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apostila de manejo do solo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
ESCOLA DE AGRONOMIA 
SETOR DE CIENCIA DO SOLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manejo do solo 
– I bimestral 
2020 2ºsem (remota) 
 
Prof. WILSON MOZENA LEANDRO 
 
 
Conteúdo: Gênese dos solo tropicais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GOIÁS 
Agosto 2021 
 
 
 
Apresentação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A disciplina de manejo do solo objetiva 
inteirar os alunos do curso de agronomia 
da Universidade Federal de Goiás da 
fragilidade do Bioma Cerrado e as 
técnicas de manejo de solo sustentável. 
São abordadas questões sobre o Manejo 
químico, físico, físico-hídrico do solo sob 
alguns sistemas de cultivo. Aborda a 
agroecologia, manejo de bacias 
hidrográficas e planejamento do uso do 
solo. Os principais tópicos abordados 
serão 
- Química dos Solos tropicais e o manejo 
sustentável, 
- Sistema de Plantio direto no cerrado 
numa abordagem holística, 
- Práticas conservacionistas edáficas e 
vegetativas 
- Princípios de Agroecologia, 
- Manejo de solos em Microbacias 
hidrográficas, 
- Planejamento conservacionista com 
foco em solos de cerrado. 
- Saúde do solo 
 Nesta primeira parte serão 
abordados aspectos relacionados a 
química de solos tropicais, Manejo da 
fertilidade do solo e sistema de plantio 
Direto. 
 
 
 
 1 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parte 1 – GÊNESE E QUÍMICA DO SOLO 
A terra originou-se a 4,5 bilhões de anos atrás, apresentado atualmente 
uma superfície de 500 milhões de Km2. Desta superfície apenas 1 bilhão 
de ha constituem terras agriculturáveis. 
 A aproximadamente 250.000 anos atrás surgiu no Planeta 
Terra o homem. Quando surgiu a agricultura a 8.000 anos atrás, já 
existiam 5 milhões de habitantes. No ano de 1800 completava-se o 
primeiro bilhão de habitantes, 100 anos após já eram 2 bilhões. No ano 
2017 estima-se que se atinja 7,1 bilhões e no ano de 2.035 12 bilhões. 
 Este acelerado aumento populacional exerce uma certa pressão 
sobre os recursos naturais: solo, fauna e flora, a fim de se obterem 
alimentos e bens de consumo. Esta pressão nos recursos naturais 
provocam a destruição fauna, flora e solo. A intensidade desta destruição 
vai depender das formas de interferência do homem. Entretanto devido 
a ignorância e a luta por problemas de ordem econômica e social esta 
intensidade de destruição tem sido muito elevada. Um dos sintomas 
deste fato e a ocorrência de erosão. 
 Tal como a agricultura, a erosão tem sua raiz no passado, e seus 
processos são regionalmente interdependentes. A erosão acentuada tem 
provocado mudanças históricas maiores que qualquer guerra ou revolução. 
Em civilizações antigas como a da Mesopotâmia, Síria, Arábia, Império 
Romano, Pérsia, Turquia, Ásia Central etc. há vários relatos históricos sobre 
o problema de erosão. No continente americano, os povos pré-
colombianos também deixaram registros dos problemas causados pela 
erosão. A deterioração dos recursos naturais é visível no reconhecimento 
de seus efeitos, como a erosão hídrica e eólica, poluição dos mananciais 
hídricos, assoreamento de rios e represas etc. Isto adquire singular 
importância no Estado de Goiás, se considerarmos a fragilidade do bioma do 
Cerrado, caracterizado pela grande diversidade que ocorre devido a 
variação edáfica e climática encontrado neste local.
 2 
TECTÔNICA DE PLACAS 
O tempo geológico é dividido em Eras e Períodos (Tabela 1). Ao longo do tempo geológico 
as forças internas e externas moldam a Terra, tem gerado abundantes novas informações e 
excitantes questões. As rochas mais antigas do planalto central brasileiro datam do pré-cambriano. 
É complexo cristalino brasileiro e no estado de Goiás é denominado Complexo Cristalino Goiano 
(Anápolis Ituaçu). Nas três últimas décadas do século XX, geólogos desenvolveram uma nova 
teoria unificadora que relaciona os processos dinâmicos da Terra aos movimentos de grandes 
placas que constituem a capa externa do planeta, teoria esta chamada de Tectônica de Placas. Esta 
teoria oferece um modelo abrangente para explicar como a Terra funciona. 
 
Tabela 1 – Era, Período, tempo em milhões de anos atrás e principais eventos no tempo geológico. 
 
 
Com o estudo das propriedades magnéticas das rochas (paleomagnetismo) constatou-se que 
os basaltos do assoalho oceânico mostram um padrão de magnetização em bandas, revelador das já 
conhecidas inversões ocorridas com o campo magnético terrestre, padrão este que é simétrico em 
relação à cadeia mesooceânica. Além disso, com o aperfeiçoamento dos métodos radiométricos, ao 
final dos anos 60, pôde-se constatar que o fundo oceânico é tanto mais velho quanto mais afastado 
estiver da cadeia meso-oceânica, confirmando dessa forma a ideia da Expansão do Assoalho 
Oceânico. 
Estas observações e as teorias a elas associadas –da Deriva Continental e da Expansão do 
Assoalho Oceânico- forneceram o arcabouço para a elaboração da Teoria da Tectônica de Placas. 
Esta teoria considera a Litosfera como sendo composta por vários pedaços, que se encontram em 
movimento. Estes pedaços são denominados Placas Tectônicas. Atualmente consistem em 7 
grandes placas e outras tantas menores (Figura 1). Elas se comportam como blocos rígidos que se 
movem por correntes de convecção existentes na astenosfera. As placas se movimentam de 3 a 11 
cm por ano em diferentes direções e apresentam tipos de contatos distintos. Os contatos entre 
 3 
placas tectônicas são áreas extremamente instáveis da litosfera, aí se concentrando episódios 
vulcânicos e terremotos. 
 
 
 
 
Figura 1. Principais placas tectônicas que formam a crosta terrestre (SBPC, 2000. Ciência. Acima - 
a 250 milhões de anos atrás e abaixo - na atualidade) 
 
 
PROCESSOS GEOLÓGICOS 
Denominam-se Processos Geológicos ou Dinâmica, o conjunto de ações que promovem 
modificações da crosta terrestre, seja em sua forma, estrutura ou composição. São processos que 
ocorrem utilizando a energia proveniente do interior da Terra, formando e modificando a 
composição e estrutura da crosta. São processos geológicos endógenos: vulcanismo, terremotos, 
plutonismo, orogênese (formação de montanhas), magmatismo, metamorfismo, etc. Os processos 
 4 
geológicos não ocorrem isoladamente, eles estão interligados: Os sedimentos (areias, cascalhos 
etc.) quando depositados podem se consolidar formando as rochas sedimentares. Ocorrendo 
aumento de pressão e temperatura (metamorfismo) estas rochas se transformam em rochas 
metamórficas. Aumentando-se ainda mais a pressão e a temperatura estas rochas podem fundir-se 
originando um magma, iniciando o magmatismo. No seu movimento no interior da crosta, o 
magma pode atingir a superfície (vulcanismo) onde se resfria rapidamente formando as rochas 
vulcânicas, ou não, se resfriando em profundidade (plutonismo) com a consequente formação de 
rochas plutônicas (Figura 1 e Figura 2). 
 
Figura 1 - Diferentes rochas formadas conforme o teor de Si no Magma e velocidade de 
resfriamento (que influencia o tamanho dos grãos dos minerais) 
 
As rochas existentes podem sofrer perturbações, devido a esforços que ocorrem no interior 
da crosta, deformando-se ou quebrando-se, originando dobras (dobramentos) e falhas 
(falhamentos). Esforços do mesmo tipo, ao provocarem reacomodações de partes da crosta 
terrestre, produzem vibrações que se propagam em forma de ondas constituindo os terremotos. 
O processos exógenos são processos impulsionados pela energia proveniente do exterior da 
Terra, consistindo basicamente da energia solar que atua direta ou indiretamente sobre a superfície 
da Terra. São processos geológicos exógenos, o intemperismoe ação de águas superficiais e 
subterrâneas, do vento, do gelo e dos organismos. Os processos de desagregação e decomposição 
de rochas por ação da água, vento, gelo e organismos constituem o intemperismo. A água atua 
tanto na superfície como na subsuperfície, tendo ação intempérica -é o principal agente de 
intemperismo químico-, e transportadora. Ao percolar, a água transporta solutos (lixiviação) para o 
lençol freático; estes solutos ao atingir o mar ou outro ambiente de sedimentação, podem se 
precipitar e formar rochas sedimentares químicas. Ao escoar pela superfície, a água transporta 
 5 
sedimentos (erosão), depositando-os com a diminuição de sua energia (sedimentação), formando 
depósitos que originarão solos ou rochas sedimentares clásticas. 
O vento e o gelo são agentes intempéricos e transportadores. O intemperismo se dá pela 
ação abrasiva de partículas por eles transportadas. Os organismos atuam amplamente sobre a crosta 
terrestre desde o microrganismo que se fixa na rocha até o homem que a fragmenta para 
comercializá-la. As duas fontes de energia principais envolvidas nos processos geológicos são 
independentes entre si, apresentando, entretanto, efeitos recíprocos. Por exemplo, a formação de 
montanhas em uma determinada área é independente dos processos exógenos que estejam 
porventura ocorrendo, no entanto, ela vai gerar uma nova condição de atuação da erosão sobre as 
montanhas surgidas, o que é um processo exógeno. 
As forças exógenas tendem a destruir a superfície dos continentes, transportando os 
materiais que vão se depositando. Por este processo, a tendência é o aplainamento total da 
superfície terrestre. No entanto, embora estes processos ocorram desde o início da existência da 
Terra, o aplainamento jamais se completou. 
Isto se deve às forças endógenas que agem, em parte, em sentido contrário ao da erosão. A matéria 
proveniente do interior da Terra é continuamente impulsionada rumo à superfície, formando novas 
rochas, acentuando as diferenças do relevo e evitando que seja atingido o aplainamento, o 
equilíbrio da superfície. A modelagem da crosta terrestre é objeto de estudo da Geomorfologia. 
 
O CICLO DAS ROCHAS 
Os processos geológicos envolvidos na formação e destruição de rochas fazem parte de um 
ciclo, o CICLO DAS ROCHAS. Este ciclo pode se iniciar por qualquer rocha, seja sedimentar, 
ígnea ou metamórfica. Cada uma destas rochas pode se transformar em qualquer outra dependendo 
exclusivamente do processo a que for submetida. 
 6 
 
 
Figura 2. O Ciclo das Rochas: a figura mostra as interações materiais e energéticas e nos processos 
geológicos que formam e destroem as rochas da litosfera. 
O Ciclo das Rochas compreende os processos geológicos exógenos e endógenos que atuam 
continuamente sobre a crosta terrestre. A Figura 2 ilustra este ciclo. Iniciando-se o ciclo, por 
exemplo, com o intemperismo, temos a destruição das rochas expostas na superfície pela influência 
de agentes químicos e físicos. O material resultante é então transportado por diversos meios a um 
local de deposição (uma depressão marinha ou continental), onde se acumula. No empilhamento 
sucessivo destes materiais, ocorre que as porções mais profundas sofrem maior compactação, por 
ser maior o pacote de sedimentos sobrepostos, consolidando-se e formando as rochas sedimentares. 
As rochas sedimentares podem ser novamente expostas ao intemperismo por levantamentos 
parciais da crosta. Outro ciclo possível pode ser iniciado nos processos de transformação de uma 
rocha submetida a aumentos de temperatura e pressão no local (metamorfismo), levando a 
formação de rochas metamórficas. Este material pode sofrer ascensão e ser novamente exposto ao 
intemperismo, ou pode sofrer refusão (magmatismo) podendo ascender e se derramar como produto 
vulcânico (vulcanismo) ou permanecer no interior e se consolidar como um produto plutônico 
(plutonismo). Na Figura abaixo mostra que há relação entre a temperatura de cristalização dos 
minerais pelo resfriamento do Magma e o resistência dos minerais ao intemperismo denominado 
serie de Bowen. 
 7 
 
 É simples de se imaginar que as rochas sedimentares por serem oriundas de processos de 
alteração apresentem uma evolução pequena, excetuando-se os processos de dissolução. Entretanto, 
as rochas ígneas e metamórficas apresentam estados de equilíbrios originais de alta pressão e 
temperatura, consequentemente, são muito mais instáveis na superfície (Pomerol et al. 2013). Os 
minerais mais vulneráveis ao intemperismo apresentam uma sequência denominada série de 
Goldich. Para os minerais silicáticos de origem magmática esta série é semelhante à sequência 
inversa da série de cristalização de Bowen. Deste modo, os produtos dos processos de alteração 
geralmente serão mais enriquecidos em minerais mais resistentes como o quartzo, óxidos de ferro e 
alumínio e pobres em olivinas, piroxênios e anfibólios. 
De forma mais específica Hawkes & Webb (1962) detalham o intemperismo dos minerais 
mais comuns formadores de rochas e a formação de minerais neoformados como ilita, vermiculita e 
óxidos e hidróxidos de ferro (conforme esquema abaixo) (Santos 2014) 
 
 
 
 
 
 8 
 
Os processos pedogenéticos que merecem destaque são segundo Santos (2014): • 
Transformação: é dominante o processo de hidrólise com saída da sílica estrutural e mudança da 
fase mineral. • Remoção: resultante da eliminação pelas águas de drenagem de elementos químicos 
imóveis. • Translocação: migração de minerais na fração argila, argilominerais e matéria orgânica 
dos horizontes mais superficiais para os horizontes subsuperficiais. • Adição: acúmulo de matéria 
orgânica, principalmente vegetal nos horizontes superficiais. • Gleização: ocorre em ambiente 
redutor, em condições ácidas, que resulta na redução de ferro, manganês e outros metais. 
 
GEOMORFOLOGIA 
 
O Estado de Goiás, semelhante ao planalto centro brasileiro, apresenta, em geral, modestas 
amplitudes altimétricas. Segundo Nascimento (1991) das proximidades da planície do Bananal ao 
grande dispersor de águas das bacias Platina e Amazônica, as altitudes variam genericamente de 
200 a 1200m. Nesse quadro, abrange uma variedade muito grande de aspectos morfológicos. Essa 
variedade decorre de fatores que contribuíram, direta ou indiretamente, na elaboração do relevo, em 
tempos pretéritos e atuais, refletindo grande interação dos processos endo genéticos e exogenéticos. 
O relevo tabuliforme, segundo Casseti (2005), caracterizado por uma sequência de camadas 
sedimentares horizontais ou sub-horizontais, associadas ou não a derrames basálticos intercalados, 
 9 
embora elaborado pelos mecanismos morfoclimáticos, reflete diretamente a participação da 
estrutura. Trata-se de formas estruturais, caracterizadas por sequências sedimentares 
horizontalizadas, cuja disposição tabular pode diferir daquelas resultantes de processo de 
pediplanação em estruturas não-horizontais. Ressalta-se que a pediplanação também se dá em 
estruturas horizontais, com estreita correspondência entre a superfície de erosão e o comportamento 
dos estratos. Os relevos tabulares tendem a ocorrer com maior frequência no interior das bacias 
sedimentares, dada a disposição horizontalizada dos estratos. As formas mais comuns nas estruturas 
concordantes se caracterizam por chapadões, chapadas e mesas, em ordem de grandeza. Tais 
formas são geralmente mantidas à superfície, por camadas basálticas ou por sedimentos litificados 
de maior resistência. Quando submetidas a processo de pediplanação, podem estar associadas a 
concreções ferruginosas, com vegetação xeromórfica, provavelmente ligada às condições 
ambientais áridas ou semiáridas que deram origem à superfície erosiva. O início da evolução dos 
relevos tabuliformes, sobretudo no caso brasileiro, encontra-se relacionado a uma fase climática 
úmida, responsável pela organização do sistema hidrográficosobre um pediplano em ascensão por 
esforços epirogenéticos. Assim, admite-se, esquematicamente, a seguinte evolução na elaboração 
do relevo tabuliforme: 1) Organização do sistema hidrográfico em fase climática úmida, associada 
a efeitos epirogenéticos. Considerando que as sequências lito estratigráficas superiores das bacias 
sedimentares brasileiras datam do Cretáceo, entende-se que a organização da drenagem e a 
evolução vertical do modelado, dadas pela incisão linear da drenagem, tenham acontecido a partir 
daquele período ( Figura 3). 
 
 
 
 
 10 
Além disso, a orientação do sistema fluvial pode estar associada à imposição do mergulho das 
camadas ou à orientação topográfica ligada ao processo de pediplanação (inclinação em direção ao 
nível de base local ou regional). 
2) Devido aos esforços epirogenéticos considerados, há uma tendência de aprofundamento dos 
talvegues e de elaboração de seus vales. Nessa circunstância, as alternâncias litológicas podem 
originar patamares estruturais ou formas específicas relacionadas à imposição estrutural ( Figura 4). 
 
 
Dada a disposição horizontal das camadas, os vales comumente apresentam formas 
simétricas. A manutenção da resistência litológica, entretanto, é relativa, transitória, ou seja, o 
recuo da camada resistente pode se dar pelo solapamento do material subjacente, mais tenro, 
provocando aluição da camada superior ( Figura 5 ). 
 
 
 11 
A retirada do material friável pode também exumar uma superfície estrutural, 
individualizada pela resistência litológica. 
 
3) A tendência de alternância climática, como a passagem do clima úmido para o seco, evidenciada 
na evolução morfológica pós-cretácea brasileira (provavelmente no Plio-Pleistoceno), teria sido 
responsável pela evolução horizontal do modelado, dada a aceleração do recuo paralelo das 
vertentes por desagregação mecânica. A abertura dos vales, tendo como nível de base os talvegues 
abandonados, teria proporcionado entulhamento do próprio nível de base, com tendência de 
elaboração de pediplano intermontano (Figura 6). 
Enquanto o clima úmido, por meio do entalhamento dos talvegues, teria respondido pela 
evolução vertical da morfologia, o clima seco tenderia a destruir as formas criadas pelo clima 
úmido, proporcionando a evolução horizontal da morfologia, caracterizando, deste modo, mais uma 
das relações antagônicas da natureza. Observa-se que enquanto no clima úmido as camadas 
resistentes ficam pronunciadas, no clima seco a desagregação mecânica tende a reduzir as 
diferenças lito estratigráficas. 
4) Uma nova fase climática úmida ensejaria uma nova organização da drenagem, e 
consequentemente, um ré entalhamento dos talvegues, proporcionando o alçamento de antigos 
depósitos, como os pedimentos detríticos que inumaram áreas depressionárias. 
 
Tem-se assim o prosseguimento do trabalho evolutivo por erosão remontante e denudação 
dos topos Inter fluviais, com exumação parcial de camadas subjacentes, resistentes, originando as 
superfícies estruturais, ou simplesmente a esculturação dos sedimentos que compõem a camada 
sobrejacente, caracterizando as superfícies esculturais. O trabalho comandado pelo sistema 
hidrográfico enseja a evolução do relevo via erosão regressiva, promovendo ramificações de cursos 
de primeira ordem, podendo, então, aparecer formas residuais, como os morros-testemunhos, 
mantidos ou não por coroas litoestruturais como o somital , associado a materiais resistentes. As 
diferenças litológicas poderiam ainda proporcionar saliências morfológicas, parcialmente 
 12 
mascaradas na fase anterior, de clima seco, denominadas cornijas. Com a abertura dos vales, 
haveria uma tendência a se formarem vales simétricos, denominados vales em “manjedouras''( Fig. 
2.17 ). A presença de pedimentos detríticos em processo de retrabalhamento morfológico pela 
incisão da drenagem é testemunha do clima seco correspondente à fase anterior. Um exemplo de 
morfologia estrutural tabular ocorre principalmente no sudoeste do Estado de Goiás, na borda 
setentrional da Bacia Sedimentar do Paraná. No município de Paraúna, chapadas e estruturas 
ruiniformes em estratos horizontais ou sub-horizontais, embora posicionadas em situação periférica 
à bacia, não chegam a caracterizar relevos cuestiformes , a serem tratados adiante, e sim, um 
exemplo típico de relevo tabular. Nessa área, seqüências sedimentares carboníferas, da Formação 
Aquidauna, sotopõem estruturas cristalinas, pré-cambrianas (gnaisses do Complexo Goiano e 
micaxistos do Grupo Araxá), recobertas ou não por depósitos do jurássico-cretácico do Grupo São 
Bento ou cretácico do Grupo Bauru, sobretudo a oeste do município. 
 
Enquanto nas proximidades da sede do município a presença de mesas e formas residuais 
lembram modelados de cuestas , onde o sistema hidrográfico exumou a estrutura cristalina (área de 
contato estrutural) em direção oeste o domínio sedimentar responde pela gênese de extensas 
chapadas, com baixo grau de entalhamento dos talvegues ( Figura 8 ). 
 
 13 
 
O topo da sequência sedimentar encontra-se seccionado por extenso pediplano, que coincide 
com o topo dos interflúvios da estrutura cristalina, em torno de 900 metros , com caimento suave 
em direção sudoeste. Com base nas evidências cronoestratigráficas (depósitos correlativos), admite-
se que a organização da drenagem seja pós-cretácica (provavelmente miocênica), associada a efeito 
epirogenético positivo, que promoveu denudação regional. Na borda das chapadas registra-se a 
presença de estruturas ruiniformes favorecidas pela estrutura dos sedimentos carboníferos 
(Formação Aquidauana) 
A evolução paleogeográfica, segundo Nascimento (1991), apesar de complexa, pode ser 
esquematizada sinteticamente nas seguintes estapas: 
 
1. Ocorrência de dobramentos e rejuvenescimento do maciço no ciclo Brasiliano, processando um 
complexo estrutural profundamente metamorfizado, dobrado, falhado e penetrado por intrusivas 
pré-cambrianas. No eopaleozóico, ocorreram deposições de fáceis marinhas na borda leste, 
correspondente à Bacia do Bambuí; 
 
 2. Evidências de tectônica epirogênica a partir do Paleozóico, responsável pelas deformações ou 
ondulações de grande raio de curvatura, além do preenchimento sinéclise do Paraná. 
 
3. Ocorrência de extensos derrames basálticos e intrusivas no Jurássico-Cretáceo (reativação 
Wealdeniana) com posterior fenômeno de subsidência, fornecendo ampla cobertura cretácea, além 
de evidências epirogênicas positivas pós-cretáceas, responsáveis pelos processos de epigenia e 
desnudação das vertentes, associadas aos soerguimentos dos paleoplanos modelados no Terciário. 
 14 
Como reflexo da orogenia andina, evidenciou-se o abatimento da Depressão do Araguaia e da 
Planície do Bananal, entulhada por sedimentos cenozóicos. 
 
Como resultante dessa evolução, são individualizados três grandes quadros morfoestruturais: - 
Maciços antigos, modelados por processos denudacionais pretéritos, aplainados e reafeiçoados no 
Cenozóico, e topograficamente configurados por planaltos, serras e depressões inter-montanas. - 
Bacia de sedimentação caracterizada por planaltos escarpados, mesas e chapadões. - Depressões 
pediplanadas (do Araguaia e do Tocantins), caracterizadas por grandes extensões de relevos planos 
e áreas de dessecção incipiente. Levando esse conhecimentos para a nossa capital Goiânia podemos 
observar que a sequencia geomorfológica é muito semelhante: 
 
 
 15 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Entender a Geologia de uma região como a do Cerrado, sua constituição litológica e estrutural da 
crosta é importante para entender o intemperismo e os solos formados, suas características e o 
manejo correto a ser dado a esse recurso que conta a história da formação da terra e sua evolução. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1. PRESS, Frank; JORDAN, Thomas; SIEVER, Raymond; GROTZINGER, John.Para Entender a 
Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. 
2. TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, M. Cristina Motta de; FAIRCHILD, Thomas Rich; TAIOLI, Fabio (Orgs.). 
Decifrando a Terra. São Paulo: Nacional, 2010. 
3. POPP, José Henrique. Geologia Geral. 6. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2010. 
4. GUERRA, Antônio José Teixeira; GUERRA, Antônio Teixeira. Novo dicionário geológico- geomorfológico. 
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 652p. 
5. LEINZ, Viktor; AMARAL, Sérgio Estanislau. Geologia Geral. 10. ed. São Paulo: Nacional, 2003.

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