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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – IFES CAMPUS CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS JOÃO WESLEY DOS SANTOS AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DA LAMA DE BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS DISPOSTA EM ATERRO A PARTIR DO ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, FEVEREIRO DE 2016 JOÃO WESLEY DOS SANTOS AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DA LAMA DE BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS DISPOSTA EM ATERRO A PARTIR DO ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Coordenadoria de Engenharia de Minas do Instituto Federal do Espírito Santo – IFES, campus Cachoeiro de Itapemirim, como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Engenharia de Minas. Orientador: Prof. MSc. Lyndemberg Campelo Correia Co-orientador: Prof. DSc. Alexandre Vianna Bahiense CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, FEVEREIRO DE 2016 JOÃO WESLEY DOS SANTOS AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DA LAMA DE BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS DISPOSTA EM ATERRO A PARTIR DO ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Coordenadoria de Engenharia de Minas do Instituto Federal do Espírito Santo – IFES, campus Cachoeiro de Itapemirim, como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Engenharia de Minas. Aprovado em 26 de fevereiro de 2016 MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Prof. MSc. Lyndemberg Campelo Correia Orientador Instituto Federal do Espírito Santo – IFES Campus Cachoeiro de Itapemirim __________________________________________ Prof. DSc. Alexandre Vianna Bahiense Co–orientador Instituto Federal do Espírito Santo – IFES Campus Cachoeiro de Itapemirim __________________________________________ Prof. MSc. José Geraldo de Lima Professor Convidado Instituto Federal do Espírito Santo – IFES Campus Cachoeiro de Itapemirim __________________________________________ MSc. Valério Raymundo Engenheiro Agrônomo Convidado DECLARAÇÃO DO AUTOR DO TCC Declaro, para fins de pesquisas acadêmicas, didáticas e técnico-científicas, que este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) pode ser parcialmente utilizado, desde que se façam referências às fontes e ao autor deste TCC. Cachoeiro de Itapemirim, 26 de fevereiro de 2016. ___________________________________ JOÃO WESLEY DOS SANTOS Graduando em Engenharia de Minas IFES – Campus Cachoeiro de Itapemirim AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha mãe, por sempre ter me apoiado e principalmente se esforçado muito para que eu tivesse uma boa educação. Ao meu orientador professor MSc. Lyndemberg Campelo Correia por ter aceitado a me orientar nesse trabalho. Ao professor DSc. Patrício José Moreira Pires e aos técnicos do laboratório de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da UFES, que disponibilizaram seu tempo e atenção me ajudando e me orientando na execução dos ensaios de laboratório que fundamentaram esse trabalho. Ao professor DSc. Alexandre Vianna Bahiense, pela orientação no desenvolvimento das simulações de estabilidade e utilização do software. Ao professor MSc. José Geraldo de Lima, que em vários momentos difíceis durante o curso, sempre se disponibilizou a ajudar. Ao meu amigo engenheiro agrônomo MSc. Valério Raymundo por sempre me apoiar na minha carreira profissional, pelos bons conselhos e por sempre provocar o pensamento científico em mim. À minha namorada Júlia, pelo apoio nesse trabalho, por ter me ajudado em correções e principalmente pelo carinho e amor que sempre tem me dado muita alegria. À Associação Ambiental de Desenvolvimento do Mármore e Granito - ADAMAG que abriu as portas para que eu realizasse esse estudo em seu aterro. "Encontrar a verdade é difícil, e o caminho é acidentado. Como buscadores da verdade, o melhor é não julgar e não confiar cegamente nos escritos dos antigos. É preciso questionar e examinar criticamente o que foi escrito, por todos os lados. É preciso aceitar apenas o argumento e a experiência, em vez do que qualquer pessoa diz, pois todo ser humano é vulnerável a todos os tipos de imperfeições. Como buscadores da verdade, devemos suspeitar e questionar nossas próprias ideias ao investigarmos fatos, para evitar preconceitos ou pensamentos descuidados. Sigam este caminho e a verdade vos será revelada." Hasan Ibn al-Haytham (Alhazen) RESUMO Este trabalho tem como objetivo a obtenção dos parâmetros geotécnicos do resíduo industrial denominado Lama do Beneficiamento de Rochas Ornamentais (LBRO) depositado em aterro, visando sua utilização na obtenção do Fator de Segurança para a determinação de estabilidade. Os parâmetros estudados são peso específico, ângulo de atrito e coesão, determinados a partir do ensaio de cisalhamento direto com amostra indeformada. Além desses parâmetros, foi realizada a caracterização completa para melhor compreender o comportamento do material. Por meio do ensaio de cisalhamento direto, foi observado um ângulo de atrito de 37,29°, coesão de 11,74 kPa e peso específico de 17,93 kN/m³, que possibilitou a realização de simulações computacionais em diferentes geometrias de taludes para compreender a aplicação dos dados. Os parâmetros obtidos são relevantes para o projeto e cálculo da estabilidade de um talude de LBRO ou qualquer estrutura construída com a finalidade de contenção desse material, como é o caso dos aterros de LBRO. As análises dos Fatores de Segurança obtidos por meio da simulação computacional de taludes, apresentou um Fator de Segurança de 2,067 para uma geometria de talude hipotética construído com LBRO, sem barragens de terra para sua contenção, e de 1,966 para uma geometria de talude hipotética com barragens de terra para contenção da LBRO. Os resultados obtidos foram bastante significativos, pois ambos os casos apresentaram Fator de Segurança superior à 1,5 que é o nível estabelecido na NBR 11682:2009 para taludes que necessitam um nível alto de segurança. Apesar do Fator de Segurança obtido apresentar um nível alto de segurança, outros fatores ainda devem ser observados para a construção de um aterro sem barragens de terra. Palavras-chave: Resistência ao Cisalhamento, Fator de Segurança, Aterro, Lama do Beneficiamento de Rochas Ornamentais. RESUMEN Este estudio tiene como objetivo obtener los parámetros geotécnicos de los residuos industriales denominados Lodo de la indústria de rocas ornamentales (Lama do Beneficiamento de Rochas Ornamentais - LBRO) depositados en vertederos controlados, para su uso en la obtención del factor de seguridad para la determinación de la estabilidad. Los parámetros estudiados son el peso específico, ángulo de fricción y la cohesión, determinado a partir de ensayos de corte directo en muestras inalteradas. Además de estos parámetros, se ha realizada la caracterización completa para mejor comprender el comportamiento del material. A través de la prueba de corte directo, se observó un ángulo de fricción de 37.29°, la cohesión 11,74 kPa y el peso específico de 17,93 kN/m³, lo que hizo posible el desarrollo de simulaciones por ordenador en diferentes geometrías de talud para comprender la aplicación de los datos. Los parámetros obtenidos son relevantes para el proyecto y cálculo de la estabilidad de un taludde LBRO o cualquier estructura construida para el propósito de la contención del material, como es el caso de los vertederos de LBRO. Los análisis de los factores de seguridad obtenidos mediante simulación por ordenador, presentan un factor de seguridad de 2.067 para una geometría de talud hipotético construido con LBRO sin diques de tierra para su contención, y 1.966 para una geometría hipotética de talud con diques de tierra para contener el LBRO. Los resultados fueron bastante relevantes, ya que ambos casos presentan factor de seguridad mayor que 1,5, que es el nivel prescrito en la NBR 11682: 2009 para talud que requieren un alto nivel de seguridad. A pesar del factor de seguridad obtenidos, otros factores todavía deben ser observados para la construcción de un vertedero sin diques de tierra. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 11 1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 12 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................ 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................ 13 2.1 ROCHAS ORNAMENTAIS ................................................................................................... 13 2.1.1 Mercado ...................................................................................................................... 14 2.1.2 Beneficiamento de rochas ornamentais ............................................................ 15 2.1.2.1 Beneficiamento primário .......................................................................................... 15 2.1.2.2 Beneficiamento secundário ...................................................................................... 17 2.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS EM ATERROS...................................................... 19 2.2.1 Classificação de resíduos sólidos ....................................................................... 19 2.2.2 Aterro industrial de LBRO ...................................................................................... 20 2.2.2.1 Resíduos de LBRO ...................................................................................................... 21 2.2.2.2 Legislação ambiental para aterro de LBRO ............................................................... 22 2.3 CARACTERIZAÇÃO DA LBRO ........................................................................................... 23 2.3.1 Peso específico dos grãos .................................................................................... 23 2.3.2 Análise granulométrica ........................................................................................... 23 2.4 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO ................................................................................. 24 2.4.1 Ângulo de atrito ........................................................................................................ 24 2.4.2 Coesão ........................................................................................................................ 25 2.4.3 Peso específico natural .......................................................................................... 26 2.4.4 Ensaio de cisalhamento direto ............................................................................. 26 2.4.5 Investigação geotécnica com SPT ....................................................................... 28 2.5 ANÁLISE DE ESTABILIDADE .............................................................................................. 30 2.5.1 Fator de Segurança (FS) ......................................................................................... 30 2.5.2 Software Slope/W ..................................................................................................... 31 2.5.3 Método de Bishop Simplificado ........................................................................... 32 2.6 ESTADO DA ARTE ................................................................................................................ 34 2.6.1 Análise de estabilidade de barragem de rejeitos em planta industrial de Poços de Caldas - MG ............................................................................................................. 34 2.6.2 Análise de estabilidade geotécnica de uma encosta n a cidade de Dois Vizinhos – PR ............................................................................................................................ 35 10 3 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 36 3.1 AMOSTRAGEM DO RESÍDUO ............................................................................................ 36 3.2 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO .................................................................................... 37 3.2.1 Determinação do peso específico dos grãos ................................................... 37 3.2.2 Análise granulométrica ........................................................................................... 38 3.3 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO EM LBRO ......................................................... 40 3.3.1 Preparação da amostra ........................................................................................... 40 3.3.2 Ensaio de cisalhamento direto ............................................................................. 41 3.4 SIMULAÇÃO DE ESTABILIDADE ....................................................................................... 43 3.5 PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DA BARRAGEM E DO SOLO DE BASE ................ 44 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................. 45 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO .................................................................................... 45 4.1.1 Determinação do peso específico dos grãos ................................................... 45 4.1.2 Análise granulométrica ........................................................................................... 46 4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO EM LBRO ......................................................... 48 4.3 PARÂMETROS DO SOLO DE BASE E DA BARRAGEM DE TERRA .......................... 51 4.3.1 Parâmetros geotécnicos do solo de base correlaciona dos com índice de resistência à penetração (N SPT) ............................................................................................. 51 4.3.2 Parâmetros geotécnicos da barragem de terra obtidos por ensaio de cisalhamento direto em aterro da região ........................................................................... 53 4.4 SIMULAÇÃO DE ESTABILIDADE ....................................................................................... 55 5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 57 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 59 ANEXO A ............................................................................................................................................. 62 ANEXO B ............................................................................................................................................. 64 11 1 INTRODUÇÃO O setor de Rochas Ornamentais é de grande importância para o Espírito Santo, sendo o estado o principal produtor e exportador de rochas ornamentais do país, representandomais de 70% das exportações brasileiras de rochas ornamentais (CHIODI, 2015). Tendo em vista a capacidade produtiva do estado, há diversos benefícios oriundos do setor, como a geração de empregos e o recolhimento de impostos. Em contrapartida, atualmente o estado enfrenta graves problemas com os impactos negativos gerados, como é o caso do grande volume de resíduos produzidos nas atividades de extração e beneficiamento de rochas ornamentais. As atividades de beneficiamento de rochas ornamentais geram uma quantidade expressiva de resíduos, sendo esses merecedores de uma atenção especial, visto que de maneira geral, após o seu processamento o resíduo adquiri características químicas não inertes. Esse resíduo de granulometria fina, constituído por água, rocha pulverizada e insumos utilizados na indústria é conhecido como Lama do Beneficiamento de Rochas Ornamentais (LBRO). A geração desse tipo de resíduo ocorre durante a serragem dos blocos, polimento das chapas e no corte das chapas. Para se ter uma ideia, estudos desenvolvidos por Monteiro (2004 apud BAHIENSE, 2011) apontam que durante o desdobramento de blocos de rochas em chapas, em média 20 a 35% do volume do bloco são transformados em pó. Dessa forma, durante o beneficiamento de rochas ornamentais milhares de toneladas de LBRO são produzidas. Segundo Bahiense (2011) somente no estado do Espírito Santo a geração de LBRO é de aproximadamente 98.000 t/mês, considerando uma umidade de 30 %. Esses resíduos são coletados e transportados para serem dispostos em locais adequados, pois nos últimos anos, com o crescente interesse na preservação ambiental, foram desenvolvidas técnicas para a disposição final desses resíduos em aterros, com a finalidade de minimizar os impactos negativos causados, evitando assim o lançamento desses resíduos em locais inapropriados. Segundo Raymundo (2008) ao longo de quase quatro décadas, esses resíduos foram acumulados em aterros superficiais a céu aberto e não controlados, interferindo na paisagem e na qualidade ambiental, provocando a inutilização do solo, contaminação 12 ou degradação da qualidade das águas, destruição da vegetação, ocupação de áreas de preservação permanente e áreas com potencial edificável. O aterro é um dos meios mais seguros e economicamente viáveis para o depósito de qualquer tipo de resíduos, desde resíduos urbanos e matérias orgânicas, até resíduos industriais, como as LBRO’s, restringindo os impactos ambientais a uma célula de aterro controlada. Além dos desafios inerentes ao controle dos impactos ambientais causados pela disposição de resíduos industriais em aterros, existe outro desafio muito significativo que é a estabilidade, visto que para a construção de estruturas que comportem a deposição de milhares de toneladas de resíduo de maneira segura, é necessário o projeto de infraestruturas de grande porte que podem estar sujeitas a ruptura. Dessa forma é de suma importância o conhecimento das características geotécnicas do material depositado nos aterros já que os mesmos influenciam diretamente na estabilidade e devem ser considerados para o desenvolvimento dos cálculos estruturais, de forma a elaborar um projeto em conformidade com as normas de segurança, sem o superdimensionamento de estruturas o que elevaria os custos do projeto. Esse trabalho teve como objetivo, realizar ensaios para compreender as características geotécnicas da LBRO depositada no aterro da Associação de Desenvolvimento Ambiental do Mármore e Granito (ADAMAG), localizado na rodovia Camilo Cola, km 05, no município de Cachoeiro de Itapemirim que é responsável pela destinação final da LBRO gerada em 70 empresas associadas. 1.1 OBJETIVO GERAL • Analisar as características geotécnicas da LBRO depositada no aterro da Associação de Desenvolvimento Ambiental do Mármore e Granito (ADAMAG), para possibilitar a utilização dos dados em cálculos de estabilidade em projetos que envolvem esse tipo de material. 13 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Analisar os parâmetros geotécnicos da LBRO no aterro por meio de ensaios laboratoriais; • Realizar simulações de estabilidade no software GeoStudio Slope/W, utilizando os dados obtidos nos ensaios. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ROCHAS ORNAMENTAIS As rochas ornamentais são materiais rochosos extraídos e beneficiados, em maior ou menor grau, para serem utilizados com funções de revestimento, decorativos ou estruturais, como é possível observar na Figura 1. O termo é abrangente e inclui pedras naturais, materiais lapídeos, rochas dimensionadas e rochas de cantaria (VIDAL, 2014). Segundo Vidal (2014), no contexto comercial, os diversos tipos de rochas e a grande variedade existente, são, de maneira geral, agrupadas em duas grandes categorias: granitos e mármores. A categoria granitos engloba as rochas silicáticas (ígneas e metamórficas) independentemente da cor e da correta tipificação. A categoria mármores abrange comercialmente, qualquer rocha carbonática, tanto as de origem sedimentar (calcários), quanto as de origem metamórfica (mármores propriamente ditos). Para a utilização das rochas ornamentais é necessário o seu beneficiamento, que tem como finalidade preparar o material extraído na lavra para sua utilização, sendo aplicados diversos tipos de acabamentos e insumos de acordo com a sua utilização final. 14 Figura 1 – Bancada e revestimento em rochas ornamentais Fonte: www.granramos.com.br (2016) 2.1.1 Mercado Atualmente o Brasil possui papel de destaque no cenário mundial do setor de rochas ornamentais. De acordo com Chiodi Filho (2015), a produção brasileira de rochas ornamentais totalizou mais de 10 milhões de toneladas em 2014, sendo o maior fornecedor geral de chapas de granito para os Estados Unidos. Infere-se que no Brasil o processamento total de chapas em teares atingiu 80 milhões de metros quadrados em 2014, considerando as exportações e a demanda do mercado interno. No panorama nacional, a região sudeste possui um maior destaque, sendo responsável por 64% da produção bruta de rochas ornamentais de 2014 (CHIODI, 2015). Dos estados da região sudeste, o Espírito Santo possui papel fundamental, sendo o maior produtor de rochas ornamentais, onde existem cidades em que a economia local é baseada principalmente pelas atividades do setor, como é o caso do município de Cachoeiro de Itapemirim. 15 2.1.2 Beneficiamento de rochas ornamentais O beneficiamento de rochas ornamentais pode ser dividido em duas etapas, beneficiamento primário e beneficiamento secundário. O primeiro compreende a preparação e serragem dos blocos em chapas de espessuras variáveis. No segundo processo, as chapas são submetidas cortes e acabamentos superficiais que visam conferir à rocha as propriedades que melhor se aplicam à sua utilização. 2.1.2.1 Beneficiamento primário Os blocos extraídos da lavra são desdobrados em chapas por equipamentos denominados teares, que são divididos em duas categorias, os teares multifios e teares convencionais (multilâminas). Os teares convencionais, observado na Figura 2, são ainda os mais utilizados para o desdobramento de blocos, visto que por muitos anos foi o que existia de mais avançado no setor de rochas ornamentais brasileiro. Figura 2 – Tear convencional Fonte: www.cimef.com.br (2015) O sistema de desdobramento realizado em tear convencional consiste na ação de uma polpa abrasiva composta por água, granalha de aço, cal ou bentonita e o próprio pó da rocha. A polpa abrasiva é conduzida por um conjunto de lâminas dispostas de 16 maneira equidistante, fixadas e tensionadas num quadro que se movimenta de forma descendente sobre o bloco. Esse quadro é suportado por quatro colunas e acoplado à um sistema de biela/manivela, que é acionado por um motorelétrico. Esse mecanismo é responsável pela movimentação do quadro porta lâmina, que entra em atrito com o bloco (SOUZA et al. 2012). Com o desenvolvimento tecnológico do setor, gradualmente estão sendo implantados os teares multifios, observado na Figura 3, essa categoria de tear possui algumas vantagens em relação ao tear convencional, tais como: maior velocidade de corte, melhor acabamento do material serrado, menor consumo de insumos e a menor produção de resíduos, visto que boa parte do resíduo gerado nos teares convencionais é proveniente dos insumos utilizados. Apesar das diversas vantagens dos teres multifios, trata-se de uma tecnologia cara, que possui um custo inicial de implantação muito superior ao do tear convencional. Figura 3 – Tear multifios Fonte: www.cimef.com.br (2015) Os teares multifios são constituídos de uma estrutura (armação) metálica, na qual se dispõem de forma equidistante e tensionados os fios diamantados, que realizam um movimento circular em torno dela. Esse conjunto armação/fios é suportado por duas ou quatro colunas (dependendo do fabricante e do modelo) e movimentando-se verticalmente em sentido descendente, os fios diamantados entram em contato com o bloco proporcionando o seu desdobramento em chapas (SOUZA et al. 2012). 17 2.1.2.2 Beneficiamento secundário O beneficiamento secundário, ou final, é o processo responsável por preparar a partir das chapas os produtos finais com as dimensões e com os acabamentos necessários para a utilização da rocha pelo mercado. Entre os mais importantes processos desenvolvidos no beneficiamento secundário estão o processo de polimento e corte das chapas. O polimento consiste na etapa em que as chapas serradas passam por um processo de acabamento superficial com a finalidade de reduzir a rugosidade da superfície proporcionando o brilho da chapa. O processo é realizado em equipamentos denominados politrizes, dotados de cabeças rotativas que são equipadas com rebolos abrasivos que realizam o desgaste da superfície da rocha irregular proporcionando seu polimento. Esses abrasivos são utilizados com diferentes granulometrias, de maneira sequencial e de forma decrescente até o completo polimento da chapa. Durante o processo é utilizado um fluxo constante de água para a refrigeração dos abrasivos e para a remoção das partículas de rocha e de abrasivos desgastados. Na Figura 4 pode ser observada uma politriz de três cabeças. Figura 4 – Politriz de três cabeças Fonte: www.cimef.com.br (2016) 18 De acordo com Vidal (2014) no setor de rochas ornamentais os rebolos abrasivos são divididos em dois grupos: • Abrasivos magnesianos : usam como ligante uma massa, produto da reação do Óxido de Magnésio (MgO) com cloreto de Magnésio (MgCl2) e Carbeto de Silício como elemento abrasivo; • Abrasivos diamantados : fabricados em liga de ferro e cobalto ou em resina epoxídica e utilizam como elemento abrasivo micropartículas de diamante. Na Figura 5 estão representados alguns dos rebolos abrasivos existentes. Figura 5 – Abrasivos Fonte:www.tyrolit.com.br (2016) O processo de corte das chapas é realizado em equipamentos denominados cortadeiras que realizam o corte da rocha mediante discos diamantados. O corte é realizado nas dimensões adequadas para a utilização da rocha como produto final. Na Figura 6 é possível observar o processo de corte da rocha mediante o uso de disco diamantado. Figura 6 – Corte de chapas com disco diamantado Fonte: www.coch.com.ar (2016) 19 2.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS EM ATERROS No Brasil, os resíduos sólidos ainda são um dos principais problemas ambientais. Assim como em outros setores de infraestrutura, nosso desenvolvimento socioeconômico não foi acompanhado pela implantação de empreendimentos de tratamento e destinação de resíduos em número e tecnologia adequados. Até o passado recente a situação caracterizava-se pelo baixíssimo aproveitamento dos resíduos, tanto dos urbanos quanto dos industriais e outros, e pela destinação inadequada de sua maior parcela (BEL, 2012). A Lei n° 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos em seu artigo 3º, inciso VIII, aponta como disposição final ambientalmente adequada a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. 2.2.1 Classificação de resíduos sólidos Segundo a NBR 10004:2004 resíduos sólidos são resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. Segundo a norma, os resíduos sólidos podem ser classificados nas seguintes classes: • Resíduos classe I – Perigosos: Resíduos que, em função de suas propriedades físico-químicas e infectocontagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Devem apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. 20 • Resíduos classe I – Não perigosos: o Resíduos classe II A – Não inertes: Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. o Resíduos classe II B – Inertes: Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Dessa forma, é de suma importância que os resíduos sejam corretamente classificados para possibilitar a sua destinação final de maneira adequada, em aterros específicos para cada classe de resíduo. 2.2.2 Aterro industrial de LBRO A LBRO é um problema para as indústrias do setor. Segundo estudo desenvolvido por Marcon (2014), a LBRO proveniente do corte dos blocos é considerada prejudicial ao meio ambiente, pois é classificada na maioria dos casos como resíduo não perigoso classe II A (Não inerte). Entre os impactos causados pela LBRO destaca-se a contaminação de corpos hídricos, colmatação dos solos, poluição visual, perda da vegetação nativa, poluição atmosférica, erosão e assoreamento. Dessa forma, para uma destinação final adequada da LBRO, são recomendados os aterros industriais. Aterro Industrial é um local de destinação final de resíduos sólidos produzidos por indústrias. A instalação de um aterro deste tipo é regida por legislação própria, que tem o objetivo de diminuir os impactos ambientais. Para tanto, sistemas de impermeabilização, drenagem e tratamento de efluentes são necessários, de acordo com a natureza do material depositado. Além disso, é exigido um controle ambiental 21 permanente, que visa manter a eficiência dos sistemas de controle de impactos ambientais implantados. 2.2.2.1 Resíduos de LBRO Durante o processo produtivo de rochas ornamentais são utilizados diversos processos de beneficiamento, e são beneficiados diferentes tipos de rochas, gerando resíduos que são encaminhados aos aterros sem nenhum tipo de segregação referente àsua composição, isso ocorre devido ao alto custo para segregação desses resíduos dentro da indústria. Apesar de não ocorrer a segregação do resíduo, de uma maneira geral eles apresentam características físicas semelhantes e na maioria dos casos são classificados como resíduo não perigoso, classe II A (Não inerte). Durante as etapas do beneficiamento é possível observar que o resíduo gerado é composto pelos insumos utilizados no beneficiamento, um grande volume de partículas de rocha pulverizada e água. Os insumos que compõem os resíduos gerados nos teares convencionais são: fragmentos metálicos provenientes das lâminas e das granalhas de aço, cal ou bentonita utilizadas para conferir a viscosidade adequada à poupa. Nos teares multifios o volume de insumos incorporados ao resíduo é bastante reduzido, limitando- se apenas a uma pequena fração de diamantes microscópicos e liga metálica, provenientes do desgaste das pérolas diamantadas que efetuam o corte da rocha. Os insumos incorporados ao resíduo por meio do processo de polimento das chapas, é constituído principalmente pelos fragmentos dos abrasivos desgastados. Existe ainda os insumos provenientes da etapa de corte das chapas, são constituídos exclusivamente por diamantes microscópicos e liga metálica provenientes do desgaste dos discos diamantados, correspondendo a uma parcela muito reduzida do resíduo gerado. Apesar do grande volume de água incorporado à LBRO durante o processo industrial, o resíduo passa por processo de desidratação na empresa geradora antes de serem encaminhados para sua destinação final em aterro. A desidratação do resíduo permite adequar a sua umidade aos parâmetros definidos por lei e também permite a reutilização da água no processo industrial. 22 De uma forma geral, em estudo desenvolvido por Marcon (2014) em aterro de LBRO, foi constatado que o resíduo depositado na célula de aterro apresenta como principais componentes químicos: Al2O3, SiO2 e o Fe2O3. Tendo em vista que a LBRO possui pH elevado e é composta de substâncias químicas, tais como óxidos de ferro e de alumínio, este resíduo é caracterizado como Resíduo Classe II A - Não Inerte, (GODOI, 2009). 2.2.2.2 Legislação ambiental para aterro de LBRO No Brasil, qualquer atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente é passível de licenciamento ambiental. O dever de analisar os processos de licenciamento, emissão das licenças e fiscalização das atividades atualmente é compartilhado por órgãos ambientais federais, estaduais e até mesmo municipais, de acordo com a natureza, localização e porte da atividade a ser desenvolvida. No Espírito Santo a atividade de aterro de LBRO é regulamentada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA, que define por meio da Instrução Normativa n°012/2007 os critérios e procedimentos para a localização, implantação, operação e o monitoramento de aterro industrial de resíduos provenientes das indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais. Dentre as normas estabelecidas na Instrução Normativa n° 012/2007 do IEMA para a implantação e operação de aterro de LBRO estão: • A LBRO dispostas nos aterros deverão ter taxa de umidade igual ou inferior a 30%; • A LBRO deverá ser descarregada dentro da célula do aterro sem formar taludes de resíduo com altura superior a 3 metros e ser espalhada de forma homogenia; • Os taludes expostos deverão ser compactados com critérios técnicos e geotécnicos, protegidos contra erosão e em harmonia paisagística; • Deve ser construída ao pé interno dos taludes, canaletas para evitar erosões ocasionadas pelas águas de chuva, bem como para direcionar a água para fora da célula de aterro. 23 2.3 CARACTERIZAÇÃO DA LBRO 2.3.1 Peso específico dos grãos O peso específico dos grãos é a relação entre o peso das partículas sólidas e o seu volume. Essa propriedade depende exclusivamente dos grãos minerais formadores do solo, ou seja, representa uma média dos pesos específicos dos minerais que compõem a fase sólida (PINTO, 2006). Segundo Pinto (2006), o peso específico dos grãos dos solos varia pouco de solo para solo e, por si, não permite identificar o solo em questão, mas é necessário para o cálculo de outros índices. Os valores situam-se em torno de 27 kN/m³. Grãos de quartzo (areia) costumam apresentar pesos específicos de 26,5 kN/m³ e argilas lateríticas, em virtude da deposição de sais de ferro, valores até 30 kN/m³. 2.3.2 Análise granulométrica De acordo com Pinto (2006), para o reconhecimento da distribuição do tamanho dos grãos de um solo, realiza-se a análise granulométrica, que consiste de duas fases: peneiramento e sedimentação. O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da amostra, é considerado como a “porcentagem que passa” e é representado graficamente em função da abertura da peneira, em escala logarítmica, como pode ser observado na Figura 7. A abertura nominal da peneira é considerada como o diâmetro das partículas, trata-se de um diâmetro equivalente, pois as partículas não são esféricas. A análise por peneiramento tem como limitação a abertura da malha das peneiras, que pode não ser tão pequena quanto o diâmetro de interesse. A menor peneira costumeiramente empregada é a de n° 200, cuja abertura é de 0,075 mm. Quando há interesse no conhecimento da distribuição granulométrica da porção mais fina dos solos, emprega-se a técnica da sedimentação, que se baseia na Lei de Stokes: a velocidade de queda das partículas esféricas num fluido atinge um valor limite que depende do peso específico do material da esfera, do peso específico do fluído, da viscosidade do fluído e do diâmetro da esfera (PINTO, 2006). 24 Figura 7 - Exemplo de curva de distribuição granulométrica Fonte: Pinto (2006) 2.4 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO Segundo Das (2007) a resistência ao cisalhamento é a resistência interna por área unitária que o material pode oferecer para resistir a rupturas e a deslizamentos ao longo de qualquer plano no seu interior. O cisalhamento ocorre devido ao deslizamento entre corpos sólidos ou entre partículas do solo. As principais características que permitem menor ou maior deslizamento são o atrito, coesão e o peso específico natural do material. Os parâmetros de coesão e ângulo de atrito podem ser obtidos por meio de ensaios como cisalhamento direto, ensaio de compressão triaxial ou por métodos semiempíricos, como a correlação do índice de resistência a penetração obtidos em ensaios de SPT. 2.4.1 Ângulo de atrito Segundo Viecili (2003) a resistência por atrito entre as partículas depende do coeficiente de atrito e pode ser definida como a força tangencial necessária para ocorrer o deslizamento de um plano, em outro paralelamente a este. Esta força também é proporcional à força normal ao plano. De acordo com Pinto (2006) o ângulo formado entre a força normal e a resultante das forças, tangencial e normal, é 25 chamado de ângulo de atrito Φ, sendo o máximo ângulo que a força cisalhante pode ter com a normal ao plano sem que haja deslizamento. Atingindo esse ângulo, a componente tangencial é maior que a resistência ao deslizamento, como pode ser observado na Figura 8a. O deslizamento também pode ser provocado pela inclinação do plano de contato, que altera as componentes normal e tangencial ao plano do peso, como observado na Figura 8b. Figura 8 – Esquema de atrito entre dois corpos Fonte: Pinto (2006) A diferença entre o fenômeno de atrito nos solos e o fenômeno de atrito entre dois corpos, é de que no atrito nos solos o deslocamento envolve um grande número de grãos, que podem deslizar entre si ou rolar uns sobre os outros, acomodando-se em vazios que encontram no percurso (PINTO, 2006). 2.4.2 Coesão A coesão do solo é a força de atraçãoentre as superfícies de suas partículas, podendo ser real ou aparente. A coesão real é resultado do efeito de agentes cimentantes, como teor de óxidos e de argilas silicatadas, bem como o resultado da atração entre partículas próximas por forças eletrostáticas. A coesão aparente é resultado da tensão superficial da água nos capilares do solo, formando meniscos de água entre as partículas dos solos parcialmente saturados, que tende a aproximá-las entre si. A coesão aparente constitui uma parcela da resistência ao cisalhamento de solos parcialmente saturados (SILVA, 2007). 26 2.4.3 Peso específico natural Em solos, o peso específico natural é a relação entre o peso total do solo e seu volume total, essa propriedade leva em consideração a umidade do material, os espaços vazios existentes e os grãos minerais predominantes. Para sua determinação, molda- se um corpo de prova com dimensões conhecidas permitindo calcular o seu volume. O peso total divido pelo volume é o peso específico natural. Segundo Pinto (2006), o peso específico natural não varia muito entre os diferentes solos. Situa-se entorno de 19 a 20 kN/m³, podendo ser pouco maior (21 kN/m³) ou pouco menor (17 kN/m³), e em casos especiais, como argilas orgânicas moles, podem apresentar pesos específicos de 14 kN/m³ (PINTO, 2006). 2.4.4 Ensaio de cisalhamento direto O ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para determinar a resistência ao cisalhamento de um solo e é realizado seguindo a norma americana D 3080 - Standard test method for direct shear test of soils under consolidated drained conditions (ASTM, 1998). Esse ensaio, baseia-se no critério de Coulomb (PINTO, 2006). Segundo Pimentel (2008) o ensaio consiste, basicamente, da aplicação de uma tensão normal representativa de campo e de uma força tangencial que gera o deslocamento de uma porção móvel da caixa em relação à outra porção fixa, como pode ser observado na Figura 9. Figura 9 - Esquema do equipamento de cisalhamento direto Fonte: Pinto (2006) A tensão tangencial de cisalhamento (τ) é registrada em função do deslocamento horizontal (d), como pode ser observado no gráfico da Figura 10. 27 Figura 10 - Representação do resultado típico do ensaio de cisalhamento direto Fonte: Pinto (2006) O procedimento de ensaio deve ser realizado para, pelo menos, três níveis de sobrecarga. Com isso, pode-se traçar envoltórias de resistência nas situações de pico, residual ou intermediária por meio do ajuste aos pontos experimentais obtidos. Segundo DAS (2007), a resistência de cisalhamento de um solo tem duas componentes, coesão c’ e o ângulo de atrito Φ’ , como observado na Figura 11 e pode ser escrita como: �� = � + � � Φ′ (1) Onde: � = coesão efetiva �′ = ângulo de atrito interno efetivo � = tensão normal na superfície de ruptura Figura 11 - Representação gráfica da resistência ao cisalhamento Fonte: Autor do TCC (2016) 28 2.4.5 Investigação geotécnica com SPT Quando não se dispõe de ensaios de laboratório para determinação dos parâmetros geotécnicos, alguns autores sugerem a estimação desses parâmetros por meio de métodos semiempíricos baseados nos dados obtidos com ensaios de SPT realizados em campo. O ensaio de penetração dinâmica (Standard Penetration Test ou SPT), normalizado pela NBR 6484:2001, é realizado a cada metro na sondagem a percussão, representado na Figura 12. O ensaio consiste na cravação de um amostrador normalizado, chamado originalmente de Raymond-Terzaghi, por meio de golpes de um peso de 65 kgf caindo de 75 cm de altura, a perfuração avança na medida em que o solo, desagregado com auxílio de um trepano, é removido por circulação de água, denominado lavagem. Anota-se o número de golpes necessários para cravar os 45 cm do amostrador em 3 conjuntos de golpes para cada 15 cm (VELLOSO, 2011). Figura 12 – Sondagem a percussão: a) avanço por lavagem; b) Ensaio de penetração dinâmica Fonte: Velloso (2011) 29 Segundo a NBR 6484:2001 o resultado do ensaio SPT é o número de golpes necessário para cravar os 30 cm finais do amostrador, denominado índice de resistência à penetração (NSPT). Esse índice é utilizado para estimar parâmetros como coesão, ângulo de atrito e peso específico. A seguir, tem-se algumas correlações usuais: • Coesão Para estimar o valor de coesão total não drenada (Cu) Teixeira (1996 apud VELLOSO, 2000) sugere a seguinte correlação (Equação2), que é embasada no índice de resistência a penetração NSPT. �� = 10 ���� (���) (2) Para a determinação da coesão efetiva (C’) Terzaghi (1943 apud CINTRA, 2011) recomenda a utilização de valores reduzidos de (Cu), conforme Equação 3: � = � � �� (3) • Ângulo de atrito Para estimar o valor de ângulo de atrito total (Φ ) Teixeira (1996 apud VELLOSO, 2000) sugere a seguinte correlação (Equação 4), que é embasada no índice de resistência a penetração NSPT. � = �20 ���� + 15° (4) Para a determinação do ângulo de atrito interno efetivo (Φ’) Terzaghi (1943 apud CINTRA, 2011) recomenda a utilização de valores reduzidos de (Φ), conforme Equação 5: tg �’ = � � � � (5) 30 • Peso específico Para estimar os valores de peso específico do solo a partir dos valores de NSPT são utilizados os valores relacionados na Tabela 1 proposta por Godoy (1972 apud VELLOSO, 2000). Tabela 1 – Peso específico dos solos NSPT Consistência Peso específico (kN/m³) ≤ 2 Muito mole 13 3 - 5 Mole 15 6 -10 Média 17 11 - 19 Rija 19 ≥ 20 Dura 21 Fonte: Adaptado de Godoy (1972 apud VELLOSO, 2000) 2.5 ANÁLISE DE ESTABILIDADE 2.5.1 Fator de Segurança (FS) O fator de segurança é o valor numérico da relação estabelecida entre a resistência ao cisalhamento disponível do solo para garantir o equilíbrio do corpo deslizante e a tensão de cisalhamento mobilizada pelos esforços atuantes, conforme Equação 6: %& = '( ') (6) Onde: �� = forças resistentes �* = forças atuantes Quando o fator de segurança é igual a 1, o talude em questão está em um estado de ruptura iminente. Os fatores de segurança variam de acordo com a necessidade de 31 segurança do local, conforme descrito na NBR 11682:2009, como pode ser observado na Figura 13. Figura 13 - Valores para fatores de segurança mínimos Fonte: NBR 11682 (2009) 2.5.2 Software Slope/W De acordo com Santos (2004) o software Slope/W é um programa que utiliza a teoria do equilíbrio limite para calcular o Fator de Segurança de taludes em solo. Esta ferramenta tem a habilidade de modelar diferentes tipos de solo, estratigrafias complexas, geometrias complexas de superfície de escorregamento e condições de pressão neutra variáveis, utilizando uma grande variedade de modelos de solos. O software possui uma gama de métodos para o cálculo do Fator de Segurança, dentre eles: • Morgenstern-Price; • Bishop; • Janbu; • Ordinary (Fellenius). 32 Os métodos são baseados no método de equilíbrio limite, que considera que as forças que tendem a induzir a ruptura são exatamente balanceadas pelos esforços resistentes. Para comparar a estabilidade de taludes em condições diferentes de equilíbrio limite, define-se o fator de segurança (FS) como sendo a relação entre a resultante das forças solicitantes e resistentes ao escorregamento. A condição de equilíbrio limite corresponderia a um fator de segurança unitário (GUIDICINI, 2008). Neste trabalho adotou-se o método de Bishop. 2.5.3 Método de Bishop Simplificado O método de Bishop Simplificado foi proposto por Bishop (1955 apud DAS, 2007) e é baseado em equilíbrio limite, onde maciço deslocado é dividido em fatias (método das fatias). O método das fatias consiste em dividir o solo acima da superfíciede ruptura circular em várias fatias verticais, onde as larguras das fatias não precisam ser iguais e a estabilidade de cada fatia é calculada separadamente conforme Figura 14. Figura 14 – Método das Fatias Fonte: DAS (2007) 33 Aplicando o equilíbrio de momentos em relação ao centro do círculo de ruptura (ponto O) e o equilíbrio de forças na direção perpendicular à superfície de ruptura pode-se determinar o fator de segurança (FS) por meio da Equação 7: (7) Onde: Esse procedimento é repetido para diversas posições da superfície de ruptura. O fator de segurança crítico corresponde ao de menor valor encontrado para FS. O método de Bishop tem como hipótese que a resultante das forças entre as fatias é horizontal. Partindo da Equação 7, acrescenta-se a equação que impõem o equilíbrio das forças verticais. O fator de segurança é dado pela Equação 8. (8) Onde: (9) A solução resulta de um processo iterativo, no qual é arbitrado o valor do fator de segurança (FSi) da Equação 9 e calcula-se o fator FS. O processo repete-se até que o valor calculado (FS) se iguale ao valor arbitrado (FSi). 34 2.6 ESTADO DA ARTE A seguir serão abordadas brevemente, duas pesquisas realizadas, que utilizaram os parâmetros geotécnicos de determinado material para desenvolvimento de análise de estabilidade através do software GeoStudio Slope/W. 2.6.1 Análise de estabilidade de barragem de rejeit os em planta industrial de Poços de Caldas - MG O estudo desenvolvido por Branquinho (2014), teve como objetivo avaliar e discutir a situação de estabilidade de barragem de rejeitos em uma empresa situada no município de Poços de Caldas – Minas Gerais A avaliação foi feita através de levantamento dos dados relativos às características da barragem de rejeitos, através de laudos técnicos desenvolvidos por empresas terceirizadas que prestam consultoria, com objetivo de monitorar e regularizar a situação das barragens ao longo dos anos como exige os órgãos fiscalizadores. Também foram realizadas análises computacionais por meio do software de análises de estabilidade de taludes GeoStudio Slope/W. Foi observado que a barragem em questão é constituída principalmente por dois tipos de material, argila siltosa, com coesão c’ =12,0 kPa, ângulo de atrito efetivo Φ’ = 18°, peso específico de 21 kN/m³ e argila, com c’ =18,0 kPa e ângulo de atrito efetivo Φ’ = 18°, peso específico de 21 kN/m³. As análises de estabilidade foram realizadas utilizando os métodos Ordinary, Bishop, Janbu, Morgenstern-Price e Spencer. Os resultados obtidos demonstraram que a barragem apresenta um fator de segurança médio de 1,439, sendo maior do que 1 em todos os métodos utilizados, o que nos permite dizer que a barragem é estável. Comparando os métodos utilizados, tem-se uma variação de 0,1 no fator de segurança. De acordo com o autor, apesar dos estudos realizados indicarem a condição de estabilidade da barragem, deve-se considerar que devido ao potencial poluidor, ou a catástrofe no caso de ruptura, deve-se realizar obras que eleve o “FS” para patamares superiores a 2,0. 35 2.6.2 Análise de estabilidade geotécnica de uma enc osta na cidade de Dois Vizinhos – PR Nesse estudo realizado por Trevisan (2013) foi realizada a análise das propriedades geotécnicas de solos de uma encosta urbana da cidade de Dois Vizinhos – PR. Foram realizados ensaios de caracterização e ensaios de cisalhamento direto para subsidiar análises de estabilidade da encosta por meio do software GeoStudio Slope/W. A área estudada foi previamente definida como uma área de risco e inapta a construções por de um estudo da Companhia Paranaense de Mineração - Mineropar, que identificou áreas suscetíveis a movimentos de massa. Durante os ensaios de cisalhamento direto, o comportamento do solo em questão não teve variações expressivas para os diferentes níveis de tensões. A envoltória de ruptura, obtida por meio do ensaio apresentou os seguintes parâmetros para o intercepto coesivo c’ =34,86 kPa e ângulo de atrito efetivo Φ’ = 32°. O peso específico natural do solo adotado foi obtido da média dos pesos específicos calculados para cada corpo prova cisalhado no ensaio de cisalhamento direto, resultando no valor de 14,32 kN/m³. Para o modelo computacional, as inclinações da encosta foram mantidas conforme a topografia do local, representando as reais condições topográficas, bem como a espessura de solo encontrada nas sondagens. Foram realizadas simulações com o solo saturado e não saturado. Os resultados demonstram que na análise com o solo saturado há uma redução em média de 43,97 % do Fator de Segurança, sendo a média dos Fatores de Segurança para essa situação menores que 1, representando uma situação bastante crítica. Entretanto, para as análises sem a presença do nível d’água, não se identificam situações extremamente críticas, sendo que o fator de segurança médio para este caso é de FS = 1,66. Os resultados demonstraram que devem ser tomadas medidas preventivas emergenciais na encosta estudada, como a construção de estruturas de contenção, e a proibição efetiva de construções, cortes e aterros na encosta. 36 3 METODOLOGIA O estudo foi realizado por meio de ensaio de cisalhamento direto para a determinação das características geotécnicas do resíduo, o qual consiste, basicamente, em colocar uma amostra indeformada do material em uma caixa bipartida que realiza um deslocamento transversal a fim de determinar a resistência ao corte do corpo de prova. Com os dados obtidos no ensaio de cisalhamento direto foi possível determinar os parâmetros de coesão e ângulo de atrito interno. Também foram realizados uma série de ensaios com intuito de caracterizar o material referente à sua granulometria e sua densidade, e simulações de estabilidade a fim de melhor compreender o comportamento do material. 3.1 AMOSTRAGEM DO RESÍDUO Os ensaios foram realizados em amostra de resíduo retiradas da célula de aterro da ADAMAG – Associação de Desenvolvimento do Mármore e Granito, aterro que recebe resíduos de 70 empresas do setor de rochas ornamentais da cidade de Cachoeiro de Itapemirim e municípios vizinhos. A amostra de resíduo foi coletada na superfície da célula de aterro que se encontrava depositada há aproximadamente dois meses e já havia passado por processo de compactação com rolo, como pode ser observado na Figura 15. O procedimento de compactação com rolo é realizado esporadicamente no aterro, sendo a compactação mais usual e diária realizada pelo transito de caminhões e da retroescavadeira que realiza o espalhamento do material. Para a coleta da amostra de resíduo foi utilizado o método de coleta de amostras indeformadas de solos do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER PRO 002/94. O método consiste na utilização de um amostrador de parede fina (Shelby tube). Esse amostrador é constituído de cilindro de material resistente e anticorrosivo que é cravado sob pressão no material a ser amostrado, de uma vez só, sem interrupção ou rotação. Com a amostra no interior do tubo, dá-se uma rotação da haste, para separá- la do material, e inicia-se o alçamento com todo o cuidado para que não haja queda do material do interior do amostrador. 37 Após o isolamento das extremidades do tubo, ele é mantido em local protegido até seu envio ao laboratório. Figura 15 – Procedimento de coleta da amostra Fonte: Autor do TCC (2015) No mesmo ponto de coleta da amostra indeformada, foi realizada a coleta de uma porção de amostra deformada para a realização dos ensaios de caracterização do resíduo. 3.2 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO 3.2.1 Determinação do peso específico dos grãos A determinação do peso específico dos grãos foi realizada utilizando o métododa picnometria, estabelecido na NBR 6508:1984. Primeiramente foi feita a secagem da amostra em estufa por um período de 24 horas a 110°C. Após a secagem a amostra foi destorroada, conforme Figura 16a, para garantir que o material passasse integralmente pela peneira de 4,8 mm. A amostra foi então completamente imersa em água destilada durante 12 horas, conforme Figura 16b. Em seguida foi levada ao aparelho de dispersão por 15 minutos. Após a dispersão a amostra foi transferida para o picnômetro e o mesmo foi colocado em banho-maria para a completa remoção do ar aderente às partículas. Logo após a remoção do ar aderente às partículas realizou- se a pesagem do conjunto picnômetro + amostra + água. O material então transferido para um becker e colocado em estufa até a completa secagem da amostra. 38 A determinação da massa específica foi realizada confrontando as massas obtidas nas seguintes pesagens: picnômetro + água, picnômetro + água + solo, becker e becker + solo seco. Foram realizados três ensaios para que pelo menos dois deles obtivessem resultados que não diferissem em mais de 0,02 g/cm³. Figura 16 – (a) Destorroamento; (b) Imersão em água destilada (a) (b) Fonte: Autor do TCC (2015) O ensaio foi realizado no laboratório de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da UFES. 3.2.2 Análise granulométrica A análise granulométrica do material foi realizada utilizando o método de sedimentação e peneiramento, de acordo com a norma NBR 7181:1984. Foi realizada a secagem da amostra em estufa por um período de 24 horas a 110°C. Após a secagem a amostra foi destorroada para assegurar que apenas os grãos maiores ficassem retidos na peneira, o material foi passado pela peneira de 2,0 mm. Pela natureza fina do material, a amostra passou integralmente pela peneira de 2,0 mm. Para a sedimentação, separou-se 70 gramas desse material que foi transferido para um becker, onde foi utilizada uma solução de hexametafosfato de sódio, como 39 defloculante. Após o período de repouso superior a 12 horas a solução foi levada ao aparelho de dispersão por 15 minutos, conforme Figura 17a, a solução foi então vertida em uma proveta e acrescida de água destilada até atingir 1.000 cm³, conforme Figura 17b. Após a agitação da proveta, foi anotada a hora exata do início da sedimentação e colocado o densímetro e o termômetro na dispersão na hora de realizar as leituras. Foram realizadas leituras do densímetro e do termômetro correspondentes ao tempo de sedimentação de 0,5, 1, 2, 4, 8, 15 e 30 minutos, 1, 2, 4, 8 e 24 horas, contando a partir do início da sedimentação. Após a última leitura, o material foi vertido na peneira de 0,075mm, e realizou-se a lavagem com água, empregando-se água potável a baixa pressão. O material retido na peneira foi secado em estufa, à temperatura de 105°C e, posteriormente passado nas peneiras de 1,18mm, 0,6mm, 0,425mm, 0,25mm, 0,15mm e 0,075mm. Foi realizada a pesagem das peneiras vazias e com o material retido em cada uma, para possibilitar o cálculo da massa de amostra retida em cada peneira. Figura 17 – (a) Aparelho de dispersão; (b) Proveta de sedimentação (a) (b) Fonte: Autor do TCC (2015) O ensaio foi realizado no laboratório de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da UFES. 40 3.3 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO EM LBRO Os parâmetros de ângulo de atrito interno (Φ’ ) e coesão (c’ ) das amostras, foram obtidos por meio do ensaio de cisalhamento direto, seguindo a norma americana D 3080 - Standard test method for direct shear test of soils under consolidated drained conditions (ASTM, 1998). Para simular as piores condições que podem ocorrer em campo, foi realizado o ensaio de cisalhamento direto drenado com o corpo de prova saturado. Segundo Das (2011) nesse tipo de ensaio o corpo de prova é mantido em um recipiente preenchido com água, a taxa de carregamento é lenta o suficiente para que o excesso de poropressão gerado no corpo de prova seja dissipado completamente por drenagem. A água nos poros do corpo de prova é drenada por meio de duas pedras porosas, conforme Figura 18. Figura 18 - Diagrama do arranjo para ensaio de cisalhamento direto Fonte: Das (2007) O ensaio foi realizado no laboratório de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da UFES. 3.3.1 Preparação da amostra O ensaio de cisalhamento direto foi realizado em 3 (três) corpos de prova extraídos da amostra indeformada, obtida com a cravação do amostrador de parede fina na LBRO. A amostra foi removida de dentro do cilindro amostrador de parede fina, para em seguida serem confeccionados os corpos de prova mediante a cravação de 41 moldes metálicos, conforme Figura 19. Os três corpos de provas obtidos foram medidos e pesados. Figura 19 – (a) Processo de talhagem da amostra; (b) Pesagem do corpo de prova (a) (b) Fonte: Autor do TCC (2015) 3.3.2 Ensaio de cisalhamento direto O ensaio foi realizado na prensa de cisalhamento direto que pode ser observada na Figura 20, constituída basicamente de caixa bipartida, sistema de cisalhamento, conjunto de hastes verticais, pratos e braço multiplicador de carga. Figura 20 - Prensa de cisalhamento direto Fonte: Autor do TCC (2015) Pratos Caixa Bipartida Sistema de Cisalhamento 42 O ensaio foi iniciado transferindo o corpo de prova do molde metálico para a caixa bipartida de tal maneira que o corpo de prova ficou centralizado entre a parte inferior e superior da caixa. Em seguida, instalou-se na prensa a caixa bipartida entre as pedras porosas e duas placas dentadas. A caixa bipartida é instalada na prensa dentro de um recipiente onde é inserida água para a saturação do corpo de prova. Inicia-se a fase de adensamento aplicando carregamento previamente definido, por meio de pesos nos pratos. As leituras de deformação vertical são transmitidas ao computador por meio de um extensômetro. Quando a deformação vertical se estabilizar, é dada como concluída a fase de adensamento. As amostras foram adensadas com pressões de 50, 100 e 200 kPa, uma para cada corpo de prova. Após a conclusão do adensamento do corpo de prova, é iniciado o cisalhamento. Durante esta fase, as leituras também são transmitidas ao computador por meio de um extensômetro vertical que realiza a leitura do deslocamento vertical do corpo de prova e também de um sensor que mede a força cisalhante desenvolvida durante o ensaio. Os cisalhamentos dos corpos de prova foram realizados com velocidade de 0,036 mm/min até o deslocamento total máximo de 30% do comprimento da amostra (15 mm), de acordo com a norma americana D 3080 (ASTM, 1998). Ao final do ensaio foi possível observar o deslocamento e a linha de ruptura de cada corpo de prova, demonstrado na Figura 21. Figura 21 – (a) e (b) Corpos de prova cisalhados (a) (b) Fonte: Autor do TCC (2015) O ensaio foi realizado no laboratório de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da UFES. 43 3.4 SIMULAÇÃO DE ESTABILIDADE Para uma melhor compreensão da aplicação dos resultados obtidos no ensaio de cisalhamento direto, foram realizadas simulações no software GeoStudio Slope/W. Para análise dos dados foram consideradas duas geometrias hipotéticas. A primeira, de um aterro de LBRO construído de acordo com os parâmetros construtivos usuais, com barragens de contenção construídas com solo devidamente compactado, conforme Figura 22. Figura 22 – Dimensões hipotéticas de um aterro com barragens Fonte: Autor do TCC (2016) A segunda geometria considerada foi de um aterro construído sem as barragens de terra para sua contenção, onde a contenção é realizada apenas com a própria LBRO depositada, conformeFigura 23. Essa geometria não é utilizada atualmente para a construção de aterros de LBRO, no entanto, foi proposta para possibilitar a interpretação dos parâmetros geotécnicos do resíduo. 44 Figura 23 - Dimensões hipotéticas de um aterro sem barragem Fonte: Autor do TCC (2016) Ambas as situações possuem a geometria final idênticas, com 6 (seis) seções de 4 metros de altura, totalizando uma altura de 24 metros. A inclinação de cada um dos seis taludes é de 45° e a inclinação geral do talude final é de 29°. No estudo da estabilidade foi utilizado o método denominado Bishop Simplificado proposto por Bishop (1955 apud DAS, 2007), que é baseado em equilíbrio limite e o maciço deslocado é dividido em fatias. 3.5 PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DA BARRAGEM E DO SOLO DE BASE Para o desenvolvimento do estudo de estabilidade foi necessário que se atribuísse os parâmetros geotécnicos de todos os materiais que compõem as geometrias analisadas. Como a proposta do estudo foi a análise das características geotécnicas da LBRO foi necessário buscar outros meios para se obter os parâmetros geotécnicos dos materiais que compõem a barragem de terra e o solo da base do aterro. Dessa forma, na determinação dos parâmetros geotécnicos do solo de base do aterro foram realizadas correlações com base em laudo de Sondagem a Percussão (SPT) realizado na região onde está inserido o aterro em estudo. Por meio do índice de resistência à penetração (NSPT) é possível fazer correlações para estimar os valores de coesão, ângulo de atrito e peso específico do material. O laudo de sondagem à percussão encontra-se no Anexo A. 45 Para determinar os parâmetros geotécnicos do material de confecção da barragem de terra a ser utilizado no estudo de estabilidade é importante que sejam utilizados dados coerentes, com os parâmetros encontrados em barragens de aterros de LBRO usuais na região, construídos com controle de compactação, de acordo com a normas técnicas. Para tanto, foram considerados os resultados obtidos no ensaio de cisalhamento direto realizados na barragem de outros aterros de LBRO da região. Os resultados dos ensaios foram cedidos pelas empresas responsáveis pelos aterros e as envoltórias de ruptura e os parâmetros geotécnicos obtidos nos ensaios estão expostos no Anexo B. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO 4.1.1 Determinação do peso específico dos grãos A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos nas pesagens do picnômetro + água, picnômetro + água + solo, becker, becker + solo seco. As pesagens foram realizadas em três ensaios. Tabela 2 - Peso específico dos grãos Peso Específico Real dos Sólidos - Sedimentação Ensaio N° 1 2 3 M Pic+s+a(g) 664,70 663,40 656,30 M Pic+a (g) 634,70 639,20 634,60 Temperatura (°C) 24,00 24,00 24,00 Becker N° 1+3 4+10 11+12 M bec+solo seco(g) 271,04 264,34 246,54 M becker (g) 224,75 226,33 212,55 M solo seco (g) 46,29 38,01 33,99 Densidade água (g/cm³) 0,9967 0,99665 0,9967 Peso específico-ρs (g/cm³) 2,83 2,74 2,76 Fonte: Autor do TCC (2015) 46 Como podemos observar, dos três ensaios realizados, os ensaios 2 e 3, apresentaram resultados do peso específico do material que não diferem em mais de 0,02 g/cm³. Dessa forma, o peso específico foi determinado por meio da média desses dois resultados, o que nos dá uma massa específica de 2,75 g/cm³ ou peso específico de 27,5 kN/m³. 4.1.2 Análise granulométrica Foram realizadas leituras do densímetro e do termômetro correspondentes ao tempo de sedimentação de 0,5, 1, 2, 4, 8, 15 e 30 minutos, 1, 2, 4, 8 e 24 horas, contando a partir do início da sedimentação. A Tabela 3 apresenta as leituras realizadas durante a sedimentação. Tabela 3 - Sedimentação Tempo (t) Hora Leitura Temperatur a (°C) 0,5 min 08:03 1,040 29,0 1 min 08:04 1,038 29,0 2 min 08:05 1,035 29,0 4 min 08:07 1,031 28,9 8 min 08:11 1,028 28,9 15 min 08:18 1,024 28,5 30 min 08:33 1,020 28,0 1 hora 09:03 1,017 27,0 2 horas 10:03 1,014 26,8 4 horas 12:03 1,012 26,7 8 horas 16:03 1,010 26,7 24 oras 08:03 1,008 25,9 Fonte: Autor do TCC (2015) O material sedimentado foi secado e passado nas peneiras de 1,18mm, 0,6mm, 0,425mm, 0,25mm, 0,15mm e 0,075mm. Foi realizada a pesagem das peneiras vazias e com o material retido em cada uma, para possibilitar o cálculo da massa de amostra retida em cada peneira. A Tabela 4 apresenta as leituras realizadas durante o peneiramento fino. 47 Tabela 4 - Peneiramento fino Peneira ABNT Massa do Solo Seco (g) % que Passa (%) ø mm Peneira Total Retido Passado Parcial Total 16 465,11 465,22 0,11 69,89 99,843 99,843 1,18 30 429,76 430,68 0,92 68,97 98,529 98,529 0,6 40 414,09 414,84 0,75 68,22 97,457 97,457 0,425 60 356,98 358,05 1,07 67,15 95,929 95,929 0,25 100 398,02 399,11 1,09 66,06 94,371 94,371 0,15 200 368,03 372,02 3,99 62,07 88,671 88,671 0,075 Fonte: Autor do TCC (2015) No Gráfico 1 é possível observar a curva granulométrica obtida por meio dos ensaios de sedimentação e peneiramento fino. Gráfico 1 - Curva granulométrica Fonte: Autor do TCC (2015) Como pode-se observar na curva granulométrica do material, o mesmo é constituído por grãos muito finos, sendo predominantemente inferiores a 0,1 mm de diâmetro 0 20 40 60 80 100 120 0,001 0,01 0,1 1 10 100 P e rc e n ta g e m q u e P a ss a ( % ) Diâmetro (mm) Argil Silte Areia F M G Pedregulho 48 equivalente e mais de 88% dos grãos apresentando diâmetro equivalente inferior a 0,075 mm. 4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO EM LBRO Após a cravação dos moldes metálicos para confecção das amostras para o cisalhamento direto, foram realizadas as pesagens e medições para se determinar as características dos corpos de prova, dentre eles a determinação do peso específico natural do material. Na Tabela 5 estão apresentadas as características dos corpos de prova. Tabela 5 – Propriedade das amostras de cisalhamento direto Corpo de prova (CP) 1 2 3 Altura (cm) 1,96 1,97 1,95 Lado (cm) 5,09 5,07 5,09 Volume (cm³) 50,77988 50,63865 50,5208 Massa (CP + Molde) (g) 170,57 168,53 168,93 Tara (g) 79,26 77,2 79,16 Massa (CP úmido) (g) 91,31 91,33 89,77 Peso específico (g/cm³) 1,798153 1,803563 1,776892 Peso específico (KN/m³) 17,98153 18,03563 17,76892 Fonte: Autor do TCC (2015) Obtendo a média entre o peso específico das três amostras é possível determinar o peso específico natural do material de 17,93 KN/m³. Durante o ensaio de cisalhamento direto de cada uma das amostras foram registrados os valores de tensão normal, tensão cisalhante e deslocamento de cada ensaio. A seguir estão plotados os gráficos de tensão cisalhante versus deslocamento horizontal dos três corpos de prova ensaiados, foram utilizadas tensões normais de 50 kPa (Gráfico 2), 100 kPa (Gráfico 3) e 200 kPa (Gráfico 4). 49 Gráfico 2 - Ensaio de cisalhamento (50 kPa) Fonte: Autor do TCC (2015) Gráfico 3 - Ensaio de cisalhamento (100 kPa) Fonte: Autor do TCC (2015) 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0 2 4 6 8 10 12 14 16 T e n sã o c is a lh a n te ( k g f/ cm ²) Deformação (mm) 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 T e n sã o c is a lh a n te ( kg f/ cm ²) Deformação (mm) 50 Gráfico 4 - Ensaio de cisalhamento (200 kPa) Fonte: Autor do TCC (2015) Como pode-se observar, os resultados dos ensaios apresentam um acréscimo contínuo de resistência com a deformação, com as tensões residuais permanecendo bem elevadas. Na Tabela 6 estão registradas as deformações, as tensões cisalhantes e as tensões normais obtidas no instante da ruptura dos corpos de prova. Tabela 6 - Leituras no momento da ruptura dos corpos de prova Amostra Deformação(mm) Tensão cisalhante (kgf/cm²) Tensão normal (kgf/cm²) CP1 - 50 kPa 0,70 0,53 0,51 CP2 - 100 kPa 3,00 0,90 1,06 CP3 - 200 kPa 5,00 1,82 2,22 Fonte: Autor do TCC (2015) Com os resultados obtidos, foi gerada a envoltória de ruptura de Mohr-Coulomb apresentada no Gráfico 5. 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 0 2 4 6 8 10 12 14 16 T e n sã o c is a lh a n te ( k g f/ cm ²) Deformação (mm) 51 Gráfico 5 – Envoltória de ruptura Fonte: Autor do TCC (2015) Por meio da análise da função gerada a partir da linha de tendência que intercepta os pontos marcados no gráfico é possível obter os parâmetros de ângulo de atrito interno efetivo (Φ’ = 37,29°) e coesão efetiva (C’ =11,74 kPa). 4.3 PARÂMETROS DO SOLO DE BASE E DA BARRAGEM DE TERRA 4.3.1 Parâmetros geotécnicos do solo de base correl acionados com índice de resistência à penetração (N SPT) Para estimar os parâmetros geotécnicos do solo de base do aterro utilizado no estudo de estabilidade foi utilizado o índice de resistência a penetração NSPT obtido em ensaio realizado no solo às margens do aterro existente. Os resultados estão na Tabela 7. Tabela 7 – Dados do Ensaio SPT (Anexo A) Profundidad e (m) NSPT Descrição do material 0 – 1 - Solo removido a trado 1 – 2 14 Argila arenosa, rija a dura, cor marrom 2 – 3 19 Argila arenosa, rija a dura, cor marrom 3 – 4 95 Argila arenosa, rija a dura, cor marrom Fonte: Autor do TCC (2016) y = 0,7616x + 0,1197 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 T e n sã o c is a lh a n te ( k g f/ cm ²) Tensão normal (kgf/cm²) Envoltória de ruptura Φ’ 52 Para a estimar dos parâmetros geotécnicos foi considerado o NSPT obtido através da média dos valores obtidos nas duas camadas mais superiores, com valores de 14 e 19. O NSPT obtido na camada mais profunda com valor de 95 foi descartado pois o valor é discrepante em relação às outras camadas e poderia provocar a superestimação do Fator de Segurança. O valor de NSPT utilizado foi de 16,5 obtido através da média dos valores das camadas superiores. • Coesão Para estimar o valor de coesão total não drenada (Cu) foi utilizado a correlação descrita na Equação 2 sugerida por Teixeira (1996 apud VELLOSO, 2000) que é embasada no índice de resistência a penetração NSPT. �� = 10 - 16,5 = 165 ��� (10) Para a determinação da coesão efetiva (C’ ) foi utilizada a Equação 3 recomendada por Terzaghi (1943 apud CINTRA, 2011). � = � � 165 = 110,0 ��� (11) • Ângulo de atrito Para estimar o valor de ângulo de atrito total (Φ) foi utilizado a correlação descrita na Equação 4 sugerida por Teixeira (1996 apud VELLOSO, 2000) que é embasada no índice de resistência a penetração NSPT. � = �20 - 16,5 + 15° = 33,16° (12) Para a determinação do ângulo de atrito efetivo (Φ’) foi utilizado a redução descrita na Equação 5 recomendada por Terzaghi (1943 apud CINTRA, 2011). tg � = � � � 33,16 = 0,44 (13) � = � 23 0,44 = 23,54° (14) 53 • Peso específico natural Para estimar os valores de peso específico natural do solo a partir dos valores de NSPT foram utilizados os valores propostos por Godoy (1972 apud VELLOSO, 2000) expostos na Tabela 1. O solo em questão apresentou índice de resistência a penetração NSPT médio igual à 16,5, sendo classificado na Tabela 1 como solo de consistência rija e peso específico de 19 KN/m³. Os parâmetros geotécnicos do solo de base estimados por meio do índice de resistência a penetração obtido com ensaio de SPT na região do aterro estão apresentados na Tabela 8. Tabela 8 – Parâmetros geotécnicos do solo de base do aterro Coesão ( 4 ) 110,0 KPa Ângulo de atrito ( � ) 23,54° Peso específico 19 KN/m³ Fonte: Autor do TCC (2016) 4.3.2 Parâmetros geotécnicos da barragem de terra o btidos por ensaio de cisalhamento direto em aterro da região Para determinar os parâmetros geotécnicos do material da barragem de terra a ser utilizado no estudo de estabilidade de forma que os dados fossem coerentes com os parâmetros encontrados em barragens de aterros de LBRO da região, foram considerados os resultados obtidos por meio de investigações geotécnicas realizadas nas barragens de outros dois aterros de LBRO. Os relatórios técnicos das investigações estão apresentados no Anexo B. Nas investigações foram realizadas a caracterização completa dos materiais e a obtenção dos parâmetros geotécnicos de coesão, ângulo de atrito efetivo e peso específico natural por meio de ensaio de cisalhamento direto. Em um dos aterros foram realizados ensaios em três pontos diferentes, no outro aterro foi realizado o ensaio em apenas um ponto. Na Tabela 9 estão apresentados os parâmetros geotécnicos obtidos nos ensaios de cisalhamento direto. 54 Tabela 9 – Parâmetros geotécnicos obtidos nos ensaios de cisalhamento Aterro Aterro 1 Aterro 2 Ensaios Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 1 Coesão ( 4 ) - kPa 14 6,5 17,50 10,63 Ângulo de atrito ( � ) – (°) 29,4 31,9 31 30,2 Peso específico – kN/m³ 17,12 16,99 17,08 18 Fonte: Extraídos dos relatórios de investigação geotécnica (Anexo B) Os parâmetros geotécnicos utilizados no trabalho foram obtidos através da média dos valores obtidos nos ensaios. Os parâmetros médios estão descritos na Tabela 10. Tabela 10 – Parâmetros geotécnicos médios Coesão ( 4 ) 12,16 KPa Ângulo de atrito ( � ) 30,62 ° Peso específico 17,30 KN/m³ Fonte: Autor do TCC (2016) As informações sobre o peso específico dos grãos obtidas por meio da caracterização completa dos materiais estão apresentadas na Tabela 11. O peso específico médio dos grãos apresentado foi de 27,0 kN/m³. Tabela 11 – Peso específico dos grãos Aterro Aterro 1 Aterro 2 Média Ensaios Ponto 1, 2 e 3 Ponto 1 Peso específico dos grãos 27,1 kN/m³ 26,9 kN/m³ 27,0 kN/m³ Fonte: Autor do TCC (2016) 55 4.4 SIMULAÇÃO DE ESTABILIDADE As duas geometrias propostas para analise foram introduzidas no software GeoStudio Slope/W bem como os parâmetros geotécnicos de cada material. Sendo os parâmetros da LBRO, os valores obtidos no ensaio de cisalhamento direto desenvolvido nesse trabalho, os parâmetros geotécnicos do solo de base estimados por meio de correlações com dados de SPT do local e os parâmetros geotécnicos do material da barragem extraídos de ensaios de cisalhamento direto realizados nas barragens de dois aterros da região. Os parâmetros geotécnicos utilizados na simulação estão apresentados na Tabela 12. Tabela 12 – Parâmetros geotécnicos dos materiais Material Ângulo de Atrito (°) Coesão (kPa) Peso Específico Natural (kN/m³) LBRO 37,29 11,74 17,93 Barragens 30,62 12,16 17,30 Solo de base 23,54 110,00 19,00 Fonte: Autor do TCC (2016) As duas situações foram processadas pelo programa gerando para cada situação uma superfície crítica de ruptura e um fator de segurança associado. A representação gráfica dos taludes e as superfícies críticas de ruptura estão apresentadas na Figura 24 para a situação hipotética de um aterro com barragens e na Figura 25 para a situação hipotética de um aterro sem barragens. 56 Figura 24 – Análise para situação hipotética de um aterro com barragens usuais Fonte: Autor do TCC (2016) Figura 25 - Análise para situação hipotética de um aterro sem barragens Fonte: Autor do TCC (2016) 57 Na Tabela 13 estão apresentados os fatores de segurança obtidos em cada simulação. Tabela 13 – Fatores de segurança obtidos Situação do talude Fator de Segurança (FS) Com barragens 1,966 Sem barragens 2,067 Fonte: Autor do TCC (2016) Como podemos observar, as duas situações analisadas apresentaram fatores de segurança superiores à 1,5
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