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Página inicial Administração de Conflitos e Negociações Profª. Me. Cláudia Müller Oportunidades de aprendizagem Apresentar os principais conceitos e fundamentos da Administração de Conflitos, os seus efeitos positivos e negativos e as perspectivas acerca do tema. Demonstrar os tipos de conflitos existentes e as competências para a negociação e a administração desses conflitos. Apresentação Geral da Disciplina Quem nunca, não é verdade? Quem nunca passou por momentos tensos no trabalho ou na vida atire a primeira pedra. É sobre isto que falaremos: conflito, tensão, emoção, desfecho no ambiente de trabalho. Conheçamos a situação pela qual passou uma coordenadora de RH em uma empresa. Ângela foi promovida ao cargo, e foi aí que seus problemas começaram. Como coordenadora, Ângela tinha uma equipe de 12 pessoas que precisava liderar, sem nunca ter feito isso na prática, e um par — outro coordenador de área que decidiu competir com ela. O jogo era simples: tudo o que ela fazia era criticado e comentado para as equipes (dele e dela), logicamente, eram críticas desmoralizantes, instalando um clima de “fofoca” intenso e colocando as pessoas contra Ângela. O colega não deixava de se sentar em frente ao diretor responsável pelas duas áreas para falar dos defeitos que ele acreditava que Ângela tinha, conforme o seu ponto de vista, sobre o trabalho dela. Quando ela percebeu a situação, porque não poderia https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial https://getfireshot.com https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial acreditar nisso ao considerar a amizade que tinham até então, percebeu, também, que precisava tomar decisões. Aqui, foi o seu grande momento de dificuldade, ou seja, ela não sabia o que fazer e se sentia vulnerável dentro dessa situação. Não sentia o respeito e credibilidade de sua equipe em relação a ela, pessoas passaram a não cumprimentá-la e a falar mal de tudo o que ela fazia e representava. Por outro lado, frente às outras áreas e empresas do grupo, Ângela tinha um imenso respeito e era valorizada pela história que havia construído ao longo dos anos. Era procurada por diretores e demais pessoas da empresa para trocar ideias, conselhos e orientações. O que dizia tinha muito valor. Ela se sentia muito orgulhosa por ser referência para algumas pessoas, mas muito incomodada com a situação que se tornava recorrente. Frequentemente, alguém comentava que o colega coordenador havia falado algo que a desqualificava e que ela deveria se cuidar. Por outro lado, percebia que seu diretor não tomava qualquer atitude. Ela pensava em duas possibilidades: o diretor não concordava com o coordenador nas suas observações sobre ela, ou ele não queria se envolver, pois teria que dar um basta à situação. De qualquer forma, a tensão no trabalho aumentava a cada dia, fazendo com que ela perdesse o foco nas suas entregas e se atrapalhasse com a equipe, deixando de exercer sua liderança como devia. E agora? Que atitude tomar? Ângela estava tensa e com medo do rumo que as coisas poderiam tomar. Parou para pensar em como resolver essa situação que se formou a partir de sua promoção. Uma ideia estava clara para ela: não sabia se defender. Entretanto, algumas hipóteses surgiram: Devo conversar com esse colega para entender o porquê de tamanha hostilidade? Devo conversar com meu diretor para entender, sob a visão dele, o que estava acontecendo e sondar qual era a opinião dele a respeito das atitudes do colega e qual era a visão que tinha sobre ela? Devo chamar uma consultoria externa de RH para trabalhar a relação da equipe comigo e reforçar meu papel de liderança? Devo pedir para mudar de área e ir para outra empresa do grupo? Devo me aconselhar com outras pessoas da empresa em quem confio e conhecem o colega? Devo pedir demissão, já que não estou fazendo um bom trabalho? Talvez, a saída mais fácil para Ângela fosse pedir para sair da empresa, seja ao se demitir ou ao se transferir para outra do grupo. Ela, porém, ficou impactada com essas possibilidades, pois acreditava que poderia fazer um bom trabalho se tivesse um ambiente mais propício. Frente a isso, a decisão de conversar com seu diretor para levantar a percepção dele sobre o caso e entender o porquê de ele não tomar nenhuma atitude poderia caracterizar um pedido de ajuda, a depender do tom da conversa. Contudo, antes disso, ela poderia ter outra visão sobre o assunto ao conversar com outras pessoas de sua confiança e que conheciam os dois. Apesar disso tudo, não considerou conversar com o colega, pois seu sentimento em relação a ele já não era dos mais nobres. A contratação de uma consultoria externa para reforçar sua liderança e seu papel na equipe, blindando-a de influências negativas externas, era a solução mais simpática para ela, sem, contudo, deixar de falar com o seu diretor. Conflito pode ser entendido como um momento de tensão promovido pela falta de convergência entre interesses, pensamentos, valores e princípios entre duas pessoas, entre áreas ou entre empresas. Nesterkin, Porterfield & Li (2016) dividem os conflito em dois: tarefas — quando não há entendimentos sobre uso de recursos, papéis, prioridades — e comportamentais — quando ações de pessoas geram tensão, discórdia e afastamento. Os efeitos negativos do conflito estão associados aos conflitos disfuncionais que levam ao embate e tensão, contudo podem nos levar a rever posições e chegar a outras soluções que nos proporcionam crescimento e, até, estreitamento de laços (conflitos funcionais). Garbeline (2016) aponta que, se não ocorrem conflitos, a tendência é de acomodação de ideias por não haver divergências que levariam à resolução de problemas de forma criativa, aumentando a produtividade e eliminando a estagnação. A autora segue afirmando que, quando deixamos de ver uma situação como problema e a percebemos como oportunidade, ela se torna um estímulo para o crescimento. Por isso, as lideranças precisam estar atentas sobre o que acontece nas relações e interações das pessoas de sua equipe, entre ela e entre os demais da empresa. Assim, com uma leitura do cenário, tem a condição de saber se está na hora de intervir e se é pertinente essa intervenção. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial https://getfireshot.com Até meados de 1960, a preocupação com conflito não fazia parte do escopo das lideranças e não era bem-vinda. Descreve-se, aqui, a perspectiva racional. Ela é focada na tarefa, ou seja, objetivos mal formulados e comunicados, procedimentos mal realizados eram insumo para desavenças e tensão (ARAÚJO; GUIMARÃES; ROCHA, 2005). A perspectiva natural está fundamentada pela escola das relações humanas. O comportamento das pessoas passa a ser percebido pelos líderes, mas ainda com conotação disfuncional. A perspectiva dos sistemas abertos traz um olhar para o conflito sob a ótica interorganizacional e intraorganizacional, ou seja, de dentro e fora da empresa (ARAÚJO; GUIMARÃES; ROCHA, 2005). Já o modelo interacionista é mais contemporâneo. Esse modelo sustenta que o conflito precisa ser estimulado para que encoraje os líderes a manterem suas equipes autocríticas e criativas (ROBBINS, 2005; MOREIRA, 2012). Assim, entende-se que o modelo interacionista promove que a equipe se desenvolva, mas sem deixar de ser gerida da melhor forma. As consequências que os conflitos trazem, portanto, podem ser positivas ou negativas. Isso dependerá de como a organização e a liderança pretendem encará-los. Há aspectos positivos e negativos a serem considerados para tomar a decisão sobre o fenômeno que está acontecendo. Então, como será que se deu o desfecho do caso da Ângela? Depois de muito pensar, ela conversou com o seu diretor e entendeu que a falta de sua intervenção era porqueele não queria se envolver no conflito e achava que os dois coordenadores deveriam resolver suas questões sozinhos. Então, ela solicitou a intervenção de uma consultoria externa que fizesse um trabalho de desenvolvimento com ela e com a equipe. Foi um momento importante, em que as pessoas puderam alinhar suas semelhanças e diferenças entre si e com a coordenadora. Para Ângela, ouvir de sua equipe suas necessidades e o quanto esperavam dela foi determinante para que construísse sua atuação enquanto liderança. Assim, começou a enfrentar os ataques mais à frente usando de diplomacia e respaldada pela própria equipe e sua história na empresa. Nesse meio tempo, veio o convite de uma das empresas para que assumisse uma posição mais estratégica, com atuação nacional, e não somente local, como estava no presente. Feitas as ponderações e combinações, Ângela aceitou o desafio e trocou de empresa dentro do grupo. No entanto, os problemas não acabaram, surgiram outros conflitos com outras pessoas, mas isso é assunto para a próxima unidade! Ao viver essa situação, Ângela percebeu que três competências estavam associadas ao seu perfil e que foram importantes para que houvesse o desfecho adequado para a situação: Resiliência: no sentido de transformar o que estava acontecendo em algo que fosse benéfico para si e sua equipe. Foi capaz de olhar para frente e traçar um futuro mais próximo do que desejava. Resolução de problemas complexos: capacidade de analisar o contexto e tomar decisões com atitudes que pretendem resolver a situação. Manejo do estresse: capacidade de controlar emoções sendo inteligente emocionalmente, direcionando seus sentimentos para algo que construa uma nova perspectiva e contribua para um novo e melhor desfecho. Em pauta Acesse e ouça o podcast pensado para você. Nele, você poderá conhecer o ponto de vista de alguém experiente sobre como perceber o conflito nas organizações. É a vida real traduzida em tempo real. Aproveite! Disponível aqui Avançar https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial https://getfireshot.com https://www.google.com/url?q=https%3A%2F%2Fapigame.unicesumar.edu.br%2Fqrcode%2F6627&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNGpaxsNB2T5bd0sRoQR9wg71Ph4Sg https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial/unidade-1 UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial https://getfireshot.com Página inicial UNIDADE 1 Você já se encontrou em uma situação em que precisava entregar o projeto e, como gestor desse projeto, dependia de uma equipe coordenada pelo arquiteto de aplicações, Larry Berman, que começa a apresentar problemas de comportamento, prejudicando as entregas e colocando sua posição em risco? Essa é a situação que Carlos Guerrero, diretor de estratégia digital, está enfrentando. Sua empresa fechou um grande negócio com um cliente importante e precisa entregar um aplicativo de venda de comida em determinado prazo. A CEO e o conselho da empresa estão cobrando os resultados, e Carlos se encontra entre a equipe que está perdida pela ausência de Larry e pela dificuldade de comunicação com ele e o comportamento inadequado que o coordenador apresenta. Larry não comparece há dias na empresa, as pessoas não sabem o que já foi feito do projeto, quais contratos foram efetivados, e quais ações, tomadas. A equipe percebe que Larry trabalha de casa, às vezes, por toda a madrugada e continua durante o dia, ou seja, não dorme. Por vezes, vai à noite para a empresa e responde a vários questionamentos por e-mail, dando o posicionamento do projeto e dorme na sala de reuniões. Por meio desses retornos, Carlos e a equipe têm condições de agir no backlog do projeto. Mike, o desenvolvedor, é quem cumpre o papel de liderança da equipe na ausência de Larry. Ele está preocupado com o colega, pois seu comportamento está piorando a cada dia. Por vezes, Larry atende aos telefonemas sendo ríspido em sua fala, mas, outras, não. Quando Larry vai até a empresa, trabalha o dobro do que o restante da equipe. Mike contou que Larry estava morando sozinho após sua separação e que notou a diferença quanto à sua aparência, a qual está totalmente descuidada: usa roupas sujas, e há nítida falta de banho. A equipe já avisou a Carlos que o prazo de entrega não será cumprido, o que é inadmissível pela CEO e pelo conselho. Carlos está em um dilema sobre o que fazer com Larry, considerando os conflitos que ele mesmo está enfrentando consigo, com a equipe, com sua CEO e o conselho e com o cliente. Que atitude Carlos deveria tomar em relação a Larry? Ele não está contribuindo para facilitar uma decisão. Como diretor e líder do projeto, Carlos tem o papel de contemporizar todos os envolvidos e responder as demandas de todos: subordinados, superiores e cliente. A possibilidade de adiar a entrega do aplicativo está descartada por ele, por outro lado, tem uma equipe estressada, cobrando uma atitude dele. Coloque-se no lugar do diretor de estratégia digital e o ajude a pensar sobre o que fazer em relação a Larry e ao projeto. Tudo certo? Como Carlos, pergunte-se: Quais são os reflexos que as atitudes de Larry trazem para a equipe do projeto? O que a equipe espera que eu faça? Abro a situação para minha CEO e argumento o atraso do projeto? Converso com Larry, explicando a situação e verificando possíveis alternativas de solução? Como eu estou me sentindo com essa situação? https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial O que eu faço com Larry? Ao levar em conta todo o cenário, talvez, a solução mais simples, ou até óbvia, seria a demissão de Larry, mas isso não é considerado devido ao histórico anterior apresentado pelo arquiteto de aplicações. Carlos poderia pedir ajuda ao departamento de RH da empresa, o qual teria um papel de interlocutor e pensaria alternativas junto a ele. Poderia, também, seguir uma postura de liderança mais humana ao indicar um terapeuta que fizesse uma avaliação psicológica e indicasse tratamento e medicação que o fizessem retomar o prumo, afastando Larry enquanto se trata, assim Carlos e Mike poderiam assumir a coordenação interina do projeto, salvaguardando o prazo de entrega. Carlos poderia conversar com Larry e expressar sua preocupação com ele e com seu comportamento imprevisível, que está afetando o seu trabalho e a equipe. DEFINIÇÃO E CONCEITOS O conflito é estudado há milênios, pois ele faz parte da natureza humana. Em nossas vidas, passamos o tempo todo resolvendo conflitos. Por exemplo: lembra, hoje pela manhã, quando o seu despertador tocou? “Levanto ou fico mais cinco minutos?”, você pensou. E, no café da manhã, “só mais uma torradinha... Como ou não como?”. E assim em diante, até chegar em seu trabalho e se deparar com outras sequências de conflitos. A questão está em como resolvemos cada um deles. Para isso, vamos entender um pouco mais sobre o que são conflitos no âmbito organizacional? A boa notícia é que o termo conflito e a maneira para resolvê-lo evoluíram ao longo do tempo, à medida em que eram vivenciados e percebidos. Isso ocorreu devido ao novo posicionamento dos consumidores quanto às suas exigências, à competitividade dos mercados, ao ciclo de vida dos produtos mais curtos, às relações de trabalho com outras configurações, dentre outros motivos. Assim, as empresas se adaptavam por meio de reestruturações ou sucumbiam às novas formas do ambiente ao qual pertenciam. Consequentemente, a definição de conflito passa a ser ampla e se modifica conforme a evolução da sociedade (ALVAREZ; AGUIAR; FORMOSO, 2017). Precisamos considerar que há diferenças entre as organizações baseadas no conhecimento e as organizações tradicionaisno que se refere ao paradigma de negócios, tendo características específicas e distintas, processos organizacionais, estilo de gestão e estratégia de negócios, além de enfrentarem dificuldades na gestão de pessoas e de seus conflitos (LIU; QU; SUN, 2009). Conflito nas organizações, de qualquer maneira, sempre foi visto como algo complicado e inadmissível, mas inevitável. Embora tenham ocorrido mudanças na forma como é gerenciado ao longo do tempo, ele sempre foi visto como reclamações e disputas entre colaboradores e empresa, entre pessoas e grupos (CURRIE et al., 2017). Para ilustrar a evolução do tema, conheceremos algumas definições que mostram exatamente o que estamos falando: https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Quadro 1 - Definições de Conflito / Fonte: a autora. Ao conhecermos os diversos ponto de vista sobre o conceito de conflito, percebemos algo em comum entre as definições: tensão entre pessoas desencadeada por divergências nas tarefas e no relacionamento interpessoal, os quais dificultam e limitam a coesão e a eficiência do grupo. Costa e Martins (2011 p. 3) afirmam que : [...] o conflito de tarefa ou cognitivo decorre da percepção de desacordo entre os membros de um grupo sobre o conteúdo de suas decisões, podendo desenvolver diferentes pontos de vista, ideias e opiniões. Conflitos relacionais ou conflito emocional decorre da percepção de incompatibilidade interpessoal, envolvendo tensão, irritação e raiva envolvendo os membros do grupo considerando suas possíveis consequências para o grupo. Na visão de Ayoko e Härtel (2006), os líderes de equipes não podem se furtar da capacidade de perceber e reconhecer processos emocionais das pessoas, bem como de promover processos emocionais positivos. Portanto, reconhecer conflitos é premente na função da liderança. Para identificá-los, o(a) líder necessita estar atento(a) às seguintes situações (FERNANDES NETO, 2005): Choque entre a cultura organizacional e os valores do funcionário. Problemas de comunicação entre setores da organização. Estratégias erradas adotadas pela gestão. Metas inatingíveis definidas pela gestão. Poucos funcionários para atingir uma produtividade excessiva. Estresse diário. O(A) líder deve ter bem claro que negligenciar a administração do conflito é colocar o negócio em risco, já que a reação da equipe pode ser de boicote aos resultados a serem entregues. Esse comportamento pode prejudicar a imagem da empresa no mercado e junto ao cliente. Portanto, a liderança precisa estar atenta aos níveis de conflito e buscar estratégias para dirimi-los. Assim, inclusive, aumenta seu poder de influência, persuasão e espaço de liderança junto à sua equipe e à empresa como um todo. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com EFEITOS POSITIVOS E EFEITOS NEGATIVOS DO CONFLITO Percebemos que o conflito está por toda parte, inclusive, na sua empresa, já que, onde dois ou mais estiverem reunidos, o que configura um grupo de pessoas, as divergências de ideias, objetivos e demais fatores poderão ocorrer. Os conflitos podem ser vistos pelos gestores como problemas, mas podem trazer benefícios às atividades da organização (FRIEDRICH; WEBER, 2014). Estamos falando de interação entre pessoas, as quais são imprevisíveis e dependerão do grau de maturidade emocional de cada um. Por isso, uma das competências mais importantes são todas aquelas relacionadas à inteligência emocional. Contudo, trataremos dela com mais afinco na Unidade 2. Enfim, conflito é bom ou ruim? A própria palavra já nos induz a pensar que algo desagradável está acontecendo e que nos levará a discussões, embates e perda de produtividade (conflito disfuncional). Contudo, esses embates podem nos levar a rever posições e chegar a outras soluções dos conflitos que nos proporcionam crescimento e, até, estreitamento de laços (conflitos funcionais). Garbeline (2016) aponta que, se não ocorrem conflitos, a tendência é de acomodação de ideias por não haver divergências que levariam à resolução de problemas de forma criativa, aumentando a produtividade e eliminando a estagnação. A autora segue afirmando que, quando deixamos de ver uma situação como problema e a percebemos como oportunidade, ela se torna um estímulo para o crescimento. Assim, procuramos novas formas de nos recriarmos e superarmos desafios. São os conflitos funcionais que nos levam até uma resolução positiva e nos fazem crescer. Já os conflitos disfuncionais atrapalham o desempenho do grupo, uma vez que são gerados por disputas e desacordos pessoais. As repercussões positivas dos conflitos apontadas por Garbeline (2016) são elencadas a seguir: São indicadores para avaliar o que é preciso melhorar. Acrescentam ao crescimento profissional e organizacional. Contribuem para que as metas sejam alcançadas. Estimulam a criatividade. Promovem a coesão entre as pessoas, à medida que se unem para resolver problemas. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com A partir disso, os ganhos para a organização passam a ser: incentivo a novos pensamentos, levantamento de dúvidas, construção de relacionamentos, abertura a novas possibilidades, esquivamento da estagnação (LEIGH, 2015). Quando os conflitos não são percebidos ou tratados, porém, trazem repercussões negativas à empresa (GARBELINE, 2016): Tensão e desacordo entre os envolvidos. Desmotivação e incertezas impactando a produtividade. Desvio do foco principal. Desperdício de tempo e esforços. A autora complementa que todos esses aspectos geram desperdício de tempo, esforço e dinheiro, pois toda energia que deveria estar no trabalho é deslocada para resolver conflitos que também acarretam em desequilíbrio emocional. O resultado é um ambiente de trabalho negativo e desagradável a todos, considerando que as animosidades entre as pessoas e setores dificultam a evolução das pessoas e do trabalho. Quadro 2 - Pontos positivos e negativos do conflito / Fonte: Garbeline (2016, p. 49). Os conflitos funcionais, então, por sua vez, podem contribuir para o crescimento da empresa ao gerar vantagem competitiva e colocá-la na vanguarda dos negócios. No entanto, e os conflitos disfuncionais? Eles são a antítese dos conflitos funcionais por trazerem prejuízos ao convívio dos envolvidos, enfraquecendo sua disposição de trabalho e de trazer resultados. Identificamos esse conflito quando percebemos disputas de ideias, inveja, ciúmes e competição pessoal. Ainda: desmotivação, indisposição e mal entendidos sucessivos. Duhá (2007) atribui a esses comportamentos a personalidade dos envolvidos e os critérios afetivos, o que dificulta que se concentrem no seu trabalho e pode levar, inclusive, a medidas drásticas de demissão ou troca de setores por parte da empresa. O conflito disfuncional pode acarretar algumas ações: insubordinação, produtividade reduzida, clima organizacional negativo, criação e inovação em baixa e prazos descumpridos (GARBELINE, 2016). De qualquer maneira, a liderança necessita estar atenta ao que ocorre em sua equipe e empresa para que não seja surpreendida com a falta de resultados oriunda de conflitos disfuncionais não tratados. Quando o conflito é moderado e bem gerenciado, torna-se um aspecto positivo para a instituição (...) Contudo, quando o conflito é grande, a equipe o vivencia a maior parte do tempo, buscando possíveis soluções, desviando seu foco do restante do trabalho e “guerreando” entre si (GARBELINE, 2016, p. 55). É necessária uma intervenção da liderança para a retomada de propósito e resultados e coragem para administrar todas as demandas que o conflito impõe. PERSPECTIVAS RACIONAL, NATURAL E https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com DOSSISTEMAS ABERTOS E CRÍTICAS SOBRE CONFLITOS O nosso objetivo com este tópico é definir as perspectivas sobre o conflito: racional (existência mediante deficiência da organização) e relacional ou natural (situação normal), bem como as perspectivas dos sistemas abertos (oportunidades para o desenvolvimento organizacional). Para seguir adiante, voltaremos um pouco no tempo. Vamos até a Administração Científica de Taylor, o qual se preocupava com a eficiência da produção, simplificando o trabalho e padronizando procedimentos com o intuito de achar a melhor maneira de se realizar a tarefa e reduzir os custos de produção (WAGNER III; HOLLENBECK, 1999). Dessa forma, espaço para conflitos não era a preocupação dos gestores e não era bem-vindo, os conflitos eram indesejados. Essa perspectiva seguiu até meados da década de 1960: tratava-se da perspectiva racional (ARAÚJO; GUIMARÃES; ROCHA, 2005). Seguindo um pouco adiante nos estudos, chegamos à Escola das Relações Humanas, que se conecta com a perspectiva natural ou relacional, e, por fim, à Escola das Contingências, de Galbraith, que compactua com a perspectiva dos sistemas abertos. Nesse momento, a abordagem mais atual é a interacionista ou contemporânea — que defende a administração do conflito e entendimento do seu fenômeno (ARAÚJO; GUIMARÃES; ROCHA, 2005). Entendamos um pouco mais sobre cada uma das perspectivas, iniciando pela racional. Scott (1998) afirmou que o conflito seria gerado pela falta de definições claras sobre objetivos ou formalização da organização. Com regras bem descritas e controles assertivos para o alcance de objetivos, não haveria espaço para conflito, pois ele estaria alicerçado na estrutura, e não nas pessoas. A perspectiva natural ou relacional surge quando fatores correlacionados ao comportamento humano passam a ser percebidos, demonstrando, assim, as limitações da perspectiva racional. Essas limitações se tornaram claras pela inabilidade dos gestores para resolver problemas, perceber falta de recursos e acesso a informações. Surge o foco na coletividade, já que o comportamento humano passa a ser considerado e estudado. Despontam as estruturas informais que consideram os objetivos das pessoas em detrimento das estruturas formais que se alicerçam nos objetivos organizacionais. Por consequência, o conflito social passou a ter mais importância, incluindo as atitudes dos indivíduos. Dessa forma, o conflito passou a ser visto como um fenômeno natural nas empresas. Contudo, alguns ainda acreditavam que ele era maléfico ao cotidiano, ressaltando a visão disfuncional[SC1] [CM2] [SC3] (ARAÚJO; GUIMARÃES; ROCHA, 2005). Entretanto, outros já pensavam como apontado por Robbins (2005, p. 327): “seus seguidores racionalizam a existência do conflito: ele não pode ser eliminado e há ocasiões em que ele pode ser até benéfico para o desempenho do grupo.” A terceira perspectiva ressalta a organização como um sistema aberto, pois as outras perspectivas consideravam a empresa como um sistema fechado. Um sistema é aberto quando está sob influência do ambiente que está à sua volta, o qual é fonte de recursos e produtos, portanto é preciso que a organização seja sensível e se ajuste às demandas do ambiente onde se encontra (WAGNER III; HOLLENBECK, 1999). Agora, as organizações estão mais complexas pela falta de demarcação de limites, o que torna a coordenação mais problemática. É um campo fértil para o fenômeno do conflito por dois fatores: interorganizacionais (trabalho em rede) e intraorganizacionais (influência do sistema internamente e aos seus integrantes) (ARAÚJO; GUIMARÃES; ROCHA, 2005). Nesse momento, surge o modelo interacionista, o qual trata, de forma mais contemporânea, o conflito. Esse modelo sustenta que o conflito precisa ser estimulado para que encoraje os líderes a manterem suas equipes autocríticas e criativas (ROBBINS, 2005; MOREIRA, 2012). Assim, entende-se que o modelo interacionista promove que a equipe se desenvolva, mas sem deixar de ser gerida da melhor forma. Robbins (2005) enfatiza que, enquanto o modelo das relações humanas aceita o conflito, os interacionistas o estimulam, baseados na visão de que um grupo harmonioso e cooperativo tende a não atender às necessidades de inovação e mudança. Portanto, acreditam que se deve manter um nível razoável de conflito para que impulsionem os processos organizacionais como a criatividade e a aprendizagem organizacional. Uma vez que se pode afirmar que as escolas de Administração contribuíram para a visão sobre o conflito, também é correto afirmar que o entendimento sobre conflito evoluiu junto. Hoje, tem-se a decisão entre evitá-lo e motivá-lo, considerando qual escolha será mais adequada para a situação vivida. Por vezes, eliminar o conflito não será a melhor opção, sendo o caráter funcional e disfuncional o elemento que apoiará a decisão do gestor (MOREIRA, 2012). https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Em pauta Ouçamos a discussão de profissionais em uma mesa, intitulada “Como surgiu esse conflito?”. Este podcast tem como objetivo trazer a visão de como os gestores podem entender a origem do conflito nas organizações e as suas repercussões nos resultados. Surpreenda-se com essa discussão e aprenda como os gestores pensam essa questão. Imperdível! Disponível aqui MANIFESTAÇÕES E CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO Neste tópico, definiremos os cinco estágios do conflito organizacional e as consequências de conflitos não resolvidos para as pessoas e organizações. Robbins (2005) sugere a análise de conflitos para que possam ser identificados, compreendidos e resolvidos pelo gestor ao utilizar cinco estágios, os quais conheceremos a seguir: https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com https://www.google.com/url?q=https%3A%2F%2Fapigame.unicesumar.edu.br%2Fqrcode%2F6628&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNFXAr4vhrG-Jm3Pz2oCGCjUMDpvOQ Quadro 3 - Processo do conflito / Fonte: adaptado de Robbins (2005). A partir de agora, aprofundaremos em cada um dos estágios no seu entendimento, já que Robbins (2005), por meio do processo de conflito, oferece ao gestor uma ferramenta para saber gerenciar situações de conflito. Cada estágio é uma sequência de ações, perceba. Estágio I: oposição potencial ou incompatibilidade Esse estágio se refere à gênese de uma situação conflituosa. Aqui, é possível perceber as fontes de conflito. Robbins (2005, p. 327) traz a ideia de que “o primeiro passo do processo do conflito é a presença de condições que criam a oportunidade para o seu surgimento”. Entretanto, basta a presença de uma delas para que ele aconteça, mesmo que tais condições não necessariamente levem ao conflito propriamente dito. Robbins (2005) divide esse estágio em três subcategorias: https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Quadro 4 - Categorias do estágio I / Fonte: adaptado de Robbins (2005). A partir do momento em que o autor sintetiza as fontes de conflito nesses três subgrupos, os quais se relacionam com o ambiente organizacional, é possível analisar a forma como se manifestam e são notados no ambiente. Estágio II: cognição e personalização É neste estágio que o conflito é percebido, contudo, só se manifestará se a situação instigar, na parte afetada, aspectos emocionais negativos, ou seja, é necessário haver a percepção por uma ou mais partes, que tomarão consciência do que está ocorrendo. Mesmo assim, pelo fato de ser percebido, não quer dizer que será personalizado. Ele se caracteriza somente quando o sentimento é envolvido, como ansiedade, tensão, frustração ou hostilidade (ROBBINS, 2005). Quadro 5 - Processo do conflito: síntese do estágio II / Fonte: adaptado de Moreira (2012). https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1https://getfireshot.com Estágio III: intenções Robbins (2005) explica esse estágio ao afirmar que conflitos são provocados pelo equivocado entendimento sobre a intenção da outra pessoa. Complementa seu pensamento assegurando que ocorre um certo tempo entre a intenção e o comportamento, fazendo com que o comportamento não reflita fielmente as intenções da outra pessoa. Por isso, entende-se que as intenções são postas entre percepções, emoções e o comportamento explícito da pessoa, determinando a maneira de agir. Percebe-se, então, que as intenções orientam a forma de agir, uma vez que os envolvidos definem seus propósitos. Inclusive, as intenções podem mudar ao longo do processo do conflito seja por reconceituação da situação ou por reação emocional ao comportamento da outra parte (ROBBINS, 2005). As intenções primárias, descritas por Robbins (2005), são definidas da seguinte forma: Competir: não há preocupação com o impacto que isso terá sobre as outras partes, apenas a busca da satisfação de seus próprios interesses. Colaborar: é a busca de resultados mutuamente benéficos pelas partes conflitantes. Há um desejo de satisfazer os interesses de ambas. Evitar: é a tentativa de livrar-se do conflito, porém sem deixar de reconhecê-lo. Acomodar-se : quando uma das partes se dispõe a colocar seus interesses antes do outro, tentando apaziguar a situação. Conceder: quando se encontra uma solução que satisfaça, parcialmente, os interesses de ambas as partes, e a outra concede. Divide-se o conflito e se aceita a condição de que não há vencedores ou vencidos. Para gerenciar essas intenções primárias, a liderança terá um papel de mediador, contando com o comportamento de cada um da equipe. Robbins (2005, p. 331) aponta que “em uma situação de conflito, algumas pessoas sempre querem ganhar a qualquer preço, outras procuram uma solução ótima, algumas tentam fugir do conflito, outras tentam se acomodar e há as que procuram ‘repartir a diferença’” Estágio IV: comportamento O que ocorrerá nesse estágio será fruto do que foi promovido nos estágios dois e três, ou seja, a análise do comportamento em relação à situação de conflito será reflexo das consequências de tais situações. Aqui, os conflitos se tornam explícitos, identificados, muitas vezes, pelos comportamentos antagônicos manifestados pelas divergências de ideias e percepções. Nesse estágio, passa-se a observar, fisicamente (ações e reações), o que antes era percepção do indivíduo. Esse comportamento conflituoso é relevante para o estudo da gestão do conflito (ROBBINS, 2005). Estágio V: consequências O último dos estágios do processo de conflito é o resultado das ações e reações frente ao nível do conflito manifesto e sobre as intenções de cada parte (MOREIRA, 2012). De qualquer forma, os resultados podem ser funcionais (bons/positivos) ou disfuncionais (maus/negativos) para o grupo. Veja as considerações de Robbins (2005): https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Quadro 06 – Processo do conflito: síntese do estágio V / Fonte: adaptado de Moreira (2012). Mesmo em um ambiente em que haja condições, é difícil pensar em funcionalidade em situações de conflito. A tendência é pensar nas consequências indesejadas: descompasso de comunicação, redução da coesão do grupo, subordinação das metas do grupo a prioridades das lutas entre seus componentes e, inclusive, anestesia do grupo, ameaçando a sua sobrevivência (MOREIRA, 2012). De qualquer maneira, valendo-se da teoria interacionista, pode-se extrair, de uma situação conflituosa, uma série de benefícios, tais como: a motivação e a criatividade, não só no sentido da interação interpessoal, mas, também, para a resolução de conflitos (MOREIRA, 2012). Quando falamos em responsabilidade para a resolução de conflitos, colocamos esse papel na função do líder, porém não será somente ele o responsável sobre qual caminho seguirá a questão conflituosa, já que cada membro do grupo, também, é agente sobre os rumos pelos quais as coisas seguirão. Por causa disso, é premente que a habilidade de saber lidar com esse tipo de situação seja ensinada e desenvolvida nas pessoas e na figura da liderança, por causa da iniciativa em tomar a frente para dirimir situações que precisam ser avaliadas. A decisão entre tomar uma atitude ou não dependerá de uma série de fatores que já descrevemos neste material, mas é importante estar consciente de que consequências surgem quando os conflitos não são tratados. Garbeline (2016) alerta que, quando a energia da equipe se concentra em “guerrear”, falta fôlego para cumprir as metas organizacionais. Assim, os conflitos disfuncionais se ampliam, prejudicando o andamento dos planos da empresa e desgastando as relações. Nascimento e Sayed (2002) já afirmavam que as consequências de não se observar o lado negativo dos conflitos gerava as seguintes consequências: Desvio do foco dos reais objetivos, colocando as lentes no conflito do grupo envolvido e mobilizando recursos e esforços para a sua solução. Percepção de que, sempre, o mesmo grupo perde, prejudicando a sua compreensão e socialização com as pessoas na organização. Desenvolvimento de estereótipos em relação aos envolvidos, surgindo os perdedores e os ganhadores, os culpados e os inimigos. Os conflitos podem ser gerados por várias causas, como já vimos neste material, e entendidos diferentemente também. Nesse contexto, consequências podem surgir. Tentemos antever alguns motivos que podem causar situações conflituosas e que consequências podem trazer para as pessoas e a organização. Glinow e McShane (2014) elencaram seis condições que podem gerar conflitos, são elas: Objetivos incompatíveis: quando duas pessoas ou mais não possuem os mesmos objetivos, eles são discrepantes e desencontrados, as intenções são diferentes e não se complementam, excluem-se. Dessa forma, nada acontece. Passam a perseguir objetivos diferentes, tornando-se opositores, inclusive, fora da empresa — pode ocorrer. Diferenciação: aqui, as pessoas possuem os mesmos objetivos, mas discordam da forma para atingi-los quanto a treinamento, valores, crenças e experiências dificultando a criação de procedimentos operacionais para chegar ao resultado. Geralmente, esse tipo de condição ocorre quando os membros de equipe tem diferentes níveis de instrução, experiência, valores e princípios. Ocorre muita discussão e muito desgaste até conseguirem iniciar o trabalho, caso consigam — por vezes, o mediador precisa intervir. Interdependência: ocorre quando departamentos precisam compartilhar recursos, informações ou conhecimentos. Os autores falam de dois tipos de interdependência: a combinada, quando compartilham recursos, mas não trabalham juntos, tendo atividades distintas. Aqui, o conflito de compartilhar se instala quando a pressão pela entrega aumenta, e um julga que precisa mais do recurso do que o outro. Há, também, a sequencial, quando o trabalho é complementar como em uma linha de produção, em que um depende que o outro faça o trabalho para iniciar o seu. Atrasos são motivos para discórdia. Recursos escassos: há uma disputa pelos recursos disponíveis para que não ocorram atrasos, o que que gera disputa pelo recurso, e, nisso, desavenças ocorrem. Regras ambíguas: a falta de regras ou de clareza sobre elas, também, gera conflito. Se não estão claras e entendidas, dão margem para que sejam burladas ou interpretadas conforme a experiência e necessidade de cada um, adaptando-as à sua vontade. Mais divergências. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Problemas de comunicação: por sua falta ou inadequação. Pode ocorrer entre pares — desencontro de informações, estereótipos formados e ideias preconcebidas. A falha de comunicação entre superiores e seus colaboradores pode ocorrer pelo usode canais inadequados, distorcendo a comunicação pela falta de diplomacia, constrangendo ou ofendendo alguém, o que gera uma ideia negativa e resistência à execução adequada dos planos e desencadeando outros conflitos. As fontes de conflitos são inúmeras, mas a boa notícia é que todas são administráveis, desde que haja uma liderança disposta a olhar e resolver as questões que se apresentam, antes que se desenvolvam e prejudiquem o bom desempenho da empresa. Como resolvê-los? Isso é assunto para a próxima unidade. Não perca! Antes, porém, para começarmos a “esquentar” sobre o assunto, assista ao vídeo indicado a seguir. Vale muito a pena! Conecte-se Abraçando Conflitos , por Tomas Drunkenmolle — estudioso das ciências de comportamento que pesquisou temas como negociação, tomada de decisões e resolução de conflitos na Harvard Business School e Neurociência Educacional e Desenvolvimento de Adultos na Harvard Graduate School of Education. Possui excelência na área de Cognitive and Behavioral Profiling. Neste TEDx, aborda-se como o conflito age e como lidamos com ele na vida pessoal e profissional. Disponível aqui Na prática Aqui, neste vídeo, falaremos sobre a diferença entre conflito e problema. Você saberia dizer qual seria essa diferença? Um conflito nasce de um problema, ou um problema gera um conflito? Assista! Disponível aqui Finalizemos o caso que começamos a conhecer lá no início da unidade. Tudo que Carlos mais desejava era resolver aquela situação de tensão gerada a partir do comportamento de Larry. Havia a pressão da CEO e do conselho e a expectativa da equipe para que ele tomasse uma atitude. Ponderou todas as possibilidades e decidiu ser honesto com os seus princípios: tinha a convicção de que deveria atualizar sua CEO sobre os reais motivos dos atrasos e problemas de entrega de sua equipe. Acreditava muito que essa ação tranquilizaria a equipe, que não teria mais sobre ela o peso de imaginar o que os gestores e o cliente poderiam pensar sobre a competência deles de realizar um trabalho por causa do colega. Seguir pelo caminho de conversar com Larry, com uma atitude empática, dizendo que entendia o momento pelo qual ele estava passando, afinal, também, já esteve sob muita pressão, já havia passado por um divórcio e que essas são situações que realmente desestabilizam a pessoa. Larry foi resistente no início, mas aceitou as ponderações de Carlos. Não foi muito simpático à ideia de um tratamento psicológico e um afastamento temporário até se fortalecer para voltar, mas acabou cedendo. Com isso, Carlos reestruturou os papéis dentro da equipe, passando Mike para a posição de líder do projeto. Com essas atitudes, Carlos tranquilizou sua CEO quanto à entrega do projeto, recuperou seu espaço de liderança frente à equipe, que trabalhou com mais afinco e motivação, e deu o suporte necessário ao seu colaborador em um momento de crise. A visão positiva das equipes em relação à empresa oportunizou o crescimento do comprometimento afetivo, já que perceberam que poderiam contar com o suporte psicossocial quando precisassem. Com Carlos mais tranquilo, organizado e centrado, tudo deu certo. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com https://www.google.com/url?q=https%3A%2F%2Fapigame.unicesumar.edu.br%2Fqrcode%2F6629&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNHNCTIaBijq2Z5-sDiUkPQoPtDuWg https://www.google.com/url?q=https%3A%2F%2Fapigame.unicesumar.edu.br%2Fqrcode%2F6630&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNHxiJ6ItLdLzO3FwRfgneYHZRnZcA Na prática Para conhecer outro caso na prática, sugiro a leitura deste artigo, o qual trata sobre a importância de não negar a existência de um conflito, já que as condutas que se adotam para resolvê-lo estão ligadas a impedir que impactos negativos ocorram para as pessoas e organizações, abrindo espaço para estímulos e motivações, aumentando as potencialidades dos envolvidos. Disponível aqui Sutto (2021), em seu artigo sobre o Fórum Econômico Mundial de 2020 trouxe as 15 competências que os profissionais precisam possuir ou desenvolver para enfrentar os problemas e desafios futuros a partir de um contexto de pandemia. Complementando a lista, foram elencadas 15 competências emergenciais específicas para o Brasil. Dentre eles, destaco três competências que são compatíveis com o material em estudo. São elas: Persuasão e negociação : capacidade de influenciar outra pessoa e chegar a termo em uma decisão ou conflito. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade : capacidade de antever o futuro, antecipando e transformando a realidade, olhar para a frente e tomar ações para que esse futuro ocorra sem danos à saúde mental e física, usando o senso de coerência. Resolução de problemas complexos : capacidade de fazer uma leitura de ambientes internos e externos, analisando todos os vieses que podem ajudar ou atrapalhar o alcance de resultados. Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com https://www.google.com/url?q=https%3A%2F%2Fapigame.unicesumar.edu.br%2Fqrcode%2F6631&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNGarXYSNsX_IMunuOpOtvfkkGOC1w https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial/agora-%C3%A9-com-voc%C3%AA Página inicial AGORA É COM VOCÊ Após todo o conteúdo e todas as reflexões até o momento, acredito que você já está apto(a) a dar uma consultoria em administração de conflito para uma supervisora que enfrenta uma dificuldade em sua equipe. Leia o caso e sugira a melhor solução. Leila Martins era supervisora de operações industriais em uma companhia de médio porte. Uma recente mudança nos procedimentos da companhia tornou possível para os empregados se envolverem em um sistema de rotação de trabalho. Em uma reunião para discutir essa possibilidade, Leila se deu conta de que dois subordinados queriam mudar para uma programação de rotação de trabalho, enquanto outro não queria. Depois de ponderar o problema, Leila determinou que quatro alternativas poderiam ser seguidas para administrar essa situação de conflito: Simplesmente dizer aos três subordinados que a rotação de trabalho começará imediatamente. Convencer os três de que os seus bons sentimentos uns com os outros são mais importantes do que qualquer redesenho de tarefa, ou não, dependendo do que manterá a harmonia no grupo. Trabalhar um arranjo em que a rotação de trabalho acontece durante algum tempo, pare durante algum tempo e assim por diante, permitindo que cada pessoa tenha a sua vez. Mudar de ideia sobre fazer qualquer alteração no processo de trabalho e esquecer a primeira possibilidade considerada. Orientação de resposta Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/agora-�-com-voc� https://getfireshot.com https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial/refer%C3%AAncias Página inicial REFERÊNCIAS ALVAREZ, G. M.; AGUIAR, F. F.; FORMOSO, R. G. A Gestão de Conflitos em Organizações Contemporâneas. Anais do Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação – ciki , v. 1, n. 1, set. 2017. ARAÚJO, W. S.; GUIMARÃES, T. A.; ROCHA, C. M. C. Estilos de Administração de Conflitos Intraorganizacionais: uma análise comparativa entre brasileiros e norte-americanos. In: ENCONTRO ANUAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 29., 2005, Brasília. Resumos [...]. Rio de Janeiro: ANPAD, 2005. 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Formação em Dinâmica dos Grupos (SBDG), em Implantação de Programas de Mentoria Organizacional, especialização em Gestão Empresarial (FGV) e em Gestão de Pessoas (UFRGS). Especialização, também, em Business Coaching, Executive Coaching e Personal and Self Coaching (IBC). Vivência em elaboração de programas de desenvolvimento de gestores, assessment e coaching de liderança e carreira. Desenvolvimento de equipes de alto desempenho, diagnóstico organizacional, de clima e de cultura organizacional, employer branding e employee experience . Prática em planejamento estratégico, métodos ágeis e indicadores de desempenho. Atuação e redesenho dos processos na área de Gestão de Pessoas em todos os seus subsistemas. Lattes O que não tem no meu currículo DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/editorial https://getfireshot.com https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial http://www.google.com/url?q=http%3A%2F%2Flattes.cnpq.br%2F5765337118368704&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNEXgMjtzOc3TGp4Cbndt2Vlzx1u2w https://www.google.com/url?q=https%3A%2F%2Fapigame.unicesumar.edu.br%2Fqrcode%2F6626&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNGJSaW1P2NaMSgqmCD8QbhaMtzt3w Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ . Núcleo de Educação a Distância; MÜLLER, Cláudia. Administração de Conflitos e Negociações. Cláudia Müller. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2021. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1.Administração. 2. Conflito. 3. Negociações. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 302.3 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Head de pós-graduação Victor V. Biazon Diretoria de Design Educacional Equipe Recursos Educacionais Digitais Fotos : Shutterstock NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Retornar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p�gina-inicial/editorial https://getfireshot.com https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un1/p%C3%A1gina-inicial Página inicial Administração de Conflitos e Negociações Profª. Me. Cláudia Müller Oportunidades de aprendizagem Apresentar as possibilidades dos diferentes conflitos nas organizações para definir as estratégias mais adequadas para lidar com cada tipo de situação conflituosa, bem como apresentar os principais tipos de comportamento e o método para lidar com conflitos. Complementar a aprendizagem com a definição dos modelos de processos terceirizados ou realizados por terceiros e seus segmentos no processo de negociação de conflitos: mediação, conciliação e arbitragem. Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p�gina-inicial https://getfireshot.com https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p%C3%A1gina-inicial/unidade-2 Página inicial UNIDADE 2 Você se lembra do caso da coordenadora de RH que conhecemos na Unidade 1? Ele não terminou ali. Outras situações aconteceram. Ao analisar o caso, pense como um(a) gestor(a): como você trataria a situação que se apresentou? Você seria capaz de identificar o conflito que se apresentava e de avaliar se suas competências conseguiriam suprir a necessidade do momento ou se precisaria desenvolver outras para definir o método para resolver os conflitos que se apresentariam ao longo do tempo? Vamos conhecer a história da Ângela? Ela enfrentou vários problemas na transição que culminaram no desfecho de sua história. Então, depois de aceitar o convite para passar a atuar no RH corporativo, onde trabalharia criando políticas de RH nacionais, alguns percalços aconteceram. O primeiro deles foi na transferência de empresa. Ficou combinado que Ângela seria desligada de uma empresa e admitida em outra. A empresa de origem se comprometeu a pagar a indenização de forma integral, assim como ocorreu com outros colegas de trabalho que passaram por essa transição de carreira. Cabe comentar que, nesse momento, Ângela já não se reportava diretamente ao diretor, foi contratado um superintendente que assumiu a posição para coordenar todo o trabalho das áreas de desenvolvimento da empresa. Esse executivo se envolveu nessa negociação e fez todos os acordos. Além disso, o convite era para assumir a assessoria corporativa de RH dentro do subsistema de treinamento e desenvolvimento com um salário X. Pois bem, Ângela assumiu a sua posição e, no primeiro dia de trabalho no corporativo, foi-lhe dito que assumiria o subsistema de recrutamento e seleção com um salário menor do que tinha e abaixo do que estava sendo pago aos colegas de área que eram contratados no mercado. Apenas foi comunicada dessa decisão, mas não era isso que havia negociado. A essa altura, não podia voltar para a posição antiga. Decidiu perguntar ao seu novo gerente o porquê da mudança, o qual não soube explicar. Ângela entendeu que ele foi induzido pelo superintendente da empresa de origem a fazer isso. Ela perguntou qual era o seu “gap” em relação aos profissionais que eram contratados e que justificaria um salário menor. Ele também não soube dizer e, passados alguns dias, comunicou a ela que estava equiparando os salários — Ângela teria o mesmo salário dos colegas, mas permaneceria em recrutamento e seleção, já que havia sido contratado outro profissional para treinamento e desenvolvimento. Depois de um mês na nova função, ela ainda estava um pouco perdida sobre o que deveria fazer e desenvolver, e o seu gerente também não sabia lhe dizer. Ele não fazia ideia sobre qual era o papel da nova área, suas atribuições e responsabilidades, e nem quais projetos deveriam ser desenvolvidos. Enquanto isso, Ângela foi atrás de resolver a sua transferência. Sem nenhuma justificativa, o gerente informou que não seria demitida na outra empresa, ela deveria pedir demissão para ser contratada na outra. Portanto, tudo o que havia combinado não aconteceu. Conversou com o superintendente, que apenas disse que seria assim e ponto, que era possível sacar o fundo de garantia para comprar a casa própria — mas pasmem: ela nunca falou que precisava do fundo de garantia para esse fim, ela não pensava em comprar uma casa nova. A essa altura, o pensamento que lhe ocorria era queo superintendente queria mostrar https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p%C3%A1gina-inicial serviço à sua nova diretoria ao mostrar o seu “poder” para eles com tais atitudes. Ela foi obrigada a escrever uma carta de demissão para ser admitida na empresa atual. Imagine como estavam os sentimentos e a motivação de Ângela para trabalhar. Coloque-se no lugar de Ângela e tente sentir o que ela estaria sentindo nesse momento. Além de sentir, procure entender o seu ponto de vista: Ela vivia um momento tenso, tentando reconstruir sua posição na antiga empresa depois de viver conflitos interpessoais com seu colega coordenador. Surge a possibilidade de um trabalho mais desafiador que acaba não se concretizando. Acordos são quebrados e não cumpridos. Começa a se dar conta de que fez a escolha errada ao trocar de empresa. Sente-se desvalorizada e desmotivada com a situação. Percebe que está sozinha e sem suporte que a ajudasse a resolver isso internamente. Seus colegas de trabalho eram solidários, mas não podiam fazer algo naquele momento, nem caberia. Como Ângela sairia dessa situação, retomando o gosto pelo trabalho e pela empresa na qual teve seu desenvolvimento profissional? Afinal, foram sete anos da sua vida profissional dedicados a essa empresa. Em suas reflexões aventou a possibilidade de realmente se desligar da empresa, aproveitando a ocasião, porém o momento pessoal não era dos melhores. Ângela era casada, tinha uma filha de um ano, e o salário de seu marido não os sustentaria até que ela se recolocasse no mercado. Estava vivendo um conflito pessoal entre ficar ou ir embora. Sabia que, se ficasse, deveria se resignar com as decisões que tomaram em relação a ela e tentar retomar o sentido no trabalho. Seria um esforço para tentar esquecer o que aconteceu e seguir em frente. Havia, até então, tomado o caminho de tentar entender o que havia mudado ao conversar com os envolvidos, mas não obtinha respostas para as suas indagações. Conflitos individual, interpessoal e intergrupal Veremos, agora, as definições e conceitos relacionados ao conflito, de forma que o(a) gestor(a) possa distingui-los e reconhecê-los no cotidiano das organizações. Esse campo de estudo nos deixa bem claro que controlar emoções não é sufocá-las, mas entendê-las e usá-las a seu favor (WEISINGER, 1997). Vejamos um exemplo: você está em uma reunião, e seu chefe menospreza uma contribuição sua e ainda faz um comentário depreciativo sobre a sua atitude. Nesse momento, poderia se instalar um grande conflito se você respondesse a ele o quanto foi insensível e limitado em não perceber a riqueza da sua contribuição. Experimente essa atitude e sofra as consequências — discussão, repreensão na frente de outros ou demissão. Agora, ao agir de forma emocionalmente inteligente, você percebe a sua raiva, presta atenção nos seus pensamentos — depois de uma palavra mental de baixo calão, você se diz que ele está sendo irracional —, não deixa transparecer a raiva, presta atenção nas manifestações do seu corpo e tenta respirar para relaxar, sai da sala para uma água e, depois de finalizada a reunião, procuraria uma solução para o fato de ter sido menosprezado(a) por seu chefe (WEISINGER, 1997). “A inteligência emocional é simplesmente o uso inteligente das emoções, isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados” (WEISINGER, 1997, p. 14). Complementando essa ideia, pode-se afirmar que: “o conflito nos tempos atuais é inevitável e sempre evidente. Entretanto, compreendê-lo, e saber lidar com ele, é fundamental para seu sucesso pessoal e profissional” (BERG, 2012, p. 18). Por outro lado, ao considerar a realidade, o conflito é visto como um estado antagônico de ideias, pessoas ou interesses e se caracteriza pela existência de opiniões e de situações divergentes ou incompatíveis (BERG, 2012). Franque (2006) dividiu os conflitos em níveis: https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com Quadro 1 - Níveis de conflito. / Fonte: adaptado de Franque (2006). Complementando Franque (2006), no que se refere ao conflito intrapessoal, Berg (2012) descreve o conflito pessoal ou individual como aquele que se refere aos conflitos internos, como questões referentes à autoestima e à forma de pensar e agir na resolução de problemas e no processo decisório. Contudo, é necessário ressaltar que “o conflito atinge o bem-estar físico, a autoestima, a estabilidade emocional, a capacidade de percepção clara e a integridade espiritual” (LEDERACH, 2012, p. 38). Seja em que nível for, inclusive, ele pode interferir na entrega de resultados, na performance de pessoas e equipes, pode atingir o faturamento, desgastar a confiança, prejudicar o fluxo de informações, promover o desgaste do tempo e a tomada de decisão demorada ou temerosa. Esses são os aspectos negativos que os conflitos podem trazer. Por outro lado, quando o conflito é resolvido de forma adequada, consegue trazer alguns ganhos para a empresa e para as pessoas. Observa-se que a identificação de problemas e de soluções passa a ser mais assertiva, a motivação é retomada, o grupo se torna mais coeso, a criatividade e o conhecimento se aperfeiçoam, e os objetivos voltam a ser vistos como desafios (LEDERACH, 2012). De qualquer forma, o que dirá se o conflito contribui ou não é a forma de gestão, visualizada na maneira como se resolvem os conflitos, por isso, a necessidade de eficiência por parte dos gestores na sua condução para um melhor desfecho (SOUZA; SANTOS; VANCONCELLOS, 2014). Uma pesquisa recente indica que o conflito de tarefas e relacionamentos está altamente correlacionado com o que vimos, na Unidade 1, nas considerações de Nesterkin, Porterfield e Li (2016). Foram os estudos de Peterson et al. ([2021]) que observaram que os aspectos positivos do conflito de tarefas — por exemplo, maior motivação e melhor compartilhamento de informações — são difíceis de alcançar sem os efeitos negativos do conflito de relacionamento — por exemplo, foco reduzido na tarefa. Simons e Peterson (2000), que inspiraram a referida pesquisa, sugeriram que a confiança modera essa associação entre o conflito da tarefa e o conflito de relacionamento[SC1] [CM2] [SC3] . Eles observaram que essa relação não se dá em grupos com alta confiança intragrupo, argumentando que eles podem se beneficiar do conflito de tarefas sem os problemas associados aos conflito de relacionamento. Peterson et al. ([2021]) encontraram apoio em uma amostra de 90 equipes de trabalho em Taiwan, a qual mostrou que o efeito moderador da confiança é restrito a indivíduos que valorizam: 1) autodireção em relação à segurança (individualistas); e/ou 2) benevolência e confiança sobre poder e realização (aqueles que valorizam a confiança para sua causa). Os achados da pesquisa sugeriram que os valores moderam o conflito de tarefas — elo de conflito de relacionamento por confiança intragrupo. Agora que você já tem uma noção de onde os conflitos podem estar alocados, entenderemos como lidar com eles. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com Desenvolvendo as competências para a negociação e administração de conflitos O objetivo, aqui, é definir as estratégias mais adequadas para lidar com cada tipo de situação conflituosa. De acordo com a pesquisa mencionada, a base está na confiança. Podemos inferir que os conflitos — sejam intergrupais ou intragrupais — sofrem o efeito moderador da tarefa. Conceituando Abriremos um parêntese para explicar o que é umefeito moderador, caso você não tenha familiaridade com termos estatísticos, ok? Não custa! Efeito moderador é qualitativo — por exemplo, sexo, raça, classe — ou uma variável quantitativa — por exemplo, nível de recompensa — que afeta a direção e/ou força da relação entre uma variável independente ou preditora e uma variável dependente ou critério (BARON; KENNY, 1986). Ou seja, uma precisa que a outra ocorra para ter força e interferir no resultado. Nesse caso, conflitos gerados pela tarefa precisam ocorrer para que se instalem os conflitos intergrupais e intragrupais, de acordo com a pesquisa mencionada. Contudo, a confiança pode ter um efeito mediador, suponhamos. Peterson et al . ([2021]) chegaram a descobertas que reforçam a relação entre conflitos de tarefas e conflitos relacionais (intragrupais e intergrupais). Encontraram dados que indicam que os valores pessoais atuam nas várias fases do conflito de tarefa, transformando-se em conflito relacional, assim caracteriza-se a correlação entre ambos. Contudo, são os valores pessoais que desempenham um papel fundamental para entender como os conflitos de tarefa e relacional se cruzam. Esse fato, alertam os autores, indica qual é a melhor intervenção, ou seja, intervenções que gerem confiança funcionam melhor em grupos que se caracterizam por terem alto grau em autodireção e/ou benevolência. Em grupos com alto grau de poder e realização e/ou segurança, ocorre diferente: é importante adotar intervenções que aumentem a consciência dos benefícios do conflito de tarefas e que enfatizem os benefícios do espírito de equipe — para pessoas com alto poder pessoal e realização. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com Estamos, aqui, para falar, eminentemente, sobre como desenvolver competências para negociar e resolver conflitos. Já vimos, pelas contribuições da pesquisa, que os valores pessoais têm um papel importante ao tornar o conflito de tarefa em conflito de relação (intrapessoal/ interpessoal). Contudo, as intervenções mencionadas anteriormente dependerão daquilo que Brené Brown (2020) chamou de coragem, e podemos elegê-la como uma das primeiras competências para resolver conflitos. Para a autora, coragem e medo não são sentimentos que se excluem, são vividos ao mesmo tempo, o que faz com que nos sintamos vulneráveis — sim, essa é a pesquisadora desse tema, que é autora de A Coragem de ser Imperfeito e de outros). Para passar por esse confronto — a divisão entre medo e coragem —, Brown (2020) afirma que precisamos de linguagem, habilidades, ferramentas e práticas compartilhadas que nos ajudem a passar pelo confronto. O confronto é uma discussão, conversa ou reunião definida pelo compromisso de abraçar a vulnerabilidade (conflito pessoal), se manter curioso e generoso, persistir no processo de identificação e solução dos problemas, dar uma pausa e voltar atrás quando necessário, ser destemido ao assumir nossas responsabilidades e ouvir com o mesmo entusiasmo com que desejamos ser ouvidos. Acima de tudo, quando alguém diz ‘vamos confrontar’, recebemos a deixa de que devemos comparecer de coração e mente abertos para servir ao trabalho e aos outros, não aos nossos egos (BROWN, 2020 p. 27-28). A autora assevera que a coragem é um combinado de quatro grupos de habilidades que podem ser aprendidas, assim como todas as habilidades, e mensuradas: Encarar a vulnerabilidade Viver de acordo com os nossos valores Desafiar a confiança Aprender a crescer (BROWN, 2020, p. 28). Ela coloca, porém, uma questão importante: dentre todas elas, a capacidade de enfrentar a vulnerabilidade é a mais importante, já que, sem isso, é difícil desenvolver as outras três. Paremos um pouco com o conteúdo, aqui, e façamos uma reflexão: descreva o que é vulnerabilidade para você. E então, a qual conclusão chegou? Brown (2020, p. 35) definiu vulnerabilidade da seguinte forma: “é o sentimento que experimentamos durante períodos de incerteza, instabilidade e exposição emocional (...) vulnerabilidade não é ganhar ou perder, é ter coragem de agir quando não se pode controlar o resultado”. Imagine a cena: você recebe uma mensagem de seu chefe, que precisa falar com você, sem falta, ainda hoje. Você olha no relógio, e são quase 18:00 de uma sexta-feira. Ele não dá detalhe algum sobre o conteúdo da conversa. Como se sente até chegar à sala dele? Sim, isso é vulnerabilidade — portanto, ser vulnerável não é ser fraco. Você entrou na sala — com coragem, mas com medo —, e ele disse o que queria: uma carona até casa, pois estava sem carro e não poderia se atrasar para o jantar de 25 anos de casamento. Ufa! Não fui demitido(a). O que podemos aprender com a situação citada? As experiências que envolvem vulnerabilidade não são fáceis; Elas podem nos deixar inseguros e ansiosos; Elas sempre nos trazem o desejo de nos protegermos; Viver essas experiências com plenitude e sem armaduras nos exige coragem (BROWN, 2020, p. 36). Assim, administrar conflitos nos coloca em vulnerabilidade e requer coragem para resolvê-los. Se isso não é enfrentado, a sensação de desconforto e ineficiência sempre o acompanhará, abalando a sua autoestima profissional e pessoal. Provavelmente, outras áreas de sua vida também estão à espera de um “confronto”. Garbelini (2016) contribui quando afirma que gerenciar conflito não significa eliminá-lo ou amenizá-lo, mas atenuá-lo por meio da interação entre as pessoas, mediando vontades e expectativas e conciliando emoções. Encontrar soluções satisfatórias faz parte do processo, mas exige habilidades específicas. Aqui, entram as negociações consideradas por todos os profissionais como um objeto de conciliação entre interesses, mantendo o bom relacionamento e a convivência saudável para atingir o sucesso pessoal e profissional. https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com Quadro 2 - Competências para o processo de gerenciamento de conflito e negociação. / Fonte: a autora No gerenciamento do conflito, negociar é importante pela disposição de enfrentar conversas difíceis. Por meio da coragem, somos capazes de usar nosso poder de persuasão e influência para alcançar o sucesso e retomar os planos iniciais ou ousar modificá-los, conforme os resultados em termos interpessoais e estruturais que se apresentam. Portanto, lembre-se que um conflito organizacional tende a ter a sua origem na tarefa e, necessariamente, transformar-se-á em relacional. Como lidar com ele? https://sites.google.com/unicesumar.com.br/adm-conflitos-un2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com Estilos de administração de conflitos Você já deve ter percebido que o conflito nem sempre é mau, mas nem sempre é bom, porém ele acontece, e, às vezes, é necessário para que se perceba que algo está ocorrendo. De qualquer forma, a gestão dos conflitos é necessária para que suas consequências sejam tratadas (GARBELINI, 2016). Brown (2020) questiona o custo que a desconfiança e a desconexão podem ter em termos de produtividade, desempenho e engajamento. Garbelini (2016) também já havia alertado que o(a) gestor(a) precisa conciliar objetivos pessoais e organizacionais na promoção de recursos para o sucesso da sua gestão e evitar desmotivação e desentendimento entre pessoas e grupos que traga possíveis conflitos para a gestão. Agora, reflita um pouco. Qual das duas situações você escolheria: os líderes precisam alocar um pouco de seu tempo para lidar com medos e sentimentos ou alocar seu tempo para gerenciar comportamentos que gerarão ineficiência e improdutividade? Como você está dominando o assunto, responderá que a primeira alternativa é a mais lógica. No entanto, será que as situações sempre acontecem assim, de forma tão linear? Devo dizer que não… Aqui, entra a coragem para ser curioso e trazer sentimentos e experiências emocionais
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