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DIREITO PENAL I - TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL

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AULA 01. CONTROLE SOCIAL, CIENCIAS PENAIS E ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
· CONCEITO: O Direto Penal é um ramo do Direito Público que encarrega-se de solucionar condutas atentatórias aos mais importantes bens jurídicos, aplicando-lhes uma sanção com uma pena criminal ou medida de segurança. 
· FONTES: 
a) Materiais: Somente a União possui competência legislativa para criar normas penais (Art. 22, I, da CF/88); Observando-se o §único do art. Que garante, através de Lei Complementar, que os Estados a legislar sobre questões específicas acerca de matérias penais. 
b) Formais: 
b.1) Mediatas: Costumes, princípios gerais de direito; 
b.2) Imediatas: Somente lei pode servir como fonte primária, porquanto não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (Art. 5º, XXXIX, CF/88 e Art. 1º, do CP/41)
· PRINCÍPIOS: 
1) Legalidade: Reserva legal + anterioridade; Aquele traduz que ninguém fará ou deixará de fazer senão em virtude de lei, já este traduz a ideia de que não há crime sem lei anterior que o defina. Art. 1º, do CP. A lei possui dois sentidos: Amplo (latu sensu), que são as portarias, Medidas provisórias e o sentido Estrito (stricto sensu), que são as Leis ordinárias, Lei complementar e etc. 
Obs: Alguns doutrinadores tratam a legalidade como sinônimo de reserva legal, entretanto, trata-los como sinônimos é mitigar o princípio da legalidade. 
2) Reserva legal: Este princípio preconiza que o Direito Penal só poder ser legislado através de lei em sentido stricto. A CF/88 não exige que seja por Lei Complementar, bastando ser por Lei ordinária (Art. 22, I, da CF/88). 
O princípio da reserva legal determina que só será considerada como infração penal a conduta prevista como tal na lei. Se determinada conduta praticada pelo agente não estiver escrita como ilegal pela lei, a mesma será lícita, livre e impunível por parte do Estado. 
Obs: O princípio da reserva legal só se aplica as normas penais incriminadoras, ou seja, só é crime o que está na lei, nem mais nem menos. 
Obs: No Direito Penal não é possível analogia in mallan partem, pois se assim fosse, estaria dizendo que é crime o que na lei não diz, ferindo o princípio da legalidade. 
Obs 2: A síntese do princípio da legalidade seria nullum crimen, nulla poena sine lege (nenhum crime será punido sem que haja uma lei).
· ANALOGIA: 
A analogia é uma forma de suprimento (preenchimento) de lacunas legislativas. Para utilizá-la deve-se verificar dois pressupostos: 1) Existência de uma lacuna e 2) Encontro no ordenamento jurídico de uma solução legal semelhante; Funda-se a analogia no princípio ubi codem legis satio, ibi codem dispositivo (onde há a mesma razão legal, aplica-se o mesmo dispositivo.
Há duas espécies de analogia: 
a) Legis: Dá-se com a aplicação de uma norma existente a um caso semelhante 
b) Juris: Ocorre quando baseia-se num conjunto de norma, visando retirar elementos que possibilitem sua aplicabilidade ao caso concreto não previsto. 
Por sua vez é possível analogia em bonan partem, ou seja, para beneficiar o réu. Portanto, não é possível analogia nas normas penais incriminadoras, somente nas não incriminadoras. 
Obs: Não confundir analogia com interpretação analógica. A analogia é um método de integração com o Direito, enquanto que interpretação analógica é espécie de interpretação extensiva. Desta forma, permite-se interpretação analógica nas normas penais incriminadoras, desde que por elas autorizado. Ex. Art. 121, I, II, IV do CP. 
A doutrina diverge quanto à constitucionalidade da norma penal em branco heterogênea, pois o seu complemento provém de uma lei em sentido amplo. O posicionamento que prevalece é de que elas não são inconstitucionais, pois quem define o crime é a norma penal e não seu complemento. Em regra, as normas penais tem o preceito secundário completo, excepcionalmente, a norma penal será invertida. Por exemplo o crime de genocídio que tem preceito primário completo e o secundário incompleto. 
3) Princípio da anterioridade: Assim como não há crime sem lei anterior que o defina também não haverá como a lei prever e a tratar como crime o que antes não era. 
4) Princípio da Taxatividade: Ou máximo taxatividade, esse princípio está implícito no da reserva legal e, por consequência, no princípio da legalidade. A taxatividade exige-se que a lei penal seja taxativa e certa, ou seja, deve trazer descrição pormenorizadas de seus elementos essenciais. Este princípio impede que a lei penal seja ambígua e que apresente descrição imprecisa ou vaga. 
5) Princípio da lesividade, ofensividade, transcendência ou alteridade: É a impossibilidade de se punir sem lesão. Alguns doutrinadores separam a alteridade da lesividade, entretanto, ambos preconizam que não há crime sem lesão ou ameaça de lesão a bem de terceiro. Sendo assim, conclui-se que o Direito Penal não pune a autolesão e que há crimes de dano e crime de perigo, este subdivide-se em concreto e abstrato. Esta subdivisão leva em consideração a necessidade ou não de comprovação da potencialidade lesiva da conduta. No perigo abstrato, está potencialidade é de presunção absoluta, enquanto que no perigo concreto é relativa.
 Obs.: A jurisprudência dominante tende a admitir como válidos os delitos de perigo abstrato, por constituírem uma forma legítima de punição de infrações penais em fase embrionária. 
6) Princípio da subsidiariedade do Direito Penal ou da intervenção mínima: 
6.1) Informa ao legislador que o Dir. Penal é ultima ratio e ultima forma de controle social. 
6.2) Informa a possibilidade do magistrado absolver o réu mesmo tendo ele praticado uma conduta descrita na lei como crime.
7) Princípio da fragmentalidade: Selecionar quando o bem jurídico será protegido ou não. De acordo com esse princípio, o Dir. Penal deve ser fragmentário, seletivo, ou seja, irá tutelar todos os bens jurídicos, mas não em qualquer circunstância. 
8) Princípio da insignificância ou da bagatela: Está diretamente ligado ao princípio da ultima ratio e preconiza que a intervenção do Estado na sociedade só será necessária se houver lesão significativa ao bem jurídico tutelado. Para o STF e STJ, o juiz deverá observar, para aplicar este princípio os seguintes requisitos: 
a) Mínima ofensividade da conduta;
b) Ausência de periculosidade da ação; 
c) Reduzido grau de reprobabilidade do comportamento. 
9) Princípio da adequação social: Este princípio objetivamente deve ser observado por todos os ramos do Direito, tendo em vista que as leis devem se adequar aos interesses da sociedade, da coletividade. No Dir. Penal, subjetivamente, este princípio poderá ser utilizado pelo juiz para absolver o réu, pois a morosidade do legislador faz com que não deveriam mais ser condutas tratadas como crime e ainda estão, por exemplo, o curandeirismo (Art. 284, do CP) 
10) Princípio da culpabilidade, da responsabilidade subjetiva ou nullum crime sine culpa: No Direito Penal não existe compensação de culpa, mas existe concorrência de culpa. Ex. Caso Thor. Este princípio impede a responsabilidade objetiva no Dir. Penal. Não basta comprovar nexo causal (Relação entre a conduta e o resultado), é preciso também analisar subjetivamente, perquirindo se houve pelo menos culpa. 
· CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL: As normas penais se dividem em: Incriminadoras e Não incriminadoras.
a) Incriminadoras: 
a.1) Direta: Preceito Primário (conduta) + Preceito secundário (Pena). Ex: Art. 121, caput e §2º, do CP. 
a.2) Indireta/Por extensão: Art. 150, §4º e Art. 180, §2º, ambos do CP.
b) Não incriminadoras:
1) Permissiva exculpante: elimina a culpabilidade, como é o caso da embriaguez acidental completa (art. 28, § 1º, CP).
2) Permissiva justificante: Torna lícitas determinadas condutas que, normalmente, estariam sujeitas à reprimenda estatal, como ocorre, por exemplo, com a legítima defesa (art. 25, CP). 
3) Explicativa ou interpretativa: esclarece o conteúdo da norma, como o artigo 327 do Código Penal.
4) Complementar: tem a função de delimitar a aplicação das leis incriminadoras, comoocorre com o artigo 5º do Código Penal.
5) De extensão ou integrativa: utilizada para viabilizar a tipicidade de alguns fatos, como fazem os artigos 14, II e 29 do Código Penal.
c) Normas penal em branco: Aquela que depende de complemento normativo
1) Norma penal em branco própria (heterogêna): Seu complemento normativo não emana do legislador, mas de fonte normativa diversa. Ex. Tráfico de drogas. Portaria da anvisa define. 
2) Norma penal em branco imprópria (homogênea): Complemento emana do próprio legislador. Ou seja, da mesma fonte de produção normativa. Divide-se: 
i. Norma penal em branco imprópria homovitelina: emana da mesma instancia legislativa (mesmo código, por exemplo). 
ii. Norma penal em branco heterovitelina: Emana de instancia legislativa diversa. Ex. o crime de contrair casamento ocultando impedimento. Tal normativa está no CC. 
· CONFLITO DE NORMAS PENAIS: De acordo com o princípio de none ou no bis in idem, ninguém pode ser punido por dois ou mais crimes sendo que praticou somente um, entretanto, é possível que a conduta se enquadra em duas ou mais normas incriminadoras. Quando isso acontece não há concurso de crimes, mas sim conflito de normas. Este conflito resolve-se através dos seguintes princípios: 
a) Princípio da especialidade (lex specialis derogat generalis): Dá-se quando existir, entre duas normas aparentemente incidentes sobre o mesmo fato, uma relação de gênero e espécie. Será especial e, portanto, prevalecerá a norma que contiver todos os elementos da geral. 
Exemplo: Crime de infanticídio em que matar é punível pelo Art. 121, entretanto, a especialidade mora no fato de que o crime de infanticídio é praticado pela mãe em estado puerperal e por ser seu próprio filho. 
b) Princípio da subsidiariedade (lex primaria derogat legi subsidiariae): A relação é de conteúdo e continente. Há uma norma mais ampla (norma primária), descreve um grau maior de violação ao bem jurídico, e uma norma menos ampla (subsidiária), descreve um grau menor de violação ao mesmo bem. A norma aplicável será sempre a que previr o maior grau de violação. 
temos uma norma menos grave (subsidiária), que descreve um crime autônomo, e uma norma mais grave (primária), que descreve uma segunda conduta e que prevalecerá sobre a norma 
Exemplo: Crime de estupro (Art. 213) contém o constrangimento ilegal (Art. 146). Exemplo: o crime de ameaça (art. 147, CP)é subsidiário ao de constrangimento ilegal (art. 146, CP), o qual, por sua vez, cabe no de extorsão (art. 158, CP). 
· SÓ SE APLICA A SUBSIDIARIEDADE QUANDO A NORMA PRINCIPAL FOR MAIS GRAVE QUE A SUBSIDIÁRIA
· Há duas espécies de subsidiariedade: 
1) Expressa: A norma declara de forma clara que só terá aplicação “se o fato não constituir crime mais grave”. A norma se auto proclama “soldado reserva”. Art. 312, do CP
2) Tácita: Verifica-se quando o crime definido por uma norma é elemento ou circunstância legal de outro crime (c/c) 
c) Princípio da consunção ou da absorção (lex consumens derogat legi consumptae): Ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando o fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime. 
Obs.: No princípio da consunção o crime fim absolve o crime meio.
· Neste princípio é o fato, e não a norma, mais grave e mais amplo que engloba outros menos graves e menos amplos.
1) De auxílio a conduta direta (partícipe – autor);
2) Crime progressivo: essa hipótese é caracterizada por uma violação crescente do bem jurídico, embora o agente já tivesse a intenção desde o início de alcançar o resultado mais gravoso da conduta. Temos o chamado crime de passagem obrigatória.
Ocorre quando o agente, querendo praticar determinado crime, tem que, necessariamente, praticar um crime menos grave. 
· Ex.: crime de homicídio. Para matar alguém, necessariamente o agente irá perpetrar lesões corporais na vítima, sendo esse delito considerado como o crime de passagem.
3) De meio a fim (crimes complexos): um delito é o meio para que se chegue ao outro. Há reunião de dois tipos penais. Ex. roubo (furto + constrangimento) 
4) Progressão criminosa: Ocorre pela mudança de ideia do agente durante a execução da conduta (ou seja, o agente substitui seu dolo inicial). Ele começa com a intenção de praticar um delito e depois acaba se convencendo a praticar outro! 
· Ex.: é o que ocorre no caso de um agente que inicialmente quer apenas lesionar a vítima, mas que, após começar a agredi-la, decide matá-la. Veja que aqui houve uma mudança no dolo do agente, ao contrário do crime progressivo, no qual o agente desejava o resultado desde o começo!
5) De parte a todo (consumação de fatos anteriores e posteriores - antefato e post factum impuníveis). 
Antefactum (Antes do fato) impunível: ante factum impunível quando o fato precedente (que não constitui meio necessário para a realização do delito maior, ou seja, que não constitui crime de passagem obrigatória) se coloca na linha de desdobramento da ofensa (principal) do bem jurídico. 
Crime de falsidade ideológica para cometer estelionato (Sum. 17, STJ).
Post factum (após o fato) em alguns casos, ocorrerá a consunção, pois ocorreu um crime posterior que causou lesão ao mesmo bem jurídico que já havia anteriormente sido atacado e à mesma vítima. 
· Ex.: agente que furta um bem e depois decide destruí-lo (crime de dano). Responderá apenas pelo furto, e o fato posterior (o crime de dano) será considerado como não punível
d) Princípio da alternatividade: temos um tipo penal chamado de misto alternativo (cuja conduta possui várias formas, ou seja, vários verbos). Nesses casos, mesmo que o agente pratique vários dos núcleos em um mesmo contexto, responderá por apenas um crime!
· Desta forma, a maioria entende que este princípio não resolve o conflito entre normas, e sim, entre núcleos da mesma norma. 
· MACETE PARA CONFLITO APARENTE DE NORMAS: 
a. Observar se está diante de um crime complexo OU de uma progressão criminosa ou de um crime progressivo. Nesses casos haverá um crime meio e um crime fim. Aplica-se a consunção. 
b. Não sendo hipótese de consunção, leia as normas em conflito. Se elas forem parecidas, ou seja, se uma tiver tudo que a outra tem, mas com detalhes, aplique a especialidade.
c. Caso contrário, aplique a subsidiariedade.
Atenção: Na progressão criminosa o juiz não é obrigado a aplicar o princípio da consunção, podendo optar por condenar o réu pelo crime meio e pelo crime fim, já que um não é sempre necessário pelo outro. 
AULA 02: TEORIA DA NORMA 
A norma jurídica apresenta-se com diversas características, conforme área do Direito que está sob análise. No Direito Penal revestem-se das seguintes características:
a) Imperatividade: Impõe a todos, indistintamente, com aquiescência ou não.
b) Exclusividade: Somente a ela cabe a ela cabe tarefa de definir infrações penais. 
c) Generalidade: Incide a todos generalizamente.
d) Impessoalidade: Projeta-se a fatos futuros, sem indicar a punição de pessoas determinadas. 
Lei Penal: Enunciado legislativo, ou seja, fato descrito e a pena a ele cominada. Ex. Art. 121, CP. 
Norma Penal: Refere-se ao comando normativo implícito na lei, isto é, a norma de conduta imposta a todos. Ex. Não matar. 
Crimes comissivos: A lei penal descreve e pune uma ação esperando que todos se abstenham de praticar. NORMA PROIBITIVA. 
Crimes omissivos: A lei penal descreve uma omissão (um não fazer) porque espera de todos, naquela situação um comportamento ativo. NORMA MANDAMENTAL
· CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
A) CRIME MATERIAL, FORMAL E DE MERA CONDUTA: Classificação dos crimes quanto ao resultado naturalístico:
	CRIMES MATERIAIS
	CRIMES FORMAIS
	CRIMES DE MERA CONDUTA
	O tipo penal descreve a conduta e um resultado material, exigindo-o para fins de consumação. Ex. Furto, homicídio. Seus elementos: 
· Conduta;
· Nexo causal; 
· Resultado;
· Tipicidade
	O tipo penal descreve a conduta e o resultado material, porém não o exige para fins de consumação. Ex. Extorsão, extorsãomediante sequestro. Seis elementos são: 
· Conduta;
· Resultado; 
· Tipicidade; 
	O tipo penal não faz nenhuma alusão a resultado naturalístico, limitando a descrever a conduta punível independente de qualquer modificação no mundo exterior. Ex. Omissão de socorro, violação de domicílio. Seus elementos são: 
· Conduta; 
· Tipicidade. 
B) CRIME DE DANO E DE PERIGO: Classificação dos crimes quanto ao resultado jurídico: 
	DE DANO OU DE LESÃO
	DE PERIGO:
	Quando a consumação exige efetiva lesão ao bem tutelado. Ex. homicídio, lesão corporal, furto.
	Caso a consumação se dê apenas com a exposição do bem jurídico a uma situação de risco. Ex. contágio venéreo, perigo à vida ou saúde de outrem. 
Os crimes de perigo se subdividem-se em: 
i. Crimes de perigo concreto: O risco deve ser demonstrado. 
ii. Crimes de perigo abstrato: A prática da ação ou omissão gera uma presunção absoluta de que o bem jurídico sofreu um risco. 
C) CRIME COMUM, PRÓPRIO E DE MÃO PRÓPRIA: 
	COMUM
	PRÓPRIO
	MÃO PRÓPRIA
	Aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. 
	Exige que o agente ostente determinadas características. Crimes funcionais. 
	Exige-se a atuação pessoal do agente, não podendo ser substituído. Ex. Falso testemunho. 
D) CRIME DOLOSO, CULPOSO E PRETERDOLOSO: 
	DOLOSO
	CULPOSO
	PRETERDOLOSO
	Será aquele onde o agente quer produzir o resultado (dolo direto) ou assume risco de produzi-lo (dolo eventual) 
	Será aquele cujo resultado não é querido ou aceito pelo agente, mas, que, previsível, e proveniente da inobservância do dever objetivo de cuidado. (imprudência, negligência ou imperícia). 
	É aquele praticado com dolo em relação ao fato antecedente e culpa no que tange ao resultado agravante. Ex. lesão corporal seguida de morte. 
E) CRIME INSTANTÂNEO, PERMANENTE E INSTANTÂNEOS COM EFEITOS PERMANENTES:
	INSTANTANEOS 
	PERMANENTES
	INSTANTANEOS C/ EFEITOS PERMANENTES
	Aquele que se consuma em momento determinado (consumação imediata) 
Não necessita que ocorra rapidamente, mas que seja peremptório. 
	Aquele cuja execução se protrai no tempo por determinação do agente ativo
A contagem da prescrição so ocorre após a cessação da ofensa ao bem jurídico. 
	A consumação também ocorre em momento determinado, mas os efeitos se prolongam. 
F) CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISSUBSISTENTES: 
	UNISSUBSISTENTES 
	PLURISSUBISTENTES 
	Aquele que não admite fracionamento da conduta. Portanto, não admite a tentativa. 
Ex. Crimes contra a honra cometidos verbalmente. 
	Há a possibilidade de fracionamento da conduta, admitindo-se, portanto, a tentativa. 
G) CRIME HABITUAL: Configura-se mediante reiteração de atos. Somente irá ocorrer se houver repetição da conduta que revele ser aquela atividade um procedimento costumeiro do agente. Ex. manutenção de estabelecimento para exploração sexual art. 229 do cp. 
AULA 03: APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
1) NO TEMPO: É importante determinar exatamente quando o delito foi praticado pois, desta forma, saberá qual lei deverá ser aplicada ao sujeito. A regra é que a lei que deve ser aplicada é a vigente ao tempo da prática do fato criminoso, de acordo com o princípio do tempus regit actum. (Art. 2º)
a) Teoria da atividade: O Art.4º do CP, dispõe que o crime será considerado praticado no momento de sua ação ou omissão, mesmo que o resultado ocorra em momento diverso. 
b) Teoria do resultado: Será considerado crime assim que gerar o resultado pretendido. 
c) Teoria mista: Considerará tanto a ação ou omissão, como resultado, o momento da prática do delito. 
Obs.: A extratividade é a capacidade maleável que a lei penal encontra para regulamentar o caso concreto, fatos que ocorreram dentro da sua vigência e que, de alguma maneira, já não está mais em vigor, devendo ser utilizada apenas para benefício do réu. Pode-se ser dividida em: 
a) Ultra-atividade: Aplicação da lei após sua revogação, porém o fato deve ter ocorrido em sua vigência. 
b) Retroatividade: Aplicação da lei penal a fato ocorrido antes da sua vigência. 
· CONFLITO DE LEI PENAL NO TEMPO:
	Hipótese prática
	Significado
	Solução
	
Novatio legis incriminadora
	Lei posterior incrimina conduta que era lícita (cria um novo crime)
	
Irretroatividade
	
Abolitio criminis
	Faz com que o delito praticado deixe de ser considerado um crime, e assim, caracteriza a extinção da punibilidade, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
	
Retroatividade
	
Novatio legis in pejus
Obs. Sum. 711 do STF
	Lei posterior, mantendo a incriminação do fato, torna mais grave a situação do réu
	
Irretroatividade
	
Novatio legis in mellius
	Lei posterior, sem suprimir a incriminação do fato, beneficia de algum modo o agente
	
Retroatividade
· LEIS EXCEPCIONAIS E LEIS TEMPORÁRIAS: Art. 3º do CP. 
a) Leis excepcionais: Acontecem em casos de urgência e sua vigência é definida até a cessação da necessidade que a fez existir, como situações de crise social, econômica, guerra e calamidades etc. 
b) Leis temporárias: Ocorrem em determinado prazo para vigorarem. 
2) NO ESPAÇO Inicialmente vale atenção ao princípio da territorialidade relativa, elencada no Art. 5º do CP. 
a) Sentido jurídico: Espaço sujeito à soberania do Estado. 
b) Sentido material: Efetivo ou real: O território abrange a superfície terreste (solo e subsolo), as águas interiores, o mar territorial (12 linhas marítimas, a partir da baixa-mar do litoral continental e insular (Lei 8617/93, Art. 1º) e o espaço aéreo correspondente (teoria da soberania sobre a coluna atmosférica). 
c) Território por extensão ou flutuante: Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e as aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontre (Art. 5º, §1º, primeira parte do CP), as aeronaves brasileiras e as embarcações brasileiras (matriculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade privada que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ao alto-mar ou em alto-mar (Art. 5º,§1º e Art. 21, ambos do CP). O disposto está de acordo com a lei “da bandeira” ou princípio do pavilhão, da representação, da substituição ou subsidiário. 
· Diante disto, temos o princípio da territorialidade absoluta, onde apenas a lei brasileira será aplicada em território nacional; e o da exclusividade é mitigada quando houver tratados, convenções e regras de direito internacional. 
· LUGAR DO CRIME: O Art. 6º do CP traz que considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu, ou deveria produzir-se o resultado. Porém, há algumas teorias sobre o lugar do crime para a aplicação da lei penal, vejamos: 
a) Teoria da atividade: Local onde o agente cometeu a conduta. 
b) Teoria do resultado: Local onde ocorreu o resultado. 
c) Teoria da ubiquidade (mista): Local onde ocorreu a ação ou omissão da conduta, no todo ou em parte, onde produziu ou devesse produzir seus efeitos. (Utiliza-se esta no Brasil) 
LUTA: Lugar do crime – Ubiquidade / Tempo do crime – Atividade; 
· EXTRATERRITORIALIDADE: Elencada no Art. 7º do CP, dispõe diversos crimes e delitos onde a lei brasileira será aplicada. Pode se dar em duas formas: 
a) Incondicionada: Diz que a lei penal brasileira será aplicada de qualquer maneira, independente de qualquer condição, tais hipóteses são trazias pelo inc. I, do Art. 7º do CP.
 
b) Condicionada: Maneira na qual a lei penal nacional será aplicada desde que atendidas algumas exigências tipificadas no próprio Art. 7º. 
Esses crimes dependem das seguintes condições:
1) Entrar o agente em território nacional;
2) Ser o fato punível também no país em que foi praticado;
3) Estar o crime incluído no rol de crimes extraditadores;
4) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter cumprido pena;
5) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou por outro motivo, não estar extinta a punibilidade segundo lei mais favorável. 
· PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EXTRATERRITORIALIDADE:
a) Da proteção: Aplica-sea lei nacional em crime cometido fora do nosso território, busca tutela do bem jurídico nacional. 
b) Da universalidade: Aplica-se a lei nacional em qualquer localidade e independe da nacionalidade do sujeito. 
c) Da nacionalidade/personalidade: 
a. Ativa: Aplica-se a lei nacional ao crime cometido por nacional fora de seu país. 
b. Passiva: Crimes cometidos por nacional contra nacional, ou contra bem jurídico nacional. 
d) Da representação: Aplica-se a lei nacional aos crimes praticados em aeronaves ou embarcações mercantes ou de propriedade privada quando não foram julgados em território estrangeiros. Deflui-se, dessa forma, que sua aplicação é subsidiária. Predomina que os destroços de navios ou aeronaves são considerados extensão do território nos quais são matriculados.
AULA 04: TEORIA DO CRIME (OU DELITO) DOCUMENTO DIVERSO. 
· CONCEITO DE CRIME: 
a) Conceito material: Crime pode ser definido como toda ação ou omissão, consciente, voluntária e dirigida a uma finalidade, que cria um risco juridicamente proibido e relevante a bens jurídicos considerados essenciais para a paz e o convívio em sociedade. 
b) Conceito formal: Crime é a conduta proibida por lei, com ameaça de pena criminal. 
c) Conceito analítico: Investigar quais os elementos constitutivos do crime. Duas teorias despontam no Brasil, a primeira defende que crime é o fato típico, antijurídico (ou ilícito) e culpável (TEORIA TRIPARTIDA) CLÁSSICOS (teoria causal ou naturalística da ação); a segunda, defende que crime é fato típico e antijurídico (TEORIA BIPARTIDA). FINALISTAS. (teoria finalista da ação e normativa pura da culpabilidade) 
· SISTEMAS PENAIS E OS ELEMENTOS CONSITUTIVOS DO CRIME: Conjunto de teorias intrinsecamente relacionadas, desenvolvidas durante determinado período da evolução da dogmática penal. Atualmente, apontam-se os seguintes sistemas penais:
a) Sistema Clássico (Beling): Séc. XIX, Liszt e Beling. O Sistema Clássico objetivava aproximar o Direito das ciências naturais (exatas), pois buscava o afastamento de juízos de valorativos. A análise, portanto, era objetiva. Para tanto, os estudiosos dividiram o crime em 3 etapas de raciocínio. Onde o crime era: 
FATO TÍPICO			ANTIJURIDICO			CULPÁVEL
Subsunção objetiva		causas excludentes	imputabilidade + dolo e culpa
à norma						(juízo de responsabilidade)
Na 1ª ETAPA (fato típico): deve-se olhar para o fato e compará-lo com a lei. Essa descrição com a lei chama-se TIPO. 
· Se a conduta corresponder à descrição, teremos a subsunção (correspondência formal e objetiva). 
Na 2ª ETAPA (antijurídico): Todo fato típico, inicialmente, é ruim. Se todo fato típico é ilícito, deve-se analisar as hipóteses em que não será. Assim, tem que verificar se há causas excludentes da ilicitude. 
Na 3ª ETAPA (culpável): para imputar um crime a alguém, deve analisar a possibilidade de atribuir a responsabilidade, sendo necessário a capacidade para responder (imputabilidade) + a capacidade de domínio (consciência e vontade – dolo/culpa). 
· Essa teoria era chamada de causal (Teoria causal ou naturalista da ação), pois vê a ação (conduta) como inervação muscular produzida por energias de um impulso cerebral, que provoca alterações no mundo exterior, e entende que a culpabilidade (Teoria psicológica da culpabilidade) é o vínculo psicológico que une o autor ao fato praticado, por meio dolo ou culpa.
	SISTEMA CLÁSSICO
	Aspecto objetivo do crime
	Aspecto subjetivo do crime
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE
antijuricidade
	CULPABILIDADE
pressuposto de imputabilidade
	- Conduta: ação ou omissão voluntária (não coagida; neste estágio, considerava a força mecânica do corpo) 
- Nexo Causal: Liame entre a conduta e o resultado. 
- Resultado
- Tipicidade: avalorado (Sem juízo de valor) 
	- Formal: Contrariedade da norma formal. 
Estará sempre presente, salvo quando for praticado sob abrigo de alguma excludente de ilicitude
	TEORIA PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE.
- Imputabilidade (pressuposto
- dolo (consciência e vontade) ou culpa.
b) Sistema Neoclássico (ou sistema normativista): Contudo, Edmundo Mezger levantou críticas à teoria causal. Desse modo, em 1907, Reinhard Frank acrescentou outro elemento à culpabilidade, onde vincula a culpabilidade à ideia de reprovabilidade social (só se pode considerar culpável a conduta reprovável socialmente, ou seja, digna de censura.
· Este elemento era a exigibilidade de conduta diversa (SÓ AGE CULPAVELMENTE QUEM, NA SITUAÇÃO CONCRETA, PODERIA TER-SE COMPORTADO DE OUTRO MODO)
Em virtude disso, considera-se que o sistema neoclássico tem-se a denominada teoria psicológico-normativa da culpabilidade ou normativa da culpabilidade, onde os elementos da culpabilidade são: 
I. Imputabilidade;
II. Dolo ou culpa;
III. Exigibilidade de conduta diversa 
Além disso, visando sanar os casos de erro de proibição (quando o agente não compreende um fato como ilícito ou o enxerga como permitido), ressuscitaram a teoria do dollus mallus, criando o dolo híbrido ou normativo, que possui 3 elementos: 
I. CONSCIÊNCIA (dolo natural) 
II. VONTADE (dolo neutro)
III. CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE DO COMPORTAMENTO
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE (antijuricidade)
	CULPABILIDADE
	 - Conduta: ação ou omissão voluntária. 
- Nexo causal: Liame entre a conduta e o resultado. 
- Resultado 
- Tipicidade + Elementos valorativos: Juízo de valor. 
	- Formal + material: Além da violação a norma, deve-se haver a lesão ao bem jurídico.
 
Estará sempre presente, salvo quando for praticado sob abrigo de alguma excludente de ilicitude.
	TEORIA PSICOLÓGIO-NORMATIVA DA CULPABILIDADE.
- Imputabilidade. 
- Dolo (repres. + vontade {psicológica} + consciência atual da ilicitude {normativa} 
Chamado DOLO HIBRIDO, pois há dois elementos psicológicos e um normativo (dollus malus;misto) 
- Culpa 
- Exigibilidade de conduta diversa (normalidade das circunstâncias – somente pode exigir algo do agente se as circunstâncias estão na normalidade)
c) Sistema finalista (ôntico-fenomenológico – Hans Welzel). Sob forte influencia da psicologia, especialmente de Arthur Shopenhauer, Welzel rompe com os sistemas anteriores e percebe que a finalidade constitui a espinha dorsal da conduta humana, pois ninguém age sem ter, por detrás alguma intenção, por mais singela que seja.
· Nesse sentido, Welzel concluiu que o dolo, elemento indicativo da intenção perseguida pelo agente, não pode ser analisado somente na culpabilidade, de modo destacado da ação a omissão a que se vincula. Se a finalidade é a alma da conduta humana, ele deve ser analisado em conjunto com a ação. Como consequência, o penalista passou a sustentar que O DOLO E A CULPA DEVERIAM FAZER PARTE DO FATO TÍPICO, E NÃO DA CULPABILIDADE. 
· Welzel notou, também, que o dolo deve possuir apenas dois elementos: CONSCIÊNCIA E VONTADE (dolo natural ou dolo neutro). A consciência da ilicitude deve ser retirada do dolo e mantida na culpabilidade, mas não como consciência atual (individual), e sim como consciência potencial da ilicitude. 
· A potencial consciência da ilicitude traduz que, a simples falta de compreensão do caráter ilícito do fato não mais é suficiente para isentar o agente de responsabilidade penal, onde só haverá isenção total da pena quando a pessoa, além de desconhecer a ilicitude de comportamento, nem sequer possuía condições, em função da realidade em que viveu e foi criada, de alcançar tal compreensão. 
· Ademais, no sistema finalista, com a migração do dolo e culpa para o fato típico, inaugura-se a teoria normativa da culpabilidade, pois todos os elementos da culpabilidade têm natureza normativa, porquanto implicariam um juízo de valor, daí o nome teoria normativa pura da culpabilidade). 
	SISTEMA FINALISTA
	Fato típico (elementos que o compõem)
	Ilicitude ou antijuridicidade 
	Culpabilidade (elementos que a compõem) 
	1) Conduta (DOLOSA OU CULPOSA)
2) Resultado
3) Nexo causal
4) Tipicidade
	Estará sempre presente, salvo quando for praticado sob abrigo de alguma excludente de ilicitude.
	TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE
1) Imputabilidade2) Potencial consciência da ilicitude (dolo normativo) 
3) Exigibilidade de conduta diversa. (normalidade das circunstâncias – somente pode exigir algo do agente se as circunstâncias estão na normalidade)
Obs.: o próximo sistema NÃO guarda correlação com as teorias anteriores. 
d) Sistema funcionalista (teleológico-racional); Preconiza o direito a partir de sua função social. Sec. XXI. Pressupõe que o Direito Penal deve atender sua finalidade prática. 
Deve-se analisar em primeiro lugar: Qual a função do Direito Penal? Para Roxin, o direito penal possui função pacificadora/função social, onde somente serão incriminadas condutas que criem um risco relevante. 
Distintamente de Roxin, Jackobs disserta que o Direito Penal deve proteger a norma jurídica. 
Principais diferenças dos autores: 
	FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO (ROXIN)
	FUNCIONALISMO RADICAL (JACKOBS)
	· Preocupa-se com os fins do Direito Penal 
· Finalidade políticos-criminais, priorizando valores e princípios garantistas; 
· Respeito aos limites impostos pelo Direito penal e os demais ramos
· O Direito penal deve se ajustar a sociedade. 
	· Preocupa-se com os fins da pena;
· Necessidades sistêmicas devem ser consideradas em que a aplicação da norma serve para reafirmar a autoridade do Direito Penal; 
· Respeito aos limites do Direito Penal;
· Sociedade deve se ajustar ao Direito Penal; 
 AULA 05: FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS
· Definição: É o fato humano que se adequa perfeitamente ao tipo penal. 
São elementos do fato típico: CONDUTA, RESULTADO, NEXO DE CAUSALIDADE E TIPICIDADE 
E somente será fato típico, além do preenchimento dos elementos, se houver: 
1) Subsunção formal do fato à norma; Teoria causal
2) Dolo + culpa; Teoria finalista
3) Conteúdo material (teoria constitucional do direito penal - Roxin. Principios da insignificância, intervenção mínima, alteridade, proporcionalidade – necessidade da proteção, idônea apta a proteger o bem jurídico, adequada) 
	Nos crimes dolosos:
	Nos crimes culposos:
	a) Conduta dolosa
b) Resultado (crimes materiais) 
c) Nexo causal
d) Tipicidade
e) Relação de imputação objetiva (elemento normativo implícito do fato típico) 
	a) Conduta voluntária
b) Resultado involuntário
c) Nexo causal
d) Tipicidade
e) Relação de imputação objetiva 
f) Quebra do dever objetivo de cuidado
Previsibilidade objetiva
1) CONDUTA: Deve ser entendida como a ação ou omissão humana, consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. Seus elementos são: exteriorização, consciência e voluntariedade. Faltando um desses elementos, NÃO há conduta, e se não há conduta o fato é ATÍPICO. 
· Para os causalistas, conduta é um mero movimento corporal positivo ou negativo, mecânico. Para os finalistas conduta penal não é um movimento corporal, mas com uma finalidade dirigida e vontade. 
· Excludentes da conduta penal: 
1) Fatos reflexos: Matar alguém pós levar um choque. 
2) Atos inconscientes: Sonambulismo, hipnose (Teoria actio libera in causa) 
3) Caso fortuito: Eventos naturais.
4) Força maior ou coação física irresistível. 
· Espécies de conduta penal: A conduta pode ser comissiva (ação) ou omissiva (omissão) 
A omissão divide-se em: 
a) Pura/Própria/Propriamente dita: Quando a lei exige uma omissão “DEIXAR DE” (Art. 135, 244, 246, 269, CP.
b) Impura/Imprópria/Comissiva/Por omissão (comissivo por omissão): O não fazer é como estivesse fazendo “DEVER + PODER + EVITÁVEL”. OBS: Para que o sujeito responda por um crime comissivo por omissão é necessário que, nos termos do Art. 13, §2º, do CP, TENHA O DEVER JURÍDICO DE EVITAR O RESULTADO. 
· Sujeitos de conduta: 
a) Ativo: 
b) Passivo: imediato/direto ou mediato/indireto (ESTADO) 
Obs.: O Estado pode ser também sujeito passivo imediato, como por exemplo, nos crimes entre administração pública (Art. 32 e s. do CP) 
Obs.: Às vezes o sujeito passivo imediato é indeterminável, como por exemplo nos crimes de perigo. 
Obs.: Nos crimes entre os mortos, por exemplo os elencados nos Arts. 138, §2º, 210, 211 e 212 do CP, o morto não é sujeito passivo, mas sim a família. Tratando-se, portanto, de um crime vago (quando o sujeito passivo não tem personalidade) 
Obs.: A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo da conduta penal. Sujeito ativo só em crimes ambientais. 
2) RESULTADO: Aquilo que é produzido pela conduta. 
Difere-se de evento (qualquer acontecimento) e resultado naturalístico (modificação no mundo exterior produzido pela conduta) 
· Há duas teorias que debatem na conceituação para fins penais: 
a) Teoria naturalística: Resultado é a modificação no mundo exterior provocada pela ação ou omissão. 
b) Teoria jurídica: Resultado é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. 
Obs.: Todo crime possui resultado jurídico, mas nem todo crime possui resultado naturalístico. 
· Crime material: Há modificação no mundo exterior. 
· Crime de mera conduta: NUNCA haverá modificação no mundo concreto. 
· Crime formal: Pode produzir resultado naturalístico, mas o resultado é IRRELEVANTE, pois o crime se consuma antes do resultado. 
Ex. Matar alguém (Art. 121, CP) 
Resultado jurídico: Vida
Resultado naturalístico: Morte
Ameaçar alguém (Art. 147, CP) 
Resultado jurídico: Liberdade individual. 
Resultado naturalístico: Medo da morte. 
Subtrair coisa alheia móvel (Art. 155, CP)
Resultado jurídico: Patrimônio. 
Resultado naturalístico: Perda patrimonial. 
3) CAUSALIDADE (NEXO CAUSAL): Nexo causal é a causa e efeito entre a conduta praticada e o resultado. 
O resultado que alude o Art. 13, caput, é o naturalístico ou material, isto é, a modificação no mundo exterior provocada pela conduta. Nexo de causalidade consiste no vínculo ou liame que une a conduta ao resultado nos crimes materiais. Várias teorias se preocupam em definir o critério para constatar o nexo causal: 
a) Teoria da equivalência dos antecedentes ou da conditio sine qua non: Sustenta que todo fator que de forma direta ou indireta exerceu alguma influência no resultado deve ser considerado como sua causa; Art. 13, caput, in fine do CP. 
· Para saber se uma circunstância é causa do resultado, utiliza-se do juízo de eliminação hipotética, pelo qual basta excluir mentalmente a conduta para saber se ela é ou não sua causa (Thyren) 
b) Teoria da causalidade adequada: Apenas se reputa causa do resultado a circunstância (ou condição) minimamente idônea para produzi-lo, utilizando um juízo de probabilidade. Caso People x Collins. 
b) Teoria da imputação objetiva do resultado: Sustenta que um resultado só pode ser atribuído a quem realizou um comportamento gerador de um RISCO RELEVANTE E PROIBIDO, pois se há um comportamento aceito socialmente não existe nexo causal, como por exemplo: Este dá-se nas seguintes situações: 
i. Normas jurídicas que admitem o comportamento perigoso: Regras de transito, praticas esportivas. 
ii. Fatos socialmente adequados: Passeio de automóvel. 
iii. Lex artis: Observação de regras técnicas de determinadas profissões. Ex. medicina e engenharia. 
iv. Autorização contidas em normas extrapenais. Jakobs desenvolve, ainda, conceitos de compensação de risco e de variabilidade do risco. A compensação pode ser levada em conta quando a lei não estabelece determinado padrão; Ex. uma mãe não pode se responsabilizar por tratar de modo inadequado uma lesão no filho, porém o médico não pode agir da mesma forma. O risco pode variar de acordo com o papel social do agente
Assim, o resultado deve estar na linha de desdobramentos causal. 
· A teoria da imputação objetiva busca restringir o alcance no nexo de causalidade, fundado na teoria da equivalência dos antecedentes. Acrescente-se que uma conduta inicial lícita não conduz seu autor à responsabilidade por ações posteriormente ilícitas praticada por terceiros (princípio da proibição do regresso)
· Natureza jurídica: Constitui elemento do fato típico (elemento normativo implícito), cuja função é servir como critério limitador à relação de causalidade material. 
· Criação de um risco relevante e proibido: Para que existaimputação o agente tem que produzir (ou aumentar) um risco relevante e proibido, caso contrário, ter-se-á um fato penalmente atípico. Exceções: 
a) Riscos irrelevantes: Os riscos gerais da vida são irrelevantes. 
b) Riscos permitidos: São aqueles autorizados em face de sua utilidade social. Toda conduta que corresponder às expectativas sociais, cria-se um risco permitido excluindo-se o nexo causal. O resultado não é imputado ao agente causador. 
Também se consideram riscos permitidos as situações às quais se aplica o princípio da confiança. 
c) Diminuição do risco: Quando alguém realiza um comportamento que diminui o risco proibido e relevante gerado por terceiro. Ex. bandido aponta a arma e quer atirar no coração da vítima e outra pessoa intervém e atira na perna. 
· Realização do risco proibido e relevante no resultado: Quando houver a criação de um risco relevante e proibido, será preciso verificar se ele efetivamente se produziu no resultado, a fim de que este possa ser imputável objetivamente ao autor. Exceções: 
a) Causas imprevisíveis: Não se pode imputar alguém um resultado quando o agente não tinha controle sobre o desenrolar causal dos acontecimentos. 
b) Riscos que não tiveram nenhuma influência no resultado (teriam ocorrido de qualquer maneira)
c) Resultados não compreendidos no fim de proteção da norma: É preciso verificar qual a finalidade da norma de cuidado, vale dizer, o que ela visava proteger. 
· Risco compreendido no alcance do tipo: Há casos em que mesmo tendo-se verificado a realização de um risco proibido no resultado, constata-se que, no caso concreto, “o alcance do tipo, a finalidade de proteção da norma inscrita no tipo (ou seja, da proibição de matar, ferir, danificar etc.) não compreende resultados da espécie do ocorrido, sendo esta problemática é relevante nos delitos culposos. Em termos de crimes dolosos, há três hipóteses em que se aplica o critério ora exposto: 
a) Autocolocação dolosa em perigo: Vítima que se coloca dolosamente numa situação de perigo exclui, a responsabilidade de terceiros pelas lesões que vier a sofrer. 
b) Heterocolocação consentida em perigo: A mesma solução aplica-se em que a vítima consente em que outrem a coloque em situação de perigo. 
· Responsabilidade de terceiros: A responsabilidade de terceiros no resultado afasta a imputação objetiva de quem deu inicio ao processo causa. 
· REGRAS EXTRAÍDAS DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (DAMÁSIO DE JESUS) 
Não há imputação objetiva (e o fato será atípico) quando:
a) O SUJEITO NÃO CRIOU O RISCO COM SUA CONDUTA.
b) O RISCO, EMBORA CRIADO PELA CONDUTA, ERA PERMITIDO OU IRRELEVANTE (PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA) 
c) O RISCO CRIADO NÃO PRODUZIU RESULTADO JURÍDICO (Conduz à atipicidade ou à responsabilização pelo crime na forma tentada) 
d) NÃO HÁ RELAÇÃO DIRETA ENTRA A CONDUTA, O RISCO CRIADO E O RESULTADO OCORRIDO. 
· Haverá, porém, imputação objetiva se o sujeito: 
a) Aumentou o risco ao bem jurídico ou extrapolou o risco juridicamente permitido. 
· PRINCÍPIOS AUXILIARES: 
a) Princípio da confiança: Uma pessoa não pode ser punida quando, agindo corretamente e na confiança de que o outro assim se comportará, dá causa a um resultado não desejado. 
b) Princípio da insignificância: Quando a conduta do agente produzir lesões insignificantes aos bens jurídicos, o fato será penalmente atípico. 
c) Princípio da proibição do regresso: Uma conduta inicialmente lícita não pode conduzir à responsabilização do agente por resultados ilícitos posteriores cometidos por terceiros. 
d) Princípio da autorresponsabilidade ou das “ações a próprio risco”: Aquele que, de modo livre e consciente, e sendo inteiramente responsável por seus atos, realiza comportamentos perigosos e produz resultados lesivos a si mesmo arcará totalmente com as consequencias. 
· Causas dependentes e independentes: Determinados fatores podem interpor-se no nexo de causalidade entre a conduta e o resultado, de modo a influenciar no liame causal. Tais fatores são chamados de concausas ou simplesmente causas.
i. Causas dependentes: São aquelas que se originam na conduta do agente e se inserem dentro da sua linha de desdobramento causal natural esperado. Trata-se daquilo que normalmente acontece, constituindo, assim, decorrências corriqueiras da conduta. Em se tratando de causas dependentes o agente responderá por todos seus desdobramentos. “O que você queria que acontecesse?”
ii. Causas independentes: São as que, originando-se ou não da conduta, produzem por si sós o resultado e configuram algo que normalmente não acontece. Eventos inusitados ou inesperados. Em se tratando de causas independentes, é preciso distinguir entre as causas absoluta e relativamente independentes da conduta do agente. “Como que isso aconteceu?” 
a. Absolutamente independentes: São as que produzem por si sós o resultado e não têm qualquer origem ou relação com a conduta praticada pelo sujeito. Neste caso, afasta o nexo de causalidade, motivo por que o agente não responderá pelo resultado. Estas subdividem-se em:
1. Preexistentes: ANTERIORES à conduta do agente. 
2. Concomitantes: AO MESMO TEMPO à conduta do agente. 
3. Supervenientes: POSTERIORES à conduta do agente. 
b. Relativamente independentes: São as que, somadas à conduta do agente, produzem o resultado. De regra, não se exclui o nexo de causalidade, de forma que o resultado poderá ser atribuído ao agente. Também subdividem-se em preexistentes, concomitantes e supervenientes. 
Obs: nas concausas relativamente independentes supervenientes NÃO HÁ, por força de lei, nexo causal (Art. 13, §1º) 
4) TIPICIDADE, TIPO PENAL E ADEQUAÇÃO TÍPICA: É a relação de subsunção entre um fato concreto e um tipo penal previsto abstratamente em lei. Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele se enquadre ou não na lei penal. Jimenez de Asúa sistematizou essa evolução dividindo-a em três fases: 
a) Fase da independência (Beling – 1906): A tipicidade possuía função meramente descritiva, completamente separada da ilicitude e da culpabilidade. Trata-se de elemento valorativamente neutro. Sua concepção não admitia o reconhecimento de elementos normativos ou subjetivos do tipo. 
b) Fase do caráter indiciário da ilicitude ou da ratio cognoscendi: A tipicidade deixa de ter função meramente descritiva, representando um indício de antijuridicidade. Embora se mantenha, admite-se ser uma indício da outra. Pela teoria de Mayer, praticando-se um fato típico, ele se presume ilícito. Essa presunção, contudo, é relativa, pois admite prova em contrário. Além disso, a tipicidade não é valorativamente neutra ou descritiva, de modo que se torna admissível o reconhecimento de elementos normativos e subjetivos do tipo penal. 
c) Fase da ratio essendi da ilicitude (Mezger – 1931): Mezger atribui ao tipo função constitutiva da ilicitude, de tal forma que, se o fato for lícito, será atípico. A ilicitude faz parte da tipicidade. O tipo penal do homicídio não seria matar alguém, mas matar alguém fora das hipóteses. MAJORITÁRIA. 
5) TIPICIDADE: Divide-se em formal, material e conglobante. 
a) Formal: Adequação da conduta penal ao tipo, podendo ser: De subordinação (Imediata/direta ou Mediata ou mediata/indireta). 
i. Por subordinação imediata/direta: Dá-se quando a adequação entre o fato e a norma penal incriminadora é imediata, direta; não é preciso que recorra a nenhuma norma de extensão do tipo.
 
ii. Por subordinação mediata/indireta: O enquadramento não ocorre diretamente, exigindo-se o recurso de uma norma de extensão para haver subsunção total entre o fato concreto e lei penal. Ex. quando A tenta matar B, mas a vítima se salva, não se enquadrando no crime de homicídio, mas recorre-se a outra norma para fazer subsunção, quer seja o crime tentado. 
b) Material: Consiste em uma efetiva lesão ou ameaça ao bem jurídico protegido. Haverá tipicidade material quando a lesão ou ameaça se der de forma intolerável. A tipicidade material será afastada quando estiver presenteo princípio da mínima ofensividade, da bagatela, adequação social, da subsidiariedade do Direito Penal.
c) Conglobante: De acordo com Eugênio Raul Zaffaroni, o Estado não pode considerar como típica uma conduta que é fomentada ou tolerada por ele mesmo. O fato típico pressupõe que a conduta esteja proibida pelo ordenamento jurídico em um todo, globalmente considerado. Porém, quando algum ramo do direito permitir que alguém se comporte daquela maneira o fato será atípico. 
O direito é um só e dever ser considerado como um todo. Desta forma, para os adeptos desta teoria, as hipóteses previstas no Art. 23 não são excludentes de ilicitude e sim de tipicidade sob prisma conglobante. 
6) REFERÊNCIAS 
a) SUBJETIVAS: Exigência de qualidades específicas para o sujeito ativo/passivo. 
Quando o tipo penal não exige qualidade específica para o sujeito ativo, diz-se que é um crime comum, ou seja, por ser praticado por qualquer pessoa. 
Obs.: Se o tipo penal exigir qualidades específicas para o sujeito ativo será somente crime próprio (caso admita todas as formas de concurso de pessoas), ou impróprio (caso não admita todas as formas de concurso de pessoas). 
b) OBJETIVAS: Referências quanto ao tempo, lugar e modo de execução. Quando o tipo penal não faz referência ao modo de execução diz-se que é um crime de forma livre, caso contrário, será um crime de forma vinculada. 
7) ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO: Dolo ou culpa. 
· DOLO: É a vontade de concretizar as características do tipo (Damásio de Jesus). Trata-se do elemento subjetivo implícito da conduta. Todos os tipos penais são dolosos, excepcionalmente admitirão a modalidade culposa (Art. 18 CP – Princípio da excepcionalidade dos tipos penais culposos). 
· O dolo possui elementos, quais sejam: 
a) Cognitivo ou intelectual: É a representação, a consciência da conduta, do resultado e do nexo causal entre eles; 
b) Volitivo: É a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.
· Espécies: 
a) DOLO ESPECÍFICO: Quando exige um fim especial, fim de agir. Ex. Com intuito de, com o fim de, para. 
b) DOLO DIRETO E DOLO EVENTUAL:
A) Dolo direto: É a vontade do agente dirigida especificamente à produção do resultado típico, abrangendo os meios utilizados para tanto. Art. 18, I, 1ª parte, CP_ 
B) Dolo Eventual (indireto): É a vontade do agente dirigida a um resultado determinado, porém, vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo resultado, não desejado, mas admitido, unido ao primeiro. Mesmo sem querer o resultado, assume o risco de produzir. Art. 18, II, 2ª parte, CP) 
Obs.: Dolo de dano e dolo de perigo. 
Obs.: Dolo de 1º grau e 2º grau 
Obs.: Teoria da vontade e Teoria do assentimento. 
· CULPA: O crime culposo está previsto no Art. 18, II, do CP. Seus elementos são imprudência, negligência e imperícia. 
· Para determinar quando surge a imprudência, negligência ou a imperícia, é necessária a noção de dever de cuidado objetivo. Este corresponde ao dever, que a todos se impõe, de praticar atos da vida com a cautela necessária. 
a) Imprudência: É conduta positiva, que se dá com a quebra de regras de condutas ensinadas pela experiência. 
b) Negligência: Ocorre quando o sujeito se porta sem a devida cautela; Conduta negativa, uma omissão quando o caso impunha uma ação preventiva. 
c) Imperícia: Pressupõe sempre a habilitação legal para o ofício. 
· Espécies: 
a. Culpa sem previsão ou inconsciente: Consciência: Sem previsão (com previsibilidade. Vontade: Não quer o resultado/não aceita. 
b. Culpa com previsão ou consciente: Consciência: Prevê o resultado. Vontade: Acredita que pode evitar
c. Culpa imprópria: De acordo com Rogério Sanches, culpa imprópria é aquela na qual recai o agente que, por erro, fantasia situação de fato, supondo estar acobertado por causa excludente da ilicitude (caso de descriminante putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito e evitável.
· DOLO EVENTUAL X CULPA CONSICENTE: Em ambos o sujeito não quer o resultado que é evitável, entretanto, no dolo eventual, o sujeito aceita o resultado, não se importando. O contrário ocorre na culpa consciente, pois o sujeito acredita que conseguirá evitar o resultado. 
TENTATIVA: A tentativa (conatus), prevista no art. 14, inciso II do Código Penal, ocorre quando, iniciada uma conduta, o delito não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. A tentativa é a realização incompleta do fato típico. Pode ser: 
Cruenta/vermelha: Quando tem lesão ao bem jurídico tutelado. Atinge a pessoa ou coisa a qual deveria recair a conduta. 
Incruenta/branca: Quando NÃO tem lesão ao bem jurídico. 
· Espécies de tentativa: 
Tentativa perfeita (acabada/crime falho/crime frustrado): O agente executa por completo os seus atos (esgota os meios de execução), mas o crime não é consumado por circunstância alheia à sua vontade. 
Tentativa imperfeita: O agente inicia a execução do crime, porém, por circunstancias alheias a sua vontade, NÃO consegue esgotar todos os meios de execução que estavam a sua disposição para atingir o resultado. 
Tentativa qualificada (abandonada). Art. 15 do CP. Ponte de ouro. As pontes de ouro seriam o caminho possível de ser percorrido pelo agente que iniciou a prática de um ilícito penal voltando a corrigir o seu percurso, retornando à licitude. As pontes de ouro está prevista no art. 15 do CP nos institutos da desistência voluntaria e arrependimento eficaz. 
a. Desistência voluntária: O agente desiste ANTES de encerrar os atos executórios, embora dispunha de atos executórios, o agente abandona ação. 
· O agente desiste de continuar a execução do ato que levaria ao resultado delitivo. 
Ex. o agente que, mediante ameaça, busca subtrair um bem de outro, mas desiste voluntariamente. Respondera somente pela ameaça 
Obs.: Nos crimes unissubsistentes não comporta desistência voluntária. 
b. Arrependimento eficaz: Desiste APÓS encerrar os atos executórios + pratica nova conduta para impedir o resultado. 
· O agente executa toda ação criminosa, encerra os atos executórios, e, antes de acontecer o resultado, arrepende-se e evita. 
Ex. Dá veneno a vítima e antes da morte oferece o antídoto. 
Art. 15 – 
1ª parte – execução. Desistência voluntária (interrompe os atos). 
2ª parte – produza. Arrependimento eficaz (pratica todos os atos, mas faz algo para evitar a consumação) 
3ª parte – consumação. 
Tentativa perfeita x Arrependimento eficaz: Em ambos, o sujeito pratica todos os atos executórios desejados, mas na tentativa perfeita não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente, e no arrependimento eficaz, o crime não se consuma pela própria vontade do agente. 
Além disso, na tentativa perfeita há uma minorante (Art. 14, §único do CP) 
No arrependimento eficaz o sujeito responde pelo atos até então praticados (3ª parte do art. 15) 
Tentativa imperfeita x Desistência voluntária: Em ambos, o sujeito não pratica todos os atos. Porém, na tentativa imperfeita, os atos não são praticados por circunstancias alheias a vontade do agente, e na desistência, em razão da própria vontade. 
Ademais, na tentativa imperfeita, o sujeito responde pelo crime desejado com pena reduzida. 
Na desistência, somente pelos atos praticados. 
· Ambos os institutos conferem exclusão da culpabilidade. 
Arrependimento posterior. Art. 16 do CP. Quando o sujeito, nos crimes sem violência ou grave ameaça, repara o dano ou restitui a coisa, voluntariamente, até o recebimento da denúncia ou queixa. A pena é reduzida de um a dois terços. 
Tentativa inidônea, impossível, quase crime. Art. 17 do CP. Ocorre quando o agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou volta-se para objetos absolutamente impróprios, tornando impossível a consumação do crime. 
Ex. manobra abortiva em mulher não grávida, disparo de arma de fogo, com animus necandi, em cadáver. 
AULA 06: ILICITUDE
8) CONCEITO, TEORIAS: Trata-se da contrariedade do fato com o ordenamento jurídico (enfoque formal), por meio da exposição a perigo de dano ou lesão a um bem jurídicotutelado (enfoque material). 
1. A antijuridicidade da conduta deve ser apreciada objetivamente, vale dizer, sem se questionar se o sujeito tinha consciência de que agia de forma ilícita.
A doutrina classifica a ilicitude em genérica e específica 
a) Genérica: Corresponde à contradição do fato com a norma abstrata, por meio da afetação a algum bem jurídico. 
b) Específica: Consiste na ilicitude presente em determinados tipos penais, os quais empregam termos como: “sem justa causa”, “indevidamente”, “sem autorização”. 
2. Na verdade, dessas, só a primeira realmente trata-se de ilicitude. A antijuridicidade específica nada mais é do que uma designação equivocada para determinados elementos normativos de alguns tipos penais. 
9) CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO DESCRIMINANTES LEGAIS, SUPRALEGAIS E PUTATIVAS: Nossa legislação dispõe sobre quatro excludentes de ilicitude, quer sejam: 
a) Estado de necessidade
b) Legitima defesa
c) Exercício regular de um direito 
d) Estrito cumprimento do dever legal 
1. Sendo o fato praticado nessas circunstâncias, não haverá crime! (Art. 23, CP) 
Apesar de o leque legal ser abrangente, a doutrina admite a existência de causas supralegais (não previstas em lei) de exclusão de ilicitude, fundadas no emprego da analogia in bonam partem.
b. Estado de necessidade: Art. 24, CP. A situação de necessidade pressupõe, antes de tudo, a existência de um perigo (atual) que ponha em conflito dois ou mais interesses legítimos, que, pelas circunstâncias, não podem ser todos salvos. Ex. tábua de salvação, Titanic. 
i. Teorias: 
a. Diferenciadora: Afirma que, se o bem salvo for mais importante que o sacrificado, exclui-se a ilicitude, ao passo que, se os bens em conflito foram equivalentes, afasta-se a culpabilidade.
 
b. Unitária: Em quaisquer das hipóteses acima analisadas há exclusão da ilicitude. 
ii. Faculdade ou direito: A doutrina tradicional via no estado de necessidade uma faculdade do agente, não um direito. Para a doutrina moderna, o sujeito tem direito de agir em estado de necessidade. 
iii. Requisitos: 
a. Existência de perigo atual: Perigo é a probabilidade de dano. Embora a lei só se refira ao perigo atual, deve-se admitir o estado de necessidade quando iminente o perigo (analogia em bonam partem). Não se admite a excludente quando PASSADO o perigo ou quando AINDA está por vir. 
b. Ameaça a direito próprio ou alheio: Age em estado de necessidade não somente quem salva direito próprio, mas também quem defende direito de terceiro. 
c. Conhecimento da situação justificante: É fundamental que o sujeito tenha plena consciência da existência do perigo e atue com fim de salvar direito próprio ou alheio. 
d. Perigo não provocado voluntariamente pelo sujeito: O provocador do perigo não pode beneficiar-se da excludente, a não ser que o tenha gerado involuntariamente. 
e. Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado (princípio da ponderação de bens): Na situação em concreto deve-se fazer uma análise comparativa entre o bem salvo e o bem sacrificado (ponderação de bens). Haverá estado de necessidade quando aquele for de maior importância que este, ou, ainda, quando se equivalerem. Caso o bem salvo seja de menor importância que o sacrificado, não haverá estado de necessidade. 
f. Inevitabilidade do perigo: Se o conflito estabelecido entre os bens puder ser solucionado de modo diverso, o fato não se considera justificado, pois a conduta lesiva deve ser o único meio de salvar o bem jurídico. 
g. Inexistência de dever legal de afastar o perigo (Art. 24, §1º): Quem tem dever legal de enfrentar o perigo não pode invocar estado de necessidade. 
iv. Classificação: 
a) Estado de necessidade defensivo: A conduta do sujeito que age em necessidade se volta contra a coisa que provém o perigo – se o perigo foi causado por alguém, contra este é que se dirige o estado de necessidade. 
b) Estado de necessidade agressivo: A conduta do sujeito que age em necessidade se volta contra outra coisa, diversa daquela que originou o perigo, ou contra terceiro inocente. 
1. A distinção acima não tem relevância para o direito penal, mas repercute na esfera cível, pois, no estado de defesa defensivo, afasta a obrigação de reparar o dano causado pelo crime; Outrora, o estado de necessidade agressivo deverá reparar o dano causado ao terceiro inocente pela sua conduta, tendo direito de regresso contra o causador do perigo. 
c) Estado de necessidade justificante: Afasta a ilicitude da conduta. 
d) Estado de necessidade exculpante: exclui a culpabilidade do agente (Não adotado pelo CP) 
e) Estado de necessidade próprio: salva-se bem próprio. 
f) Estado de necessidade de terceiro: salva-se bem alheio. 
g) Estado de necessidade real: Aquele disposto no Art. 24 do CP. 
h) Estado de necessidade putativo: Trata-se o estado de necessidade imaginário (afasta o dolo – Art. 20, §1º, ou a culpabilidade – Art. 21 do CP). 
c. Legitima defesa (Art. 25, CP) 
i. Requisitos: 
a) Existência de uma agressão: É sinônimo de ataque, ou seja, a conduta humana que lesa ou expõe a perigo os bens jurídicos tutelados. A mera provocação não dá ensejo à legitima defesa. Ainda sim a agressão deve ser humana, se for animais será estado de necessidade, salvo se o animal foi provocado por um ser humano. 
b) Atualidade ou iminência de agressão: “A legitima defesa não se funda no temor de ser agredido nem no revide de quem já o foi.” (Noronha); Reação contra agressão passada é vingança. Se a agressão for futura, o agente também comete crime. 
c) Injustiça dessa agressão: Injusta é agressão ilícita (não precisa ser criminosa). 
1. É possível legitima defesa de legítima defesa? Simultaneamente, não. Se uma das pessoas se encontra em legítima defesa, sua conduta contra a outra será justa (lícita), e, por consequência, o agressor nunca poderá agir sobre o amparo da excludente. 
2. Age em legítima defesa quem se defende de agressão de inimputável? Para a doutrina, sim. Uma vez que a injustiça da agressão deve ser aferida objetivamente, ou seja, sem cogitar se o agressor detinha capacidade de entender o caráter ilícito de sua agressão. Porém, para não se chegar em situações absurdas, deve-se entender que contra agressão de inimputáveis só é cabível estado de necessidade, que se exige que o perigo seja inevitável. 
d) Agressão contra direito próprio ou alheio: Qualquer direito pode ser defendido pela excludente: vida, liberdade, honra, integridade física, patrimônio etc. 
e) Conhecimento da ação justificante – elemento subjetivo: Constitui requisito fundamental para a existência da excludente. O agente deve ter total conhecimento da existência da situação justificante para que seja por ela beneficiado. “A legitima defesa deve ser objetivamente necessária e subjetivamente orientada pela vontade de defender.” (Cezar Bittencourt, Manual de Dir. Penal, p. 264) 
f) Uso dos meios necessários para repeli-la: É o meio menos lesivo que se encontra à disposição do agente, porém hábil a repelir a agressão. Havendo mais de um meio capaz de inibir o ataque, deve o sujeito optar pelo menos agressivo, porém, não se pode aferir segundo um critério milimétrico, mas sim, no calor dos acontecimentos. 
g) Uso moderado desses meios: Não basta a utilização do meio necessário, é preciso que esse meio seja utilizado moderadamente. Trata-se, portanto, da proporcionalidade da reação. 
ii. Commodus discessus: Consiste na fuga do local, evitando a agressão que ensejaria a legitima defesa. Ressalta-se que o agente não está obrigado a procurar uma cômoda fuga do local, em vez de repelir a injusta agressão. Desse modo, agirá em legítima defesa se optar por ali permanecer e reprimir a agressão, atual ou iminente. 
iii. Excesso: Predomina na doutrina o entendimento de que o excesso decorre tanto do emprego do meio desnecessário como a falta de moderação. Há duas formas de excesso: 
a. Intencional ou voluntário: Quando o agente tem plena consciência de que a agressão cessou e, mesmo assim, prossegue reagindo visando lesar o bem do agressor. Nesse caso,o agente responderá pelo resultado excessivo a título de dolo (excesso doloso).
b. Não intencional ou involuntário: Se dá quando o sujeito, por erro na apreciação da situação fática, supõe que a agressão não cessou e, por conta disso, continua reagindo sem perceber o excesso que comete. 
1. Se o erro no qual incorreu for evitável (uma pessoa de mediana prudência e discernimento não cometeria), o agente responderá pelo resultado a título de CULPA, se a lei previr forma CULPOSA (excesso culposo). 
2. Se o erro for inevitável (qualquer um cometeria), o agente NÃO RESPONDERÁ PELO RESULTADO EXCESSIVO, afastando o dolo e a culpa (excesso exculpante ou legitima defesa subjetiva) 
iv. Classificação: 
a. Legitima defesa recíproca: É a legítima defesa contra legítima defesa (inadmissível, salvo se uma delas ou todas forem putativas)
b. Legitima defesa sucessiva: É a reação contra o excesso; 
c. Legítima defesa real: É aquela que exclui a ilicitude; 
d. Legitima defesa putativa: É a imaginária, trata-se de modalidade de erro (Art. 20, §1º, ou 21) 
e. Legitima defesa própria: Quando agente salva direito próprio; 
f. Legitima defesa de terceiro: Quando o sujeito defende direito alheio. 
g. Legitima defesa subjetiva: dá-se quando há excesso exculpante (decorrente de erro inevitável) 
h. Legitima defesa com aberratio ictus: O sujeito, ao repelir a agressão injusta, por erro na execução, atinge bem de pessoa diversa da que o agredia. 
v. Ofendículos: Compreendem todos os instrumentos empregados regularmente, de maneira predisposta (previamente instalada), na defesa de algum bem jurídico, geralmente posse ou propriedade. Ex. cerca, caco de vidro, cuidado com o cão. 
1. Se atingir o agressor, será legitima defesa preordenada; se atingir terceiro inocente, será absolvido com base na legitima defesa putativa. 
Obs.: Embora haja dissenso doutrinário a respeito da natureza jurídica do ofendículo (legitima defesa ou exercício regular de um direito), prevalece o entendimento de que sua preparação configura exercício regular de um direito, e sua efetiva utilização diante de um caso concreto, legitima defesa preordenada. 
vi. Legitima defesa x estado de necessidade: 
	Pressupõe agressão
	Pressupõe perigo
	Só uma pessoa está com razão
	Todos têm razão, pois seus interesses e bens são legítimos
	Há ainda quando evitável a agressão 
	Só há quando for inevitável
	Não ocorre contra animal (salvo quando esse for instrumento de uma agressão injusta) 
	Há contra animal
d. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: 
i. Requisitos: 
a. Existência de um dever legal: Ou seja, pressupõe a existência de uma obrigação imposta por norma jurídica de caráter genérico, não necessariamente lei no sentido formal. 
b. Atitude pautada pelos estritos limites do dever 
c. Conduta, como regra, de agente público. Excepcionalmente por particular. 
1. Exemplos de atos lesivos que se enquadram no caso ora em estudo: 
- Art. 292 (violência para executar mandado de prisão)
- Art. 293 (execução de mandado de busca e apreensão e arrombamento) 
- Oficial que executa ordem de despejo 
e. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: Todo aquele que exerce um direito assegurado por lei não pratica ato ilícito. Ocorre quando o ordenamento jurídico autoriza a conduta. 
1. Insta salientar que a excludente pode fundar-se não só em normas jurídicas, mas também nos costumes. Ex. 
Intervenção médico-cirurgica (Se for por profissional não habilitado somente nos casos de estado de necessidade) 
Violencia desportiva (UFC) 
Deforço imediato na defesa da posse 
Flagrante facultativo. 
2. Na teoria da imputação objetiva, aqui o agente cria um risco permitido, logo, afasta-se a imputação objetiva, tornando o fato atípico, deixando de existir como excludente de ilicitude.
AULA 07: CULPABILIDADE
10) CONCEITO, NATUREZA E FUNDAMENTO: Trata-se do pressuposto para aplicação de uma pena ao agente que cometeu um crime (fato típico e antijurídico). Dá-se quando o sujeito for imputável, ou seja, se detiver possibilidade de compreensão da ilicitude de sua conduta e se puder dele exigir comportamento diferente na situação em que se encontrava. 
Hoje a teoria que prevalece é a da teoria normativa pura da culpabilidade, subdivide-se em: 
a. Teoria extremada da culpabilidade:
b. Teoria limitada da culpabilidade: 
1. São teorias coincidentes em seus postulados, salvo no tocante à natureza das descriminantes putativas. 
11) ELEMENTOS DA CULPABILIDADE NA CONCEPÇÃO FINALISTA: Para que alguém possa considerar-se culpável, é preciso que tenha:
a. Imputabilidade: É a capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato (sendo o comportamento reprovado pela ordem jurídica e de determinar-se de acordo com esse entendimento). Em outras palavras, consiste no conjunto de condições de maturidade e sanidade mental a ponto de permitir ao sujeito a capacidade de compreensão e autodeterminação. 
1. A diferença da imputabilidade para responsabilidade penal reside no fato de que esta equivale à obrigação de sujeitar-se às consequências do crime. 
b. Possibilidade de consciência da conduta:
c. Exigibilidade de comportamento diverso: 
12) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE: No ordenamento jurídico pátrio haverá a exclusão da imputabilidade nas seguintes hipóteses: 
a. Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (Art. 26, CP): Se aliada à falta de capacidade de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento, produz a inimputabilidade. 
1. São três requisitos: 
1) Biológico (A causa, ou seja, a doença mental);
2) Psicológico (O efeito, ex, supressão da capacidade de entendimento ou autodeterminação); 
3) Temporal (Ocorrência dos requisitos no momento da conduta); 
Obs.: O sujeito que se encontrar nessas hipóteses e praticar um crime será absolvido impropriamente, aplicando-se uma medida de segurança. 
Obs.: Se, por outro lado, presente a causa, o agente não tiver suprimida mas simplesmente diminuída a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de autodeterminar-se, aplica-se o Art. 26, §único (semi-imputável), nesse caso, poderá ser imposta a pena pelo crime, diminuída de 1 a 2/3, ou uma medida de segurança (Art. 98). A expressão semi-imputável não é adequada, apesar de corrente, tendo em vista que o agente irá responder pelo crime, então será imputável, tendo somente a diminuição da pena.
Obs.: O silvícola (que nasce ou vive na selva, selvagem) inadaptado ao convívio com a civilização, assim como o surdo-mudo alijado da cultura, pode enquadrar-se no Art. 26, caput ou §único. 
b. Embriaguez completa e involuntária – decorrente de caso fortuito ou força maior (Art. 28, §1º): Somente a embriaguez (intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool) completa e involuntária exclui a culpabilidade. 
2. Há três estágios de embriaguez: 
1) Excitação
2) Depressão
3) Sono (letargia)
Obs.: Considera-se embriaguez nas duas ultimas fases, pois retira por completo a capacidade de discernimento. 
Obs.: Embriaguez por caso fortuito (quando se ingere substância cujo efeito inebriante era desconhecido) e Força maior (quando é fisicamente obrigado a consumir álcool ou substâncias de efeitos análogos). 
Obs.: Nos casos de embriaguez voluntária, dolosa ou culposa, aplica-se a teoria da actio libera in causa. 
Obs.: A embriaguez completa e involuntária enseja a absolvição própria, por exclusão da culpabilidade. Se o comprometimento da capacidade de compreensão ou autodeterminação for apenas parcial, incide a causa de diminuição Art. 28, §2º. 
Obs.: No caso de embriaguez patológica (o alcoolismo é equiparado a doença mental), aplica-se o Art. 26 do CP; 
Obs.: A embriaguez pode ainda ter a imposição de medida de segurança; ou aplicação de agravante genérica (Art. 61, II, “l”) quando houver embriaguez preordenada. 
c. Dependência ou Intoxicação involuntária de substância entorpecente (Art. 45, caput, Lei 11343/06): Nesse caso, quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fatoprevisto no Art. 45 da lei de tóxicos, poderá o juiz determinar na sentença o encaminhamento para tratamento médico. 
d. Menoridade (Art. 27, CP e Art. 228, CF/88): Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, aplicando-se-lhes a legislação pertinente: Lei 8069/90 (ECA).
Obs.: O adolescente (maior de 12 e menor de 18) que pratica fato definido como crime ou contravenção, incorre, nos termos do ECA, em ato infracional, sujeito às chamadas medidas socioeducativas. 
3. As quatro primeiras fundam-se no chamado sistema (ou critério) biopsicológico. A última, no biológico. 
13) SISTEMAS BIOPSICOLÓGICOS, BIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS: 
a. Sistema biopsicológicos: Além da causa (bio), é necessário o efeito (psico), ou seja, além do sujeito ser doente mental, estar completa e involuntariamente embriagado etc. (Que é a causa ou origem do problema), é preciso que, ao tempo da conduta (ação ou omissão), não tenha capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (como consequência do problema). 
b. Sistema biológico ou etiológico: A última causa de exclusão da imputabilidade – a menoridade – é puramente biológica, ou seja, basta que o sujeito seja menor de 18 anos para que se considere inimputável, sendo totalmente irrelevante investigar se o sujeito sabia o que fazia (noção de certo ou errado) e podia controlar-se (capacidade de autodeterminação). 
c. Sistema psicológico: Bastaria o efeito para caracterizar a inimputabilidade. 
Obs.: Todas as causas de exclusão da imputabilidade devem fazer-se presentes no exato momento da conduta. 
Obs.: No caso do sujeito, propositalmente se colocar em uma situação de inimputabilidade para cometer crime, p. ex., aquele que se embriaga ou deixa se hipnotizar para cometer o ilícito, aplica-se a teoria actio libera in causa (ação livre de causa), pela qual o agente responde pelo resultado produzido, uma vez que, ao se colocar no estado de inimputabilidade, tinha plena consciência do que fazia. (Respondendo somente se houver dolo ou culpa) 
A) Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado: Se aliada à falta de capacidade de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento, produz a inimputabilidade. Sendo que três são os requisitos: biológico (a causa, ou seja, a doença); psicológico (o efeito, ex. supressão da capacidade de entendimento ou autodeterminação); temporal (ocorrência dos requisitos anteriores no exato momento da conduta. 
1. Caso o sujeito não tiver suprimida, mas simplesmente diminuída sua capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de autodeterminar-se, aplica-se o parágrafo único do art. 26 (semi-imputável). Ex. o silvícola (selvagem), o surdo-mudo alijado da cultura. 
B) Embriaguez completa e involuntária decorrente de caso fortuito ou força maior: Somente a embriaguez completa e involuntária exclui a culpabilidade. Há três estágios de embriaguez: 1) Excitação; 2) Depressão; 3) sono (letargia). Considera-se completa a embriaguez nas duas últimas fases, pois retira por completo a capacidade de discernimento do agente. 
2. Aos casos de embriaguez voluntária, dolosa ou culposa, aplica-se a teoria actio libera in causa
3. Se o comprometimento da capacidade de compreensão ou autodeterminação for apenas parcial, incidirá causa de diminuição de pena (Art. 28, §2º, CP) 
C) Dependência ou intoxicação involuntária por substância entorpecente: Art. 45 da Lei 11343/06
D) Menoridade: Os menores de 18 são penalmente inimputáveis, aplicando-lhes o ECA. 
b. Inexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal de exclusão da culpabilidade: Art.22. Nosso CP prevê duas causas em que não é exigível conduta diversa:
a) Coação moral IRRESÍSTIVEL: A culpabilidade só será excluída quando tratar-se de coação moral. Havendo coação física, gera um fato atípico. 
Possui como requisitos: Ameaça irresistível, devendo ser medida pela gravidade do mal ameaçado. Somente o mal efetivamente grave e iminente tem o condão de caracterizar a coação irresistível. 
Quando o agente pratica o fato sob coação moral irresistível, só é punível o autor da coação. O coagido está isento de pena. 
1. Coação resistível ambos respondem pelo fato, sendo que haverá uma atenuante para o coagido. 
b) Obediência hierárquica: Requisitos: Relação de direito público (hierarquia); ordem superior; ordem ilegal, mas cuja ilegalidade não seja manifestamente evidente. 
2. Discute-se a possibilidade de admitir a existência de causas supralegais (não previstas em lei) de inexigibilidade de conduta diversa: Atente-se que estar-se no campo das normas penais permissivas, para as quais é possível o emprego de analogia in bonam partem. 
AULA 08: TEORIA DO ERRO.
14) CONCEITO DE ERRO. DISTINÇÃO ENTRE ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO: NATUREZA JURÍDICA E EFEITOS: 
Erro, direito penal, corresponde a uma falsa percepção da realidade, que tanto pode incidir sobre situação fática prevista como elementar ou circunstância do crime (erro de tipo), como sobre a ilicitude (erro de proibição). 
Ex. Quando alguém tem cocaína em casa, na crença de que constitui outra substância inócua (talco), comete erro de tipo (Art. 20); 
Porém, se souber da natureza da substância, a qual mantém por supor equivocadamente que o depósito é proibido, há erro de proibição (Art. 21). 
· Há ainda outras modalidades de delito putativo ou crime imaginário: 
1) Delito putativo por erro de proibição: O sujeito realiza um fato que, na sua mente, é proibido pela lei criminal, quando, na verdade, a ação não se caracteriza ilícito penal. Ex. incesto. 
2) Delito putativo por obra do agente provocador: Ocorre quando o agente pratica uma conduta delituosa induzido por terceiro, o qual assegura a impossibilidade fática de o crime se consumar. Ex. policial à paisana finge-se embriagado para chamar atenção de um ladrão, que decide roubá-lo; ao fazê-lo, contudo, é preso em flagrante (Sum. 145 STF) 
a. ERRO DE TIPO: O erro de tipo recai quando o equívoco recai sobre situação fática prevista como elemento constitutivo do tipo legal de crime. O erro de tipo pode ser: 
a) Essencial: É o que retira do agente a capacidade de perceber que pratica determinado crime. Pode ser inevitável (escusável), exclui tipicidade dolosa ou culposa, ou evitável (vencível, inescusável), exclui a tipicidade dolosa, permitindo a punição por culpa se houver previsão legal. 
i. Erro de tipo incriminador: A falsa percepção da realidade incide sobre a situação fática prevista como elementar ou circunstância de tipo penal incriminador. 
ii. Erro de tipo permissivo: O erro recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação (ex. excludente de ilicitude, que se encontram em tipos penais permissivos). 
b) Acidental: Compreende o erro sobre o objeto material, erro na execução e o erro nexo causal. 
1) Erro sobre o objeto material: 
i. Erro sobre a pessoa: Pressuposto: o agente atinge pessoa diversa da que pretendia ofender (vítima efetiva), pois a confunde com outra (vítima visada). Não beneficia o agente, devendo ele responder como se tivesse atingido a vítima (Art. 20, §3º, CP) 
ii. Erro sobre o objeto: Pressuposto: a conduta do sujeito recai sobre a coisa diversa da imaginada. Não beneficia o agente, devendo responder pelo crime praticado. 
iii. Erro na execução do crime: Há duas modalidades de erro na execução. 
· Aberratio ictus (Art. 73, CP): O sujeito erra nos meios de execução (erro-inabilidade), que atinge pessoa diversa da pretendida. Há como espécies: 
- com unidade simples ou resultado único: em face do erro na execução 
b. Descriminantes putativas e as teorias extremada e limitada da culpabilidade: As descriminantes putativas são quaisquer situações nas quais o agente incida em erro por acreditar que está presente uma situação que, se de fato existisse, tornaria sua ação legítima (a doutrina majoritária limita estes casos às excludentes de ilicitude) 
1. Há duas espécies de descriminantes putativas: 
a) Por erro de

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