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ISSN 2176-1396 A ESCRITA ACADÊMICA: DESAFIOS DO ATO DE ESCREVER NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Jussara Isabel Stockmanns1 - IFPR-PALMAS Viviane Aparecida Traversin Pereira2 - IFPR-PALMAS Eixo – Alfabetização, Leitura e Escrita Agência Financiadora: não contou com financiamento A ESCRITA ACADÊMICA: DESAFIO DO ATO DE ESCREVER NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Prof. Viviane Aparecida Traversin Pereira – viviane.pereira@ifpr.edu.br Prof. Jussara Isabel Stockmanns – jussara.stockmanns@ifpr.edu.br Resumo: O relato de experiência aqui entitulado “A escrita acadêmica: desafio do ato de escrever na Educação Superior”, objetiva aprofundar sobre a escrita acadêmia superior, bases teóricas e a realidade de como os alunos ingressam ao IFPR – Campus Palmas, nos aspectos dos conhecimentos básicos das normas da ABNT, nas normas técnicas de elaboração de trabalhos, estruturação do pensamento e outros. Objetiva também dar o suporte técnico e a possibilidade da reescrita no processo de aprendizagem, com a possibilidade de reestruturação do texto de trabalhos técnico-científicos. Esta experiência é fruto de um projeto permanente de extensão que está sendo efetivads no IFPR – Campus Palmas, intitulado: “Escrita/Reescrita Acadêmica na Educação Superior: processo em construção permanente”, fruto dos desafios encontrados em sala de aula. A produção acadêmica faz parte da formação do estudante, sendo uma prática que necessita ser valorizada e incentivada e, desta forma, surgem as sequintes questões: quais são as condições ofertadas para a produção da escrita na universidade? Como isto se efetiva? Como os universitários realizam suas produções? Quais são os critérios seguidos para a 1 Mestre em Engenharia da Produção: Área de Concentração em Mídia e Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Professora do Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas (IFPR). Pesquisadora dos grupos de pesquisa pelo IFPR, Trabalho, Educação e Formação Profissional e UDESC, Didática e Formação Docente – NAPE. E-mail: jussara.stockmanns@ifpr.edu.br. 2 Especialista em Língua Portuguesa e Literaturas pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória - FAFI. Graduada em Letras Português/Espanhol pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória - FAFI. Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ. Técnica Administrativa do Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas (IFPR). E-mail: viviane.pereira@ifpr.edu.br. 21392 elaboração de seus escritos? Quais orientações sobre a estrutura da escrita os acadêmicos tiveram antes de chegarem ao Ensino Superior? Este conjunto de perguntas orientarão este trabalho, o qual buscará expor as dificuldades e facilidades dos estudantes para transpor no papel seus pensamentos e conhecimentos. A metodologia utilizada está sendo a pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e a intervenção na realidade. Este projeto vislumbra uma qualificação da escrita acadêmica dos estudantes que terão a oportunidade de qualificar a produção científica e, de reeorganizarem o seu texto fazendo a reescrita dos trabalhos, antes mesmos de serem avaliados, bem como discentes do Curso de Letras com a oportunidade de serem revisores de textos. Palavras-chave: Escrita Acadêmica. Normas Técnicas. Elaboração de trabalhos. Introdução O relato de experiência do projeto “Escrita/Reescrita Acadêmica na Educação Superior: processo em construção permanente” vem ao encontro das expectativas do IFPR, visando promover a qualidade das ações de ensino, pesquisa e extensão da educação superior. Objetiva colaborar nos atributos da produção acadêmica dos acadêmicos do IFPR – Palmas, com atividades de escrita e reescrita de produções dos alunos, dando o suporte técnico das normas da ABNT e sugestões de melhorias em diversos aspectos, especialmente coesão e coerência textual. O referido projeto efetiva suas atividades articuladas parcialmente com o CELIF (Centro de Línguas do IFPR-Palmas) e com o NEPLLI (Núcleo de Ensino e Pesquisa em Língua e Literatura) e ações com acadêmicos do Colegiado de Letras. Pretende-se estimular os acadêmicos na produção e publicação de seus trabalhos em revistas com temáticas relacionadas às diversas áreas abrangentes em educação. Proporcionar a escrita e reescrita de um texto é conhecer o sujeito que a produz, suas ideias, suas crenças, seus valores, seu contexto histórico-cultural e de que forma manifesta seu pensamento. Com isso, o ato de escrever passa por mudanças estruturais constantes, pois a língua não é estática e nem homogênea, é heterogênea, evoluindo ao longo do tempo como resultado da maneira como os falantes a utilizam, já que a língua vive pelo fato de existirem sujeitos que também constroem e desconstroem seus elementos linguísticos (escrita, oralidade e interação discursiva). Desta forma, a produção escrita revela seres inseridos em um contexto sócio- histórico, um objetivo pelo qual se escreve e um direcionamento a quem se escreve. Relacionando esta concepção de escrita ao contexto da educação superior no qual se trata de produção acadêmico-científica, é de condição e concordância que os universitários acompanhem a sua trajetória como estudantes que obtêm a seu favor dois processos que 21393 favorecem ou potencializam a sua formação de maneira integral: a leitura e principalmente a escrita, ambas condições básicas para a pesquisa e a investigação, acompanhando e promovendo a capacitação para a descoberta e construção de novos conhecimentos. Este projeto de extensão e ensino-aprendizagem tem como finalidade incentivar a produção acadêmica dos alunos do IFPR – Palmas, intervindo em atividades de escrita, correção e normatização de seus textos para publicação. O mesmo também orienta os acadêmicos em técnicas de produção, correção e elaboração de artigos de caráter científico e insere também os estudantes nas questões de normatização (ABNT), direcionando para submissão de produções acadêmicas em revistas e/ou eventos. Incentiva e orienta a construção de textos em diversos gêneros acadêmicos tais como resenhas, resumos, memorial, fichamento, mapas conceituais, e outros que possam ser de interesse do grupo de trabalho. No decorrer do projeto será ofertado um curso de revisores aos acadêmicos do Curso de Letras, dos quais são selecionados estudantes voluntários do referido Curso para serem corretores de trabalhos, auxiliando nas correções das produções acadêmicas dos alunos. Desta maneira, o presente relato visa apresentar a realidade da escrita no contexto universitário, investigando quais são as práticas ocorridas na universidade e como os estudantes produzem seus textos, baseados em quais critérios, se esta prática é realizada com certa frequência e se os mesmos expõem dificuldades e facilidades para escrever, quais são os recursos utilizados para sua produção, conscientizando-se de que a busca de conhecimento, a produção escrita investigativa é constante, como explicita Carlino (2009, p.24): “al escribir se ponen en marcha procesos de aprendizaje que no siempre ocurren en ausencia de la producción escrita”. Em consequência, o resultado encaminha-se para um ensino produtivo e instigante a uma pesquisa contribuidora no aperfeiçoamento das teorias às práticas e condicionando o sujeito a ser revelador de seus conhecimentos sociais, culturais, históricos e científicos. 1. ESCRITA ACADÊMICA E SEUS DESAFIOS NO ENSINO SUPERIOR A língua é uma das manifestações mais fantásticas da nossa vida, está presente em muitas de nossas ações, pois os sujeitos estão envolvidos pela interação linguística, já que a mesma estabelece nossas relações e limites, demonstra quem somos e quem são os outros, onde estamos, o que faremos e o que já fizemos. É pelalinguagem que nos tornamos indivíduos únicos e portadores de informações e conhecimentos acumulados ao longo de 21394 nossas vivências, e a representamos por meio da escrita, sendo a mesma definida por Machado (2000, p.31) como “a ginástica do intelecto, o ápice da atividade intelectual, um ato essencialmente manual, artesanal.” Bakhtin (1994) apresenta a língua enquanto meio vivo e concreto, já que a mesma nunca é única. Cada época histórica, cada geração, cada camada social, cada estabelecimento de ensino tem a sua linguagem, assim como outros fatores de adequação à comunicação. Ou seja, toda manifestação verbal que se dá mediante a língua não ocorre em enunciados soltos sem propósitos, são textos realizados em práticas sociais situadas e históricas. O ato de escrever fundamenta-se em fatores passíveis de percepção e de consideração: influências subjetivas, históricas, culturais e de diálogos estabelecidos que o sujeito produtor de seu texto faça suas inferências com outros autores. Desde os primeiros anos da vida escolar, o ato de escrever é processado com diversos objetivos, estendendo-se ao longo dos anos, ainda que superficialmente em alguns momentos, até a formação universitária. A escrita é um dos mais importantes recursos para a formação individual, cultural e social de um cidadão, dentro e fora do contexto educacional. Cooper (1986), citado por Pampillo (2010) apresenta a correlação entre a escrita e a situação social que a envolve, afirmando que no momento que se escreve não há como separar da situação social, das condições que o escritor possui ao fazê-la e seus motivos para a produção. Em se tratando da formação dos discentes, é uma tarefa que requer total interesse entre ambas as partes (professor e aluno), para que este hábito possa se desenvolver ou instalar-se nos sujeitos para que o escrever não seja somente nas salas de aula, mas sim, investigar por motivação de conhecer sempre mais, aprofundar-se em determinado assunto e também ser um expositor de suas ideias, de seus conceitos e suas vivências, visando uma formação sócio-educacional. A escrita deve ser orientada para uma produção consciente e principalmente, criativa, criteriosa, e como argumenta Fernández Bravo (2008, p.161) “ser vista numa estrutura significativa aliada ao conjunto de ideias acumuladas, privilegiando sempre a clareza e o rigor metodológico”. O ensino superior deve oferecer apoio teórico e prático para que determinada função seja executada visando um melhoramento social e autônomo por aqueles que o frequentam, propiciando sempre fomentar este processo de participação na construção e registro de conhecimentos e interagindo no meio social em que vive. Fischer (2009, p.276) afirma que “[...] a escrita é inata na maior parte das culturas letradas. As sociedades modernas, em toda parte, são dependentes da palavra escrita para quase todos os aspectos da interação humana.” 21395 A experiência da escrita é algo que cada pessoa carrega consigo, mas no ambiente acadêmico, lugar onde os estudantes já estão determinados a um objetivo observa-se que a preparação e a dedicação completa requerem a especialização, pesquisa e atualização, buscando o aprofundamento do que se já estudou em sala de aula e instigando o acadêmico a ser um sujeito produtor de conhecimentos, revelar-se, não apenas ser um anônimo leitor, mas sim um visível escritor, produtor de conhecimentos e não somente um reprodutor dos mesmos. Escrever é transpor um pensamento carregado de vivências subjetivas e experiências e possibilitar que o autor seja reconhecido e apreciado em lugares e épocas diferentes, pois se pretende entender e ser entendido, seja em normas ou diversidades, em história ou emoção, em arte ou realidade. Desta maneira, “A escrita abre as portas para ser o caminho de contribuição com a solução de esclarecimentos individuais e coletivos e como suporte para a inclusão histórico-social no mundo investigativo.” (BIANCHETTI, 2008, p.262) A educação superior requer qualidade e, ao mesmo tempo, formação profissional e social, para atender as exigências de um meio que necessita um comportamento qualificado e instruído. Souza (2001, p.79) em sua obra relaciona a LDB e a educação superior, aponta alguns artigos,os quais definem exatamente a função desse ensino: Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração. Atualmente discute-se sobre a atividade da pesquisa universitária, de forma a contribuir para o desenvolvimento cognitivo. Vê-se, então, para que este processo seja possível, a necessidade de que o acadêmico inicie sua pesquisa, suas produções buscando e investigando fontes as quais julga serem importantes, de cunho científico, para que se obtenha um embasamento teórico diversificado, gerando assim, uma argumentação consistente e coerente para que o seu ato de escrever obtenha méritos e reconhecimento. Esta precisão da pesquisa é mencionada por Marques (1998, p.36): 21396 Em se tratando do processo formativo são determinantes as condições com que se apresentem os candidatos a cada curso, devendo o pesquisar ser preparado e acompanhado pelo e do estudo mais aprofundado de determinadas disciplinas, ou unidades de estudos, no sentido de que se criem os requisitos indispensáveis à pesquisa de forma a dar unidade de condições a toda a turma de estudantes. Não basta, porém, que assistam passivamente os alunos a aulas magistrais. Em geral, discutir sobre o percurso estudantil e participativo enquanto verdadeiros acadêmicos e pesquisadores, é um fator de emergência que circula no meio universitário, pois o estímulo e promoção da escrita faz parte de processo de formação, informação e produção. Demo (2000) também reforça num conceito denominando de Aprender a Aprender, constituindo num conjunto de conhecimentos sócio-culturais, educativo-científicos, visto que a Universidade possui por excelência o papel de Educar pela Ciência e que se o acadêmico ingressou em um curso com certa dificuldade ou desconhecimento da necessidade de desenvolver com autonomia em seus estudos para a leitura, escrita e pesquisa, possa no decorrer de seu tempo de formação, capacitar-se e ter em mente que estudar é muito mais do que somente passar de ano, é uma instrução que levará consigo. O presente projeto efetiva ações estimulando a escrita e a reescrita dos trabalhos acadêmicos, vinculando a qualidade da produção científica no âmbito das disciplinas curriculares ministradas pelos professores envolvidos no projeto. Para tanto, foi efetivado um levantamento da abordagem exploratória qualitativa da realidade dos acadêmicos onde se aplica o projeto. A intervenção do professor será necessário visto da exigência de qualidade da produção científica no interior dos trabalhos acadêmicos nas atividades de ensino, e nas produções que poderão ser publicadas em eventos. A pesquisa exploratória está sendo realizado juntamente com levantamento bibliográfico e com a intervenção na escrita e reescrita dos trabalhos acadêmicos. Compreende a pesquisa bibliográfica, a análise, concepções e visões da realidade dos acadêmicos e de outros autores frente à temática abordada se faz mister, visando qualificar o trabalho acadêmico científico. Para efetivação das atividades de extensão, de ensino e aprendizagemestão sendo realizadas ações específicas de acompanhamento e orientações da escrita e reescrita acadêmica. Para efetivação das atividades de pesquisa, estão sendo realizadas as pesquisas de campo nos inícios dos semestres, pesquisa bibliográfica permanente, disseminação e posteriormente a criação de um guia orientador da elaboração dos trabalhos científicos. Este projeto visa preparar os 21397 acadêmicos de Letras para futuros corretores de textos com um curso preparatório e como voluntários na prática de correções de trabalhos. Este projeto está sendo efetivado com caráter permanente, porém novos acadêmicos poderão ser incluídos a cada ano letivo, conforme decisões da equipe envolvida no projeto. As ações permanentes deste projeto consistem em: Formação inicial: orientações sobre as normas da ABNT e outras normas de submissão de produções acadêmicas; Triagem dos acadêmicos participantes: realização de uma seleção de estudantes do curso de Letras que atuarão como voluntários na correção das atividades dos demais; Processo seletivo dos estudantes voluntários de Letras: anualmente será realizada uma sondagem dos estudantes que se disponham em atuar no projeto, e posteriormente será publicado um edital de seleção de voluntários para participação no projeto; Oferta de um curso de revisores de textos para os acadêmicos de letras, em média de 20 a 30 vagas; Trabalho permanente de orientações dos trabalhos acadêmicos: os alunos encaminharão ao e-mail do projeto os trabalhos que estiverem em produção e necessitando correção para orientação e correção dentro das normas técnicas dos trabalhos e normas da ABNT. Participação de aluno voluntário: se efetivará sempre a partir de um processo seletivo para que haja alunos voluntários que atendam a demanda das produções de cada professor envolvido com o projeto. Os alunos auxiliarão cada professor na correção dos trabalhos científicos (artigos, resumos, resumos expandidos e banners). Pesquisa de campo com ingressantes no Ensino Superior: levantamento com os acadêmicos do 1º semestre da graduação verificando o nível de compreensão que chegam do Ensino Médio quanto às normas da ABNT e normas de sistematização dos trabalhos científicos. Ações integradas entre ensino pesquisa e extensão: almeja-se que com essa ação, mais publicações de trabalhos acadêmicos em eventos científicos. Também a equipe envolvida com o projeto publicará em eventos os relatos desta atividade. Disseminação dos trabalhos: as produções finais serão disseminadas nos trabalhos realizados no IFPR Campus Palmas e outros, através da participação em eventos e publicações da equipe envolvida com o projeto em eventos científicos. Por fim, este projeto almeja uma ação permanente com os estudantes, qualificando a produção dos trabalhos acadêmicos e favorecendo o crescimento pessoal e intelectual na 21398 apropriação de conhecimentos diversos, proporcionando qualidade na produção e segurança ao escritor. Apresentam-se alguns dados como resultados a pesquisa de campo realizada nos primeiros períodos, por amostragem, dos cursos de graduação do IFPR – Campus Palmas: Figura 1: Alunos que utilizam as normas da ABNT em seus trabalhos Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no levantamento de dados com estudantes do 1º semestre. Dos acadêmicos pesquisados nos 1º períodos, 55% ao ingressarem no Ensino Superior não conhecem e nem utilizam as normas da ABNT em seus trabalhos acadêmicos. Dimensão esta, grande e desafiadora aos docentes que atuam na graduação. Figura 2: Alunos que conhecem as normas para elaboração de trabalhos científicos Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no levantamento de dados com estudantes do 1º semestre. Outro fator resultante da pesquisa é o conhecimento das normas técnicas para elaboração dos trabalhos científicos, no que tangem a estrutura e formatação da elaboração de artigos, resenhas, resumos expandidos, resumos e outros. Se o aluno que ingressa o Ensino Superior não teve acesso ao conhecimento formal, ou a estrutura dos trabalhos acadêmicos, muito menos ele foi estimuldado na Educação Básica à pesquisar, ou a disseminação de seus estudos, percebe-se que o escrever, em muitos casos, não é visto como suporte de 21399 aprendizagem, como Demo(2004, p.98) afirma que a escola é um espaço de pesquisa e “O instrumento principal de progresso é o conhecimento. Como todo instrumento e como todo progresso, não quer dizer, de si, que seja humano. Daí a importânia extrema de este progresso ser feito pela educação”. A escola, em seu currículo, na ação do professor deve permear o aprender aprender, e do saber pensar, do sistematizar o seu pensamento. Figura 3: Alunos que conhecem as normas para elaboração de trabalhos científicos Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no levantamento de dados com estudantes do 1º semestre. Já a utilização das tecnologias, dos editores de texto na elaboração dos trabalhos científicos faz parte do contexto diários dos alunos. Considerações Finais Os estudantes envolvidos no projeto são os beneficiários da ação e todos estão tendo orientação na escrita de suas produções acadêmicas. O projeto está em fase inicial de execução, pois houve um levantamento da realidade com os acadêmicos dos primeiros períodos, gráficos no item das imagens. Pelo levantamento, menos de 50% dos alunos efetivam seus trabalhos dentro das normas da ABNT, conhecem as normas de elaboração dos trabalhos acadêmicos, utilizam corretamente os editores de texto. Serão efetuadas as seguintes ações: curso de revisores para acadêmicos de letras, acompanhamento e correção dos trabalhos acadêmicos por parte dos docentes e alguns discentes, entre outros. A realidade da escrita no contexto universitário é preocupante, visto da falta de conhecimento básico que os alunos chegam ao ensino superior e posteriori dificuldades básicas de interpretação e de produção. Pretende-se contribuir com a formação permanente e estimular a produção e a dissimenação intelecutal, acadêmica, científica. O conhecimento, a produção científica, a escrita acadêmica ainda é um desafio para a educação nacional. Conclui-se com Demo (2004, p.101) quando fala dos serviços escolares que prestados à sociedade: “Fazer nela (escola) ambiente de pesquisa para os alunos e motivação viva para o 21400 professor, é quase um milagre”. Eis o desafio! 9 REFERÊNCIAS BAKHTIN, M.. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1994. BIANCHETTI, L., et al. (Orgs.). A Trama do Conhecimento: teoria, método e escrita em ciência e pesquisa. Campinas: Papirus, 2008. CARLINO, P. Escribir, leer y Aprender en la Universidad: una introducción a la alfabetización acadêmica. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2009. DEMO, P. Desafios modernos da educação. 9.ed. Petrópolis: Vozes, 2000. ______. Pesquisa e Construção de Conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro : Tempo Brasileiro, 2004. FERNÁNDEZ BRAVO, Á.; TORRE, C. Introducción a la Escritura Universitaria: ciudades alteradas: nación y inmigración. Buenos Aires: Granica, 2008. FISCHER, S. R. História da Escrita. 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