Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO AMANDA VIEIRA SAMPAIO REAÇÕES HANSÊNICAS TIPO 1 Resumo Pinheiro - MA 2022 As reações hansênicas são as respostas do sistema imunológico do doente ao Mycobacterium leprae. Nesse caso, podem ocorrer episódios inflamatórios agudos e subagudos que acometem tanto os casos paucibacilares como os multibacilares. Estas reações ocorrem, principalmente, durante os primeiros meses do tratamento quimioterápico da hanseníase, entretanto, podem ocorrer antes ou, até mesmo, após a cura do paciente. Elas são a principal causa de lesões dos nervos e de incapacidades provocadas pela hanseníase e são classificadas em reação tipo 1 e reação tipo 2. As reações hansênicas do tipo 1 envolvem principalmente mecanismos da imunidade mediada por células ou de hipersensibilidade tardia, ocorrendo com maior frequência nas formas dimorfas. O processo inflamatório da RR envolve, principalmente, a pele e nervos invadidos pelo bacilo. Sendo assim, a intensidade da reação depende da interação entre o bacilo e o hospedeiro. O comprometimento múltiplo ou isolado de troncos nervosos mantém relação com as formas clínicas, extensão da invasão bacilar e resposta imune. Além disso, a exuberância e predomínio da resposta inflamatória granulomatosa, ou reação imunológica tipo IV, podem resultar na formação de abscesso neural e úlceras cutâneas. No que tange aos sinais e sintomas das reações hansênicas tipo 1, as lesões de pele se tornam mais avermelhadas e inchadas, os nervos periféricos ficam mais doloridos, há uma perda de sensibilidade ou perda de função muscular, as mãos e os pés podem inchar e nota-se o surgimento abrupto de novas lesões até 5 anos após a alta medicamentosa. Ademais, as lesões podem ulcerar ou descamar e, nos nervos, nota-se dor espontânea ou à palpação de nervo periférico com ou sem espessamento e sensações parestésicas. Por outro lado, o paciente não encontra-se em mal estado geral. Após a suspeita diagnóstica, faz-se necessário que o diagnóstico seja confirmado e identifique-se qual o tipo de reação hansênica do paciente. Em seguida, é oportuno que sejam levantados os fatores predisponentes, como outra infecção, e afastado efeito adverso ao medicamento. O manejo dos estados reacionais é geralmente ambulatorial e deve ser prescrito e supervisionado por médico. Existem unidades de atenção básica que possuem condições adequadas para tratar e acompanhar casos de reações, sendo necessário o encaminhamento para a referência apenas se a UBS não possuir condições adequadas para o tratamento ou se não houver resposta satisfatória. Por fim, a PQT não deverá ser suspensa, exceto se houver suspeita de efeito adverso a medicamento ou na presença de manifestações hepáticas. O tratamento é realizado com prednisona 1 mg/kg/dia, via oral (pela manhã, no café da manhã) ou com dexametasona 0,15 mg/kg/dia no caso de doentes hipertensos ou cardiopatas. Em caso de “dor nos nervos” associar antidepressivo tricíclico em dose baixa, amitriptilina 25 mg por dia, com a clorpromazina 5 gotas (5 mg) duas vezes ao dia. A dose de amitriptilina pode chegar a 75 mg por dia e a de clorpromazina até 50 mg por dia, em aumentos graduais. Não deve-se tratar com prednisona nem talidomida. Outrossim, é importante a profilaxia para Strongyloides stercoralis com albendazol 400 mg/dia durante 3 a 5 dias consecutivos, ou ivermectina, se houver. No caso das gestantes, segue-se os critérios recomendáveis para o tratamento antiparasitário neste grupo. Para prevenir tais reações, é oportuno verificar a presença de hipertensão, diabetes, osteoporose, infecções, imunossupressão, insuficiência cardíaca ou renal nos pacientes. Se necessário, fazer profilaxia para osteoporose com cálcio 1000 mg/dia associado a vitamina D 400 - 800 UI/dia e/ou bifosfonatos (alendronato 70 mg/semana, administrado com água, pela manhã, em jejum). Recomenda-se que o desjejum ou outra alimentação matinal seja realizada, no mínimo, 30 minutos após a ingestão do comprimido do alendronato. Deve-se também estimular a prática de exercícios físicos e a restrição ao fumo e álcool.
Compartilhar