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Dos direitos fundamentais e políticas das crianças e adolescentes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente.

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O CONSELHO TUTELAR COMO INSTRUMENTO GARANTIDOR E PROTETOR 
DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES 
 
 
CAPÍTULO 1: Considerações gerais sobre os Direitos das Crianças e dos 
Adolescentes no Brasil. 
 
Os Direitos das Crianças e dos Adolescentes, no Brasil, passou por um longo 
processo de criação, em termos de evolução social, constitucional e cultural, para 
que enfim, as crianças pudessem ser consideradas sujeitos de direitos e passassem 
a receber todas as garantias necessárias para a efetivação desses direitos, seja em 
âmbito familiar ou comunitário, uma vez que o assunto era pouco debatido na 
época, e o Estado e a sociedade não os viam como sujeitos de direitos, mas sim, 
como “menores” os quais o Estado precisava proteger a sociedade. 
Entende-se que todo esse processo, pode-se dividir em duas fases distintas, quais 
sejam: a primeira que seria de acordo com a teoria da situação irregular, 
mencionada inicialmente, na qual a criança ou o jovem infrator que não estava 
incluso no ambiente familiar, ou que praticou algum ato ilícito de acordo com o 
ordenamento jurídico da época, era considerado “menor em situação irregular”. Já a 
segunda fase é denominada de Doutrina da Proteção Integral, que contou como 
principal fundamento, a Constituição Federal de 1988. 
Contudo, mesmo que tenha existido dois cenários distintos, obsta ressaltar que a 
visão internacional das Crianças e adolescentes foram modificadas ao longo do 
tempo, abrindo margens para que estas fossem passíveis de direitos e garantias, e 
embora possamos datar a preocupação internacional com esses direitos e 
garantias, tendo início no final do século XIX, apenas no final do século XX foram 
aprovadas a Declaração de Genebra (1924 e 1948) e a Declaração sobre os 
Direitos da Criança (1959), afirmando que em razão da sua idade e imaturidade, a 
criança necessita de cuidados e proteção especiais, atribuindo-lhes os direitos de 
proteção e sobrevivência. Nesse sentido, vejamos alguns dos principais marcos que 
foram fundamentais para a criação dos Direitos das Crianças e Adolescentes no 
Brasil. 
Voltemos então ao século XVIII. Período colonial brasileiro, marcado por pobreza 
extrema, orfandade, elementos pelos quais, via de regra, associavam-se ao 
abandono de crianças, e ao alto índice de mortalidade dos enjeitados. Desde o 
século XV havia em Portugal as Irmandades da Misericórdia que, objetivavam na 
época, estimular os ricos a prática da caridade como requisito para alcançar a 
salvação, mas que também atendiam aos pobres, doentes, bem como aos órfãos 
desamparados, entre outros. As primeiras Misericórdias coloniais foram fundadas no 
século XVI, sendo a da Bahia a mais antiga. Em 1726, na Bahia, foi criada a 
primeira “Roda dos Expostos”, pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, a 
qual tratava-se de um compartimento cilíndrico instalado na parede de uma casa 
que girava de fora para dentro, onde a criança era colocada para que fosse criada 
pela entidade, de modo a preservar a identidade de quem a abandonava. Nesse 
contexto, a medida foi regulamentada em lei tornando-se a principal forma de 
assistência infantil nos séculos 18 e 19. 
Em 1890 surgiu o Código Criminal da República o qual visava combater o aumento 
da violência urbana, utilizando para embasar a responsabilidade penal a Teoria do 
Discernimento, ou seja, crianças na idade entre 9 e 14 anos passariam por uma 
avaliação psicológica e de acordo com o nível de discernimento em relação ao 
crime cometido, eram penalizadas criminalmente assim como um adulto, ou 
consideradas inimputáveis. 
Em 1921, foi promulgada a lei nº 4.242, determinado a organização de assistência e 
proteção à infância abandonada e delinquente, deixando para trás os ideais 
defendidos pela Teoria do Discernimento, ou seja, os jovens autores ou cúmplices 
de crime ou contravenção, considerados "menores delinquentes", tornaram-se 
inimputáveis até os 14 anos. Essa lei também definiu hipóteses de abandono e 
situações equiparadas, bem como ampliou as causas para a suspensão e 
destituição do poder familiar, dentre outras normas. (colocar trechos da lei). 
Em 1927, foi promulgado o 1º Código de Menores (Lei de Assistência e Proteção 
aos Menores), o qual estabeleceu a imputabilidade antes dos 18 anos , proibindo a 
“Roda dos Expostos”, determinou que as crianças fossem educadas nas escolas 
públicas e privadas, bem como que fossem atendidos os abandonados e infratores 
em internatos, criando a "escola de preservação para delinquentes" e a "escola de 
reforma para o abandonado", ou seja, o Estado passou a responsabilizar-se pela 
situação de abandono dos menores, representando um grande avanço na proteção 
das crianças. Quando o primeiro Código de Menores brasileiro foi discutido no 
Senado, foi estabelecido que a maioridade penal aos 18 anos passaria a vigorar em 
todo o país e ela prevalece até os dias de hoje. 
Em 5 de Novembro de 1941, foi criado, no Rio de Janeiro, o Serviço de Assistência 
a Menores (SAM), o primeiro órgão federal a se responsabilizar pelo controle da 
assistência aos menores a nível nacional. O SAM tinha como uma de suas 
principais atribuições o atendimento aos "menores abandonados" e "desvalidos", 
encaminhando-os às instituições oficiais existentes na época, e internando-os em 
reformatórios e colônias correcionais, os "menores delinqüentes". 
Após o golpe de 64, os militares extinguiram o SAM e criaram a Fundação Nacional 
do Bem-Estar do Menor (Funabem) e a Política Nacional do Bem-Estar do Menor 
(PNBEM) no mesmo ano, introduzindo um modelo baseado na educação em 
reclusão, com todas as atribuições que deveriam coordenar. Nesse sentido, a 
infância passou a ser tratada como um problema de segurança nacional, e que 
consequentemente foram criadas as Febems em nível estadual. Vale ressaltar que 
esses dois órgãos receberam muitas críticas sociais, em diferentes setores da 
sociedade, pois era corriqueiro a violência interna, fugas e a ressocialização dos 
jovens detidos se tornava ineficaz. 
Em 10 de outubro de 1979, é promulgado um novo Código de Menores, trazendoa 
doutrina da proteção integral, presente na concepção futura do ECA, por meio da 
qual as crianças eram consideradas objeto de proteção, e não sujeitos de direitos. 
Nesse sentido, o código permitia que o Estado recolhesse crianças e jovens que se 
encontravam em situação irregular e os mandassem ao internato até que atingissem 
a maioridade. Ou seja, no decorrer da evolução de seus direitos, as crianças e 
adolescentes eram denominadas “menores em situação irregular”, as quais 
recebiam tutela do Estado, cujo objetivo era apenas manter a ordem e segurança 
nacional, não havia uma preocupação com o bem estar dessas crianças, sendo 
totalmente omissos quanto a proteção da infância como um direito social. 
(Colocar aqui alguma citação) 
No dia 5 de outubro de 1985, foi aprovado no congresso, a Emenda Criança que foi 
um marco fundamental para a criação dos artigos 227 e 228 da Constituição 
Federal, neste dia, mais de 20 mil crianças fizeram uma ciranda em torno do 
Congresso Nacional para a celebração. 
Em 01 de março de 1988 ocorre a criação do fórum Nacional de Entidades Não 
Governamentais de Defesa da Criança e do Adolescente (Fórum CDA), no qual se 
reuniram várias instituições que lutavam em defesa da criança e do adolescente, 
entende-se que sua participação foi de uma importância ímpar para o processo de 
discussão e elaboração da Nova Constituição e posteriormente, do ECA. Importante 
ressaltar que, em vigor até hoje, a principal função deste Fórum é lutar pela 
efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes através de proposições e 
monitoramento das políticas públicas. 
[...] foi possível a incorporação dos novos ideais culturais surgidos na sociedade, 
implementando, ao menos formalmente, a democracia participativa. A proposta é de 
que a descentralização e a formulação de políticas públicas e eficazes, que 
respondem satisfatoriamente aos anseios da população e que sejam capazes de 
prevenir e combater a tão propalada exclusão social [...] (COSTA;HERMANY, 2006. 
p.165). 
Com a promulgação da Constituição de 1988, foi ressaltada a importância à 
proteção e à garantia dos direitos da criança e do adolescente, sendo assim, em 
seu artigo 227, a responsabilidade é transmitida ao Estado, bem como a família e a 
Sociedade: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a 
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade 
e opressão (BRASIL, 1988). 
No dia 13 de Julho de 1990 foi aprovado no Congresso Nacional o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, publicado sobre a lei federal n° 8069, o qual estabelece 
que crianças e adolescentes possuem direitos como cidadãos, sendo assim, 
sujeitos de direitos que merecem acesso à cidadania e proteção. Pode assim ser 
considerado como o marco legal que reuniu reivindicações de movimentos sociais 
que trabalham em defesa das crianças e adolescentes, como por exemplo, a 
Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1917 e a Convenção Internacional 
no que tange os direitos da criança admitido pela Organização das Nações Unidas 
(ONU) no ano de 1989. 
Colocar aqui alguma citação sobre o Estatuto da criança e do adolescente 
Importante ressaltar que, Os Direitos da Criança e do Adolescente encontram 
fundamentos no ordenamento jurídico da Constituição da República Federativa do 
Brasil e estão espalhados no rol de direitos fundamentais, por exemplo, no artigo 
4°, 7° e no caput do artigo 19 de forma expressa consagra o direito à vida, à saúde 
e a convivência familiar e comunitária, e em seu artigo 5° preconiza que: “nenhuma 
criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão, sendo punido na forma de lei qualquer 
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. 
Visando a garantia do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, ou qualquer 
outra forma de injustiça, o ECA traz em seu art. 15º : “ A criança e o adolescente 
têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em 
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais 
garantidos na Constituição e nas leis. ” . Nesse sentido, o ECA reconhece o estado 
de desenvolvimento em que essas crianças e adolescentes se encontram, de modo 
a garanti-los uma gama de direitos, e o reconhecimento como sujeitos de direitos. 
Nesse sentido, foi criado pela mesma lei que instituiu o estatuto, os Conselhos 
tutelares, órgãos municipais destinados a garantir o cumprimento dos direitos da 
criança e do adolescente previstos no estatuto. 
O ECA criou os conselhos de direitos em âmbito nacional, estadual e municipal que 
passam a ser canal de participação e envolvimento conjunto do Estado e da 
sociedade na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, e os conselhos 
tutelares que atuam no caso de violação dos direitos individuais das crianças e 
adolescentes, que se encontram em situação de risco (VERONESE, 2003. p.40). 
VER SE QUERO MUDAR ESSA CITAÇÃO POR ALGUMA QUE SEJA MAIS 
CONCEITUAL 
Sendo assim, o ECA reconhece como pilares de proteção à criança e adolescente: 
o Estado, a família e a sociedade, relacionando-os como responsáveis para o seu 
devido exercício, uma vez que a família e a comunidade a qual está inserida, são 
instituições de extrema importância e influência para seu completo desenvolvimento 
e consequente formação humanitária e social, não sendo a situação de pobreza fato 
impeditivo para que essas crianças e adolescentes cresçam em meio familiar, com 
base na Teoria da Proteção Integral. 
COLOCAR CITAÇÃO SOBRE A TEORIA DA PROTEÇÃO INTEGRAL 
Essa teoria encontra-se de forma expressa em seu artigo primeiro, oficializando a 
sua adoção ao sistema jurídico brasileiro, no que tange aos Direitosdas Crianças e 
dos Adolescentes, de modo a promover a defesa desses direitos, na esfera federal, 
estadual e municipal por meio de conselhos, promovendo também a 
desjudicialização na busca da efetivação desses direitos e a municipalização, uma 
vez que o município é quem está mais próximo a realidade cotidiana das crianças e 
adolescentes. 
Em 2 de setembro de 1990, o Brasil passa a assinar a Convenção Internacional 
sobre os direitos da criança, o qual serviu como base para a criação do ECA, 
assegurando a proteção e os direitos da criança mundialmente. Em 26 de junho de 
2014, foi promulgada a Lei nº 13.010/2014, que em câmara legislativa recebeu o 
nome de Lei do menino Bernardo, em homenagem ao caso de Bernardo Boldrini, 
assassinado aos 11 anos de idade, cujo corpo foi enterrado próximo a uma estrada 
na cidade de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, contando como 
principais suspeitos do crime o pai e a madrasta de Bernardo, bem como também 
conhecida popularmente como “Lei da Palmada”, a qual proíbe o uso de castigos 
físicos ou tratamentos cruéis e degradantes contra crianças e adolescentes no 
Brasil. 
De acordo com essa lei, entende-se por “castigo físico” qualquer tipo de ação de 
caráter punitivo em que seja aplicado o uso da força física, a qual resulte em 
sofrimento e lesão corporal. E por “tratamento degradante e cruel”, o ato de 
humilhação, ridicularização ou ameaça grave contra a criança ou o adolescente. 
Importante ressaltar que a lei foi alvo de muitas críticas positivas e negativas, uma 
vez que uma parcela da sociedade defende um modo de “educação tradicional”, 
alegando a eficácia de métodos de correção comportamental tradicional, os quais 
nunca geraram quaisquer danos psicológicos em pessoas, e em contrapartida, uma 
outra parcela que defende a conscientização dos pais e responsáveis por meio 
desta lei, com a alegação de que as crianças devem aprender a fazer o que é 
correto não por medo de apanhar, mas pela compreensão dos princípios básicos, 
bem como dos valores morais, éticos e comportamentais que regem uma 
sociedade. 
COLOCAR AQUI ALGUMA CITAÇÃO SOBRE A LEI DA PALMADA 
A Lei da Palmada alterou alguns aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente 
- ECA, assim como do Código Civil (lei nº 10.406/02). As alterações estão 
relacionadas às punições aplicadas contra os pais ou responsáveis que a violarem. 
Conforme previsto no artigo 18-B da lei nº 13.010/2014, essas punições variam 
entre o encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família, a 
tratamento psicológico ou psiquiátrico, a cursos ou programas de orientação e 
advertência. Cabendo a aplicação da sanção adequada ao Conselho Tutelar, que 
levará em consideração a gravidade do caso apresentado. 
Em 01 de abril de 2015, iniciou-se o processo de inscrição para o cargo de 
conselheiro tutelar, unificado em todo território brasileiro, com eleições diretas em 
outubro. A determinação de uma data única para a escolha dos conselheiros foi 
estabelecida pela Lei Federal nº 12.696/2012, que também assegurou a esses profissionais 
alguns direitos como licença maternidade e paternidade, cobertura previdenciária e férias. 
Em 2 de Julho de 2015, sob o comando do presidente da câmara dos deputados Eduardo 
Cunha, foi aprovada a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, para crimes 
hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte. Contudo, o texto ainda 
será votado em segundo turno na Câmara e, caso aprovado, no Senado. 
Em suma, os Direitos da Criança e do Adolescente foram uma grande conquista no 
ordenamento jurídico brasileiro, bem como a nivel mundial através dos tratados 
internacionais, o que nos leva a um avanço no que tange o respeito à dignidade da 
pessoa humana.

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