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Endodontia Tecnica e Fundamentos 2ed 2011 Soares, Goldberg

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, 
TECNICA E 
FUNDAMENTOS 
S676e Soares, Ilson José. 
Endodontia [recurso eletrônico] : técnicas e fundamentos/ 
Ilson José Soares, Fernando Goldberg. - 2. ed. - Dados 
eletrônicos. - Pono Alegre: Artrned, 2011. 
Editado também como livro impresso em 2011. 
ISBN 978-85-363-2514·9 
1. Odontologia. 2. Endodontia. I. Goldberg, Fernando. 
U. Título. 
CDU 616.314 
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus - CRB 10/2052 
, 
, 
ILSON JOSE SOARES 
Professor livre-docente. Doutor em Endodontia pela 
Universidade Federal de Santa Catarina. 
FERNANDO GOLDBERG 
Professor titular da disciplina de Endodontia da Escola 
de Odontologia da Universidade dei Salvador - Associação 
Odontológica Argentina, Buenos Aires, Argentina. 
TECNICA E 
FUNDAMENTOS 
-2ª EDICAO 
Versão impressa 
desta obra: 2011 
2011 
I 
© Artmed Editora SA, 2011 
Capa: Paola Manica 
Ilustrações: José A. Kemper 
Preparação de original: Ana Rachel Salgado 
Editora sênior - Biociências: Letída Bispo de Lima 
Projeto e editoração: Techbooks 
Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à 
ARTMEDe EDITORAS.A. 
Av. Jerônimo de Omelas, 670 - Santana 
90040-340 - Porto Alegre - RS 
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer 
formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web 
e outros), sem permissão expressa da Editora. 
Unidade São Paulo 
Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhão 5 - Cond. Espace Center 
Vila Anastácio - 05095-035 - São Paulo - SP 
Fone: (11) 3665-1 100 Fax: (11) 3667-1333 
SAC 0800 703-3444 
IMPRESSO NO BRASIL 
PRINTBD IN BRAZIL 
HNão é suficiente ensinar endodontia. 
É necessário fazer com que o aluno goste dela." 
llson Soares 
Coautor 
Telmo Tavares 
Ex-professor titular da disciplina de Endodontia do Curso de Odontologia da Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil. Doutor em Ciênáa pela UFSC. 
Colaboradores 
Clóvis Monteiro Bramante 
Professor titular da disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, 
São Paulo, Brasil. 
Marcelo Chain 
Professor associado m da disciplina de Materiais Dentários do Curso de Odontologia 
da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. MS e PhD em 
Biomateriais, USA. 
Peter E. Murray 
Professor of Endodontics. Associate dean for Advanced Education Programs, Nova 
Southeastem University, College of Dental Medicine, Fon Lauderdale, Florida. 
Santiago Frajlich 
Professor adjunto da disciplina de Endodontia da Escola de Odontologia da 
Universidade Dei Salvador, Associação Odontológica Argentina, Buenos Aires, 
Argentina. 
Sergio Kuttler 
Professor of Endodontics. Associate dean for Advanced Education Programs, Nova 
Southeastern University, College of Dental Medicine, Fort Lauderdale, Florida. 
Dedicatória 
A todos os nossos Mestres, de ontem e de hoje, que nos ensinaram a 
conhecer e amar a endodontia, dedicamos este livro. 
Prefácio à 
2ª Edicão 
I 
Convencidos de que a l ª edição de Endodontia: técnica e 
fundamentos alcançou seus objetivos, os autores decidi-
ram formular uma 2• edição. Os erros e enganos presen-
tes na primeira despenavam a vontade de corrigi-los; o 
avanço da ciência endodôntica mostrava a necessidade 
de atualizar o livro. E, assim, impulsionados pela von-
tade e pela necessidade, decidimos fazê-lo, mantendo 
as diretrizes da edição anterior. Alguns capítulos foram 
modificados, outros atualizados e alguns novos foram 
acrescentados a esta 2ª edição. Para torná-lo um livro 
mais abrangente, além dos colaboradores da edição an-
terior, temos agora a participação dos professores Cló-
vis Bramante, que coordenou a elaboração do capítulo 
sobre Cirurgia Paraendodôntica, Santiago Frajlich, que 
auxiliou no capítulo sobre Endodontia Mecanizada, Pe-
ter Murray e Sergio Kuttler que escreveram o capítulo 
sobre Terapias Regenerativas em Endodontia. 
Além desses, muitos outros colaboradores anôni-
mos contribuíram para esta edição. Corrigindo, criti-
cando, sugerindo ou opinando, muitos colegas procu-
raram nos auxiliar. A todos, nosso muito obrigado! 
Certamente, ao finalizá-la, desejaríamos - nova-
mente - corrigi-la. Não é possível. Sempre existirão 
erros e enganos a serem corrigidos e atualizações a se-
rem feitas. Como há oito anos, temos a ceneza de que, 
mais uma vez, este texto será avaliado sob a ótica de 
seus propósitos, isto é: oferecer, àqueles que iniciam o 
estudo da endodontia, de forma simples e objetiva, os 
conhecimentos necessários ao aprendizado e ao exer-
ácio dessa prática. 
Os Autores 
Prefácio da 
1 ª Edicão 
I 
Em qualquer área do conhecimento, os primeiros 
passos são extremamente difíceis. A inexperiência de 
quem começa, o ineditismo e o volume de conteúdo a 
ser aprendido constituem um binômio de difícil reso-
lução. A nossa experiência como professores de endo-
dontia, durante anos, plasmou essa convicção de forma 
irrefutável. 
Paralelamente a essa complexidade, o reduzido 
número de publicações direcionadas - prioritariamente 
- àqueles que iniciam a endodontia acaba por dificul-
tar, ainda mais, o aprendizado dessa especialidade. Por 
tais razões, este livro foi elaborado com a finalidade de 
oferecer, de forma simples e objetiva, o aprendizado e o 
exeróào dessa prática. 
Ao procurar imprimir objetividade às informações 
apresentadas, intencionalmente não discutimos con-
dutas similares àquelas sugeridas no texto. Também, 
propositadamente, os conhecimentos de patologia pul-
par e periapical, bem como os procedimentos semio-
técnicos não foram incluídos. As inúmeras publicações 
espeóficas sobre estes temas à disposição dos interessa-
dos, e a intenção de enfatizar aspectos direcionados à 
terapia endodôntica levaram-nos a priorizar os proce-
dimentos técnicos. 
Dentro desse enfoque, a conduta recomendada 
resulta de nossa experiência clínica e tem suas bases 
científicas alicerçadas na literatura referida ao final de 
cada capítulo. 
Ainda com a intenção de facilitar o aprendizado, 
este livro foi dividido em duas panes. A primeira cons-
titui-se de uma orientação básica e objetiva para exe-
cutar os tratamentos endodônticos. A segunda é uma 
coletânea de informações e procedimentos clínicos que 
certamente irão amenizar a sede daqueles que estão 
ávidos por aprender. 
Os Autores 
Apresentação 
da 1 ª Edicão 
I 
Foi uma agradável e honrosa surpresa ter sido convi-
dado para apresentar a obra de dois colegas, os quais 
tive o prazer e a feliz oponunidade de conhecer longo 
tempo atrás, um em Buenos Aires e outro em Florianó-
polis. Ambos estabeleceram uma relação de intercâm-
bio de conhecimentos e amizade, que acabou por dar 
origem a este livro, dirigido àqueles que se interessam 
pelo aprimoramento e pelo estudo da endodontia. A 
consciência científica e a experiência clínica dos auto-
res contribuíram para que os resultados de trabalhos de 
pesquisa influenciassem de modo decisivo nos proce-
dimentos clínicos que praticam. Redigida com lingua-
gem clara, precisa e compreensível por todos, a obra 
aborda com propriedade todos os aspectos inerentes ao 
tratamento endodôntico, estendendo-se ao tratamento 
conservador da polpa dental e às lesões traumáticas dos 
tecidos dentários. Todos os capítulos são apresentados 
com excelente didática, contendo no seu bojo a expo-
sição de conhecimentos bastante atuais, que abrangem 
com habilidade o progresso e a evolução fulminante 
da •ciência endodôntica•. Este compêndio deixa trans-
parecer a precisão das técnicas descritas, aliadas a um 
emaranhado de conhecimentos que espelham não só 
a seriedade mas, antes de tudo, o conhecimento e a 
honestidade dos autores. A classe endodôntica e os afi-
cionados pela endodontia estão de parabéns por este 
presente literário. 
Roberto Holland 
Professor titular da disciplina de Endodontia da 
Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. 
Sumário 
Parte 1 Técnica efundamentos 
Capítulo 1 
O Cenário 25 
A polpa 25 
Os teódos perirradiculares 26 
Os mícro-organismos: alterações no cenário 26 
Capítulo 2 
Procedimentos para o Diagnóstico em 
Endodontia 29 
Introdução 29 
A história médica 29 
A anamnese (história clínica) 30 
O exame clínico 30 
Testes clínicos 38 
Exame radiográfico 43 
Respostas e comentários sobre os casos 
apresentados 58 
Capítulo 3 
Planejamento do Tratamento 
Endodôntico 61 
Introdução 61 
Aspectos relativos ao paóente 61 
Aspectos relativos ao dente 62 
Aspectos relativos ao isolamento 62 
Aspectos relativos ao acesso à câmara pulpar e ao 
canal 63 
Aspectos relativos ao preparo do canal 71 
Aspectos relativos à obturação 76 
23 Capítulo 4 
Procedimentos Pré-operatórios 79 
Introdução 79 
Esterilização e desinfecção do instrumental e do 
material de uso endodõntico 79 
Condióonamento do paciente 83 
Anestesia 83 
Preparo da coroa 83 
Capítulo 5 
Isolamento do Campo Operatório 85 
Introdução 85 
Posição do paciente e do operador 85 
Momento para realizar o isolamento 85 
Operações prévias 86 
Técnica de colocação do dique de borracha 87 
Remoção do dique de borracha 90 
Isolamento em situações especiais 91 
Isolamento relativo 91 
Capítulo 6 
Configuração Interna do Elemento Dental 93 
Introdução 93 
Cavidade pulpar 93 
Incisivo central superior 95 
Incisivo lateral superior 95 
Incisivo central inferior 98 
Incisivo lateral inferior 98 
Canino superior 98 
Canino inferior 99 
Primeiro pré-molar superior I 00 
@(:j SUMÁRIO 
Segundo pré-molar superior 100 
Primeiro pré-molar ínferior 101 
Segundo pré-molar ínferior 102 
Primeiro molar superior 102 
Segundo molar superior 103 
Primeiro molar inferior 103 
Segundo molar inferior 105 
Capítulo 7 
Acesso ao Ca.nal Radicular 107 
Introdução 107 
Acesso ao grupo dos incisivos 108 
Acesso ao grupo dos caninos 115 
Acesso ao grupo dos pré-molares inferiores 117 
Acesso ao grupo dos pré-molares superiores 119 
Acesso ao grupo dos molares inferiores 122 
Acesso ao grupo dos molares superiores 127 
Observações 130 
Instrumentos para o preparo do terço cervical 131 
Capítulo 8 
Preparo do Canal Radicular: Instrumental 
Endodôntico 141 
Introdução 141 
Materiais 141 
Constituição dos instrumentos manuais 142 
Comprimento dos instrumentos 142 
Diâmetros da parte ativa 143 
Estandardização dos instrumentos 144 
Estudo dos principais instrumentos 144 
Acondicionamento do instrumental endodôntico 
para esterilização 151 
Ordenamento do instrumental endodôntico durante 
o uso 151 
Capítulo 9 
Preparo do Canal Radicular: Esvaziamento e 
Modelagem 153 
Introdução 153 
Capítulo 10 
Procedimentos e Produtos Químicos 
Auxiliares do Preparo Mecânico 203 
Introdução 203 
Irrigação e aspiração 203 
Uso de quelantes 207 
Sistemas mecânicos coajuvantes das soluções 
químicas 209 
Curativo de demora 211 
Conduta clínica nos casos de rompimento da 
restauração provisória 218 
Capítulo 11 
Obturação do Ca.nal Radicular 221 
Introdução 221 
Momento 221 
Nível apical 221 
nidimensionalidade 222 
Materiais 222 
Técrúcas de obturação 223 
Cimentos endodônticos 233 
Técrúcas termomecãnicas 243 
Técrúcas térmicas propriamente ditas 244 
Escolha da técrúca de obturação 249 
Parte li Informações e procedimentos 
clínicos diferenciados 253 
Capítulo 12 
Materiais para Restau.rações Provisórias em 
Endodontia 2SS 
Introdução 255 
Fatores a serem analisados para a escolha do material 
restaurador provisório 256 
Classificação dos materiais restauradores 
temporários 259 
Considerações para a escolha do material 266 
Capítulo 13 
Reparo após o Tratamento dos Canais 
Radiculares 269 
Introdução 269 
Generalidades sobre reparo dos tecidos 
ápico-periapicaís 269 
Reparo após pulpectomía 272 
Reparo após tratamento de dente despolpado 275 
A influência do material obturador no processo de 
reparo 281 
Alguns fatores gerais que podem influenciar no 
reparo ápico-periapical 282 
Considerações dínicas sobre reparo dos tecidos 
ápico-periapicais 284 
Capítulo 14 
Tratamentos Endodôntlcos 
Conservadores 289 
Introdução 289 
Conceitos 289 
Indicações 289 
Avaliação do estado dínico da polpa 290 
Técnicas 293 
Controle pós-operatório 297 
Capítulo 15 
Tratamento dos Dentes com Rizogênese 
Incompleta 303 
Introdução 303 
Diagnóstico do estado da polpa 304 
Tratamento de dentes com polpa viva e com 
rizogênese incompleta 305 
Tratamento de dentes com polpa necrosada e 
rizogênese incompleta 306 
Conduta clínica 307 
Componamento dos tecidos ápico-periapicais na 
apexificação 31 O 
Tratamento endodôntico regenerativo 313 
Capítulo 16 
Emergências Endodônticas 317 
Introdução 31 7 
Quadro clínico 31 7 
Tratamento da dor provocada por doença da 
polpa 319 
Tratamento da dor provocada por enfermidade 
periapical 320 
Tratamento da dor surgida durante a realiração do 
tratamento endodôntico (flare-up) 330 
Tratamento da dor surgida após a conclusão do 
tratamento endodôntico 331 
Capítulo 17 
Retratamento 335 
Introdução 335 
Retratamento endodôntico 340 
A técnica 341 
Complicações que dificultam o retratamento 367 
Capítulo 18 
Cirurgia Parendodôntica 377 
Introdução 377 
Anestesia 379 
Instrumental 381 
Incisão 382 
Divulsão 387 
Ostectomia 387 
Modalidade cirúrgica 390 
Sutura 391 
Cuidados pós-operatórios 393 
Indicações e contraindicações 394 
Modalidades cirúrgicas 394 
Capítulo 19 
Lesões Traumáticas dos Tecidos 
Dentários 417 
Introdução 417 
Sistematização 417 
Avaliação do traumatismo 417 
SUMÁRIO i(.j 
Lesões traumáticas do sistema de suporte 421 
Fraturas dentárias 453 
Capítulo 20 
Reabsorções Dentárias 479 
Introdução 479 
Mecanismo das reabsorções externas 480 
Mecanismos das reabsorções internas 485 
Causas das reabsorções 485 
Localiução das reabsorções 490 
Diagnóstico 496 
Thatamento 502 
Capítulo 21 
Terapias Regenerativas em Endodontla 513 
Introdução 513 
Conclusões 517 
índice 521 
lntroducão 
I 
A endodontia é o campo da odontologia que estuda a 
morfologia da cavidade pulpar, a fisiologia e a patologia 
da polpa dental. bem como a prevenção e o tratamento 
das alterações pulpares e de suas repercussões sobre os 
tecidos peridentários. 
Dentro dos objetivos desta obra, os procedimen-
tos terapêuticos realizados nessa área de conheci-
mento podem ser reunidos, genericamente, em dois 
grupos: 
l. Tratamentos conservadores 
2. Tratamentos radicais 
No primeiro conjunto estão o capeamento pulpar,* a 
curetagem pulpar** e a pulpotomia, ***que têm por objetivo 
primordial conservar a polpa dental, ou parte dela, viva 
e em condições de exercer suas funções. 
Com os tratamentos radicais, tais como a pulpedo-
miat e o tratamento dos dentes com polpa necrosada (necro-
pulpectomia), tt a endodontia procura manter os dentes 
• Capeamento pulpar ou proteção pulpar direta é o recobrimento, 
com material adequado, de uma minúscula área de tecido pulpar 
hígido, exposto acidentalmente, quase sempre durante um pro-
cedimento operatório. 
•• Curetagem pulpar é a remoção superficial de uma pequena 
quantidade de polpa viva, exposta, e posterior recobrimento do 
remanescente pulpar com material adequado. 
••• Pulpotomia é a remoção da polpa dental coronária viva e o reco-
brimento, com material adequado, do tecido pulpar remanescen-
te no interior do canal radicular. 
t Pulpectomia (biopulpectomia) é o termo utilizado para identificar o 
tratamento endodôntico realizado em um dente com a polpa viva. 
tt Tratamento dos dentes com polpa necrosada, necropulpeaomia, trata-
mmto das mortificações pulpares ou tratamento dos dentes despolpados 
são denominações empregadas para identificar o tratamento en-
dodôntico realizado em dentes com a polpa mona. 
cujas polpas, por alguma razão, perderam a condição 
de manter-se com vitalidade ou necrosaram. 
Pelas características dos tratamentos radicais e pe-
los objetivos desta primeira parte, eles serão descritos . . ,. . 
com maiores nunuaas. 
A coluna dorsal da primeira parte do texto, onde 
constam as diversas etapasda pulpectomia e do o tra-
tamento dos dentes despolpados, tem os seguintes tó-
picos: 
1. Diagnóstico 
2. Planejamento 
3. Procedimentos pré-operatórios 
- Esterilização e desinfecção do instrumental de uso 
endodôntico 
- Condicionamento do paciente 
- Anestesia 
- Preparo da coroa 
- Isolamento do campo operatório 
4. Acesso ao canal radicular 
- Abertura coronária 
- Esvaziamento da câmara pulpar 
- Localização e preparo da entrada dos canais 
- Preparo do terço cervical 
5. Preparo do canal 
6. Procedimentos e produtos químicos auxiliares do 
preparo mecânico 
7. Obturação do canal 
Essa ordenação tem um objetivo pedagógico claro: 
facilitar a compreensão da leitura, especialmente para 
os estudantes. Na clínica, essas etapas não estão em 
compartimentos; ao contrário, estão ligadas, às vezes 
juntas, e com uma intimidade que torna difícil distin-
guir o término de uma e o início de outra. 
Ainda com o mesmo propósito, os assuntos serão 
apresentados na mesma ordem em que o tratamento é 
realizado. Algumas inversões existentes não inviabili-
zam essa intenção. 
Ili INTRODUÇÃO 
Na segunda parte, serão abordadas informações 
e procedimentos clínicos diferenóados referentes a 
materiais e técnica para restaurações provisórias, ao 
reparo após o tratamento dos canais radiculares, aos 
tratamentos conservadores, assim como aos aspectos 
relaóonados com o tratamento de dentes com rizogê-
nese incompleta, as emergênóas endodônticas, retra-
tamento, cirurgia paraendodôntica, as lesões traumáti-
cas dos teódos dentários, diagnóstico e tratamento das 
reabsorções dentárias, finalizando com terapias rege-
nerativas em endodontia. 
, 
TECNICA E 
FUNDAMENTOS 
O Cenário 
Onde tudo acontece 
A POLPA 
A polpa é um teádo conjuntivo frouxo de característi-
cas espeáais, que mantém íntimo relaáonamento com 
a dentina que a cerca, constituindo uma unidade fun-
cional designada como complexo dentina-polpa. Ocu-
pando a cavidade central do dente (câmara pulpar e 
canal radicular), a polpa se comunica com o ligamento 
periodontal através do forame ou forames apicais ou, 
ainda, por meio de eventuais forames laterais, pelos 
quais passam os elementos vasculares e nervosos (Fi-
gura 1.1 A). 
Histologicamente, assemelha-se a outros tecidos 
conjuntivos do corpo por seu conteúdo de células (fi-
broblastos, macrófagos. linfócitos), fibras colágenas e 
reticulares, substância fundamental amorfa, líquido 
tissular, vasos sanguíneos e linfáticos e nervos. Uma ca-
mada de células altamente diferenciadas em sua super-
fície - os odontoblastos. especializados na produção de 
dentina - confere à polpa a condição de tecido especial 
A 
FIGURA 1.1 
(Figura 1.1 B). A capacidade de elaborar dentina é per-
manente e isso habilita a polpa a reagir protegendo-se 
dos agentes agressores, compensando parcialmente as 
perdas de esmalte ou de dentina. 
Uma rica microvascularizac;ão, estabelecida espe-
cialmente na região dos odontoblastos, proporciona 
um elevado fluxo sanguíneo e constitui a base morfo-
lógica da nutrição e da capacidade reativa do complexo 
dentina-polpa. 
Os nervos sensitivos presentes na polpa e, de for-
ma restrita, na dentina, permitem a percepção de estí-
mulos externos e/ou internos. Localizam-se por toda a 
polpa, mas são abundantes no plexo de Raschkow, na 
wna subodontoblástica, de onde fibras se insinuam na 
camada de odontoblastos e, eventualmente, penetram 
nos túbulos dentinários. Por terem terminações desnu-
das, respondem sempre com dor aos vários estímulos 
aplicados sobre o complexo dentina-polpa. 
Na polpa coronal. a microcirculação e a inervação 
mais profusas, a maior quantidade de células e o maior 
B 
\ , 
• 
~; 
• 
e 
i • 
( 
P• D 
' 
(A) Desenho de um canino inferior. onde é possível observar a relação da polpa com a dentina que a cerca e com os tecidos perirradicu-
lares, através dos forames apical e lateral. (BJ Fotomicrografia do complexo dentina (OI-polpa (PJ. 
ffj ILSON JOS~ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
volume dos odontoblastos revelam um tecido mais me-
tabólico e, por consequência, mais reativo que a polpa 
radicular. 
Com a idade, o volume pulpar se reduz em face da 
produção constante de dentina secundária e da produ-
ção eventual de dentina terciária. O teor de células fica 
menor, enquanto aumenta proporcionalmente a quan-
tidade de colágeno. A circulação diminui devido ao es-
treitamento dos acessos pelos forames e por processos 
degenerativos vasculares. As degenerações de nervos e o 
aumento das calcificações distróficas completam o qua-
dro de envelhecimento do órgão pulpar com redução 
de sua capacidade metabólica e de seu poder de reparo. 
OS TECIDOS PERIRRADICULARES 
O periodonto de inserção é o aparelho de sustentação 
do dente no alvéolo e é constituído pelo cemento, pelo 
ligamento periodontal e pelo osso alveolar fasciculado 
(lâmina dura). Originados do mesmo componente em-
brionário - o folículo ou o saco dental -. esses tecidos 
constituem uma unidade funcional mantida, no dente 
adulto, pela atividade metabólica do ligamento perio-
dontal (Figura 1.2). Quando observado na região do 
ápice radicular ou periápice, esse complexo teàdual é 
denominado tecido periapical (Figura l.l). 
Os autores preferem o termo perirradicular ao ter-
mo periapical para designar as alterações nos tecidos 
circundantes do dente e que tenham origem no teàdo 
pulpar. As lesões laterais, decorrentes da presença de 
canais laterais, são um daro exemplo de uma patologia 
perirradicular e não periapical. Em muitas ocasiões, o 
termo periapical será utilizado como extensão do con-
ceito perirradicular. 
O cemento dental, tecido calàficado muito seme-
lhante ao osso, recobre a dentina radicular, protegen-
do-a e reduzindo sua permeabilidade, provendo um 
meio de ancoragem das fibras periodontais à raiz do 
dente. Desprovido de vascularização, é menos dinâmi-
co que o osso: não se remodela, mas cresce continua-
mente por aposição de novas camadas. É mais resis-
tente que o osso aos processos de reabsorção que, nos 
dentes permanentes, só ocorrem em condições patoló-
gicas. Proporciona, com seu crescimento contínuo, o 
reparo fisiológico e/ou anatômico das reabsorções radi-
culares. Após o tratamento endodôntico, pode promo-
ver, por formação hipertrófica, o selamento parcial ou 
total do forame apical. 
O ligamento periodontal é um tecido conjuntivo 
com fibras colágenas que promovem a inserção do den-
te na parede alveolar. Rico em células, vasos e nervos, 
possui intenso metabolismo e o mais rápido índice de 
renovação entre os tecidos conjuntivos do corpo. Nu-
tre o cemento e o osso alveolar apresentando, em sua 
superfície, as células formadoras e de reabsorção desses 
tecidos. As células epiteliais de Mallassez. remanescen-
tes da bainha epitelial de Henwig, localizam-se próxi-
mas à superfície cementária e são importantes na gêne-
o 
FIGURA 1.2 
Fotomicrografia do periodonto de inserção. Cemento (C); liga-
mento ILI e osso IOJ . 
se de cistos radiculares. Nas patologias perirradiculares 
com destruição dos tecidos duros (cemento e osso) e 
moles (ligamento e medula óssea), cabe ao ligamento 
prover os elementos biológicos (células, vasos, nervos) 
necessários ao reparo da região. A capacidade reparati-
va do ligamento é ampla, tendo em vista sua constante 
renovação. Por isso, a idade influencia menos no re-
paro perirradicular que no pulpar, onde é fator crítico. 
O osso alveolar de inserção, ou fasàculado, ou 
ainda lâmina dura, é produz.ido pelos osteoblastos do 
ligamento e fixa os feixes de fibras periodontais que, 
no outro exuemo, se inserem no cemento. O osso é 
um tecido plástico que sofre remodelações, ensejando 
indusive as alterações promovidas pelo tratamento or-
todõntico. Nas patologias perirradículares, ele é reab-
sorvido pelos osteoclastos estimulados por vários fato-
res. tais como os mediadores quúnicos da inflamação e 
endotoxinas, entre outros. Seu reparo, após a elimina-
ção dos agentes da agressão, é proporcionado pelos os-teoblastos do ligamento periodontal e do osso medular 
circunjacente. Os tecidos perirradículares constituem o 
alvo da atenção do endodontista, pois toda sua condu-
ta clínica está voltada para proporcionar condições de 
reparo dos mesmos. 
OS M_ICRO-ORGANISMOS: ALTERAÇÕES NO 
CENARIO 
Os dentes compartilham com centenas de espécies bac-
terianas o microambiente da cavidade bucal. Quando 
rugidos, o esmalte e a dentina protegem a polpa. Quan-
do essa proteção é rompida, alguns micro-organismos 
podem chegar até ela. 
Embora existam diversos caminhos para as bacté-
rias atingirem a polpa, o modo mais frequente é através 
da cárie quando, pouco a pouco, elas se aproximam 
até alcançá-la (Figura 1.3). impotente, o tecido pulpar 
não consegue impedir a infiltração e a disseminação 
dos micro-organismos ou de seus subprodutos, Jogo, 
porções da polpa começam a se desintegrar. A necrose 
é inevitável. e há condições favoráveis a uma infecção 
maciça. Com a polpa necrosada e a cavidade pulpar 
completamente contaminada (Figura 1.4), os produtos 
tóxicos bacterianos e as substâncias agressivas decor-
rentes da necrose séptica da polpa terminam por alcan-
çar os tecidos perirradiculares, originando as periodon-
tites (Figura 1.3). 
FIGURA 1.3 
Desenho de um canino inferior mostrando a cárie dental e suas 
consequências sobre os tecidos pulpar e perirradicular. 
QUADRO 1.1 
ENDODONTIA 'ª 
Mais de duas centenas de espécies bacterianas já 
foram isoladas de canais radiculares, e a coletânea 
de micro-organismos presentes no sistema de canais 
radiculares dependerá da disponibilidade de nutrien-
tes, do teor de oxigênio e das interações entre eles. 
O Quadro 1.1 mostra os micro-organismos predomi-
nantes nos canais radiculares de dentes com lesões 
periapicais. 
FIGURA 1.4 
Na imagem da parede dentinária do canal radicular de um dente 
com polpa necrosada. há grande quantidade de micro-organis-
mos "fechando" a entrada dos túbulos dentinários. Microscopia 
eletrôn ica de varredura. 
Micro-organismos predominantes isolados dos canais radiculares de 65 dentes com lesões periapicais 
Espécies bacterianas 
Eubacterium spp. 
Peptostreptococcus spp. 
Fusobacterium spp. 
Porphyromonas spp. (pigmentadas em negro) 
Prevotella spp. (pigmentadas em negro) 
Streptococcus spp. 
Lactobacillus spp. • 
Wolinella spp. 
Prevotella spp. 
Actinomyces spp. 
Propionibacterium spp. 
Capnocytophaga ochracea 
Veillonella parvula 
Selenomonas sputigena 
Outras espécies• 
Número total de cepas isoladas 
Nº de cepas isoladas 
59 
54 
50 
32 
30 
28 
24 
18 
15 
14 
7 
7 
6 
6 
3 
353 (média de 5,3 cepas 
por canal radicular) 
Fonte: Transcrito de Walton e Torabinejad1 e adaptado de Sundqvist.2 
•Espécies isoladas em baixo número ou não identificadas em termos de espécies. 
Características 
Bacilos gram-positivos, não móveis 
Cocos gram-positivos, não móveis 
Bactéria fusiformes gram-negativas, não móveis 
Bacilos gram-negativos. não móveis 
Bacilos gram-negativos. não móveis 
Cocos gram-positivos. não móveis 
Bacilos gram-positivos. não móveis 
Bacilos gram-negativos, móveis 
Bacilos gram-negativos, não móveis 
Bacilos gram-positivos. não móveis 
Bacilos gram-positivos, não móveis 
Bactérias fusiformes gram-negativas, móveis 
Cocos gram-negativos, não móveis 
Bacilos gram-negativos, móveis 
fli ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
REFERÊNCIAS 
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LEITURAS RECOMENDADAS 
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tory reaaions in the dental pulp. Scand J Dent Res. 1977 
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Trowbridge HO, Kirn S. Desenvolvimento, estrutura e função da 
polpa. ln: Cohen S, Bums R. Caminhos da polpa. 6. ed. Rio 
de Janeiro: Guanabara Koogan; 1997. p. 297-337. 
Procedimentos para o 
Diagnóstico em Endodontia 
Sinais e sintomas: montando um quebra-cabeça 
INTRODUÇÃO 
Pergunte com inteligência, observe com critério, com-
prove de forma exaustiva. Este será o caminho para um 
diagnóstico correto, que permitirá selecionar a tera-
pêutica adequada. 
É indiscutível que, para proporóonar ao paóente 
uma terapêutica adequada, é fundamental identificar o 
dente envolvido e fazer o diagnóstico da enfermidade 
que o afeta. 
Para ter sucesso nessas tarefas, é indispensável co-
nhecer a história médica, a história clínica, obter in-
formações a partir de perguntas objetivas, realirar um 
cuidadoso exame clínico, confrontar os achados resul-
tantes dos procedimentos semiotécnicos e, ao final, 
agregar informações por meio de exames complemen-
tares como, por exemplo, a radiografia em suas dife-
rentes técnicas. 
Partindo dessa premissa, é objetivo deste capítulo 
sugerir um roteiro para a obtenção de in formações que 
permitam conhecer o estado de saúde geral do pacien-
te, os sin tomas e sinais relacionados com os den tes ou 
com os tecidos peridentários e, com maior ênfase, des-
tacar os procedimentos majs utilirados para o diagnós-
tico em endodontia. 
Para a obtenção do conjunto de informações que 
auxiliarão no diagnóstico, deve-se utilizar: 
• A história médica 
• A anarnnese (história clínica) 
• O exame cüruco 
• Os exames complementares 
A HISTÓRIA MÉDICA 
Embora nenhuma condição ou enfermidade sistêmica 
impeça o tratamento endodôntico, mesmo em situa-
ções de urgência e antecedendo a qualquer interven-
ção, é milito imponante ter informações sobre a histó-
ria médica do paciente. 
O con hecimento referente ao estado de saúde do 
paàente, às enfermidades sistêmicas, atuais ou passa-
das, bem como aos medicamentos que estejam sendo 
usados, poderá evitar indesejáveis complicações duran-
te e/ou após o tratamento. Assim, por exemplo: 
• o tratamento não deveria ser realizado em pa-
cientes com pressão sanguínea superior a 
200 mmHg/ l 15 mm; 
• paàentes grávidas, no primeiro trimestre de ges-
tação, só deveriam submeter-se a tratamentos en-
dodônticos inadiáveis e sempre com a autorização 
escrita do médico; 
• paóentes com próteses valvulares ou cirurgias 
cardíacas, pacientes imunodeprimidos e pacientes 
diabéticos exigem cuidados especiajs, e o emprego 
de antibióticos antes do tratamento endodôntico, 
dependendo de orientação médica, pode ser neces-
, . 
sano; 
• em paóentes com marca-passo, cardíaco ou cere-
bral. não é recomendável usar o localizador eletrô-
nico do forame ou procedimentos com ultrassom; 
• o uso de bisfosfonatonitrogenado por pacientes 
que sofrem de osteoporose, tumor ósseo ou me-
tástase óssea de outros tumores (tal como mama 
ou próstata), doença de Paget, doenças renais crô-
rucas, dentre outras, deixa-os suscetíveis a osteo-
necrose dos maxilares, motivo pelo qual, nesses 
,j,j ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
casos, os procedimentos preventivos devem ser a 
primeira opção e o tratamento endodôntico é sem-
pre preferível à exodontia ou à cirurgia periapical; 
durante a realização da endodontia, cuidados ex-
tremos devem ser tomados para evitar que os ins-
trumentos ultrapassem o forame e, conforme reco-
mendação da American Denta] Association, a lima 
de passagem não deve ser utilizada; 
• da mesma forma, em alguns pacientes alérgicos ou 
com enfermidades cardíacas, é importante adequar 
a solução anestésica a ser utilizada; 
• finalmente, alguma medicação que necessite ser 
utilizada no pós-operatório, como antibiótico ou 
antiinflamatório, poderá ser prescrita observan-
do-se possíveis restrições do paciente. 
Esses são exemplos que justificam, sobejamente, a 
importânàa de o profissional ter informações sobre a 
saúde do paàente e os medicamentos que ele esteja 
utilizando. 
Havendo dúvidas sobre a conveniência de realizar 
ou de como realizar o tratamento, é indispensável esta-
belecer um diálogo direto com o médico que assiste ao 
paciente e, assim, instituir a conduta certa para o caso. 
O prontuário 
É sumamente importante, sob o ponto de vista odonto-
lógico, médico e legal, tanto para o paciente como para 
o profissional, que os dados pessoais, as condições e/ 
ou enfermidades sistêmicas que porventura existam ou 
tenham existido, possíveis medicamentos que estejam 
sendo usados (história médica) e, principalmente, o con-
junto de informações clínicas, obtidas através do exame 
do paciente (sintomas e sinais). fiquem registradas em 
um formulário organizado e impresso: o prontuário. 
Os dados pessoais detalhados permitirão localizar o 
paciente para a realização de exames pós-operatórios, 
que possibilitarão a comprovação do resultado do tra-
tamento executado. 
No prontuário também deverão ser inscritas as in-
formações clínicas, referentes à queixa principal, bem 
como o resultado dos testes que poderão orientar no 
diagnóstico. 
A ANAMNESE* (HISTÓRIA CLÍNICA) 
Na anarnnese, o paciente expõe a queixa prinàpaJ, faz 
uma retrospectiva da história clínica e descreve as sen-
sações subjetivas (sintomas) como, por exemplo, a dor 
e a ansiedade. Os sintomas não podem ser percebidos 
pelo profissional: são informados pelo paciente. 
O paciente deve ser motivado a relatar os antece-
dentes dos quais se recorda em relação ao dente que 
julga ser a razão da consulta. Em um caso de trauma-
tismo alvéolo-dentário, por exemplo, é importante 
conhecer quando ocorreu, a forma e a intensidade do 
• Anamnese: do grego ana (trazer novamente) e mnesis (memória). 
impacto, etc. No caso de uma cavidade de cárie, é fun-
damental a história pregressa: algias anteriores, época 
de realização das restaurações existentes, etc. 
O paàente relata ou interpreta seu problema. A per-
cepção da dor pode ser comum para todos os pacientes; 
a reação à dor, isto é, sua interpretação, é pessoal e pode 
ser diferente, para o mesmo paciente, em função de seu 
estado emocional. Sua descrição pode ser orientada, mas 
não deve ser induzida. Escute com atenção. Mesmo que 
as informações pareçam dispersas ou supérfluas, elas po-
derão ser importantes para chegar ao diagnóstico. Con-
cluída a descrição, refaça a trajetória da narrativa, agora 
na forma de perguntas e respostas. Para receber respostas 
úteis, formule perguntas daras, objetivas e inteligentes. 
Procure não confundir o paciente. Para confrontar essas 
informações com outras que serão obtidas na sequênàa 
da consulta, registre-as adequadamente (Quadro 2.1). 
Motivar o paciente a narrar sua história clín ica e avaliar 
com perspicácia suas respostas são dois cuidados im-
portantes nesta fase do diagnóstico. 
O EXAME CLÍNICO 
O exame clínico é o fulcro do diagnóstico. Com os dados 
sobre como começou, como evoluiu a enfermidade e as 
características da dor (Figura 2.1) - a anamnese -, é ne-
cessário fazer o exame clínico do paciente para confirmar 
alguns sintomas, constatar, in situ, os sinais presentes e 
obter, por meio dos testes clínicos, um maior número de 
informações, que serão complementadas pelo exame ra-
diográfico e por provas adicionais que auxiliem a montar 
o quebra-cabeça do diagnóstico. 
Deliberadamente, os autores não discutem, com 
ênfase, as características da dor e seu significado para 
o diagnóstico das enfermidades da polpa e dos tecidos 
periapicais. A Figura 2.1 é um exemplo de como as 
peculiaridades desse sintoma podem levar à identifi-
cação de uma ou de outra enfermidade. Para chegar 
ao diagnóstico, é imprescindível conhecer a patologia, 
e presumimos que o leitor tenha, previamente, este 
conhecimento. Para os que estiverem ávidos por mais 
informações sobre o assunto, recomendamos, no final 
deste capítulo, leituras que atenderão a esse anseio. 
Mesmo nos casos em que os sintomas apontam para 
um determinado dente, a pesquisa dos aspectos que 
poderão levar à etiologia da enfermidade deve seres-
tendida aos dentes vizinhos e aos antagonistas. Esta é 
uma conduta acautelar e servirá para afastar a possibi-
lidade de um diagnóstico equivocado. 
Inspeção, exploração e palpação 
A inspeção, a exploração e a palpação são impor-
tantes para visualizar, localizar, evidenciar sinais e/ou 
comprovar sintomas que contribuirão para o diagnóstico 
QUADRO 2.1 
Parte do prontuário para registro dos sintomas 
Queixa princi pal: 
Características da dor: 
1. Início (dia/hora} 
2. Origem 
Espontânea 
Provocada 
pi frio 
pi calor 
pi açúcar 
à percussão 
3. Duração 
Fugaz 
Passageira 
Constante 
4. Frequência 
Ocasional 
Intermitente 
Contínua 
5. Localização 
Pontual 
Irradiada 
Difusa 
6. Tipo 
Latejante 
Surda 
e intensidade* 
Leve(+) 
Aguda(++) 
Paroxística (+++) 
•Para registrar a intensidade da dor, utilize de uma{+} a três cruzes 
[+<+/. (Veja uma ficha preenchida na página 47.) 
(Figuras 2.2, 2.3 e 2.4). Realizadas com cuidado e com 
sensibilidade, poderão detectar indícios importantes. A 
inspeção, por exemplo, poderá identificar, antes mesmo 
do início do atendimento, uma assimetria facial, um trau-
matismo labial, etc. A palpação poderá identificar áreas 
de edema, flutuação ou endurecimento ou, ainda, com-
provar a presença de dor. Embora sejam de simples reali-
zação, exigem boa iluminação, boa visibilidade e atenção. 
Durante a inspeção, a exploração e a palpação dos 
lábios, da mucosa, do assoalho da boca, do palato, da 
gengiva e dos dentes, algumas manifestações objetivas 
(sinais) que podem ser percebidas, principalmente na 
coroa ou nos tecidos peridentários, devem merecer es-
pedal atenção. 
Sinais que podem ser observados na coroa 
Alteração de cor 
Durante a inspeção, alguns dentes chamam espedal 
atenção por apresentar a coroa com cor alterada (Fi-
gura 2.5). Algumas têm cor escura, espedalmente em 
tomo de restaurações, algumas estão amarelecidas, ou-
tras cinza e ainda, mais raramente, algumas podem ser 
avermelhadas. 
DOR PROVOCADA 
(oo frio) 
~ 
OCASIONAL 
FIGURA2.1 
--' 
PONTUAL 
ENDODONTIA f Jj 
DOR ESPONTÂ NEA 
' 
r 
AGUDA 
_,.; 
CONSTANTE 
CONTINUA 
IRRADIADA 
OIAGNÔSTICO 
PRESUMlvEL 
~ 
l ...1 
EX:UI! EXAMES 
aJ11co COllPlEllEHTARES 
I r 
J J 
~/~ 
As ca racterísticas da dor, informadas pelo paciente durante a 
anamnese, permitirão iniciar a montagem do .. quebra-cabeça· 
que nos levará a um provável diagnóstico. Somadas as informa-
ções obtidas com o exame clínico e os exames complementares 
chega -se ao diagnóstico final. 
Nos dentes com cor escura em torno de alguma 
restauração, pode haver recidiva de cárie (Figura 2.6). 
A cor amarelo acastanhado, geralmente, está rela-
cionada com a metamorfose cálcica, em decorrência de 
um traumatismo dental(Figura 2.7 A e B). 
Coroas com coloração adnzentada são frequentes e 
resultam da decomposição do tecido pulpar que ocorre 
após a necrose (Figura 2.8). 
Coroas com laivos avermelhados, imediatamente 
após um trauma, podem ser resultantes de uma he-
morragia recente em consequência do rompimento de 
vasos da polpa (ver Capítulo 19); a mesma alteração, 
sem aparente relação com um trauma, pode ocorrer nos ca-
sos de reabsorção interna coronária (ver Capítulo 20). 
Presença de cavidade de cárie 
A presença de cavidade de cárie visível obriga a explo-
ração para conhecer sua extensão, profundidade e du-
lfl ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
FIGURA 2.2 
Inspeção da região do dente suspeito. 
FIGURA 2.3 
A exploração localiza uma cavidade no incisivo lateral superior. 
FIGURA 2.4 
Palpação da região apical. 
reza da dentina remanescente sobre a câmara pulpar. 
Uma sonda exploradora, usada cautelosamente, pode-
rá oferecer essas informações sem aumentar a sensibi-
lidade (Figura 2.9). 
FIGURA2.5 
Incisivo central superior d ireito com notória alteração de cor. 
FIGURA2.6 
A cor escura da parede vestibular do 1º molar inferior (seta) pode 
estar relacionada com a existência de uma recidiva de cárie sob 
a restauração. 
Presença de restaurações 
Ante a existência de restaurações, é indispensável ob-
servar, entre outros aspectos, sua localização, extensão, 
provável profundidade, adaptação, integridade e rela-
ção de contato com os dentes vizinhos e antagonistas. 
Novamente, a exploração é um recurso muito útil (Fi-
gura 2.10). 
Presença de contatos prematuros e existência de 
desgastes 
A avaliação da oclusão pode revelar a existência de 
contatos prematuros e, especialmente, de traumas 
oclusais que, não raramente, são fatores etiológicos de 
dor. Em pacientes bruxomaníacos, é comum o desgas-
te excessivo dos tecidos duros da coroa, o que pode 
afetar o órgão pulpar (Figura 2.11). Constatado odes-
gaste pela inspeção, é preciso explorar a dureza da su-
perfície desgastada e dimensionar sua extensão e sua 
profundidade. 
ENDODONTIA lf i 
FIGURA2.7 
Incisivo central com evidente alteração de cor [A) e com a cavidade pulpar calcificada (B). 
FIGURA2.8 
A cor acinzentada do incisivo central superior direito sugere a ne-
crose da polpa . 
Alterações morfológicas 
Em situações em que a iden tificação da relação cau-
sa/efeito não está fácil de ser estabelecida, a inspeção 
deve dar especial atenção a aspectos morfológicos que 
podem estar contribuindo ou ser os responsáveis pela 
enfermidade que deu origem à queixa principal. 
Alguns dentes, especialmente os incisivos laterais 
superiores (Figura 2.12), podem apresentar alterações 
morfológicas, produzidas durante o desenvolvimento 
embriológico, que se manifestam na forma de sulcos 
(grocwe) ou defeitos de superfície que podem se esten-
der da região do óngulo até as proximidades do ápice 
radicular. Quando pequenos, geralmente não são visu-
alizados durante a inspeção nem no exame radiográfi-
co. Quando muito longos, a imagem radiográfica pode 
lembrar uma fratura vertical. Em alguns casos, uma 
FIGURA2.9 
Sonda exploradora avalia a profund idade da cavidade e a dureza 
da dentina. 
profunda infiltração bacteriana pode comprometer a 
polpa. 
Fissuras ou fraturas coronárias 
Em particular em dentes traumatizados, mas não só 
neles, sempre é necessário ter em mente a possibilida-
de de fissuras ou fraturas coronárias. Muitas fraturas 
corono-radiculares, no sentido mésio-distal, não são 
visíveis na radiografia (Figura 2.13). Porém, a sensibili-
dade durante a mastigação e uma mobilidade exagera-
da do fragmento coronário são indícios de sua existên-
ftj ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
FIGURA 2.10 
Exploração das margens da restauração . 
FIGURA 2.11 
Significativos desgastes nos bordos incisais dos incisivos inferio-
res de um paciente bruxômano. 
eia. Havendo comprometimento da polpa, a dor pode 
ser espontânea. 
O teste da mordida, o emprego da translumina-
ção ou de soluções corantes (como o azul de metileno) 
poderão identificar as possíveis fissuras ou fraturas e, 
paralelamente, proporáonar informações sobre sua di-
reção, extensão e profundidade. 
Em algumas situações, a remoção da restauração 
existente será a única maneira de visualizá-las (Figura 
2.14). Em outras, mais extremas, a exploração árúrgi-
ca pode ser a última tentativa. 
FIGURA 2.12 
A [AI fotografia e a [B) radiografia do incisivo lateral superior com 
sulco palatal produzido durante o desenvolvimento embriológico. 
FIGURA 2.13 
A fratura corono-rad icular do primeiro pré-molar superior, facilmen-
te observada na imagem clínica !AI. não é visível na radiografia [BI. 
Sinais que podem ser observados nos tecidos de 
suporte do dente 
Aspectos genéricos, inerentes à gengiva, como, por 
exemplo, forma, cor, nível de inserção, consistência, 
aumento de volume, presença de bolsa, e ao ligamen-
to periodontal como, por exemplo, mobilidade, devem 
ser observados. A inspeção irá sugerir as áreas que de-
vem ser palpadas e/ou exploradas. 
Tumefação 
A presença de uma área tumefacta indica a existênáa 
de uma alteração expressiva. Para encontrá-la, é neces-
ENDODONTIA lki 
FIGURA2.14 
(A) A fratura mésio distal do segundo molar inferior (setas) só foi observada após a remoção da restauração oclusal. Nas radiografias (8) 
periapical e (C) inter-proximal não foi possível verificar sua existência . (Fonte: imagens gentilmente cedidas pelo Prof. Dr. João Ferlin i -
UFRGS Porto Alegre RS.) 
sário inspecionar e palpar tanto o lado vestibular como 
o lingual ou palatal. Sua localização poderá auxiliar no 
diagnóstico diferencial entre uma doença periodontal 
e uma patologia endodôntica. Posicionada próximo ao 
bordo livre da gengiva indicará, na maioria das oca-
siões, uma enfermidade periodontal. Nas proximida-
des do ápice dental, deverá estar relacionada com uma 
afecção dos tecidos periapicais. 
A coloração (avermelhada ou amarelada), a con-
sistência (dura ou mole) e a sensibilidade à palpação 
da região túmida auxiliarão na escolha do tratamento. 
Fístula 
A fístula é um canal de comunicação entre a alteração 
presente nos tecidos periapicais (ou peridentários) e 
a cavidade bucal. Excepcionalmente, esta exterioriza-
ção pode ocorrer na face (Figura 2.15). Não se trata 
de uma enfermidade, mas sim de um sinal característi-
co que, na maioria das vezes, sobressai no diagnóstico 
das alterações peridentárias. Algumas vezes, está muito 
evidente e pode ser facilmente visualizada; em outras, 
com tamanho e coloração muito discretos, exigirá um 
exame cuidadoso. 
Sempre que, durante a inspeção, for constatada a 
sua presença é importante fazer o rastreamento para 
identificar sua origem. O percurso da fístula deverá 
ser explorado por um cone de guta-percha introduzi-
do, com suave pressão, até o ponto de maior resistên-
da. A radiografia da região com o cone no interior do 
trajeto fistuloso identificará o dente #causador" (Figu-
ra 2.16). Se a ponta do cone rastreador estiver posi-
cionada na região do terço cervical ou médio da raiz, 
próximo a uma área radiolúdda, é possível que exista 
um canal lateral (Figura 2.17), uma perfuração (es-
pecialmente em dentes com retentor intrarradicular) 
ou uma fratura radicular. Quando o cone rastreador 
estiver dirigido para a região apical, a patologia será de 
origem periapical e a ponta do cone estará imbicada 
para o ápice do dente envolvido. Curiosamente, não é 
raro que a fístula esteja longe do seu dente de origem 
(Figura 2.18). 
Outra curiosidade, considerando-se o seu signifi-
cado para o diagnóstico, é que a fístula decorrente de 
um abscesso periapical não apresenta sintomatologia 
dolorosa significativa. 
ff.i ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
FIGURA 2.15 
Imagem radiográfica (A) de uma alteração periapical crônica em um molar inferior que originou uma fístula cutânea (B e C). 
FIGURA 2.16 
(A) e (B) Cone de guta-percha rastreando o trajeto da fistula. 
A presença da fístula,as respostas aos testes de 
sensibilidade pulpar, em conjunto com as demais in-
formações clínicas, conduzirão ao diagnóstico. 
Mobilidade 
A análise da mobilidade dentária do dente suspeito, e 
de seus vizinhos, é importante para o diagnóstico di-
ferencial entre a enfermidade endodôntica e a doença 
periodontal (Figura 2.19). Nessa avaliação, a compara-
ção do(s) dente(s) suspeito(s) com seu(s) bomólogo(s) 
é fundamental. Não é raro que a mobilidade constatada 
seja resultante de um problema periodontal generaliza-
do e não tenha relação com o dente que inspira descon-
fiança. 
O abscesso periapical agudo pode provocar mobi-
lidade horizontal e, algumas vezes, alguma mobilidade 
vertical. Nestes casos, o paciente relata que o dente está 
"crescido". 
A mobilidade exagerada em pacientes sem 
doença periodontal é um sinal patognomônico de 
fratura corono-radicular ou de fratura radicular no 
terço cervical. 
ENDODONTIA li 
FIGURA2.17 
Na radiografia da esquerda o cone rastreador aponta para a área lateral da raiz. Na fotografia o aspecto da fístula . A radiografia pós-
-operatória mostra a obturação do canal lateral. 
Bolsa periodontal 
A bolsa periodontal poderá ser mais um aspecto impor-
tante para o diagnóstico diferenáal entre a enfermida-
de endodôntica e a doença periodontal. Se a sondagem 
periodontal constatar a existênáa de bolsa periodontal, 
uma sonda milimetrada poderá determinar a distânáa 
entre a margem gengival e o fundo da bolsa (profundi-
dade da bolsa). 
FIGURA2.18 
A presença de uma bolsa periodontal profunda 
e extensa, com perda óssea paráal, em um paáente 
com doença periodontal generalizada, é um indicativo 
de uma enfermidade periodontal e não de um pro-
blema endodôntico. Ao contrário, a presença de uma 
bolsa localizada e estreita, em um paáente sem enfer-
midade periodontal generalizada, pode ter como causa 
uma fístula transperiodontal de origem endodôntica 
Caso com a fístula distante de seu dente de origem. O cone de guta -percha, colocado na fístula, próximo à face distal do dente 41 , iden-
t1f1ca sua origem no 31 (seta). 
IJ:I ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
FIGURA 2.19 
Avaliação da mobilidade dos dentes suspeitos. 
(Figura 2.20) ou a existência de uma fissura ou fratura 
radicular. 
Em certos casos, em pacientes sem enfermida-
de periodontal, dentes com polpa necrosada e que 
têm um canal lateral podem apresentar lesões late-
rais passíveis de serem confundidas com uma doença 
periodontal (Figura 2.2 1 ). Novamente, os testes de 
sensibilidade pulpar, as demais informações clínicas 
e o exame radiográfico auxiliarão na confirmação do 
diagnóstico. 
' TESTES CLINICOS 
Teste elétrico 
Interprete cautelosamente os resultados . Não confie na 
resposta de um único teste. Para chegar ao diagnóstico, 
é preciso estabelecer urna metodologia adequada, exa-
minar minuciosamente e utilizar vários testes. 
FIGURA 2.20 
FIGURA2.21 
Rad iografia pré-operatória (A] de um canino inferior com lesão 
lateral no terço médio (seta]. Na rad iografia pós-operatória (B), ê 
possível ver a obturação de canais laterais (setas]. 
A dor é a única modalidade sensorial reconhecida 
pelo dente. O teste elétrico e os testes térmicos - que 
são capazes de provocá-la - são os mais usados com o 
objetivo de avaliar a sensibilidade da polpa. 
Nos aparelhos utilizados para realizar o teste elétri-
co (pulptest) (Figura 2.22), uma corrente elétrica de alta 
frequência e baixa voltagem, aplicada sobre o esmalte 
ou, preferencialmente, sobre a dentina, irá estimular 
Dente com fístula transperiodontal. Na fotografia da esquerda (A) o cone de guta-percha, colocado na bolsa periodontal , rastreia a fístula 
atê a região per iapical (B) . 
FIGURA2.22 
O pulptest da Analytic Tecnology funciona com bateria corrente 
de 1.050 µamp. O visor registra o número de pulsos aplicados ao 
dente. 
uma reação dos componentes sensíveis da polpa: as fi-
bras nervosas. 
O eletrodo, que transmite a corrente desde o 
aparelho até as estruturas mineralizadas do dente. 
deve ser colocado sobre uma superfície isolada, seca 
e diretamente na dentina ou próximo da região ce-
mento-dentinária. Se o dente não estiver isolado e 
seco, a saliva poderá conduzir a corrente elétrica até 
a gengiva ou até uma restauração metálica e provo-
car um resultado enganoso. O esmalte age como uma 
barreira isolante e aplicada sobre ele a corrente elé-
trica poderá não estimular as reações e falsear os re-
sultados. Ao contrário, se for possível aplicá-la mais 
próximo da polpa, por exemplo, sobre o cemento 
exposto, as respostas serão imediatas. O uso de uma 
pequena quantidade de creme dental entre o eletro-
do e o teàdo dentário poderá melhorar as condições 
para passagem da corrente e, consequentemente, as 
respostas. 
Antes de iniàar o procedimento, prepare o paàente 
explicando-lhe as sensações que decorrerão da aplica-
ção do teste. Evite falar em corrente elétrica, choque elétrico, 
etc., pois estes termos poderão exacerbar sua subjetivi-
dade, invalidando os resultados. Pacientes ansiosos não 
respondem bem a este teste, e estes cuidados poderão 
evitar uma resposta positiva gerada pelo medo. 
ENDOOONTIA it·• 
A maioria dos aparelhos permite que a corrente 
elétrica aplicada ao dente seja graduada de 1 a 10. Para 
iniàar a aplicação, ele deve estar graduado em l; de-
pendendo da resposta, esta intensidade deve ser gra-
dualmente aumentada. 
Quando o eletrólito toca o dente, uma pequena 
carga elétrica é liberada, o teàdo nervoso é estimulado, 
o paàente apresenta uma sensação de calor ou formi-
gamento e, tendo sido corretamente instruído, deverá, 
por exemplo, levantar a mão. 
Dentes normais respondem ao teste com baixa in-
tensidade. Para chegar à conclusão de que a resposta 
está alterada, ou não, é necessário testar os dentes vizi-
nhos, ou homólogos, e comparar os resultados. 
Os dentes com alteração pulpar respondem com 
um estímulo ainda menor e os dentes com polpa ne-
crosada não respondem. Dentes com rizogênese in-
completa não respondem com confiabilidade ao teste 
elétrico. 
O teste elétrico isoladamente tem pouco valor clí-
nico e a resposta deve ser interpretada com parcimônia. 
A reação das fibras nervosas da polpa a um estímulo 
elétrico não indica que o tecido pulpar esteja normal: 
apenas revela a existência de fibras nervosas capazes de 
responder ao estímulo. Acompanhado de outras infor-
mações clínicas e radiográficas, poderá contribuir para 
o diagnóstico. 
-A resistência das fibras nervosas da polpa, a necrose, 
parece estar relacionada com o fato de que os feixes 
nervosos são mais resistentes à autólise do que outros 
elementos tissulares. Nas polpas em degeneração, as 
fibras C (não mielínicas) ainda podem responder ao es-
tímulo. Pode ocorrer, também, que as fibras C mante-
nham sua excitabilidade, mesmo depois de o fluxo san-
guíneo estar totalmente comprometido pela necrose da 
polpa, já que são capazes de manter sua integridade 
funcional na presença de hipóxia:· 
Torebjork e Hanin apud Kim e Trowbridge.
1 
Testes de sensibilidade ao frio e ao calor 
Assim como o teste elétrico, os testes térmicos, com 
o uso do frio e do calor, não oferecem dados quan-
titativos, mas respostas positivas ou negativas que 
são auxiliares confiáveis para identificar o dente com 
odontalgia e sugerir a gravidade do comprometimen-
to puJpar. 
"As respostas aos testes térmicos ocorrem, provavel-
mente, pelo rápido movimento do fluído nos túbulos 
dentinários, em decorrência do frio (que provoca con-
tração) ou do calor (que causa dilatação). que estimu-
laria as terminações nervosas localizadas na união 
polpa-dentina. -
Brannstrbm e Brhannstrhom.2 
ij1# ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
FIGURA 2.23 
Gás refrigerante. 
Pro vote~ -
Estão especialmente indicados nas situações em que 
o paciente tenha relatado dor ao ingerir líquidos frios ou 
quentes e servirão para confirmar os dados subjetivos. 
Em algumas situações clínicas, tais como dentes 
portadores de próteses,dentes com câmara pulpar 
calcificada e, ainda, em dentes traumatizados, a con-
fiabilidade dos testes elétricos e térmicos fica sob 
suspeição. 
O teste com o frio poderá ser realizado, dentre os 
muitos agentes frios, com cloreto de etila, com gás re-
frigerante (tetrafluoretano ou diclorodifluormetano) 
(Figura 2.23) ou com dióxido de carbono (neve carbô-
nica), que se caracterizam por apresentar temperaturas 
entre - 31 ºC e -55 ºC. Aplicado delicadamente, com 
uma bolinha de algodão, sobre a superfície coronária 
FIGURA 2.24 
do dente com isolamento relativo, por l a 2 segundos, 
o frio provocará reações que poderão auxiliar no diag-
nóstico (Figura 2.24). 
Ao utilizar o teste com frio, é indispensável fazê-lo 
com rapidez, pois há grande evaporação do agente re-
frigerante e, como consequência, significativa alteração 
na temperatura e perda de sua capacidade de resfria-
mento. Ao contrário do calor, o frio aplicado sobre a 
coroa dental não provoca danos à polpa. 
O teste com o calor poderá ser realizado com um 
bastão de guta-percha, com a extremidade ligeiramen-
te aquecida, aplicada na superfície coronária do dente 
isolado (isolamento relativo) e lubrificada com vaselina 
(Figura 2.25). 
Se for previsível uma dor exagerada, para evitá-la 
é recomendável aplicar o calor suavemente até que se 
estabeleça o grau de tolerância; com a mesma preocu-
pação, o calor deve ser aplicado, primeiramente, no 
terço incisai, ou oclusal, e caso não haja resposta, deve 
ser usado na parte mais central da coroa. Como a ação 
do calor pode provocar danos irreversíveis à polpa, seu 
uso deve ser acurado, com remoção após 3 a 4 segun-
dos. 
Entre a utilização de um agente e de outro, é ne-
cessário um intervalo de alguns minutos. Para deter-
minar o limiar de tolerância do paciente aos testes tér-
micos e para uma avaliação comparativa das respostas, 
é prudente que estes agentes sejam utilizados, primei-
ramente, nos dentes vizinhos ou homólogos. Em den-
tes portadores de próteses, como por exemplo, uma 
metalocerâmica, são necessárias temperaturas mais 
extremas. 
O uso de temperaturas rigorosas, frias ou quentes, 
diretamente sobre o dente suspeito poderá estimular 
reações muito doloridas. Para evitar sensações desa-
gradáveis e ainda obter informações confiáveis, muitas 
vezes, é preferível lavar o dente com água gelada ou 
tépida. Ao optar por esta conduta, o dente deve estar 
com isolamento absoluto. 
Teste de sensibilidade ao frio. Aplicação do agente frio na bolinha de algodão (A) que imediatamente é colocada sobre a face vestibular 
do dente 21 (B). 
FIGURA2.25 
Teste térmico com o bastão de guta-percha aquecido. 
Em pacientes que tenham história recente de grande 
sensibilidade ao frio ou ao calor, é importante remo-
ver imediatamente o agente térmico e estar prepa-
rado para neutralizar rapidamente, com água da se-
ringa tríplice, a temperatura extrema provocada por 
eles. 
A aplicação do frio pode provocar: 
a) Dor leve para aguda, pontual e fugaz nos casos de 
polpa viva com alterações pulpares iniáais; dor 
aguda. localizada e passageira em dentes com pol-
pa viva com inflamação aguda incipiente. 
b) Alivio da dor em dentes com polpa viva em estado 
inflamatório muito avançado, como por exemplo 
em casos de pulpite aguda purulenta. 
A aplicação do calor pode provocar: 
a) Dor leve, localizada e fugaz nos casos de dentes 
com polpa viva com alterações pulpares iniciais. 
b) Dor aguda, que persiste após a remoção do estímu-
lo, nos dentes com a polpa viva com inflamação 
aguda. 
Quando a dor cessa tão logo os agentes térmi-
cos sejam retirados. a resposta é considerada normal. 
Quando não há resposta a esses estímulos, é provável 
que a polpa esteja necrosada. No entanto. não deve 
ser descartada a possibilidade de uma resposta falso-
-positiva, como pode acontecer nos casos de câmaras 
pulpares ou canais calcificados, dentes traumatizados 
ou dentes com rizogênese incompleta. 
A resposta ao teste térmico analisada isoladamente 
não é conclusiva. Acompanhada de outras informações 
clínicas e de radiografias. é de muito valor. 
ENDODONTIA ti@ 
Percussão (vertical e horizontal) 
Percutir, suavemente, com o cabo do espelho clínico. 
o dente suspeito (Figura 2.26) ou seus vizinhos, pode 
revelar a existência de inflamação periapical e, por 
extensão, denunciar o comprometimento do tecido 
pulpar. 
Para evitar que o paciente responda equivocada 
ou exageradamente ao primeiro toque. é aconselhável 
testar, aleatoriamente, vários dentes antes de chegar ao 
dente suspeito. 
A resposta à percussão vertical está mais relaáo-
nada com as alterações dos teàdos periapicais; a da 
percussão horizontal. com complicações periodontais. 
No caso de um abscesso agudo periapical, independen-
temente da direção empregada, a percussão causa dor 
insuportável. 
Teste da cavidade 
O teste da cavidade é o procedimento definitivo e. den-
tre todos, o mais elucidativo em relação à sensibilidade 
pulpar. Especialmente em dentes com câmara pulpar 
muito reduzida pela deposição de dentina, ou nos casos 
de as respostas a outros testes serem dúbias e impre-
cisas, a remoção da dentina cariada, ou hígida, na su-
perfície dental ou no fundo da cavidade do dente não 
anestesiado poderá ser uma solução. 
FIGURA2.26 
Teste de percussão vertical IAI e horizontal (B). 
Cfl ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
FIGURA 2.27 
Com a transluminação (B), é possível diagnosticar a fissura na coroa do incisivo central (seta) e que não havia s ido visualizada durante 
a inspeção (AJ. 
Com uma broca esférica pequena, em alta rotação 
e com um mínimo de refrigeração, a dentina irá sen-
do perfurada ou removida até que o paciente acuse, 
ou não, uma sensibilidade semelhante à do preparo de 
uma cavidade. 
Eventualmente, havendo uma cavidade profunda, 
o uso da sonda exploradora ou de uma cureta sobre a 
dentina exposta poderá substituir a broca e simplificar 
o teste. 
Transluminação 
A passagem de um forte feixe de luz emitido, por 
exemplo, por uma fibra ótica, através dos tecidos den-
tários (de palatal para vestibular), é mais um auxiliar 
na identificação de fissuras ou de fraturas dentárias 
(Figura 2.27). Para uma melhor visualização, durante 
a realização deste exame o consultório deverá ter sua 
iluminação reduzida. 
Teste da mordida 
Quando os sintomas descritos são diversificados, porém 
imprecisos e emaranhados, não possibilitando o diag-
nóstico, deve ser cogitada a existência de uma fissura 
radicular. O dente com uma fissura radicular, quando 
ainda não há fratura, origina sintomas confusos e in-
concludentes. 
O paciente relata uma sensibilidade persistente ou 
ocasional, desconfortável algumas vezes e insuportá-
vel durante a mastigação ou ao ingerir líquidos com 
temperaturas extremas. A dor aumenta a cada dia e, 
ainda assim, ele é incapaz de identificar o dente. Nes-
tes casos, o diagnóstico é difícil, e o teste da mordida 
pode auxiliar. 
Nas fissuras incompletas (nas completas há o afas-
tamento de uma parte do dente) há uma fenda difícil 
de identificar. Pode envolver a coroa ou estender-se à 
raiz. Geralmente, o dente suspeito apresenta grande 
restauração e/ou tratamento endodôntico no qual foi 
realizada uma dilatação excessiva, ou, ainda, um re-
tentor intrarradicular. Pacientes com hábito de bruxis-
mo ou apertamento dos dentes, em virtude de tensões 
emocionais, reforçam as suspeitas. 
No teste da mordida, um objeto (tooth slooth, ou 
uma ponta aspiradora de plástico, ou um cotonete) é 
interposto entre dois dentes e o paciente é solicitado a 
oduir (Figura 2.28). A reprodução dos sintomas descri-
tos confirmará a suspeita. O teste com corantes deverá 
ser utilizado como complemento. 
FIGURA2.28 
Teste da mordida com o uso do tooth slooth . 
Uso de corantes 
O teste com corantes deverá ser utilizado como com-
plemento no diagnóstico de fraturas ou de fissuras co-
ronárias ou radiculares. 
Com uma bolinha de algodão embebida no corante 
(azul de metileno - Figura 2.29A) a área suspeita é tin-
gida; o local é lavado e, caso haja fissura ou fratura, sua 
linha ficará marcada em azul (Figura 2.29 B). 
Teste da anestesia 
Em casos de extrema dificuldade, em que mesmo após 
a utilização de todos os recursos não tenha sido possível 
identificar o dente que estaria exigindo a intervenção. o 
teste da anestesia pode ser utilizado. Quando há dor no 
ouvido, dor reflexa (na arcada oposta) ou mesmo dor 
difusa em uma área que envolve dois dentes muito pró-
ximos, este teste tem utilidade. Ao anestesiar, por exem-
plo, uma arcada e a dor desaparecer, por exclusão, in-
dentifica-se o hemiarco onde o dente álgico se encontra. 
Este recurso só deverá ser empregado em último 
caso e após a coleta de todas as outras informações, 
pois a anestesia da região eliminará qualquer possibili-
dade de reavaliação da dor. 
EXAME RADIOGRÁFICO 
Concluído o exame clínico, as atenções devem ser dire-
áonadas para a radiografia. O exame radiográfico, quan-
do assoáado à história clínica e aos resultados do exame 
clínico, é um recurso complementar de inestimável valor. 
Sendo a radiografia uma imagem bidimensional 
de uma realidade tridimensional, em muitos casos, e 
FIGURA2.29 
O azul de metileno (AI aplicado no dente suspeito tinge a linha da 
fissura(B). 
ENDODONTIA fij 
para faálitar a obtenção de informações, é necessário 
tomar várias radiografias com diferentes inádênáas, 
tanto com dissoáações da angulação horizontal como 
da angulação vertical. Em algumas circunstânáas, uma 
radiografia interproximal também deverá ser utilizada. 
Para interpretar a radiografia, com a película seca 
colocada sobre um negatoscópio e com a ajuda de uma 
lupa, é importante analisar, lenta e ordenadamente, 
a imagem do dente suspeito, a dos seus vizinhos e as 
estruturas adjacentes. Dentre os incontáveis aspectos 
que podem ser avaliados, uma interpretação cautelosa 
deveria dar espeáal atenção a: 
a) Imagens radiolúddas 
a. l) No dente 
• Na coroa: cáries, fraturas, malformações 
(por exemplo, o sulco palatino - ver Figura 
2.12), reabsorções (Figura 2.30). 
• No terço cervical e médlo da raiz: fratu-
ras radiculares (ver Figura 19.98), malfor-
mações, reabsorções. 
• Na região apical: fratura radicular, reab-
sorções radiculares (ver Figura 20.26), está-
gio do desenvolvimento radicular. 
a.2) Nos tecidos perirradiculares 
• Na região da furca : alterações de origem 
endodôntica (Figura 2.31) ou extraendo-
dôntica. 
• Nas á reas laterais: lesões de origem endo-
dôntica (em razão de um canal lateral [Figu-
ra 2.21]) e lesões extraendodônticas. 
FIGURA2.30 
Reabsorção inflamatória na câmara pulpar (seta). 
m ILSON JOS~ SOARES & FERNANDO GOLOBERG 
FIGURA 2.31 
Área radiolúcida (seta), na região da turca, de origem endodôn-
tica. 
• Na região periapical: cavidades ou condu-
tos naturais (por exemplo, o forame mento-
niano), lesões de origem endodõntica (Figura 
2.32) e lesões extraendodônticas (por exem-
plo, cistos globulomaxilares). 
FIGURA2.32 
Lesão de origem endodôntica na região apical. 
b) Imagens radiopacas 
b. l) No dente 
• Na coroa: restaurações, malformações, cal-
cificações pulpares. 
• Nos terços cervical e médio da raiz: mal-
formações (por exemplo, um dens in dente), 
calcificações pulpares, material endodôntico 
ou retentores intrarradiculares. 
• Na região apical: hipercementose (Figura 
2.33 ). 
b.2) Nos ttddos peri"adiculares 
• Na região da furca : malformações (por 
exemplo, uma pérola de esmalte). 
• Nas áreas laterais: osteoesclerose. 
• Na região periapical: displasias ósseas, os-
teoesderose (Figura 2.34) - (lesões extraen-
dodônticas). 
Não é raro que lesões extraendodônticas (áreas ra-
diolúddas ou radiopacas que rodeiam a superfície radi-
cular) sejam confundidas com patologias perirradiculares 
de origem endodôntica. Dentre as mais frequentes, estão: 
• cisto nasopalatino, imagem radiolúcida localizada 
entre os incisivos centrais superiores (Figura 2.35); 
• cisto globulomaxilar, imagem radiolúcida entre o 
incisivo lateral e o canino superior (Figura 2.36); 
• displasia óssea, imagem radiopaca ou radiolúdda 
(de acordo com o estágio de evolução), localizada 
preferencialmente na região anteroinferior (Figura 
2.37); 
• displasia cemento-óssea periapical (cementoma), 
radiopaddade ao redor do terço apical e médio da 
raiz; e 
FIGURA2.33 
Ambas as radiografias ev1denc1am a presença de hipercementose. 
FIGURA2.34 
Primeiro pré-molar superior com osteoesclerose. 
• lesões tumoraís, que podem ser detectadas em am-
bos os maxilares que, em caso dúvida, deverão ser 
examinadas por um radiologista. 
Para fazer o diagnóstico diferencial entre estas lesões 
e aquelas de origem endodôntica. os testes térmicos e de 
sensibilidade pulpar são decisivos. A vitalidade da polpa 
excluirá a possibilidade de urna lesão endodôntica. 
Exames desordenados e/ou apressados podem 
conduzir a informações falsas e não contribuem ou 
contribuem muito pouco para um correto diagnóstico. 
FIGURA2.35 
Cisto nasopalatino. 
ENDOOONTIA Cf j 
FIGURA 2.36 
Cisto globulomaxilar. 
Atualmente, a odontologia dispõe dos recursos da 
radiografia computadorizada volumétrica (técnica do cone 
beam). Por meio dela, é possível observar inúmeros as-
peaos que não são deteaados em radiografias tiradas 
com técnicas tradicionais. Assim, por exemplo, é pos-
sível identificar se uma reabsorção no terço médio da 
FIGURA2.37 
Diasplasia cemento-óssea periapical nos incis ivos centrais infe -
riores. 
fi,j ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
FIGURA 2.38 
Na radiogra fia periap ical. é visível a reabsorção cervical. As imagens da radiografia pela técnica do cone beam. em diversos planos. 
permitem dimensionar sua extensão. 
raiz está posicionada no lado vestibular ou no lado lin-
gual. Também é possível visualizar, com mais detalhes, 
os aspectos anatômicos dos canais (Figura 2.37). 
O exame radiog ráfico é parte integra nte dos procedi-
mentos para alcançar o d iagnóstico e não exclui o exa-
me clínico. 
Somente após um correto diagnóstico poderá ser esta-
belecido o tratamento adequado. 
Para colocar em prática os conhecimentos descritos 
neste capítulo e, especialmente, para jogar com as peças 
deste quebra-cabeça, a seguir serão descritas algumas 
situações clínicas comuns e os procedimentos adequa-
dos a cada uma delas. 
Para facilitar a compreensão e a realização dos 
exeródos propostos nas páginas seguintes, inicialmen-
te apresentaremos um exemplo. 
Na coluna da esquerda constarão as informações 
obtidas na anamnese e com os exames complemen-
CASO CLÍNICO - Exemplo 
1. Nome: A.C.A. 
2. Idade: 28 anos 
3. Dente(s) suspeitolsl: 34, 35 e 36 
4. Queixa principal: .. Muita dor na região inferior es-
querda ao beber líqu idos gelados .. (sicl. 
5. Sintomas referentes à dor: 
a) Provocada com mudança de temperatura. Leve 
com o calor e aguda com o frio; 
b) Provocada com alimentos doces e ácidos; 
c) É localizada e desaparece imediatamente após a 
remoção do estímulo. 
6. Sinais: 
a) O paciente tem três dentes na arcada inferiores-
querda; 
b) Cavidade de cárie profunda no primeiro molar in-
ferior esquerdo; 
c) Dente 35 sem cárie ou restauração; 
d) Dente 34 sem cárie e com pequena restauração; 
e) Os dentes suspeitos têm mobilidade normal, não 
há tumefação ou fístula e não há retração gengi-
val; 
f) A aplicação do frio provocou dor aguda e fugaz no 
36. No 34 e no 35, as respostas fora m normais; 
g) A resposta ao teste elétrico foi normal em todos 
os dentes; 
h) Os dentes suspeitos [34, 35 e 36) não acusaram 
dor à percussão. 
7. Exame radiográfico: No primeiro pré-molar, há uma 
restauração superficial. O segundo pré-molar está 
hígido. No primeiro molar, há uma zona radiolúcida, 
correspondente a cavidade de cárie, próxima da cavi-
dade pulpar. O ligamento periodontal de todos os den-
tes está normal. 
ENDODONTIA @ 
tares; na coluna da direita, o prontuário preenchido 
com essas informações. A partir desses dados faremos o 
diagnóstico, asugestão de tratamento e o prognóstico. 
Os autores têm plena consciência que seria impos-
sível incluir todas as variáveis clínicas, pois elas são in-
contáveis e ímpares. Ainda assim, acreditamos que esta 
forma de apresentação permitirá ao leitor desenvolver 
uma metodologia que o auxilie no diagnóstico e na es-
colha do tratamento das afecções mais habituais. 
CASO CLÍNICO - Exemplo 
Paciente: A.C.A. 
Idade: 28 anos 
Denteis) suspeito Is): 34, 35 e 36 
Queixa principal: dor ao frio 
Características da dor 
Origem 
Espontânea 
Provocada 
p/frio +++ 
p/ calor+ 
pi açúcar+ 
à percussão 
Duração 
Fugaz 
Passageira+ 
Constante 
O exame clínico: 
e Intensidade 
Leve+ 
Aguda+ 
Paroxística 
Tipo 
Latejante 
Surda 
Localízacão • 
Pontual+ 
Irradiada 
Difusa 
Frequência 
Ocasional+ 
Contínua 
a) Dos dentes suspeitos: O 34 tem uma pequena restaura-
ção, o 35 está hígido e o 36 tem cárie profunda. 
b) Do periodonto: Gengiva normal, sem retrações; mobi-
lidade normal. 
O exame radiográfico: Na radiografia, é possível obser-
var na coroa do 36 uma zona radiolúcida, correspondente 
a cavidade de cárie, próxima da cavidade pulpar. 
Diagnóstico: O dente 36 tem uma inflamação pulpar in-
cipiente. 
Tratamento: Remoção da cárie e tratamento conservador. 
Prognóstico: Bom. Alteração pulpar reversível após os 
procedimentos terapêuticos adequados. 
Comentário: O tipo de tratamento conservador depende-
rá das condições clínicas observadas durante o procedi-
mento operatório. 
C1:• ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
Baseado no exemplo anterior, preencha a ficha, 
faça o prognóstico e proponha o tratamento dos ca-
sos apresentados a seguir. Ao concluir, compare com o 
CASO CLÍNICO nº 1 
1. Nome: D.E.S. 
2. Idade: 18 anos 
3. Denteis) supeito(s): 43, 44, 45 e 46 
4. Queixa principal: "Há 2 dias, tenho muita dor do lado 
inferior direito, mas não sei qual é o dente" lsic). 
5. Sintomas referentes à dor: 
a) Aguda; 
b) Espontânea; 
b) Difusa; 
c) Aumenta com o ca lor e alivia com o frio lo pacien-
te faz bochechos frequentes com água fria); 
d) Aumenta em posição de decúbito. 
6. Sinais: 
a) O paciente tem quatro dentes na arcada inferior 
direita; 
b) A aplicação de água gelada sobre os dentes infe-
riores do lado direito alivia a dor; 
c) Cavidade de cár ie profunda no dente 44; 
d) Dentes vizinhos com pequenas restaurações; 
e) Gengiva normal e mobilidade fisiológica em todos 
os dentes; 
f) A aplicação do calor no dente 44 provoca dor agu-
da, passageira e difusa, que é aliviada pelo frio; 
g) O dente 44 responde ao teste elétrico com menor 
intensidade do que o 34. No 43 e no 45, as respos-
tas foram similares às do 33 e do 35; 
h) O 44 tem leve sensibilidade à percussão. 
7. Exame radiográfico: No primeiro pré-molar in ferior 
direito, há uma zona rad iolúcida, correspondente a 
cavidade de cárie, muito próxima da cavidade pulpar. 
Os dentes 45 e 46 têm pequenas restaurações. O cani-
no está hígido. Não há alterações no ligamento perio-
donta l em nenhum dos dentes. 
diagnóstico e o tratamento sugerido pelos autores (ver 
página 58). 
CASO CLÍNICO nº 1 
Paciente: D.E.S. 
Idade: 
Denteis) suspeitolsl: 
Queixa principal: 
Características da dor 
Início 
Origem 
Espontânea 
Provocada 
p/frio 
p/ calor 
pi açúcar 
à percussão 
Duração 
Fugaz 
Passageira 
Constante 
Frequência 
Ocasional 
Contínua 
Localização 
Pontual 
Irradiada 
Difusa 
Tipo 
Latejante 
Surda 
O exame clínico 
e Intensidade 
Leve 
Aguda 
Paroxística 
a) Dois) denteis) suspeitolsl: 
b) Dos dentes vizinhos: 
c) Do periodonto: 
O exame radiográfico: 
Diagnóstico: 
Tratamento: 
Prognóstico: 
CASO CLÍNICO nº 2 
1. Nome: G. T.B. 
2. Idade: 27 anos 
3. Dente is) suspeitolsl: 12. 11, 21 ou 22 
4. Queixa principal: "Muita dor nos dentes da frente que 
aumenta ao fechar a boca e, principalmente, ao mas-
tigar" lsicl. 
5. Sintomas referentes à dor: 
al Há duas semanas, durante a noite, sentiu dores-
pontânea e aguda em um dente superior anterior. 
Não dormiu. A dor passou; 
bl Hoje, ao mastigar, tem dor aguda e difusa; 
cl Não tem dor com líquidos gelados ou quentes. 
6. Sinais: 
al Todos os dentes anteriores superiores têm res-
taurações com resina em uma das faces proxi-
mais; nos incisivos do lado esquerdo, as restau-- - . raçoes sao maiores; 
bl As restaurações estão com cor alterada; 
cl O incisivo esquerdo tem pequena alteração de cor 
em relação aos demais; 
d) Na gengiva, não há tumefação ou fístula; 
el Não existem alterações periodontais importantes 
e todos os dentes têm mobilidade normal; 
tl Os dentes 11, 12 e 21 responderam positivamente 
ao frio; 
gl O 22 não acusou sensibilidade aos testes térmi-
cos; 
tl O dente 22 está sensível à percussão vertical. 
7. Exame radiográfico: Nas coroas existem imagens 
radiopacas correspondentes às áreas restauradas. 
O ligamento periodontal apical não apresenta altera-
ções. 
CASO CLÍNICO nº 2 
Paciente: G.T.B. 
Idade: anos 
Denteis! suspeitolsl: 
Queixa principal: 
Características da dor 
Início 
Origem e 
Espontânea 
Provocada 
p/frio 
pi calor 
p/açúcar 
à percussão 
Duração 
Fugaz 
Passageira 
Constante 
Frequência 
Ocasional+ 
Contínua 
Localização 
Pontual 
Irradiada 
Difusa 
Tipo 
Latejante 
Surda 
O exame clínico 
Intensidade 
Leve 
Aguda 
Paroxística 
ai Dois! denteis! suspeitolsl: 
bl Dos dentes vizinhos: 
cl Do periodonto: 
O exame radiográfico: 
Diagnóstico: 
Tratamento: 
Prognóstico: 
ENDODONTIA it-1 
Jj,# ILSON JOSÉ SOARES & FERNANDO GOLDBERG 
CASO CLÍNICO nº 3 
1. Nome: J.A.M. 
2. Idade: 40 anos 
3. Denteis) suspeitolsl: 11 e 21 
4. Queixa principal: ''Há aproximadamente 1 O dias apa-
receu uma 'bolinha amarela" na gengiva, em cima do 
dente"" (sicl. 
5. Sintomas referentes à dor: 
al Não tem dor; 
bl Quando a '"bolinha amarela·· cresce, incomoda, 
mas não chega a doer. 
6. Sinais: 
al Incisivos centrais superiores com coroas escu-
ras; 
bl Há uma cavidade de cárie profunda na face pala-
tal do 11; 
cl No dente 21, há uma grande restauração mesial; 
d) A região gengival, próxima ao fundo do sulco dos 
dentes 11 e 21, apresenta tumefação e fístula; 
el A região da fístula é sensível à palpação; 
fl Os tecidos periodontais estão normais e não há 
bolsa periodontal na região dos dentes anterio-
res; 
gl Os dentes 11 e 21 não acusaram sensibilidade ao 
teste elétrico e aos testes térmicos; 
dl Não há dor à percussão. 
7. Exame radiográfico: 
al No incisivo lateral esquerdo, há uma zona radio-
lúcida na coroa, correspondente a cavidade de cá-
rie; 
b) O incisivo central do mesmo lado tem canal par-
cialmente tratado; 
cl No dente 11, há uma lesão periapical grande. Os 
tecidos periapicais do 21, do 22 e do 12 não têm 
alterações; 
d) O cone usado para rastrear a fístula chega à re-
gião apical do 11. 
, 
CASO CLINICO nº 3 
Paciente: J.A.M. 
Idade: anos 
Denteis) suspeito[s): 
Queixa principal: 
Características da dor 
Início 
Origem e 
Espontânea 
Provocada 
p/frio 
pi calor 
p/açúcar 
à percussão 
Duração 
Fugaz 
Passageira 
Constante 
Frequência 
Ocasional 
Contínua 
Localização 
Pontual 
Irradiada 
Difusa 
Tipo 
Latejante 
Surda 
O exame clínico 
Intensidade 
Leve 
Aguda 
Paroxística 
al Dois! denteis! suspeito!sl: 
bl Dos dentes vizinhos: 
cl Do periodonto: 
O exame radiográfico: 
Diagnóstico: 
Tratamento: 
Prognóstico: 
CASO CLÍNICO nº 4 
1. Nome: L.A.T. 
2. Idade: 23 anos 
3. Denteis) suspeitolsl: 11 
4. Queixa principal: ''Desde ontem, tenho muita dor, o 
rosto está inchado e tenho um pouco de febre" lsicl. 
5. Sintomas referentes à dor: 
al A dor é espontânea, paroxística e constante; 
bl O dente está "crescido" e "intocável". 
6. Sinais: 
a) Tumefaçâo facial localizada na regiâo anterossu-
perior; 
b) Restauraçâo grande no incisivo central superior 
direito; 
cl A gengiva dos dentes anteriores superiores está 
normal e nâo há bolsa periodontal; 
d) O incisivo central superior direito tem mobilidade. 
Nos dentes imediatos, a mobilidade é normal; 
el Aplicado

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