Buscar

Teorias pedagógicas aplicadas_ deficiência visual

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
A deficiência visual como campo de estudo na educação especial, os
tipos de tecnologias assistivas e as teorias pedagógicas para a
inclusão do deficiente visual.
PROPÓSITO
Compreender a deficiência visual, o papel do atendimento
educacional especializado e as tecnologias assistivas (em
consonância com as práticas pedagógicas para os educadores) em
virtude da ampliação da inclusão escolar e dos cursos de
licenciatura, assim como por conta de subsídios para futuros
professores concernentes à inclusão do aluno com deficiência visual
na educação básica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Localizar a deficiência visual e o papel do atendimento educacional
especializado na educação básica
MÓDULO 2
Reconhecer as tecnologias assistivas utilizadas por estudantes com
deficiência visual
MÓDULO 3
Identificar as práticas pedagógicas aplicadas à inclusão do deficiente
visual
INTRODUÇÃO
Falar de inclusão do deficiente visual na escola é, ao mesmo tempo,
necessário e complexo. Necessário porque na formação de
professores, ou de qualquer outro profissional que tenha como
princípio o direito à igualdade de acesso ao conhecimento e aos
serviços de todo cidadão, é importante que tenhamos contato, ainda
que brevemente, com conceitos e metodologias que possibilitem
ingressar nessa realidade.
É complexo exatamente porque essa realidade é ampla e nem
sempre depende apenas do profissional para que a inclusão
aconteça, mas de políticas públicas que deem condições dessa
acessibilidade.
No caso da deficiência visual, será importante identificar as
particularidades da cegueira e baixa visão, bem como compreender
o papel dos profissionais do atendimento educacional especializado
(AEE) e dos professores da sala de aula regular no que concerne ao
atendimento dos alunos com deficiência visual.
O mesmo grau de importância deve ser atribuído à identificação das
tecnologias assistivas utilizadas por pessoas com deficiência visual
para: escrita e leitura, cálculos aritméticos, acesso digital por meio do
computador e orientação e mobilidade. Finalmente, é preciso
compreender a importância das práticas pedagógicas aplicadas com
o uso das tecnologias assistivas.
MÓDULO 1
Localizar a deficiência visual e o papel do atendimento
educacional especializado na educação básica
A INSTITUIÇÃO
ESPECIALIZADA
 
Imagem: Autor desconhecido / Le Monde Illustré / Domínio Público;
Shutterstock.com
No Brasil, em 17 de setembro de 1854, no governo do imperador
Dom Pedro II, foi inaugurado o Instituto Benjamin Constant (IBC),
que, inicialmente, teve o nome de Instituto Imperial dos Meninos
Cegos. Em 1891, o IBC recebeu o nome que tem hoje em
homenagem ao seu terceiro diretor.
Atualmente, o IBC é a instituição brasileira vinculada ao gabinete do
ministro da Educação e referência no atendimento das pessoas com
deficiência visual. O instituto oferece a escolarização da educação
precoce até o ensino médio técnico profissionalizante e ainda oferta
formação de professores nas modalidades presencial e a distância
para atender às demandas de alunos cegos, com baixa visão, com
múltipla deficiência associada à deficiência visual e surdocegos
matriculados no ensino regular.
 
Imagem: Carlos Luis M C da Cruz / Own work / Domínio público;
Shutterstock.com
 Fachada do prédio do IBC no bairro da Urca (RJ).
 
Foto: Shutterstock.com
Pelo Decreto nº 7.690, de 2 de março de 2012, que aprovou a
estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em
comissão e das funções gratificadas do Ministério da Educação, o
IBC passou legalmente a subsidiar a formulação da Política
Nacional de Educação Especial na área de deficiência visual. Os
decretos posteriores mantiveram a decisão, incluindo o último deles,
o Decreto nº 10.195, de 30 de dezembro de 2019, conforme está
descrito no artigo 35.
O IBC possui um parque gráfico no qual produz materiais em braille
distribuídos gratuitamente às escolas que os solicitam. Essa
instituição centenária publica periodicamente estudos acerca da
deficiência visual disponibilizados no site da instituição ou
distribuídos na forma impressa.
javascript:void(0)
BRAILLE
Sistema de escrita e leitura em relevo tátil para pessoas com
deficiência visual ou baixa visão. No próximo módulo, vamos
aprofundar nosso conhecimento sobre o método braille.
 ATENÇÃO
Embora exista no Brasil uma instituição referência nacional no
atendimento e na educação de pessoas com deficiência visual, elas
têm o direito de frequentar e ter ensino de qualidade nas escolas
regulares, sendo facultada à família a escolha da instituição de
ensino.
DEFICIÊNCIA VISUAL: O QUE
É?
A deficiência visual é entendida como a falta total ou parcial da visão
de um olho ou dos dois olhos, podendo ser congênita ou adquirida.
Ela é classificada como cegueira ou baixa visão.
De acordo com Sá, a cegueira é explicada como:
UMA ALTERAÇÃO GRAVE OU TOTAL
DE UMA OU MAIS DAS FUNÇÕES
ELEMENTARES DA VISÃO QUE AFETA
DE MODO IRREMEDIÁVEL A
CAPACIDADE DE PERCEBER COR,
TAMANHO, DISTÂNCIA, FORMA,
POSIÇÃO OU MOVIMENTO EM UM
CAMPO MAIS OU MENOS
ABRANGENTE.
(SÁ, 2007, p. 15)
A cegueira congênita é definida pela inexistência da visão a partir do
nascimento até os primeiros cinco anos de vida. Já a adquirida é
evidenciada pela perda da visão, podendo acontecer em qualquer
fase da vida em razão de algumas doenças infecciosas,
enfermidades sistêmicas ou traumas.
A cegueira não acarreta consequências somente para o sentido da
visão: ela altera e reorganiza completamente a vida mental do
indivíduo, pois ocasiona uma série de limitações. O processo de
observação é organizado de modo diferente da pessoa que enxerga:
a visão é o primeiro sentido pelo qual a forma, a dimensão, a altura e
a largura são compreendidas – e, em virtude dessa ausência, a
percepção sofre um atraso.
 
Foto: Shutterstock.com
 Cubaritmo: ferramenta de cálculo com estímulo tátil.
A fim de remediar as perdas naturais ocasionadas pela cegueira e
pela baixa visão, são necessárias atividades que trabalhem o
sistema motor por meio de estimulações táteis (aluno cego) e
estimulação visual e tátil (aluno com baixa visão).
Na baixa visão (Sá, 2007), incluem-se características variadas
dependendo do tipo e da intensidade de comprometimentos das
funções visuais, que podem englobar desde a capacidade de
percepção da luz até a redução da acuidade e do campo visual, que
interferem nas ações e no desempenho geral da pessoa. As pessoas
com baixa visão, por vezes, são questionadas em relação ao que
conseguem enxergar ou não, pois nem sempre essa deficiência é
perceptível aos que estão à sua volta.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
Com a inclusão escolar proposta no capítulo V (Da educação
especial) da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
ou seja, da Lei nº 9.394/1996, tem crescido o número de pessoas
com deficiência incluídas no ensino regular. Segundo a LDB:
ART. 58 ENTENDE-SE POR EDUCAÇÃO
ESPECIAL, PARA OS EFEITOS DESTA
LEI, A MODALIDADE DE EDUCAÇÃO
ESCOLAR OFERECIDA
PREFERENCIALMENTE NA REDE
REGULAR DE ENSINO, PARA
EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA,
TRANSTORNOS GLOBAIS DO
DESENVOLVIMENTO E ALTAS
HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO.
(BRASIL, 1996)
Já o Decreto nº 7.611/2011, que revogou o de nº 6.571/2008, define
os objetivos do AEE em seu artigo 3º:
Prover condições de acesso, participação e aprendizagem no
ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de
acordo com as necessidades individuais dos estudantes;
Garantir a transversalidade das ações da educação especial no
ensino regular;
Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e
pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e
aprendizagem; e
Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais
níveis, etapas e modalidades de ensino.
(BRASIL, 2008)
O AEE é oferecido ao aluno com deficiência matriculado na escola
regular no espaço da sala de recursos multifuncionais (SRM), que é
ministrado no contraturno. Propõe-se,em outras palavras, a atender
e adaptar materiais a fim de suprir as demandas específicas do
estudante e orientar o professor da sala de aula regular no que tange
às adaptações das atividades e dos conteúdos ministrados. Seu
objetivo é fazer com que o aluno não sofra perdas dos conteúdos
curriculares.
Esse currículo – tal como é para os alunos que não possuem
deficiência – deverá pautar-se pelas diretrizes apontadas na Base
Nacional Comum Curricular (2018), desenvolvendo habilidades e
competências de acordo com a faixa etária e o ano escolar.
Em nenhuma hipótese, o AEE substitui a classe regular, assim como
essa classe não substitui o AEE: ambos se complementam.
A sala de recursos multifuncionais, informa Gomes (2010), é um
ambiente organizado com materiais didáticos e pedagógicos, tendo
em vista as necessidades específicas de cada aluno, e dispõe de
profissionais com formação para o atendimento às necessidades
educacionais especiais.
Esse atendimento precisa considerar as diferentes áreas e os
aspectos relacionados:
Ao estágio de desenvolvimento cognitivo do aluno
Ao nível de escolaridade
Aos recursos específicos para sua aprendizagem
Às atividades de complementação e suplementação curricular
O atendimento realizado pelo professor do AEE é uma condição
indispensável à permanência e à inclusão da pessoa com deficiência
visual, pois, não raras vezes, o professor da sala de aula regular
desconhece como utilizar o soroban para fazer cálculos, o sistema
braille para ler e escrever, as fontes adequadas de escrita e leitura
para o aluno com baixa visão, as atividades da vida diária, assim
como a orientação e a mobilidade, entre outras especificidades no
processo ensino-aprendizagem da pessoa com deficiência visual.
As escolas públicas podem possuir salas de recursos multifuncionais
de dois tipos: I e II. Segundo o Programa de Implantação de Sala de
Recursos Multifuncionais, o que define o tipo a ser utilizado são as
matrículas ofertadas pela escola:
SOROBAN
Instrumento de cálculo originário do Oriente. No módulo
seguinte, você terá mais informações sobre o soroban.
A ESCOLA DE ENSINO REGULAR DEVE
TER MATRÍCULA DE ALUNO(S)
PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO
javascript:void(0)
ESPECIAL EM CLASSE COMUM, [...],
PARA A IMPLANTAÇÃO DA SALA TIPO
I; A ESCOLA DE ENSINO REGULAR
DEVE TER MATRÍCULA DE ALUNO(S)
CEGO(S) EM CLASSE COMUM [...],
PARA A IMPLANTAÇÃO DA SALA DE
TIPO II [...].
(BRASIL, 2010a, p. 10)
Além disso, há diferentes componentes que caracterizam cada uma
das salas de recursos. Observe alguns recursos que podem ser
utilizados para os estudantes deficientes visuais.
As salas de recursos multifuncionais Tipo I são compostas de:
Microcomputadores
 
Foto: Shutterstock.com
Monitores
 
Foto: Shutterstock.com
Fones de ouvido e microfones
 
Foto: Shutterstock.com
Scanner e impressora laser
 
Foto: Shutterstock.com
Teclado e mouse
 
Foto: Shutterstock.com
Materiais e jogos pedagógicos acessíveis
As salas de recursos multifuncionais Tipo II têm também os
seguintes materiais:
 
Foto: Shutterstock.com
Lupas manuais (foto) e lupa eletrônica
Plano inclinado
Mesas, cadeiras, armário
 
Foto: ChameleonsEye / Shutterstock.com
Máquina de datilografia braille (foto)
Impressora braille
Reglete de mesa
 
Foto: Shutterstock.com
Punção e soroban (foto)
Guia de assinatura
Globo terrestre acessível
 
Foto: Shutterstock.com
Kit geométrico acessível (foto)
Calculadora sonora
Software para produção de desenhos gráficos e táteis
Falaremos sobre as salas de recursos multifuncionais:
A alfabetização da pessoa com deficiência visual ocorre por meio da
parceria da sala regular com o AEE, que, respeitando a metodologia
escolhida pelo professor, orienta as adaptações de materiais de
acordo com sua proposta da sala regular. Para isso, a parte prática
do processo de alfabetização (ler e escrever em braille ou por meio
da escrita e leitura ampliada) é uma tarefa exercida pelo professor do
AEE.
 
Foto: Shutterstock.com
No entanto, as atividades de preparo para o processo de
alfabetização, especificamente necessário para o estudante cego,
são realizadas pelo professor da sala regular por intermédio de
brincadeiras, por exemplo. Essas tarefas precisam envolver as
noções de lateralidade, tamanhos, diferenciação de texturas e
distinção de objetos.
Esse processo preparatório é de suma importância, pois a pessoa
cega carece de estímulos táteis e necessita desenvolver os outros
sentidos remanescentes: paladar, olfato e audição. O
desenvolvimento de tais sentidos contribuirá para que ela leia e
escreva com autonomia e garantirá a orientação espacial e a prática
das atividades da vida diária.
No caso do aluno com baixa visão, podem ser utilizados recursos
ópticos e não ópticos desde a alfabetização, quando ele começa seu
processo de alfabetização e letramento. Para esses alunos, utilizam-
se textos ampliados no tamanho de fonte que vão de acordo com a
necessidade de cada um. Para tanto, o profissional do AEE (ao lado
do oftalmologista) precisa avaliar se a baixa visão se mostra
suficiente para fins pedagógicos no que compete à tarefa de ler e
escrever de maneira ampliada.
São exemplos de recursos não ópticos:
Acetato amarelo (que auxilia em suas leituras e escrita)
Lápis 4B ou 6B
Caneta hidrográfica preta
Suportes para livros
Cadernos pautados espaçados
 ATENÇÃO
O livro acessível é um importante recurso de inclusão. Quando em
formato digital, permite que os cegos possam acessá-lo por meio de
softwares leitores de telas. Ele oferece a ampliação das fontes e a
leitura de voz, contendo áudio e sendo em braille (inclusive quando
impresso). O livro acessível é um material ideal, mas ainda não
disponível nas prateleiras das livrarias e das bibliotecas.
javascript:void(0)
LIVRO ACESSÍVEL
Você pode conseguir mais informações sobre isso no Portal do
Livro Acessível.
 
Foto: Shutterstock.com
Ainda cabe ao AEE orientar o professor da sala regular quanto à
maneira adequada de se oferecer, com independência e segurança,
uma orientação espacial do estudante cego e com baixa visão na
escola seguindo os pressupostos dos estudos da orientação e
mobilidade (OM), que recomendam o uso da bengala branca para a
pessoa cega. Vale mencionar que, em 1996, a professora argentina
Perla Mayo criou a bengala verde para os indivíduos com baixa
visão.
PERLA MAYO
“Coordenadora de workshops e treinamentos em baixa visão
para professores, oftalmologistas e médicos na Argentina,
Colômbia e Uruguai. Criadora do primeiro curso a distância de
baixa visão do mundo. Presidente da Associação Latino-
americana de Baixa Visão: O Direito de Ver e a Fundação Bastão
Verde no Uruguai. Conselheira externa da Unicef e dos
laboratórios Bayer. Assessora da revista científica de Cuba:
Medical Education Cooperation with Cuba. Diretora do serviço
baixa visão da Fundação Nacional de Oftalmologia (FON) em
Bogotá, Colômbia, 2012-2015.”
Fonte: CENTRO MAYO DE BAJA VISIÓN, 2021
O professor da sala de recursos precisa orientar o aluno em relação
a pistas táteis e olfativas, além de aguçar sua audição. Esses
ensinamentos contribuirão para a autonomia da pessoa cega e com
baixa visão dentro e fora da escola. Esse profissional também
necessita saber usar os recursos a fim de ensiná-los aos estudantes.
javascript:void(0)
PROGRAMAS DE 
LEITURA DE TELA
NVDA
Jaws
Virtual Vision
Dosvox
AMPLIADORES 
DE TELA
Lente do Windows
MAGIc
O desejável é que as habilidades e as competências desenvolvidas
na escola desdobrem-se para a vida além dos muros escolares.
Contudo, a parceria da família é primordial no processo de inclusão e
ascensão social da pessoa com deficiência visual.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. NESTE MÓDULO, CITAMOS ALGUNS RECURSOS
NÃO ÓPTICOS UTILIZADOS POR ALUNOS COM
BAIXA VISÃO. A ÚNICA OPÇÃO QUE NÃO SE
REFERE A RECURSOS NÃO ÓPTICOS É:
A) Acetato amarelo
B) Lápis 4B
C) Emborrachado
D) Cadernos pautados espaçadosE) Textos ampliados
2. DE ACORDO COM O QUE ESTUDAMOS NO
TÓPICO ACERCA DA CARACTERIZAÇÃO DA
DEFICIÊNCIA VISUAL, MARQUE A OPÇÃO
CORRETA:
A) A deficiência visual não pode ser congênita.
B) A cegueira congênita é definida pela inexistência da visão desde o
início do nascimento até os primeiros cinco anos de vida.
C) A cegueira adquirida jamais ocorrerá na idade adulta.
D) A baixa visão ocorre somente a partir da adolescência.
E) A baixa visão é sempre visível aos que estão à sua volta.
GABARITO
1. Neste módulo, citamos alguns recursos não ópticos utilizados
por alunos com baixa visão. A única opção que não se refere a
recursos não ópticos é:
A alternativa "C " está correta.
 
De acordo com o que estudamos, o emborrachado não é um recurso
não óptico.
2. De acordo com o que estudamos no tópico acerca da
caracterização da deficiência visual, marque a opção correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Conforme estudamos, a cegueira congênita é definida pela
inexistência da visão desde o início do nascimento até os primeiros
cinco anos de vida.
MÓDULO 2
Reconhecer as tecnologias assistivas utilizadas por estudantes
com deficiência visual
SISTEMA BRAILLE
Antes de tudo, é importante definir o que significa tecnologia
assistiva (TA). A TA deve ser entendida:
COMO UM AUXÍLIO QUE PROMOVERÁ
A AMPLIAÇÃO DE UMA HABILIDADE
FUNCIONAL DEFICITÁRIA OU
POSSIBILITARÁ A REALIZAÇÃO DA
FUNÇÃO DESEJADA E QUE SE
ENCONTRA IMPEDIDA POR
CIRCUNSTÂNCIA DE DEFICIÊNCIA OU
PELO ENVELHECIMENTO.
(BERSCH, 2013, p. 2)
 
Imagem: Agence Rol / Bibliothèque Nationale de France / Domínio
público; Shutterstock.com
 Busto de Louis Braille, por Étienne Leroux.
O sistema braille é um código universal de leitura e escrita inventado
por Louis Braille na França em 1825 e usado pela pessoa cega. Ele
se baseia na organização de seis pontos em relevo distribuídos em
duas colunas de três pontos.
Esse conjunto de pontos forma a “cela braille”, e suas diferentes
combinações resultam em 63 símbolos (ou 64 se levarmos em conta
o espaço em branco) denominados símbolos universais do
sistema braille. Esses símbolos representam as letras do alfabeto,
os números e outros símbolos, como, por exemplo, os químicos, os
matemáticos, os físicos e os musicais.
javascript:void(0)
LOUIS BRAILLE
“Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809, na pequena
cidade francesa de Coupvray [...]. No ano de 1812, ao brincar
como de costume na oficina de seu pai, feriu o olho esquerdo ao
tentar perfurar um pedaço de couro com um objeto pontiagudo,
causando grave hemorragia. O ferimento infeccionou [...]. Alguns
meses mais tarde, a infecção atingiu o outro olho e a cegueira
total adveio quando Louis estava com cinco anos. [...] As
dificuldades enfrentadas por Louis Braille em seus estudos o
levaram, desde cedo, a preocupar-se com a possibilidade de
criação de um sistema de escrita para cegos. [...] Em 1839,
publicou o Novo método para representação por sinais de formas
de letras, mapas, figuras geométricas e símbolos musicais para
uso de cegos.”
Fonte: INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, 2021.
Como abordamos no módulo anterior, a escrita braille pode ser
realizada com o uso de uma reglete e uma punção (escrita da direita
para a esquerda) por intermédio de uma máquina de escrever braille
(da esquerda para a direita) ou de meios digitais que aceleram a
produção do conteúdo escrito.
Vamos conhecer esses meios digitais:
 
Foto: Shutterstock.com
IMPRESSORA BRAILLE
A impressora braille, que pode ser de médio ou grande porte, acelera
a produção da escrita braille de materiais de cunho literário e
didáticos, como livros, apostilas e gráficos táteis.
 
Foto: Shutterstock.com
DISPLAY BRAILLE
Conhecido no Brasil como linha braille, ele é uma TA que possibilita a
leitura de conteúdos dispostos nas telas de celulares, tablets e
computadores ou na própria linha braille.
SOROBAN
Adaptado do ábaco japonês por Joaquim Lima de Moraes em 1949,
o soroban (Também conhecido como sorobã.) é utilizado por
pessoas cegas e com baixa visão para efetuar cálculos, mas nada
impede que outras usem esse recurso.
CUBARITMO
Você pode encontrar mais informações sobre matemática
inclusiva na oficina de capacitação para professores de
Matemática na área da deficiência visual do IFRS (Instituto
Federal do Rio Grande do Sul).
O soroban veio em substituição ao cubaritmo, caixa de madeira
vazada em pequenos quadrados onde encaixavam-se pequenos
cubos de seis faces. Em cinco faces, ficava a representação em
braille do algarismo em alto relevo; na última face, o sinal da
operação matemática que se realizaria.
O uso desse instrumento não era prático pelo fato de ser necessário
movimentar peças pequenas, as quais, não raras vezes, se perdiam;
entretanto, teve grande relevância no Brasil para a educação dos
deficientes visuais, porque não havia opções melhores para efetuar
cálculos.
javascript:void(0)
 
Foto: Shutterstock.com
 Algumas réguas em braille, cubaritmo (com suas peças) e
soroban.
De acordo com Fernandes (2006, p. 83), “o soroban deve fazer parte
do material escolar de crianças cegas e com baixa visão”.
É fundamental que o professor desses educandos saiba utilizar esse
instrumento. Para isso, serão postas em prática duas metodologias:
O desejável é que as habilidades e as competências desenvolvidas
na escola desdobrem-se para a vida além dos muros escolares.
Contudo, a parceria da família é primordial no processo de inclusão e
ascensão social da pessoa com deficiência visual.
DUAS METODOLOGIAS
javascript:void(0)
É possível distinguir tais metodologias no Manual de técnicas
operatórias para pessoas com deficiência visual publicado pelo
Ministério da Educação em 2012. A obra está disponível
virtualmente.
METODOLOGIA MORAES
Cálculos das maiores ordens para as menores
MÉTODO BAHIA
Das menores ordens para as maiores
 SAIBA MAIS
A calculadora sonora, disponível nas línguas inglesa, espanhola e
portuguesa, é um importante recurso de tecnologia assistiva.
ACESSO DIGITAL
LEITORES DE TELAS
O leitor de telas é um recurso de TA utilizado por pessoas cegas que
possibilita o acesso aos sistemas operacionais existentes para
computadores, celulares e tablets. No computador, os comandos são
efetuados por meio do teclado, não sendo possível a manipulação
deles pelo mouse.
Nos equipamentos touch, os gestos são feitos na própria tela ou por
um teclado com conexão via bluetooth. Em 1993, o professor José
Antônio dos Santos Borges, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), tornou exequível a utilização do sistema Dosvox.
 
Foto: Shutterstock.com
 Pessoa cega utiliza o leitor de telas na navegação via desktop.
javascript:void(0)
Esse sistema permite o funcionamento de um computador com
configurações mínimas, atendendo às pessoas cegas em:
Leitura e audição de textos e pesquisas na internet
Edição de textos para impressão em braille
Emprego de calculadoras
Utilização de jogos pedagógicos e de entretenimento
JOSÉ ANTÔNIO DOS SANTOS
BORGES
“José Antonio dos Santos Borges [...] é mestre pela COPPE-
UFRJ. Sua experiência profissional inclui projeto de sistemas
operacionais, projeto de sistemas CAD para eletrônica,
microeletrônica, computação gráfica tridimensional, multimídia e
síntese de voz. [...] É o coordenador do Projeto Dosvox, Sistema
Operacional para Deficientes Visuais, o primeiro sistema
comercial que sintetizou vocalmente textos genéricos na língua
portuguesa.”
Fonte: INTERVOX, 2021.
Sistema gratuito desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica
da UFRJ, o Dosvox é um programa de leitura de tela que auxilia o
deficiente visual a utilizar o computador mediante o emprego de um
aparelho sintetizador de voz. No entanto, segundo Silveira, Bassani e
Reidrich (2007), outros três sistemas (Virtual Vision, JAWS e NVDA)
já atendem aos requisitos mínimos de acessibilidade:
VIRTUAL VISION
Fabricando no Brasil, ele é distribuído gratuitamente aos correntistas
dobanco Bradesco a fim de que eles possam acessar os serviços
bancários na internet e os recursos contidos no pacote Office da
Microsoft.
JAWS
Trata-se de um leitor de telas da empresa norte-americana Freedom
Scientific. Seu objetivo principal é tornar os computadores pessoais
com o Microsoft Windows acessíveis para deficientes visuais. A
interface é realizada com a conversão do texto presente na tela para
voz ou por meio de uma linha braille, permitindo, assim, uma
interação maior do teclado com o computador. Ele também possibilita
aos usuários a criação de scripts que podem alterar a quantidade e
o tipo de informações apresentadas nas diversas aplicações,
oferecendo um suporte de acessibilidade aos programas que não
utilizam os controles predefinidos do Windows.
NVDA
É um software leitor de telas com código aberto e gratuito. Uma
característica que diferencia o NVDA dos demais leitores é sua
portabilidade, podendo ser transportado em um pen drive ou CD a
fim de ser executado em qualquer computador sem a necessidade
javascript:void(0)
da instalação. Ele foi criado em 2006 pela NV Access, organização
australiana e sem fins lucrativos. Pouco a pouco, tem sido
desenvolvido, podendo ser, hoje em dia, equiparado aos leitores de
tela comercializados.
SCRIPTS
Conjunto de instruções para que uma função seja executada em
determinado aplicativo.
O JAWS e o NVDA possuem atalhos de teclado similares, facilitando
a memorização dos usuários. Ambos disponibilizam uma lista de
atalhos nos programas que indicam tanto o atalho específico do
programa quanto o do leitor de tela a ser utilizado.
Também é possível definir o display braille como um dispositivo tátil
para visualização das letras no sistema braille. Por intermédio de um
mecanismo eletrônico, conjuntos de pontos são levantados e
abaixados, conseguindo-se, assim, uma linha de texto em braille com
conteúdo dinâmico, já que ele é constantemente alterado.
EXEMPLO
javascript:void(0)
O atalho do NVDA e do JAWS para o usuário saber o tipo de
fonte escrita no texto no Word é insert+f. Já o usado no Word
para escolher os tipos de fonte é ctrl+shift+f.
 SAIBA MAIS
Os atuais displays possuem dimensões desde uma única célula (de
seis ou oito pontos) até linhas de 80 células. A maioria comporta
entre 12 e 20 células por linha. O display é ligado ao computador ou
ao celular via bluetooth e recebe do leitor de tela a mesma
informação que ele enviaria para o sintetizador de voz. Ele é útil
principalmente para as pessoas surdocegas, porém infelizmente
ainda é pouco usado no Brasil devido ao seu altíssimo custo.
AMPLIADORES DE TELAS
Os ampliadores de tela, tal como os leitores dela, funcionam em
conjunto com outros softwares no computador. Esses ampliadores
possibilitam o aumento do tamanho da letra, a mudança da cor dela
e do fundo, zoom de parte da tela e alteração do brilho e do
contraste das letras e figuras.
LUPA DO WINDOWS
Ela apresenta os seguintes recursos: nível de ampliação de até 16
vezes, inversão de cores, funções de rastreio (seguir o ponteiro do
mouse, o foco do teclado e o ponto de inserção do texto) e três
modos de exibição (tela inteira, lente e ancorado). Entretanto, a
qualidade da ampliação será insuficiente quando o nível de zoom for
muito alto. Pelo fato de o ampliador de tela lupa já fazer parte do
sistema operacional Windows, ele é mais leve e não consome
recursos do sistema, sendo uma opção viável.
MAGIC
Desenvolvido pela mesma empresa do leitor de tela JAWS, o MAGIc
é considerado por muitos o melhor ampliador de tela disponível no
mercado. Ele possui um sintetizador de voz (o mesmo do leitor de
tela JAWS) que lê de forma objetiva o que está na tela, constituindo
uma espécie de ajuda auditiva para o usuário não cansar os olhos. O
ponto negativo é que ele consome muitos recursos do sistema,
deixando o computador um pouco mais lento.
ZOOMTEXT
Possui inúmeras opções de ampliação e funções para configurar o
contraste da tela, cores e tamanhos diferentes para o cursor do
mouse e um sintetizador de voz. Nesse último quesito, o ZoomText
parece ter um leitor de tela mais bem incorporado que o MAGic,
proporcionando uma integração entre ampliação e leitura da tela. Um
ponto negativo, porém, é seu alto custo.
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE
No Brasil, a bengala é o recurso de orientação e mobilidade mais
utilizado tanto por pessoas cegas quanto por aquelas com baixa
visão.
As bengalas podem ser classificadas por:
TIPO DE CONSTRUÇÃO
Dobrável
Retrátil
Inteiriça
MATERIAL
Ferro
Alumínio
Fibra de carbono
javascript:void(0)
COR
Branca (indica pessoa cega)
Verde (pessoa com baixa visão)
Branca e vermelha (pessoa surdocega)
INTEIRIÇA
Esta é a menos utilizada, tendo em vista a falta de praticidade
para guardá-la.
ACESSIBILIDADE
COMUNICACIONAL
 
Foto: Shutterstock.com
 Pessoa surdocega.
No elenco de tecnologias assistivas existentes para o atendimento
de pessoas com deficiência visual, a audiodescrição é classificada
como um recurso de acessibilidade comunicacional que permite a
pessoas com deficiência visual assistir a filmes, peças de teatro,
programas de TV, exposições, mostras, musicais e óperas, por
exemplo, e entendê-los melhor, ouvindo o que pode ser visto.
Nesse sentido, a audiodescrição amplia as possibilidades de acesso
às imagens, com informações dispostas nos ambientes virtuais de
aprendizagens virtuais ou presenciais, por meio de livros, vídeos etc.
Ou seja, a formação de audiodescritores ocorre por meio de cursos
presenciais e a distância ofertados por universidades e instituições
públicas e privadas.
A audiodescrição é feita por uma equipe composta por profissionais
com formação no tema. Ela contempla a elaboração do roteiro com a
consultoria de um profissional cego ou com baixa visão, cujo papel é
apurar os possíveis erros nas escolhas tradutórias e ver se o produto
audiodescrito explica de fato o que a imagem se propõe a expressar.
Em seguida, o material audiodescrito deve ser gravado –
preferencialmente, em um estúdio.
A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) afirma que:
ART. 67 OS SERVIÇOS DE
RADIODIFUSÃO DE SONS E IMAGENS
DEVEM PERMITIR O USO DOS
SEGUINTES RECURSOS, ENTRE
OUTROS:
subtitulação por meio de legenda oculta; [...]
audiodescrição
(BRASIL, 2015)
Esses recursos assistivos serão essenciais para auxiliar o aluno
cego ou com baixa visão em todas as disciplinas.
Aprofundaremos nosso conhecimento sobre as tecnologias
assistivas:
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. DE ACORDO COM O QUE ESTUDAMOS, NÃO
REPRESENTA EXEMPLO DE LEITOR DE TELA:
A) Ampliador de tela do Windows
B) JAWS
C) NVDA
D) JAWS e NVDA
E) Virtual Vision e JAWS
2. MARQUE A OPÇÃO CORRETA:
A) O sistema braille foi criado no século XX.
B) O sistema braille é lido da direita para a esquerda.
C) O sistema braille é lido da esquerda para a direita.
D) O sistema braille foi desenvolvido por um professor inglês.
E) O sistema braille não possui representação de símbolos
matemáticos.
GABARITO
1. De acordo com o que estudamos, não representa exemplo de
leitor de tela:
A alternativa "A " está correta.
 
O ampliador de telas do Windows possui exclusivamente a função de
ser um ampliador de telas.
2. Marque a opção correta:
A alternativa "C " está correta.
 
O sistema braille, conforme estudamos neste módulo, é lido somente
da esquerda para a direita.
MÓDULO 3
Identificar as práticas pedagógicas aplicadas à inclusão do
deficiente visual
LEITURA E ESCRITA PELO
SISTEMA BRAILLE
Identificar a TA é um primeiro passo ao se pensar na inclusão de
alunos com deficiência visual. Contudo, torna-se necessário que tais
tecnologias sejam inseridas no cotidiano escolar por meio de práticas
pedagógicas a fim de que efetivamente possibilitem a autonomia do
aluno cego ou com baixa visão.
Desse modo, pode-se perceber que a compreensão de noções
básicas do sistema braille é fundamental na abordagem de tais
práticas pedagógicas, decorrendo daí aimportância de se aprofundar
um pouco mais esse sistema.
 
Foto: Shutterstock.com
 Pessoa cega utilizando um teclado adaptado em braille.
Como estudamos, o lugar ocupado pelos símbolos braille é
denominado cela ou célula braille. Quando ocupa uma só cela, esses
símbolos são denominados simples; se ocupam duas, duplos; três,
são triplos – e assim por diante.
Os seis pontos que compõem o sistema braille podem ser dispostos
em três linhas (14, 25 e 36) ou em duas colunas (123 - coluna
esquerda, 456 - coluna direita). Assim, para facilitar a compreensão
relativa de cada um dos pontos do sistema, eles são numerados de
cima para baixo e da esquerda para a direita, tal como é feito no
momento da leitura. Os símbolos braille são dispostos em uma
sequência chamada de ordem braille.
Serão dispostas a seguir as letras do alfabeto e seus respectivos
pontos que as formam em braille:
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA A
Ponto 1
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA B
Pontos 1 e 2
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA C
Pontos 1 e 4
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA D
Pontos 1, 4 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA E
Pontos 1 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA F
Pontos 1, 2 e 4
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA G
Pontos 1, 2, 4 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA H
Pontos 1, 2, 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA I
Pontos 2 e 4
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA J
Pontos 2, 4 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA K
Pontos 1 e 3
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA L
Pontos 1, 2 e 3
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA M
Pontos 1, 3 e 4
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA N
Pontos 1, 3, 4 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA O
Pontos 1, 3 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA P
Pontos 1, 2, 3, 4
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA Q
Pontos 1, 2, 3, 4 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA R
Pontos 1, 2, 3, 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA S
Pontos 2, 3 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA T
Pontos 2, 3, 4 e 5
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA U
Pontos 1, 3 e 6
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA V
Pontos 1, 2, 3 e 6
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA W
Pontos 2, 4, 5 e 6
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA X
Pontos 1, 3, 4 e 6
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA Y
Pontos 1, 3, 4, 5 e 6
 
Imagem: Shutterstock.com
LETRA Z
Pontos 1, 3, 5 e 6
Para que a pessoa com cegueira congênita ou adquirida se aproprie
da leitura e da escrita por meio do sistema braille, é necessário haver
o exercício da coordenação motora fina e ampla, bem como de
experiências táteis. O IBC possui materiais pedagógicos para o
ensino que antecedem a escrita e a leitura em braille, como cartilhas
e livros para se exercitar a leitura.
Contudo, nada impede que o professor crie o próprio material. É
importante frisar que, nesse processo de aprendizagem do braille,
devem ser oferecidos recursos a fim de que o aluno reconheça e
distinga, entre outros, os seguintes itens:
TAMANHO DAS LINHAS
INÍCIO, MEIO E FIM DELAS
ESPAÇO DA CÉLULA BRAILLE
A escrita por meio do sistema braille pode ser realizada da esquerda
para a direita (máquina de datilografia braille) e da direita para a
esquerda (reglete e punção).
UTILIZANDO SOROBAN PARA
CÁLCULOS ARITMÉTICOS
O Soroban – que atualmente é a TA pela qual a pessoa cega ou com
baixa visão efetua cálculos aritméticos – pode ser ensinado desde o
primeiro ano do ensino fundamental.
Esse ensino parte da noção do concreto em relação à quantidade, à
lateralidade, ao superior e ao inferior.
São introduzidas as noções de classes e ordens simultaneamente
com a escrita de números. A posição das mãos, de maneira que
consigam trabalhar com autonomia, é primordial para que os cálculos
sejam efetuados com êxito.
 
Foto: Shutterstock.com
O soroban é dividido em sete classes. Cada uma delas possui três
ordens: centena, dezena e unidade. A primeira classe fica na
extremidade esquerda dele, enquanto a sétima classe está em sua
extremidade direita.
A anotação dos números é realizada da esquerda para a direita, isto
é, da maior para a menor ordem. Exemplo: em 123, anota-se
primeiro o 1 na centena, o 2 na dezena e o 3 na unidade. Os cálculos
são feitos do maior valor relativo para o menor. No método Moraes,
calcula-se da maior ordem para a menor.
 EXEMPLO
UTILIZANDO O MÉTODO MORAES: QUANTO SOMAM
23 + 22?
Anotaremos o 22 na sétima classe e o 23 na primeira, repetindo-o na
quinta classe. Em seguida, com as mãos nas dezenas da sétima e
da primeira classe, somaremos 2+2=4. Depois, somaremos o 2 da
unidade da sétima classe com o 3 da unidade da primeira = 5. O
resultado da soma ficará anotado na primeira classe, que, ao final do
cálculo, será o número 45 (escrito na primeira classe). No vídeo
deste módulo, aprenderemos mais a respeito desse método.
TECNOLOGIAS DIGITAIS
O uso de tecnologias digitais por pessoas cegas e com baixa visão
por intermédio das tecnologias assistivas tem sido uma importante
aliada na promoção da autonomia no exercício das atividades da
vida diária e escolares.
DOSVOX
O sistema Dosvox geralmente é a primeira TA usada na introdução
do ensino dos recursos computacionais tanto nas salas de recursos
multifuncionais quanto nas instituições especializadas no
atendimento à pessoa com deficiência visual.
Inicialmente, ensina-se a posição das teclas do teclado do
computador (que pode ser desktop ou notebook) pela opção teste do
teclado do Dosvox. Ela tem sido aprimorada pelos desenvolvedores
do sistema com o propósito de motivar e colaborar com a promoção
da autonomia da pessoa com deficiência visual no uso do
computador.
O Dosvox possui diversos jogos pedagógicos e de entretenimento.
No entanto, a maior parte deles é usada no processo de
alfabetização e no ensino da Matemática. Gradativamente, o usuário
se apropria dos atalhos de teclado existentes nesse e em outros
aplicativos, agilizando o manejo da tecnologia assistiva. Ao
pressionar a tecla de função F9 em qualquer aplicativo Dosvox, é
possível acessar a lista de atalhos.
EDIVOX
Outro aplicativo bastante utilizado – sobretudo pelas pessoas cegas
– é o Edivox, que consiste em um editor de textos semelhante ao
bloco de notas do Windows. Nesse sistema, o importante é que o
professor ensine os atalhos concernentes a copiar e colar, margens,
remover linhas etc. No Edivox, pode-se contar com uma calculadora,
que, além de realizar cálculos diversos, tem como diferencial o fato
de deixá-los salvos em um arquivo.
WEBVOX
Para o acesso à internet pelo Dosvox, existe o Webvox, um
navegador web no qual é possível ter acesso a sites e baixar
arquivos e programas. Contudo, infelizmente nem todos os sites
possuem uma acessibilidade web compatível com o Webvox.
CARTAVOX
O Cartavox é um aplicativo semelhante ao Outlook que possibilita
enviar e receber e-mails.
NVDA
O leitor de telas NVDA permite a leitura de telas do Windows, do
pacote Office, do Mozilla Firefox e do Google Chrome. Tal como o
Dosvox, ele é gratuito. No entanto, pelo fato de o NVDA ser um leitor
de telas, e não um programa com aplicativos próprios como o
Dosvox, ele amplia o acesso das pessoas cegas e com baixa visão,
aproximando-se do que a pessoa que enxerga consegue fazer por
meio do computador.
No entanto, o acesso à internet, não raras vezes, é limitado, pois
nem todos os web designers se pautam pelas normas de
acessibilidade web W3C. No tocante aos atalhos de teclado, o leitor
de telas NVDA possui atalhos próprios para cada programa que não
devem ser confundidos com os próprios atalhos do programa em si.
Exemplo: nos navegadores web, o atalho para listar os links de um
site é o insert+F7 e, em seguida, seta para cima e para baixo.
Enquanto isso, o atalho de qualquer programa para copiar um texto
para a área de transferência é o ctrl+c.
JAWS
Como vimos no módulo anterior, o JAWS é um leitor de telas
utilizado pelas pessoas cegas bastante semelhante ao NVDA.
Porém, devido ao custo elevado, tem sido pouco utilizado,sobretudo,
nas escolas.
javascript:void(0)
W3C
“O W3C Brasil conta com o GRUPO DE TRABALHO DE
ACESSIBILIDADE NA WEB do W3C Brasil (GT Acessibilidade
na Web), criado em março de 2012 que se reúne periodicamente
para planejar ações a serem realizadas no Brasil. [...] Uma das
demandas desse grupo foi produzir uma cartilha de
acessibilidade na web, para orientar gestores, desenvolvedores,
auditores, procuradores, promotores e cidadãos sobre a
importância de se preocupar com e investir em acessibilidade na
web.”
Fonte: W3C, 2021.
 
Foto: Shutterstock.com
Com o objetivo de ampliar as possibilidades de acesso do deficiente
visual ao mundo digital, é fundamental que o professor de sala de
recursos multifuncionais oriente os estudantes no uso dos leitores
de tela para dispositivos móveis.
Os leitores de tela mais conhecidos são:

VOICE OVER
Apple

TALKBACK
Android
Ambos proporcionam autonomia no uso dos celulares e tablets, os
quais, embora não sejam tecnologias disponíveis nas salas de
recursos, podem auxiliar na realização de atividades extraclasse. É
importante que o professor saiba orientar as ações para o uso
desses recursos, que se diferenciam daqueles feitos sem o leitor de
telas ativo.
Discorreremos neste vídeo sobre a aplicabilidade de alguns
instrumentos de tecnologia assistiva no âmbito da educação
inclusiva:
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. O SISTEMA BRAILLE É, SEM DÚVIDAS, UM DOS
ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A INCLUSÃO DO
ALUNO CEGO. MAS TAMBÉM PARA AQUELES QUE
ESTÃO ENVOLVIDOS NESSE PROCESSO DE
INCLUSÃO, É NECESSÁRIO QUE HAJA, MINIMENTE,
NOÇÕES ACERCA DESSE PROCESSO DE ESCRITA. 
 
ASSIM, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA SOBRE O
SISTEMA BRAILLE:
A) O lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado reglete.
B) O lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado cela ou
célula.
C) A escrita por meio do sistema Braille, não deve ser ensinada para
adultos.
D) No sistema Braille, não existem símbolos representados em duas
celas.
E) Os símbolos no sistema Braille, não podem ser representados em
mais de duas celas.
2. O NVDA É UM LEITOR DE TELAS GRATUITO.
SENDO ASSIM, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA
EM RELAÇÃO AO USO DESSE LEITOR DE TELAS:
A) O NVDA possui as mesmas funções do Dosvox.
B) O NVDA possui somente os atalhos particulares de cada
programa compatível com o Windows.
C) O NVDA possui atalhos próprios para cada programa.
D) O NVDA possui as mesmas teclas de atalho do Dosvox.
E) Os atalhos do NVDA não podem ser compatíveis com o Windows.
GABARITO
1. O Sistema Braille é, sem dúvidas, um dos elementos
essenciais para a inclusão do aluno cego. Mas também para
aqueles que estão envolvidos nesse processo de inclusão, é
necessário que haja, minimente, noções acerca desse processo
de escrita. 
 
Assim, assinale a opção correta sobre o Sistema Braille:
A alternativa "B " está correta.
 
Como estudamos, o lugar ocupado pelos símbolos Braille é
denominado cela ou célula. Já o reglete é um dos instrumentos
utilizados, juntamente com a punção, para a escrita Braille. Ao
escrever, os símbolos podem ser representados em 1, 2, ou mais
células. E tal escrita pode ser ensinada a pessoas de todas a idades.
2. O NVDA é um leitor de telas gratuito. Sendo assim, marque a
alternativa correta em relação ao uso desse leitor de telas:
A alternativa "C " está correta.
 
O NVDA possui atalhos para cada programa compatível com ele.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao momento de destacar alguns pontos importantes
diretamente ligados ao que estudamos neste tema: os caminhos
para aprofundar tais conhecimentos e a possibilidade de sua
aplicabilidade na realidade – geralmente, escolar – em que vivemos.
A escola especializada IBC oferece a educação básica para as
pessoas com deficiência visual e apoia as ações de inclusão escolar
por meio das publicações e da adaptação de materiais em braille,
bem como das pesquisas que envolvem o deficiente visual. Já na
escola de educação básica comum, o AEE precisa ser oferecido de
forma a complementar o processo de escolarização regular.
Em caso de necessidade, o aluno deve ter acesso ao aprendizado
do sistema braille de leitura e escrita, bem como aos recursos de
tecnologias assistivas adequados tanto para a realização de
cálculos, orientação e mobilidade quanto para o acesso às
tecnologias digitais. No caso do estudante com baixa visão, ele tem
de acessar as tecnologias digitais cabíveis ao seu processo de
ensino-aprendizagem: recursos não ópticos, ampliadores de tela etc.
Em relação aos leitores de tela e ao sistema Dosvox, cabe ao
professor da sala de recursos multifuncionais II orientar os alunos
nos usos dessas tecnologias assistivas, auxiliando na inclusão digital
e na realização de tarefas escolares por intermédio, inclusive, de
tecnologias móveis.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BERSCH, R. Introdução à tecnologia assistiva. Porto Alegre:
Assistiva Tecnologia e Educação, 2017.
BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe
sobre a educação especial, e o atendimento educacional
especializado e dá outras providências.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília:
Ministério da Educação e Cultura /Consed/Undime, 2018.
BRASIL. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Dispõe sobre a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
BRASIL. Manual de orientação: programa de implantação de sala
de recursos multifuncionais. Brasília: Ministério da Educação e
Cultura, 2010a.
CENTRO MAYO DE BAJA VISIÓN. Perla Mayo. Consultado em
meio eletrônico em: 5 fev. 2021.
FERNANDES, C. T. et. al. A construção do conceito de número e
o pré-soroban. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
GOMES, A. L. L. V. A Educação especial na perspectiva da
inclusão escolar: o atendimento educacional especializado para
alunos com deficiência intelectual. v. 2. Coleção “A educação na
perspectiva da inclusão escolar”. Brasília: Ministério da Educação;
Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.
INTERVOX. José Antonio dos Santos Borges. Consultado em
meio eletrônico em: 5 fev. 2021.
INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Quem foi Louis Braille.
Consultado em meio eletrônico em: 5 fev. 2021.
SÁ, E. D. et al. Atendimento educacional especializado –
deficiência visual. Brasília: SEESP/SEED/Ministério da Educação e
Cultura, 2007.
SILVEIRA, C; BASSANI, P. B. S.; REIDRICH, R. O. Avaliação das
tecnologias de softwares existentes para a inclusão digital de
deficientes visuais através da utilização de requisitos de
qualidade. In: Revista Renote – novas tecnologias na educação. v.
5. n. 1. 2007. p. 1-16.
EXPLORE+
Conheça mais sobre JAWS, ZoomText e Fusion no site da Freedom
Scientific e sobre acessibilidade na página da empresa Virtual Vision.
No site Ler para ver, você encontrará informações minuciosas acerca
do JAWS.
Assista aos vídeos As cores das flores – AD, libras e legenda,
excelente exemplo de um produto audiovisual com audiodescrição, e
Acessibilidade Android – demonstração da linha Braille Focus 40,
que apresenta essa importante TA utilizando um smartphone. Não é
difícil encontrar vídeos sobre acessibilidade iOS (Apple).
Conheça a startup Cinema cego: desenvolvida na UnB, ela
apresenta avanços na área da audiodescrição.
Pesquise o portal Bengala legal, do MAQ (Marco Antonio de
Queiroz), que tem como objetivo divulgar a acessibilidade,
especialmente na internet.
Visite o Centro Mayo de Baja Visión: coordenado por Perla Mayo,
ele oferece assessoria e formação na área da deficiência visual.
CONTEUDISTA
Margareth de Oliveira Olegário
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);

Mais conteúdos dessa disciplina