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DESCRIÇÃO A deficiência visual como campo de estudo na educação especial, os tipos de tecnologias assistivas e as teorias pedagógicas para a inclusão do deficiente visual. PROPÓSITO Compreender a deficiência visual, o papel do atendimento educacional especializado e as tecnologias assistivas (em consonância com as práticas pedagógicas para os educadores) em virtude da ampliação da inclusão escolar e dos cursos de licenciatura, assim como por conta de subsídios para futuros professores concernentes à inclusão do aluno com deficiência visual na educação básica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Localizar a deficiência visual e o papel do atendimento educacional especializado na educação básica MÓDULO 2 Reconhecer as tecnologias assistivas utilizadas por estudantes com deficiência visual MÓDULO 3 Identificar as práticas pedagógicas aplicadas à inclusão do deficiente visual INTRODUÇÃO Falar de inclusão do deficiente visual na escola é, ao mesmo tempo, necessário e complexo. Necessário porque na formação de professores, ou de qualquer outro profissional que tenha como princípio o direito à igualdade de acesso ao conhecimento e aos serviços de todo cidadão, é importante que tenhamos contato, ainda que brevemente, com conceitos e metodologias que possibilitem ingressar nessa realidade. É complexo exatamente porque essa realidade é ampla e nem sempre depende apenas do profissional para que a inclusão aconteça, mas de políticas públicas que deem condições dessa acessibilidade. No caso da deficiência visual, será importante identificar as particularidades da cegueira e baixa visão, bem como compreender o papel dos profissionais do atendimento educacional especializado (AEE) e dos professores da sala de aula regular no que concerne ao atendimento dos alunos com deficiência visual. O mesmo grau de importância deve ser atribuído à identificação das tecnologias assistivas utilizadas por pessoas com deficiência visual para: escrita e leitura, cálculos aritméticos, acesso digital por meio do computador e orientação e mobilidade. Finalmente, é preciso compreender a importância das práticas pedagógicas aplicadas com o uso das tecnologias assistivas. MÓDULO 1 Localizar a deficiência visual e o papel do atendimento educacional especializado na educação básica A INSTITUIÇÃO ESPECIALIZADA Imagem: Autor desconhecido / Le Monde Illustré / Domínio Público; Shutterstock.com No Brasil, em 17 de setembro de 1854, no governo do imperador Dom Pedro II, foi inaugurado o Instituto Benjamin Constant (IBC), que, inicialmente, teve o nome de Instituto Imperial dos Meninos Cegos. Em 1891, o IBC recebeu o nome que tem hoje em homenagem ao seu terceiro diretor. Atualmente, o IBC é a instituição brasileira vinculada ao gabinete do ministro da Educação e referência no atendimento das pessoas com deficiência visual. O instituto oferece a escolarização da educação precoce até o ensino médio técnico profissionalizante e ainda oferta formação de professores nas modalidades presencial e a distância para atender às demandas de alunos cegos, com baixa visão, com múltipla deficiência associada à deficiência visual e surdocegos matriculados no ensino regular. Imagem: Carlos Luis M C da Cruz / Own work / Domínio público; Shutterstock.com Fachada do prédio do IBC no bairro da Urca (RJ). Foto: Shutterstock.com Pelo Decreto nº 7.690, de 2 de março de 2012, que aprovou a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas do Ministério da Educação, o IBC passou legalmente a subsidiar a formulação da Política Nacional de Educação Especial na área de deficiência visual. Os decretos posteriores mantiveram a decisão, incluindo o último deles, o Decreto nº 10.195, de 30 de dezembro de 2019, conforme está descrito no artigo 35. O IBC possui um parque gráfico no qual produz materiais em braille distribuídos gratuitamente às escolas que os solicitam. Essa instituição centenária publica periodicamente estudos acerca da deficiência visual disponibilizados no site da instituição ou distribuídos na forma impressa. javascript:void(0) BRAILLE Sistema de escrita e leitura em relevo tátil para pessoas com deficiência visual ou baixa visão. No próximo módulo, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre o método braille. ATENÇÃO Embora exista no Brasil uma instituição referência nacional no atendimento e na educação de pessoas com deficiência visual, elas têm o direito de frequentar e ter ensino de qualidade nas escolas regulares, sendo facultada à família a escolha da instituição de ensino. DEFICIÊNCIA VISUAL: O QUE É? A deficiência visual é entendida como a falta total ou parcial da visão de um olho ou dos dois olhos, podendo ser congênita ou adquirida. Ela é classificada como cegueira ou baixa visão. De acordo com Sá, a cegueira é explicada como: UMA ALTERAÇÃO GRAVE OU TOTAL DE UMA OU MAIS DAS FUNÇÕES ELEMENTARES DA VISÃO QUE AFETA DE MODO IRREMEDIÁVEL A CAPACIDADE DE PERCEBER COR, TAMANHO, DISTÂNCIA, FORMA, POSIÇÃO OU MOVIMENTO EM UM CAMPO MAIS OU MENOS ABRANGENTE. (SÁ, 2007, p. 15) A cegueira congênita é definida pela inexistência da visão a partir do nascimento até os primeiros cinco anos de vida. Já a adquirida é evidenciada pela perda da visão, podendo acontecer em qualquer fase da vida em razão de algumas doenças infecciosas, enfermidades sistêmicas ou traumas. A cegueira não acarreta consequências somente para o sentido da visão: ela altera e reorganiza completamente a vida mental do indivíduo, pois ocasiona uma série de limitações. O processo de observação é organizado de modo diferente da pessoa que enxerga: a visão é o primeiro sentido pelo qual a forma, a dimensão, a altura e a largura são compreendidas – e, em virtude dessa ausência, a percepção sofre um atraso. Foto: Shutterstock.com Cubaritmo: ferramenta de cálculo com estímulo tátil. A fim de remediar as perdas naturais ocasionadas pela cegueira e pela baixa visão, são necessárias atividades que trabalhem o sistema motor por meio de estimulações táteis (aluno cego) e estimulação visual e tátil (aluno com baixa visão). Na baixa visão (Sá, 2007), incluem-se características variadas dependendo do tipo e da intensidade de comprometimentos das funções visuais, que podem englobar desde a capacidade de percepção da luz até a redução da acuidade e do campo visual, que interferem nas ações e no desempenho geral da pessoa. As pessoas com baixa visão, por vezes, são questionadas em relação ao que conseguem enxergar ou não, pois nem sempre essa deficiência é perceptível aos que estão à sua volta. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO Com a inclusão escolar proposta no capítulo V (Da educação especial) da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ou seja, da Lei nº 9.394/1996, tem crescido o número de pessoas com deficiência incluídas no ensino regular. Segundo a LDB: ART. 58 ENTENDE-SE POR EDUCAÇÃO ESPECIAL, PARA OS EFEITOS DESTA LEI, A MODALIDADE DE EDUCAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA PREFERENCIALMENTE NA REDE REGULAR DE ENSINO, PARA EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA, TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO. (BRASIL, 1996) Já o Decreto nº 7.611/2011, que revogou o de nº 6.571/2008, define os objetivos do AEE em seu artigo 3º: Prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; Garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. (BRASIL, 2008) O AEE é oferecido ao aluno com deficiência matriculado na escola regular no espaço da sala de recursos multifuncionais (SRM), que é ministrado no contraturno. Propõe-se,em outras palavras, a atender e adaptar materiais a fim de suprir as demandas específicas do estudante e orientar o professor da sala de aula regular no que tange às adaptações das atividades e dos conteúdos ministrados. Seu objetivo é fazer com que o aluno não sofra perdas dos conteúdos curriculares. Esse currículo – tal como é para os alunos que não possuem deficiência – deverá pautar-se pelas diretrizes apontadas na Base Nacional Comum Curricular (2018), desenvolvendo habilidades e competências de acordo com a faixa etária e o ano escolar. Em nenhuma hipótese, o AEE substitui a classe regular, assim como essa classe não substitui o AEE: ambos se complementam. A sala de recursos multifuncionais, informa Gomes (2010), é um ambiente organizado com materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as necessidades específicas de cada aluno, e dispõe de profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais. Esse atendimento precisa considerar as diferentes áreas e os aspectos relacionados: Ao estágio de desenvolvimento cognitivo do aluno Ao nível de escolaridade Aos recursos específicos para sua aprendizagem Às atividades de complementação e suplementação curricular O atendimento realizado pelo professor do AEE é uma condição indispensável à permanência e à inclusão da pessoa com deficiência visual, pois, não raras vezes, o professor da sala de aula regular desconhece como utilizar o soroban para fazer cálculos, o sistema braille para ler e escrever, as fontes adequadas de escrita e leitura para o aluno com baixa visão, as atividades da vida diária, assim como a orientação e a mobilidade, entre outras especificidades no processo ensino-aprendizagem da pessoa com deficiência visual. As escolas públicas podem possuir salas de recursos multifuncionais de dois tipos: I e II. Segundo o Programa de Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais, o que define o tipo a ser utilizado são as matrículas ofertadas pela escola: SOROBAN Instrumento de cálculo originário do Oriente. No módulo seguinte, você terá mais informações sobre o soroban. A ESCOLA DE ENSINO REGULAR DEVE TER MATRÍCULA DE ALUNO(S) PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO javascript:void(0) ESPECIAL EM CLASSE COMUM, [...], PARA A IMPLANTAÇÃO DA SALA TIPO I; A ESCOLA DE ENSINO REGULAR DEVE TER MATRÍCULA DE ALUNO(S) CEGO(S) EM CLASSE COMUM [...], PARA A IMPLANTAÇÃO DA SALA DE TIPO II [...]. (BRASIL, 2010a, p. 10) Além disso, há diferentes componentes que caracterizam cada uma das salas de recursos. Observe alguns recursos que podem ser utilizados para os estudantes deficientes visuais. As salas de recursos multifuncionais Tipo I são compostas de: Microcomputadores Foto: Shutterstock.com Monitores Foto: Shutterstock.com Fones de ouvido e microfones Foto: Shutterstock.com Scanner e impressora laser Foto: Shutterstock.com Teclado e mouse Foto: Shutterstock.com Materiais e jogos pedagógicos acessíveis As salas de recursos multifuncionais Tipo II têm também os seguintes materiais: Foto: Shutterstock.com Lupas manuais (foto) e lupa eletrônica Plano inclinado Mesas, cadeiras, armário Foto: ChameleonsEye / Shutterstock.com Máquina de datilografia braille (foto) Impressora braille Reglete de mesa Foto: Shutterstock.com Punção e soroban (foto) Guia de assinatura Globo terrestre acessível Foto: Shutterstock.com Kit geométrico acessível (foto) Calculadora sonora Software para produção de desenhos gráficos e táteis Falaremos sobre as salas de recursos multifuncionais: A alfabetização da pessoa com deficiência visual ocorre por meio da parceria da sala regular com o AEE, que, respeitando a metodologia escolhida pelo professor, orienta as adaptações de materiais de acordo com sua proposta da sala regular. Para isso, a parte prática do processo de alfabetização (ler e escrever em braille ou por meio da escrita e leitura ampliada) é uma tarefa exercida pelo professor do AEE. Foto: Shutterstock.com No entanto, as atividades de preparo para o processo de alfabetização, especificamente necessário para o estudante cego, são realizadas pelo professor da sala regular por intermédio de brincadeiras, por exemplo. Essas tarefas precisam envolver as noções de lateralidade, tamanhos, diferenciação de texturas e distinção de objetos. Esse processo preparatório é de suma importância, pois a pessoa cega carece de estímulos táteis e necessita desenvolver os outros sentidos remanescentes: paladar, olfato e audição. O desenvolvimento de tais sentidos contribuirá para que ela leia e escreva com autonomia e garantirá a orientação espacial e a prática das atividades da vida diária. No caso do aluno com baixa visão, podem ser utilizados recursos ópticos e não ópticos desde a alfabetização, quando ele começa seu processo de alfabetização e letramento. Para esses alunos, utilizam- se textos ampliados no tamanho de fonte que vão de acordo com a necessidade de cada um. Para tanto, o profissional do AEE (ao lado do oftalmologista) precisa avaliar se a baixa visão se mostra suficiente para fins pedagógicos no que compete à tarefa de ler e escrever de maneira ampliada. São exemplos de recursos não ópticos: Acetato amarelo (que auxilia em suas leituras e escrita) Lápis 4B ou 6B Caneta hidrográfica preta Suportes para livros Cadernos pautados espaçados ATENÇÃO O livro acessível é um importante recurso de inclusão. Quando em formato digital, permite que os cegos possam acessá-lo por meio de softwares leitores de telas. Ele oferece a ampliação das fontes e a leitura de voz, contendo áudio e sendo em braille (inclusive quando impresso). O livro acessível é um material ideal, mas ainda não disponível nas prateleiras das livrarias e das bibliotecas. javascript:void(0) LIVRO ACESSÍVEL Você pode conseguir mais informações sobre isso no Portal do Livro Acessível. Foto: Shutterstock.com Ainda cabe ao AEE orientar o professor da sala regular quanto à maneira adequada de se oferecer, com independência e segurança, uma orientação espacial do estudante cego e com baixa visão na escola seguindo os pressupostos dos estudos da orientação e mobilidade (OM), que recomendam o uso da bengala branca para a pessoa cega. Vale mencionar que, em 1996, a professora argentina Perla Mayo criou a bengala verde para os indivíduos com baixa visão. PERLA MAYO “Coordenadora de workshops e treinamentos em baixa visão para professores, oftalmologistas e médicos na Argentina, Colômbia e Uruguai. Criadora do primeiro curso a distância de baixa visão do mundo. Presidente da Associação Latino- americana de Baixa Visão: O Direito de Ver e a Fundação Bastão Verde no Uruguai. Conselheira externa da Unicef e dos laboratórios Bayer. Assessora da revista científica de Cuba: Medical Education Cooperation with Cuba. Diretora do serviço baixa visão da Fundação Nacional de Oftalmologia (FON) em Bogotá, Colômbia, 2012-2015.” Fonte: CENTRO MAYO DE BAJA VISIÓN, 2021 O professor da sala de recursos precisa orientar o aluno em relação a pistas táteis e olfativas, além de aguçar sua audição. Esses ensinamentos contribuirão para a autonomia da pessoa cega e com baixa visão dentro e fora da escola. Esse profissional também necessita saber usar os recursos a fim de ensiná-los aos estudantes. javascript:void(0) PROGRAMAS DE LEITURA DE TELA NVDA Jaws Virtual Vision Dosvox AMPLIADORES DE TELA Lente do Windows MAGIc O desejável é que as habilidades e as competências desenvolvidas na escola desdobrem-se para a vida além dos muros escolares. Contudo, a parceria da família é primordial no processo de inclusão e ascensão social da pessoa com deficiência visual. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NESTE MÓDULO, CITAMOS ALGUNS RECURSOS NÃO ÓPTICOS UTILIZADOS POR ALUNOS COM BAIXA VISÃO. A ÚNICA OPÇÃO QUE NÃO SE REFERE A RECURSOS NÃO ÓPTICOS É: A) Acetato amarelo B) Lápis 4B C) Emborrachado D) Cadernos pautados espaçadosE) Textos ampliados 2. DE ACORDO COM O QUE ESTUDAMOS NO TÓPICO ACERCA DA CARACTERIZAÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, MARQUE A OPÇÃO CORRETA: A) A deficiência visual não pode ser congênita. B) A cegueira congênita é definida pela inexistência da visão desde o início do nascimento até os primeiros cinco anos de vida. C) A cegueira adquirida jamais ocorrerá na idade adulta. D) A baixa visão ocorre somente a partir da adolescência. E) A baixa visão é sempre visível aos que estão à sua volta. GABARITO 1. Neste módulo, citamos alguns recursos não ópticos utilizados por alunos com baixa visão. A única opção que não se refere a recursos não ópticos é: A alternativa "C " está correta. De acordo com o que estudamos, o emborrachado não é um recurso não óptico. 2. De acordo com o que estudamos no tópico acerca da caracterização da deficiência visual, marque a opção correta: A alternativa "B " está correta. Conforme estudamos, a cegueira congênita é definida pela inexistência da visão desde o início do nascimento até os primeiros cinco anos de vida. MÓDULO 2 Reconhecer as tecnologias assistivas utilizadas por estudantes com deficiência visual SISTEMA BRAILLE Antes de tudo, é importante definir o que significa tecnologia assistiva (TA). A TA deve ser entendida: COMO UM AUXÍLIO QUE PROMOVERÁ A AMPLIAÇÃO DE UMA HABILIDADE FUNCIONAL DEFICITÁRIA OU POSSIBILITARÁ A REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO DESEJADA E QUE SE ENCONTRA IMPEDIDA POR CIRCUNSTÂNCIA DE DEFICIÊNCIA OU PELO ENVELHECIMENTO. (BERSCH, 2013, p. 2) Imagem: Agence Rol / Bibliothèque Nationale de France / Domínio público; Shutterstock.com Busto de Louis Braille, por Étienne Leroux. O sistema braille é um código universal de leitura e escrita inventado por Louis Braille na França em 1825 e usado pela pessoa cega. Ele se baseia na organização de seis pontos em relevo distribuídos em duas colunas de três pontos. Esse conjunto de pontos forma a “cela braille”, e suas diferentes combinações resultam em 63 símbolos (ou 64 se levarmos em conta o espaço em branco) denominados símbolos universais do sistema braille. Esses símbolos representam as letras do alfabeto, os números e outros símbolos, como, por exemplo, os químicos, os matemáticos, os físicos e os musicais. javascript:void(0) LOUIS BRAILLE “Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809, na pequena cidade francesa de Coupvray [...]. No ano de 1812, ao brincar como de costume na oficina de seu pai, feriu o olho esquerdo ao tentar perfurar um pedaço de couro com um objeto pontiagudo, causando grave hemorragia. O ferimento infeccionou [...]. Alguns meses mais tarde, a infecção atingiu o outro olho e a cegueira total adveio quando Louis estava com cinco anos. [...] As dificuldades enfrentadas por Louis Braille em seus estudos o levaram, desde cedo, a preocupar-se com a possibilidade de criação de um sistema de escrita para cegos. [...] Em 1839, publicou o Novo método para representação por sinais de formas de letras, mapas, figuras geométricas e símbolos musicais para uso de cegos.” Fonte: INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, 2021. Como abordamos no módulo anterior, a escrita braille pode ser realizada com o uso de uma reglete e uma punção (escrita da direita para a esquerda) por intermédio de uma máquina de escrever braille (da esquerda para a direita) ou de meios digitais que aceleram a produção do conteúdo escrito. Vamos conhecer esses meios digitais: Foto: Shutterstock.com IMPRESSORA BRAILLE A impressora braille, que pode ser de médio ou grande porte, acelera a produção da escrita braille de materiais de cunho literário e didáticos, como livros, apostilas e gráficos táteis. Foto: Shutterstock.com DISPLAY BRAILLE Conhecido no Brasil como linha braille, ele é uma TA que possibilita a leitura de conteúdos dispostos nas telas de celulares, tablets e computadores ou na própria linha braille. SOROBAN Adaptado do ábaco japonês por Joaquim Lima de Moraes em 1949, o soroban (Também conhecido como sorobã.) é utilizado por pessoas cegas e com baixa visão para efetuar cálculos, mas nada impede que outras usem esse recurso. CUBARITMO Você pode encontrar mais informações sobre matemática inclusiva na oficina de capacitação para professores de Matemática na área da deficiência visual do IFRS (Instituto Federal do Rio Grande do Sul). O soroban veio em substituição ao cubaritmo, caixa de madeira vazada em pequenos quadrados onde encaixavam-se pequenos cubos de seis faces. Em cinco faces, ficava a representação em braille do algarismo em alto relevo; na última face, o sinal da operação matemática que se realizaria. O uso desse instrumento não era prático pelo fato de ser necessário movimentar peças pequenas, as quais, não raras vezes, se perdiam; entretanto, teve grande relevância no Brasil para a educação dos deficientes visuais, porque não havia opções melhores para efetuar cálculos. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com Algumas réguas em braille, cubaritmo (com suas peças) e soroban. De acordo com Fernandes (2006, p. 83), “o soroban deve fazer parte do material escolar de crianças cegas e com baixa visão”. É fundamental que o professor desses educandos saiba utilizar esse instrumento. Para isso, serão postas em prática duas metodologias: O desejável é que as habilidades e as competências desenvolvidas na escola desdobrem-se para a vida além dos muros escolares. Contudo, a parceria da família é primordial no processo de inclusão e ascensão social da pessoa com deficiência visual. DUAS METODOLOGIAS javascript:void(0) É possível distinguir tais metodologias no Manual de técnicas operatórias para pessoas com deficiência visual publicado pelo Ministério da Educação em 2012. A obra está disponível virtualmente. METODOLOGIA MORAES Cálculos das maiores ordens para as menores MÉTODO BAHIA Das menores ordens para as maiores SAIBA MAIS A calculadora sonora, disponível nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa, é um importante recurso de tecnologia assistiva. ACESSO DIGITAL LEITORES DE TELAS O leitor de telas é um recurso de TA utilizado por pessoas cegas que possibilita o acesso aos sistemas operacionais existentes para computadores, celulares e tablets. No computador, os comandos são efetuados por meio do teclado, não sendo possível a manipulação deles pelo mouse. Nos equipamentos touch, os gestos são feitos na própria tela ou por um teclado com conexão via bluetooth. Em 1993, o professor José Antônio dos Santos Borges, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tornou exequível a utilização do sistema Dosvox. Foto: Shutterstock.com Pessoa cega utiliza o leitor de telas na navegação via desktop. javascript:void(0) Esse sistema permite o funcionamento de um computador com configurações mínimas, atendendo às pessoas cegas em: Leitura e audição de textos e pesquisas na internet Edição de textos para impressão em braille Emprego de calculadoras Utilização de jogos pedagógicos e de entretenimento JOSÉ ANTÔNIO DOS SANTOS BORGES “José Antonio dos Santos Borges [...] é mestre pela COPPE- UFRJ. Sua experiência profissional inclui projeto de sistemas operacionais, projeto de sistemas CAD para eletrônica, microeletrônica, computação gráfica tridimensional, multimídia e síntese de voz. [...] É o coordenador do Projeto Dosvox, Sistema Operacional para Deficientes Visuais, o primeiro sistema comercial que sintetizou vocalmente textos genéricos na língua portuguesa.” Fonte: INTERVOX, 2021. Sistema gratuito desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, o Dosvox é um programa de leitura de tela que auxilia o deficiente visual a utilizar o computador mediante o emprego de um aparelho sintetizador de voz. No entanto, segundo Silveira, Bassani e Reidrich (2007), outros três sistemas (Virtual Vision, JAWS e NVDA) já atendem aos requisitos mínimos de acessibilidade: VIRTUAL VISION Fabricando no Brasil, ele é distribuído gratuitamente aos correntistas dobanco Bradesco a fim de que eles possam acessar os serviços bancários na internet e os recursos contidos no pacote Office da Microsoft. JAWS Trata-se de um leitor de telas da empresa norte-americana Freedom Scientific. Seu objetivo principal é tornar os computadores pessoais com o Microsoft Windows acessíveis para deficientes visuais. A interface é realizada com a conversão do texto presente na tela para voz ou por meio de uma linha braille, permitindo, assim, uma interação maior do teclado com o computador. Ele também possibilita aos usuários a criação de scripts que podem alterar a quantidade e o tipo de informações apresentadas nas diversas aplicações, oferecendo um suporte de acessibilidade aos programas que não utilizam os controles predefinidos do Windows. NVDA É um software leitor de telas com código aberto e gratuito. Uma característica que diferencia o NVDA dos demais leitores é sua portabilidade, podendo ser transportado em um pen drive ou CD a fim de ser executado em qualquer computador sem a necessidade javascript:void(0) da instalação. Ele foi criado em 2006 pela NV Access, organização australiana e sem fins lucrativos. Pouco a pouco, tem sido desenvolvido, podendo ser, hoje em dia, equiparado aos leitores de tela comercializados. SCRIPTS Conjunto de instruções para que uma função seja executada em determinado aplicativo. O JAWS e o NVDA possuem atalhos de teclado similares, facilitando a memorização dos usuários. Ambos disponibilizam uma lista de atalhos nos programas que indicam tanto o atalho específico do programa quanto o do leitor de tela a ser utilizado. Também é possível definir o display braille como um dispositivo tátil para visualização das letras no sistema braille. Por intermédio de um mecanismo eletrônico, conjuntos de pontos são levantados e abaixados, conseguindo-se, assim, uma linha de texto em braille com conteúdo dinâmico, já que ele é constantemente alterado. EXEMPLO javascript:void(0) O atalho do NVDA e do JAWS para o usuário saber o tipo de fonte escrita no texto no Word é insert+f. Já o usado no Word para escolher os tipos de fonte é ctrl+shift+f. SAIBA MAIS Os atuais displays possuem dimensões desde uma única célula (de seis ou oito pontos) até linhas de 80 células. A maioria comporta entre 12 e 20 células por linha. O display é ligado ao computador ou ao celular via bluetooth e recebe do leitor de tela a mesma informação que ele enviaria para o sintetizador de voz. Ele é útil principalmente para as pessoas surdocegas, porém infelizmente ainda é pouco usado no Brasil devido ao seu altíssimo custo. AMPLIADORES DE TELAS Os ampliadores de tela, tal como os leitores dela, funcionam em conjunto com outros softwares no computador. Esses ampliadores possibilitam o aumento do tamanho da letra, a mudança da cor dela e do fundo, zoom de parte da tela e alteração do brilho e do contraste das letras e figuras. LUPA DO WINDOWS Ela apresenta os seguintes recursos: nível de ampliação de até 16 vezes, inversão de cores, funções de rastreio (seguir o ponteiro do mouse, o foco do teclado e o ponto de inserção do texto) e três modos de exibição (tela inteira, lente e ancorado). Entretanto, a qualidade da ampliação será insuficiente quando o nível de zoom for muito alto. Pelo fato de o ampliador de tela lupa já fazer parte do sistema operacional Windows, ele é mais leve e não consome recursos do sistema, sendo uma opção viável. MAGIC Desenvolvido pela mesma empresa do leitor de tela JAWS, o MAGIc é considerado por muitos o melhor ampliador de tela disponível no mercado. Ele possui um sintetizador de voz (o mesmo do leitor de tela JAWS) que lê de forma objetiva o que está na tela, constituindo uma espécie de ajuda auditiva para o usuário não cansar os olhos. O ponto negativo é que ele consome muitos recursos do sistema, deixando o computador um pouco mais lento. ZOOMTEXT Possui inúmeras opções de ampliação e funções para configurar o contraste da tela, cores e tamanhos diferentes para o cursor do mouse e um sintetizador de voz. Nesse último quesito, o ZoomText parece ter um leitor de tela mais bem incorporado que o MAGic, proporcionando uma integração entre ampliação e leitura da tela. Um ponto negativo, porém, é seu alto custo. ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE No Brasil, a bengala é o recurso de orientação e mobilidade mais utilizado tanto por pessoas cegas quanto por aquelas com baixa visão. As bengalas podem ser classificadas por: TIPO DE CONSTRUÇÃO Dobrável Retrátil Inteiriça MATERIAL Ferro Alumínio Fibra de carbono javascript:void(0) COR Branca (indica pessoa cega) Verde (pessoa com baixa visão) Branca e vermelha (pessoa surdocega) INTEIRIÇA Esta é a menos utilizada, tendo em vista a falta de praticidade para guardá-la. ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL Foto: Shutterstock.com Pessoa surdocega. No elenco de tecnologias assistivas existentes para o atendimento de pessoas com deficiência visual, a audiodescrição é classificada como um recurso de acessibilidade comunicacional que permite a pessoas com deficiência visual assistir a filmes, peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras, musicais e óperas, por exemplo, e entendê-los melhor, ouvindo o que pode ser visto. Nesse sentido, a audiodescrição amplia as possibilidades de acesso às imagens, com informações dispostas nos ambientes virtuais de aprendizagens virtuais ou presenciais, por meio de livros, vídeos etc. Ou seja, a formação de audiodescritores ocorre por meio de cursos presenciais e a distância ofertados por universidades e instituições públicas e privadas. A audiodescrição é feita por uma equipe composta por profissionais com formação no tema. Ela contempla a elaboração do roteiro com a consultoria de um profissional cego ou com baixa visão, cujo papel é apurar os possíveis erros nas escolhas tradutórias e ver se o produto audiodescrito explica de fato o que a imagem se propõe a expressar. Em seguida, o material audiodescrito deve ser gravado – preferencialmente, em um estúdio. A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) afirma que: ART. 67 OS SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO DE SONS E IMAGENS DEVEM PERMITIR O USO DOS SEGUINTES RECURSOS, ENTRE OUTROS: subtitulação por meio de legenda oculta; [...] audiodescrição (BRASIL, 2015) Esses recursos assistivos serão essenciais para auxiliar o aluno cego ou com baixa visão em todas as disciplinas. Aprofundaremos nosso conhecimento sobre as tecnologias assistivas: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DE ACORDO COM O QUE ESTUDAMOS, NÃO REPRESENTA EXEMPLO DE LEITOR DE TELA: A) Ampliador de tela do Windows B) JAWS C) NVDA D) JAWS e NVDA E) Virtual Vision e JAWS 2. MARQUE A OPÇÃO CORRETA: A) O sistema braille foi criado no século XX. B) O sistema braille é lido da direita para a esquerda. C) O sistema braille é lido da esquerda para a direita. D) O sistema braille foi desenvolvido por um professor inglês. E) O sistema braille não possui representação de símbolos matemáticos. GABARITO 1. De acordo com o que estudamos, não representa exemplo de leitor de tela: A alternativa "A " está correta. O ampliador de telas do Windows possui exclusivamente a função de ser um ampliador de telas. 2. Marque a opção correta: A alternativa "C " está correta. O sistema braille, conforme estudamos neste módulo, é lido somente da esquerda para a direita. MÓDULO 3 Identificar as práticas pedagógicas aplicadas à inclusão do deficiente visual LEITURA E ESCRITA PELO SISTEMA BRAILLE Identificar a TA é um primeiro passo ao se pensar na inclusão de alunos com deficiência visual. Contudo, torna-se necessário que tais tecnologias sejam inseridas no cotidiano escolar por meio de práticas pedagógicas a fim de que efetivamente possibilitem a autonomia do aluno cego ou com baixa visão. Desse modo, pode-se perceber que a compreensão de noções básicas do sistema braille é fundamental na abordagem de tais práticas pedagógicas, decorrendo daí aimportância de se aprofundar um pouco mais esse sistema. Foto: Shutterstock.com Pessoa cega utilizando um teclado adaptado em braille. Como estudamos, o lugar ocupado pelos símbolos braille é denominado cela ou célula braille. Quando ocupa uma só cela, esses símbolos são denominados simples; se ocupam duas, duplos; três, são triplos – e assim por diante. Os seis pontos que compõem o sistema braille podem ser dispostos em três linhas (14, 25 e 36) ou em duas colunas (123 - coluna esquerda, 456 - coluna direita). Assim, para facilitar a compreensão relativa de cada um dos pontos do sistema, eles são numerados de cima para baixo e da esquerda para a direita, tal como é feito no momento da leitura. Os símbolos braille são dispostos em uma sequência chamada de ordem braille. Serão dispostas a seguir as letras do alfabeto e seus respectivos pontos que as formam em braille: Imagem: Shutterstock.com LETRA A Ponto 1 Imagem: Shutterstock.com LETRA B Pontos 1 e 2 Imagem: Shutterstock.com LETRA C Pontos 1 e 4 Imagem: Shutterstock.com LETRA D Pontos 1, 4 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA E Pontos 1 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA F Pontos 1, 2 e 4 Imagem: Shutterstock.com LETRA G Pontos 1, 2, 4 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA H Pontos 1, 2, 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA I Pontos 2 e 4 Imagem: Shutterstock.com LETRA J Pontos 2, 4 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA K Pontos 1 e 3 Imagem: Shutterstock.com LETRA L Pontos 1, 2 e 3 Imagem: Shutterstock.com LETRA M Pontos 1, 3 e 4 Imagem: Shutterstock.com LETRA N Pontos 1, 3, 4 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA O Pontos 1, 3 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA P Pontos 1, 2, 3, 4 Imagem: Shutterstock.com LETRA Q Pontos 1, 2, 3, 4 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA R Pontos 1, 2, 3, 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA S Pontos 2, 3 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA T Pontos 2, 3, 4 e 5 Imagem: Shutterstock.com LETRA U Pontos 1, 3 e 6 Imagem: Shutterstock.com LETRA V Pontos 1, 2, 3 e 6 Imagem: Shutterstock.com LETRA W Pontos 2, 4, 5 e 6 Imagem: Shutterstock.com LETRA X Pontos 1, 3, 4 e 6 Imagem: Shutterstock.com LETRA Y Pontos 1, 3, 4, 5 e 6 Imagem: Shutterstock.com LETRA Z Pontos 1, 3, 5 e 6 Para que a pessoa com cegueira congênita ou adquirida se aproprie da leitura e da escrita por meio do sistema braille, é necessário haver o exercício da coordenação motora fina e ampla, bem como de experiências táteis. O IBC possui materiais pedagógicos para o ensino que antecedem a escrita e a leitura em braille, como cartilhas e livros para se exercitar a leitura. Contudo, nada impede que o professor crie o próprio material. É importante frisar que, nesse processo de aprendizagem do braille, devem ser oferecidos recursos a fim de que o aluno reconheça e distinga, entre outros, os seguintes itens: TAMANHO DAS LINHAS INÍCIO, MEIO E FIM DELAS ESPAÇO DA CÉLULA BRAILLE A escrita por meio do sistema braille pode ser realizada da esquerda para a direita (máquina de datilografia braille) e da direita para a esquerda (reglete e punção). UTILIZANDO SOROBAN PARA CÁLCULOS ARITMÉTICOS O Soroban – que atualmente é a TA pela qual a pessoa cega ou com baixa visão efetua cálculos aritméticos – pode ser ensinado desde o primeiro ano do ensino fundamental. Esse ensino parte da noção do concreto em relação à quantidade, à lateralidade, ao superior e ao inferior. São introduzidas as noções de classes e ordens simultaneamente com a escrita de números. A posição das mãos, de maneira que consigam trabalhar com autonomia, é primordial para que os cálculos sejam efetuados com êxito. Foto: Shutterstock.com O soroban é dividido em sete classes. Cada uma delas possui três ordens: centena, dezena e unidade. A primeira classe fica na extremidade esquerda dele, enquanto a sétima classe está em sua extremidade direita. A anotação dos números é realizada da esquerda para a direita, isto é, da maior para a menor ordem. Exemplo: em 123, anota-se primeiro o 1 na centena, o 2 na dezena e o 3 na unidade. Os cálculos são feitos do maior valor relativo para o menor. No método Moraes, calcula-se da maior ordem para a menor. EXEMPLO UTILIZANDO O MÉTODO MORAES: QUANTO SOMAM 23 + 22? Anotaremos o 22 na sétima classe e o 23 na primeira, repetindo-o na quinta classe. Em seguida, com as mãos nas dezenas da sétima e da primeira classe, somaremos 2+2=4. Depois, somaremos o 2 da unidade da sétima classe com o 3 da unidade da primeira = 5. O resultado da soma ficará anotado na primeira classe, que, ao final do cálculo, será o número 45 (escrito na primeira classe). No vídeo deste módulo, aprenderemos mais a respeito desse método. TECNOLOGIAS DIGITAIS O uso de tecnologias digitais por pessoas cegas e com baixa visão por intermédio das tecnologias assistivas tem sido uma importante aliada na promoção da autonomia no exercício das atividades da vida diária e escolares. DOSVOX O sistema Dosvox geralmente é a primeira TA usada na introdução do ensino dos recursos computacionais tanto nas salas de recursos multifuncionais quanto nas instituições especializadas no atendimento à pessoa com deficiência visual. Inicialmente, ensina-se a posição das teclas do teclado do computador (que pode ser desktop ou notebook) pela opção teste do teclado do Dosvox. Ela tem sido aprimorada pelos desenvolvedores do sistema com o propósito de motivar e colaborar com a promoção da autonomia da pessoa com deficiência visual no uso do computador. O Dosvox possui diversos jogos pedagógicos e de entretenimento. No entanto, a maior parte deles é usada no processo de alfabetização e no ensino da Matemática. Gradativamente, o usuário se apropria dos atalhos de teclado existentes nesse e em outros aplicativos, agilizando o manejo da tecnologia assistiva. Ao pressionar a tecla de função F9 em qualquer aplicativo Dosvox, é possível acessar a lista de atalhos. EDIVOX Outro aplicativo bastante utilizado – sobretudo pelas pessoas cegas – é o Edivox, que consiste em um editor de textos semelhante ao bloco de notas do Windows. Nesse sistema, o importante é que o professor ensine os atalhos concernentes a copiar e colar, margens, remover linhas etc. No Edivox, pode-se contar com uma calculadora, que, além de realizar cálculos diversos, tem como diferencial o fato de deixá-los salvos em um arquivo. WEBVOX Para o acesso à internet pelo Dosvox, existe o Webvox, um navegador web no qual é possível ter acesso a sites e baixar arquivos e programas. Contudo, infelizmente nem todos os sites possuem uma acessibilidade web compatível com o Webvox. CARTAVOX O Cartavox é um aplicativo semelhante ao Outlook que possibilita enviar e receber e-mails. NVDA O leitor de telas NVDA permite a leitura de telas do Windows, do pacote Office, do Mozilla Firefox e do Google Chrome. Tal como o Dosvox, ele é gratuito. No entanto, pelo fato de o NVDA ser um leitor de telas, e não um programa com aplicativos próprios como o Dosvox, ele amplia o acesso das pessoas cegas e com baixa visão, aproximando-se do que a pessoa que enxerga consegue fazer por meio do computador. No entanto, o acesso à internet, não raras vezes, é limitado, pois nem todos os web designers se pautam pelas normas de acessibilidade web W3C. No tocante aos atalhos de teclado, o leitor de telas NVDA possui atalhos próprios para cada programa que não devem ser confundidos com os próprios atalhos do programa em si. Exemplo: nos navegadores web, o atalho para listar os links de um site é o insert+F7 e, em seguida, seta para cima e para baixo. Enquanto isso, o atalho de qualquer programa para copiar um texto para a área de transferência é o ctrl+c. JAWS Como vimos no módulo anterior, o JAWS é um leitor de telas utilizado pelas pessoas cegas bastante semelhante ao NVDA. Porém, devido ao custo elevado, tem sido pouco utilizado,sobretudo, nas escolas. javascript:void(0) W3C “O W3C Brasil conta com o GRUPO DE TRABALHO DE ACESSIBILIDADE NA WEB do W3C Brasil (GT Acessibilidade na Web), criado em março de 2012 que se reúne periodicamente para planejar ações a serem realizadas no Brasil. [...] Uma das demandas desse grupo foi produzir uma cartilha de acessibilidade na web, para orientar gestores, desenvolvedores, auditores, procuradores, promotores e cidadãos sobre a importância de se preocupar com e investir em acessibilidade na web.” Fonte: W3C, 2021. Foto: Shutterstock.com Com o objetivo de ampliar as possibilidades de acesso do deficiente visual ao mundo digital, é fundamental que o professor de sala de recursos multifuncionais oriente os estudantes no uso dos leitores de tela para dispositivos móveis. Os leitores de tela mais conhecidos são: VOICE OVER Apple TALKBACK Android Ambos proporcionam autonomia no uso dos celulares e tablets, os quais, embora não sejam tecnologias disponíveis nas salas de recursos, podem auxiliar na realização de atividades extraclasse. É importante que o professor saiba orientar as ações para o uso desses recursos, que se diferenciam daqueles feitos sem o leitor de telas ativo. Discorreremos neste vídeo sobre a aplicabilidade de alguns instrumentos de tecnologia assistiva no âmbito da educação inclusiva: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O SISTEMA BRAILLE É, SEM DÚVIDAS, UM DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A INCLUSÃO DO ALUNO CEGO. MAS TAMBÉM PARA AQUELES QUE ESTÃO ENVOLVIDOS NESSE PROCESSO DE INCLUSÃO, É NECESSÁRIO QUE HAJA, MINIMENTE, NOÇÕES ACERCA DESSE PROCESSO DE ESCRITA. ASSIM, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA SOBRE O SISTEMA BRAILLE: A) O lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado reglete. B) O lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado cela ou célula. C) A escrita por meio do sistema Braille, não deve ser ensinada para adultos. D) No sistema Braille, não existem símbolos representados em duas celas. E) Os símbolos no sistema Braille, não podem ser representados em mais de duas celas. 2. O NVDA É UM LEITOR DE TELAS GRATUITO. SENDO ASSIM, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA EM RELAÇÃO AO USO DESSE LEITOR DE TELAS: A) O NVDA possui as mesmas funções do Dosvox. B) O NVDA possui somente os atalhos particulares de cada programa compatível com o Windows. C) O NVDA possui atalhos próprios para cada programa. D) O NVDA possui as mesmas teclas de atalho do Dosvox. E) Os atalhos do NVDA não podem ser compatíveis com o Windows. GABARITO 1. O Sistema Braille é, sem dúvidas, um dos elementos essenciais para a inclusão do aluno cego. Mas também para aqueles que estão envolvidos nesse processo de inclusão, é necessário que haja, minimente, noções acerca desse processo de escrita. Assim, assinale a opção correta sobre o Sistema Braille: A alternativa "B " está correta. Como estudamos, o lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado cela ou célula. Já o reglete é um dos instrumentos utilizados, juntamente com a punção, para a escrita Braille. Ao escrever, os símbolos podem ser representados em 1, 2, ou mais células. E tal escrita pode ser ensinada a pessoas de todas a idades. 2. O NVDA é um leitor de telas gratuito. Sendo assim, marque a alternativa correta em relação ao uso desse leitor de telas: A alternativa "C " está correta. O NVDA possui atalhos para cada programa compatível com ele. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao momento de destacar alguns pontos importantes diretamente ligados ao que estudamos neste tema: os caminhos para aprofundar tais conhecimentos e a possibilidade de sua aplicabilidade na realidade – geralmente, escolar – em que vivemos. A escola especializada IBC oferece a educação básica para as pessoas com deficiência visual e apoia as ações de inclusão escolar por meio das publicações e da adaptação de materiais em braille, bem como das pesquisas que envolvem o deficiente visual. Já na escola de educação básica comum, o AEE precisa ser oferecido de forma a complementar o processo de escolarização regular. Em caso de necessidade, o aluno deve ter acesso ao aprendizado do sistema braille de leitura e escrita, bem como aos recursos de tecnologias assistivas adequados tanto para a realização de cálculos, orientação e mobilidade quanto para o acesso às tecnologias digitais. No caso do estudante com baixa visão, ele tem de acessar as tecnologias digitais cabíveis ao seu processo de ensino-aprendizagem: recursos não ópticos, ampliadores de tela etc. Em relação aos leitores de tela e ao sistema Dosvox, cabe ao professor da sala de recursos multifuncionais II orientar os alunos nos usos dessas tecnologias assistivas, auxiliando na inclusão digital e na realização de tarefas escolares por intermédio, inclusive, de tecnologias móveis. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BERSCH, R. Introdução à tecnologia assistiva. Porto Alegre: Assistiva Tecnologia e Educação, 2017. BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, e o atendimento educacional especializado e dá outras providências. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: Ministério da Educação e Cultura /Consed/Undime, 2018. BRASIL. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Dispõe sobre a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. BRASIL. Manual de orientação: programa de implantação de sala de recursos multifuncionais. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 2010a. CENTRO MAYO DE BAJA VISIÓN. Perla Mayo. Consultado em meio eletrônico em: 5 fev. 2021. FERNANDES, C. T. et. al. A construção do conceito de número e o pré-soroban. Brasília: Ministério da Educação, 2006. GOMES, A. L. L. V. A Educação especial na perspectiva da inclusão escolar: o atendimento educacional especializado para alunos com deficiência intelectual. v. 2. Coleção “A educação na perspectiva da inclusão escolar”. Brasília: Ministério da Educação; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. INTERVOX. José Antonio dos Santos Borges. Consultado em meio eletrônico em: 5 fev. 2021. INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Quem foi Louis Braille. Consultado em meio eletrônico em: 5 fev. 2021. SÁ, E. D. et al. Atendimento educacional especializado – deficiência visual. Brasília: SEESP/SEED/Ministério da Educação e Cultura, 2007. SILVEIRA, C; BASSANI, P. B. S.; REIDRICH, R. O. Avaliação das tecnologias de softwares existentes para a inclusão digital de deficientes visuais através da utilização de requisitos de qualidade. In: Revista Renote – novas tecnologias na educação. v. 5. n. 1. 2007. p. 1-16. EXPLORE+ Conheça mais sobre JAWS, ZoomText e Fusion no site da Freedom Scientific e sobre acessibilidade na página da empresa Virtual Vision. No site Ler para ver, você encontrará informações minuciosas acerca do JAWS. Assista aos vídeos As cores das flores – AD, libras e legenda, excelente exemplo de um produto audiovisual com audiodescrição, e Acessibilidade Android – demonstração da linha Braille Focus 40, que apresenta essa importante TA utilizando um smartphone. Não é difícil encontrar vídeos sobre acessibilidade iOS (Apple). Conheça a startup Cinema cego: desenvolvida na UnB, ela apresenta avanços na área da audiodescrição. Pesquise o portal Bengala legal, do MAQ (Marco Antonio de Queiroz), que tem como objetivo divulgar a acessibilidade, especialmente na internet. Visite o Centro Mayo de Baja Visión: coordenado por Perla Mayo, ele oferece assessoria e formação na área da deficiência visual. CONTEUDISTA Margareth de Oliveira Olegário CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);