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, TECNICA E FUNDAMENTOS S676e Soares, Ilson José. Endodontia [recurso eletrônico] : técnicas e fundamentos/ Ilson José Soares, Fernando Goldberg. - 2. ed. - Dados eletrônicos. - Pono Alegre: Artrned, 2011. Editado também como livro impresso em 2011. ISBN 978-85-363-2514·9 1. Odontologia. 2. Endodontia. I. Goldberg, Fernando. U. Título. CDU 616.314 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus - CRB 10/2052 , , ILSON JOSE SOARES Professor livre-docente. Doutor em Endodontia pela Universidade Federal de Santa Catarina. FERNANDO GOLDBERG Professor titular da disciplina de Endodontia da Escola de Odontologia da Universidade dei Salvador - Associação Odontológica Argentina, Buenos Aires, Argentina. TECNICA E FUNDAMENTOS -2ª EDICAO Versão impressa desta obra: 2011 2011 I © Artmed Editora SA, 2011 Capa: Paola Manica Ilustrações: José A. Kemper Preparação de original: Ana Rachel Salgado Editora sênior - Biociências: Letída Bispo de Lima Projeto e editoração: Techbooks Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMEDe EDITORAS.A. Av. Jerônimo de Omelas, 670 - Santana 90040-340 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. Unidade São Paulo Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhão 5 - Cond. Espace Center Vila Anastácio - 05095-035 - São Paulo - SP Fone: (11) 3665-1 100 Fax: (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTBD IN BRAZIL HNão é suficiente ensinar endodontia. É necessário fazer com que o aluno goste dela." llson Soares Coautor Telmo Tavares Ex-professor titular da disciplina de Endodontia do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil. Doutor em Ciênáa pela UFSC. Colaboradores Clóvis Monteiro Bramante Professor titular da disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, São Paulo, Brasil. Marcelo Chain Professor associado m da disciplina de Materiais Dentários do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. MS e PhD em Biomateriais, USA. Peter E. Murray Professor of Endodontics. Associate dean for Advanced Education Programs, Nova Southeastem University, College of Dental Medicine, Fon Lauderdale, Florida. Santiago Frajlich Professor adjunto da disciplina de Endodontia da Escola de Odontologia da Universidade Dei Salvador, Associação Odontológica Argentina, Buenos Aires, Argentina. Sergio Kuttler Professor of Endodontics. Associate dean for Advanced Education Programs, Nova Southeastern University, College of Dental Medicine, Fort Lauderdale, Florida. Dedicatória A todos os nossos Mestres, de ontem e de hoje, que nos ensinaram a conhecer e amar a endodontia, dedicamos este livro. Prefácio à 2ª Edicão I Convencidos de que a l ª edição de Endodontia: técnica e fundamentos alcançou seus objetivos, os autores decidi- ram formular uma 2• edição. Os erros e enganos presen- tes na primeira despenavam a vontade de corrigi-los; o avanço da ciência endodôntica mostrava a necessidade de atualizar o livro. E, assim, impulsionados pela von- tade e pela necessidade, decidimos fazê-lo, mantendo as diretrizes da edição anterior. Alguns capítulos foram modificados, outros atualizados e alguns novos foram acrescentados a esta 2ª edição. Para torná-lo um livro mais abrangente, além dos colaboradores da edição an- terior, temos agora a participação dos professores Cló- vis Bramante, que coordenou a elaboração do capítulo sobre Cirurgia Paraendodôntica, Santiago Frajlich, que auxiliou no capítulo sobre Endodontia Mecanizada, Pe- ter Murray e Sergio Kuttler que escreveram o capítulo sobre Terapias Regenerativas em Endodontia. Além desses, muitos outros colaboradores anôni- mos contribuíram para esta edição. Corrigindo, criti- cando, sugerindo ou opinando, muitos colegas procu- raram nos auxiliar. A todos, nosso muito obrigado! Certamente, ao finalizá-la, desejaríamos - nova- mente - corrigi-la. Não é possível. Sempre existirão erros e enganos a serem corrigidos e atualizações a se- rem feitas. Como há oito anos, temos a ceneza de que, mais uma vez, este texto será avaliado sob a ótica de seus propósitos, isto é: oferecer, àqueles que iniciam o estudo da endodontia, de forma simples e objetiva, os conhecimentos necessários ao aprendizado e ao exer- ácio dessa prática. Os Autores Prefácio da 1 ª Edicão I Em qualquer área do conhecimento, os primeiros passos são extremamente difíceis. A inexperiência de quem começa, o ineditismo e o volume de conteúdo a ser aprendido constituem um binômio de difícil reso- lução. A nossa experiência como professores de endo- dontia, durante anos, plasmou essa convicção de forma irrefutável. Paralelamente a essa complexidade, o reduzido número de publicações direcionadas - prioritariamente - àqueles que iniciam a endodontia acaba por dificul- tar, ainda mais, o aprendizado dessa especialidade. Por tais razões, este livro foi elaborado com a finalidade de oferecer, de forma simples e objetiva, o aprendizado e o exeróào dessa prática. Ao procurar imprimir objetividade às informações apresentadas, intencionalmente não discutimos con- dutas similares àquelas sugeridas no texto. Também, propositadamente, os conhecimentos de patologia pul- par e periapical, bem como os procedimentos semio- técnicos não foram incluídos. As inúmeras publicações espeóficas sobre estes temas à disposição dos interessa- dos, e a intenção de enfatizar aspectos direcionados à terapia endodôntica levaram-nos a priorizar os proce- dimentos técnicos. Dentro desse enfoque, a conduta recomendada resulta de nossa experiência clínica e tem suas bases científicas alicerçadas na literatura referida ao final de cada capítulo. Ainda com a intenção de facilitar o aprendizado, este livro foi dividido em duas panes. A primeira cons- titui-se de uma orientação básica e objetiva para exe- cutar os tratamentos endodônticos. A segunda é uma coletânea de informações e procedimentos clínicos que certamente irão amenizar a sede daqueles que estão ávidos por aprender. Os Autores Apresentação da 1 ª Edicão I Foi uma agradável e honrosa surpresa ter sido convi- dado para apresentar a obra de dois colegas, os quais tive o prazer e a feliz oponunidade de conhecer longo tempo atrás, um em Buenos Aires e outro em Florianó- polis. Ambos estabeleceram uma relação de intercâm- bio de conhecimentos e amizade, que acabou por dar origem a este livro, dirigido àqueles que se interessam pelo aprimoramento e pelo estudo da endodontia. A consciência científica e a experiência clínica dos auto- res contribuíram para que os resultados de trabalhos de pesquisa influenciassem de modo decisivo nos proce- dimentos clínicos que praticam. Redigida com lingua- gem clara, precisa e compreensível por todos, a obra aborda com propriedade todos os aspectos inerentes ao tratamento endodôntico, estendendo-se ao tratamento conservador da polpa dental e às lesões traumáticas dos tecidos dentários. Todos os capítulos são apresentados com excelente didática, contendo no seu bojo a expo- sição de conhecimentos bastante atuais, que abrangem com habilidade o progresso e a evolução fulminante da •ciência endodôntica•. Este compêndio deixa trans- parecer a precisão das técnicas descritas, aliadas a um emaranhado de conhecimentos que espelham não só a seriedade mas, antes de tudo, o conhecimento e a honestidade dos autores. A classe endodôntica e os afi- cionados pela endodontia estão de parabéns por este presente literário. Roberto Holland Professor titular da disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. Sumário Parte 1 Técnica efundamentos Capítulo 1 O Cenário 25 A polpa 25 Os teódos perirradiculares 26 Os mícro-organismos: alterações no cenário 26 Capítulo 2 Procedimentos para o Diagnóstico em Endodontia 29 Introdução 29 A história médica 29 A anamnese (história clínica) 30 O exame clínico 30 Testes clínicos 38 Exame radiográfico 43 Respostas e comentários sobre os casos apresentados 58 Capítulo 3 Planejamento do Tratamento Endodôntico 61 Introdução 61 Aspectos relativos ao paóente 61 Aspectos relativos ao dente 62 Aspectos relativos ao isolamento 62 Aspectos relativos ao acesso à câmara pulpar e ao canal 63 Aspectos relativos ao preparo do canal 71 Aspectos relativos à obturação 76 23 Capítulo 4 Procedimentos Pré-operatórios 79 Introdução 79 Esterilização e desinfecção do instrumental e do material de uso endodõntico 79 Condióonamento do paciente 83 Anestesia 83 Preparo da coroa 83 Capítulo 5 Isolamento do Campo Operatório 85 Introdução 85 Posição do paciente e do operador 85 Momento para realizar o isolamento 85 Operações prévias 86 Técnica de colocação do dique de borracha 87 Remoção do dique de borracha 90 Isolamento em situações especiais 91 Isolamento relativo 91 Capítulo 6 Configuração Interna do Elemento Dental 93 Introdução 93 Cavidade pulpar 93 Incisivo central superior 95 Incisivo lateral superior 95 Incisivo central inferior 98 Incisivo lateral inferior 98 Canino superior 98 Canino inferior 99 Primeiro pré-molar superior I 00 @(:j SUMÁRIO Segundo pré-molar superior 100 Primeiro pré-molar ínferior 101 Segundo pré-molar ínferior 102 Primeiro molar superior 102 Segundo molar superior 103 Primeiro molar inferior 103 Segundo molar inferior 105 Capítulo 7 Acesso ao Ca.nal Radicular 107 Introdução 107 Acesso ao grupo dos incisivos 108 Acesso ao grupo dos caninos 115 Acesso ao grupo dos pré-molares inferiores 117 Acesso ao grupo dos pré-molares superiores 119 Acesso ao grupo dos molares inferiores 122 Acesso ao grupo dos molares superiores 127 Observações 130 Instrumentos para o preparo do terço cervical 131 Capítulo 8 Preparo do Canal Radicular: Instrumental Endodôntico 141 Introdução 141 Materiais 141 Constituição dos instrumentos manuais 142 Comprimento dos instrumentos 142 Diâmetros da parte ativa 143 Estandardização dos instrumentos 144 Estudo dos principais instrumentos 144 Acondicionamento do instrumental endodôntico para esterilização 151 Ordenamento do instrumental endodôntico durante o uso 151 Capítulo 9 Preparo do Canal Radicular: Esvaziamento e Modelagem 153 Introdução 153 Capítulo 10 Procedimentos e Produtos Químicos Auxiliares do Preparo Mecânico 203 Introdução 203 Irrigação e aspiração 203 Uso de quelantes 207 Sistemas mecânicos coajuvantes das soluções químicas 209 Curativo de demora 211 Conduta clínica nos casos de rompimento da restauração provisória 218 Capítulo 11 Obturação do Ca.nal Radicular 221 Introdução 221 Momento 221 Nível apical 221 nidimensionalidade 222 Materiais 222 Técrúcas de obturação 223 Cimentos endodônticos 233 Técrúcas termomecãnicas 243 Técrúcas térmicas propriamente ditas 244 Escolha da técrúca de obturação 249 Parte li Informações e procedimentos clínicos diferenciados 253 Capítulo 12 Materiais para Restau.rações Provisórias em Endodontia 2SS Introdução 255 Fatores a serem analisados para a escolha do material restaurador provisório 256 Classificação dos materiais restauradores temporários 259 Considerações para a escolha do material 266 Capítulo 13 Reparo após o Tratamento dos Canais Radiculares 269 Introdução 269 Generalidades sobre reparo dos tecidos ápico-periapicaís 269 Reparo após pulpectomía 272 Reparo após tratamento de dente despolpado 275 A influência do material obturador no processo de reparo 281 Alguns fatores gerais que podem influenciar no reparo ápico-periapical 282 Considerações dínicas sobre reparo dos tecidos ápico-periapicais 284 Capítulo 14 Tratamentos Endodôntlcos Conservadores 289 Introdução 289 Conceitos 289 Indicações 289 Avaliação do estado dínico da polpa 290 Técnicas 293 Controle pós-operatório 297 Capítulo 15 Tratamento dos Dentes com Rizogênese Incompleta 303 Introdução 303 Diagnóstico do estado da polpa 304 Tratamento de dentes com polpa viva e com rizogênese incompleta 305 Tratamento de dentes com polpa necrosada e rizogênese incompleta 306 Conduta clínica 307 Componamento dos tecidos ápico-periapicais na apexificação 31 O Tratamento endodôntico regenerativo 313 Capítulo 16 Emergências Endodônticas 317 Introdução 31 7 Quadro clínico 31 7 Tratamento da dor provocada por doença da polpa 319 Tratamento da dor provocada por enfermidade periapical 320 Tratamento da dor surgida durante a realiração do tratamento endodôntico (flare-up) 330 Tratamento da dor surgida após a conclusão do tratamento endodôntico 331 Capítulo 17 Retratamento 335 Introdução 335 Retratamento endodôntico 340 A técnica 341 Complicações que dificultam o retratamento 367 Capítulo 18 Cirurgia Parendodôntica 377 Introdução 377 Anestesia 379 Instrumental 381 Incisão 382 Divulsão 387 Ostectomia 387 Modalidade cirúrgica 390 Sutura 391 Cuidados pós-operatórios 393 Indicações e contraindicações 394 Modalidades cirúrgicas 394 Capítulo 19 Lesões Traumáticas dos Tecidos Dentários 417 Introdução 417 Sistematização 417 Avaliação do traumatismo 417 SUMÁRIO i(.j Lesões traumáticas do sistema de suporte 421 Fraturas dentárias 453 Capítulo 20 Reabsorções Dentárias 479 Introdução 479 Mecanismo das reabsorções externas 480 Mecanismos das reabsorções internas 485 Causas das reabsorções 485 Localiução das reabsorções 490 Diagnóstico 496 Thatamento 502 Capítulo 21 Terapias Regenerativas em Endodontla 513 Introdução 513 Conclusões 517 índice 521 lntroducão I A endodontia é o campo da odontologia que estuda a morfologia da cavidade pulpar, a fisiologia e a patologia da polpa dental. bem como a prevenção e o tratamento das alterações pulpares e de suas repercussões sobre os tecidos peridentários. Dentro dos objetivos desta obra, os procedimen- tos terapêuticos realizados nessa área de conheci- mento podem ser reunidos, genericamente, em dois grupos: l. Tratamentos conservadores 2. Tratamentos radicais No primeiro conjunto estão o capeamento pulpar,* a curetagem pulpar** e a pulpotomia, ***que têm por objetivo primordial conservar a polpa dental, ou parte dela, viva e em condições de exercer suas funções. Com os tratamentos radicais, tais como a pulpedo- miat e o tratamento dos dentes com polpa necrosada (necro- pulpectomia), tt a endodontia procura manter os dentes • Capeamento pulpar ou proteção pulpar direta é o recobrimento, com material adequado, de uma minúscula área de tecido pulpar hígido, exposto acidentalmente, quase sempre durante um pro- cedimento operatório. •• Curetagem pulpar é a remoção superficial de uma pequena quantidade de polpa viva, exposta, e posterior recobrimento do remanescente pulpar com material adequado. ••• Pulpotomia é a remoção da polpa dental coronária viva e o reco- brimento, com material adequado, do tecido pulpar remanescen- te no interior do canal radicular. t Pulpectomia (biopulpectomia) é o termo utilizado para identificar o tratamento endodôntico realizado em um dente com a polpa viva. tt Tratamento dos dentes com polpa necrosada, necropulpeaomia, trata- mmto das mortificações pulpares ou tratamento dos dentes despolpados são denominações empregadas para identificar o tratamento en- dodôntico realizado em dentes com a polpa mona. cujas polpas, por alguma razão, perderam a condição de manter-se com vitalidade ou necrosaram. Pelas características dos tratamentos radicais e pe- los objetivos desta primeira parte, eles serão descritos . . ,. . com maiores nunuaas. A coluna dorsal da primeira parte do texto, onde constam as diversas etapasda pulpectomia e do o tra- tamento dos dentes despolpados, tem os seguintes tó- picos: 1. Diagnóstico 2. Planejamento 3. Procedimentos pré-operatórios - Esterilização e desinfecção do instrumental de uso endodôntico - Condicionamento do paciente - Anestesia - Preparo da coroa - Isolamento do campo operatório 4. Acesso ao canal radicular - Abertura coronária - Esvaziamento da câmara pulpar - Localização e preparo da entrada dos canais - Preparo do terço cervical 5. Preparo do canal 6. Procedimentos e produtos químicos auxiliares do preparo mecânico 7. Obturação do canal Essa ordenação tem um objetivo pedagógico claro: facilitar a compreensão da leitura, especialmente para os estudantes. Na clínica, essas etapas não estão em compartimentos; ao contrário, estão ligadas, às vezes juntas, e com uma intimidade que torna difícil distin- guir o término de uma e o início de outra. Ainda com o mesmo propósito, os assuntos serão apresentados na mesma ordem em que o tratamento é realizado. Algumas inversões existentes não inviabili- zam essa intenção. Ili INTRODUÇÃO Na segunda parte, serão abordadas informações e procedimentos clínicos diferenóados referentes a materiais e técnica para restaurações provisórias, ao reparo após o tratamento dos canais radiculares, aos tratamentos conservadores, assim como aos aspectos relaóonados com o tratamento de dentes com rizogê- nese incompleta, as emergênóas endodônticas, retra- tamento, cirurgia paraendodôntica, as lesões traumáti- cas dos teódos dentários, diagnóstico e tratamento das reabsorções dentárias, finalizando com terapias rege- nerativas em endodontia. , TECNICA E FUNDAMENTOS O Cenário Onde tudo acontece A POLPA A polpa é um teádo conjuntivo frouxo de característi- cas espeáais, que mantém íntimo relaáonamento com a dentina que a cerca, constituindo uma unidade fun- cional designada como complexo dentina-polpa. Ocu- pando a cavidade central do dente (câmara pulpar e canal radicular), a polpa se comunica com o ligamento periodontal através do forame ou forames apicais ou, ainda, por meio de eventuais forames laterais, pelos quais passam os elementos vasculares e nervosos (Fi- gura 1.1 A). Histologicamente, assemelha-se a outros tecidos conjuntivos do corpo por seu conteúdo de células (fi- broblastos, macrófagos. linfócitos), fibras colágenas e reticulares, substância fundamental amorfa, líquido tissular, vasos sanguíneos e linfáticos e nervos. Uma ca- mada de células altamente diferenciadas em sua super- fície - os odontoblastos. especializados na produção de dentina - confere à polpa a condição de tecido especial A FIGURA 1.1 (Figura 1.1 B). A capacidade de elaborar dentina é per- manente e isso habilita a polpa a reagir protegendo-se dos agentes agressores, compensando parcialmente as perdas de esmalte ou de dentina. Uma rica microvascularizac;ão, estabelecida espe- cialmente na região dos odontoblastos, proporciona um elevado fluxo sanguíneo e constitui a base morfo- lógica da nutrição e da capacidade reativa do complexo dentina-polpa. Os nervos sensitivos presentes na polpa e, de for- ma restrita, na dentina, permitem a percepção de estí- mulos externos e/ou internos. Localizam-se por toda a polpa, mas são abundantes no plexo de Raschkow, na wna subodontoblástica, de onde fibras se insinuam na camada de odontoblastos e, eventualmente, penetram nos túbulos dentinários. Por terem terminações desnu- das, respondem sempre com dor aos vários estímulos aplicados sobre o complexo dentina-polpa. Na polpa coronal. a microcirculação e a inervação mais profusas, a maior quantidade de células e o maior B \ , • ~; • e i • ( P• D ' (A) Desenho de um canino inferior. onde é possível observar a relação da polpa com a dentina que a cerca e com os tecidos perirradicu- lares, através dos forames apical e lateral. (BJ Fotomicrografia do complexo dentina (OI-polpa (PJ. ffj ILSON JOS~ SOARES & FERNANDO GOLDBERG volume dos odontoblastos revelam um tecido mais me- tabólico e, por consequência, mais reativo que a polpa radicular. Com a idade, o volume pulpar se reduz em face da produção constante de dentina secundária e da produ- ção eventual de dentina terciária. O teor de células fica menor, enquanto aumenta proporcionalmente a quan- tidade de colágeno. A circulação diminui devido ao es- treitamento dos acessos pelos forames e por processos degenerativos vasculares. As degenerações de nervos e o aumento das calcificações distróficas completam o qua- dro de envelhecimento do órgão pulpar com redução de sua capacidade metabólica e de seu poder de reparo. OS TECIDOS PERIRRADICULARES O periodonto de inserção é o aparelho de sustentação do dente no alvéolo e é constituído pelo cemento, pelo ligamento periodontal e pelo osso alveolar fasciculado (lâmina dura). Originados do mesmo componente em- brionário - o folículo ou o saco dental -. esses tecidos constituem uma unidade funcional mantida, no dente adulto, pela atividade metabólica do ligamento perio- dontal (Figura 1.2). Quando observado na região do ápice radicular ou periápice, esse complexo teàdual é denominado tecido periapical (Figura l.l). Os autores preferem o termo perirradicular ao ter- mo periapical para designar as alterações nos tecidos circundantes do dente e que tenham origem no teàdo pulpar. As lesões laterais, decorrentes da presença de canais laterais, são um daro exemplo de uma patologia perirradicular e não periapical. Em muitas ocasiões, o termo periapical será utilizado como extensão do con- ceito perirradicular. O cemento dental, tecido calàficado muito seme- lhante ao osso, recobre a dentina radicular, protegen- do-a e reduzindo sua permeabilidade, provendo um meio de ancoragem das fibras periodontais à raiz do dente. Desprovido de vascularização, é menos dinâmi- co que o osso: não se remodela, mas cresce continua- mente por aposição de novas camadas. É mais resis- tente que o osso aos processos de reabsorção que, nos dentes permanentes, só ocorrem em condições patoló- gicas. Proporciona, com seu crescimento contínuo, o reparo fisiológico e/ou anatômico das reabsorções radi- culares. Após o tratamento endodôntico, pode promo- ver, por formação hipertrófica, o selamento parcial ou total do forame apical. O ligamento periodontal é um tecido conjuntivo com fibras colágenas que promovem a inserção do den- te na parede alveolar. Rico em células, vasos e nervos, possui intenso metabolismo e o mais rápido índice de renovação entre os tecidos conjuntivos do corpo. Nu- tre o cemento e o osso alveolar apresentando, em sua superfície, as células formadoras e de reabsorção desses tecidos. As células epiteliais de Mallassez. remanescen- tes da bainha epitelial de Henwig, localizam-se próxi- mas à superfície cementária e são importantes na gêne- o FIGURA 1.2 Fotomicrografia do periodonto de inserção. Cemento (C); liga- mento ILI e osso IOJ . se de cistos radiculares. Nas patologias perirradiculares com destruição dos tecidos duros (cemento e osso) e moles (ligamento e medula óssea), cabe ao ligamento prover os elementos biológicos (células, vasos, nervos) necessários ao reparo da região. A capacidade reparati- va do ligamento é ampla, tendo em vista sua constante renovação. Por isso, a idade influencia menos no re- paro perirradicular que no pulpar, onde é fator crítico. O osso alveolar de inserção, ou fasàculado, ou ainda lâmina dura, é produz.ido pelos osteoblastos do ligamento e fixa os feixes de fibras periodontais que, no outro exuemo, se inserem no cemento. O osso é um tecido plástico que sofre remodelações, ensejando indusive as alterações promovidas pelo tratamento or- todõntico. Nas patologias perirradículares, ele é reab- sorvido pelos osteoclastos estimulados por vários fato- res. tais como os mediadores quúnicos da inflamação e endotoxinas, entre outros. Seu reparo, após a elimina- ção dos agentes da agressão, é proporcionado pelos os-teoblastos do ligamento periodontal e do osso medular circunjacente. Os tecidos perirradículares constituem o alvo da atenção do endodontista, pois toda sua condu- ta clínica está voltada para proporcionar condições de reparo dos mesmos. OS M_ICRO-ORGANISMOS: ALTERAÇÕES NO CENARIO Os dentes compartilham com centenas de espécies bac- terianas o microambiente da cavidade bucal. Quando rugidos, o esmalte e a dentina protegem a polpa. Quan- do essa proteção é rompida, alguns micro-organismos podem chegar até ela. Embora existam diversos caminhos para as bacté- rias atingirem a polpa, o modo mais frequente é através da cárie quando, pouco a pouco, elas se aproximam até alcançá-la (Figura 1.3). impotente, o tecido pulpar não consegue impedir a infiltração e a disseminação dos micro-organismos ou de seus subprodutos, Jogo, porções da polpa começam a se desintegrar. A necrose é inevitável. e há condições favoráveis a uma infecção maciça. Com a polpa necrosada e a cavidade pulpar completamente contaminada (Figura 1.4), os produtos tóxicos bacterianos e as substâncias agressivas decor- rentes da necrose séptica da polpa terminam por alcan- çar os tecidos perirradiculares, originando as periodon- tites (Figura 1.3). FIGURA 1.3 Desenho de um canino inferior mostrando a cárie dental e suas consequências sobre os tecidos pulpar e perirradicular. QUADRO 1.1 ENDODONTIA 'ª Mais de duas centenas de espécies bacterianas já foram isoladas de canais radiculares, e a coletânea de micro-organismos presentes no sistema de canais radiculares dependerá da disponibilidade de nutrien- tes, do teor de oxigênio e das interações entre eles. O Quadro 1.1 mostra os micro-organismos predomi- nantes nos canais radiculares de dentes com lesões periapicais. FIGURA 1.4 Na imagem da parede dentinária do canal radicular de um dente com polpa necrosada. há grande quantidade de micro-organis- mos "fechando" a entrada dos túbulos dentinários. Microscopia eletrôn ica de varredura. Micro-organismos predominantes isolados dos canais radiculares de 65 dentes com lesões periapicais Espécies bacterianas Eubacterium spp. Peptostreptococcus spp. Fusobacterium spp. Porphyromonas spp. (pigmentadas em negro) Prevotella spp. (pigmentadas em negro) Streptococcus spp. Lactobacillus spp. • Wolinella spp. Prevotella spp. Actinomyces spp. Propionibacterium spp. Capnocytophaga ochracea Veillonella parvula Selenomonas sputigena Outras espécies• Número total de cepas isoladas Nº de cepas isoladas 59 54 50 32 30 28 24 18 15 14 7 7 6 6 3 353 (média de 5,3 cepas por canal radicular) Fonte: Transcrito de Walton e Torabinejad1 e adaptado de Sundqvist.2 •Espécies isoladas em baixo número ou não identificadas em termos de espécies. Características Bacilos gram-positivos, não móveis Cocos gram-positivos, não móveis Bactéria fusiformes gram-negativas, não móveis Bacilos gram-negativos. não móveis Bacilos gram-negativos. não móveis Cocos gram-positivos. não móveis Bacilos gram-positivos. não móveis Bacilos gram-negativos, móveis Bacilos gram-negativos, não móveis Bacilos gram-positivos. não móveis Bacilos gram-positivos, não móveis Bactérias fusiformes gram-negativas, móveis Cocos gram-negativos, não móveis Bacilos gram-negativos, móveis fli ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG REFERÊNCIAS 1. Walton RE, Torabinejab M. Prinópios e práticas em endodon- tia. 2. ed. São Paulo: Santos; 1997. 2. Sundqvist G. Assodations beti.veen microbial in dental root ca- nal infections. Oral Microbiol Immunol. 1992;7:257. LEITURAS RECOMENDADAS Bergenholtz G. EUects of bacterial products on in1lamma- tory reaaions in the dental pulp. Scand J Dent Res. 1977 Jan-Feb;85(2):122-9. Bergenholtz G. 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Sundqvist, G. Ecology of the root canal Dora. J Endod. 1992 Sep; 18(9) :427-30. Tomeck CD, Torabinejad M. Lesões pulpares e perirradiculares. ln: Walton RE, Torabinejad M. Prinópios e prática em endo- dontia. 2. ed. São Paulo: Santos; 1997. p. 29-51. Tomeck CD. Complexo dentina-polpa. In: Ten Cate AR. Histolo- gia bucal: desenvolvimento, estruturas e função. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara; 1988. p. 129-60. Trowbridge HO, Kirn S. Desenvolvimento, estrutura e função da polpa. ln: Cohen S, Bums R. Caminhos da polpa. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1997. p. 297-337. Procedimentos para o Diagnóstico em Endodontia Sinais e sintomas: montando um quebra-cabeça INTRODUÇÃO Pergunte com inteligência, observe com critério, com- prove de forma exaustiva. Este será o caminho para um diagnóstico correto, que permitirá selecionar a tera- pêutica adequada. É indiscutível que, para proporóonar ao paóente uma terapêutica adequada, é fundamental identificar o dente envolvido e fazer o diagnóstico da enfermidade que o afeta. Para ter sucesso nessas tarefas, é indispensável co- nhecer a história médica, a história clínica, obter in- formações a partir de perguntas objetivas, realirar um cuidadoso exame clínico, confrontar os achados resul- tantes dos procedimentos semiotécnicos e, ao final, agregar informações por meio de exames complemen- tares como, por exemplo, a radiografia em suas dife- rentes técnicas. Partindo dessa premissa, é objetivo deste capítulo sugerir um roteiro para a obtenção de in formações que permitam conhecer o estado de saúde geral do pacien- te, os sin tomas e sinais relacionados com os den tes ou com os tecidos peridentários e, com maior ênfase, des- tacar os procedimentos majs utilirados para o diagnós- tico em endodontia. Para a obtenção do conjunto de informações que auxiliarão no diagnóstico, deve-se utilizar: • A história médica • A anarnnese (história clínica) • O exame cüruco • Os exames complementares A HISTÓRIA MÉDICA Embora nenhuma condição ou enfermidade sistêmica impeça o tratamento endodôntico, mesmo em situa- ções de urgência e antecedendo a qualquer interven- ção, é milito imponante ter informações sobre a histó- ria médica do paciente. O con hecimento referente ao estado de saúde do paàente, às enfermidades sistêmicas, atuais ou passa- das, bem como aos medicamentos que estejam sendo usados, poderá evitar indesejáveis complicações duran- te e/ou após o tratamento. Assim, por exemplo: • o tratamento não deveria ser realizado em pa- cientes com pressão sanguínea superior a 200 mmHg/ l 15 mm; • paàentes grávidas, no primeiro trimestre de ges- tação, só deveriam submeter-se a tratamentos en- dodônticos inadiáveis e sempre com a autorização escrita do médico; • paóentes com próteses valvulares ou cirurgias cardíacas, pacientes imunodeprimidos e pacientes diabéticos exigem cuidados especiajs, e o emprego de antibióticos antes do tratamento endodôntico, dependendo de orientação médica, pode ser neces- , . sano; • em paóentes com marca-passo, cardíaco ou cere- bral. não é recomendável usar o localizador eletrô- nico do forame ou procedimentos com ultrassom; • o uso de bisfosfonatonitrogenado por pacientes que sofrem de osteoporose, tumor ósseo ou me- tástase óssea de outros tumores (tal como mama ou próstata), doença de Paget, doenças renais crô- rucas, dentre outras, deixa-os suscetíveis a osteo- necrose dos maxilares, motivo pelo qual, nesses ,j,j ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG casos, os procedimentos preventivos devem ser a primeira opção e o tratamento endodôntico é sem- pre preferível à exodontia ou à cirurgia periapical; durante a realização da endodontia, cuidados ex- tremos devem ser tomados para evitar que os ins- trumentos ultrapassem o forame e, conforme reco- mendação da American Denta] Association, a lima de passagem não deve ser utilizada; • da mesma forma, em alguns pacientes alérgicos ou com enfermidades cardíacas, é importante adequar a solução anestésica a ser utilizada; • finalmente, alguma medicação que necessite ser utilizada no pós-operatório, como antibiótico ou antiinflamatório, poderá ser prescrita observan- do-se possíveis restrições do paciente. Esses são exemplos que justificam, sobejamente, a importânàa de o profissional ter informações sobre a saúde do paàente e os medicamentos que ele esteja utilizando. Havendo dúvidas sobre a conveniência de realizar ou de como realizar o tratamento, é indispensável esta- belecer um diálogo direto com o médico que assiste ao paciente e, assim, instituir a conduta certa para o caso. O prontuário É sumamente importante, sob o ponto de vista odonto- lógico, médico e legal, tanto para o paciente como para o profissional, que os dados pessoais, as condições e/ ou enfermidades sistêmicas que porventura existam ou tenham existido, possíveis medicamentos que estejam sendo usados (história médica) e, principalmente, o con- junto de informações clínicas, obtidas através do exame do paciente (sintomas e sinais). fiquem registradas em um formulário organizado e impresso: o prontuário. Os dados pessoais detalhados permitirão localizar o paciente para a realização de exames pós-operatórios, que possibilitarão a comprovação do resultado do tra- tamento executado. No prontuário também deverão ser inscritas as in- formações clínicas, referentes à queixa principal, bem como o resultado dos testes que poderão orientar no diagnóstico. A ANAMNESE* (HISTÓRIA CLÍNICA) Na anarnnese, o paciente expõe a queixa prinàpaJ, faz uma retrospectiva da história clínica e descreve as sen- sações subjetivas (sintomas) como, por exemplo, a dor e a ansiedade. Os sintomas não podem ser percebidos pelo profissional: são informados pelo paciente. O paciente deve ser motivado a relatar os antece- dentes dos quais se recorda em relação ao dente que julga ser a razão da consulta. Em um caso de trauma- tismo alvéolo-dentário, por exemplo, é importante conhecer quando ocorreu, a forma e a intensidade do • Anamnese: do grego ana (trazer novamente) e mnesis (memória). impacto, etc. No caso de uma cavidade de cárie, é fun- damental a história pregressa: algias anteriores, época de realização das restaurações existentes, etc. O paàente relata ou interpreta seu problema. A per- cepção da dor pode ser comum para todos os pacientes; a reação à dor, isto é, sua interpretação, é pessoal e pode ser diferente, para o mesmo paciente, em função de seu estado emocional. Sua descrição pode ser orientada, mas não deve ser induzida. Escute com atenção. Mesmo que as informações pareçam dispersas ou supérfluas, elas po- derão ser importantes para chegar ao diagnóstico. Con- cluída a descrição, refaça a trajetória da narrativa, agora na forma de perguntas e respostas. Para receber respostas úteis, formule perguntas daras, objetivas e inteligentes. Procure não confundir o paciente. Para confrontar essas informações com outras que serão obtidas na sequênàa da consulta, registre-as adequadamente (Quadro 2.1). Motivar o paciente a narrar sua história clín ica e avaliar com perspicácia suas respostas são dois cuidados im- portantes nesta fase do diagnóstico. O EXAME CLÍNICO O exame clínico é o fulcro do diagnóstico. Com os dados sobre como começou, como evoluiu a enfermidade e as características da dor (Figura 2.1) - a anamnese -, é ne- cessário fazer o exame clínico do paciente para confirmar alguns sintomas, constatar, in situ, os sinais presentes e obter, por meio dos testes clínicos, um maior número de informações, que serão complementadas pelo exame ra- diográfico e por provas adicionais que auxiliem a montar o quebra-cabeça do diagnóstico. Deliberadamente, os autores não discutem, com ênfase, as características da dor e seu significado para o diagnóstico das enfermidades da polpa e dos tecidos periapicais. A Figura 2.1 é um exemplo de como as peculiaridades desse sintoma podem levar à identifi- cação de uma ou de outra enfermidade. Para chegar ao diagnóstico, é imprescindível conhecer a patologia, e presumimos que o leitor tenha, previamente, este conhecimento. Para os que estiverem ávidos por mais informações sobre o assunto, recomendamos, no final deste capítulo, leituras que atenderão a esse anseio. Mesmo nos casos em que os sintomas apontam para um determinado dente, a pesquisa dos aspectos que poderão levar à etiologia da enfermidade deve seres- tendida aos dentes vizinhos e aos antagonistas. Esta é uma conduta acautelar e servirá para afastar a possibi- lidade de um diagnóstico equivocado. Inspeção, exploração e palpação A inspeção, a exploração e a palpação são impor- tantes para visualizar, localizar, evidenciar sinais e/ou comprovar sintomas que contribuirão para o diagnóstico QUADRO 2.1 Parte do prontuário para registro dos sintomas Queixa princi pal: Características da dor: 1. Início (dia/hora} 2. Origem Espontânea Provocada pi frio pi calor pi açúcar à percussão 3. Duração Fugaz Passageira Constante 4. Frequência Ocasional Intermitente Contínua 5. Localização Pontual Irradiada Difusa 6. Tipo Latejante Surda e intensidade* Leve(+) Aguda(++) Paroxística (+++) •Para registrar a intensidade da dor, utilize de uma{+} a três cruzes [+<+/. (Veja uma ficha preenchida na página 47.) (Figuras 2.2, 2.3 e 2.4). Realizadas com cuidado e com sensibilidade, poderão detectar indícios importantes. A inspeção, por exemplo, poderá identificar, antes mesmo do início do atendimento, uma assimetria facial, um trau- matismo labial, etc. A palpação poderá identificar áreas de edema, flutuação ou endurecimento ou, ainda, com- provar a presença de dor. Embora sejam de simples reali- zação, exigem boa iluminação, boa visibilidade e atenção. Durante a inspeção, a exploração e a palpação dos lábios, da mucosa, do assoalho da boca, do palato, da gengiva e dos dentes, algumas manifestações objetivas (sinais) que podem ser percebidas, principalmente na coroa ou nos tecidos peridentários, devem merecer es- pedal atenção. Sinais que podem ser observados na coroa Alteração de cor Durante a inspeção, alguns dentes chamam espedal atenção por apresentar a coroa com cor alterada (Fi- gura 2.5). Algumas têm cor escura, espedalmente em tomo de restaurações, algumas estão amarelecidas, ou- tras cinza e ainda, mais raramente, algumas podem ser avermelhadas. DOR PROVOCADA (oo frio) ~ OCASIONAL FIGURA2.1 --' PONTUAL ENDODONTIA f Jj DOR ESPONTÂ NEA ' r AGUDA _,.; CONSTANTE CONTINUA IRRADIADA OIAGNÔSTICO PRESUMlvEL ~ l ...1 EX:UI! EXAMES aJ11co COllPlEllEHTARES I r J J ~/~ As ca racterísticas da dor, informadas pelo paciente durante a anamnese, permitirão iniciar a montagem do .. quebra-cabeça· que nos levará a um provável diagnóstico. Somadas as informa- ções obtidas com o exame clínico e os exames complementares chega -se ao diagnóstico final. Nos dentes com cor escura em torno de alguma restauração, pode haver recidiva de cárie (Figura 2.6). A cor amarelo acastanhado, geralmente, está rela- cionada com a metamorfose cálcica, em decorrência de um traumatismo dental(Figura 2.7 A e B). Coroas com coloração adnzentada são frequentes e resultam da decomposição do tecido pulpar que ocorre após a necrose (Figura 2.8). Coroas com laivos avermelhados, imediatamente após um trauma, podem ser resultantes de uma he- morragia recente em consequência do rompimento de vasos da polpa (ver Capítulo 19); a mesma alteração, sem aparente relação com um trauma, pode ocorrer nos ca- sos de reabsorção interna coronária (ver Capítulo 20). Presença de cavidade de cárie A presença de cavidade de cárie visível obriga a explo- ração para conhecer sua extensão, profundidade e du- lfl ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG FIGURA 2.2 Inspeção da região do dente suspeito. FIGURA 2.3 A exploração localiza uma cavidade no incisivo lateral superior. FIGURA 2.4 Palpação da região apical. reza da dentina remanescente sobre a câmara pulpar. Uma sonda exploradora, usada cautelosamente, pode- rá oferecer essas informações sem aumentar a sensibi- lidade (Figura 2.9). FIGURA2.5 Incisivo central superior d ireito com notória alteração de cor. FIGURA2.6 A cor escura da parede vestibular do 1º molar inferior (seta) pode estar relacionada com a existência de uma recidiva de cárie sob a restauração. Presença de restaurações Ante a existência de restaurações, é indispensável ob- servar, entre outros aspectos, sua localização, extensão, provável profundidade, adaptação, integridade e rela- ção de contato com os dentes vizinhos e antagonistas. Novamente, a exploração é um recurso muito útil (Fi- gura 2.10). Presença de contatos prematuros e existência de desgastes A avaliação da oclusão pode revelar a existência de contatos prematuros e, especialmente, de traumas oclusais que, não raramente, são fatores etiológicos de dor. Em pacientes bruxomaníacos, é comum o desgas- te excessivo dos tecidos duros da coroa, o que pode afetar o órgão pulpar (Figura 2.11). Constatado odes- gaste pela inspeção, é preciso explorar a dureza da su- perfície desgastada e dimensionar sua extensão e sua profundidade. ENDODONTIA lf i FIGURA2.7 Incisivo central com evidente alteração de cor [A) e com a cavidade pulpar calcificada (B). FIGURA2.8 A cor acinzentada do incisivo central superior direito sugere a ne- crose da polpa . Alterações morfológicas Em situações em que a iden tificação da relação cau- sa/efeito não está fácil de ser estabelecida, a inspeção deve dar especial atenção a aspectos morfológicos que podem estar contribuindo ou ser os responsáveis pela enfermidade que deu origem à queixa principal. Alguns dentes, especialmente os incisivos laterais superiores (Figura 2.12), podem apresentar alterações morfológicas, produzidas durante o desenvolvimento embriológico, que se manifestam na forma de sulcos (grocwe) ou defeitos de superfície que podem se esten- der da região do óngulo até as proximidades do ápice radicular. Quando pequenos, geralmente não são visu- alizados durante a inspeção nem no exame radiográfi- co. Quando muito longos, a imagem radiográfica pode lembrar uma fratura vertical. Em alguns casos, uma FIGURA2.9 Sonda exploradora avalia a profund idade da cavidade e a dureza da dentina. profunda infiltração bacteriana pode comprometer a polpa. Fissuras ou fraturas coronárias Em particular em dentes traumatizados, mas não só neles, sempre é necessário ter em mente a possibilida- de de fissuras ou fraturas coronárias. Muitas fraturas corono-radiculares, no sentido mésio-distal, não são visíveis na radiografia (Figura 2.13). Porém, a sensibili- dade durante a mastigação e uma mobilidade exagera- da do fragmento coronário são indícios de sua existên- ftj ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG FIGURA 2.10 Exploração das margens da restauração . FIGURA 2.11 Significativos desgastes nos bordos incisais dos incisivos inferio- res de um paciente bruxômano. eia. Havendo comprometimento da polpa, a dor pode ser espontânea. O teste da mordida, o emprego da translumina- ção ou de soluções corantes (como o azul de metileno) poderão identificar as possíveis fissuras ou fraturas e, paralelamente, proporáonar informações sobre sua di- reção, extensão e profundidade. Em algumas situações, a remoção da restauração existente será a única maneira de visualizá-las (Figura 2.14). Em outras, mais extremas, a exploração árúrgi- ca pode ser a última tentativa. FIGURA 2.12 A [AI fotografia e a [B) radiografia do incisivo lateral superior com sulco palatal produzido durante o desenvolvimento embriológico. FIGURA 2.13 A fratura corono-rad icular do primeiro pré-molar superior, facilmen- te observada na imagem clínica !AI. não é visível na radiografia [BI. Sinais que podem ser observados nos tecidos de suporte do dente Aspectos genéricos, inerentes à gengiva, como, por exemplo, forma, cor, nível de inserção, consistência, aumento de volume, presença de bolsa, e ao ligamen- to periodontal como, por exemplo, mobilidade, devem ser observados. A inspeção irá sugerir as áreas que de- vem ser palpadas e/ou exploradas. Tumefação A presença de uma área tumefacta indica a existênáa de uma alteração expressiva. Para encontrá-la, é neces- ENDODONTIA lki FIGURA2.14 (A) A fratura mésio distal do segundo molar inferior (setas) só foi observada após a remoção da restauração oclusal. Nas radiografias (8) periapical e (C) inter-proximal não foi possível verificar sua existência . (Fonte: imagens gentilmente cedidas pelo Prof. Dr. João Ferlin i - UFRGS Porto Alegre RS.) sário inspecionar e palpar tanto o lado vestibular como o lingual ou palatal. Sua localização poderá auxiliar no diagnóstico diferencial entre uma doença periodontal e uma patologia endodôntica. Posicionada próximo ao bordo livre da gengiva indicará, na maioria das oca- siões, uma enfermidade periodontal. Nas proximida- des do ápice dental, deverá estar relacionada com uma afecção dos tecidos periapicais. A coloração (avermelhada ou amarelada), a con- sistência (dura ou mole) e a sensibilidade à palpação da região túmida auxiliarão na escolha do tratamento. Fístula A fístula é um canal de comunicação entre a alteração presente nos tecidos periapicais (ou peridentários) e a cavidade bucal. Excepcionalmente, esta exterioriza- ção pode ocorrer na face (Figura 2.15). Não se trata de uma enfermidade, mas sim de um sinal característi- co que, na maioria das vezes, sobressai no diagnóstico das alterações peridentárias. Algumas vezes, está muito evidente e pode ser facilmente visualizada; em outras, com tamanho e coloração muito discretos, exigirá um exame cuidadoso. Sempre que, durante a inspeção, for constatada a sua presença é importante fazer o rastreamento para identificar sua origem. O percurso da fístula deverá ser explorado por um cone de guta-percha introduzi- do, com suave pressão, até o ponto de maior resistên- da. A radiografia da região com o cone no interior do trajeto fistuloso identificará o dente #causador" (Figu- ra 2.16). Se a ponta do cone rastreador estiver posi- cionada na região do terço cervical ou médio da raiz, próximo a uma área radiolúdda, é possível que exista um canal lateral (Figura 2.17), uma perfuração (es- pecialmente em dentes com retentor intrarradicular) ou uma fratura radicular. Quando o cone rastreador estiver dirigido para a região apical, a patologia será de origem periapical e a ponta do cone estará imbicada para o ápice do dente envolvido. Curiosamente, não é raro que a fístula esteja longe do seu dente de origem (Figura 2.18). Outra curiosidade, considerando-se o seu signifi- cado para o diagnóstico, é que a fístula decorrente de um abscesso periapical não apresenta sintomatologia dolorosa significativa. ff.i ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG FIGURA 2.15 Imagem radiográfica (A) de uma alteração periapical crônica em um molar inferior que originou uma fístula cutânea (B e C). FIGURA 2.16 (A) e (B) Cone de guta-percha rastreando o trajeto da fistula. A presença da fístula,as respostas aos testes de sensibilidade pulpar, em conjunto com as demais in- formações clínicas, conduzirão ao diagnóstico. Mobilidade A análise da mobilidade dentária do dente suspeito, e de seus vizinhos, é importante para o diagnóstico di- ferencial entre a enfermidade endodôntica e a doença periodontal (Figura 2.19). Nessa avaliação, a compara- ção do(s) dente(s) suspeito(s) com seu(s) bomólogo(s) é fundamental. Não é raro que a mobilidade constatada seja resultante de um problema periodontal generaliza- do e não tenha relação com o dente que inspira descon- fiança. O abscesso periapical agudo pode provocar mobi- lidade horizontal e, algumas vezes, alguma mobilidade vertical. Nestes casos, o paciente relata que o dente está "crescido". A mobilidade exagerada em pacientes sem doença periodontal é um sinal patognomônico de fratura corono-radicular ou de fratura radicular no terço cervical. ENDODONTIA li FIGURA2.17 Na radiografia da esquerda o cone rastreador aponta para a área lateral da raiz. Na fotografia o aspecto da fístula . A radiografia pós- -operatória mostra a obturação do canal lateral. Bolsa periodontal A bolsa periodontal poderá ser mais um aspecto impor- tante para o diagnóstico diferenáal entre a enfermida- de endodôntica e a doença periodontal. Se a sondagem periodontal constatar a existênáa de bolsa periodontal, uma sonda milimetrada poderá determinar a distânáa entre a margem gengival e o fundo da bolsa (profundi- dade da bolsa). FIGURA2.18 A presença de uma bolsa periodontal profunda e extensa, com perda óssea paráal, em um paáente com doença periodontal generalizada, é um indicativo de uma enfermidade periodontal e não de um pro- blema endodôntico. Ao contrário, a presença de uma bolsa localizada e estreita, em um paáente sem enfer- midade periodontal generalizada, pode ter como causa uma fístula transperiodontal de origem endodôntica Caso com a fístula distante de seu dente de origem. O cone de guta -percha, colocado na fístula, próximo à face distal do dente 41 , iden- t1f1ca sua origem no 31 (seta). IJ:I ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG FIGURA 2.19 Avaliação da mobilidade dos dentes suspeitos. (Figura 2.20) ou a existência de uma fissura ou fratura radicular. Em certos casos, em pacientes sem enfermida- de periodontal, dentes com polpa necrosada e que têm um canal lateral podem apresentar lesões late- rais passíveis de serem confundidas com uma doença periodontal (Figura 2.2 1 ). Novamente, os testes de sensibilidade pulpar, as demais informações clínicas e o exame radiográfico auxiliarão na confirmação do diagnóstico. ' TESTES CLINICOS Teste elétrico Interprete cautelosamente os resultados . Não confie na resposta de um único teste. Para chegar ao diagnóstico, é preciso estabelecer urna metodologia adequada, exa- minar minuciosamente e utilizar vários testes. FIGURA 2.20 FIGURA2.21 Rad iografia pré-operatória (A] de um canino inferior com lesão lateral no terço médio (seta]. Na rad iografia pós-operatória (B), ê possível ver a obturação de canais laterais (setas]. A dor é a única modalidade sensorial reconhecida pelo dente. O teste elétrico e os testes térmicos - que são capazes de provocá-la - são os mais usados com o objetivo de avaliar a sensibilidade da polpa. Nos aparelhos utilizados para realizar o teste elétri- co (pulptest) (Figura 2.22), uma corrente elétrica de alta frequência e baixa voltagem, aplicada sobre o esmalte ou, preferencialmente, sobre a dentina, irá estimular Dente com fístula transperiodontal. Na fotografia da esquerda (A) o cone de guta-percha, colocado na bolsa periodontal , rastreia a fístula atê a região per iapical (B) . FIGURA2.22 O pulptest da Analytic Tecnology funciona com bateria corrente de 1.050 µamp. O visor registra o número de pulsos aplicados ao dente. uma reação dos componentes sensíveis da polpa: as fi- bras nervosas. O eletrodo, que transmite a corrente desde o aparelho até as estruturas mineralizadas do dente. deve ser colocado sobre uma superfície isolada, seca e diretamente na dentina ou próximo da região ce- mento-dentinária. Se o dente não estiver isolado e seco, a saliva poderá conduzir a corrente elétrica até a gengiva ou até uma restauração metálica e provo- car um resultado enganoso. O esmalte age como uma barreira isolante e aplicada sobre ele a corrente elé- trica poderá não estimular as reações e falsear os re- sultados. Ao contrário, se for possível aplicá-la mais próximo da polpa, por exemplo, sobre o cemento exposto, as respostas serão imediatas. O uso de uma pequena quantidade de creme dental entre o eletro- do e o teàdo dentário poderá melhorar as condições para passagem da corrente e, consequentemente, as respostas. Antes de iniàar o procedimento, prepare o paàente explicando-lhe as sensações que decorrerão da aplica- ção do teste. Evite falar em corrente elétrica, choque elétrico, etc., pois estes termos poderão exacerbar sua subjetivi- dade, invalidando os resultados. Pacientes ansiosos não respondem bem a este teste, e estes cuidados poderão evitar uma resposta positiva gerada pelo medo. ENDOOONTIA it·• A maioria dos aparelhos permite que a corrente elétrica aplicada ao dente seja graduada de 1 a 10. Para iniàar a aplicação, ele deve estar graduado em l; de- pendendo da resposta, esta intensidade deve ser gra- dualmente aumentada. Quando o eletrólito toca o dente, uma pequena carga elétrica é liberada, o teàdo nervoso é estimulado, o paàente apresenta uma sensação de calor ou formi- gamento e, tendo sido corretamente instruído, deverá, por exemplo, levantar a mão. Dentes normais respondem ao teste com baixa in- tensidade. Para chegar à conclusão de que a resposta está alterada, ou não, é necessário testar os dentes vizi- nhos, ou homólogos, e comparar os resultados. Os dentes com alteração pulpar respondem com um estímulo ainda menor e os dentes com polpa ne- crosada não respondem. Dentes com rizogênese in- completa não respondem com confiabilidade ao teste elétrico. O teste elétrico isoladamente tem pouco valor clí- nico e a resposta deve ser interpretada com parcimônia. A reação das fibras nervosas da polpa a um estímulo elétrico não indica que o tecido pulpar esteja normal: apenas revela a existência de fibras nervosas capazes de responder ao estímulo. Acompanhado de outras infor- mações clínicas e radiográficas, poderá contribuir para o diagnóstico. -A resistência das fibras nervosas da polpa, a necrose, parece estar relacionada com o fato de que os feixes nervosos são mais resistentes à autólise do que outros elementos tissulares. Nas polpas em degeneração, as fibras C (não mielínicas) ainda podem responder ao es- tímulo. Pode ocorrer, também, que as fibras C mante- nham sua excitabilidade, mesmo depois de o fluxo san- guíneo estar totalmente comprometido pela necrose da polpa, já que são capazes de manter sua integridade funcional na presença de hipóxia:· Torebjork e Hanin apud Kim e Trowbridge. 1 Testes de sensibilidade ao frio e ao calor Assim como o teste elétrico, os testes térmicos, com o uso do frio e do calor, não oferecem dados quan- titativos, mas respostas positivas ou negativas que são auxiliares confiáveis para identificar o dente com odontalgia e sugerir a gravidade do comprometimen- to puJpar. "As respostas aos testes térmicos ocorrem, provavel- mente, pelo rápido movimento do fluído nos túbulos dentinários, em decorrência do frio (que provoca con- tração) ou do calor (que causa dilatação). que estimu- laria as terminações nervosas localizadas na união polpa-dentina. - Brannstrbm e Brhannstrhom.2 ij1# ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG FIGURA 2.23 Gás refrigerante. Pro vote~ - Estão especialmente indicados nas situações em que o paciente tenha relatado dor ao ingerir líquidos frios ou quentes e servirão para confirmar os dados subjetivos. Em algumas situações clínicas, tais como dentes portadores de próteses,dentes com câmara pulpar calcificada e, ainda, em dentes traumatizados, a con- fiabilidade dos testes elétricos e térmicos fica sob suspeição. O teste com o frio poderá ser realizado, dentre os muitos agentes frios, com cloreto de etila, com gás re- frigerante (tetrafluoretano ou diclorodifluormetano) (Figura 2.23) ou com dióxido de carbono (neve carbô- nica), que se caracterizam por apresentar temperaturas entre - 31 ºC e -55 ºC. Aplicado delicadamente, com uma bolinha de algodão, sobre a superfície coronária FIGURA 2.24 do dente com isolamento relativo, por l a 2 segundos, o frio provocará reações que poderão auxiliar no diag- nóstico (Figura 2.24). Ao utilizar o teste com frio, é indispensável fazê-lo com rapidez, pois há grande evaporação do agente re- frigerante e, como consequência, significativa alteração na temperatura e perda de sua capacidade de resfria- mento. Ao contrário do calor, o frio aplicado sobre a coroa dental não provoca danos à polpa. O teste com o calor poderá ser realizado com um bastão de guta-percha, com a extremidade ligeiramen- te aquecida, aplicada na superfície coronária do dente isolado (isolamento relativo) e lubrificada com vaselina (Figura 2.25). Se for previsível uma dor exagerada, para evitá-la é recomendável aplicar o calor suavemente até que se estabeleça o grau de tolerância; com a mesma preocu- pação, o calor deve ser aplicado, primeiramente, no terço incisai, ou oclusal, e caso não haja resposta, deve ser usado na parte mais central da coroa. Como a ação do calor pode provocar danos irreversíveis à polpa, seu uso deve ser acurado, com remoção após 3 a 4 segun- dos. Entre a utilização de um agente e de outro, é ne- cessário um intervalo de alguns minutos. Para deter- minar o limiar de tolerância do paciente aos testes tér- micos e para uma avaliação comparativa das respostas, é prudente que estes agentes sejam utilizados, primei- ramente, nos dentes vizinhos ou homólogos. Em den- tes portadores de próteses, como por exemplo, uma metalocerâmica, são necessárias temperaturas mais extremas. O uso de temperaturas rigorosas, frias ou quentes, diretamente sobre o dente suspeito poderá estimular reações muito doloridas. Para evitar sensações desa- gradáveis e ainda obter informações confiáveis, muitas vezes, é preferível lavar o dente com água gelada ou tépida. Ao optar por esta conduta, o dente deve estar com isolamento absoluto. Teste de sensibilidade ao frio. Aplicação do agente frio na bolinha de algodão (A) que imediatamente é colocada sobre a face vestibular do dente 21 (B). FIGURA2.25 Teste térmico com o bastão de guta-percha aquecido. Em pacientes que tenham história recente de grande sensibilidade ao frio ou ao calor, é importante remo- ver imediatamente o agente térmico e estar prepa- rado para neutralizar rapidamente, com água da se- ringa tríplice, a temperatura extrema provocada por eles. A aplicação do frio pode provocar: a) Dor leve para aguda, pontual e fugaz nos casos de polpa viva com alterações pulpares iniáais; dor aguda. localizada e passageira em dentes com pol- pa viva com inflamação aguda incipiente. b) Alivio da dor em dentes com polpa viva em estado inflamatório muito avançado, como por exemplo em casos de pulpite aguda purulenta. A aplicação do calor pode provocar: a) Dor leve, localizada e fugaz nos casos de dentes com polpa viva com alterações pulpares iniciais. b) Dor aguda, que persiste após a remoção do estímu- lo, nos dentes com a polpa viva com inflamação aguda. Quando a dor cessa tão logo os agentes térmi- cos sejam retirados. a resposta é considerada normal. Quando não há resposta a esses estímulos, é provável que a polpa esteja necrosada. No entanto. não deve ser descartada a possibilidade de uma resposta falso- -positiva, como pode acontecer nos casos de câmaras pulpares ou canais calcificados, dentes traumatizados ou dentes com rizogênese incompleta. A resposta ao teste térmico analisada isoladamente não é conclusiva. Acompanhada de outras informações clínicas e de radiografias. é de muito valor. ENDODONTIA ti@ Percussão (vertical e horizontal) Percutir, suavemente, com o cabo do espelho clínico. o dente suspeito (Figura 2.26) ou seus vizinhos, pode revelar a existência de inflamação periapical e, por extensão, denunciar o comprometimento do tecido pulpar. Para evitar que o paciente responda equivocada ou exageradamente ao primeiro toque. é aconselhável testar, aleatoriamente, vários dentes antes de chegar ao dente suspeito. A resposta à percussão vertical está mais relaáo- nada com as alterações dos teàdos periapicais; a da percussão horizontal. com complicações periodontais. No caso de um abscesso agudo periapical, independen- temente da direção empregada, a percussão causa dor insuportável. Teste da cavidade O teste da cavidade é o procedimento definitivo e. den- tre todos, o mais elucidativo em relação à sensibilidade pulpar. Especialmente em dentes com câmara pulpar muito reduzida pela deposição de dentina, ou nos casos de as respostas a outros testes serem dúbias e impre- cisas, a remoção da dentina cariada, ou hígida, na su- perfície dental ou no fundo da cavidade do dente não anestesiado poderá ser uma solução. FIGURA2.26 Teste de percussão vertical IAI e horizontal (B). Cfl ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG FIGURA 2.27 Com a transluminação (B), é possível diagnosticar a fissura na coroa do incisivo central (seta) e que não havia s ido visualizada durante a inspeção (AJ. Com uma broca esférica pequena, em alta rotação e com um mínimo de refrigeração, a dentina irá sen- do perfurada ou removida até que o paciente acuse, ou não, uma sensibilidade semelhante à do preparo de uma cavidade. Eventualmente, havendo uma cavidade profunda, o uso da sonda exploradora ou de uma cureta sobre a dentina exposta poderá substituir a broca e simplificar o teste. Transluminação A passagem de um forte feixe de luz emitido, por exemplo, por uma fibra ótica, através dos tecidos den- tários (de palatal para vestibular), é mais um auxiliar na identificação de fissuras ou de fraturas dentárias (Figura 2.27). Para uma melhor visualização, durante a realização deste exame o consultório deverá ter sua iluminação reduzida. Teste da mordida Quando os sintomas descritos são diversificados, porém imprecisos e emaranhados, não possibilitando o diag- nóstico, deve ser cogitada a existência de uma fissura radicular. O dente com uma fissura radicular, quando ainda não há fratura, origina sintomas confusos e in- concludentes. O paciente relata uma sensibilidade persistente ou ocasional, desconfortável algumas vezes e insuportá- vel durante a mastigação ou ao ingerir líquidos com temperaturas extremas. A dor aumenta a cada dia e, ainda assim, ele é incapaz de identificar o dente. Nes- tes casos, o diagnóstico é difícil, e o teste da mordida pode auxiliar. Nas fissuras incompletas (nas completas há o afas- tamento de uma parte do dente) há uma fenda difícil de identificar. Pode envolver a coroa ou estender-se à raiz. Geralmente, o dente suspeito apresenta grande restauração e/ou tratamento endodôntico no qual foi realizada uma dilatação excessiva, ou, ainda, um re- tentor intrarradicular. Pacientes com hábito de bruxis- mo ou apertamento dos dentes, em virtude de tensões emocionais, reforçam as suspeitas. No teste da mordida, um objeto (tooth slooth, ou uma ponta aspiradora de plástico, ou um cotonete) é interposto entre dois dentes e o paciente é solicitado a oduir (Figura 2.28). A reprodução dos sintomas descri- tos confirmará a suspeita. O teste com corantes deverá ser utilizado como complemento. FIGURA2.28 Teste da mordida com o uso do tooth slooth . Uso de corantes O teste com corantes deverá ser utilizado como com- plemento no diagnóstico de fraturas ou de fissuras co- ronárias ou radiculares. Com uma bolinha de algodão embebida no corante (azul de metileno - Figura 2.29A) a área suspeita é tin- gida; o local é lavado e, caso haja fissura ou fratura, sua linha ficará marcada em azul (Figura 2.29 B). Teste da anestesia Em casos de extrema dificuldade, em que mesmo após a utilização de todos os recursos não tenha sido possível identificar o dente que estaria exigindo a intervenção. o teste da anestesia pode ser utilizado. Quando há dor no ouvido, dor reflexa (na arcada oposta) ou mesmo dor difusa em uma área que envolve dois dentes muito pró- ximos, este teste tem utilidade. Ao anestesiar, por exem- plo, uma arcada e a dor desaparecer, por exclusão, in- dentifica-se o hemiarco onde o dente álgico se encontra. Este recurso só deverá ser empregado em último caso e após a coleta de todas as outras informações, pois a anestesia da região eliminará qualquer possibili- dade de reavaliação da dor. EXAME RADIOGRÁFICO Concluído o exame clínico, as atenções devem ser dire- áonadas para a radiografia. O exame radiográfico, quan- do assoáado à história clínica e aos resultados do exame clínico, é um recurso complementar de inestimável valor. Sendo a radiografia uma imagem bidimensional de uma realidade tridimensional, em muitos casos, e FIGURA2.29 O azul de metileno (AI aplicado no dente suspeito tinge a linha da fissura(B). ENDODONTIA fij para faálitar a obtenção de informações, é necessário tomar várias radiografias com diferentes inádênáas, tanto com dissoáações da angulação horizontal como da angulação vertical. Em algumas circunstânáas, uma radiografia interproximal também deverá ser utilizada. Para interpretar a radiografia, com a película seca colocada sobre um negatoscópio e com a ajuda de uma lupa, é importante analisar, lenta e ordenadamente, a imagem do dente suspeito, a dos seus vizinhos e as estruturas adjacentes. Dentre os incontáveis aspectos que podem ser avaliados, uma interpretação cautelosa deveria dar espeáal atenção a: a) Imagens radiolúddas a. l) No dente • Na coroa: cáries, fraturas, malformações (por exemplo, o sulco palatino - ver Figura 2.12), reabsorções (Figura 2.30). • No terço cervical e médlo da raiz: fratu- ras radiculares (ver Figura 19.98), malfor- mações, reabsorções. • Na região apical: fratura radicular, reab- sorções radiculares (ver Figura 20.26), está- gio do desenvolvimento radicular. a.2) Nos tecidos perirradiculares • Na região da furca : alterações de origem endodôntica (Figura 2.31) ou extraendo- dôntica. • Nas á reas laterais: lesões de origem endo- dôntica (em razão de um canal lateral [Figu- ra 2.21]) e lesões extraendodônticas. FIGURA2.30 Reabsorção inflamatória na câmara pulpar (seta). m ILSON JOS~ SOARES & FERNANDO GOLOBERG FIGURA 2.31 Área radiolúcida (seta), na região da turca, de origem endodôn- tica. • Na região periapical: cavidades ou condu- tos naturais (por exemplo, o forame mento- niano), lesões de origem endodõntica (Figura 2.32) e lesões extraendodônticas (por exem- plo, cistos globulomaxilares). FIGURA2.32 Lesão de origem endodôntica na região apical. b) Imagens radiopacas b. l) No dente • Na coroa: restaurações, malformações, cal- cificações pulpares. • Nos terços cervical e médio da raiz: mal- formações (por exemplo, um dens in dente), calcificações pulpares, material endodôntico ou retentores intrarradiculares. • Na região apical: hipercementose (Figura 2.33 ). b.2) Nos ttddos peri"adiculares • Na região da furca : malformações (por exemplo, uma pérola de esmalte). • Nas áreas laterais: osteoesclerose. • Na região periapical: displasias ósseas, os- teoesderose (Figura 2.34) - (lesões extraen- dodônticas). Não é raro que lesões extraendodônticas (áreas ra- diolúddas ou radiopacas que rodeiam a superfície radi- cular) sejam confundidas com patologias perirradiculares de origem endodôntica. Dentre as mais frequentes, estão: • cisto nasopalatino, imagem radiolúcida localizada entre os incisivos centrais superiores (Figura 2.35); • cisto globulomaxilar, imagem radiolúcida entre o incisivo lateral e o canino superior (Figura 2.36); • displasia óssea, imagem radiopaca ou radiolúdda (de acordo com o estágio de evolução), localizada preferencialmente na região anteroinferior (Figura 2.37); • displasia cemento-óssea periapical (cementoma), radiopaddade ao redor do terço apical e médio da raiz; e FIGURA2.33 Ambas as radiografias ev1denc1am a presença de hipercementose. FIGURA2.34 Primeiro pré-molar superior com osteoesclerose. • lesões tumoraís, que podem ser detectadas em am- bos os maxilares que, em caso dúvida, deverão ser examinadas por um radiologista. Para fazer o diagnóstico diferencial entre estas lesões e aquelas de origem endodôntica. os testes térmicos e de sensibilidade pulpar são decisivos. A vitalidade da polpa excluirá a possibilidade de urna lesão endodôntica. Exames desordenados e/ou apressados podem conduzir a informações falsas e não contribuem ou contribuem muito pouco para um correto diagnóstico. FIGURA2.35 Cisto nasopalatino. ENDOOONTIA Cf j FIGURA 2.36 Cisto globulomaxilar. Atualmente, a odontologia dispõe dos recursos da radiografia computadorizada volumétrica (técnica do cone beam). Por meio dela, é possível observar inúmeros as- peaos que não são deteaados em radiografias tiradas com técnicas tradicionais. Assim, por exemplo, é pos- sível identificar se uma reabsorção no terço médio da FIGURA2.37 Diasplasia cemento-óssea periapical nos incis ivos centrais infe - riores. fi,j ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG FIGURA 2.38 Na radiogra fia periap ical. é visível a reabsorção cervical. As imagens da radiografia pela técnica do cone beam. em diversos planos. permitem dimensionar sua extensão. raiz está posicionada no lado vestibular ou no lado lin- gual. Também é possível visualizar, com mais detalhes, os aspectos anatômicos dos canais (Figura 2.37). O exame radiog ráfico é parte integra nte dos procedi- mentos para alcançar o d iagnóstico e não exclui o exa- me clínico. Somente após um correto diagnóstico poderá ser esta- belecido o tratamento adequado. Para colocar em prática os conhecimentos descritos neste capítulo e, especialmente, para jogar com as peças deste quebra-cabeça, a seguir serão descritas algumas situações clínicas comuns e os procedimentos adequa- dos a cada uma delas. Para facilitar a compreensão e a realização dos exeródos propostos nas páginas seguintes, inicialmen- te apresentaremos um exemplo. Na coluna da esquerda constarão as informações obtidas na anamnese e com os exames complemen- CASO CLÍNICO - Exemplo 1. Nome: A.C.A. 2. Idade: 28 anos 3. Dente(s) suspeitolsl: 34, 35 e 36 4. Queixa principal: .. Muita dor na região inferior es- querda ao beber líqu idos gelados .. (sicl. 5. Sintomas referentes à dor: a) Provocada com mudança de temperatura. Leve com o calor e aguda com o frio; b) Provocada com alimentos doces e ácidos; c) É localizada e desaparece imediatamente após a remoção do estímulo. 6. Sinais: a) O paciente tem três dentes na arcada inferiores- querda; b) Cavidade de cárie profunda no primeiro molar in- ferior esquerdo; c) Dente 35 sem cárie ou restauração; d) Dente 34 sem cárie e com pequena restauração; e) Os dentes suspeitos têm mobilidade normal, não há tumefação ou fístula e não há retração gengi- val; f) A aplicação do frio provocou dor aguda e fugaz no 36. No 34 e no 35, as respostas fora m normais; g) A resposta ao teste elétrico foi normal em todos os dentes; h) Os dentes suspeitos [34, 35 e 36) não acusaram dor à percussão. 7. Exame radiográfico: No primeiro pré-molar, há uma restauração superficial. O segundo pré-molar está hígido. No primeiro molar, há uma zona radiolúcida, correspondente a cavidade de cárie, próxima da cavi- dade pulpar. O ligamento periodontal de todos os den- tes está normal. ENDODONTIA @ tares; na coluna da direita, o prontuário preenchido com essas informações. A partir desses dados faremos o diagnóstico, asugestão de tratamento e o prognóstico. Os autores têm plena consciência que seria impos- sível incluir todas as variáveis clínicas, pois elas são in- contáveis e ímpares. Ainda assim, acreditamos que esta forma de apresentação permitirá ao leitor desenvolver uma metodologia que o auxilie no diagnóstico e na es- colha do tratamento das afecções mais habituais. CASO CLÍNICO - Exemplo Paciente: A.C.A. Idade: 28 anos Denteis) suspeito Is): 34, 35 e 36 Queixa principal: dor ao frio Características da dor Origem Espontânea Provocada p/frio +++ p/ calor+ pi açúcar+ à percussão Duração Fugaz Passageira+ Constante O exame clínico: e Intensidade Leve+ Aguda+ Paroxística Tipo Latejante Surda Localízacão • Pontual+ Irradiada Difusa Frequência Ocasional+ Contínua a) Dos dentes suspeitos: O 34 tem uma pequena restaura- ção, o 35 está hígido e o 36 tem cárie profunda. b) Do periodonto: Gengiva normal, sem retrações; mobi- lidade normal. O exame radiográfico: Na radiografia, é possível obser- var na coroa do 36 uma zona radiolúcida, correspondente a cavidade de cárie, próxima da cavidade pulpar. Diagnóstico: O dente 36 tem uma inflamação pulpar in- cipiente. Tratamento: Remoção da cárie e tratamento conservador. Prognóstico: Bom. Alteração pulpar reversível após os procedimentos terapêuticos adequados. Comentário: O tipo de tratamento conservador depende- rá das condições clínicas observadas durante o procedi- mento operatório. C1:• ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG Baseado no exemplo anterior, preencha a ficha, faça o prognóstico e proponha o tratamento dos ca- sos apresentados a seguir. Ao concluir, compare com o CASO CLÍNICO nº 1 1. Nome: D.E.S. 2. Idade: 18 anos 3. Denteis) supeito(s): 43, 44, 45 e 46 4. Queixa principal: "Há 2 dias, tenho muita dor do lado inferior direito, mas não sei qual é o dente" lsic). 5. Sintomas referentes à dor: a) Aguda; b) Espontânea; b) Difusa; c) Aumenta com o ca lor e alivia com o frio lo pacien- te faz bochechos frequentes com água fria); d) Aumenta em posição de decúbito. 6. Sinais: a) O paciente tem quatro dentes na arcada inferior direita; b) A aplicação de água gelada sobre os dentes infe- riores do lado direito alivia a dor; c) Cavidade de cár ie profunda no dente 44; d) Dentes vizinhos com pequenas restaurações; e) Gengiva normal e mobilidade fisiológica em todos os dentes; f) A aplicação do calor no dente 44 provoca dor agu- da, passageira e difusa, que é aliviada pelo frio; g) O dente 44 responde ao teste elétrico com menor intensidade do que o 34. No 43 e no 45, as respos- tas foram similares às do 33 e do 35; h) O 44 tem leve sensibilidade à percussão. 7. Exame radiográfico: No primeiro pré-molar in ferior direito, há uma zona rad iolúcida, correspondente a cavidade de cárie, muito próxima da cavidade pulpar. Os dentes 45 e 46 têm pequenas restaurações. O cani- no está hígido. Não há alterações no ligamento perio- donta l em nenhum dos dentes. diagnóstico e o tratamento sugerido pelos autores (ver página 58). CASO CLÍNICO nº 1 Paciente: D.E.S. Idade: Denteis) suspeitolsl: Queixa principal: Características da dor Início Origem Espontânea Provocada p/frio p/ calor pi açúcar à percussão Duração Fugaz Passageira Constante Frequência Ocasional Contínua Localização Pontual Irradiada Difusa Tipo Latejante Surda O exame clínico e Intensidade Leve Aguda Paroxística a) Dois) denteis) suspeitolsl: b) Dos dentes vizinhos: c) Do periodonto: O exame radiográfico: Diagnóstico: Tratamento: Prognóstico: CASO CLÍNICO nº 2 1. Nome: G. T.B. 2. Idade: 27 anos 3. Dente is) suspeitolsl: 12. 11, 21 ou 22 4. Queixa principal: "Muita dor nos dentes da frente que aumenta ao fechar a boca e, principalmente, ao mas- tigar" lsicl. 5. Sintomas referentes à dor: al Há duas semanas, durante a noite, sentiu dores- pontânea e aguda em um dente superior anterior. Não dormiu. A dor passou; bl Hoje, ao mastigar, tem dor aguda e difusa; cl Não tem dor com líquidos gelados ou quentes. 6. Sinais: al Todos os dentes anteriores superiores têm res- taurações com resina em uma das faces proxi- mais; nos incisivos do lado esquerdo, as restau-- - . raçoes sao maiores; bl As restaurações estão com cor alterada; cl O incisivo esquerdo tem pequena alteração de cor em relação aos demais; d) Na gengiva, não há tumefação ou fístula; el Não existem alterações periodontais importantes e todos os dentes têm mobilidade normal; tl Os dentes 11, 12 e 21 responderam positivamente ao frio; gl O 22 não acusou sensibilidade aos testes térmi- cos; tl O dente 22 está sensível à percussão vertical. 7. Exame radiográfico: Nas coroas existem imagens radiopacas correspondentes às áreas restauradas. O ligamento periodontal apical não apresenta altera- ções. CASO CLÍNICO nº 2 Paciente: G.T.B. Idade: anos Denteis! suspeitolsl: Queixa principal: Características da dor Início Origem e Espontânea Provocada p/frio pi calor p/açúcar à percussão Duração Fugaz Passageira Constante Frequência Ocasional+ Contínua Localização Pontual Irradiada Difusa Tipo Latejante Surda O exame clínico Intensidade Leve Aguda Paroxística ai Dois! denteis! suspeitolsl: bl Dos dentes vizinhos: cl Do periodonto: O exame radiográfico: Diagnóstico: Tratamento: Prognóstico: ENDODONTIA it-1 Jj,# ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG CASO CLÍNICO nº 3 1. Nome: J.A.M. 2. Idade: 40 anos 3. Denteis) suspeitolsl: 11 e 21 4. Queixa principal: ''Há aproximadamente 1 O dias apa- receu uma 'bolinha amarela" na gengiva, em cima do dente"" (sicl. 5. Sintomas referentes à dor: al Não tem dor; bl Quando a '"bolinha amarela·· cresce, incomoda, mas não chega a doer. 6. Sinais: al Incisivos centrais superiores com coroas escu- ras; bl Há uma cavidade de cárie profunda na face pala- tal do 11; cl No dente 21, há uma grande restauração mesial; d) A região gengival, próxima ao fundo do sulco dos dentes 11 e 21, apresenta tumefação e fístula; el A região da fístula é sensível à palpação; fl Os tecidos periodontais estão normais e não há bolsa periodontal na região dos dentes anterio- res; gl Os dentes 11 e 21 não acusaram sensibilidade ao teste elétrico e aos testes térmicos; dl Não há dor à percussão. 7. Exame radiográfico: al No incisivo lateral esquerdo, há uma zona radio- lúcida na coroa, correspondente a cavidade de cá- rie; b) O incisivo central do mesmo lado tem canal par- cialmente tratado; cl No dente 11, há uma lesão periapical grande. Os tecidos periapicais do 21, do 22 e do 12 não têm alterações; d) O cone usado para rastrear a fístula chega à re- gião apical do 11. , CASO CLINICO nº 3 Paciente: J.A.M. Idade: anos Denteis) suspeito[s): Queixa principal: Características da dor Início Origem e Espontânea Provocada p/frio pi calor p/açúcar à percussão Duração Fugaz Passageira Constante Frequência Ocasional Contínua Localização Pontual Irradiada Difusa Tipo Latejante Surda O exame clínico Intensidade Leve Aguda Paroxística al Dois! denteis! suspeito!sl: bl Dos dentes vizinhos: cl Do periodonto: O exame radiográfico: Diagnóstico: Tratamento: Prognóstico: CASO CLÍNICO nº 4 1. Nome: L.A.T. 2. Idade: 23 anos 3. Denteis) suspeitolsl: 11 4. Queixa principal: ''Desde ontem, tenho muita dor, o rosto está inchado e tenho um pouco de febre" lsicl. 5. Sintomas referentes à dor: al A dor é espontânea, paroxística e constante; bl O dente está "crescido" e "intocável". 6. Sinais: a) Tumefaçâo facial localizada na regiâo anterossu- perior; b) Restauraçâo grande no incisivo central superior direito; cl A gengiva dos dentes anteriores superiores está normal e nâo há bolsa periodontal; d) O incisivo central superior direito tem mobilidade. Nos dentes imediatos, a mobilidade é normal; el Aplicado
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