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A AÇÃO DOCENTE NO AMBIENTE ALFABETIZADOR

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O PAPEL DO DOCENTE: A EXPERIMENTAÇÃO NA ALFABETIZAÇÃO DOS ANOS INICIAIS
@feeresimoesconsultoria
RESUMO
A pesquisa visa refletir sobre o papel do professor no processo de alfabetização nos Anos Iniciais, considerando a necessidade de repensar a prática docente que contribua no processo de leitura e escrita dos alunos. Assim, os objetivos específicos são: conceituar e contextualizar a alfabetização nos Anos Iniciais, caracterizar a concepção de experimentação dada por Freinet e apontar a importância da experimentação na alfabetização. Levamos em consideração, as modificações da sociedade e a necessidade de ressignificar as práticas pedagógicas. Os professores passaram a refletir sobre suas ações na sala de aula para não realizar práticas tradicionais, pois estavam trazendo um impacto negativo e o insucesso escolar dos alunos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com base em trabalhos científicos que foram realizados nos anos anteriores, no período de 2015 a 2022. Utilizamos o Google Acadêmico, uma ferramenta essencial para localizar os artigos, teses, dissertações e outras publicações úteis para pesquisas acadêmicas, com os descritores “alfabetização”; “experimentação”; “experimentação na alfabetização”; “ação docente na alfabetização”, entre outros. Selecionamos os trabalhos de Marques (2015), Santos (2015), Weyll (2017), Elias (2017), Ribeiro (2018), Freitas Coelho e Malheiros (2019), Magda Soares (2020), Martins (2021), Prado (2019). Concluímos que a experimentação auxilia para as dinâmicas na sala de aula e contribui nas necessidades educativas. Assim, essa ação docente mobiliza no aluno seu interesse e curiosidade, no sentido de favorecer no seu processo de aprendizagem. 
Palavras – chaves: Alfabetização. Anos Iniciais. Experimentação
ABSTRACT
The research aims to reflect on the role of the teacher in the literacy process in the Early Years, considering the need to rethink the teaching practice that contributes to the students' reading and writing process. Thus, the specific objectives are: to conceptualize and contextualize literacy in the Early Years, to characterize the concept of experimentation given by Freinet and to point out the importance of experimentation in literacy. We take into account the changes in society and the need to re-signify pedagogical practices. Teachers began to reflect on their actions in the classroom in order not to carry out traditional practices, as they were bringing a negative impact and students' school failure. This is a bibliographic research, based on scientific works that were carried out in previous years, from 2015 to 2022. We use Google Scholar, an essential tool to locate articles, theses, dissertations and other useful publications for academic research , with the descriptors “literacy”; "experimentation"; “experimentation in literacy”; “teaching action in literacy”, among others. We selected works by Marques (2015), Santos (2015), Weyll (2017), Elias (2017), Ribeiro (2018), Freitas Coelho and Malheiros (2019), Magda Soares (2020), Martins (2021), Prado ( 2019). We conclude that experimentation helps the dynamics in the classroom and contributes to educational needs. Thus, this teaching action mobilizes the student's interest and curiosity, in order to favor his learning process.
Keywords: Literacy. Initial Years. Experimentation
1. INTRODUÇÃO 
	Historicamente a Alfabetização era sistematizada, com uma metodologia que explorava o alfabeto todos os dias, utilizava textos de caráter religiosos e sua escrita era em latim. Com as modificações da sociedade, foi necessário a ressignificação das práticas pedagógicas, por conta do insucesso escolar. Os professores passaram a refletir sobre suas ações na sala de aula, sobre o uso das práticas tradicionais que não promovem repercussão positiva no processo de ensino, e tornam a aula mecânica, improdutiva e desinteressante para os aprendizes. 
	A partir desse contexto, nossa pesquisa tem como objetivo geral refletir sobre o papel do professor no processo de alfabetização nos Anos Iniciais. Para atingir tal objetivo, foi realizado um estudo e reflexão sobre os conceitos da Alfabetização nos Anos Iniciais. Utilizamos a teoria de Freinet para caracterizar a concepção de experimentação e apontamos a importância desta para o processo de alfabetização. Assim, a questão norteadora utilizada foi: “quais os aspectos que auxiliam os alunos na aprendizagem da leitura e da escrita no processo de alfabetização?”
	Por meio de uma pesquisa bibliográfica, selecionamos trabalhos científicos que foram realizados nos anos anteriores, que abordem a temática da experimentação no processo de alfabetização nos Anos Iniciais. Utilizamos o Google Acadêmico, uma ferramenta essencial para localizar os artigos, teses, dissertações e outras publicações úteis para pesquisas acadêmicas, com os descritores “alfabetização”; “experimentação”; “experimentação na alfabetização”; “ação docente na alfabetização”, entre outros, considerando o período de trabalhos publicados do ano de 2015 a 2022. Selecionamos os trabalhos de Marques (2015), Santos (2015), Weyll (2017), Elias (2017), Ribeiro (2018), Freitas Coelho e Malheiros (2019), Magda Soares (2020), Martins (2021), Prado (2019).
	Destacamos nesse contexto que a pesquisa científica é um conjunto de ações que seguem procedimentos definidos por meio de um método baseados na racionalidade com objetivo de encontrar resultados e resposta a um problema apresentado (MENEZES, et al., 2019, p.11). Desse modo, entendemos que, para realizar a pesquisa definida, é preciso selecionarmos uma metodologia cientifica para ser seguido. 
	A pesquisa segue a modalidade bibliográfica, onde selecionamos trabalhos científicos que foram realizados nos anos anteriores, a qual abordam sobre a temática da experimentação no processo de alfabetização nos Anos Iniciais. Assim, definimos essa metodologia como:
[...] aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2013, p.106).
	O autor destaca ainda que a ciência é o “elance de uma malha teórica com dados empíricos, é sempre uma articulação do lógico com o real, do teórico com o empírico do ideal com real. Nesse sentido, ao tratarmos sobre a temática, utilizamos os conhecimentos prévios e de nossa experiência, conhecimentos adquiridos, relacionando o sujeito e o objeto. Como por exemplo: a ação docente e a experimentação para que o processo de alfabetização ocorra de modo efetivo. 
	Aprender a ler e escrever é um direito do aluno, que deve ser garantido por meio de uma prática educativa de caráter inclusivo. E, com as mudanças, destaca-se a necessidade de transformar as práticas educativas que correspondem à realidade e cotidiano do aluno, por meio de metodologias que promovam o desenvolvimento e habilidades de conhecimento dos alunos. A experimentação por sua vez, é capaz de promover aulas mais dinâmicas e um processo de ensino e aprendizagem efetiva no meio escolar.
2. ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS
	De acordo com diferentes pesquisas, a alfabetização ocorre nos Anos Iniciais, sendo uma etapa considerada como alicerce no processo da educação básica. Nessa concepção, Weyll (2017) aponta que é um processo que o aluno adquire a capacidade de ler e escrever, bem como as habilidades essenciais para o desenvolvimento de toda aprendizagem na escola. Essa é uma etapa que deve ser realizada de modo efetivo e de qualidade, em busca de atender as necessidades dos alunos. 
	Segundo Magda Soares, alfabetização é um:
Processo de apropriação da “tecnologia” da escrita, isto é, do conjunto de técnicas, habilidades necessárias para a prática da leitura e da escritiva: domínio do sistemade representação que é a escrita alfabética e das normas ortográficas, habilidades motoras de uso de instrumentos de escrita (lápis, caneta, borracha...); aquisição de modos de escrever e de modos de ler – aprendizagem de uma certa postura corporal adequada para escrever ou para ler, seguindo convenções da escrita, tais como: a direção correta da escrita na página (de cima para baixo, da esquerda para direita); organização espacial do texto na página a manipulação correta e adequada dos suporte em que se escreve nos quais se lê livro, revista, jornal, papel, etc. (2020, p.27)
	Marques et al. (2015, p.128) define que no processo de Alfabetização Científica (AC), as crianças nessa modalidade, precisam ser compreendidas pelo professor, isto é, entender a realidade dos alunos para o seu desenvolvimento. Assim, aponta-se que a alfabetização precisa ser repensada na justificativa que o currículo escolar muitas vezes possui uma visão limitada e esvaziada das diversas áreas de conhecimento. 
	Diante dessa concepção, vale ressaltar que:
Alfabetizar vai muito além de ensinar a ler e a escrever, exige do professor o comprometimento em possibilitar aos alunos vivências do mundo letrado, a fim de que estes saibam compreender o que se lê e se escreve, bem como fazer uso dessas habilidades em seu cotidiano (WEILL, 2017, p.3195)
	Nesse sentido, compreendemos que o processo de alfabetização engloba relacionar-se com a realidade do aluno, para que a mesma seja efetiva e cumpra com os objetivos de aprendizagem, isto é, atender as necessidades da formação do aluno como cidadão crítico para atuar na sociedade. 
	Diante desse contexto, Santos, et al. (2013, p.2) caracterizam como o aluno chega aos Anos Iniciais: “com um repertório de ideias e/ou possíveis explicações, principalmente, sobre acontecimentos e processos dos quais participam diretamente ou observam”. Nesse sentido, compreendemos que é preciso acreditar que os alunos são capazes de desenvolver sua aprendizagem por meio de métodos inovadores. Com uma série de questões, possibilita que o mesmo revele situações que auxiliem na construção de seu conhecimento.
Ao adentrar em uma sala de aula de alfabetização, logo percebemos a heterogeneidade de conhecimentos e experiências prévias dos aprendizes que se encontram nesse processo de aprendizagem. Desta forma, cabe ao professor o papel de mediador na construção do conhecimento, oportunizando aos estudantes, o contato com diferentes práticas de letramento, bem como atividades diversificadas que criem situações que os levem a refletir, questionar, criar hipóteses e participar ativamente de forma independente, compreendendo o funcionamento da escrita alfabética (WEYLL, 2017, p.3190)
	Nessa mesma linha de pensamento, Marques et al. (2015), defende que o processo de ensino aprendizagem necessita de um planejamento que englobe diversas áreas de conhecimento, pois, no processo de alfabetização, o professor possui um papel importante. 
	De acordo com as pesquisas, a possibilidade de perceber as ideias prévias dos alunos, é a maneira de identificar quais são seus interesses. 
[...]quando esse processo de aprendizagens inicia nos primeiros anos de escolarização, desperta no aluno seu espírito criativo e seu interesse, podendo melhorar, inclusive, a aprendizagem de todas as disciplinas. Por isso, a necessidade da criança se familiarizar com as ciências desde cedo, pois desta forma, terá maiores probabilidades de se desenvolver neste e em outros campos (SANTOS et al. 2013, p.2)
	Sendo assim, é preciso entender que o professor no processo de alfabetização deve considerar todas as áreas do seu conhecimento na sua ação docente. Marques, et al. (2015, p.128), caracterizam que o mesmo precisa ser ético, competente e aquele que avalia o tempo todo. Além disso, cita-se a relação de empatia com os alunos e a compreensão de que todos são capazes de perceber que a troca não está sendo positiva, no sentido de gerar conflitos e prejudicar a aquisição e trocas de conhecimentos. 
3. EXPERIMENTAÇÃO NA SALA DE AULA
	A partir do exposto, compreendemos que experimentação é um conjunto de ações que concretizam em uma determinada resposta, sendo um momento de determinar hipóteses que se confirmam a partir de conhecimento e da teoria. Dessa forma, Freitas Coelho e Malheiros (2019), apontam o conceito, como método científico que está em constante mudanças, pois o nosso contexto envolve e influencia na formulação de ideias. 	
	Nesse sentido, a experiência é uma ação que envolve ideias, compreensões e capacidades. De acordo com os autores: “a experimentação científica nem sempre vai surgir como uma confirmação das hipóteses, mas em alguns casos, surge no sentido de retificação dos erros contidos nestas hipóteses” (FREITAS COELHO; MALHEIROS, 2019, p.4).
	Ainda nas ideias dos autores, a experimentação surgiu como a “confirmação da teoria proposta” (FREITAS COELHO; MALHEIROS, 2019, p.4), a qual pode vir de modo diferente. Desse modo, a experimentação surgiu para estimular a participação dos alunos as aulas, mobilizar sua participação de modo mais frequente, bem como propor discussões e reflexões. 
	Nessa mesma linha de pensamento Santos et al. destacam que:
[...] um dos principais objetivos do experimento é despertar a curiosidade dos alunos para a compreensão dos fenômenos científicos, bem como desenvolverem a habilidade da observação, induzir o levantamento de hipóteses e realização de procedimentos práticos necessários a construção do conhecimento cientifico. Outra finalidade da experimentação é mostrar a ciência como um conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e suas transformações. Uma vez que ao dialogar, buscar informações e estabelecer conexão entre o saber e o aprender o aluno poderá desenvolver competências que subsidiarão a apropriação de novos conceitos relacionados ao “saber científico (2013, p.3). 
	Nesse sentido, Freitas Coelho e Malheiros (2019), apresentam a importância de reconhecer a experimentação como uma prática capaz que desenvolve nos alunos conceitos a parti de sua realidade. Além disso, pontuam que estimular discussão e observação por meio de fenômenos juntamente com a teoria. Sendo assim, compreendemos que é de suma importância essa proposta para mobilizar os interesses dos alunos nas aulas.
	Dessa forma, compreendemos que o professor possui um papel importante diante da modalidade experimental, que é interpretar, expressar a linguagem científica, bem como assumir função problematizadora e estimuladora com perguntas aos alunos. Freitas Coelho e Malheiros (2019), concretizam que o professor é figura chave em sua ação docente experimental, investigativa, pois promove aos alunos o desenvolvimento de sua autonomia e sua cooperatividade. Cita-se que o “educador pode ainda usar a experimentação como um instrumento de avaliação formativa, adotando o erro como base de construção do saber”. 
3.1 Pedagogia Experimental de Freinet
	De acordo com as transformações e modificações da sociedade, fica claro a necessidade de refletir a ação docente. Ribeiro (2018), aponta que na primeira metade do século XX, o educador Célestin Freinet adaptou sua prática pedagógicas com diversas atividades que possibilitaram às crianças viver experiências no meio social. Para ele, é preciso adquirir conhecimento com a garantia de que seja significativo e que respeite a liberdade do aluno. O educador utilizava jogos, criava um clima de confiança, diálogo, respeito e responsabilidade. Assim, sua técnica era construída com base na experimentação e documentação, em que possibilita às crianças instrumentos para aprofundar seu crescimento e desenvolvimento.
	Dessa forma, Freinet, é o primeiro educador que propôs fixar as bases para o desenvolvimento de uma psicologia da ação. Sendo assim, vale ressaltar que sua proposta buscava
[...] transformar uma situação social que não aprovava e, para definir os direitos fundamentais à aprendizagem para as crianças e os jovens, e suas possibilidades, a tudo recorre, procurando fazer da escolaum centro de atividades. Buscava, para seus alunos, uma formação integral, e almejava a construção de uma sociedade mais justa, na qual todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão fossem combatidas (ELIAS, 2017).
	
	Entendemos que sua proposta serviu para inovar a ação docente, abrir caminhos para efetivar uma educação que cumpre com os direitos sociais e aprendizagem dos alunos. A sua Pedagogia não era bem vista por outros colegas profissionais, que não imaginavam que o ambiente escolar poderia ser melhorado. Porém, Elias (2017) contextualiza que aos poucos o educador recebeu apoio dos colegas, além de ser aprovado diante suas estratégias didáticas, metodológicas por uma prática mediadora que atende às necessidades dos alunos.
	Prado et al (2019, p.161) pontua quatro pilares da Pedagogia de Freinet (1975) “livre expressão, autonomia, cooperação e trabalho”. Destaca-se ainda que o educador definia que todos os seres humanos possuem necessidade de expor sentimentos, ideias, se comunicar, agir, criar, conhecer, entre outros. Diante desses aspectos pontuados, valorizava a prática experimental dos alunos, para aprimorar a maneira de organizar e avaliar as ações docentes. 
	Nesse sentido, o educador defendia que o aluno precisa ser preparado para seu papel de homem e trabalhador. Através de pesquisas, experiências e descobertas, era necessário transformar o aluno em criador e elaborador de seu próprio conhecimento para realizar diálogos com outros alunos. Freinet, em sua 7º Lei do Comportamento, definiu que todos somos pesquisadores, pois o homem busca o próprio conhecimento e direciona ao cumprimento dos objetivos que servem para a vida. Ele afirma ainda que “uma experiência vitoriosa enquanto se pesquisa cria como que um apelo de poder e tende a se reproduzir mecanicamente para transformar-se em regra de vida” (FREINET, 1979, p. 123, apud. ELIAS, 2017, p.615)
	O educador visa novas maneiras de pensar, que estejam relacionadas com valores, ética, estética, em busca de promover a formação de novas gerações equilibradas, considerando maneiras antigas que sejam úteis, para repensar novas maneiras que concretizem essa formação. Compreendemos por meio desse contexto que é preciso formar alunos para sociedade, isto é, para sobreviver no futuro, usufruir de seus direitos e acesso aos bens culturais, além de ser reconhecido como parte da cultural universal e local (ELIAS, 2017, p.616).
	Conforme a autora Maria del Cioppo Elias (2017), ao propor a Pedagogia Experimental, Freinet caracteriza uma prática que auxilia nas tomadas de decisões, troca de conhecimentos, conexão, relação e interação entre um determinado grupo. Para pensar de modo sistêmico é preciso aproveitar melhor o tempo das aulas, inventar diferentes técnicas e atividades que não foram aplicadas antes. 
	Ribeiro (2018) conta uma experiência que obteve em uma escola onde explica a organização da mesma, conforme a Pedagogia de Freinet:
Naquela situação a organização do espaço era o foco principal e a configuração dos objetos na sala de aula seguia alguns critérios e precisavam estar arrumados para garantir o acesso e a livre circulação das crianças que podiam se movimentar, construir, escolher, criar, espalhar, experimentar, fingir, trabalhar com os amigos, trabalhar sozinhas e em pequenos e grandes grupos. Os cantos, na verdade, eram espaços delimitados por móveis ou acessórios como estantes, conjuntos de mesas, tapete, biombo ou similares que por conterem materiais específicos ou mais adequados a aprendizagem de determinada área assim eram denominados. Então, tínhamos o canto da matemática, de ciências, de literatura, de escrita, de artes plásticas e tantos outros quantos fossem sendo incorporados a nossa rotina e aos nossos contratos de trabalho, que eram outra técnica proposta por Freinet, mas esta é outra história (RIBEIRO, 2018, p.4). 
	Ribeiro (2018), aponta que para Freinet as atividades com base na experimentação são imprescindíveis, pois valorizam a liberdade e autonomia, disciplina e autoridade. A escola é um elemento ativo, em que propõe a transformação da sociedade, por meio de trabalho e jogos como atividades fundamentais para aprendizagem, com técnicas de experimentação e registros. A autora destaca também a organização da sala, onde deve ser proposto cantos com instrumentos que estão ao alcance das crianças, o que é de muita importância para seu desenvolvimento. 
	Freinet utilizava em sua ação docente a divisão das crianças conforme seus interesses, onde havia momentos coletivos, promovia a participação de todos nas atividades, e, em outros momentos dava uma atenção aos grupos na finalidade de atender as necessidades e especificidades. Além disso, promovia interação entre os alunos para promover o apoio dos colegas experientes e outros com menos experiência (RIBEIRO, 2018).
	Desse modo, o objetivo da educação é preparar o aluno para o futuro, formar para refletir de modo sistêmico e ecológico, apropriando conhecimentos que modificam a vida e dignidade. Em defesa de uma educação que ensina como pensar, visa oportunizar os alunos a informação e a capacidade de dialogar, respeitar, reivindicar e solucionar conflitos. 
4. A IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃO NA ALFABETIZAÇÃO
	Ao tratar sobre a utilização de atividades experimentais na sala de aula, o processo de ensino e de aprendizagem limita situações de verificar teorias e conhecimento, colocando os alunos em um processo de investigação. Esse processo de investigação é crucial para estimular a participação dos alunos, bem como desenvolver sua capacidade de aprendizagem. Portanto, “trabalho experimental comumente é desenvolvido em grupo sendo, portanto, importante estimulador das relações interpessoais, além de estimular a colaboração com companheiros mais capazes” (FREITAS COELHO; MALHEIROS, 2019, p.5).
	Sendo assim, em busca de relacionar o método experimental de Freinet no processo de alfabetização, Nascimento (2011), cita o educador francês e seu método natural de desenvolver a experimentação por meio de livre expressão e de atividades manuais que promovia a reflexão, cooperação e solidariedade. Assim, conforme a pesquisa, a criança se familiariza com a escrita por meio da emissão da escrita, com interação com textos, histórias ouvidas, desenhos e tentativas de escrita. 
	Dessa forma, com bases nas concepções da linguística e da psicologia, o presente método visa ensinar a ler por meio de orações. No processo de alfabetização, utiliza o que a criança conhece, considerando a competência linguística da mesma para que compreenda as regras e combinações de diversos níveis da língua. Assim, a língua é considerada como objeto de estudo e criança ganha consciência da regra internalizada (NASCIMENTO, 2011)
	É possível constatar na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a valorização da experimentação no Ensino Fundamental, principalmente nos anos iniciais. Assim, articula-se a sistematização de experiências em que sejam contempladas as habilidades e competências por meio de interação e cooperação entre professor e aluno, e entre aluno e aluno. 
	No documento podemos ler que:
As experiências das crianças em seu contexto familiar, social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de informação e comunicação são fontes que estimulam sua curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo ao pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação e comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das relações dos seres humanos entre si e com a natureza (BRASIL, 2018, p.58)
	Nesse sentido, entendemos que a BNCC defende a valorização das vivências das crianças, com objetivo de ampliar sua visão de mundo. E, a respeito da Pedagogia Experimental, Freinet caracteriza que a escola e avida devem ser inseparáveis com aulas-passeios que mobilizem a curiosidade das crianças e seu interesse dentro de diversas temáticas (LINS, 2020). 
	Conforme pesquisa de Lins (2020), a teoria de Freinet contribui para sensibilizar as práticas docentes e as dinâmicas na sala de aula, com finalidade de contribuir para as necessidades educativas das crianças. Assim, sua proposta é utilizar a linguagem musical, para que os alunos reconheçam os elementos básicos e apreciem a diversidade de produções musicais. Desse modo, a partir de uma sondagem prática e lúdica, o professor envolve as crianças com breves brincadeiras que compreendam a percepção e expressão de rimas. A ação visa mobilizar o interesse e curiosidade das crianças, com a finalidade de desenvolver o seu conhecimento sobre letras e observação de palavras desconhecidas. 
	Desse modo, o uso da experimentação é o ponto de partida na construção de conceitos científicos. Nessa concepção, Freitas Coelho e Malheiros (2019, p.15) definem que ela deve ser utilizada como modo de impulsionar os alunos para que exponham ideias, criem relatórios e troquem opiniões. Assim, apontam a experimentação como uma alternativa para os professores adquirir em suas ações em sala de aula. Os autores justificam que é uma possibilidade de aproveitar materiais alternativos e de baixo custo e que não necessitam de laboratórios e nem recursos que são considerados difícil de encontrar e custear.
	Nesse sentido, consideramos que o conceito de Alfabetização, vai muito além de ensinar a criança a ler e escrever. Marques et al. (2015) segue a mesma linha de pensamento, onde pensar que alfabetização é apenas ler e escrever, torna-se uma visão limitada, um currículo vazio. Weill (2017), defende que o educador de se comprometer para possibilitar ao aluno vivências ao mundo letrado, bem como utilizar as habilidades no seu dia-a-dia. 
	Conforme Magda Soares (2020), a criança antes de entrar na escola, já possui o conceito de escrita por meio de experiências com a língua escrita, contexto sociocultural e familiar. Portanto, ela se desenvolve por meio de interação, de processos cognitivos e linguísticos, que devem ser apresentados de modo sistemático pelo professor na escola para que a criança de maneira progressiva compreende a escrita, representação de sons, letras e apropria dos princípios alfabéticos. 
	No que diz a respeito aos aspectos que auxiliam os alunos na aprendizagem da leitura e escrita no processo de alfabetização, Marques, et al., (2015, p. 121), descreve que é preciso propor um planejamento integrado em diversas áreas do conhecimento. Afirma ainda que atender os alunos do Ensino Fundamental I, é um processo desafiador, pois o professor possui uma posição de diversos valores e conhecimentos para desenvolver no ambiente escolar. 
	Identificamos na pesquisa de Weyll (2017), a heterogeneidade de conhecimentos e experiências prévias que aos alunos possuem. O professor por sua vez, como mediador da construção do conhecimento, oportuniza aos alunos contato com diferentes práticas de letramento, atividades diversas e situações que promova sua reflexão, questionamentos, criação de hipótese e participação ativa no processo de aprendizagem.
	Um exemplo a ser dado é por meio da pesquisa de Santos et al. (2013), que também defende considerar os conhecimentos prévios dos alunos, pois, eles são capazes e possuem diversas ideias sobre um determinado acontecimento. Questioná-los assim, revelar situações, explicação e reflexão sobre um assunto. Desse modo, em sua pesquisa, ele explica como utiliza essa prática na aula de Ciências, onde o aluno traz para dentro da sala de aula conhecimentos sobre plantas, fenômenos naturais, comportamento animal, entre outros. 
	Sendo assim, vale destacarmos que é preciso “expandir os limites das salas de aulas”, como foi definido por Martins (2021). Cita-se a experimentação na concepção de Freinet, que valoriza o aluno e a troca de conhecimento, no objetivo de tornar as aulas menos repetitivas. Nessa prática, analisamos que as aulas passeios são essenciais nas atividades diversificadas, no sentido de produzir matéria prima para confecção e produção dos alunos com murais, jornais, cartas, entre outras atividades que promover a prática de leitura e escrita. Essa prática é positiva, pois, auxilia o professor no seu processo avaliativo e também para o aluno que traduz sua experiência.
	Nessa concepção, Ribeiro (2018) afirma que Freinet valoriza a liberdade e autonomia, pois, resultam em uma prática e trabalho organizado. O mesmo questiona tarefas repetitivas e os processos autoritários dos professores, o que ele classifica como “desconectados de sentido”. Desse modo, afirma-se que a escola para Freinet é um elemento que está em constante mudança, e é popular por não marginalizar as crianças das classes populares. 
	Freinet defendia que os alunos obtivessem uma formação integral e uma construção de sociedade mais justa, sem preconceito e exclusão. Assim Elias (2017), aponta que o educador buscava uma concepção de trabalhar direitos e objetivos de aprendizagem, desenvolvimento dos alunos, utilizando as experiências culturais. 
	Dessa maneira, a experimentação é capaz de promover ao aluno conhecimentos sobre a realidade, onde encontra-se os dados afirmativos em Freitas Coelho; Malheiros (2019, p.15): “um meio de construir conceitos científicos, explorar ideias, criar relatórios, compartilhar opiniões, entre outros”. 
	A experimentação é de muita importância no processo de alfabetização, pois, a criança irá desenvolver reflexão e trabalho de cooperação a partir de sua livre expressão e de diversas atividades. Essa prática é explicada em Nascimento (2011), onde a crianças irá se familiarizar com a escrita, por meio de interação de história, desenhos e a sua tentativa de escrever. 
	Assim, refletimos que os professores precisam aprimorar sua ação docente, com atividades diversificadas e estratégias que proporcionem ao aluno a pesquisa, e a experiência. Nessa mesma linha de pensamento, colocamos em análise o movimento Freinet, conforme foi citado por Prado et al. (2019). Os autores destacaram que é preciso nos posicionarmos e organizarmos com comprometimento na produção de novos saberes pedagógicos. Assim, valorizam que “essas aproximações são muito relevantes para colaborar com a formação dos profissionais da educação”. Desse modo, refletimos que o papel do professor é formar uma rede solidária, acolher e compartilhar desafios para contribuir com a formação de todos. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A partir da pesquisa realizada, consideramos a importância de refletir e avaliar se a prática pedagógica é efetiva no processo de alfabetização do aluno. Nesse sentido, as crianças dos Anos Iniciais, precisam ser compreendidas, para uma ação pedagógica plausível no desenvolvimento das habilidades dos alunos. Assim, repensar o processo de alfabetização é abrir um leque de oportunidades de possibilitar aos alunos vivências e experiências do mundo letrado, fazendo uso de habilidades em seu cotidiano. Compreendemos que relacionar as aulas com o cotidiano do aluno, faz com que o mesmo se mobilize, cria um interesse e relação com o conteúdo, e assim contribui para uma alfabetização efetiva. 
	A respeito da teoria de Freinet, compreendemos que a técnica é construída por meio de experimentação e documentação, promovendo para as crianças instrumentos no sentido de aprofundar o seu desenvolvimento. Esses instrumentos são a utilização e construção de jogos, brincadeiras, desenhos, linguagem musical, entre outros que proporcionam a promoção de diálogo, respeito e responsabilidade. É um método natural que possibilita que o aluno desenvolva a experimentação por meio de livre expressão, aquele momento que o familiariza com a escrita, e gera interação com o texto, com as histórias, com as músicas, desenhos e tentativas de escrita. 
	A partir dos autores pesquisados, foi possível ampliar a concepção de experimentação de Freinet, como a mesma contribui e auxilia no processode alfabetização dos alunos. Os professores por sua vez, precisam inovar suas metodologias para que as suas aulas não se tornem mecânicas e sim ricas de experiências, desenvolvendo relações com a realidade do aluno. 
	Sendo assim, conclui-se que a experimentação auxilia nas dinâmicas na sala de aula e contribui para necessidades educativas, além de mobilizar no aluno seu interesse e curiosidade sobre letras e palavras desconhecidas. Com atividades diversificadas e estratégias, possibilita uso de materiais diversificados, de baixo custo e que fazem diferença na atuação do professor nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. 
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REFERÊNCIAS
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