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Reaçõe� Hansênica� Conceito: “São fenômenos inflamatórios agudos imunomediados que interrompem a evolução crônica da doença e envolvem distintos mecanismos de hipersensibilidade.” Conceito de Hanseníase: “Doença bacteriana (Mycobacterium leprae) que afeta a pele e os nervos. Pode causar a perda da sensibilidade, fraqueza muscular e paralisia.” Breve resumo: Tratamento de hanseníase. PQT - Poliquimioterapia: Rifampicina, Dapsona e Clofazimina; Antibióticos combinados. Há doses supervisionadas e doses diárias. A hanseníase pode ser: 1. Paucibacilar: (≤ 5 lesões na pele sem detecção de bactéria nas amostras destas áreas e alguns nervos danificados) - TTO em adultos: Rifampicina 600 mg + Dapsona 100 mg - Dose supervisionada. E Dapsona 100mg - Dose diária. 6 cartelas em até 9 meses de tratamento. TTO em crianças (10-14 anos): Rifampicina 300 mg (+ 150 mg) + Dapsona 50 mg - Dose supervisionada. E Dapsona 50 mg - Dose diária. 6 cartelas em até 9 meses de tratamento. 2. Multibacilar: ( ≥ 6 lesões na pele, detecção de bactéria nas amostras das lesões da pele, ou ambos, Lesão cutânea disseminada e muitos nervos atingidos). - TTO em adultos: Rifampicina 600 mg + Dapsona 100 mg + Clofazimina 300 mg - Dose supervisionada. E Dapsona 100 mg + Clofazimina 50 mg - Dose diária. 12 cartelas em até 18 meses de tratamento. TTO em crianças (10-14 anos): Rifampicina 300 mg (+ 150 mg) + Dapsona 50 mg + 3 x Clofazimina 50 mg - Dose supervisionada. Dapsona 50 mg - Dose diária + Clofazimina 50 mg - dias alternados. 12 cartelas em até 18 meses de tratamento. Efeitos adversos à medicação: 1. Rifampicina: Prurido; Problemas gastrointestinais; Hepáticos; Alterações sanguíneas; Anemia Hemolítica; Síndrome pseudogripais. Prevenção: Vacina BCG. 1 Compreender a epidemiologia da HD ● Aproximadamente 25 a 30% dos pacientes com hanseníase podem desenvolver reações. ● Qualquer paciente com hanseníase corre risco de ter reação hansênica - embora aqueles com uma ou duas lesões de pele sem espessamento neural tenham baixo risco para desenvolver reação. ● Cerca de 8 % a 33% dos indivíduos com hanseníase podem ser acometidos por RR. ● Fatores desencadeantes: Estresse, gestação, infecções intercorrentes, medicamentos, cirurgias e vacinas. ● Pode surgir antes, durante ou após o tratamento da hanseníase. ● A reação tipo 1 tem sido observada em pacientes com AIDS, em torno do terceiro mês de iniciado o tratamento antirretroviral, na síndrome inflamatória de reconstituição imune. ● A reação tipo 2 é menos frequente que a reação tipo 1. 2 Discutir a fisiopatologia da HD, os tipos e as manifestações clínicas Reação hansênica do tipo 1 - Reação reversa: Súbito aumento da imunidade celular, constituindo um exemplo típico da reação de hipersensibilidade tardia in vivo, reação tipo IV. - Forma borderline. Exacerbação de lesões pré-existentes, tornam-se mais eritematosas, intumescidas, edematosas e infiltradas. Novas lesões com as mesmas Tain� Avelar Reaçõe� Hansênica� características podem surgir. Os limites das lesões tornam-se mais evidentes e definidos. Pode ocorrer hiperestesia ou acentuação da parestesia sobre as lesões cutâneas. A ocorrência de lesões em regiões sobrepostas aos troncos nervosos atribui maior gravidade a este tipo de reação pelo risco neural. Na face, confere gravidade o acometimento de áreas perioculares pelo risco do comprometimento da musculatura orbicular, resultando em lagoftalmo. Intumescimento e dor espontânea ou à palpação dos troncos nervosos caracterizam a neurite aguda. Cursa com: edema intersticial e intracelular, com aumento de linfócitos no granuloma hansênico o qual é formado por células epitelioides devido à resposta Th1, secundária ao influxo de linfócitos TCD4, com aumento de IFN-γ, IL-2 E TNF-α, das células gigantes, deposição de fibrina e redução do número de bacilos. Nos casos tuberculóides ou dimorfotuberculoides, podem ser observados 2 quadros reacionais. 1) que se instala agudamente com exacerbação das lesões preexistentes e/ou com surgimento de lesões novas, infiltradas, muito eritematosas e dolorosas; (2) quando o paciente anteriormente sem lesões abre o quadro de hanseníase com lesão única ou lesões eritematoedematosas numerosas disseminadas pelo tronco e membros. Esses quadros costumam ser acompanhados de neurite. Em sua grande maioria, ocorre dentro dos seis primeiros meses de tratamento. Alguns pacientes podem ter reação do tipo 1 antes de iniciar o tratamento PQT - isto é, antes mesmo do diagnóstico da hanseníase. • Há aumento da produção do antígeno 85 (Ag 85) pelo próprio bacilo durante a sua multiplicação • Existem dois tipos de reação tipo 1: 1. De degradação ou piora – Acontece em pacientes que ainda não iniciaram o tratamento ou com bacilos resistentes aos medicamentos, que leva à diminuição da imunidade celular 2. De melhora ou reação reversa – Reação de hipersensibilidade tardia ou do tipo IV, com aumento da imunidade celular (linfócitos TCD4 + Th1) ⇧ secreção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, INF-γ* + IL-2 e IL-12) → Ativação linfócito Th1 → Recrutamento de neutrófilos, eosinófilos e mastócitos → Infiltração de neutrófilos nas lesões + Th17 → ⇧ secreção de IL-17 → Aumento do dano tecidual Processo inflamatório agudo, acometendo principalmente PELE e NERVOS. ATENÇÃO! TNF-α causa deterioração das células de Schwann – Alterações da sensibilidade tátil, térmica e dolorosa – Piora do quadro clínico e das sequelas incapacitantes ATENÇÃO! Multiplicação bacilar → Antígeno 85 → Aumento da resposta imune – ANTÍGENO 85 SÓ ESTARÁ PRESENTE DURANTE A MULTIPLICAÇÃO BACILAR, LOGO, AS REAÇÕES HANSÊNICAS TIPO 1 ACONTECEM DURANTE A MULTIPLICAÇÃO BACILAR E SÃO POTENCIALIZADAS POR ELA – NÃO PODE INTERROMPER O TRATAMENTO DURANTE AS REAÇÕES HANSÊNICAS. Como já mencionado, a hipersensibilidade dos nervos ao toque e a perda de função são características importantes. Pode resultar em incapacidade e sequelas irreversíveis. A perda da função sensitivo-motora decorrente das neuropatias é uma das mais frequentes e graves consequências da reação reversa. Em virtude desse processo inflamatório estar localizado na pele e nos nervos, e geralmente não cursar com febre, o paciente não se sente demasiadamente doente. A maior parte das reações tipo 1 involuem dentro de seis meses, mas sem tratamento, seus efeitos sobre os nervos levariam à perda permanente da função. Piora da Neurite; Febre baixa; Reação hansênica do tipo 2 - Eritema Nodoso: Alteração da imunidade humoral, reação por imunocomplexos (articulações, pele e endotélio) à hipersensibilidade tipo III. - Forma Virchowiana. Nódulos eritematosos subcutâneos dolorosos que podem evoluir para pústulas ou ulceração; mais palpáveis que visíveis. Pode haver também lesão de órgãos internos, febre alta; Ocorre por depósito de imunocomplexos. Acomete pacientes nas formas multibacilares, virchowianos e dimorfo-virchowianos. Aparecimento de pápulas, nódulos e placas, eritematosas ou eritematovioláceas, dolorosas, na pele de aspecto normal, em todo o corpo, com preferência pelas superfícies extensoras dos membros e face. Essas lesões podem evoluir raramente com necrose central. Há sintomas sistêmicos: febre, mal-estar, hiporexia, perda de peso, neuropatia, orquiepididimite, glomerulonefrite por imunocomplexos, miosite, artralgia, artrite de grandes articulações, hepatoesplenomegalia etc. Nas reações mais intensas, há necrose tecidual, micro-abscessos, trombose de pequenos vasos e vasculite aguda ou subaguda de pequenas artérias e veias. Cursa com: reação inflamatória aguda com dilatação vascular, tumefação endotelial, exsudação serofibrinosa e neutrofílica que desorganiza os granulomas preexistentes. Em virtude do organismo necessitar de um longo tempo Tain� Avelar Reaçõe� Hansênica� para eliminar os bacilos mortos, os pacientes podem apresentar episódios de reação tipo 2 anos após terem concluído com sucesso a PQT. É passível de consideração que a doença autoagressiva hansênica seja um tipo de apresentação da reação tipo II. O paciente multibacilar temgrande quantidade de bacilos (globias). Quando se inicia o tratamento, as drogas vão atacar essas globias e, como os bacilos serão destruídos, o subproduto da destruição bacilar serão expostos para o Sistema imune, induzindo a formação dos imunocomplexos (antígeno + anticorpo + complemento) → Macromoléculas. Exposição aos antígenos do bacilo → ⇧ secreção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, principalmente) → Ativação Th2 → Formação de antígeno-anticorpos extravasculares → Imunocomplexos se fixam ao complemento → Depósito dos imunocomplexos nas paredes dos capilares sanguíneos, principalmente da vascularização da hipoderme → Migração de neutrófilos polimorfonucleares + enzimas proteolíticas → Lesão de tecidos, incluindo parede vascular → Trombos e vasculite secundária Como os bacilos da hanseníase afetam peles e nervos, haverá inflamação nesses locais, com: Edema + calor + rubor + dor + perda da função Fenômeno de Lúcio - Pode variar de um quadro discreto, com poucas lesões, até casos que chegam ao óbito. Clinicamente, caracteriza-se por máculas eritematopurpúricas que evoluem formando escaras castanho-escuras finas, as quais, ao se desprenderem, podem ou não deixar área cicatricial, depende da extensão da necrose. Acomete, em ordem decrescente, pés, pernas, mãos, antebraços, coxas e braços, e também nádegas, tronco, pavilhões auriculares e, raramente, face. As lesões podem ser dolorosas, enegrecidas (necróticas), com bordas talhadas a pique. É discutível sua inclusão como um tipo de reação. 3 Debater o diagnóstico da HD REAÇÃO 1 - O diagnóstico é clínico em pacientes com hanseníase borderline tuberculoide, borderline ou borderline lepromatosa e inflamação aguda de lesões preexistentes da pele, com ou sem piora de lesões nervosas, com avaliação das lesões e palpação dos nervos periféricos, podendo realizar monitoramento laboratorial (hemograma completo, urina tipo 1, parasitológico de fezes, glicemia, enzimas hepáticas, uréia, creatinina, PCR, VHS e beta-hcg) para pesquisa de fator desencadeante. As reações do tipo 1 não são acompanhadas por achados sistêmicos. REAÇÃO 2 - Achados clínicos de novos nódulos eritematosos subcutâneos ou dérmicos em pacientes com hanseníase borderline virchowiana. Laboratorialmente, pode haver leucocitose com desvio à esquerda e, às vezes, reações leucemoides, aumento da velocidade de hemossedimentação, da proteína C reativa, aparecimento de autoanticorpos como o fator antinúcleo (FAN), aumento de bilirrubinas, discreto aumento de transaminases, hematúria e proteinúria. HISTOPATOLÓGICO: Biópsia da lesão: − Infiltrado inflamatório, neutrofílico, perivascular, em derme reticular, compatível com vasculite − Bacilos numerosos e granulosos. OBS: • Uma reação leve é aquela que ocorre somente na pele (sem afetar tronco nervoso ou face); pode haver febre baixa e ligeiro edema dos membros. Os sinais de reações graves incluem: • Dor ou hipersensibilidade durante a palpação. • Nova perda de sensibilidade. • Nova fraqueza muscular. • Reação em lesão de pele sobre o trajeto de um tronco nervoso. • Reação em lesão de pele na face. • Sinais de comprometimento ocular. • Edema grave dos membros. • Acometimento de outros órgãos, tais como testículos, linfonodos ou • articulações. • Ulceração das lesões de pele Tain� Avelar Reaçõe� Hansênica� 4 Elencar a conduta terapêutica e o prognóstico da HD 1. A PQT NÃO DEVE SER SUSPENSA, EXCETO SE SUSPEITA DE EFEITO ADVERSO A ALGUM MEDICAMENTO OU PRESENÇA DE MANIFESTAÇÕES HEPÁTICAS. 2. Reações leves de ambos os tipos (reação reversa e ENH) podem ser tratadas na rede básica com ácido acetil-salicílico (AAS, aspirina - a dose do adulto é de 600mg até seis vezes por dia) A reação tipo 1, não dura geralmente mais que algumas semanas. Os sinais da reação tipo 2 freqüentemente aparece e desaparece em período de meses; o tratamento suprime esses sinais mais rapidamente do que aqueles da reação tipo 1, entretanto a recidiva do ENH é muito mais provável de acontecer do que a reação tipo 1 3. TIPO 1 (se acompanhadas de neurites, ou neurites isoladas): Prednisona 1 a 2 mg/kg/dia até melhora da reação. A retirada deverá ser gradual, após o desaparecimento dos sinais inflamatórios. O tratamento profilático da estrongiloidíase deverá ser realizado, assim como prevenção da osteoporose. No caso de o paciente já estar em tratamento, a PQT é mantida. Dexametasona 0,15mg/kg/dia em casos de pacientes hipertensos ou cardiopatas a3- reações mais graves, acompanhadas de ulceração ou edema, também recomenda-se Prednisona no mesmo esquema das neurites 4. TIPO 2: Talidomida 100 a 400 mg/dia até a regressão das lesões cutâneas. Exceto em mulheres em idade fértil, tenta-se inicialmente com antinflamatórios não-hormonais e analgésicos; se não houver resposta terapêutica, introduzir Prednisona, na dose de 40mg/dia, reduzindo gradualmente, conforme a melhoria dos sintomas. No caso de reações oculares graves, orquite, eritema nodoso necrótico ou acometimento de troncos nervosos, mãos e pés reacionais, fenômeno de Lúcio e nefrite, devemos associar o corticosteróide à talidomida. 5. Nas reações acompanhadas de neurite ou quando esta é o principal componente do quadro, a imobilização e, em determinadas situações, a liberação cirúrgica imediata do tronco nervoso melhora o processo de neurite. 6. TIPO 1 - se as manifestações são apenas cutâneas: tratar sintomaticamente, com antiinflamatórios não-hormonais e analgésicos; 7. Quando houver associação de talidomida e corticoide, deve-se prescrever ácido acetilsalicílico 100 mg/ dia como profilaxia de tromboembolismo. 8. PREVENÇÃO: Profilaxia da osteoporose: cálcio 1.000 mg/dia, vitamina D 400- 800 UI/dia ou bisfosfonatos (p. ex., alendronato 10 mg/dia). Tain� Avelar Reaçõe� Hansênica� Tain� Avelar
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