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LAGOA DO MUNDAÚ: A VIDA EM MEIO AO LIXO.
	Nome: ANDRADE, Sávio; ESTEVES, Felipe Lucero; SANTOS, Thamires Costa 
	Curso: Engenharia de Produção
	Turma: F104540
1. RESUMO
A lagoa do Mundaú, localizada no estado de Alagoas, tem aproximadamente 27 km² de extensão (ANA, 2006). Ao longo dos anos a região vem sofrendo com a poluição e degradação a partir do descarte irregular de resíduos sólidos domiciliares e industriais que impactam diretamente no desenvolvimento da comunidade, influenciando diretamente na atividade econômica ribeirinha. Com este estudo objetiva-se encontrar alternativas que visam minimizar o descarte incorreto de rejeitos urbanos e proporcionar uma melhor qualidade de vida para a população local. O estudo ocorrerá por meio de revisão bibliográficas e coleta de dados com a empresa responsável pela limpeza urbana.
Palavras Chave: Lagoa Mundaú, deterioração de lagoas, descarte incorreto em lagoas, complexo estuarino lagunar, lixo, resíduos sólidos, poluição, pesca, ambiental e recuperação de lagoas.
2. INTRODUÇÃO
O Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú–Manguaba (CELMM) caracteriza-se pelos corpos aquáticos naturais formados pelas lagoas Mundaú e Manguaba, seus canais, várias ilhas e uma parte estuarina comum a ambas as lagoas. Localizado no litoral médio do Estado de Alagoas, constitui-se em um dos ecossistemas mais representativos do estado e vem sofrendo um processo de degradação ao longo dos anos, resultando em uma situação ambientalmente insustentável (ANA,2006). Com uma área de 27 quilômetros quadrados, a lagoa Mundaú interliga-se com o mar através de uma extensa rede de canais que cortam a planície formando dezenas de pequenas ilhas, o manguezal e a grande variedade de crustáceos e moluscos constituem características que transformam o ambiente em uma paisagem de tirar o fôlego.
A degradação é resultado da forma e da velocidade da exploração de seus recursos naturais e da sua localização estratégica, o que propiciou intensivo uso e apropriação do território e de seus recursos, gerando, por um lado, oportunidades de negócios, emprego e renda, mas, por outro, levando à sua exploração exaustiva e não sustentável. Com o aumento da poluição e a ausência de planejamento e medidas estruturais e educacionais que resolvam o problema à longo prazo, compromete as comunidades que vivem da pesca.
Os sistemas lagunares apresentam grande variedade morfológica e regimes hidrológico e sedimentar diversificados (Kjerfve,2004), assim como possuem múltiplas fontes de matéria orgânica, cada qual com reatividades distintas e com variabilidade espacial e temporal nas suas contribuições relativas em função de fatores biológicos, físicos e geoquímicos predominantes (Bianchi, 2012).
O objetivo deste artigo é encontrar as causas da degradação e da diminuição da atividade pesqueira e marisqueira na região da Lagoa Mundaú, visa também analisar os dados dos impactos socioeconômicos e ambientais que se dão por conta da degradação no entorno do complexo estuarino lagunar Mundaú – Manguaba.
3. METODOLOGIA
A pesquisa se caracteriza como descritiva analítica, esse tipo de pesquisa descreve as características do fenômeno estudado, que no caso é o estudo sobre a deterioração e o descarte incorreto de dejetos sólidos no complexo estuarino lagunar Mundaú-Manguaba, que por sua vez possui áreas de proteção ambiental, e analisar as opções propostas. 
O estudo foi solicitado como avaliação para aprovação na matéria de práticas de pesquisa em engenharia, com duração de pesquisa de quatro meses, sendo entre os meses de fevereiro a junho, contendo uma revisão da bibliografia já publicada sobre o Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba e sua deterioração, e entrevistas com a Superintendência de Limpeza Urbana e na Secretaria de Aquicultura.
Para realizar este tipo de pesquisa será necessário a seleção artigos com base no tema, com as palavras chaves: Lagoa Mundaú, deterioração de lagoas, descarte incorreto em lagoas, complexo estuarino lagunar, lixo, resíduos sólidos, poluição, pesca, ambiental e recuperação de lagoas. Os procedimentos para obtenção dos dados são praticamente os mesmos para as pesquisas qualitativas utilizando questionários de entrevistas para a coleta de dados. 
O método aplicado neste estudo é de revisão bibliográfica de estudos relacionados a deterioração do complexo lagunar Mundaú-Manguaba e da coleta de dados junto a SLUM ( Superintendência de limpeza urbana ) e a Secretaria de Aquicultura equivalente as rotas e locais de descarte disponibilizados e ações de curto, médio e longo prazo para diminuir o impacto causado. 
A pesquisa se caracteriza como analítica de revisão que envolve análise, avaliação e integração da literatura que já foi publicada, para que as conclusões neste estudo sirvam futuramente como guia e conduza projetos eficazes no complexo estuarino lagunar Mundaú-Manguaba.
4. RESULTADOS
A lagoa Mundaú e os moradores de seus arredores tem por principal fonte de sustento a retirada de moluscos, principalmente o Sururu. Com o passar dos anos a lagoa vai ficando mais poluída, recebendo resíduos poluentes pelo ser humano. A qualidade destes resíduos tem uma grande variação, sendo desde lixo doméstico, sobras orgânicas, como fezes, entre outros, estendendo-se a uma grande variedade de objetos descartados. Este contínuo processo de poluição, acontece ocasionado por ação de pessoas que se dirigem á lagoa e largam seus rejeitos nos arredores da lagoa ou até mesmo poluído pelos próprios moradores, o que faz com que a preocupação com a vida da lagoa esteja cada vez mais presente.
Segundo entrevista realizada com um especialista em psicultura e comportamento das águas, todas as lagoas tem um ciclo de vida, ou seja, nascem, vivem e morrem. O que acontece no caso da poluição em maior escala, nada mais é do que uma aceleração deste processo seja por causas naturais, ou por ação humana. Abaixo, iremos elencar as principais causas naturais e por ação humana, para que fique de forma mais claro esse processo de aceleração de fim da lagoa:
Naturais:
Assoreamento: o assoreamento natural é o processo de acúmulo de areia, terra, entre outros na calha de uma bacia hidrográfica, seja ela rio, lago, etc. Esse processo quando ocorrido de forma natural, faz com que, através de força da chuva principalmente, a terra do solo seja levado pela chuva até a calha da bacia hidrográfica diminuindo seu tamanho ao longo dos anos, consequentemente restringindo o tamanho dessa bacia e tirando o espaço dos seres vivos que habitam este local.
Salinidade da água: o Sururu, é um molusco que necessita de sal para sobreviver e procriar. A lagoa Mundaú é uma lagoa que tem o encontro de águas do mar (salgadas) com água doce da lagoa, ou seja, é uma mistura de água salgada e doce. Por ter água do mar, a lagoa Mundaú tem uma determinada salinidade, e o sururu depende de uma determinada concentração de sal na água para poder sobreviver. Essa salinidade pode variar de acordo com a intensidade e força de chuvas ou comportamento das marés. No caso das chuvas, quanto mais chover, com menos salubridade ficará a água e com essa concentração de sal menor, o sururu se desloca para a parte onde entra mais água salgada, mais próximo ao mar e mais longe da costa. Esse processo ocorre da mesma forma quando temos marés mais baixas durante um período e o sururu procura águas salgadas. Esse comportamento acaba impossibilitando a sua retirada por pescadores devido a profundidade destas águas com maior concentração de sal serem muito maiores do que as que os pescadores e extratores deste molusco o retiram com a salinidade maior. Com esses fatores naturais e comportamentos de migração momentânea do molusco, prejudica os pescadores de forma que os mesmos não possuem ferramentas para realizar mergulhos em profundidades maiores do que 2 ou 2,5 metros, fazendo com que tenhamos uma escassez do produto durante estes eventos.
Capacidade produtiva: qualquer concentração de água em qualquer lugar do planeta tem um determinado número de seres vivos que sofre umadeterminada variância de acordo com alguns fatores. Alimentação e reprodução de seres vivos aquáticos tem um determinado ciclo, ou seja, tem uma determinada quantidade de seres vivos que habitam esses locais.
Humanas:
Poluição: o sururu é um ser filtrador, ou seja, ele “limpa” a água. É um ser capaz de despoluir a água pois tem este mecanismo como fonte de alimento. Em uma criação em cativeiro, o sururu precisa que alguns dejetos sejam colocados na água para melhor alimentação e procriação. Geralmente estercos de animais como o porco e o boi.
No caso da lagoa Mundaú, a alta poluição, de todos os tipos de resíduo, impacta diretamente na quantidade deste molusco na água. Esse processo de poluição por todos os tipos de dejetos, sejam eles, plásticos, móveis, lixo doméstico, industrial, fezes, urina em grandes quantidades, acabam tirando o oxigênio da água e oferecendo ao sururu um alimento inadequado, fazendo com que ele morra devido aos baixos níveis de oxigênio da água pela poluição ou então fiquem de menor tamanho, pois não tem uma alimentação correta, precisando serem retirados em maior número e impactando diretamente na quantidade deste ser na lagoa.
Extração irregular: o processo de extração do sururu é completamente informal, ou seja, não tem nenhuma norma para que se possa fazer essa extração da maneira correta neste local. Como dito anteriormente, toda concentração de água tem uma determinada capacidade de produção pesqueira e a extração deste animal sem qualquer respeito ao seu período de reprodução, preocupação com qualidade da água e sua alimentação, proporciona uma queda na quantidade deste ser vivo na Mundaú. De encontro a isto, temos também uma maior quantidade de pessoas extraindo, o que agrava ainda mais o problema, pois estima-se que cerca de 2 a 3 mil pessoas façam parte deste processo de extração. Muita gente extraindo o que cada vez temos em menor número, mostra claramente a escassez deste ser vivo. 
Ocupação irregular:
A poluição exagerada e em grandes escalas á lagoa Mundaú, é em grande parte realizada pelos próprios residentes na sua encosta, muitas vezes por pura displicência dos moradores mas também por falta de saneamento básico e condições minimamente humanas para sobrevivência. A alta poluição gerada pela população e colocada na lagoa, impacta diretamente na vida da mesma, pois acelera o seu processo de deterioração, através da poluição da água, mas também pelo assoreamento de força humana, pois estão sendo colocados moradias e lixo na encosta do rio por estes moradores, causando esse desassoreamento. A ocupação irregular vem junto com queimadas, depositam deste lixo na lagoa, ocupação de espaço por famílias onde deveria se ter vegetação nativa protetora.
Uma grande quantidade de lixo doméstico e industrial despejados diariamente na lagoa, poluindo e contaminando o solo e também o lençol freático. Um estudo batimétrico feito pela ANA (agência nacional das águas) em conjunto com a SEMARH (Secretaria de estado do meio ambiente e dos recursos hídricos), mostra que por ano 280 mil toneladas de lixo vão parar no complexo lagunar (Mundaú Manguaba).
Segundo este especialista algumas ações são fundamentais para a revitalização da lagoa:
Desocupação das margens da lagoa: A retirada dos ribeirinhos das margens da lagoa Mundaú, proporcionaria a plantação de vegetação nativa para melhor proteção da lagoa, iniciaria o processo de limpeza dos resíduos sólidos da lagoa sem que haja reposição da poluição.
Criação de uma estrutura que possa monitorar qualidade da água e empenhar-se intensivamente na recuperação da qualidade da água.
Desassoreamento: o desassoreamento deve liberar espaço para melhor procriação e vivência dos seres vivos da Mundaú, dando maior vida e retardando o processo de fim da lagoa. 
Existe um projeto de revitalização que está gerenciamento pela prefeitura, porém depende de recursos pleiteados junto ao banco mundial para que haja a construção de moradia para os moradores da região ribeirinha da lagoa Mundaú e assim possibilitando a construção de vias no local e colocação de plantação nativa para melhor proteção da lagoa e retirada de resíduos sólidos e limpeza da Mundaú.
5. CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos, foi possível entender parcialmente o atual estado do complexo estuarino lagunar Mundaú-Manguaba, tendo em consideração a contínua degradação desse ambiente. No caso em específico foi observado que tanto causas naturais como antropogênicas tendem a acelerar o processo de definhamento da lagoa, as populações ribeirinhas contribuem imensamente para a deterioração da região, com o descarte incorreto do lixo doméstico. Tal degradação tem impacto direto na economia da região, onde o processo de desertificação do complexo tem afetado a quantidade e a qualidade dos moluscos pescados na localidade. Os órgãos responsáveis pela saúde da lagoa estão esboçando soluções para o problema que deverão ser implantadas na região, levando em conta empecilhos previamente observados por tais órgãos.
A metodologia empregada na realização do presente trabalho fundamenta-se em extensa revisão e análise bibliográfica. Foi possível mediante a conclusão deste trabalho o conhecimento e aprofundamento de tal assunto, permitindo assim uma maior compreensão socioeconômica da região estudada

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