Buscar

7- Estatuto da Criança e do Adolescente - Apostila

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO 
 
 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E 
DO ADOLESCENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.SUMARIO 
 
 
3 
 
1. Introdução ..............................................................................................3 
2. Histórico..................................................................................................3 
2.1 Final do império e início da república................................................3 
2.2 A República.......................................................................................4 
2.3 Estado Novo......................................................................................5 
2.4 Redemocratização.............................................................................6 
2.5 Regime militar....................................................................................7 
2.6 Abertura política e Redemocratização...............................................8 
2.7Consolidando a democracia..............................................................10 
3. Origem....................................................................................................12 
4. Características........................................................................................12 
5. Conceitos de criança e adolescente.......................................................13 
6. O reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente no direito 
brasileiro..................................................................................................14 
7. Participação da família e da comunidade................................................17 
8. Conclusão...............................................................................................25 
9. Referências bibliográficas.......................................................................26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
4 
 
No Brasil, na intenção de facilitar a abordagem das questões jurídicas 
em uma esfera mais singular e precisa do assunto selecionado pela sua 
prioridade social, alguns regulamentos são compactados. Logo, Estatuto do 
Idoso, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto das Cidades e o Estatuto 
da Criança e do Adolescente, são exemplos de consolidações legislativas. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, também denominado ECA, foi 
fruto da lei 8.069 de 13 de julho de 1990, instituída durante o mandato do 
presidente Fernando Collor e inspirada pelas diretrizes fornecidas pela 
Constituição Federal de 1988. 
Como o próprio nome demonstra, é um conjunto de normas do 
ordenamento jurídico brasileiro que vincula os direitos e deveres do Estado e dos 
cidadãos como responsáveis pela proteção integral da criança e do adolescente 
de nosso país, dentro de um espírito de maior proteção e cidadania decorrentes 
da própria Constituição promulgada em 1988. 
 
2. HISTÓRICO 
Ao citarmos os sistemas de proteção que o estatuto da criança e do 
adolescente, é necessário lembrar do desenvolvimento jurídico do sistema 
internacional que ocorreu em 1945, ou seja, pós segunda guerra mundial. 
 
2.1 FINAL DO IMPÉRIO E INÍCIO DA REPÚBLICA 
Sobre o avanço de políticas sociais idealizado pelo Estado brasileiro, não 
se tem conhecimento até meados do século XX. As populações desprovidas 
economicamente eram dadas para serem cuidadas para Igreja Católica por meio 
de instituições, entre elas as Santas Casas de Misericórdia. No Brasil, foi 
fundada em 1543, na Capitania de São Vicente, a primeira Santa Casa. Tais 
instituições obravam tanto com os doentes quanto com os órfãos e carentes. 
Vindo da Europa no século XIX, o sistema da Roda das Santas Casas tinha a 
finalidade de resguardar as crianças abandonadas e de recolher donativos. 
http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/noticia/uma-breve-historia-dos-direitos-da-crianca-e-do-adolescente-no-brasil/#titulo1
 
5 
 
Fixada à uma janela, a roda era feita de um tipo de cilindro de madeira 
que girava sobre seu próprio eixo com uma abertura em uma das laterais, onde 
os bebês eram colocados. Devido sua estrutura, a roda evitava o anonimato das 
mães. Assumir publicamente a condição de mãe solteira, era ruim, devido os 
padrões da época. Em 1927, o Código de Menores realizou dois feitos: o sistema 
de rodas foi banido, assim, os bebês teriam de ser entregues aos responsáveis 
das entidades diretamente, garantindo ainda assim o anonimato dos pais e o 
registro da criança passou a ser obrigatória. 
Em 1854, quando o ensino obrigatório foi normalizado, a lei não se 
empregava universalmente, já que para o escravo não havia garantia. O acesso 
era negado para os que morressem de doenças contagiosas e aos que não eram 
vacinados. Estas restrições visavam crianças de origem familiar que não tinham 
total acesso ao sistema de saúde, o que leva a refletir a respeito da 
acessibilidade e qualidade de uma política social sobre a outra ou como vemos 
aqui, de como não conseguir ter uma saúde adequada ou até mesmo não ter 
acesso a ela, o direito das crianças à escola foi restringido, propiciando uma 
dupla exclusão aos direitos sociais. 
De acordo com o decreto de 1891 – Decreto nº 1.313 – relacionado à 
regulamentação do trabalho infantil, a idade mínima de trabalho estipulada foi de 
12 anos. Devido às indústrias nascentes e a agricultura contar com a mão de 
obra infantil, o decreto não se fez valer na prática. 
 
2.2 A REPÚBLICA 
No Brasil, o princípio das lutas sociais da classe trabalhadora surgiu no 
início do século XX. Durante a greve geral de 1917, foi criado o Comitê de Defesa 
Proletária, comandado por trabalhadores das cidades. Dentre outras coisas, o 
Comitê requeria a desaprovação e abolição do trabalho de crianças com idade 
inferior a 14 anos e a proibição do trabalho noturno a mulheres e aos menores 
de 18 anos. 
Foi criado o Juizado de Menores, tendo Mello Mattos como o primeiro 
Juiz de Menores da América Latina, em 1923. Logo em 1927, foi expedido o 
http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/noticia/uma-breve-historia-dos-direitos-da-crianca-e-do-adolescente-no-brasil/#titulo2
 
6 
 
primeiro documento legal - que ficou popularmente conhecido como Código 
Mello Mattos - para a população menor de 18 anos: o Código de Menores. 
O Código de Menores não tinha em vista todas as crianças, mas 
especificamente aquelas que estavam consideradas em “estado irregular”, tendo 
já em seu Artigo 1º, a quem a lei se aplicava: 
O Código de Menores intencionava determinar orientações claras para 
o trato da infância e juventude excluídas, normalizando questões como trabalho 
infantil, tutela e pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada. O Código de 
Menores revestia a figura do juiz de grande poder, sendo que o destino de muitas 
crianças e adolescentes ficavam a mercê do julgamento e da ética do juiz. 
 
2.3 ESTADO NOVO 
A derrota das oligarquias rurais do poder político, foi demonstrado 
durante a revolução de 30. Na visão de estudiosos, o desenvolvimento de um 
projeto político para o país era, inexistente neste momento, por não haver um 
grupo social legítimo que o pudesse idealizar e realizar. Isto acabou por permitir 
o surgimento de um Estado autoritário com características corporativas, que 
fazia das políticas sociais o instrumento de incorporação das populações 
trabalhadoras urbanas ao projeto nacional do período. 
O período de 1937 e 1945, vigorou o Estado Novo, sendo marcado no 
campo social pela instalação do aparato cumpridor das políticas sociais no país. 
Entre elas salienta-se a legislação trabalhista, a obrigatoriedade do ensino e a 
cobertura previdenciária filiada à inserção profissional, por seu caráter não 
universal, sendo alvo de críticas, configurando uma espéciede cidadania 
regulada – restrito aos que tinham carteira assinada. 
Para os excluídos até então, como as mulheres, foi criado o sufrágio 
universal como um direito político de indivíduos. 
Durante o período de 1942, período este considerado particularmente 
autoritário do Estado Novo, foi criado o SAM – Serviço de Assistência ao Menor. 
Tratava-se de um órgão do Ministério da Justiça e que funcionava igualmente ao 
 
7 
 
do sistema Penitenciário para a população menor de idade. Sua orientação era 
correcional-repressiva. O sistema previa atendimento diferente para o 
adolescente autor de ato infracional e para o menor carente e abandonado. 
Junto do Serviço de Assistência ao Menor, foram criados programas 
federais de cuidado à criança e ao adolescente relacionadas à figura da primeira 
dama. Eles tinham em vista o campo do trabalho, sendo todos eles apoiadores 
pela prática assistencialista: 
 Constituída por Darcy Vargas, a Legião Brasileira de Assistência 
era uma agência nacional de assistência social, denominada inicialmente de 
Legião de Caridade Darcy Vargas, foi uma instituição que visava principalmente 
o suporte a crianças órfãs da guerra. Mais tarde expandiu sua área de suporte. 
 Casa do Pequeno Jornaleiro: programa destinado a jovens de 
baixa renda fundamentado no trabalho informal e no apoio assistencial e 
socioeducativo. 
 Casa do Pequeno Lavrador: programa assistencialista e 
socioeducativo voltado para crianças e adolescentes filhos de camponeses que 
residiam em área rural. 
 Casa do Pequeno trabalhador: Programa de capacitação para o 
trabalho de crianças e adolescentes que residem na cidade e são 
economicamente carentes. 
 Casa das Meninas: destinado a crianças e adolescentes do sexo 
feminino com problemas de conduta, é um programa de cunho assistencial e 
socioeducativo. 
 
2.4 REDEMOCRATIZAÇÃO 
Após o Governo Vargas ser destituído em 1945, uma nova constituição 
de caráter liberal - a quarta Constituição do país - foi decretada em 1946. Tal 
constituição representou o retorno das instituições democráticas. Retomou a 
independência entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, trouxe de 
volta o pluripartidarismo, a eleição direta para presidente com mandato de 5 
 
8 
 
anos, a liberdade sindical e o direito de greve. Acabou também com a censura e 
a pena de morte. 
O primeiro escritório do UNICEF no Brasil foi inserido em 1950, em João 
Pessoa - PB. Destinado às iniciativas de proteção à saúde da criança, e em 
alguns estados do Nordeste, das gestantes, o primeiro projeto foi realizado no 
Brasil. 
De acordo com a população, o período entre 1945 e 1964 foi marcado 
pela correlação de duas vertentes: o aperfeiçoamento das conquistas sociais em 
relação à população economicamente carente e o controle da mobilização e 
organização, que começa a surgir paulatinamente nas comunidades. 
A opinião pública passou a considerar o Serviço de Assistência ao 
Menor, repressivo e desumanizante. Portanto, o início de 1960 ficou conhecido 
por ter tido uma sociedade mais bem organizada, e um cenário internacional 
polarizado pela guerra fria, em que parecia ser necessário estar de um ou outro 
lado. 
 
2.5 REGIME MILITAR 
Devido ao Golpe Militar de 1964, o Brasil, frente ao panorama 
internacional da guerra fria, ficou posicionado de forma igualitária com os países 
capitalistas. Através da ditadura militar, o avanço da democracia no país foi 
interrompido por mais de 20. Em 1967, foi elaborada uma nova Constituição, que 
estabeleceu diferentes orientações para a vida social, entretanto, a presença 
autoritária do estado tornou-se uma realidade. 
Com relação a área da infância, o período dos governos militares foi 
organizado, através da lei que criou a Fundação Nacional do Bem Estar do 
Menor e do Código de Menores de 79. 
A FUNABEM submetia-se a ser uma instituição de assessoramento à 
infância, que tinha como objetivo a internação e acolhimento, tanto dos 
abandonados e carentes como dos infratores, que era seu principal foco. 
 
9 
 
Durante uma revisão do Código de Menores de 1927, instituíram o 
Código de Menores de 1979, não alterando sua estratégia principal de 
autoritarismo, assistencialismo e repressão em conjunto com a população. Esta 
lei introduziu o conceito de “menor em situação irregular”, que reunia o conjunto 
de meninos e meninas que estavam dentro do que alguns autores denominam 
infância em “perigo” e infância “perigosa”. Esta população era colocada como 
objeto potencial da administração da Justiça de Menores. É interessante que o 
termo “autoridade judiciária” aparece no Código de Menores de 1979 e na Lei da 
Fundação do Bem Estar do Menor, respectivamente, 75 e 81 vezes, conferindo 
a esta figura poderes ilimitados quanto ao tratamento e destino desta população. 
No início de 1970, a partir de alguns pesquisadores acadêmicos, surgiu 
o interesse em se estudar a população em situação de risco, especificamente a 
situação da criança de rua e o chamado delinquente juvenil. Tais trabalhos nos 
dias de hoje, são de grande relevância pela abordagem inédita do tema. Durante 
a ditadura militar, o ato de debater a problemática dentro da universidade, foi 
uma forma de colocar em pauta políticas públicas e direitos humanos. 
 
2.6 ABERTURA POLÍTICA E NOVA REDEMOCRATIZAÇÃO 
Na década de 1990 a democracia se tornou uma realidade. Isto se 
concretizou com a divulgação da Constituição Federal, em 1988, conhecida 
como a constituição cidadã. 
A década de 1980 também representou conquistas importantes e 
decisivas para os movimentos sociais pela infância brasileira. Os grupos dos 
menoristas e os estatutistas foram organizados para que os temas pudessem 
ser discutidos. 
Os primeiros grupos resguardavam a revisão do Código de Menores, 
que se submetia a normatizar a situação das crianças e adolescentes que 
estivessem em conjuntura irregular, essa prática ficou conhecida como Doutrina 
da Situação Irregular. Já os estatutistas apoiavam uma mudança significativa no 
código, fazendo novos e grandes direitos às crianças e aos adolescentes, que 
estariam sujeitos de direitos e a contar com uma Política de Proteção Integral. O 
 
10 
 
grupo dos estatutistas era estruturado, tendo representação e capacidade de 
atuação importantes. 
Antonio Carlos Gomes da Costa conta técnicas diversas empregadas 
por este grupo para a inclusão da nova visão à nova Constituição: “Para 
conseguir colocar os direitos da criança e do adolescente na Carta 
Constitucional, tornava-se necessário começar a trabalhar, antes mesmo das 
eleições parlamentares constituintes, no sentido de levar os candidatos a 
assumirem compromissos públicos com a causa dos direitos da infância e 
adolescência”. 
 A Assembléia Nacional Constituinte, formada em 87, comandada pelo 
deputado Ulysses Guimarães, membro do Partido do Movimento Democrático 
Brasileiro - PMDB-, sendo constituída por 559 congressistas e durou 18 meses. 
Em 5 de outubro de 88, foi então decretada a Constituição Brasileira que, 
marcada por progressos na área social, estabelece um novo padrão de 
administração das políticas sociais – que conta com a atuação dinâmica das 
comunidades através dos conselhos deliberativos e consultivos. 
Durante a Assembléia Constituinte, um grupo de trabalho empenhado 
com o tema da criança e do adolescente foi organizado, de qual a consequência 
concretizou-se no artigo 227, que inclui tema e perspectiva inerentes da Doutrina 
de Proteção Integral da Organização das Nações Unidas, causando os 
progressos da normativa internacional para a população infanto-juvenil 
brasileira. Este artigo protegia às crianças e adolescentes os direitos básicos de 
sobrevivência, desenvolvimento pessoal, social, integridade física, psicológica e 
moral, além de protegê-los de forma especial, ou seja, através de dispositivos 
legais diferenciados, contra negligência, maus tratos,violência, exploração, 
crueldade e opressão. 
Estavam anunciadas, por conseguinte, os fundamentos do Estatuto da 
Criança e do Adolescente. É curioso atentar que a Comissão de Redação do 
ECA teve representação de três grupos expressivos: o dos movimentos da 
sociedade civil, o dos juristas (principalmente ligados ao Ministério Público) e o 
de técnicos de órgãos governamentais (notadamente funcionários da própria 
Funabem). 
 
11 
 
Por volta da década de 80, figuras distintas vindas dos movimentos da 
sociedade civil surgiram e com uma participação fundamental no 
desenvolvimento desta estrutura legal que temos hoje. Citando como exemplo, 
o Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) que se 
destaca, manifestou-se em 1985 em São Bernardo do Campo, primordial centro 
sindical do país, e a Pastoral da Criança, fundada em 83, através da CNBB – 
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com envolvimento da militância 
originário dos trabalhos sociais da igreja católica. 
 
2.7 CONSOLIDANDO A DEMOCRACIA 
Em 13 de Julho de 1990, aconteceu a proclamação do ECA, vigorando 
uma conquista da sociedade brasileira: a elaboração de um documento de 
direitos humanos que nota o que há de mais avançado no regulamento 
internacional em relação aos direitos da população infanto-juvenil. Este novo 
documento modifica consideravelmente os haveres de uma interferência abusiva 
do Estado na vida de crianças e jovens. Com o exemplo, a contenção que o ECA 
coloca durante o período de internação, aplicando-a como último recurso, restrito 
aos casos de cometimento de ato infracional. 
Um grande esforço para a sua implementação tem sido feito nos âmbitos 
governamental e não–governamental desde a proclamação do ECA. A partir de 
1990, é evidente a crescente participação do terceiro setor nas políticas sociais, 
e é particularmente forte na área da infância e da juventude. A constituição dos 
conselhos dos direitos, uma das diretrizes da política de atendimento apregoada 
na lei, determina que a formulação de políticas para a infância e a juventude 
deve vir de um grupo formado paritariamente por membros representantes de 
organizações da sociedade civil e membros representantes das instituições 
governamentais. 
Entretanto, a execução integral do ECA ainda representa um desafio 
para todos aqueles envolvidos e comprometidos com a garantia dos direitos da 
população infanto-juvenil. Antonio Carlos Gomes da Costa, em um texto 
intitulado “O Desafio da Implementação do Estatuto da Criança e do 
 
12 
 
Adolescente”, denomina de salto triplo os três pulos necessários à efetiva 
implementação da lei. São eles: 
1. Mudanças no cenário legal: há necessidade que os municípios e 
estados se adaptem à nova prática legal. Apesar de muitos ainda não contarem, 
em suas leis municipais, com os conselhos e fundos para a infância. 
2. Organização e metodologia institucional: executar as novas 
institucionalidades impostas pelo ECA: conselhos dos direitos, conselhos 
tutelares, fundos, instituições que executam as medidas socioeducativas e 
articulação das redes locais de proteção integral. 
3. Avanços nos meios de atenção direita: É preciso “mudar a maneira 
de ver, entender e agir” dos profissionais que atuam diretamente com as crianças 
e adolescentes”. Tais profissionais são conhecidos historicamente por 
praticarem ações assistencialistas, corretivas e muitas vezes repressoras, 
presentes por longo tempo na história das práticas sociais do Brasil. 
Porém, antes que haja um estado que garanta plenos direitos com 
instituições sólidas e mecanismos operantes, há ainda um longo caminho a ser 
percorrido. No entanto, pode-se dizer que avanços significativos ocorreram nos 
últimos anos, e que isto é mais valorizado no contexto a partir da própria história 
brasileira, uma história atravessada mais pelo autoritarismo que pelo 
fortalecimento de instituições democráticas. Neste sentido, a luta pelos direitos 
humanos no Brasil é ainda uma luta em curso, merecedora da perseverança e 
obstinação de todos os que acreditam que um mundo melhor para todos é 
possível. 
 
3.ORIGEM 
O Estatuto da Criança e do Adolescente tinha como finalidade acabar 
com o Código de Menores que havia sido criado durante a Ditadura Militar no 
Brasil, e tinha como necessidade também, acabar com todo o restante de 
autoritarismo que existia durante o regime militar. De tal forma, os deputados 
discutiram a necessidade de um sistema jurídico focado nas crianças e 
adolescentes. 
 
13 
 
O Código de Menores visava majoritariamente às classes cujas crianças 
eram vistas como potenciais delinquentes (desfavorecidas). Assim, o Estado 
repressor e tirano justificava a punição desses menores sem se comprometer 
em melhorar suas condições de vida e do seu entorno social. Dessa forma, a 
criação do ECA era uma forma de dar garantias à infância e à adolescência 
previstas na Constituição de 1988. 
 Fatores que contribuem à perda de valores sociais, com o passar dos 
anos, também são fatores que mexem diretamente no desenvolvimento das 
crianças e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente inseridos 
no âmbito familiar. 
Sendo assim, é dever da sociedade, do estado e da família precaver o 
incidente de intimidação ou violação dos direitos das crianças e dos 
adolescentes. Cabe também a sociedade, família e ao poder público proibir e 
investigar a fundo a venda e comercialização à criança e ao adolescente de 
armas, munições e explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fogos de artifício, 
revistas de conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes. 
 
4.CARACTERÍSTICAS 
De acordo com a própria Lei, criança é o indivíduo que possui idade até 
doze anos incompletos, e adolescente é aquele que possuir de doze a dezoito 
anos de idade, havendo consentimento que ambos devem ter acesso aos 
direitos básicos respectivos à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral 
o ECA. Também estipula que é dever da família, da comunidade, da sociedade 
em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, 
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária. 
A plena primazia que aborda a Lei, compreende a prioridade de obter 
proteção e socorro em circunstâncias diversas, a derivação de suporte nos 
serviços públicos ou de destaque público, o favoritismo na elaboração e na 
 
14 
 
execução das políticas sociais públicas e a destinação privilegiada de recursos 
públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 
Realça que criança ou adolescente algum será instrumento de qualquer 
forma de violência ou negligência, discriminação, exploração, crueldade e 
opressão, sendo punido de acordo com a lei o indivíduo praticante, seja por ação 
ou omissão, aos seus direitos básicos. Complementa-se que também no seu 
artigo 7°., cumprimento que diante a concretização de políticas sociais públicas 
que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em 
condições dignas de existência, a criança e o adolescente têm direito à proteção 
à vida e à saúde. 
Em relação a saúde pública, além de estipular a indispensabilidade de 
tratamento preferencial, expressa que o adolescente com deficiência receberá 
atendimento qualificado, deliberado no dever do poder público de suprir 
gratuitamente àqueles que precisarem dos medicamentos, próteses e outros 
recursos referentes ao tratamento, habilitação ou reabilitação. Equitativamente, 
designa que as instituições de atendimento à saúde deverão possibilitar 
condições para a subsistência em tempo integral de um dos pais ou responsável, 
nos casos de internação de criança ou adolescente. 
 
5. CONCEITOS DE CRIANÇA E ADOLESCENTE 
Para o ECA, criança é todo o indivíduo com idade inferior a doze anose 
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade, devido a cultura do 
Brasil, a partir dos 13 anos, se considera adolescente. De acordo com a lei e 
cultura, é o Estatuto da Juventude - LEI Nº 12.852 - que declara jovem, o 
indivíduo de até vinte nove anos de idade, mas que devido a cultura do Brasil, 
se considera até vinte quatro anos de idade. Para a prática de todos os atos da 
vida civil, como a assinatura de contratos, é considerado capaz o adolescente 
emancipado. 
 
 
 
15 
 
6. O RECONHECIMENTO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE NO DIREITO BRASILEIRO 
 
Anteriormente à Convenção sobre os Direitos da Criança adotada pela 
Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, ratificada 
pelo Brasil em 24 de setembro de 1990, e com vigência internacional em outubro 
de 1990, a Constituição brasileira foi decretada em 1988 e é o que solidifica a 
concordância dos constituintes brasileiros com toda o conflito de contexto 
internacional havia naquele período, sobre o regulamento para a criança e a 
adoção do novo modelo, este fato, fez com que o Brasil se tornasse o primeiro 
país a corrigir a legislação interna aos ideais reputados pela Convenção das 
Nações Unidas, até mesmo antes da validade de correção obrigatória daquela, 
uma vez que o Estatuto da Criança e do Adolescente é de 13 de julho de 1990. 
Tendo mais de um milhão de assinaturas, que apenas confirmavam o 
anseio da comunidade por mudanças, melhorias e a abominação do “entulho 
autoritário” - que nessa área se identificava com o Código de Menores – a 
Assembleia Nacional Constituinte referendou a emenda popular que inscreveu 
na Constituição Brasileira de 1988 o artigo 227, do qual o Estatuto da Criança e 
do Adolescente é a posterior regulamentação. Mais do que uma mudança 
pontual na legislação, demarcada à área da criança e do adolescente, a 
Constituição da República e, depois, o Estatuto da Criança e do Adolescente são 
a manifestação de um novo projeto político de nação e de país. 
Mas a real representação da adoção do modelo veio através da 
inauguração no país de uma nova maneira uma nova maneira de notar a criança 
e o adolescente, que durante os anos, vem sendo incluída pela sociedade e pelo 
Estado. Isso é devido a construção gradual da realidade, ainda mais quando o 
que se propõe é uma profunda mudança cultural, o que certamente não se 
produz numa única geração. 
Até então, no Brasil, havia duas categorias diferentes de crianças e 
adolescentes. A primeira era a dos filhos incluídos e integrados à sociedade, a 
que recebia o nome: crianças e adolescente. A segunda categoria, era a dos 
 
16 
 
filhos dos pobres e excluídos, que eram genericamente denominados: crianças 
e adolescentes de segunda classe. A eles se destinava a lei antiga, onde era 
priorizado o direito penal do menor e na doutrina da situação irregular. 
Tal doutrina estipulada um tratamento específico e uma política de 
atendimento que alterna do assistencialismo até a segregação total, onde as 
crianças e adolescentes menores eram um objeto de tutela do Estado, sob o 
arbítrio inquestionável da autoridade judicial. Essa política fomentou a criação e 
a proliferação de grandes abrigos e internatos, onde ocorriam toda a sorte de 
violações dos direitos humanos. Uma estrutura verdadeiramente monstruosa, 
que logrou cristalizar uma cultura institucional perversa cuja herança ainda hoje 
se faz presente e que temos dificuldade em debelar completamente. 
As crianças brasileiras, sem distinção de raça, classe social, ou qualquer 
forma de discriminação, passaram de objetos a sujeitos de direitos, A partir da 
Constituição de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo 
considerados em sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento e a 
quem se deve assegurar prioridade absoluta na formulação de políticas públicas 
e destinação privilegiada de recursos nas dotações orçamentárias das diversas 
instâncias político-administrativas do País. 
Demais princípios relevantes do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
que estabelecem a paralisação com o modelo antigo da situação irregular são: 
a primazia do direito ao convívio familiar e comunitária e, por conseguinte o fim 
da política de abrigamento indiscriminado; a priorização das medidas de 
proteção sobre as socioeducativas, deixando-se de focalizar a política da 
infância nos abandonados e delinquentes; a integração e a articulação das ações 
governamentais e não-governamentais na política de atendimento; a garantia de 
devido processo legal e da defesa ao adolescente a quem se atribua a autoria 
de ato infracional; e a municipalização do atendimento; só para citar algumas 
das alterações mais relevantes. 
Através de Emilio G. Méndez, é possível chegar a conclusão que a 
interrupção substancial com o costume do menor latino-americana se explica 
baseando-se na dinâmica particular que regeu os três atores elementares no 
 
17 
 
Brasil da década de 80: os movimentos sociais, as políticas públicas e o mundo 
jurídico (MÉNDEZ, 1998, p. 114). 
Consequentemente, os avanços que aconteceram devido ao Estatuto da 
Criança e do Adolescente, a Constituição da República, pela Convenção sobre 
os Direitos da Criança e de acordo com a esfera local, também pela Lei Orgânica 
do Distrito Federal, e a substituição do termo “menor” por “crianças” e 
“adolescente”. Isso porque a palavra “menor” ainda remete a ideia de um 
indivíduo sem direitos. 
Com uso cotidiano, o termo “menor” tem sido uma abreviação corriqueira 
para indicar o indivíduo que é menor de idade, portanto, para quem defende os 
direitos das crianças e adolescentes, esse termo tem sido banido, exatamente 
por levar a ideia da “doutrina da situação irregular” ou até mesmo ao “direito 
penal do menor, ambas abolidas. 
Ademais, o termo possui ato segregatório e discriminatório por se referir 
ao indivíduo infanto-juvenil como infratores, autores de violação de direitos ou 
representantes de uma situação de ameaça. 
A Emenda Constitucional 45, de 8 de dezembro de 2004, acrescentou o 
§ 3º ao artigo 5º da Constituição Federal, com esta redação: “§ 3º Os tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. 
Se antes dessa modificação não era exigido quantidade mínima especial de 
aprovação, os negócios já juntos a organização jurídico nacional previamente à 
Emenda 45, em virtude das concepções do segmento da ordem jurídica e da 
recepção, são recepcionados pela Emenda 45 com status de emenda 
constitucional. 
Algumas pessoas que auxiliaram na redação do ECA: Antônio Carlos 
Gomes da Costa, Paulo Afonso Garrido de Paula, Edson Sêda, Maria de Lourdes 
Trassi Teixeira e Ruth Pistori. 
 
 
 
18 
 
7. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA E DA COMUNIDADE 
 
Contra criança ou adolescente que houver suspeita ou confirmação de 
maus-tratos devem obrigatoriamente comunicar ao Conselho Tutelar da 
localidade, sem prejuízo de outras providências legais. Juntamente, é dever de 
todos proteger não só a criança ou adolescente fisicamente, mas como sua 
dignidade também, os resguardando de qualquer tratamento desumano, 
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor, bem como toda criança ou 
adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, 
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e 
comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de 
substâncias entorpecentes. 
É dever dos pais ou responsável legal o sustento, guarda e educação, 
dando ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as 
determinações judiciais. Vale ressaltar que a carência de recursos materiais não 
é razão suficiente para a perda ou suspensão do pátrio poder. Conclui-se porfamília natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus 
descendentes. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, 
tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou 
adolescente, sendo que sempre que possível, a criança ou adolescente deverá 
ser previamente ouvido e a sua opinião devidamente considerada 
Conforme a essa Lei, a criança e o adolescente têm direito à educação, 
tendo em vista ao pleno progresso de sua pessoa, organização para a prática da 
cidadania e competência para o trabalho, tendo o Estado o dever de garantir à 
criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, até para 
os que a ele não tiveram acesso na idade própria, progressiva extensão da 
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio, além do atendimento educacional 
especializado às pessoas com deficiência, e atendimento em creche e pré-
escola às crianças de zero a seis anos de idade, dentre outros na esfera 
educacional, inclusive com eventuais programas suplementares de material 
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. 
De acordo com o estabelecimento da Lei, é dever dos pais ou responsáveis 
 
19 
 
matricular seus filhos na rede regular de ensino e os responsáveis de instituições 
de ensino fundamental comunicar ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos 
envolvendo seus alunos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, 
esgotados os recursos escolares, em como os elevados níveis de repetência. 
Em virtude da relutância do brasileiro em dar continuidade a estudar, por 
ser mais necessário contribuir financeiramente dentro de casa a fim de auxiliar 
no sustento familiar, é necessário destacar que qualquer trabalho destinado a 
menores de quatorze anos de idade - salvo na condição de menor aprendiz - é 
proibido. Considerando a aprendizagem a formação técnico-profissional 
ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor. 
Hoje existe um mecanismo estatal denominado bolsa-escola que tem como 
objetivo manter a criança na escola, com pequena colaboração do Estado. 
De outra forma, toda criança ou adolescente direito ao acesso às 
diversões e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa 
etária, àquelas que forem menores de dez anos somente poderão ingressar e 
permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos 
pais ou responsável. Ao mesmo tempo as emissoras de rádio e televisão 
somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, 
programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. 
Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua 
classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição. 
À criança ou ao adolescente, é proibida o comércio de produtos que 
possam atrapalhar a sua formação e sua educação, tais como armas, munições 
e explosivos, bebidas alcoólicas ou produtos cujos componentes possam causar 
dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida. Nesse 
particular, importante a atenção dos pais para não contribuírem neste tipo de 
infração quando, por exemplo, inadvertidamente solicitam a menores ou 
adolescentes efetuarem compras ou aquisições indevidas a seu mando 
(cigarros/bebidas). 
Os recursos inclusos no ECA também estipulam situações nas quais 
tanto o responsável quanto o menor devem ser instados a modificarem atitudes, 
definindo sanções para os casos mais graves. Nas hipóteses de o menor 
 
20 
 
cometer ato infracional, que é a conduta descrita como crime ou contravenção 
penal para os maiores de idade, e justamente porque são penalmente 
inimputáveis, os menores de dezoito anos poderão sofrer sanções, tais como a 
de internação em estabelecimento apropriado para este fim. 
Deste modo os elementos que desenvolvem programas de internação 
tem entre seus deveres: assegurar os direitos e garantias de que são titulares os 
adolescentes; não negar direito algum que não tenha sido objeto de restrição na 
decisão de internação, preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e 
dignidade ao adolescente, diligenciar no sentido do restabelecimento e da 
preservação dos vínculos familiares, oferecer instalações físicas em condições 
adequadas, e toda infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive 
na área de lazer e atividades culturais e desportivas. Também tem a obrigação 
de reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, 
dando ciência dos resultados à autoridade competente. 
A medida de internação só é destinada aos indivíduos que praticaram 
algum ato infracional, sendo ele cometido por meio de grave ameaça ou violência 
à pessoa, por reiteração no cometimento de outras infrações graves. Sendo que 
em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida 
adequada. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para 
adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo. 
Segregação realizada levando em conta: idade, compleição física e 
gravidade da infração. Ao confirmar a prática de uma infração, o responsável 
competente poderá aplicar as seguintes medidas cabíveis: 
 
 Advertência; 
 Obrigação de reparar o dano; 
 Prestação de serviços à comunidade; 
 Liberdade assistida; 
 Inserção em regime de semi-liberdade; 
 Internação em estabelecimento educacional. 
 
21 
 
Quando o assunto em pauta é ato infracional com reflexos patrimoniais, 
o responsável tem a autoridade de determinar que o adolescente promova. Em 
se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá 
determinar, que o adolescente restitua se for o caso ou compense o prejuízo da 
vítima. 
A prestação de serviços comunitários é fazer trabalhos e tarefas de 
forma gratuitas e que seja de interesse geral, por um período que não ultrapasse 
seis meses, em parceria a instituições assistenciais, hospitais, escolas e outros 
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou 
governamentais. 
A internação é a medida que priva a liberdade do indivíduo, estando 
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição 
peculiar de pessoa em progresso. O período máximo de internação excederá a 
três anos, - em nenhuma hipótese o período deve ser descumprido - assim que 
exceder o tempo, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de 
semi-liberdade ou de liberdade assistida. A liberação será compulsória aos vinte 
e um anos de idade. 
Quando um adolescente entre 12 e 18 anos de idade incompletos 
comete um crime, estes são chamados atos infracionais passíveis, que implicam 
o cumprimento de medidas socioeducativas. Os recursos do Estatuto da Criança 
e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto o responsável, quanto o 
menor deve ser instado a modificarem atitudes, definindo sanções para os casos 
mais graves. 
Em uma situação do adolescente cometer infração, cujo comportamento 
sempre estará descrito como crime ou violação penal para os condenados, 
poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no estatuto como medidas 
socioeducativas. 
Os menores de 18 anos, penalmente não podem ser responsabilizados, 
mas respondem pela prática de ato infracional cuja punição será desde a adoção 
de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou responsável, orientação, 
apoio e acompanhamento, matrícula e frequência em estabelecimento de 
 
22 
 
ensino, inclusão em programa de auxílio à família, encaminhamento a 
tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, 
até, colocação em família substituta. 
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (que penalmente não 
podem ser responsabilizados) que seja praticante de algum ato infracional, além 
das medidas protetivas já citadas, a figura competente poderá aplicar medida 
socioeducativa de acordo com a capacidadedo ofensor, circunstâncias do fato 
e a gravidade da infração, são elas: 
1) Advertências – aviso verbal, restrita a termo e assinada pelos 
adolescentes e progenitores sob os riscos do envolvimento em atos infracionais 
e sua repetição, 
2) Obrigação de reembolso e indenização do dano – caso o ato 
infracional seja passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da 
vítima, 
3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo conscientizar 
o menor infrator sobre valores e solidariedade social, 
4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o enfrentamento 
da prática de atos infracionais, na medida em que atua juntamente com a família 
e o controle por profissionais (psicólogos e assistentes sociais) do Juizado da 
Infância e Juventude, 
5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez que exigem 
dos adolescentes infratores o trabalho e estudo durante o dia, mas restringe sua 
liberdade no período noturno, mediante recolhimento em entidade especializada 
6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extrema do 
Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total da liberdade. 
Aplicada em casos mais graves e em caráter excepcional. 
Antes da sentença, a internação somente pode ser determinada pelo 
prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada baseada em fortes 
indícios de autoria e materialidade do ato infracional. 
 
23 
 
Então, as instituições que desenvolvem programas de internação têm a 
obrigação de: 
1) observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes; 
2) não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição 
na decisão de internação, 
3) preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao 
adolescente, 
4) diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos 
vínculos familiares, 
5) oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda 
infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área de lazer e 
atividades culturais e desportivas. 
6) reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis 
meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente. 
Uma vez aplicada, as medidas socioeducativas podem ser 
implementadas até que sejam completados 18 anos de idade. Contudo, o 
comprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos casos de internação, nos 
termos do art. 121, §5º do ECA. 
Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas no 
Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação com a 
reeducação e a ressocialização dos menores infratores. 
Antes de iniciado o método de verificação do ato infracional, o 
representante do Ministério Público poderá outorgar a remissão, como forma de 
exclusão do processo, se atendido às circunstâncias e consequências do fato, 
contexto social, personalidade do adolescente e sua maior ou menor 
participação no ato infracional. 
Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medidas 
aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento a programa de 
proteção à família, inclusão em programa de orientação a alcoólatras e 
toxicômanos, encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico, 
 
24 
 
encaminhamento a cursos ou programas de orientação, obrigação de matricular 
e acompanhar o aproveitamento escolar do menor, advertência, perda da 
guarda, destituição da tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder. 
O interessante é analisar que as crianças e os adolescentes não podem 
ser considerados declarações de propriedades de seus genitores, visto que são 
titulares de direitos humanos como quaisquer pessoas, dotados de direitos e 
deveres como demonstrado. 
A introdução total do ECA teve resistência por parte da sociedade 
brasileira, que o considera abastadamente presunçoso em relação aos atos 
infracionais cometidos por crianças e adolescentes, uma vez que os atos 
infracionais estão ficando cada vez mais violentos e reiterados. 
Consideram, também, que o ECA, tem realidades diferentes em relação 
a prática, onde tecnicamente deveriam proteger e educar a criança e o 
adolescente, na prática, acaba deixando-os sem nenhum tipo de punição ou 
mesmo ressocialização, bem como é utilizado por grupos criminosos para livrar-
se de responsabilidades criminais fazendo com que adolescentes assumam a 
culpa. 
É responsabilidade do Estado cuidar para que as crianças e 
adolescentes cresçam em condições sociais que ajudem a integridade física, 
liberdade e dignidade. Portanto, não se pode colocar tal responsabilidade 
apenas a uma suposta ineficiência do estatuto da criança e do adolescente, uma 
vez que estes nada mais são do que o produto da entidade familiar e da 
sociedade, as quais têm importância fundamental no comportamento dos 
mesmos. 
Os pais ou responsáveis são, sobretudo, detentores da guarda e da 
tutela dos menores sob sua responsabilidade, e exatamente por isso devem 
sofrer sanções ou medidas corretivas no caso incapacidade ou deficiência no 
atendimento ao menor. Como medidas corretivas podem ser o encaminhamento 
a programa oficial ou comunitário de proteção à família, inclusão em programa 
oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e 
toxicômanos, encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico, 
 
25 
 
obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado, 
podendo sofrer eventual advertência, perda da guarda, destituição da tutela e 
até a suspensão ou destituição do pátrio poder. 
Juntamente, devem atuar instituições que desenvolvem programas de 
abrigo, que devem de forma integrada, também devem preparar suas atividades 
dentro dos princípios familiares, onde deve haver vínculo entre os membros da 
família, integração em família substituta, quando esgotados os recursos de 
manutenção na família de origem, atendimento personalizado e em pequenos 
grupos, desenvolvimento de atividades em regime de coeducação, não 
desmembramento de grupos de irmãos, evitar, sempre que possível, a 
transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados, 
participação na vida da comunidade local, preparação gradativa para o 
desligamento, participação de pessoas da comunidade no processo. 
Em cada município deve haver pelo menos um Conselho Tutelar, que 
deve conter no mínimo cinco membros eleitos pela comunidade local, de tal 
forma, a sociedade fica incumbida de zelar e cobrar o cumprimento dos direitos 
da criança e do adolescente. 
O Conselho Tutelar deve atender as crianças e adolescentes, nas 
condições em que seus direitos não estejam sendo assegurados, inclusive com 
relação a seus pais e responsáveis, bem como em outras questões vinculadas 
aos direitos e deveres previstos na legislação do ECA e na Constituição; atender 
e aconselhar os pais e responsáveis que possuem a tutela ou guarda de seus 
filhos; deixar a criança e adolescente de seus direitos, ouvir queixas e 
reclamações dos direitos e deveres ameaçados e/ou violados; exigir serviços 
públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e 
segurança; garantir e fiscalizar os direitos e deveres da criança e do adolescente; 
participar de ações que combatam a violência, a discriminação no ambiente 
escolar, familiar e comunitário; levar ao conhecimento do Ministério Público fatos 
que o Estatuto tenha como infração administrativa ou penal; encaminhar à 
Justiça os casos que a ela são pertinentes; tomar providências para que sejam 
cumpridas as medidas socioeducativas aplicadas pela Justiça a adolescentes 
infratores; requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e 
 
26 
 
adolescentes, quando necessário; entrar na Justiça, em nome das pessoas e 
das famílias, para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que 
contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de produtos, 
práticas e serviços que possam ser nocivos à saúdee ao meio ambiente; levar 
ao Ministério Público casos que demandam ações judiciais de perda ou 
suspensão do pátrio poder; fiscalizar as entidades governamentais e não-
governamentais que executem programas de proteção e socioeducativos. 
 
8.CONCLUSÃO 
Enfim, o conjunto normativo do ECA é relativamente explícito e 
compreensível até aos mais leigos, não sendo possível aqui detalhar e trazer 
todas as questões mais especificas, ressalta-se que é um diploma legal objetiva 
colaborar na melhor formação das crianças e dos adolescentes, sem perder o 
foco da reeducação dos pais e dos responsáveis, no que se inclui o próprio 
Estado Brasileiro. 
Absoluta prioridade à efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, 
à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Por “absoluta prioridade” significa que a criança e o adolescente terá preferência 
para receber proteção e socorro, assim como a precedência de atendimento nos 
serviços públicos. 
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores. 
Igualmente, os pais têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de 
ensino. 
O dever do Estado em assegurar à criança e ao adolescente o ensino 
fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para aqueles que não tiveram 
acesso na idade própria. 
 
27 
 
O ECA estabelece sanções para os pais ou responsáveis que sejam 
omissos na criação e educação dos filhos. 
Também prevê sanções para aquelas crianças e adolescentes que 
cometem infrações. Está previsto desde medidas socioeducativas até a 
internação. Esta não deve durar mais de três anos e ser realizada em 
estabelecimento adequado que vise a recuperação pessoal. 
1. Direito à vida e à saúde 
“Artigo 8 a 10 do ECA – os documentos do parto tem que ficar 
arquivados por um período de 18 anos.” 
O Estatuto protege a mãe através da criança, pois proteger a criança 
é proteger a mãe. Depressão pós-parto, infelizmente é bem comum entre as 
mães, sendo assim, o ECA disponibiliza tratamento psicológico, ainda que a 
mãe entregue o filho a adoção, dessa forma, há uma grande possibilidade de 
diminuir as consequências da depressão ou estado puerperal (como também 
é conhecida). Ademais, ele assegura alojamento à gestante e ao bebê. 
2. Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade 
“Artigo 16 ECA – direito de ir, vir e permanecer nos logradouros 
públicos e espaços comunitários, observadas as restrições legais.” 
Devido as restrições legais citadas no artigo 16, os parques públicos 
podem fechar durante a noite por exemplo, assim como outros locais públicos. 
3. Proibições do eca 
“Artigo 77 a 82 e 250 ECA – Criança e adolescente não podem ir para 
hotel, motel, pensão ou congênere, salvo: acompanhado dos pais ou 
responsáveis; por autorização dos pais ou responsável; se houver autorização 
judicial. “ 
O objetivo é combater a prostituição infantil. A violação disso é 
infração administrativa. Criança e adolescente são proibidos de frequentar 
locais que explore comercialmente jogos de bilhar ou similares, nem com a 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619217/artigo-8-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618979/artigo-10-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618437/artigo-16-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10609358/artigo-77-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
 
28 
 
autorização dos pais. Vale dizer que é comerciante, assim se no seu prédio 
tem uma mesa de bilhar não tem problema e eles podem frequentar, pois não 
é explorado comercialmente. 
Dependendo da regulamentação do juiz da infância local, a criança e 
adolescente pode frequentar lanhouse e locais que ofereça diversões 
eletrônicas. 
Fogos de artificio não podem ser vendidos para crianças e 
adolescentes a não ser pela rebaixa potencial lesivo não possam causar 
danos em caso de uso inadequado. 
Criança e adolescente não podem comprar bilhetes de loteria ou 
similares. 
4. Autorização para viajar 
 a) Viagem nacional: “artigo 83 – o adolescente não precisa de 
autorização para viajar, quem precisa é a criança. Essa autorização é válida 
por um período de 2 anos. A salvo: Se tiver acompanhada de ascendentes ou 
colateral maior até o terceiro grau (tio) comprovado por um documento; se 
tiver autorização por escrito dos pais ou responsável ou caso se trate de 
comarca contigua na mesma unidade da federação”. 
 b) Viagem internacional: “artigo 84 – criança e adolescente 
precisam de autorização judicial, salvo se estiverem acompanhados de 
ambos os pais ou responsável ou se estiver acompanhado de um dos pais 
com autorização por escrito com firma reconhecida do outro”. 
 5. Ato infracional – parte penal do eca 
“Artigo 103 ECA. Considera-se ato infracional a conduta que, 
praticada por criança ou adolescente, é definida em lei como crime ou 
contravenção penal”. 
Para um adolescente, a pena é dada em medida socioeducativa, para 
um adulto é infração penal. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602274/artigo-103-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
 
29 
 
6. Medidas socioeducativas – não privativas de liberdade 
“Artigo 112 ECA – praticadas somente para os adolescentes.” 
São chamadas de medidas em meio aberto, pois não priva a 
liberdade. 
7. Cabimento taxativo da internação 
“Artigo 122 ECA. Só se aplica à internação, pois às demais são 
livremente aplicáveis. ” É possível a internação quando se tratar de ato: 
1. Cometido ou praticado com violência ou com grave ameaça à 
pessoa. 
Em uma comparação a crimes de roubo, homicídio, estupro. Para ato 
equivalente a furto não é cabível internação como medida socioeducativa, 
podendo ser aplicada qualquer uma das outras cinco medidas. E se ele for 
pego praticando ato equivalente a tráfico de drogas? O tráfico de drogas para 
o adulto é crime equiparado ao hediondo, mas o requisito que o ECA elege 
para poder caber ou não a internação é se tem violência ou grave ameaça à 
pessoa e no caso do tráfico de drogas não existe essa violência. Juiz aplica 
sem prazo até o limite de 3 anos. 
2. Configurada reiteração no cometimento de atos graves: a palavra 
reiteração, que é fazer de novo, é pensada do segundo ato em diante. Assim, 
se praticar 3 atos ele pode ser internado. Tráfico de drogas entra nesse caso, 
mas somente depois de 3 vezes, no mínimo 2. Juiz aplica sem prazo até o 
limite de 3 anos. 
3. Descumprimento reiterado e injustificável de outra medida 
anteriormente aplicada: chamada de internação com prazo determinado ou 
internação sanção. Assim, uma vez aplicada a mediada por sentença em 
processo de conhecimento, cabe ao adolescente a ela submeter-se, 
independentemente de sua vontade. Se assim não o fizer poderá sujeitar-se à 
internação sanção, cujo prazo de duração poderá chegar a 3 meses. A 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10601509/artigo-112-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599998/artigo-122-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
 
30 
 
reiteração pressupõe mais de 3 atos. Poderá internar em razão do 
descumprimento reiterado e injustificável de outra medida anteriormente 
aplicada. Se vai internar porque ele está descumprindo outra medida é 
porque a outra medida não era a internação. A ideia é que na sentença o juiz 
aplicou uma medida mais branca, mas o sujeito vem descumprindo a medida 
de forma retirada, desse modo, o juiz decidira pela internação breve a fim de 
fazer com que o sujeito seja obrigado a cumprir a medida e conscientiza-lo, 
convence-lo de que ele deve cumprir a medida anterior. Ira internar por no 
máximo 3 meses e depois o sujeito volta a cumprir a medida anteriormente 
aplicada. Antes do juiz aplicar a sanção ele deve ouvir o adolescente, pois se 
isso é sanção por ter descumprido outra, não pode aplicar nova sanção sem o 
contraditório e ampla defesa. Assim, deve-se ouvir o adolescente em 
audiência para que ele possa justificar o porquê descumpriu a medida. Antes 
de aplicar a internação sanção o juiz deve ouvir o adolescente permitindo 
assim que ele possa justificar o descumprimento alegado, pois se esse 
descumprindo foi justificado, não se aplica sanção. 
4. Internação provisória: é aquela internação aplicada antes da 
sentença e é provisória pois antecede a decisão definitiva. O limite é o de 45 
dias, se nesse período não sobrevier sentença o juiz terá de soltar o 
adolescente. Esse prazo é improrrogável. Se der o prazo tem que soltar o 
adolescente para que ele aguarde em liberdade a sentença que lhe 
condenará. 
Por fim, algumas pessoas que auxiliaram na redação do ECA: Antônio 
Carlos Gomes da Costa, Paulo Afonso Garrido de Paula, Edson Sêda, Maria 
de Lourdes Trassi Teixeira e Ruth Pistori. 
 
 
 
 
 
31 
 
9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
A criança, o adolescente, a cidade: pesquisa realizada pelo CEBRAP- São Paulo 
em 1974 
Menino de rua: expectativas e valores de menores marginalizados em São 
Paulo: pesquisa realizada por Rosa Maria Fischer em 1979 
Condições de reintegração psicossocial do delinquente juvenil; estudo de caso 
na Grande São Paulo: tese de mestrado de Virginia P. Hollaender pela PUC/SP 
em 1979 
O Dilema do Decente Malandro tese de mestrado defendida por Maria Lucia 
Violante em 1981, publicado posteriormente pela editora Cortez. 
 
GREEN, A. Narcisismo de vida, narcisismo de morte. Escuta: São Paulo, 1988. 
 JACQUES, Lacan. Do Sujeito Suposto Saber, da díade primeira e do bem. In: 
Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Zahar: Rio de Janeiro, 1964 
JACQUES, Lacan. A mola do amor: Um comentário sobre o Banquete de Platão. 
In A transferência. Zahar: Rio de Janeiro, 1960-61. 
MILLER, J.A. Os outros em Lacan. Zahar: Rio de Janeiro, 2012. 
MILLER, J.A. Percurso de Lacan: uma introdução. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 
1987. 
NASSAU, C. A contribuição do conceito de transferência para as medidas 
socioeducativas. Clinicaps: Impasses da clínica, 5(15), 2011. 
OTONI, M. O adolescente em conflito com a lei e o outro social: Um estudo 
psicanalítico sobre a indiferença. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da 
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 
2015. 
RECALCATI, M. A questão preliminar na época do Outro que não existe. Latusa 
Digital, (7), 2004. 
 
32 
 
OTONI, M. O adolescente em conflito com a lei e o outro social: Um estudo 
psicanalítico sobre a indiferença. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da 
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 
2015. RECALCATI, M. A questão preliminar na época do Outro que não existe. 
Latusa Digital, (7), 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33

Outros materiais