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Psicologia Organizacional unina 01

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1 
 
Disciplina: Psicologia organizacional 
Autora: M.e Fernanda Renata Lourenço Almeida Mendonça 
Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Designer Instrucional: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Fernanda Renata Lourenço Almeida 
Mendonça 
 
 
 
 
Psicologia organizacional 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Designer Instrucional 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
MENDONÇA, Fernanda Renata Lourenço Almeida. 
Psicologia organizacional / Fernanda Renata Lourenço Almeida Mendonça. – 
Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 
85 p. 
ISBN: 978-85-5475-535-5 
1.Atuação. 2. Indivíduo. 3. Trabalho. 
Material didático da disciplina de Psicologia organizacional – Faculdade UNINA, 
2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 07 
Aula 1 – Psicologia: sua evolução como ciência e aplicação às 
organizações ............................................................................................. 
 
08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08 
 1.1 A psicologia e sua evolução como ciência .................................... 08 
 1.1.1 Abordagem e teorias psicológicas ............................................. 14 
 1.1.2 Psicologia como estudo das relações humanas ......................... 18 
 1.1.3 Psicologia e profissão ................................................................ 19 
 1.2 Psicologia aplicada às organizações ............................................. 21 
 1.2.1 Origem da psicologia organizacional .......................................... 22 
 1.2.2 Conhecimento do campo de intervenções do psicólogo 
organizacional no mundo do trabalho ........................................................ 
 
24 
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 24 
Aula 2 – Comportamento organizacional e trabalho: significado e 
ressignificado ............................................................................................. 
 
25 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 25 
 2.1 O significado e ressignificado do trabalho para o homem ............. 26 
 2.1.1 Constituição social do trabalho ................................................... 31 
 2.2 O comportamento organizacional do trabalho para o homem ...... 33 
 2.2.1 Níveis de estudo do comportamento organizacional ................. 35 
 2.2.2 Nível micro-organizacional ......................................................... 35 
 2.2.3 Nível meso-organizacional ......................................................... 36 
 2.2.4 Nível macro-organizacional ........................................................ 37 
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 38 
Aula 3 – Motivação, atitudes e liderança ................................................... 39 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 39 
 3.1 Motivação ...................................................................................... 39 
 3.1.1 Teorias motivacionais ................................................................ 42 
 3.2 Atitudes ......................................................................................... 50 
 3.3 Liderança ...................................................................................... 56 
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 65 
Aula 4 – O adoecer no trabalho e os conflitos organizacionais .................. 66 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 66 
 4.1 O adoecer no trabalho ................................................................... 67 
 
 
6 
 
 4.1.1 Conflitos organizacionais ........................................................... 70 
 4.2 Doenças ocupacionais .................................................................. 71 
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 81 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 83 
Índice Remissivo ........................................................................................ 85 
Referências ............................................................................................... 87 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
Olá, Seja bem-vindo à disciplina de Psicologia organizacional. Aqui, você 
irá compreender sobre a contribuição da psicologia para o cenário competitivo 
das organizações. Independentemente do ramo e porte das empresas, elas 
estão cientes de que seus produtos ou serviços são frutos do trabalho das 
pessoas, portanto elas são seu diferencial competitivo e ativo intangível. 
Na primeira aula serão feitas reflexões sobre a psicologia como ciência, 
sua evolução, história e sua aplicabilidade no campo das organizações de 
trabalho, compreendendo seu objeto de estudo (o comportamento humano) em 
nível individual e em grupo. Assim será possível responder as seguintes 
perguntas: quais os fatores que influenciam o comportamento humano? Como a 
personalidade, as atitudes e diversos elementos interferemna forma de o 
indivíduo se comportar na sociedade das organizações? 
Você sabe a origem e o significado da palavra “trabalho"? Na segunda 
aula, iremos abordar os aspectos epistemológicos do trabalho, seu significado e 
ressignificado para o ser humano. Também abordaremos o comportamento 
organizacional (seus três níveis) nos diferentes e variados contextos de trabalho. 
Na aula 3, iremos compreender os aspectos conceituais e práticos de 
temas importantes para o contexto do trabalho nas organizações, tais como 
motivação, atitudes e liderança. 
Na quarta aula, vamos conhecer os elementos que influenciam a saúde 
mental do trabalhador, causando o adoecer no serviço e os conflitos 
organizacionais. 
Em cada aula, serão sugeridas algumas atividades para ampliação da sua 
espiral do conhecimento. Utilize a rota de aprendizagem e o mapa conceitual 
para uma visão ampla da disciplina e orientação para seu processo de 
aprendizagem. As avaliações serão um recurso importante para que você possa 
acompanhar o seu desenvolvimento profissional, sendo estas distribuídas entre 
questionários, fórum de discussão, perguntas discursivas e provas mistas 
(questões objetivas e dissertativas). 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – Psicologia: sua evolução como ciência e aplicação às 
organizações 
 
Apresentação da aula 01 
 
Seja bem-vindo à primeira aula da disciplina Psicologia organizacional. 
Você vai conhecer a origem do surgimento da psicologia e como ela se tornou 
ciência, sendo possível aplicá-la em todos os mais variados ambientes, obtendo, 
então, a compreensão de seu campo nas organizações. Vamos lá? 
 
1.1 A psicologia e sua evolução como ciência 
 
A psicologia reúne um conjunto amplo de conhecimentos científicos que 
se aplicam diariamente em diferentes contextos sociais, sendo provavelmente 
um dos assuntos de maior interesse e curiosidade das pessoas em geral. 
Talvez você se pergunte: mas quando surgiu a psicologia? Qual será seu 
objeto de estudo? 
Há muitas imagens mentais, reais e outras mais envoltas em mitos e 
fantasias, em relação à psicologia e aos psicólogos. Existe um certo mistério e 
às vezes misticismos em relação a essa área de conhecimento, mas que 
precisam ser desvendados para compreendê-la como ciência. 
Para um melhor entendimento, é preciso voltar à Antiguidade para 
entender a origem da psicologia, começando pela definição da palavra, cuja 
origem vem do grego, resultante da união de duas palavras: psyche (significa 
alma ou mente) e logos (estudo ou relato). Inicialmente, a psicologia era definida 
como o estudo da alma ou da mente, tendo sua origem na filosofia especulativa. 
 
O termo psicologia (Ψυχολογια) aparece pela primeira vez como título 
de uma obra publicada em 1590. Tratava-se de um livro escrito por 
Rudolf Goclenius (1547-1628), um professor da Universidade de 
Marburgo reconhecido por suas contribuições à terminologia filosófica 
(Ferrater Mora, 1988). Literalmente, o termo psicologia referia-se ao 
estudo da ciência da alma, ou da psique ou da mente (GOMES, s.a, 
p.1). 
 
Para o clássico autor Regis Jolivet (1969, p. 32), a Filosofia Especulativa 
“tem por fim o puro conhecimento, visa conhecer o ser das coisas”, havendo 
 
 
9 
 
níveis distintos de abstrações, sendo dois relacionados ao mundo material, 
envolvendo questionamentos em relação ao mundo em geral e perguntas em 
relação ao homem, representados na filosofia da natureza. O terceiro nível de 
abstração relaciona-se com as coisas que estão além da natureza, mas que se 
articula com indagações sobre o ser, a razão e a existência de um ser superior, 
agrupando-se na filosofia especulativa denominada metafísica. 
O quadro a seguir apresenta a filosofia dividida em três grandes partes: 
lógica, filosofia especulativa e filosofia prática. Dessa forma, você poderá 
identificar as raízes filosóficas da psicologia, que nesta fase não é considerada 
científica. 
 
Divisão da Filosofia 
 
Fonte: adaptado de Jolivet (1969, p.34). 
 
Na época dos filósofos pré-socráticos, iniciou-se a especulação sobre o 
ser humano: de onde viemos? Quem somos? Como nos tornamos quem somos? 
Qual nossa missão? Para aonde iremos? Esses questionamentos nortearam a 
filosofia especulativa da natureza humana, vindo depois a ser denominada de 
psicologia. 
 
 
 
10 
 
Vocabula rio 
Especulação: investigação, análise ou pesquisa teórica sem 
fundamentos empíricos que se baseia, geralmente, no 
raciocínio abstrato. Pressuposição, suposição acerca de 
alguma coisa, sem comprovação. (Dicionário online) 
 
 
A alma era concebida como imaterial; pensamentos, sentimentos, 
irracionalidade, desejo, sensação e percepção. 
Tales de Mileto, matemático e filósofo, considerava muito importante o 
autoconhecimento para as relações humanas e dizia “conhece-te a ti mesmo”, 
sendo sua ideia reconhecida e difundida pelo filósofo Sócrates, inclusive muitos 
atribuem a autoria dessa frase a ele. Platão postulava que a mente e o corpo 
eram dissociados, enquanto que Aristóteles resgata a ideia de Sócrates, 
associando mente e corpo. Nesse período em que a psicologia está associada 
à Filosofia, os estudos eram empíricos e concentrados nos processos de 
pensamento (razão), sensações; percepções, emoções e sentimentos. 
A razão e o processo de pensamento foram elementos diferenciadores e 
importantes para a classificação dos seres humanos como animal racional, 
sendo Sócrates um dos grandes defensores desta ideia. Esse filósofo criou um 
método para o pensamento racional chegar à verdade interior de cada um, 
denominado de maiêutica, que significa “parto de ideias”. 
A maiêutica socrática consistia em realizar perguntas às pessoas com que 
ele se deparava a dialogar, perguntas que tinham dois estágios. No primeiro 
deles, Sócrates fazia perguntas simples sobre assuntos que o indivíduo julgava 
conhecer bem. No segundo, essas perguntas continuavam sendo feitas de 
maneira simples e contextualizadas, mas dessa vez, levando o indivíduo a 
questionar sua própria certeza, gerando, assim, uma nova visão sobre um 
mesmo tema. Daí veio o nome “parto”, pois consistia em literalmente dar a luz a 
novas ideias sobre assuntos até então esclarecidos. 
Platão era ateniense, matemático e filósofo, fundador da Academia de 
Atenas, que foi a primeira instituição de ensino superior do ocidente. Ele 
desenvolveu a famosa teoria das ideias, na qual considera que a realidade se 
 
 
11 
 
divide em duas: realidade inteligível e realidade sensível. A primeira reflete 
aquilo que pode-se distinguir e expressar a outrem. É a realidade imutável das 
coisas. A segunda, como o nome sugere, é aquela que afeta os nossos sentidos, 
que são dependentes e modificáveis. 
Platão entendia que a essência do conhecimento não estava nas coisas, 
que são corruptíveis e mutáveis. Como filósofo, ele buscava a essência nas 
realidades imutáveis, nos fatos. Ele entendia que o corpo e a alma do homem 
são separados, que o corpo corresponde ao caráter material, mutável e 
corruptível, enquanto a alma representa a porção divina do ser, portanto é 
imutável e perfeita. 
 
Saiba Mais 
Para conhecer mais sobre o tema, acesse o link: http://origem 
-da-filosofia.info/socrates-platao-e-aristoteles/platao.html 
Para conhecer mais sobre as influências dos filósofos pré-
socráticos na psicologia, leia: http://www.ufrgs.br/museupsi/p 
re-socraticos.htm 
 
Aristóteles escreveu o livro Da Anima, no qual analisa os processos 
psíquicos associados à alma: sensação, percepção, pensamento e imaginação. 
Lembre-se de que a psicologia nesta fase consistia no estudo da alma e a ela 
foram atribuídos diferentes processos psíquicos conforme o posicionamento dos 
filósofos. 
 
Saiba Mais 
Leia o livro Da Alma: De Anima, escrito pelo filósofo 
Aristóteles. Com o objetivo de analisar os principais 
problemas relacionados à alma, o filósofo discute a 
imaginação e o pensamento, além das relaçõesentre 
sensação e intelecto, apresentando suas teorias do intelecto 
ativo e do intelecto passivo. Obra traduzida diretamente do 
grego pelo mestre helenista Edson Bini. Indicada para 
filósofos, estudiosos e para todos aqueles que querem saber 
um pouco mais da alma, de sua profundidade, com 
 
 
12 
 
esclarecimentos de Aristóteles, considerado por muitos o 
primeiro psicólogo da humanidade. 
 
A partir das concepções filosóficas sofistas, socráticas, platônicas e 
aristotélicas, adquiridas exclusivamente pela especulação, existiam, contudo, 
também já na Antiguidade, estudos amplos sobre processos cerebrais, sobre as 
funções dos órgãos sensoriais e sobre perturbações dessas funções em caso de 
lesões cerebrais. 
Dessa forma, a psicologia tem sua origem associada primeiramente à 
filosofia e posteriormente associada à fisiologia e medicina, com um segundo 
olhar sobre os fenômenos psicofisiológicos, sendo estudados a partir do uso do 
método científico experimental. 
 
Muito se houve falar sobre a doutrina dos quatro temperamentos, 
sobretudo em livros norte-americanos de Psicologia. Mas a grande 
verdade é que esta doutrina remonta ao grande médico grego 
Hipócrates (cerca de 400 a.C.), retomada e desenvolvida pelo médico 
romano Galeno (131 até 201 a.C.). Segundo ele, existem quatro 
temperamentos, determinados pela predominância de um dos quatro 
"humores": o sanguíneo (sangue: folgazão e superficial), o colérico 
(bílis amarela: vontade forte e iras repentinas), o melancólico (bílis 
negra: pensativo e triste) e o fleumático (muco: sossegado e inativo). 
Apesar do seu funcionamento pseudocientífico, a doutrina dos quatro 
temperamentos afirmou-se na prática e os quatro tipos foram 
finalmente introduzidos como noções da nossa linguagem do dia-a-
dia (SOURNIA, 1996). 
 
Durante o Império Romano e a Idade Média, a psicologia recebeu 
influência de dois grandes pensadores, associados à religião, mas que na época 
não eram santos e sim, cidadãos comuns como nós. Estes homens foram Santo 
Agostinho e São Tomás de Aquino. 
Aurelius Augustinus ou Agostinho de Hipona (354-430 d.C) viveu no final 
da queda do Império Romano e início da Idade Média, tornando-se um filósofo e 
escritor proeminente. Buscava a verdade a partir da interioridade do homem e 
sua relação com Deus. Para Agostinho, o tempo não tem realidade em si, é uma 
invenção do homem, constituído por três nadas: o passado, que não existe mais; 
o futuro, que ainda não existe; e o presente, tão fugaz que é uma mistura de 
passado e futuro. É a partir daí que se compreende com certa facilidade a 
concepção agostiniana de Deus (OLIVIEIRI, 2019). 
 
 
13 
 
Os períodos do Iluminismo e do Renascimento foram marcados por 
grandes mudanças no pensamento vigente até aquela época, proporcionando 
avanços em diversos campos das ciências e expansão territorial. Descartes 
defendia a ideia de que o corpo e a alma eram dissociados, portanto que o corpo 
não era sagrado. Essa dessacralização do corpo alavancou os avanços em 
pesquisas e estudos na anatomia, fisiologia, medicina e psicologia. 
Os séculos XVIII e XIX foram marcados pelas revoluções, e nesse período 
intensificaram-se os estudos científicos sobre personalidade, desenvolvimento e 
aprendizagem. 
 
[...] com a descoberta da hipnose, a natureza misteriosa da mente 
popularizava-se, levando cientistas sérios a considerar que a vida 
mental poderia conter mais elementos do que o pensamento 
consciente. Esses cientistas começaram a analisar a natureza do 
“inconsciente” e sua influência sobre nosso raciocínio e 
comportamento (COLLIN, 2012, p.16-17). 
 
Em 1879, Wilhelm Wundt fundou em Leipzig, Alemanha, o primeiro 
laboratório de psicologia experimental, ancorado em princípios quantitativos da 
física, marcando o início dela como ciência moderna. Além dele, Hermann 
Ebbinghaus e Emil Kraepelin também adotaram a abordagem científica. Ambos 
desenvolveram pesquisas relacionadas à memória. Ebbinghaus se destacou por 
ter sido o primeiro autor na psicologia a desenvolver testes de inteligência. Nos 
Estados Unidos, William James e seus discípulos de Harvard adotaram uma 
abordagem mais teórica e filosófica, utilizando a metodologia de pesquisa 
científica social, sendo ele o autor considerado como o “pai da psicologia”, 
publicando, em 1890, o livro Os princípios da psicologia, no qual pondera sobre 
as emoções e suas raízes psicofisiológicas. 
 
James define a Psicologia como a descrição e explicação dos estados 
de consciência enquanto estados de consciência. Por estados de 
consciência entende James as sensações, os desejos, as emoções, os 
conhecimentos, os raciocínios, etc. Sua explicação compreende o 
estudo e a determinação científica de suas causas, condições e 
consequências imediatas (PENNA, 1991, p. 141). 
 
O quadro a seguir apresenta um paralelo da história da humanidade com 
a história da psicologia, destacando-se as principais contribuições de cada 
 
 
14 
 
período e as grandes personalidades que impactaram direta ou indiretamente 
para a evolução da psicologia como ciência. 
 
Evolução histórica da psicologia 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019) 
 
Ví deo 
Para que você possa compreender melhor a origem dessa 
ciência e seus dois grandes caminhos evolutivos a partir da 
filosofia e da fisiologia, assista à mídia A história da psicologia 
sob dois olhares: https://www.youtube.com/watch?v=mVtT6 
QBDMxc 
 
1.1.1 Abordagem e teorias psicológicas 
 
A partir da abordagem científica, surgiram vários olhares sobre o estudo 
da psicologia em diferentes países, influenciando o surgimento de escolas e 
teorias psicológicas, as quais vamos apresentar algumas. 
 
Ainda é importante ressaltar que as ideias psicológicas foram sendo 
gestadas em diferentes países da Europa e nos Estados Unidos, 
assumindo a influência da composição de forças do tecido social e 
cultural do país de origem e marcadas pela esperança na ciência como 
 
 
15 
 
conhecimento, que solucionaria os problemas humanos. A definição do 
objeto de estudo da Psicologia sofreu alterações ao longo do tempo, o 
que é ressaltado por Gomes (2005, p.107) ao considerar que “da alma 
substancial da Psicologia racional ao ‘eu’ fenomenal da Psicologia 
empírica o progresso em direção do psiquismo foi enorme, pois o 
objeto da Psicologia desceu do céu transcendente da metafísica para 
o solo fenomenal da ciência” (BARRETO, MORATO, 2008, p. 148). 
 
A dispersão existe em diferentes teorias psicológicas e reside no fato de 
que as concepções epistemológicas e metodológicas de pesquisa científica 
foram se constituindo muitas vezes uma em oposição à outra. Surgem então 
duas grandes escolas com pensamentos diferentes: estruturalismo e o 
funcionalismo, as quais irão influenciar o desenvolvimento de teorias distintas. 
 
Vocabula rio 
Estruturalismo: é uma abordagem de pensamento 
compartilhada pela psicologia, filosofia, antropologia, 
sociologia e linguística, que vê a sociedade e sua cultura 
formadas por estruturas sob as quais baseamos nossos 
costumes, língua, comportamento, economia, entre outros 
fatores. 
Funcionalismo: foi o primeiro sistema de psicologia 
exclusivamente americano. Enfatiza os atos ou processos 
mentais como objeto de estudo da psicologia. Sustenta que 
a mente deve ser estudada em função de sua utilidade para 
o organismo, tendo em conta a adaptação ao seu meio. 
 
Wundt e Tichener foram os principais cientistas do estruturalismo, 
enquanto James, Dewey, Angell, Yerkes, Ribot, Janet e Binet despontam no 
funcionalismo em diferentes países, preocupados com a aplicação da psicologia, 
das funções psíquicas. 
 
O surgimento do condutivismo ou behaviorismo, com John Watson 
(1878-1958), nos Estados Unidos, foi influenciado pela teoria evolutiva 
de Darwin, pela teoria objetiva e mecanicista da aprendizagem de 
Edward Lee Thorndike (1874-1949) e pelas técnicas de 
condicionamento (reflexos condicionados) deIvan Petrovich Pavlov 
(1849-1936). Em relativa oposição à atitude funcionalista em 
Psicologia, marcou uma transição importante na Psicologia americana: 
mudança do foco de estudo da consciência para o comportamento 
mesmo e suas interações com o ambiente, na direção da adaptação à 
normalidade (BARRETO, MORATO, 2008, p. 153). 
 
 
 
16 
 
A teoria behaviorista de Watson marcou, portanto, o final do 
introspeccionismo e o início de uma psicologia voltada à predição e ao controle 
do comportamento humano, redefinindo-a como “ciência do comportamento”. 
Skinner é considerado um dos principais autores dessa teoria, sendo que seus 
estudos enfatizaram o comportamento humano operante, passível de 
observação, controle e manipulação por meio do uso adequado de reforçamento 
positivo. Por meio da manipulação de estímulos positivos e negativos é possível 
controlar o comportamento humano, sendo este procedimento denominado de 
condicionamento operante. Essa teoria reúne conceitos como reforço (positivo e 
negativo), punição, generalização e discriminação, todos estes aplicando-se ao 
processo de aprendizagem de comportamentos em contextos como escolas e 
trabalho. 
Na Alemanha, influenciada pelas ideias originais do fundador da 
psicologia, Wundt, surge a teoria da forma ou Gestalt. Utilizando-se de método 
científico da fenomenologia, centrou os estudos na compreensão do processo 
de percepção, essencial para a aprendizagem e para o comportamento humano. 
Essa teoria reúne diversos conceitos importantes como as leis, princípios, figura 
e fundo. O comportamento humano é influenciado pela percepção que cada 
indivíduo tem de si mesmo, dos objetos, conceitos, pessoas e mundo. A 
aplicação dos conceitos está presente em todos os contextos, pois a percepção 
se configura com um dos principais processos psíquicos para todas as demais 
funções. A seguir, uma clássica imagem para explicar os conceitos dessa teoria: 
 
 
Figura e fundo: o vaso ou duas pessoas? 
Fonte: https://www.whatpsychologyis.com/wp-content/uploads/2016/02/Gestalt-Psychol 
ogy.jpg 
 
 
17 
 
Pela imagem acima, pode-se compreender que a percepção da figura do 
vaso ocorre quando a parte preta é percebida como fundo, sendo que ao 
invertermos, colocando a parte branca como fundo, emerge a figura de duas 
pessoas em perfil, frente a frente. Isso se aplica ao nosso dia a dia, pois, se duas 
pessoas colocarem o fundo de forma diferente, cada uma irá perceber uma 
figura, sendo que cada uma irá defender o seu ponto de vista, ou seja, de que a 
sua visão é a correta. 
Para Refletir 
Será que você já vivenciou uma situação de conflito 
resultante de percepções diferentes? Será que ambos não 
estavam certos, conforme a Gestalt individual? 
 
 
A psicanálise surge contemporânea às teorias behaviorista e gestáltica, 
contudo com um objeto de estudo principal que não pode ser pesquisado por 
meio da metodologia científica experimental de laboratório, o inconsciente 
humano. Seu fundador, Sigmund Freud, por ser médico fisiologista, buscou 
compreender o funcionamento da psique em relação aos fenômenos 
“esquecidos”, mas que influenciam fortemente o comportamento. A psicanálise 
desenvolvida por Freud é uma teoria, um método de investigação do 
inconsciente e um processo de análise do comportamento humano, em especial, 
o patológico. Sua teoria reúne um conjunto de conceitos importantes, muitas 
vezes difundido de forma equivocada, o que dificulta a compreensão e aceitação 
de muitos deles. Dentre os principais conceitos estão: a estrutura da 
personalidade (id, ego e superego), qualidade psíquica (consciente, pré-
consciente e inconsciente), mecanismos de defesa, conflitos manifestos e 
latentes, entre outros. 
Saiba Mais 
Quer conhecer um pouco melhor a psicanálise? Acesse: 
https://prezi.com/fgpc4p8odtwt/a-psicanalise-como-um-sistema-
de-personalidade/ 
 
 
 
18 
 
 
Analogia do iceberg e qualidades psíquicas 
Fonte: http://www.claudetedemorais.com.br/arquivos/thumbnails/400-300/servico/psica 
nalise.jpg 
 
A analogia do iceberg para explicar o inconsciente proposto por Fechener 
impactou as ideias de Freud. O iceberg é constituído da mesma matéria, mas 
ele não está visível totalmente, há aspectos que jamais ou dificilmente se 
tornarão acessíveis. Da mesma forma ocorre com o conteúdo psíquico, que ora 
pode estar consciente, ou pré-consciente e depois tornar-se inconsciente. 
Contudo, para acessar o conteúdo inconsciente é necessário um tempo e um 
“modo” especial, sendo que mesmo assim haverá aspectos que não serão 
alcançáveis. 
 
1.1.2 Psicologia como estudo das relações humanas 
 
As relações humanas ocorrem quando há o encontro de duas ou mais 
pessoas, sendo necessário o contato, troca de ideias, informações, 
relacionamento, entre outros. Este encontro poderá ocorrer em qualquer 
ambiente envolvendo pessoas da mesma idade ou faixas etárias diferentes. 
Considerando que cada pessoa traz consigo uma bagagem de conhecimentos, 
pensamentos, convicções, crenças, valores, afetividade, preferências e não 
preferências, é possível que desta interação resulte a formação de sentimentos 
positivos, conduzindo à construção de laços afetivos e de amizade, como 
também poderá ocorrer divergências, do menor ao maior grau. Diante das 
divergências, poderá ocorrer um relacionamento com respeito e distanciamento, 
 
 
19 
 
apenas para as interações inevitáveis, como também poderão surgir conflitos 
latentes ou manifestos. 
A psicologia das relações humanas envolve o estudo e a compreensão 
dos fenômenos psíquicos presentes nas relações sociais: comunicação, 
mediação de conflitos, criatividade, liderança, atitudes (iniciativa, proatividade, 
empatia, respeito, entre outras), inteligência emocional, inteligência intra e 
interpessoal. 
O estudo deste tema é de fundamental importância para compreender 
como as pessoas são afetadas e afetam os outros nas múltiplas e variadas 
relações humanas, entendendo o que pode-se fazer para contribuir para a 
construção de um relacionamento harmonioso nos contextos social, familiar, 
escolar, de trabalho e demais locais. 
 
1.1.3 Psicologia e profissão 
 
A primeira instituição a formar psicólogos foi a Universidade de Leipzig, 
na Alemanha, onde Wundt criou o primeiro laboratório de psicologia 
experimental. 
A profissão de psicólogo em nosso país foi regulamentada no dia 27 de 
agosto de 1962, tornando-se esta data o dia comemorativo desse profissional. 
Para Bernardes (2004 apud Baptista, 2010), o contexto social decorrente da 
necessidade de organização do trabalho a partir do processo de industrialização 
iniciado na década de 1930, bem como a crescente urbanização das cidades, 
demandou práticas psicológicas nas escolas e nas clínicas infantis. 
O processo de regulamentação da profissão teve início na década de 
1950, portanto levou um pouco mais de 10 anos, o que comparado com outras 
profissões foi um tempo relativamente curto, porém sinuoso, com idas e vindas, 
até a aprovação final da lei. Contudo, somente em 1975, treze anos depois da 
promulgação da lei, que foram criados os conselhos de psicologia e o Código de 
Ética. 
O final da década de 1950 caracterizou-se pela disseminação das 
concepções de reforma de base: agrária, política, universitária e jurídica, sendo 
elas o pano de fundo para o desenvolvimento e regulamentação da psicologia 
como profissão (BAPTISTA, 2010). 
 
 
20 
 
Durante a década de 1950, alguns profissionais que atuavam como 
psicologistas ou técnicos em psicologia foram visitar universidades e instituições 
de ensino de psicologia no exterior e, ao retornarem, escreveram artigos sobre 
a necessidade de desvincular dos cursos de filosofia e pedagogia o processo 
para a formação do psicólogo. Nesse período, surgiram alguns cursos de 
especialização em psicologia focados em determinados campos de atuação 
profissional: clínica e escolar. 
O I CongressoBrasileiro de Psicologia foi realizado em 1953, na cidade 
de Curitiba, sendo um marco devido aos debates suscitados em prol à 
regulamentação da profissão. Muitos diálogos se sucederam, uns defendendo a 
ideia do curso de psicologia estar ligado à faculdade de filosofia, evitando de ele 
estar vinculado ou subordinado ao curso de medicina. 
Os primeiros cursos de psicologia tinham a opção de formar bacharéis 
para atuarem como auxiliares em pesquisa científica de psicologia. Com mais 
um ano de licença, poderiam atuar como professores de psicologia e 
acrescentando mais um ano teriam habilitação para atuarem como psicologistas 
em escolas e empresas. Para a formação clínica era necessário ter atividades 
supervisionadas em instituições com atendimento clínico público. 
Atualmente, o curso de formação em psicologia tem duração total de 5 
anos, sendo necessária a realização de estágio supervisionado curricular no 
mínimo em dois campos de atuação profissional. 
 
Reconhece a Avaliação Psicológica como especialidade da Psicologia 
e altera a Resolução CFP nº 13, de 14 de setembro de 2007, que 
institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional 
de Especialista em Psicologia. 
Art. 1º Incluir a Avaliação Psicológica no rol das especialidades de que 
trata o artigo 3º da Resolução CFP nº 13, de 2007, que passa a ter a 
seguinte redação: 
Art. 3º As especialidades a serem concedidas são as seguintes: 
I - Psicologia Escolar/Educacional; 
II - Psicologia Organizacional e do Trabalho; 
III - Psicologia de Trânsito; 
IV - Psicologia Jurídica; 
V - Psicologia do Esporte; 
VI - Psicologia Clínica; 
VII - Psicologia Hospitalar; 
VIII - Psicopedagogia; 
IX - Psicomotricidade; 
X - Psicologia Social; 
XI - Neuropsicologia; 
XII - Psicologia em Saúde; 
XIII - Avaliação Psicológica. (RESOLUÇÃO Nº 18, DE 05 DE 
SETEMBRO DE 2019) 
 
 
21 
 
 
O psicólogo em seu processo de formação se constituiu de um olhar 
clínico, mesmo que venha a atuar em campos diferentes da psicologia clínica, 
tendo sempre como principais objetos de estudo a mente e o comportamento 
humano. 
 
Saiba Mais 
Conheça a legislação que regula a profissão de psicólogo: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119.htm 
 
 
1.2 Psicologia aplicada às organizações 
 
O termo “organização” possui mais de um significado e será adotado no 
decorrer da disciplina o contexto do trabalho e das empresas. 
Nesta perspectiva, a organização se refere a um conjunto de pessoas, 
recursos físicos, financeiros, equipamentos e máquinas orientados a um objetivo 
comum. O termo é utilizado para representar a somatória dos grupos envolvidos 
dentro da empresa, a forma como os trabalhos estão estruturados e distribuídos 
para os diversos níveis e funções hierárquicas. 
A psicologia aplicada às organizações estuda o comportamento humano, 
em diferentes níveis, em seu contexto de trabalho, as forças propulsoras e 
restritivas, as relações interpessoais, a liderança e seus estilos, o processo de 
formação de grupos, os conflitos, a comunicação e todos os aspectos 
relacionados ao comportamento individual e grupal nas empresas. 
Além disso, a psicologia tem como campo de atuação profissional o 
contexto organizacional, colaborando para os processos de gestão de pessoas, 
como recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de 
potencial e de desempenho humano, atuando em diversos sistemas de 
Recursos Humanos. 
 
 
22 
 
Para compreender melhor a contribuição da psicologia aplicada às 
organizações, te convido a conhecer a origem da Psicologia Organizacional e o 
campo de intervenção no mundo do trabalho. 
 
1.2.1 Origem da psicologia organizacional 
 
O campo da psicologia organizacional possui duas divisões principais: a 
industrial (de recursos humanos) e a organizacional. Apesar desses dois 
conteúdos se sobreporem e não poderem ser facilmente separados, 
tradicionalmente eles têm origens diferentes. Foi nos Estados Unidos que este 
campo teve início em termos de pesquisas e atuação profissional. 
A origem da psicologia organizacional e do trabalho é antiga, resultante 
principalmente das demandas surgidas a partir das revoluções industriais no 
século XIX. Nessa fase inicial, a psicologia foi denominada de psicologia 
industrial, tendo como principal foco de estudo as questões do trabalho 
relacionadas à indústria, à produção e ao departamento de recursos humanos. 
Os conhecimentos e práticas da psicometria foram empregados para identificar 
as habilidades, interesses e aptidões dos candidatos a uma determinada função 
dentro da organização, ou seja, aplicados ao processo seletivo. Também foram 
utilizados internamente para processos de mudança de função e promoção, 
associados a uma política de carreira e tática motivacional para os trabalhadores. 
Assim, esta parte da psicologia, a industrial, deu início a este campo de 
atuação, visando gerenciar a eficácia organizacional por meio do uso adequado 
dos recursos humanos. Ela se preocupa com a questão de eficiência no projeto 
de tarefas, seleção e treinamento de funcionários e avaliação de desempenho 
(SPECTOR, 2005). 
 
Há um consenso (Braverman, 1987; Malvezzi, 1999; Spink,1996; 
Zanelli & Bastos, 2004) de que o primeiro psicólogo a escrever 
sistematicamente sobre o tema trabalho foi Hugo Münstenberg. Seu 
livro intitulado "Psicologia e eficiência industrial" costuma ser 
considerado "o primeiro esboço sistemático da Psicologia Industrial" 
(Braverman, 1987, p.126), tendo sido publicado em 1912 (BERNARDO 
et al, 2017, p.1). 
 
Para Münstenberg (1912), era necessário desenvolver pesquisas 
científicas para dar à psicologia um novo campo de aplicabilidade dos 
 
 
23 
 
conhecimentos: as organizações. Ele considerava que o serviço de seleção 
representava um marco positivo tanto para a empresa quanto para o trabalhador, 
visto que por meio deste processo seria possível identificar as habilidades e 
competências melhores do indivíduo, contribuindo para a sua satisfação no 
trabalho e melhor produtividade, o que agradaria a empresa. 
Segundo Zanelli, Borges-andrade & Bastos (2004, p 468), “as 
investigações de Elton Mayo na Western Eletric Company marcaram as décadas 
de 1920 e 1930, e revelaram a importância de considerar fatores sociais ligados 
às situações de trabalho”. Assim, a parte organizacional da psicologia se 
desenvolveu a partir do movimento das relações humanas nas empresas, como 
exemplo deste estudo em Hawthorne por Mayo, que perdurou mais de 10 anos 
de pesquisa. 
 
Até quase o final do século XIX, a economia brasileira era 
essencialmente escravocrata. Com o aumento do fluxo migratório e a 
chegada dos imigrantes europeus, deu-se início ao cultivo do café 
foram incrementadas as manufaturas e pequenos negócios, sobretudo 
nas regiões sul e sudeste (ZANELLI, BORGES-ANDRADE & BASTOS, 
2004, p. 473). 
 
No Brasil, Visconde de Mauá, devido à diversidade em seus negócios, 
contribuiu para atrair a atenção de estrangeiros para investir em nosso país, no 
início do século XX. 
 
Antunes (1998, apud ZANELLI, BORGES-ANDRADE & BASTOS, 
2004 p. 473) coloca que psicologia aplicada ao trabalho surge nesta 
época, ligada às tentativas de racionalização e à procura de um caráter 
científico e inovador no controle dos processos de produção, exigindo 
assim maior eficiência econômica sob o argumento de melhoria das 
condições de trabalho dos operários. 
 
A psicologia organizacional tem seu foco no trabalhador, como indivíduo. 
Ela se preocupa em entender e compreender o comportamento individual e 
aumentar o bem-estar dos colaboradores no ambiente de trabalho. Os aspectos 
organizacionais abordam o comportamento, as atitudes dos funcionários, o 
estresse no trabalho e práticas de supervisão, além de outros comportamentos 
sociais ligados às questões do trabalho (SPECTOR, 2005). 
 
 
 
24 
 
1.2.2 Conhecimento do campo de intervenções do psicólogoorganizacional no mundo do trabalho 
 
Este campo de atuação não se restringe ao ser humano inserido no 
contexto organizacional, pois envolve também estudos e pesquisas sobre 
aspectos anteriores ao ingresso da pessoa no trabalho, voltando-se às questões 
de gestão de carreira e de orientação vocacional. 
Também há estudos e pesquisas relacionados aos sentimentos e 
doenças adquiridas quando a pessoa se encontra afastada do trabalho, quer 
seja por motivos de doenças ocupacionais ou não, quer seja por desligamento 
da empresa (independente da iniciativa ter sido ou não do trabalhador) ou os 
impactos da aposentadoria. 
Dessa forma, pode-se afirmar que o psicólogo organizacional tem muitas 
opções de intervenção e atuação profissional no mundo do trabalho, pois pode 
atuar inserido nas organizações, mais especificamente na área de gestão de 
pessoas (antigo recursos humanos), como pode atuar prestando serviços de 
assessoria e consultoria tanto à pessoa jurídica (organizações) como à pessoa 
física. 
O campo de intervenção compreende um leque diversificado de ações 
relacionadas desde à seleção, avaliação, treinamento e desenvolvimento de 
pessoas, como o repensar à carreira em processos de recolocação profissional, 
transição de carreira e aposentadoria, assim como na prevenção e tratamento 
das doenças ocupacionais ou derivadas do trabalho, tais como síndrome de 
Burnout, depressão, entre outras. 
Atualmente vive-se uma sobreposição da 3ª Revolução Industrial com a 
4ª Revolução Industrial, nelas as tecnologias, em especial a nanotecnologia, a 
robótica e a necessidade de repensar as relações tradicionais do trabalho, 
apontam para uma necessidade de estudos e um novo posicionamento da 
ciência da psicologia frente às demandas do trabalho. 
 
Conclusão da aula 1 
 
Chegamos ao final da nossa primeira aula e vamos relembrar as principais 
aprendizagens dela. Iniciou-se refletindo sobre o significado da palavra 
 
 
25 
 
psicologia, sua origem epistemológica. Assim, você aprendeu que o termo 
“psicologia” vem do grego e significa “estudo da alma”, mas que com a evolução 
histórica foi substituído para “ciência que estuda o comportamento e a mente”. 
Entendeu que a psicologia teve sua origem na filosofia especulativa e que a partir 
do Renascimento foi vinculando-se mais à fisiologia e depois tornou-se ciência. 
Dois grandes nomes se destacam para a psicologia científica: Wilhelm Wundt, o 
qual fundou o primeiro laboratório de psicologia na Alemannha, em Leipzig, e a 
primeira faculdade sistemática de ensino desta ciência, e, William James, 
considerado o pai da psicologia por meio de seus estudos e publicação acerca 
dos processos psicofisiológicos da emoção, sentimentos e percepção. Viu ainda 
sobre a psicologia como ciência e profissão, destacando o campo de atuação do 
psicólogo no contexto organizacional, por ser o foco da nossa disciplina. 
Participe das atividades de aprendizagem e avaliação para a fixação das 
informações e construção do seu conhecimento. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Convido você a fazer uma pesquisa sobre algum marco 
histórico no Brasil que tenha contribuído para a consolidação 
do campo da psicologia organizacional. Pode ser até alguma 
lei que esteja ou não em vigor. 
 
 
 
 
Aula 2 – Comportamento organizacional e trabalho: significado e 
ressignificado 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá! Iniciaremos esta aula refletindo sobre o significado do trabalho para 
o homem e ressignificando-o para o mundo contemporâneo. Naturalmente, tanto 
o trabalho quanto o trabalhador mudaram ao longo do tempo, mas será que os 
princípios do comportamento organizacional também mudaram? Vamos 
 
 
26 
 
entender os três níveis do comportamento organizacional e sua relação com o 
trabalho do homem. Então, vamos ler e aprender mais sobre estes temas! 
 
2.1 O significado e ressignificado do trabalho para o homem 
 
A palavra “trabalho” tem origem no latim, deriva do termo tripalium, que 
era um instrumento constituído de três (tri) pedaços de madeira, pau (palium) 
utilizado para triturar o trigo na lavoura. Contudo, passou a ser utilizado como 
uma forma de tortura: tripaliare era o ato de martirizar a pessoa que não 
trabalhava direito. A pessoa era amarrada no tripalium grande e torturada de 
diversas formas. 
 
 
Tripalium 
Fonte: http://artecult.com/wp-content/uploads/2016/03/tripalium1.jpg 
 
Como pôde-se observar, o tripalium era um instrumento de tortura muito 
utilizado pelos romanos no século VI, e que lembra a cruz ou a crucificação, que 
era uma forma de condenação romana às pessoas que cometiam erros graves, 
era a mais severa punição. 
Portanto, a palavra “trabalho” traz em sua raiz epistemológica um 
significado triste, associado à dor e à tortura, influenciando muitas pessoas a 
perceberem o seu trabalho como algo difícil, castigante e torturante. 
Ao se analisar o fato histórico de que durante a Idade Média o trabalho na 
lavoura e os serviços pesados eram realizados pelos servos e escravos, pode-
se constatar que havia uma percepção de que esses serviços eram negativos, 
 
 
27 
 
pesados e punitivos, os quais não eram compatíveis com a realidade das 
pessoas favorecidas, do ponto de vista econômico daquela época. 
Saiba Mais 
Você pode conhecer mais alguns aspectos curiosos sobre a 
origem do trabalho lendo: http://www.ufrgs.br/e-psico/subjetivac 
ao/trabalho/etim_trab.htm# 
 
 
Em decorrência dessas questões históricas, a palavra “trabalho” assumiu 
um significado negativo que perdura até os dias atuais para algumas pessoas. 
Contudo, há uma segunda visão sobre esse termo, sendo esta positiva, 
pois associa o trabalho à 
 
[...] aplicação das capacidades humanas para propiciar o domínio da 
natureza, sendo responsável pela própria condição humana. 
Acompanha a noção de empenho, esforço para atingir determinado 
objetivo. Trabalhar algo, significa também fazer com cuidado, esmerar-
se na execução de uma ação, de uma tarefa (BASTOS, PINHO & 
COSTA, 1995, p. 25). 
 
Sob essa visão, pode-se identificar a própria história de evolução do ser 
humano, por meio da qual ele foi descobrindo as formas de transformação de 
recursos naturais em ferramentas que contribuíram para a caça, pesca e até 
como armas, visando melhorar a sua condição de vida. 
 
 
Instrumentos do período neolítico 
Fonte: https://www.clickescolar.com.br/wp-content/uploads/2016/10/idade-da-pedra-pol 
ida.jpg 
 
 
28 
 
 
Existem, portanto, duas vertentes históricas distintas em relação à origem 
e significado do trabalho: a negativa, como forma de tortura, e a positiva, como 
forma de transformação e melhoria da condição de vida. 
 
Para Refletir 
E você, com qual visão se identifica? Para você o trabalho 
representa uma forma de tortura, um castigo, algo que 
gostaria de evitar ou o trabalho é uma oportunidade para 
transformação da sua realidade atual, melhorando a sua 
condição de vida e de sua família? 
 
No transcorrer da evolução histórica do homem e do trabalho, diferentes 
visões acerca deles foram construídas. Sem dúvida os autores concordam entre 
si em relação à dimensão social do trabalho, visto que ele tem uma finalidade 
para atender a necessidade de outro ser, direta ou indiretamente, sendo o 
trabalho realizado individualmente ou em grupo. O trabalho nos identifica e nos 
diferencia dos animais irracionais. 
 
Para Marx (1983), é justamente essa capacidade que o homem tem de 
transmitir significado à natureza por meio de uma atividade planejada, 
consciente e que envolve uma dupla transformação entre o homem e 
a natureza, que diferencia o trabalho do homem de qualquer outro 
animal. Para o autor, é pelo trabalho que o homem transforma a si e à 
natureza, e, ao transformá-la de acordo com suas necessidades, 
imprime em tudo que o cerca a marca de sua homonidade (NEVES et 
al, 2018, p. 319). 
 
Já os autores Sachuk e Araújo (2007 apud NEVES et al, 2018,p. 320) 
consideram que o trabalho e a evolução do homem são indissociáveis, que a 
própria sobrevivência individual e coletiva do homem girou em torno do trabalho, 
como fonte de transformação da natureza em prol de suas múltiplas 
necessidades. Os autores refletem sobre a dimensão política e histórica do 
trabalho como elemento estruturante e organizador da vida humana. 
Bastos, Pinho & Costa (1995) também apontam para dois eixos 
avaliativos em relação ao termo trabalho, implicando em significados distintos 
conforme o eixo escolhido pelo indivíduo. Para os autores, o primeiro eixo está 
relacionado à origem etimológica da palavra trabalho, a qual reforça a ideia de 
 
 
29 
 
algo ruim, difícil, árduo, vinculado à escravidão e à punição. Já o segundo eixo 
está associado a uma valorização positiva da capacidade humana para propiciar 
o domínio e transformação da natureza em atendimento à própria condição do 
ser humano. 
Na década de 1980, houve uma pesquisa liderada pela Meaning of 
Working lntemational Research Team (1987 apud BASTOS, PINHO & COSTA, 
1995, p. 22), que estudou o significado do trabalho em oito países dentro de uma 
perspectiva psicológica e cognitivista, para entender a percepção e o impacto 
que o trabalho tem sobre os trabalhadores, qual o sentido e seu significado sobre 
suas vidas e como este significado foi construído. Segundo esses pesquisadores 
cujo grupo passou a ser identificado conforme a publicação dos resultados: 
MOW, o significado do trabalho é construído na mente das pessoas a partir de 
três grandes domínios: a centralidade do trabalho, os resultados e objetivos 
valorizados do trabalho e as normas societais do trabalho. 
Em relação à centralidade do trabalho, esta depende do valor e 
importância que o serviço tem na vida do indivíduo, quer seja do ponto de vista 
econômico-financeiro, afetivo, social e outros valores. O componente valorativo 
do trabalho possui duas propriedades, conforme a pesquisa realizada: 
 
• Identificação: resultante de processos cognitivos que envolvem 
a comparação do trabalho como atividade com a percepção do self, 
podendo o trabalho ser central ou periférico na definição da sua 
autoimagem; 
• Envolvimento ou comprometimento: implica respostas 
comportamentais e afetivas ao trabalho, indicando o grau em que o 
trabalho é considerado, pelo indivíduo, como parte de sua própria vida. 
Esses dois componentes são vistos como mutuamente reforçadores 
(BASTOS, PINHO & COSTA, 1995, p. 23). 
 
Os resultados e objetivos valorizados do trabalho respondem, segundo 
dados do MOW (1987 apud BASTOS, PINHO & COSTA, 1995), à pergunta sobre 
o porquê o indivíduo trabalha, ou seja, quais os componentes motivacionais que 
o levam a optar por um trabalho em detrimento a outro. 
 
No estudo desenvolvido pelo MOW, os produtos valorizados do 
trabalho envolvem as seguintes funções abrangentes, expressivas e 
instrumentais, que o trabalho pode desempenhar para o indivíduo, 
apoiando-se largamente na proposta de Kaplan e Tausky (1974): 
a. o trabalho que permite a obtenção de status e prestígio; b. a função 
econômica, obtenção dos rendimentos necessários; c. a função de 
manter o indivíduo ocupado, em atividade; d. a função de contato 
 
 
30 
 
social, de permitir estabelecer relações interpessoais; e. a função de 
se sentir fazendo algo útil à sociedade; e f. a função auto expressiva 
ou intrínseca, quando se valoriza o trabalho interessante e que permite 
a autorrealização (BASTOS, PINHO & COSTA, 1995, p. 23). 
 
As normas societais dizem respeito às normas em relação ao trabalho e 
que são socialmente aceitas pelos indivíduos, pois viabilizam e mantêm a coesão 
dos grupos no ambiente de trabalho. 
A figura a seguir apresenta os resultados dos pesquisadores da MOW, 
sendo que é possível perceber que a família aparece como o principal valor e o 
trabalho como segundo valor mais importante para as pessoas nos diferentes 
países pesquisados, tendo algumas diferenças em relação à importância 
atribuída para à religião, lazer e comunidade. 
 
Quando os resultados da Bahia são comparados aos de outros países, 
indicam que o padrão encontrado na Bahia aproxima-se daquele 
observado nas sociedades ocidentais, diferenciando-se do Japão, 
onde o peso do trabalho é mais elevado, superando inclusive a esfera 
família. (BASTOS, PINHO & COSTA, 1995, p. 29) 
 
 
Resultado da pesquisa MOW (1987) 
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n6/a04v35n6.pdf 
 
Certamente que a importância atribuída ao trabalho e à família depende 
da faixa etária, do nível de escolaridade, assim como o nível socioeconômico e 
financeiro da pessoa. 
 
 
31 
 
Naturalmente, são necessárias novas pesquisas mais abrangentes para 
a compreensão do significado do trabalho para as pessoas nas diferentes 
regiões do nosso país. 
As ideologias social, política e econômica impactam também no 
significado que o trabalho assume sob a ótica dos trabalhadores e dos teóricos. 
Por exemplo, para Marx, o trabalho pode ser percebido como positivo se 
identificarmos a capacidade humana de se transformar e a natureza para o seu 
bem, mas para ele o trabalho pode ser alienante dentro de um sistema 
capitalista. No entanto, se questionarmos as pessoas no sistema capitalista, 
talvez algumas não tenham a mesma percepção de alienação atribuída ao 
trabalho por esse autor. 
O cenário atual é de intensa competitividade entre trabalhadores e 
empresas para a sua sobrevivência no mercado. Aliado a este fator, tem-se a 
contribuição e impacto da tecnologia, que requer novas habilidades e 
conhecimentos, como também pode vir a substituir a força humana. 
 
Nesse contexto, de forma compatível com o ideário neoliberal, a ética 
individualista e a competitividade são intensificadas no mundo do 
trabalho. Os trabalhadores submetidos à ameaça constante da 
demissão e a insegurança em relação à permanência no emprego 
concorrem entre si para que possam “garantir” sua permanência nele. 
Assim, o desejo de vencer e obter sucesso se torna uma “obsessão”, 
requisitando do trabalhador uma dedicação extra sem limites, que se 
estende para além dos muros das organizações (ANTUNES, 2000 
apud NEVES et al, 2018, p. 320) 
 
Portanto, o significado do trabalho depende do contexto histórico, do 
momento socioeconômico e político, sendo que cada indivíduo irá ressignificar o 
trabalho conforme seu quadro de valores, assim como seu contexto pessoal. 
 
2.1.1 Constituição social do trabalho 
 
O trabalho assume diferentes significados e funções de acordo com a 
sociedade em um determinado momento histórico e cultural, associado a própria 
evolução do homem e às transformações econômicas. 
Ao se voltar o olhar para o homem primitivo, tem-se o trabalho diretamente 
relacionado à sobrevivência individual e coletiva, vinculando-se à pesca, caça e 
lavoura, com esforço físico intenso e jornada de trabalho regida pelo sol; 
 
 
32 
 
enquanto houvesse a luz do sol, as pessoas trabalhavam. Nessa época, o 
trabalho braçal era realizado predominantemente pelos homens, enquanto as 
mulheres se ocupavam de serviços domésticos e na criação dos filhos, não 
sendo reconhecidas como trabalho essas atividades. 
Os grupos sociais foram se organizando em tribos, que à medida que se 
juntavam se constituíam as vilas e depois as cidades, povos e países. A 
necessidade de um grupo dominar o outro resultou em lutas, guerras e 
revoluções. 
A sociedade se estratificava, se organizava e cada indivíduo, conforme 
sua classe, ocupava uma função e um tipo de trabalho. Assim, foram surgindo 
novas formas de trabalho além da pesca, caça e lavoura, aparecendo os 
políticos, os governantes, os fiscais de impostos, os artesãos, os soldados, os 
pajens, os filósofos, o clero, o pedagogo (servo que conduzia as crianças para 
receberem educação), os curandeiros, as parteiras e assim por diante. 
Evidentemente que as formas de trabalho disponíveis na Pré-história,Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea são bem 
distintas, sendo que a diversificação do trabalho em cada época apresenta 
significados muito diferentes. 
O trabalho foi se transformando, ao longo da história, de atividades 
manuais e de força física para uma mescla de tarefas com esforço físico e outras 
com esforço mental. 
As quatro revoluções industriais impactaram neste processo de mudança 
na forma de se trabalhar, sendo que a tecnologia exerceu grande influência neste 
processo de transformação social do trabalho. 
A automação, a informatização, o processo de gestão, a inovação 
tecnológica, entre outros, contribuíram para que novas formas de serviço fossem 
criadas. Da Antiguidade até esse período ocorreram as principais mudanças. 
O trabalho, que durante muitos anos esteve delimitado por um espaço 
físico, atualmente ganha liberdade no espaço cibernético, com o home office, 
trabalho autônomo, com o empreendedorismo e com novo sentido e significado 
atribuído a eles pelas novas gerações. 
 
Essas mudanças nas formas de trabalho e emprego trazem 
implicações objetivas e subjetivas, já que a noção de trabalho envolve 
tanto as condições socioeconômicas nas quais essa atividade humana 
 
 
33 
 
desenvolve-se como no significado, no sentido e nos valores 
socioculturais dessa experiência. As condições de trabalho são 
relativas às circunstâncias nas quais ele ocorre, já os significados 
remetem a diferentes valores e concepções sobre trabalho 
(COUTINHO, 2009 apud NEVES et al, 2018, p. 321) 
 
A transformação social do trabalho requer novos paradigmas, novas 
formas de gestão, de recrutamento e seleção, de desenvolvimento de pessoas 
e compreensão dos fatores psicológicos e contingenciais que permeiam o 
sentido e o significado do trabalho para os indivíduos e organizações. 
 
Curiosidade 
Você sabia que a geração Z e a nova geração denominada 
de “millennials” possuem um posicionamento positivo e 
negativo bem consolidado e que mostra um sentido e 
significado diferente para o trabalho, impactando fortemente 
nas formas de gestão das empresas? Este novo olhar, no 
qual o trabalho tem uma centralidade reduzida, faz com que 
as empresas tenham que repensar as formas de atração e 
retenção de pessoas? Qual será o futuro das organizações? 
 
Saiba Mais 
Para entender o que pensam os “millennials” e a geração Z 
em relação ao trabalho, leia as reportagens nos links: 
https://www.consumidormoderno.com.br/2019/05/31/millenia
ls-z-menos-otimistas/ 
https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/human-capital/articles 
/millennials-survey.html# 
 
2.2 O comportamento organizacional do trabalho para o homem 
 
Para compreender o comportamento organizacional, é necessário, antes, 
entender o contexto em que ele se insere e como que as organizações passaram 
a se preocupar com o fator humano para o sucesso delas. 
 
 
34 
 
Robbins (2002, p. 2) define organização como “uma unidade social 
conscientemente coordenada, composta por duas ou mais pessoas, que 
funciona de maneira relativamente contínua, para atingir um objetivo comum”. 
Segundo essa definição, pode-se considerar como organizações as 
empresas de serviço, as indústrias, instituições de ensino, hospitais, os órgãos 
públicos em suas diversas instâncias e níveis, lojas, dentre muitos tipos de 
negócio. As organizações podem ser nacionais, multinacionais, capital misto e 
ter portes diferentes e finalidades diversas. 
Dentro das organizações há algumas pessoas que atuam como 
executivos, os quais, conforme Robbins (2002, p. 2), “atingem seus objetivos por 
meio do trabalho de outras pessoas. Eles tomam decisões, alocam recursos e 
dirigem atividades de outros com o intuito de atingir determinados objetivos”. 
Dentro deste contexto, pode-se observar que para atingir os objetivos 
organizacionais tanto os executivos como as demais pessoas vão aplicar suas 
habilidades técnicas e interpessoais. Algumas empresas utilizam o termo 
“administradores” ao invés de “executivos”. 
Diante do mundo empresarial atual, a vantagem competitiva pode fazer a 
diferença entre a vida e a morte de uma organização. Gerir um negócio ao 
sucesso e à sua sustentabilidade, portanto, requer a identificação de uma ou 
mais vantagens competitivas. 
Ao se analisar a história de sucesso de grandes organizações, como, por 
exemplo, a Harley-Davidson, muitas pessoas não imaginariam que ela já esteve 
à beira da falência em 1985. Como que essa empresa deu a volta por cima? 
A Harley-Davidson identificou a necessidade de melhorar a produtividade, 
mas ela estava diretamente relacionada ao nível de satisfação e motivação de 
seus trabalhadores. Buscou soluções focando no comportamento humano e não 
na tecnologia aplicada à produtividade. Esse caso é apenas mais um que ilustra 
a importância do fator humano. 
Wagner III & Hollenbeck (2000, p. 6) apontam que o “comportamento 
organizacional é um campo de estudo voltado a prever, explicar, compreender e 
modificar o comportamento humano no contexto das empresas”. 
Os autores ainda analisam que há três considerações importantes que 
precisam ser ponderadas: 
 
 
 
35 
 
➢ O comportamento organizacional, embora tenha o foco em 
comportamentos observáveis como conversar com colegas, usar 
máquinas e equipamentos, preparar relatórios, atender clientes, 
também lida com as ações internas, tais como pensar, sentir, perceber 
e decidir. As ações internas acompanham as ações externas; 
➢ Estuda o comportamento tanto do indivíduo como deles em unidades 
sociais maiores; 
➢ Analisa o “comportamento” dessas unidades sociais maiores (os 
grupos) por si, pois eles são muito mais que a soma dos 
comportamentos dos indivíduos que o compõem, sendo analisado 
como resultante de processos grupais ou organizacionais. 
 
O estudo do comportamento organizacional se apoia na contribuição de 
diversas ciências sociais aplicadas, como: psicologia, sociologia, antropologia e 
ciências políticas. 
 
O comportamento organizacional é um campo de estudos que 
investiga o impacto que indivíduos, grupos e estrutura têm sobre o 
comportamento dentro das organizações, com o propósito de utilizar 
esse conhecimento para promover a melhoria da eficácia 
organizacional. (ROBBINS, 2002, p. 6) 
 
2.2.1 Níveis de estudo do comportamento organizacional 
 
Considerando a definição apresentada pelos autores Wagner III & 
Hollenbeck (2000) e Robbins (2002), o estudo do comportamento organizacional 
se divide na compreensão dele em três níveis distintos: 
 
➢ Indivíduo ou nível micro-organizacional; 
➢ Grupo ou nível meso-organizacional; 
➢ Estrutura da empresa ou nível macro-organizacional. 
 
2.2.2 Nível micro-organizacional 
 
Neste nível, os estudos se concentram na compreensão do 
comportamento humano do indivíduo, utilizando-se de muitos conhecimentos 
 
 
36 
 
oriundos da psicologia. O foco de estudo envolve a aprendizagem, a motivação, 
a percepção, o stress, a personalidade e o desenvolvimento humano. A 
psicologia organizacional contribui com suas teorias sobre a seleção de pessoas, 
as atitudes no local de trabalho e avaliação de desempenho. 
As perguntas de pesquisa neste nível são: 
 
[...] quais os efeitos das diferenças de aptidões sobre a produtividade 
do empregado? Como as pessoas sentem o seu local de trabalho? O 
que motiva os funcionários a desempenhar seus cargos? Por que 
alguns sentem-se satisfeitos com seu trabalho enquanto outros julgam-
no estressante? (WAGNER III & HOLLENBECK, 2002, p. 7). 
 
No nível individual, estudam-se as características biográficas, a 
personalidade, as emoções, os valores e atitudes, a percepção, a motivação, o 
processo de tomada de decisão, a aprendizagem e as habilidades de cada 
pessoa. 
Como atender a satisfação individual em consonância com as demandas 
organizacionais? Será possível equilibrar os interesses dos indivíduos com o 
interesse da organização, respeitando-semutuamente? 
Essas questões orientam este olhar neste nível do comportamento 
organizacional, buscando-se a eficácia e o equilíbrio. 
 
2.2.3 Nível meso-organizacional 
 
Os estudos neste nível se concentram na compreensão dos 
comportamentos dos indivíduos inseridos em equipes e grupos no contexto 
empresarial. As ciências que contribuem para este entendimento são a 
comunicação, a psicologia social e a sociologia interacionista, cujos estudos 
dizem respeito à socialização, liderança, confiança, comunicação, dinâmica de 
grupo, conflitos, tomada de decisão no grupo, equipes de trabalho, poder e 
política, mudança e estresse. 
As questões norteadoras são: quais formas de socialização incentivam os 
que trabalham juntos a cooperar entre si? Qual combinação de aptidões entre 
os indivíduos de uma equipe melhoram o desempenho do grupo? Como se pode 
melhorar a produtividade de uma equipe de trabalho? Como se pode determinar 
qual líder será o mais eficaz para uma equipe? 
 
 
37 
 
2.2.4 Nível macro-organizacional 
 
O comportamento organizacional no nível macro diz respeito aos sistemas 
e à estrutura da organização, tendo como objeto de estudo as políticas e práticas 
de recursos humanos, a cultura organizacional, o desenho, estrutura da 
empresa, o desenho do trabalho e a tecnologia. 
As ciências que contribuem para o entendimento do nível macro-
organizacional são a sociologia, a ciência política, a antropologia e a economia. 
As questões de investigação neste nível são: de que forma o poder é 
adquirido e retido? Quais mecanismos podem ser utilizados para coordenar as 
atividades de trabalho? De que forma os conflitos poderão ser solucionados? Por 
que há diferenças nas estruturas organizacionais? Como que uma empresa 
deverá ser estruturada para que possa lidar melhor com as circunstâncias que a 
rodeiam? 
 
 
Modelo básico de comportamento organizacional 
Fonte: https://www.researchgate.net/profile/L_Neto/publication/317619868/figure/fig4/A 
S:505877578489860@1497622021264/Figura-1-Modelo-de-Comportamento-Organiza 
cional-de-Robbins-Fonte-Adaptada-de-Robbins.png 
 
 
 
38 
 
Todos os questionamentos nos diferentes níveis são importantes e se 
complementam para a busca de uma maior eficácia a partir da otimização do 
comportamento organizacional. Não é uma tarefa simples, mas sendo abraçada 
por mais de uma pessoa dentro da mesma organização e ancorada na 
contribuição das diversas ciências será possível encontrar as respostas 
adequadas para cada tipo de empresa, pois não há uma fórmula única que se 
aplica a todo tipo de organização. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nesta aula, você aprendeu que a palavra “trabalho” traz em sua origem 
duas visões, uma negativa e outra positiva. Para algumas pessoas, o trabalho 
poderá ser percebido como algo árduo, difícil e punitivo, como para outras 
representa uma oportunidade de transformação pessoal e social por uma melhor 
condição de vida para si e para a família. 
A percepção que cada pessoa possui sobre o trabalho irá impactar na 
forma de como irá exercê-lo e se relacionar com as outras pessoas no ambiente 
organizacional, influenciando no resultado de sua equipe. 
A compreensão do comportamento humano nos níveis do indivíduo, do 
grupo e da estrutura organizacional, contribui muito para a eficácia das empresas 
e dos indivíduos que nela trabalham. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Pesquise a história de alguma organização, (exceto a Harley-
Davidson, que já foi abordada nesta aula) que se beneficiou 
com o estudo do comportamento organizacional. Que nível de 
comportamento foi pesquisado e aplicado à intervenção? Que 
tipo de ação você sugeriria para a sua organização atual, ou 
alguma anterior, ter maior eficácia? 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Aula 3 – Motivação, atitudes e liderança 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá! Está gostando de conhecer estes temas estudados pela psicologia 
organizacional e que impactam na sua conduta no trabalho? Nesta aula, vamos 
abordar os fatores influenciadores no comportamento organizacional: motivação, 
atitudes e liderança! Qual será a sua identificação com estes temas? 
 
3.1 Motivação 
 
Desde os primórdios da humanidade, a motivação se fez presente e 
influenciou a própria evolução do ser humano. Se voltar o olhar para essa época, 
constata-se que o homem primitivo foi motivado a buscar recursos na natureza 
para a sua sobrevivência e evolução. Ao descobrir o fogo e como ele podia ser 
usado para aquecer, identifica-se uma postura motivadora nesta ação. 
Ví deo 
Para saber mais, assista ao vídeo O pensamento e a 
descoberta da ferramenta "2001: Uma Odisseia no Espaço", 
que que mostra o pensamento e a descoberta da ferramenta 
pelos hominídeos, disponível no link: https://www.youtube.com/ 
watch?v=9etefsYMm5o 
 
O homem pré-histórico era motivado a fazer novas descobertas, sendo 
que o interesse por estudar os fatores influenciadores no ser humano surgiu na 
Grécia Antiga com os filósofos. A palavra em latim movere significa movimento 
em direção a algo. Considerando que a palavra motivação é um termo composto 
constituído pela junção de duas palavras: “motivo” mais “ação”, assim ela 
envolve o movimento que uma pessoa ou animal faz em busca de algo para 
atender a sua necessidade ou desejo. 
Sem dúvida este é um dos temas em que há um grande e diversificado 
campo de pesquisas e especulações. Cabe aos bons profissionais e empresas 
saberem diferenciar informações científicas e sérias sobre motivação de dados 
 
 
40 
 
sem consistência técnica. É fácil se intitular expert em motivação, mas será que 
por trás de muitos discursos não há uma intenção escusa? 
Diante deste cenário em que há a mistura de literaturas, palestrantes, 
teóricos e pesquisadores, separar o ‘joio’ do ‘trigo’ não é uma missão fácil, mas 
não é impossível. E, uma das formas para se realizar esta tarefa é adquirindo 
informações concisas sobre o tema. 
É importante diferenciarmos entretenimento de motivação, pois há 
muitas práticas intituladas como motivacionais, sendo que na realidade são 
atividades de entretenimento. 
Vocabula rio 
Entretenimento: ato ou efeito de entreter-se; o que entretém 
ou diverte; passatempo. (Dicionário Michaelis Online, 
disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t= 
0&palavra=entretenimento) 
Motivação: ato ou efeito de motivar-se; (psic.) série de 
fatores de natureza afetiva, intelectual ou fisiológica, que 
atuam no indivíduo, determinando-lhe o comportamento; 
(jur.) conjunto de princípios que legitimam uma decisão 
judicial; antônimo: desmotivação. 
 
Observem que há uma diferença muito significativa nestas atividades, 
pois os atos que proporcionam o entretenimento às pessoas são pontuais, seus 
efeitos são imediatos e de curta duração. Por exemplo, uma brincadeira ou um 
jogo com bolas, bexigas ou outros objetos lúdicos vão proporcionar uma 
integração, descontração e alegria durante a sua execução, despertando 
sentimentos de satisfação, mas não necessariamente terão efeitos 
motivacionais, pois carecem de outras atividades associadas que correlacionem 
a brincadeira com outros fatores que prolonguem o efeito e impacto da satisfação 
momentânea. 
Para Refletir 
Você já ouviu alguém comentando: “ah foi legal o curso, a 
gente riu muito, foi divertido!” E, você, perguntou à pessoa: 
“o que aprendeu no curso?” Ela ao responder te disse: “não 
 
 
41 
 
me lembro, mas foi legal!”. Será que você já viveu essa 
situação? Você se sentiu motivado? 
 
Algumas organizações e profissionais interpretam a baixa produtividade 
de um grupo como decorrência de problemas motivacionais e para solucionar 
programam atividades de treinamento motivacional com uso de técnicas de 
dinâmica de grupo, e, ficam surpresos com o resultado, pois ele nem sempre 
reflete no aumento da produtividade. Você já se perguntou o porquê será que 
isso acontece? 
O uso inadequado das ferramentascomo jogos vivenciais e técnicas de 
dinâmica de grupo poderá ser a resposta para esse caso, visto que são 
metodologias eficazes quando bem planejadas, contextualizadas e aplicadas por 
profissionais que detenham o conhecimento técnico-científico com experiência. 
Portanto, cabe ao profissional de recursos humanos (RH) diagnosticar os 
fatores atrelados à motivação humana no contexto organizacional para 
apresentar propostas de intervenção consistentes. Saber investigar, perguntar e 
diagnosticar será a chave que fará a diferença para a atuação profissional. 
Considerando que a motivação influencia muito o comportamento 
humano, é fundamental compreender melhor este processo psicológico. 
Há uma grande variedade e diversidade de teorias e posicionamento dos 
autores frente a este tema, contudo, há pontos em comum entre as diferentes 
teorias. Vamos conhecê-los melhor! 
A motivação resulta de fatores ou necessidades diferentes das pessoas, 
sendo que algo que motiva um indivíduo em uma determinada idade poderá não 
ser motivador em outra fase da vida. Isso significa que há também uma influência 
da percepção que cada pessoa tem dos fatores motivadores, necessidades e 
desejos. 
 
As teorias da motivação são uma tentativa... de explicar por que (1) os 
estímulos evocam respostas; (2) um determinado estímulo evoca uma 
certa resposta em vez de quaisquer outras concebíveis; (3) certos 
estímulos têm um valor de recompensa e outros não; (4) certas 
respostas parecem surgir por si mesmas, sem nenhum desencadeante 
exterior aparente (LINDGREEN & BYRNE, 1982, pp. 214-215). 
 
As teorias motivacionais buscam explicar, portanto, os fatores 
motivadores e como este processo ocorre nos seres humanos. Há teorias que 
 
 
42 
 
consideram que a motivação ocorre de dentro para fora, ou seja, que no interior 
do indivíduo há forças, impulsos, necessidades e desejos que quando intensos 
irão direcionar o comportamento na busca de estímulos externos que venham a 
atendê-los. Há outros teóricos que consideram que a motivação é provocada de 
fora para dentro, visto que há estímulos externos que irão provocar o 
desencadeamento de necessidades e desejos. 
Sem dúvida que há estímulos externos que vão atender à satisfação das 
necessidades e desejos humanos, no entanto, um mesmo estímulo terá um 
significado motivador para uma pessoa enquanto para outra poderá até ser 
aversivo ou indiferente. 
Vamos ilustrar com um exemplo: se como professora eu disser que vou 
presentear a turma de uma disciplina trazendo um prato salgado para um almoço 
ou jantar, o que você sentiria? Certamente, a princípio eu seria aplaudida pelos 
alunos, concorda? Mas, ao informar que vou trazer “dobradinha”, talvez alguns 
estudantes vão sorrir, gostando e outros vão fazer caretas, não gostando. Isso 
demonstra que o estímulo em si (a dobradinha) não tem um efeito motivador, ele 
será percebido como motivador ou não pelo indivíduo. 
Nesse exemplo, pode-se identificar o caráter intrínseco da motivação 
(percepção conforme a história de vida e afetividade de cada um em relação ao 
estímulo) e o aspecto extrínseco, afinal o estímulo está fora do indivíduo. 
A questão que provavelmente você esteja se fazendo é: como que o 
estímulo é percebido por uma pessoa como motivador e por outra não? Como 
identificar os fatores externos motivadores em um ambiente organizacional a fim 
de motivar os funcionários de uma organização? Para compreender melhor a 
motivação humana, serão apresentadas algumas teorias motivacionais. 
 
3.1.1 Teorias motivacionais 
 
Na década de 1950, houve um desenvolvimento dos conceitos sobre 
motivação de forma frutífera, sendo que três teorias desse período se destacam, 
embora atualmente haja alguns questionamentos sobre a validade delas. As 
teorias motivacionais dessa época são: a teoria das necessidades motivacionais, 
de Abraham Maslow, a teoria X e Y, de Douglas McGregor, e a teoria dos dois 
fatores, de Frederick Herzberg. Vamos abordá-las brevemente. 
 
 
43 
 
Maslow era psicólogo clínico e observou que muitos dos conflitos de seus 
pacientes estavam relacionados com o trabalho e a motivação. Assim, após 
muitos anos de pesquisa, ele apresentou sua teoria motivacional, amplamente 
conhecida como a pirâmide de Maslow. 
Para Maslow, o ser humano tem em seu interior cinco fatores de 
necessidades motivacionais, que são: 
 
1. Fisiológicas: incluem fome, sede, abrigo, sexo e outras 
necessidades corporais. 
2. Segurança: inclui segurança e proteção contra danos físicos e 
emocionais. 
3. Sociais: incluem afeição, aceitação, amizade e sensação de 
pertencer a um grupo. 
4. Estima: inclui fatores internos de estima, como respeito próprio, 
realização e autonomia; e fatores externos de estima, como status, 
reconhecimento e atenção. 
5. Autorrealização: a intenção de tornar-se tudo aquilo que a 
pessoa é capaz de ser; inclui crescimento, autodesenvolvimento e 
alcance do próprio potencial (apud ROBBINS, 2002, p. 152). 
 
Essas necessidades emergem como fatores motivadores quando não 
estão satisfeitas, fazendo com que o indivíduo tenha comportamentos em busca 
de estímulos que atendam a sua necessidade. 
 
 
Teoria motivacional de Maslow 
Fonte: acervo do autor (2019), adaptado de (ROBBINS, 2002, p. 152). 
 
 
 
44 
 
Para Maslow, as necessidades de segurança e fisiológicas são básicas 
para a sobrevivência do ser humano enquanto indivíduo e espécie; as 
necessidades sociais, estima e autorrealização, são necessidades psicológicas, 
um colaborador bem capacitado deve ser ouvido pelo seu gestor. Há 
autores que fizeram uma tradução ou releitura diferente das ideias desse autor, 
recomendamos para um aprofundamento ler sua teoria no original, evitando os 
possíveis ruídos de comunicação que ocorrem naturalmente nas traduções. 
Segundo Maslow, as necessidades estão dispostas em uma ordem 
hierárquica, mas essa sequência pode ser diferente de pessoa para pessoa, 
conforme as suas percepções sobre as prioridades em sua vida. 
Douglas McGregor apresenta em sua teoria duas visões distintas do ser 
humano em relação ao trabalho e aos seus gestores, sendo uma visão positiva 
(a teoria X), e a outra uma visão negativa (a teoria Y). O quadro a seguir 
apresenta as principais premissas dessas duas teorias. 
 
X e Y, de McGregor 
TEORIA X TEORIA Y 
Os funcionários não gostam de 
trabalhar e tentam evitar o trabalho. 
Os funcionários podem achar o 
trabalho tão natural quanto descansar 
e se divertir. 
Como não gostam de trabalhar, 
precisam ser coagidos, controlados e 
ameaçados. 
Quando as pessoas estão 
comprometidas com o objetivo, 
demonstram auto-orientação e 
autocontrole. 
Os funcionários evitam 
responsabilidades e buscam sempre 
orientação, são dependentes. 
As pessoas podem até aceitar ou 
buscar a responsabilidade. 
Os funcionários priorizam a 
segurança e mostram pouca ambição. 
A capacidade de tomar decisões 
inovadoras pode estar em qualquer 
pessoa, não sendo um privilégio 
exclusivo daquelas em posições 
hierárquicas mais altas. 
Fonte: acervo do autor (2019), adaptado de ROBBINS (2002) e adaptado pelo DI (2020). 
 
Não há evidências em relação à validade de cada uma dessas teorias, 
embora ambas se apliquem a determinadas situações. McGregor acreditava 
mais nas premissas da teoria Y em relação à teoria X, propondo atividades com 
 
 
45 
 
maior participação decisória por parte dos funcionários como estratégia para 
maximizar a motivação. 
A teoria dos dois fatores, de Frederick Herzberg, também conhecida como 
Teoria dos fatores higiênicos e motivadores, considera que os fatores intrínsecos 
estão associados à satisfação com o trabalho, enquanto os fatores extrínsecos 
estão relacionados com a insatisfação. 
Herzberg baseou-se no conceito de homeostase, da teoria de Canon, 
para postular sobre os fatores higiênicos, considerando que esses elementos 
quando presentes não provocam a motivação,

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