas, a Semântica também não possui vertente única e homogênea. Para 
além dos pressupostos teóricos e conceituais presentes nos manuais didáticos, de acordo com 
(FRANÇA, 2009), diferentes linhas de pesquisa de bases epistemológicas (3) distintas ora encontram 
pontos de convergência, ora se excluem mutuamente. 
Aristóteles (Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322), pai da Retórica, uma das 
mais antigas ciências da linguagem, herda de seu mestre, Platão, um ensi-
namento sobre o Crátilo (4), a respeito da 
origem das palavras e, subsequentemente, 
da linguagem. Os estudos de Aristóteles 
teriam, de acordo com alguns pesquisado-
res, inaugurado os estudos linguísticos sobre 
a significação, sendo, portanto, um estudo 
embrionário dos signos. 
Em suas investigações,Aristóteles con-
cluiu que o signo é uma espécie de conector 
das representações intrínsecas e extrínsecas 
 
Para saber mais
(2) A semiologia: Ciência que se dedica ao estudo 
dos signos, dos modos que representam algo difer-
ente de si mesmo, e de qualquer sistema de comu-
nicação presente numa sociedade. Segundo Roland 
Barthes, análise das definições que são atribuídas 
às situações sociais tidas como sistemas de signifi-
cação; estudo das imagens, dos gestos, dos cos-
tumes, das tradições etc.
 
 
Para saber mais
(4) Crátilo  (do grego antigo Kratulos): Diálogo 
platônico no qual Sócrates, seu mestre, é questio-
nado por dois homens, Crátilo e Hermógenes, sobre 
a origem dos nomes à luz de duas reflexões: “con-
vencionais” ou “naturais”, isto é, se a linguagem é 
um sistema de símbolos arbitrários ou se as pala-
vras possuem uma relação intrínseca com as cois-
as que elas significam. Este texto tornou-se uma 
referência filosófica no período clássico por cont-
er estudos sobre Etimologia e Linguística (SEDLEY, 
2003, p. 22-23).
 
9
entre os seres e o meio, pelo qual a língua passa a ser entendida não como um composto de sons 
aleatórios e arbitrários, mas como um conjunto convencionalmente significativo, um indicativo da 
racionalidade humana legitimada pelas tradições. Assume-se, assim, o convencionalismo aristoté-
lico e o assentimento do caráter político e social da linguagem (FRANÇA, 2015) 
Para Saussure (2012), a língua é um sistema de signos que exprime ideias, portanto, a concepção 
de uma ciência que estude a semiose no bojo das práticas sociais está para além dos domínios da 
semântica. O que denominou como Semiologia necessitaria interagir com a Psicologia Social e, por 
conseguinte, com a Psicologia Geral. 
Ainda no esforço de delimitar a fronteira entre ambas, convencionou-se 
que a dimensão semântica reserva-se ao 
estudo dos conteúdos em si, ao passo que 
a Semiologia (5) e/ou Semiótica (6) à inves-
tigação dos processos de significação em 
linhas gerais. Em outras palavras, a primeira 
se ocuparia do signo linguístico, a posterior 
dos signos verbais e não verbais e de suas 
respectivas semioses (7).
1.1 Histórico do estudo semântico
Ao findar do século XIX, foram estabelecidos por Bréal (8) os princípios 
de uma semântica diacrônica (9), cuja fina-
lidade era estudar a semiose das pala-
vras, visando observar os mecanismos que 
regem as suas transformações. Já no início 
do século seguinte, uma semântica voltada 
à descrição sincrônica (10) dos significados 
emerge objetivando delimitar e analisar os 
 
Link
• (5) Iniciação à Semiologia saussuriana. Di-
sponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=c5D1UGk5Qm0> . Acesso em: 08 de 
fev. 2018.
• (6) Iniciação à Semiótica de Peirce: Disponível 
em: <https://youtu.be/NN-KVLIrVn4>. Acesso 
em: 08 de fev. 2018.
 
 
Para saber mais
(8) Michel Bréal (1832-1915) foi um linguista francês, 
o primeiro a estudar cientificamente a polissemia. 
Para conhecer um pouco do seu estudo, consulte:
BRÉAL, Michel. Ensaio de Semântica: ciência das 
significações. Tradução de Aída Ferrás et al. São 
Paulo: Pontes, 1992.
 
https://www.youtube.com/watch?v=c5D1UGk5Qm0
https://www.youtube.com/watch?v=c5D1UGk5Qm0
https://youtu.be/NN-KVLIrVn4
10
campos semânticos. Essa abordagem, cujo 
foco era a taxonomia (11a), não era pautada 
em critérios imanentes (11b) da linguagem, 
mas em aspectos associacionistas para o 
estudo no âmbito do conteúdo (FIORIN, 
2008).
Em 1957, Hjelmslev propõe as bases para 
uma semântica estrutural, argumentando 
que tanto a fonologia quanto a gramática 
apresentam uma estrutura evidenciada e representada. Tais características legitimariam o processo 
investigativo, pois o arsenal empregado está logrado à língua.
O objetivo da semântica estrutural seria o desenvolvimento de uma investigação imanente, sem 
categorias de significados fundamentadas em classificação extralinguística, restringindo o escopo 
investigativo ao nível linguístico e instaurando duas perspectivas semânticas concorrentes: a estru-
tural diacrônica e a estrutural contrastiva, cujo escopo era o léxico.
Ainda nessa perspectiva, do ponto de vista discursivo, a distinção entre semântica, sintaxe, prag-
mática ou mesmo a fonologia mostra-se plausível quando a finalidade é didático-pedagógica, no 
entanto, na condição de método, a indissolubilidade é mister, posto que a sinergia entre unidades de 
significação, as regras de combinação entre estas e os usos em determinados 
contextos situacionais não devem ser tratadas separadamente, já que con-
correm à mesma teia de sentidos (12). 
Para França (2009), para além do enten-
dimento sobre a semântica enquanto disci-
plina da linguística que se ocupa do sentido 
e dos seus conceitos mais recorrentes em 
manuais didáticos - sinônimo, antônimo, 
parônimo, homônimo, campo semântico, 
 
Assimile
(9/10) Saussure, em seu Curso de Linguística Geral, 
propõe que a língua seja estudada a partir da di-
cotomia diacronia/sincronia. A diacronia ocupa-se 
do estudo dos termos sucessivos que se substituem 
uns aos outros no tempo, e a sincrônica estabelece 
os princípios de todo sistema sígnico, devendo con-
siderar que os fatores constitutivos de todo estado 
de língua atendem à Gramática (SAUSSURE, 2012).
 
 
Para saber mais
Greimas (1967, p. 125): A descrição de uma estru-
tura não é mais que a construção de um modelo 
metalinguístico, percebido em sua coerência inter-
na e capaz de mostrar o funcionamento, no seio de 
sua manifestação, da linguagem que se propõe de-
screver.
 
11
hipônimo, hiperônimo, campo lexical etc. –, é necessário considerar a existência de um contexto 
sociocultural que fomenta a dinâmica lexical, operacionalizando a criação de neologismos, emprésti-
mos linguísticos, expressões idiomáticas etc., por meio de um processo de concepção que decorre da 
atividade cognitiva, resultando na concretude da palavra. 
Nas instâncias extralinguísticas, o político, o social e o cultural são exteriorizados, desnudados 
por meio das respectivas escolhas lexicais que o usuário da língua faz deste sistema sígnico, cuja 
natureza é ideológica e, portanto, admitem significados que reportam a algo para além de si mesmo, 
durante um processo dialógico discursivo em uma dada situação enunciativa, ratificando Bakhtin 
(2010, p. 37) quando afirma que:
O signo é criado por uma função ideológica precisa e permanece inseparável dela. A pala-
vra, ao contrário, é neutra em relação a qualquer função ideológica específica. Pode preen-
cher qualquer espécie de função ideológica: estética, científica, moral, religiosa. 
1.2 O papel da Semântica no ensino de língua materna
A distância entre o conhecimento científico produzido nos centros acadêmicos e o disseminado 
nas instituições de Ensino Superior e Educação Básica, na maioria das vezes, é caracterizada por um 
hiato intelectual. Os desafios rumo à construção de um modelo educacional inovador e que estimule 
a criatividade diante das inovações tecnológicas e das novas práticas sociais mediadas por estas. 
A semântica enquanto ciência não está restrita ao campo dos estudos linguísticos, embora seja natu-
ral deste. À guisa de exemplo, cita-se a web semântica (13) que, em colabora-
ção com a sintaxe, atua na descrição do significado de construções válidas para a 
organização de um conjunto de regras que define a forma de uma linguagem, 
estabelecendo como são compostas as suas 
linguagens, bem como as normas de com-
posição das estruturas básicas (palavras).
Dito isto, demonstrar a necessidade da 
abordagem semântica nas atividades do 
 
Link
(13) O que é web semântica? Disponível em: 
<https://www.tecmundo.com.br/web/800-o-que-
e-web-semantica-.htm>. Acesso em: 28 jan. 2018. 
 
https://bit.ly/2JgVNXq
https://bit.ly/2JgVNXq
12
ensino de língua materna é mais que defender a priorização de uma área de estudos linguísticos em 
detrimento de outra, na verdade, é assumir que os pressupostosteóricos dessa ciência estão enraizados 
na própria natureza comunicativa humana e em seus respectivos recursos midiáticos.
Em consonância com os propósitos teórico-metodológicos da Base Nacional Curricular Comum, os 
componentes de ensino de Língua Portuguesa (14) enquanto Língua Materna devem contemplar o 
entendimento das transformações das práticas comunicativas motivadas pelas TDIC (15), das quais 
assume-se a visão enunciativa-discursiva da linguagem sob o entendimento de que esta é uma ativi-
dade interindividual de exercício da cidadania em uma sociedade letrada. 
FIGURA 1 - Texto sincrético (veja o exemplificando)
FONTE: UOL, 2018, on-line.
13
Em consonância com os propósitos teó-
rico-metodológicos da Base Nacional 
Curricular Comum, os componentes de 
ensino de Língua Portuguesa (14) enquanto 
Língua Materna devem contemplar o enten-
dimento das transformações das práticas 
comunicativas motivadas pelas TDIC (15), 
das quais assume-se a visão enunciativa-
discursiva da linguagem sob o entendimento 
de que esta é uma atividade interindividual 
de exercício da cidadania em uma sociedade 
letrada.
Concluindo, a BNCC sugere a transposição 
da prática educativa baseada em exercícios 
de cunho morfológico e sintático para ativi-
dades que fomentem a reflexão sobre a lín-
gua, contemplando a construção de sentido 
por meio de análise semântico-discursiva.
Questão para reflexão
Após todo estudo compartilhado neste 
material, você teve contato com diferentes 
vertentes de pesquisa na área de semântica. 
Baseando-se nestes estudos, construa um 
texto no qual você apresente uma reflexão sobre como empregar esta ciência no ensino de Língua 
Portuguesa enquanto língua materna. 
 
Exemplificando
A interpretação do composto textual desse portal 
de notícias (figura 1), constitui um território fecun-
do à demonstração. Note que são exploradas as 
cores vermelhas e pretas na composição do con-
traste de todos os anúncios e manchetes. Observe 
que traçado um percurso entre os destaques em 
vermelho, você terá: “69%”, “Eu quero”, “Lula pode 
ser preso”, mera coincidência? Talvez, interpretar, 
atribuir significado, construir sentido sobre a re-
alidade, é um processo de escolhas, observação e 
rearranjos. 
Um profissional de comunicação e linguagem não 
faz escolhas ingênuas, até porque nenhum dis-
curso é neutro e despido de ideologia. Seria o “eu” 
o desejo do enunciador? Seria a cifra “69%” uma 
analogia quantificadora ao percentual de pessoas 
que supostamente também desejam? A expressão 
modalizadora “pode ser” atenua o tom do discurso. 
Ao observar os quadros em preto, traça-se também 
um paralelo em quem são comunicadas as grande-
zas, note: “144,90 e 44,90”; “95”; “23 e 2º”. Seria 
também fruto do acaso a gradação numérica de-
crescente? Seria uma tentativa de construir uma 
sensação de valores do mais para o menor, sendo o 
último recaído sobre o seu referente? 
No quadrante pontilhando em que se encontra o 
jogador Neymar Júnior é possível notar na direita 
abaixo um anúncio sobre o mundial na UOL, no su-
perior direito o anúncio de outro produto também 
com a logo UOL. A disposição entre os três enun-
ciados é novamente triangular. Nota-se que, após 
analisar essas diferentes relações enunciativas, um 
padrão organizacional começa a ser desenhado o 
que nesse objeto mostrou-se eficiente.
É claro que está é apenas uma leitura entre as mui-
tas que podem ser feitas. Trata-se apenas de uma 
exemplificação de leitura e interpretação funda-
mentada em pressupostos linguísticos, semânticos 
e semióticos, a aplicação de um vasto arsenal à 
prática de leitura.
 
14
Considerações Finais
• É importante considerar que há uma 
linha tênue entre os domínios da 
semântica e da semiótica, que por 
vezes promove enganos conceituais, 
epistemológicos e de finalidade.
• A semântica não possui base teó-
rica homogênea, uma vez que seus 
construtos epistemológicos são dis-
tintos, sendo ora convergentes, ora 
divergentes, e/ou mesmo mutua-
mente excludentes.
• Embora Aristóteles já contemplasse 
em seus estudos a noção de signo e a importância do significado à linguagem, foi Ferdinand de 
Saussure que na modernidade forneceu bases teóricas conceituais para o desenvolvimento da 
Linguística e, consequentemente, da Semântica. 
• O estudo da Semântica no ensino de Língua Portuguesa enquanto língua materna não se 
caracteriza como modismo científico, mas como resposta às necessidades comunicativas da 
contemporaneidade mediadas pela multimodalidade linguística nativa das práticas sociais 
letradas digitais.
Glossário
Signo Linguístico: É uma unidade psíquica de duas faces, a união do conceito com a imagem acús-
tica. O primeiro, significante (plano da expressão - fonética), que é a parte sensível. O segundo, o 
significado (ou ideia), é a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos situ-
amos, representação essa condicionada por nossa formação sociocultural (SAUSSURE, 2012, p.106).
 
Para saber mais
O componente Língua Portuguesa da BNCC (BRA-
SIL, 2017, p. 65, on-line) dialoga com documen-
tos e orientações curriculares produzidos nas úl-
timas décadas, buscando atualizá-los em relação 
às pesquisas recentes da área e às transformações 
das práticas de linguagem ocorridas neste século, 
decorrentes, em grande parte, do desenvolvimento 
das tecnologias digitais da informação e comuni-
cação (TDIC). Assume-se aqui a perspectiva enun-
ciativo-discursiva de linguagem, já assumida em 
outros documentos, como os Parâmetros Curricu-
lares Nacionais (PCN), para os quais a linguagem é 
“[...] uma forma de ação interindividual orientada 
para uma finalidade específica; um processo de in-
terlocução que se realiza nas práticas sociais exis-
tentes numa sociedade, nos distintos momentos de 
sua história” (BRASIL, 1998, p. 20, on-line).
 
15
Epistemologia: Significa discurso (logos) sobre a ciência (episteme). (Episteme + logos). 
Epistemologia: é a ciência da ciência. Filosofia da ciência. É o estudo crítico dos princípios, das 
hipóteses e dos resultados das diversas ciências. É a teoria do conhecimento (ESSER, 1994, on-line). 
Semiose: Termo introduzido pelo filósofo e matemático norte-americano Charles Sanders Peirce, 
designando o processo de significação e a produção de significados (CARVALHO, 2016, on-line). 
Taxonomia: É o estudo científico responsável por determinar a classificação sistemática de dife-
rentes coisas em categorias (SIGNIFICADO DE TAXONOMIA, 2018, on-line).
Imanente: Que faz parte de maneira inseparável da essência de um ser ou de um objeto; ine-
rente. [Filosofia] que está contido na parte da experiência possível, fazendo com que a realidade 
seja percebida através da utilização dos sentidos; segundo o Kantismo, diz respeito aos concei-
tos e/ou preceitos de teor cognitivo. [Filosofia] que se refere à comprovação empírica da realidade 
(IMANENTE, 2018, on-line). 
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-A semântica, entendida como a disciplina que estuda o significado, nas pers-
pectivas contextual e contextual-situacional, transcende a investigação da palavra para 
elementos extralinguísticos tais como: 
a) a natureza dos signos linguísticos.
b) os tipos de signos linguísticos.
c) os signos contextuais e relacionais.
d) os aspectos contextuais e situacionais. 
e) a gênese dos signos relacionais.
16
QUESTÃO 2-Aristóteles postula que o signo é uma espécie de conector das representações 
intrínsecas e extrínsecas, entre os seres e o meio. Nesse sentido, compreende-se que:
a) o signo é uma unidade estanque com sentido em si mesma.
b) o signo é uma parte do real significado das coisas.
c) o signo é fundamentado nas crenças dos interlocutores.
d) o signo representa a realidade concreta da mente.
e) o signo conecta a natureza material e conceitual da linguagem.
QUESTÃO 3-É correto afirmar que a semântica estrutural:
I. visa à investigação imanente.
II. objetiva um estudo do significado sem elementosextralinguísticos.
III. está atrelada à linguística diacrônica.
IV. baseia-se na concepção estruturalista da linguagem.
Estão corretos apenas os itens:
a) I e III.
b) I, II e IV.
c) I, III e IV.
d) I e II.
e) II e IV.
17
Referências Bibliográficas
BAKHTIN, M. M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método 
sociológico da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira, com a cola-
boração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. 14. ed. São Paulo: 
Hucitec, 2010.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1998. 107p. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf>. Acesso em: 07 maio 2018.
______. Base Nacional Curricular Comum. Brasília: MEC, 2017. 65p. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/index.php>. Acesso em: 28 jan. 2018.
BRÉAL, M. Ensaio de Semântica. Tradução de Aída Ferrás et al. São Paulo: Pontes, 1992.
CARVALHO, Felipe. Semiose e semiótica. In: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. 23 set. 
2016. Disponível em: <https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/semio-
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Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa D
Nas perspectivas contextual e contextual-situacional são considerados elementos extralinguísti-
cos como o contexto, a situação e o nível relacional e/ou interpessoal.
QUESTÃO 2-Alternativa E
O signo é uma espécie de conector das representações intrínsecas e extrínsecas entre os seres e o 
meio pelo qual a linguagem passa a ser entendida não apenas como um composto de sons aleatórios 
e arbitrários, mas um conjunto convencionalmente significativo.
QUESTÃO 3-Alternativa B
A semântica estrutural visa criar um conjunto analítico semelhante ao da Fonologia e ao da 
Gramática, desenvolvendo uma investigação imanente, sem categorias extralinguísticas, e está a 
atrelada à abordagem estrutural contrastiva. 
https://bit.ly/2JGvuXw
https://bit.ly/2JGvuXw
http://www.aulete.com.br/taxonomia
http://www.aulete.com.br/taxonomia
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40601994000100012
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40601994000100012
https://bit.ly/2hQsRod
2
As 
diferentes 
abordagens 
semânticas
20
Objetivos Específicos
• Apresentar as diferentes vertentes semânticas e seus respectivos fundamentos; 
• Explicitar os respectivos construtos teóricos e operacionais de cada escola semântica;
• Refletir sobre as diferentes correntes semânticas e seus respectivos representantes. 
Introdução
Conforme já foi visto no capítulo introdutório, a semântica é o estudo dos significados imanentes 
das palavras, símbolos, imagens, frases, orações, enunciados, em linhas gerais, a investigação do 
todo que compõem o texto. Você também já sabe que esse campo de pesquisa, do ponto de vista 
gramatical, está diretamente associado à Sintaxe e à Fonologia. 
Neste capítulo, você conhecerá um pouco mais sobre as diferentes correntes semânticas, seus 
fundamentos teóricos e respectivos precursores. Será possível conhecer o objeto de estudo de cada 
uma dessas abordagens e a forma como cada qual concebe o seu processo hermenêutico.
Esperamos que ao final dos estudos deste capítulo você tenha compreendido o porquê da exis-
tência de tantas vertentes no campo das pesquisas semânticas e que, principalmente, seja capaz de 
associá-las às diferentes instâncias da linguagem de que se ocupam. 
Tais constatações permitirão fazer escolhas conscientes dentro do cabedal teórico à disposição, 
tornando possível investigar a dinâmica da construção de significado e/ ou sentido, a depender da 
abordagem empregada, com vistas ao processo de ensino de Língua Portuguesa e os aspectos que 
se deseja evidenciar em cada etapa dos estudos linguísticos.
1. As Diferentes Escolas Semânticas 
Como acontece em toda e qualquer área da ciência, a Semântica também possui diferentes ver-
tentes epistemológicas e, por conseguinte, abordagens distintas de investigação do significado em 
níveis díspares, tornando-a uma disciplina ampla e fecunda enquanto instrumento de construção de 
sentido da palavra ao discurso.
21
Nas diversas escolas de estudos semânticos, entre as principais correntes, podem ser destacadas: 
a abordagem estrutural de Saussure e Hjelmslev, denominada como semân-
tica lógica ou da palavra isolada; a contextual de Pottier; a contexto-situ-
acional de Ducrot; e a transformacional de 
Chomsky (FRANÇA, 2009, on-line). 
Cada qual com suas contribuições e limi-
tações que, em determinados casos, ora 
contingentes, ora mutuamente excluden-
tes, mas que, todavia, compõem um vasto 
arsenal a serviço das práticas comunicativas 
letradas mediadas pelos signos linguísticos 
verbais e não verbais, se considerada como 
estrutura do magma da Semiótica (1).
1.1 A Escola Estruturalista 
A semântica estrutural desenvolveu-se baseada nos moldes analíticos e discricionários da 
Fonologia e da Sintaxe, na busca de conceber um conjunto de categorias e classificações semânti-
cas que pudessem limitar a construção de sentido à análise do objeto, desconsiderando os elemen-
tos extralinguísticos como unidades de sentido. 
Nesse sentido, a frase é entendida como uma segmentação lógica, ao passo que o período é 
entendido como uma fisiologia emocional. A dicotomia saussuriana – eixo paradigmático e sintag-
mático – contribui para relação entre as escolhas lexicais e a organização lógica constituída, com 
vista à construção de sentido durante a operacionalização do sistema linguístico. 
Resumindo, a língua enquanto um sistema arbitrário de signos à disposição do falante, mate-
rializa as intenções comunicativas do usuário à medida que este opta por uma determinada lógica 
estruturante, entre as diversas possibilidades paradigmaticamente preestabelecidas à organização 
do conjunto sintagmático, razão pelo qual o significado, embora atrelado ao léxico (palavra/ signo), 
 
Link
A semiótica parece ainda uma disciplina sem fron-
teiras; portanto, nós a abordaremos criticamentepara questioná-la sobre o texto. As respostas par-
ciais que obteremos levar-nos-ão a propor outras 
questões no campo epistemológico. Para nós, a lin-
guística é a semiótica das línguas e dos textos. Uma 
vez que a semiótica e a linguística conheceram des-
tinos separados, é preciso examinar suas relações.
Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.
php/actas/article/viewFile/14633/8284>. Acesso 
em: 04 de fev. 2018.
 
http://periodicos.ufpb.br/index.php/actas/article/viewFile/14633/8284
http://periodicos.ufpb.br/index.php/actas/article/viewFile/14633/8284
22
verdadeiramente, emane da conjectura 
organizacional em que está inserido. 
Isso ratifica o entendimento de que a 
semântica estrutural tem como recurso fun-
damental à construção de sentido, uma 
análise morfossintática na qual a classe e a 
função dos sintagmas (2a), quando realoca-
das na estrutura paradigmática (2b) resul-
tam em projeções significativas distintas.
1.2 A Semântica Lógica 
Baseado no pensamento socrático e pla-
tônico, Aristóteles (384-322 a.C.) inaugura a 
Lógica enquanto ciência, tendo por essência 
os seguintes estudos:
• As definições universais usadas por 
Sócrates (469-399 a.C.); 
• O uso da redução ao absurdo de Zenão 
de Eléia (490-420 a.C.);
• A estrutura proposicional e negação de Parmênides (515-445 a.C.) e Platão (428-347 a.C.); 
• As técnicas argumentativas encontradas no raciocínio legal e provas geométricas. 
Denominado como órganon (3), o conjunto lógico aristotélico constitui o alicerce dos princípios 
da semântica lógica, na qual afirma-se que uma proposição é um complexo envolto em dois termos: 
um sujeito e um predicado, cuja representação se dá, gramaticalmente, por meio de um substantivo. 
Ao aplicar a teoria de oposição e conversão, o ateniense investigava as relações entre duas proposi-
ções contendo os mesmos termos, o que resultou em uma de suas maiores contribuições aos estu-
dos desse campo, as proposições combinatórias conhecidas como silogismos (4)
 
Para saber mais
(2ab) O estudo da dicotomia dos eixos paradigmáti-
co e sintagmático permite o perfeito entendimento 
das relações entre as escolhas lexicais e a forma 
pela qual as organizamos no uso da língua com vis-
ta à construção de sentido (SAUSSURE, 2012).
 
 
Exemplificando
EX.1 - Além de linda, Maria é uma grande mulher.
 Adj. Subst.
EX.2 - Além de linda, Maria é uma mulher grande. 
 Subst. Adj.
No Exemplo 1, conclui-se que Maria é uma pessoa 
dotada de qualidades e predicativos nobres, pois o 
adjetivo está anteposto ao substantivo. Já no Ex-
emplo 2, com o adjetivo posposto ao substantivo, 
observa-se que o sentido é de que Maria é uma 
mulher alta, grande, ou mesmo obesa etc.
 
23
A seguir, analisemos as próximas proposições à luz dos princípios, em especial, o da oposição/ 
conversão e sujeito/ predicado:
1. Todos os homens mentem. (premissa maior) 
2. Marivaldo é um homem. (portanto/ logo = logicamente) 
3. Marivaldo mente. (Por quê?) Porque todo homem mente e Marivaldo é um homem. 
Com base nos princípios destacados, pode-se inferir que a terceira proposição é verdadeira, pois 
está fundamentada na premissa maior por contingência (Todos/ Marivaldo é parte do todo porque é 
da mesma espécie) do sujeito e pelo jogo de oposições e conversões dos predicativos (homens men-
tem/ é um homem/ então mente).
Em suma, a lógica tinha por objetivo codificar o entendimento sobre a linguagem de forma racional 
em um único sistema. Até o advento da semântica moderna, especialmente a 
da palavra, fundada pelo linguista alemão, Jost Trier (1894-1970), o órganon 
era a única base da lógica hermenêutica (5). 
Todavia, com o surgimento de novos estu-
dos que apresentavam questões de gene-
ralidades múltiplas, o modelo aristotélico 
mostrou-se pouco eficaz, dando início a 
diferentes abordagens fundamentadas nes-
ses preceitos nucleares. À guisa de exemplo 
destacam-se a teoria da semântica da ver-
dade, diálogo dos jogos e a probabilística. 
1.3 A Semântica Contextual
Tendo como seu fundador o francês Bernard Pottier (1933), a semântica contextual e/ ou compo-
sicional estuda a linguagem enquanto meio de comunicação, analisando as palavras em consonân-
cia com o contexto particular no qual se dá o processo comunicativo. Nesse sentido, a significado 
não é determinado apenas pelos seus aspectos elementares de sua natureza sígnica, mas em um 
 
Para saber mais
(5) Hermenêutica: É a filosofia da interpretação, 
que foi fundada por Schleiermacher e tem por base 
a interpretação dos fenômenos humanos mediados 
pela linguagem. O autor a define como uma arte 
que deve ser construída sobre a compreensão, ex-
igindo conhecimentos de Gramática e de Psicologia 
(FRANÇA, 2007, p. 26). 
 
24
processo analítico concomitante ao uso da linguagem por parte dos sujeitos em um determinado 
cenário, onde diferentes domínios da significação se evidenciam nos atos de fala, contingenciando 
outro domínio dos estudos linguísticos denominado como pragmática. 
É comum, nos manuais didáticos de ensino de Língua Portuguesa, a presença de tópicos de estu-
dos semânticos relativos à denotação/ conotação, sinonímia, antonímia, homonímias, parônimas, 
hiperonímias/ hiponímias, polissemia, entre outros (FRANÇA, 2009, on-line), destacando que as 
relações de significação, bem como os tipos de funções oriundas das interações entre elementos/ 
elementos, elementos/ conjuntos, conjuntos/ conjuntos, constituem nexo entre o composto signifi-
cante (expressão) e o significado (conteúdo) do sistema lexical de uma língua.
Para efeitos didáticos, pode ser sintetizada à fusão dos modelos conceituais e associativos: mag-
mas distintivos dos dois princípios regentes nos estudos semânticos.
TABELA 1 - Síntese da wfusão dos estudos semânticos
Significado conceitual ou 
Sentido
Conteúdo lógico, cognitivo ou denotativo
Significado 
associativo
conotativo sobre aquilo que a linguagem se refere
social circunstância social do uso da linguagem
afetivo comunica sentimentos/ atitudes do falante
refletido associação com o sentido de outra expressão
colocacional
associação com palavras que atuam no ambiente de 
outra
  Significado temático
forma pela qual a mensagem é organizada - ordem ou 
ênfase 
FONTE: Baseada em Geoffrey Leech - Semantics (1974) / Clariano, 2013. 
Resumindo, o significado conceitual está atrelado a dois princípios linguísticos: o da descrição 
dos signos (contrastividade) e o da estrutura, ou seja, fundamentado na dicotomia saussuriana 
25
– paradigma e sintagma. Ao passo que o 
significado temático está associado à orga-
nização da mensagem, levando em conside-
ração a ordem, foco e ênfase. 
1.4 Semântica 
Contextual-Situacional
Fundada por Oswald Ducrot, alicerça-se no princípio de que a argumentação é o fator essencial 
à construção do sentido, que presente na língua é manifestado por meio dos enunciados. Nesse 
sentido, cabe recuperar o entendimento postulado pela Semântica Linguística, na qual a enuncia-
ção é concebida como um acontecimento que se manifesta historicamente no gradiente do tempo/ 
espaço, um evento que marca o próprio enunciado, fazendo com que a situação se torne resultado 
do processo enunciativo. 
Ao contrário da Semântica Estruturalista, que desconsidera o contexto por se tratar de compo-
nente extralinguístico, a Semântica Contextual-Situacional considera-o como elemento linguístico 
sob o entendimento de que, linguisticamente, não há contexto sem texto e vice-versa. 
Na perspectiva ducrotiana, a subjetividade do “eu” integra a linguagem na construção do pro-
cesso interpretativo, uma vez que o locutor se posiciona ideologicamente a partir do discurso. Por 
conseguinte, a argumentação é manifestada nas relações subjetivas e intersubjetivas, das quais 
extrai-se o substrato da ação enunciativa da linguagem, ou seja, as intençõesmarcadas nos pres-
supostos e subentendidos.
A efeito de comparação, ao estabelecer um paralelo entre Benveniste e Ducrot, constata-se que 
o primeiro prioriza evidenciar as categorias da enunciação observadas nos enunciados e previstas no 
sistema, à medida que o segundo descreve a enunciação visando o enunciado, privilegiando o pro-
duto, ou seja, o argumento, e não o processo.
De acordo com Koch (2011), destaca-se o fato de que em 1978 ao revisar, ou melhor, apre-
sentar uma autocrítica sobre a oposição que estabeleceu entre pressuposto e subentendido, são 
 
Link
(6) O conceito de Significado em Semântica: Signifi-
cado e Interpretação. Disponível em: <http://www.
academia.edu/3525421/O_conceito_de_Significa-
do_em_Sem%C3%A2ntica_Significado_e_Interpre-
ta%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 04 de fev. 2018.
 
http://www.academia.edu/3525421/O_conceito_de_Significado_em_Sem%C3%A2ntica_Significado_e_Interpreta%C3%A7%C3%A3o
http://www.academia.edu/3525421/O_conceito_de_Significado_em_Sem%C3%A2ntica_Significado_e_Interpreta%C3%A7%C3%A3o
http://www.academia.edu/3525421/O_conceito_de_Significado_em_Sem%C3%A2ntica_Significado_e_Interpreta%C3%A7%C3%A3o
http://www.academia.edu/3525421/O_conceito_de_Significado_em_Sem%C3%A2ntica_Significado_e_Interpreta%C3%A7%C3%A3o
26
apresentadas algumas convenções sobre as seguintes terminologias: frase (7), enunciado (8), signi-
ficação (9), sentido (10) e enunciação (11).
Somado ao conceito de polifonia (12), um dos principais pontos da teoria de Ducrot, por conse-
guinte, da Semântica Contextual-Situacional, é a questão revisada sobre pressuposto e subenten-
dido, que estabeleceu a significação da frase como propriedade do primeiro, enquanto o segundo ao 
enunciado e à interpretação que deste se dá, portanto estabelecendo uma 
distinção entre ambos, sobretudo a distinção entre duas instâncias semânti-
cas: a da significação da frase e do sentido 
do enunciado, evidenciando a relevância 
dessa vertente semântica para as ciências 
recorrentes da interpretação (KOCH, 2011). 
Resumido, embora Ducrot tenha man-
tido o princípio estruturalista em sua teoria 
semântica argumentativa, ratificou o fato de 
que o sentido de uma entidade linguística está na relação entre os elementos do sistema, motivo pelo 
qual o sentido de um enunciado deve ser analisado em conformidade com os encadeamentos discur-
sivos em que ocorre argumentação, cuja natureza pode ser fragmentada em duas partes: retórica e 
linguística, articuladas de forma interdependente (DUCROT, 1979).
1.5 Semântica Transformacional
Considerado um dos principais nomes da Linguística e da Psicologia do século XX, Noam Chomsky 
é um dos cofundadores da ciência cognitiva e o proponente de uma das mais polêmicas teorias filo-
sóficas da linguagem, denominada como semântica da linguagem natural, cuja essência nunca fora 
aceita pelas correntes dominantes da área.
Ao propor uma abordagem internalista para o estudo da linguagem, enfrentou grande resistên-
cia dos linguistas externalistas que defendiam a ideia de que todos os fatos semânticos devem ser 
 
Assimile
12. O termo polifonia nasceu da constatação da di-
versidade de vozes que podem povoar um mesmo 
discurso (POLIFONIA, 2018, on-line).
 
27
explicados a partir das interações entre os usuários da língua em um determinado contexto de prá-
ticas sociais, sem considerar, todavia, os processos mentais que operacionalizam a linguagem.
As bases internalistas da linguística chomskyana repousam sobre os respectivos argumentos:
• A primeira língua de um falante é aprendida naturalmente, não havendo necessidade de ser ensinada.
• A semelhança entre os erros cometidos pelos aprendizes da língua, nas mais diferentes culturas. 
• O fato de que os aprendizes desenvolvem uma determinada competência linguística mínima, 
em um espaço de tempo relativamente semelhante. 
• Frente à complexidade das estruturas das línguas naturais, o estímulo linguístico recebido é 
limitado, não explicando a riqueza da linguagem apresentada em poucos anos de vida.
Fundamentado por tais argumentos, Chomsky defende a tese de que as estruturas elementares 
da linguagem estão assentadas em nosso aparato cognitivo, motivo pelo qual o filósofo propõe o 
nativismo linguístico, baseado na presunção de que possuímos uma gramática universal inata, que 
possibilita aprender uma determinada língua.
Nessa perspectiva, infere-se que a mente é um composto dividido em diferentes setores e/ ou áreas 
interligadas que se responsabilizam por atividades díspares, sendo a faculdade da linguagem (deno-
minação Chomskyana) a responsável por executar e gerenciar tarefas como a de formulação e inter-
pretação de fonemas, compostos semânticos e estruturas gramaticais das mais simples às complexas.
De acordo com Chomsky (2000), nascemos dotados desse complexo sistema linguístico, tor-
namo-nos aptos a aprendê-lo e desenvolvê-lo, ratificando a tese da existência de uma gramática 
universal que rege as línguas naturais, possibilitando que diferentes indivíduos as aprendam, visto 
que em um nível elementar, todas as línguas estão alicerçadas sobre o mesmo princípio, o da facul-
dade da linguagem que pressupõe e operacionaliza esse compêndio, permitindo ao usuário modelar 
as formas que a linguagem pode contemplar.
Esse pensamento chomskyanos, culmina com a rejeição das teses de que a linguagem é um cons-
truto público, uma propriedade de comunidade e que as expressões da linguagem denotam coisas 
do mundo, renunciando, portanto, a teoria de que a produção da linguagem ou dos significados 
28
condiciona os eventos comunicativos entre os indivíduos. 
Segundo Chomsky (2000, on-line), geramos os nossos próprios significados e consentimos que 
os significados dos demais são como aos nossos. Resumindo, comunicamos aos outros os sentidos 
cunhados em nossas próprias mentes, motivo pelo qual chega-se ao entendimento de que lingua-
gem não é usada para representar o mundo, e sim para exteriorizar nossas representações internas 
e interpretar as pertencentes às outras pessoas durante o processo comunicativo.
Em suma, a compreensão do funcionamento da linguagem natural pressupõe, basicamente, que 
as palavras possuem aspectos de duas naturezas: fonéticas (som) e semânticas (significado), cujo 
papel é materializar e compartilhar as representações de um indivíduo com outro (os), pois a mente 
humana é dotada de algoritmos que codificam e decodificam as possibilidades semânticas da pala-
vra, desencadeando as ações relativas ao objetivo comunicacional. 
Questão para reflexão
Após todo estudo compartilhando neste material, você pôde conhecer um pouco mais sobre as 
características das diferentes vertentes semântica. Baseando-se nesses estudos, escolha duas entre 
as apresentadas e construa um texto no qual apresente uma avaliação contrastiva entre ambas, 
podendo explicitar o mérito de uma em detrimento de outra.
Considerações Finais
• A semântica estrutural desenvolveu-se baseada nos moldes analíticos e discricionários da 
fonologia e da sintaxe, imanente da teoria saussuriana. 
• A semântica lógica tem como base a lógica clássica aristotélica, que tinha por objetivo codificar 
o entendimento do discurso de forma racional em um único sistema como base hermenêutica. 
• A semântica contextual e/ ou composicional estuda a linguagem enquanto meio de comuni-
cação, analisando as palavras em consonância com o contexto particular no qual se dá o pro-
cesso comunicativo. 
29
• A semântica contextual-situacional é alicerçada no princípio de que a argumentação é o 
aspecto essencial à construção do sentido, cuja essência repousa no enunciado.
• A semântica transformacional chomskyana fundamenta-se sobre os respectivos argumentos: 
(1) a primeira língua de um falante é aprendida naturalmente, não havendo necessidade de 
ser ensinada; (2) a existência de semelhança entre os erros cometidos pelos aprendizes da 
língua nas mais diferentes culturas; (3) ao fatoque os aprendizes desenvolvem uma determi-
nada competência linguística mínima, em um espaço de tempo relativamente semelhante; (4) 
observada a complexidade das estruturas das línguas naturais, o estímulo linguístico recebido 
é limitado, não explicando a riqueza da linguagem apresentada em poucos anos de vida.
Glossário
Órganon: Do grego organikos, relativo ou pertencente a um órgão/ instrumento relacionado a 
ergon, trabalho. Conjunto de seis obras aristotélicas (ÓRGANON, 2018, on-line).
Silogismos: Do grego syllogismos, originalmente “inferência, cálculo, conclusão”, de syllogizes-
thal, “juntar, concluir, chegar a uma premissa”, literalmente “pensar junto”, de syn, “junto”, mais 
logizesthai, “raciocinar, contar”, relacionado a logos, “raciocínio, cálculo, estudo (SIGNIFICADO DE 
SILOGISMO, 2018, on-line). 
Frase: Entidade abstrata suscetível de uma infinidade de realizações particulares.
Enunciado: Realizações abstratas particulares oriundos das frases.
Significação: Descrição semântica que se dá a uma frase.
Sentido: Descrição semântica que se dá a um enunciado.
Enunciação: Evento constituído a partir da produção de um enunciado. 
30
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-Analise as afirmações a seguir com relação à semântica estrutural e responda: 
I – É fundamentada em princípios dicotômicos saussurianos.
II – É baseada em moldes analíticos discricionários.
III – Pressupõe a concepção de um conjunto de categorias e classificações.
IV – A frase é compreendida como uma fisiologia lógica.
É correto afirmar que: 
a) Apenas I, II, III estão corretas.
b) Apenas I, III e IV estão corretas.
c) Apenas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas II e IV estão corretas.
e) Apenas III e IV estão corretas.
QUESTÃO 2-Escolha a alternativa que melhor completa a proposição apresentada a se-
guir, com base na semântica estrutural: 
“A língua enquanto um sistema arbitrário de signos à disposição do falante, externaliza as 
intenções do usuário (...)” 
a) ao passo que este renuncia à lógica estruturante.
b) ao passo que este reestrutura a dicotomia sígnica.
c) ao passo que este opta por uma determinada lógica paradigmática.
d) ao passo que este lança mão de um determinada lógica sintagmática.
e) ao passo que este reelabora a relação entre significado e significante.
31
QUESTÃO 3-Escolha a alternativa que apresenta a informação correta com relação à Se-
mântica Lógica.
a) A semântica lógica é fundamentada no princípio dicotômico saussuriano da língua/ fala.
b) A semântica lógica possui seu alicerce no conjunto lógico aristotélico, denominado órganon. 
c) A semântica lógica concebe que o significado não é determinado apenas pelos aspectos 
elementares de sua natureza sígnica.
d) A semântica lógica baseia-se nos processos semióticos, oriundos das relações sociais.
e) A semântica lógica é um desdobramento metodológico da semiótica greimasiana.
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Semântica: Significado e Interpretação. 2013. Disponível em: <http://www.academia.
edu/3525421/O_conceito_de_Significado_em_Sem%C3%A2ntica_Significado_e_Inter-
preta%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 04 de fev. 2018.
https://bit.ly/2LLqXnn
https://bit.ly/2LLqXnn
https://bit.ly/2yaS49k
https://bit.ly/2yaS49k
https://bit.ly/2JIhJre
https://bit.ly/2JIhJre
https://bit.ly/2JIhJre
32
ÓRGANON. In: Dicionário Informal, 2018. Disponível em: <https://www.dicionarioin-
formal.com.br/%C3%B3rganon/>. Acesso em: 07 de fev. 2018.
POLIFONIA. In: Infopédia, 2018. Disponível em: <https://www.infopedia.pt/$polifonia>. 
Acesso em: 05 de fev. 2018.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
SIGNIFICADO DE SILOGISMO. In: Significados, 2018. Disponível em: <https://www.signi-
ficados.com.br/silogismo/>. Acesso em: 07 de fev. 2018.
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa A - A frase deve ser entendida como uma segmentação lógica, ao 
passo que o período à fisiologia lógica. 
QUESTÃO 2-Alternativa C - A língua, enquanto um sistema arbitrário de signos à disposi-
ção do falante, explicita as intenções no instante em que este faz opta por uma determi-
nada estrutura paradigmaticamente pré-estabelecidas.
QUESTÃO 3-Alternativa B – Denominado como órganon, o conjunto lógico aristotélico 
constitui o alicerce dos princípios da semântica lógica.
https://bit.ly/2l2JWyt
https://bit.ly/2l2JWyt
https://bit.ly/2Jw6ztF
https://bit.ly/2sRKT0P
https://bit.ly/2sRKT0P
3
Texto e 
argumentação
34
Objetivos Específicos
• Apresentar as diferentes concepções entre texto, enunciado e discurso;
• Refletir sobre o papel da argumentação no discurso;
• Explicitar alguns dos princípios da argumentação.
Introdução
À medida que avançamos em nossos estudos semânticos, você já deve ter percebido que as 
abordagens e seus respectivos objetos de pesquisa vão se amplificando e se sofisticando. O limites 
e recursos teóricos, de uma vertente com relação à outra, tornam-se mais claros e perceptíveis, ao 
passo que os processos investigativos que compõem seus respectivos conjuntos analíticos vão sendo 
desenvolvidos. A semântica contemporânea, em distinção às correntes mais ortodoxas, caracteriza-
se pelo interesse nas relações entre a linguagem e o pensamento. A concepção de que a linguagem 
é um mero instrumento de expressão dos nossos pensamentos é acrescida dos seguintes predicati-
vos: moldura e conectivo de ideias durante o processo de interpretação dos enunciados, por parte 
dos interlocutores, o que permite conceber o significado como sendo o resultado da associação dos 
elementos sígnicos da linguagem. A compreensão dos enunciados não é função exclusiva de um pro-
cesso analítico das estruturas linguísticas, a percepção da situação em que nos encontramos é fator 
extralinguístico determinante para acepção dos pressupostos e subentendidos negociados na tessi-
tura argumentativa do texto, ou seja, assimilar o contexto. É compreender, portanto, que o sentido 
é construído a partir da análise das relações dialógicas manifestas nos processos de argumentação 
cuja natureza repousa sobre os fenômenos polifônicos e de intertextualidade nos quais cada texto se 
conecta a outro, atribuindo-lhes novas significações e rearranjos semânticos.
35
1. Texto, enunciado, discurso
Os linguistas, quando fazem referência às produções verbais, lançam mão de diferentes ter-
mos para exemplificação desses fenômenos comunicativos. Por vezes recorrem à palavra texto, 
ora enunciado e/ ou discurso, embora esses recebam definições distintas entre si, e nesse cená-
rio podem assumir conotações semelhantes visto que são materializados por meio da linguagem 
(MAINGUENEAU, 2005).
De acordo com Fontanille (2007), o texto é objeto de estudo da Linguística (a gramática de texto 
ou linguística textual e, recentemente, da semântica textual, que se ocupa de qualquer manifesta-
ção semiótica de natureza verbal).
Nesse sentido, a palavra texto deve ser empregada no sentido de produção verbal oral ou escrita, 
estruturada eperpetuada para além de seu contexto original de produção. Em muitos casos, não é 
produzido por um único locutor, podendo assumir diferentes categorias de hierarquização entre os 
interlocutores de forma heterogênea e multimodal, permitindo a associação de signos linguísticos e 
icônicos em um mesmo contexto. 
Ao recorrer ao termo enunciado, renuncia-se aos valores conceituais que esse possui e que o dife-
rencia dos demais. Em linha gerais, considerado como a marca linguística do ato enunciativo, pode 
ser definido como uma unidade elementar da comunicação verbal, ao passo que ainda há àqueles 
que o consideram em oposição à frase cujo contexto seria o elemento distintivo. 
O termo enunciado também é empregado para representar uma estrutura verbal que compõe 
uma unidade específica de comunicação plena, em uma determinada esfera discursiva, na qual a 
orientação comunicativa a ela está atrelada, tornando seu entendimento semelhante ao conceito 
de texto.
No que se refere à noção de discurso, em linhas gerais, o termo pode assumir diferentes acepções 
como, por exemplo: enunciados solenes (o governador fez um discurso), sinônimo de falácias (O que 
sai da boca dele é só discurso), ou mesmo para caracterizar o uso restritivo da língua (discurso jurí-
dico, publicitário, capitalista etc.). Nesse sentido, seu emprego é ambíguo visto que pode representar 
36
tanto o sistema que permite a construção de um conjunto textual, bem como o composto resultante 
desta produção (MAINGUENEAU, 2005).
Resumindo a questão, seja o discurso um conjunto de frases, proposições organizadas e/ ou 
produto da enunciação, estará sob enfoque das linguísticas textual e enunciativa, ou mesmo da 
retórica e da pragmática, indiferentemente da abordagem, pois sempre estará atrelado ao campo 
do estudo das ideias, cuja expressão se dá por meio da linguagem e, por 
conseguinte, pela argumentação. Portanto, fecha-se aqui a reflexão com o 
seguinte entendimento: quando em situa-
ções específicas deve-se usar o termo texto 
para tratar de unidades verbais oriundas de 
um gênero discursivo, e enunciado quando 
a situação pressupor a análise da frase ins-
crita em um contexto particular. 
1.1 Discurso e Argumentação
As relações humanas de toda natureza são mediadas também por signos diversos que relacionam 
as experiências sociais. A semântica ocupa-se da relação do homem com a linguagem e da repre-
sentação de mundo dela constituída. Ao passo que a interação social dos indivíduos, na e pela lin-
guagem, é do escopo da pragmática.
É pela argumentatividade que a língua é aplicada na interação social, dotada de valores que per-
mitem ao homem julgar, avaliar, criticar, escolher, definir uma razão legitimada. Já o discurso tem, 
na ação verbal, a negociação das intencionalidades dos interlocutores, promovendo a disputa das 
ideias e a dinâmica influindo sobre o comportamento do outro.
Assim, a argumentação visa promover assentimento à adesão dos espíritos (2) e, portanto, pressu-
põe a existência de uma relação de natureza intelectual, pois o plano das interações sociais e processos 
deliberativos fundamentam-se nessa máxima. Argumentar implica respeito às condições prévias de 
juízo compartilhado em uma determinada sociedade e em suas diferentes esferas do conhecimento.
 
Link
FIORIN, J. Conceito de enunciação. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=RQzJaFYiqhc. 
Acesso em: 13 fev. 2018.
 
https://www.youtube.com/watch?v=RQzJaFYiqhc
37
Para Bakhtin (1997), o signo não constitui uma entidade meramente linguística como para 
Saussure (2012). Argumentar é orientar o discurso na direção de determinadas conclusões. O dis-
curso subjaz o ato linguístico fundamental da comunicação, a expressão da ideologia. 
O russo, ao fundar as bases do estudo em enunciação, efetiva o signo linguístico como um signo 
sócio-ideológico, argumentando que: “A língua vive e evolui historicamente na ‘comunicação verbal 
concreta’, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no 
psiquismo individual dos falantes” (3) (BAKHTIN, 1997, p. 124).
Nesse sentido, o discurso em sua acep-
ção mais ampla é a representação da ideo-
logia, ratificando o status de mito sobre sua 
condição de neutralidade. Seja ele culto ou 
ingênuo, irá expressar uma visão de mundo 
compartilhada enunciada a partir de seu 
lugar (Topoi) (4).
A argumentação manifesta no discurso 
é a comunicação das intenções entre os 
interlocutores no processo de negocia-
ção de ideias, valores e princípios de toda natureza nas práticas sociais 
letradas, inclusive as praticadas na ciber-
cultura e seus respectivos gêneros textu-
ais emergentes, conforme observado por 
Marcuschi (2004, p. 17):
Os gêneros como texto situ-
ado histórica e socialmente, 
culturalmente sensível, recor-
rentes “relativamente está-
vel” do ponto de vista estilís-
tico e composicional, segundo 
 
Assimile
3. Crítica de Bakhtin ao signo saussuriano. 
O signo linguístico de Saussure (2012, p. 106) une 
não uma coisa e uma palavra, mas um conceito a 
uma imagem acústica,é, pois, uma entidade psíqui-
ca de duas fases: conceito/ imagem acústica, sig-
nificado e significante.
O signo bakhtiniano é, de natureza sócio-ideológi-
co, concebido por meio das relações dialógicas nas 
múltiplas esferas sociais. 
 
 
Para saber mais
4. SEMÂNTICA E ARGUMENTAÇÃO: DIÁLOGO COM 
OSWALD DUCROT. A teoria dos Topoi é apresentada 
como um modelo alternativo a uma semântica ba-
seada no conceito de condições de verdade. MOU-
RA, Heronides Maurílio de Melo. SEMÂNTICA E AR-
GUMENTAÇÃO: DIÁLOGO COM OSWALD DUCROT. 
DELTA [online]. 1998, vol.14, n.1, pp.169-183. ISSN 
0102-4450.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
44501998000100008. Acesso em: 19 fev de 2018.
 
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=MOURA,+HERONIDES+MAURILIO+DE+MELO
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=MOURA,+HERONIDES+MAURILIO+DE+MELO
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44501998000100008
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44501998000100008
38
a visão bakhtiniana (Bakhtin, 1979), servindo como instrumento comunicativo com propósi-
tos específicos (Swales, 1990) e como forma de a ação social (Miller 1984), é fácil, perceber 
que um novo meio tecnológico, na medida que interfere nessas condições, deve também 
interferir na natureza do gênero produzido.
Segundo Perelman (2014), grande parte dos textos dos gêneros de publicidades e propaganda 
visa atrair a atenção do enunciatário em meio a sua indiferença, sendo essa uma condição indispen-
sável à argumentação e, por conseguinte, à persuasão.
Para Charles Perelman, que foi filósofo do Direito, um dos mais importantes teóricos da Retórica 
e da Nova Retórica e Argumentação no século XX, a persuasão constitui um ato diferente ao de con-
vencer. O primeiro busca o assentimento, o desejo do interlocutor por meio de argumentos plausí-
veis, verossímeis e de caráter ideológico, subjetivo e temporal, dirigido a um auditório (enunciatá-
rio) particular. O segundo objetiva atingir a razão por meio do raciocínio lógico e provas objetivas de 
natureza demonstrativa e atemporal (conclusão decorrente de premissas = raciocínio lógico-mate-
mático), comumente empregado com vista a um auditório universal.
A distinção entre o ato de persuadir e convencer instaura diferentes categorias e tipos de argu-
mentos, que visam estabelecer relações de certezas por meio de processos indutivos e os que con-
duzem às inferências lógico-dedutivas por associação. 
Nesse cenário, o discurso torna-se objeto central de diversas vertentes da 
linguística moderna, dentre as quais está a 
Análise do Discurso, A Teoria de Texto (5) e a 
Semântica Argumentativa, que de acordo com 
Koch (2011, p. 19) “[...] preocupa-se com a 
construção deuma macrossintaxe do discurso, 
postula uma pragmática integrada à descrição 
linguística [...]”, uma espécie de nível interme-
diário entre o sintático e o semântico, criando 
um complexo linguístico estruturado em três níveis indissoluvelmente interligados.
 
Para saber mais
5. Distinção entre Linguística do texto e Teoria do 
Texto. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/
revistas/INV/article/view/231381>. Acesso em: 13 
de fev. 2018.
 
https://periodicos.ufpe.br/revistas/INV/article/view/231381
https://periodicos.ufpe.br/revistas/INV/article/view/231381
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A autora ainda argumenta que um discurso, para ser bem estruturado, deve estar fundado sobre 
o implícito e o explícito, sendo que os elementos indispensáveis a sua compreensão devem atender 
às condições de progresso e coerência, possuindo a capacidade intrínseca de produzir comunicação, 
constituindo-se enquanto um texto.
Em suma, evidencia-se a concepção de que o processo de semiose, ou interpretação de códigos 
de um mesmo sistema linguístico, pressupõe a dimensão sintática da linguagem que se refere às 
relações dos signos entre si; a dimensão semântica, que diz respeito às relações entre os signos ou 
complexos de signos e os objetos por eles designados; e a dimensão pragmática, que trata das rela-
ções entre os signos e os seus utilizadores. 
A noção de texto, nessa abordagem, caracteriza-se pela textualidade (tessitura) que transcende 
à junção estruturada das frases, rumo às redes de relações intertextuais que revelam a conexão 
entre as ideias, as intenções e as unidades linguísticas enunciativamente encadeadas, constituindo 
a essência da argumentação por meio de unidades semânticas, entendidas aqui como entidades de 
significado, conteúdo e expressão e não meramente morfossintáticas. 
Resumindo, o processo de semiose, ou interpretação de um sistema linguístico, deve perceber 
a dimensão sintática da linguagem concernente às relações dos signos entre si; o nível semântico, 
como instância das relações entre os signos ou complexos de signos e os objetos por eles designados; 
e, por fim, o plano pragmático na qual as relações entre os signos e os seus usuários se materializam.
 Cabe ainda destacar que o componente que produz o significado diz respeito à semântica, 
enquanto o significado final, à análise do significado literal, mais os fatores extralinguísticos, repou-
sando sobre os domínios da pragmática (TRUJILLO, 2012).
1.2 Intertextualidade
Materializado por meio das relações sociais, tanto o signo ideológico, quanto o linguístico, são 
moldados pelas marcas culturais de uma época e de um grupo social determinado, estabelecendo 
uma conexão direta entre as unidades imanentes das formações sociais, ideológicas e, por conse-
quência, das discursivas. Uma vez que os signos são criados por convenção social e consubstanciam 
40
em si os valores compartilhados, atribuídos por um determinado grupo, toda atividade linguística é 
um processo de atividade mental coletiva.
Bakhtin (1997), em sua teoria da enunciação, propõe que a língua deve ser investigada em seus 
contextos concretos de uso, situando os sujeitos envolvidos historicamente (contextos imediatos e 
amplos) e configurando os usos da linguagem ou enunciados, sendo que a situação social mais ime-
diata e o meio social mais amplo determinam a estrutura da enunciação. Isso porque os usos de lin-
guagem, sejam textos escritos ou orais, implicam essencialmente uma interação verbal, que pressu-
põe a existência básica de interlocutores com objetivos persuasivos distintos.
A natureza dialógica dos signos configura e reconfigura as relações sociais à construção de pro-
cessos subjetivos de interpretação, que interconectam textos e outros discursos produzidos e que 
produzem os sujeitos sociais, assim evidenciando a condição de indissolubilidade da unidade crono-
trópica tempo/ espaço e do seu papel na tessitura dos arranjos intertextuais polifonicamente entre-
laçados no magma do discurso. 
Embora a enunciação seja um fenômeno singular, a cada novo enunciado há uma referência 
implícita a discursos que foram internalizados no indivíduo, motivo pelo qual a enunciação é conce-
bida a partir da relação dos sujeitos consigo e com os demais membros de uma mesma sociedade, 
ratificando a essência dialógica do texto manifesta entre os interlocutores e pelo diálogo com outros 
textos.
Em síntese, o signo linguístico, ao assumir sua condição sócio-ideológico, portanto de natureza 
dialógica, afasta-se da concepção de entidade abstrata, neutra e monológica, para assumir um sta-
tus de locus de múltiplas vozes, uma espécie de entidade intertextual e fundamentalmente polifônica.
41
FIGURA 1 - Intertextualidade no tempo/ espaço 
FONTE: AS CHARGES…, 2013, on-line. 
1.2.1 Argumentação
O objetivo de toda argumentação é promover ou ampliar o assentimento e/ ou a adesão à tese apre-
sentada. É fato que, quando eficaz, o processo argumentativo conduz à persuasão ou mesmo à disposição 
para ação que, em linhas gerais, sempre objetiva e modificar o estado de coisas preexistentes.
O uso da argumentação implica renunciar a força, em detrimento da conquista da atenção e do 
apreço à adesão do enunciatário à causa defendida de forma racional, promover a comunidade dos 
espíritos com vista à valorização da liberdade dos juízos e o aceito dos pressupostos dialogicamente 
negociados na situação argumentativa.
42
Entre as premissas da argumentação repousa o fato de que é necessário haver um acordo entre 
os interlocutores sobre o que pode ser aceito do ponto de vista do raciocínio, subsequentemente, a 
maneira pela qual serão desenvolvidos no processo de conexão (intertextualidade) e/ ou mesmo de 
desconexão por incipiência nos elos temáticos. 
À argumentação, contemplados os fatos, verdades e presunções ensejados no acordo entre os 
interlocutores, cabe incluir os valores, as hierarquias e os lugares do preferível, a fim de que se possa 
delimitar os argumentos cabíveis em um auditório universal e os reservados ao convencimento e à 
persuasão de grupos específicos.
A concordância de um valor implica em aceitar a condições para que um objeto, ser ou ideia possa 
exercer influência sobre o processo argumentativo de forma determinada, deliberando a respeito da 
validade de um determinado ponto de vista e se é aplicável de forma universal ou particular.
Em linhas gerais, a argumentação baseada em valores pressupõe uma distinção entre os abstratos e os 
concretos. O primeiro está à justiça e à veracidade, ao passo que o segundo ao caráter único e particular 
derivado de uma experiência humana singular por excelência (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2014).
No que diz respeito às hierarquias, podem ser interpretadas sob dois aspectos característicos: as 
concretas, expressas nas relações de capital entre os homens e os outros seres; e as abstratas, nas 
comparações de superioridade entre o justo e o útil. Entre os princípios mais usuais hierarquizantes 
está a quantificação de algo baseada na preferência concedida a um dos dois valores. Em oposição, 
estão as hierarquias heterogêneas, cujos valores abstratos não implicam independência ou excluem 
sua relativização ou subordinação. 
Por fim, à questão dos lugares, os Topoi, dos quais derivam os tópicos, ou tratados legitimados ao 
raciocínio dialético (6), podem ser designados como categorias sobre as quais se podem classificar 
os argumentos. Aristóteles distinguia os lugares comuns dos específicos, sendo que o primeiro pode-
ria atender a quaisquer ciências sem que houvesse relação de dependência; enquanto o segundo 
como próprio de uma ciência particular (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2014).
43
1.2.2 Argumentação e Intertextualidade
Em linhas gerais, considerada como uma atividade estruturante do discurso, a argumentação 
consiste na apresentação e organização dos argumentos e raciocínios por meio dos quais se objetiva 
alcançar determinados resultados. Também entendidacomo um modo de interação humana, na qual 
aquele que argumenta, visa interferir sobre as representações ou convicções do outro, buscando 
modificá-las ou aumentar a adesão.
A função argumentativa da linguagem tem sido explorada pela Semântica Argumentativa, que eviden-
cia as marcas nas estruturas dos enunciados como elementos de valor argumentativo, destacando que 
uma frase não se refere apenas às informações que ela veicula, mas pode comportar signos e expressões 
que orientam a argumentação como forma de ação que se inscreve sobre o outro e sobre o mundo.
Nesse sentido, a atividade estruturante do discurso encontra, na intertextualidade, uma forma 
de encadeamento argumentativo fundamentado no diálogo entre textos, recuperando vozes contin-
gentes ou divergentes, que permitem aos interlocutores expressar-se, apresentando diferentes pon-
tos de vista acerca do mundo e posicionando-se diante da realidade.
Portanto, a intertextualidade enquanto atividade argumentativa, é ideologicamente mar-
cada, presumindo sempre uma intenção e ressignificando a palavra do outro de novas signifi-
cações. Para Bakhtin (1981), o texto constitui-se sobre múltiplas relações dialógicas com outros 
textos, congregando modalidades textuais, discursivas e polifônicas nas quais coexistem outras 
vozes e consciências.
Em suma, a intertextualidade explicita a dinâmica relação dialógica de cada texto em relação aos 
outros, no constante processo diálogo entre as obras e cada voz e/ ou novo conjunto de vozes que 
ressignificarão as anteriores, construindo-lhes novas significações e rearranjos semânticos argu-
mentativos no gradiente do tempo.
Enquanto recurso de argumentação, a intertextualidade sempre é evocada quando a utilização 
da palavra do outro servir de argumento a uma determinada tese em questão. Seja qual forma a 
modalidade de referencialidade - citação, alusão, paráfrase etc. - essas conjecturas sempre revelam 
44
ou revelarão aspectos argumentativos do discurso e, sobretudo, auxiliam os interlocutores durante 
o processo de leitura e produção de textos.
Questão para reflexão
Após todo estudo compartilhando neste material, você pode conhecer um pouco mais sobre as 
noções de texto, enunciado e discurso no processo de argumentação. Baseando-se nesses estudos, 
você irá analisar o objeto a seguir à luz do escopo oferecido, articulando os pressupostos semânticos 
argumentativos subentendidos. Elabore um pequeno texto que traduza a ideia vinculada à Figura 2 
(Terras Tupiniquins). 
FIGURA 2 - Terras Tupiniquins 
FONTE: O autor, baseado em imagens disponíveis em: <https://goo.gl/yxESgL>. Acesso em: 14 de fev. 2018.
https://goo.gl/yxESgL
45
Considerações Finais
• Os termos texto, enunciado e discurso podem ser empregados como sinônimos quando não há 
compromisso teórico específico que impeça que uso. Do contrário, faz-se necessário observar-
mos distintos respectivos conceitos que os caracterizam como entidades heterogêneas. 
• A argumentação visa promover assentimento à adesão dos espíritos e, portanto, pressupõe a 
existência de uma relação de natureza intelectual, pois o plano das interações sociais e proces-
sos deliberativos fundamentam-se nessa máxima.
• A intertextualidade é construída por meio das relações sociais nas quais tanto o signo ideoló-
gico, quanto o linguístico, são moldados pelas marcas culturais de uma época e de um grupo 
social determinado, estabelecendo uma conexão direta entre as unidades imanentes das for-
mações sociais, ideológicas e, por consequência das discursivas.
• A intertextualidade é recurso à argumentação sempre que evocada a palavra do outro a título 
de argumento em uma determinada situação enunciativa. 
Glossário
Adesão dos espíritos: Conceito aristotélico relativo ao processo argumentativo no estudo da 
Retórica e Argumentação, proposto por Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014).
Dialética: O termo grego designa igualmente a divisão lógica – sentido também platônico – que 
chega a descobrir, gradualmente, os conceitos fundamentais ou ideias; evoca-se naturalmente a 
propósito de Platão uma dialética ascendente (parte do concreto para chegar a uma ideia do bem) 
e uma dialética descendente (retornando da contemplação do bem à contemplação do cotidiano) 
(DUROZOI; ROUSSEL, 1990, on-line). 
Ressignificar: Mudar a estrutura de referência para lhe dar um novo significado, o mesmo que 
remodelar e/ ou ressemiotizar.
46
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-Analise as afirmações a seguir, considerando a concepção de texto à luz da 
teoria da enunciação bakhtiniana e responda: 
I. O texto é objeto de estudo da linguística textual e da gramática de texto.
II. O texto é um conjunto polifônico estruturado de forma argumentativa.
III. O texto é um conjunto de sintagmas paradigmaticamente estruturadas.
IV. O texto é um conjunto de frases sintaticamente organizadas.
É correto afirmar que:
a) Apenas I, II, IV estão corretas.
b) Apenas I, III estão corretas.
c) Apenas III e IV estão corretas.
d) Apenas II está correta.
e) Apenas III está correta.
QUESTÃO 2-Escolha a alternativa que melhor completa a proposição apresentada a se-
guir, com base na Semântica Estrutural: 
“O termo enunciado também é empregado para representar uma estrutura verbal que 
compõe uma unidade específica de comunicação plena”:
a) Quando em uma orientação discursiva, na qual a comunicação a ela está atrelada.
b) Quando em uma determinada esfera discursiva, na qual a orientação comunicativa a ela 
está atrelada.
c) Quando em uma determinada esfera discursiva, na qual a enunciação a ela está atrelada.
d) Quando em uma determinada enunciação, na qual a esfera comunicativa a ela está atrelada.
e) Quando em uma determinada esfera discursiva, na qual a orientação e a argumentação 
a ela estão atreladas.
47
QUESTÃO 3-Escolha a alternativa que apresenta a informação correta com relação ao 
signo bakhtiniano.
a) Constitui-se como uma unidade de cunho estrutural.
b) Constitui-se como uma entidade embutida de significado e não de significante.
c) Constitui-se por meio das relações dialógicas.
d) Constitui-se sobre a concepção monológica da língua.
e) Constitui-se por meio das relações dicotômicas.
Referências Bibliográficas
AS CHARGES e os contos de fadas. In: A magia das histórias infantis. 21 jan. 2013. Disponível 
em: <http://amagiadashistoriasinfantiss.blogspot.com.br/2013/01/as-charges-e-os-contos-de-
fadas.html>. Acesso em: 13 fev. 2018.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
______. Problemas da poética de Dostoievski. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1981.
DUROZOI, F.; ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. 5 ed. São Paulo: Papirus, 1990. Disponível em: 
<https://goo.gl/5kzZuX>. Acesso em: 13 de fev. 2018.
FONTANILLE, J. Semiótica do Discurso. São Paulo: Contexto, 2007.
KOCH, I. G. V. Argumentação e Linguagem. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MAINGUENEAU, D. Análise de Textos de Comunicação. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2005.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, 
L. A. & XAVIER, A. C. (Orgs.) Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004. 
PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA, L. Tratado da argumentação. 3 ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2014.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 28 ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
TRUJILLO, A. Semântica, Pragmática e Tradução. Revista Intertexto, v. 5, n. 2, p. 1-20, 2012.
https://bit.ly/2l2s7iS
https://bit.ly/2l2s7iS
https://goo.gl/5kzZuX
48
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa D
À teoria da enunciação bakhtiniana, o texto é conjunto polifônico, no sentido de que congrega 
várias vozes (outros textos e discursos) na tessitura argumentativa.
QUESTÃO 2-Alternativa B
O termo enunciado também é empregado para representar uma estrutura verbal, que compõe uma 
unidade específica de comunicação plena, em uma determinada esfera discursiva, na qual a orienta-
ção comunicativa

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