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RECICLAGEM E REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MATERIAIS W BA 07 72 _v 1. 0 22 Bruno Pizol Invernizzi Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Reciclagem e reutilização de resíduos de materiais 1ª edição 33 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Christiano Gianesi Bastos Andrade Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Invernizzi, Bruno Pizol I62r Reciclagem e reutilização de resíduos de materiais/ Bruno Pizol Invernizzi, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 137 p. ISBN 978-85-522-1647-6 1. Química verde. 2. Materiais biodegradáveis. I. Invernizzi, Bruno Pizol. Título. CDD 620 Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 44 RECICLAGEM E REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MATERIAIS SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Química verde e o meio ambiente 6 Tipos de resíduos e classificação dos resíduos, legislação e destinação final 25 Normas da série ISO 14001 45 Prevenção de subprodutos, economia de átomos, sínteses de compostos de menor toxicidade, desenvolvimento de compostos seguros, diminuição de solventes e auxiliares 68 Sustentabilidade em materiais, economia circular e seu impacto 87 Reciclagem de resíduos de materiais poliméricos, metálicos e cerâmicos 110 Métodos de incorporação de resíduos 131 55 5 Apresentação da disciplina Desde os primórdios, o ser humano se organiza em grupos sociais, os quais produzem resíduos, que se resumem a restos de alimentos e excrementos. Com o desenvolvimento da civilização, outras formas de resíduos surgiram, como as embalagens plásticas e os resíduos industriais que poluem o ambiente terrestre e aquático, bem como o ar que respiramos. Quando falamos em resíduos logo nos vêm à mente os que descartamos nas residências, entre os quais temos os restos de alimentos, embalagens descartáveis, excrementos, entre outros. Porém, resíduo é todo o subproduto resultante da atividade humana e, por isso, devemos incluir aos resíduos gerados pelas residências os que são gerados pela indústria, pelos hospitais, pelo comércio, pela agricultura, pelos serviços de varrição, entre muitos outros. As normas e leis brasileiras que seguem conceitos e definições internacionais, como os estabelecidos pela norma ISO 14001, tratam os resíduos mencionados através do conceito de “resíduo sólido”, o que inclui em sua definição todos os resíduos sólidos e semissólidos, que incluem os líquidos e os gases armazenados nesta classificação. A presente disciplina trata os resíduos de materiais com base nos conceitos da química verde, também chamada de química sustentável, os quais visam à eliminação ou, ao menos, a redução no uso de solventes e reagentes que resultam em produtos ou subprodutos que agridam o ser humano ou o meio ambiente. Dentre os conceitos da química verde podem ser destacados os seus 12 princípios e o 3R (reduzir, reutilizar e reciclar). Portanto, a química verde atua no setor produtivo, onde a busca por processos e materiais de menor impacto ambiental é uma preocupação crescente que deve impulsionar novas oportunidades de negócio e de desenvolvimento social e econômico das nações que têm este como uma prioridade. 66 Química verde e o meio ambiente Autor: Bruno Pizol Invernizzi Objetivos • Entender os conceitos envolvidos na química verde. • Comparar a química verde com a química ambiental. • Conhecer os doze princípios da química verde. 77 7 1. O meio ambiente O meio-ambiente consiste na junção do biótico com o abiótico, podendo este ser dividido em quatro diferentes esferas: a água (hidrosfera), o ar (atmosfera), a terra (litosfera) e a vida (biosfera). O meio biótico é constituído por todos os seres vivos, tais como os animais, os vegetais, as bactérias, os fungos, as algas, entre outros; enquanto o meio abiótico é constituído por tudo o que não tem vida, porém permite que a vida ocorra, tais como a água, o ar, os minerais, entre outros. Além das 4 esferas, Manahan (2005) sugere uma quinta esfera, que seria a antroposfera, que é constituída pelas ações do homem, tais como as cidades, os pesticidas, a poluição, as represas, as estradas, entre todas as outras modificações que o ser humano gera no meio-ambiente, seja para o seu conforto ou para a sua sobrevivência. Todas as 5 esferas estão interligadas de alguma forma através da troca de massa e energia, como no caso da hidrosfera, que fornece nutrientes para a biosfera ao mesmo tempo que alimenta a atmosfera e a litosfera com a umidade, por exemplo, servindo ainda para o ser humano em questões como a construção de barragens, as quais são utilizadas para o abastecimento de água das cidades e das hidroelétricas (geração de energia elétrica). As interações das cinco esferas são ilustradas pela Figura 1. 88 Figura 1 – Ilustração das cinco esferas do meio-ambiente Fonte: adaptada de Manahan (2005, p. 4). Devido à ação do homem, o meio-ambiente vem se tornando alvo de estudos, no sentido de buscar formas de preservação, de modo que a ação do homem seja a menos degradante possível, por meio, por exemplo, da utilização de recursos renováveis e do aumento da eficiência energética. Nesse contexto, temos a ação da chamada química verde. 2. Química verde Sempre que um termo é empregado em conjunto com a palavra verde, como, por exemplo, “embalagem verde”, logo nos vem à mente as questões ambientais, uma vez que a palavra verde nos remete à natureza. Com a química verde não é diferente, este conceito é aplicável à indústria e tem como principal objetivo a preservação da natureza, porém essa não deve ser confundida com a química ambiental, pois essas modalidades de química possuem aplicações distintas. O conceito de química ambiental pode ser definido como “o estudo das fontes, reações, transportes, efeitos e destino das espécies químicas 99 9 na água, no solo, no ar, e o meio ambiente e os efeitos da tecnologia sobre este” (MANAHAN1, 2004, apud MANAHAN, 2005, p. 5). Portanto, a química ambiental estuda todos os processos químicos que ocorrem na natureza, independentemente se esses processos são resultantes da ação do homem ou não. Um exemplo desses processos químicos e das suas interações é apresentado pela Figura 2. Figura 2 – Ilustração da definição de química ambiental com contaminantes comuns do meio-ambiente Fonte: adaptada de Manahan (2005, p. 6). A Figura 2 ilustra a definição dada por MANAHAN (2005), onde se observa os produtos resultantes das reações de combustão, dos motores automotivos, tais como óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos, sendo transportados pelo próprio ar atmosférico, resultando em novas reações devido à ação dos raios solares que convertem os poluentes primários em ozônio e materiais orgânicos nocivos, tendo como efeitoa formação da fumaça de poluentes, também conhecida como smog. Por fim, ocorre a deposição das partículas presentes no smog sob a vegetação. 1 Manahan, Stanley E., Environmental Chemistry, 8th ed., CRC Press/Lewis Publishers, Boca Raton, FL, 2004. 1010 O conceito de química verde, por sua vez, pode ser definido como “a prática da ciência química e da manufatura de modo que esses sejam sustentáveis, seguros e não-poluentes, e que consumam o mínimo de materiais e energia enquanto produzem pouco ou nenhum desperdício de materiais” (MANAHAN, 2005, p. 10). Portanto, a química verde se restringe ao uso do meio ambiente por parte do ser humano, onde este engloba o setor produtivo, no sentido de reduzir não somente os subprodutos tóxicos, mas também o consumo de materiais e energia tendo seu foco na redução de desperdícios. Existem outras definições que podem ser dadas para química verde, como: “Química verde pode ser definida como o desenho, desenvolvimento e implementação de produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso ou geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente” (LENARDÃO et al., 2003, p. 124). Neste caso, está explícito que a química verde não se inicia na manufatura propriamente dita, mas ainda no projeto do produto, onde esse deve ser pensado desde a sua concepção para atender às características sugeridas pela química verde. A química verde pode ser dividida em três categorias: i) o uso de fontes renováveis ou reciclagem de matéria-prima; ii) aumento da eficiência de energia, ou a utilização de menos energia para produzir a mesma ou maior quantidade de produto; iii) evitar o uso de substâncias persistentes, bioacumulativas e tóxicas. (LENARDÃO et al., 2003, p. 124) Existe uma forte relação entre a química verde e a sustentabilidade, tanto que esta por vezes é chamada de química sustentável. Tal relação pode ser vista em questões como a reciclagem, a eficiência energética e o uso de fontes renováveis, que são preceitos básicos da sustentabilidade. A química verde, quando praticada de forma correta, pode contribuir na redução dos custos produtivos, uma vez que leva a consumos menores de material e energia através da aplicação de conceitos 1111 11 presentes nos 12 princípios da química verde (a ser explicado no próximo item), sem contar as questões ambientais, onde não somente a sociedade tem o seu ganho, mas também a empresa, pois esta deixa de sofrer com possíveis multas decorrentes de desastres ambientais, por exemplo, além do fato de ter um impacto positivo sobre a visão dos consumidores, os quais estão cada vez mais preocupados com questões ambientais. Segundo reportagem feita pelo jornal O Globo (2017), os brasileiros têm perspectivas de aumento com a preocupação das pessoas em relação ao meio ambiente, além disso, mais de 80% dos brasileiros entrevistados consideram muito relevante a presença de selos nas embalagens, relativos ao meio-ambiente, como o selo FSC® (Forest Stewardship Council), que se trata de uma certificação florestal internacionalmente reconhecida. PARA SABER MAIS A ISO2 14020:2002, que trata dos princípios gerais para a rótulos e declarações ambientais, estabelece a rotulagem ambiental. Além dessa norma, a ISO estabelece outras três normas que tratam de três diferentes tipos de rótulos ambientais, são elas a ISO 14024:2004, que trata da rotulagem tipo I, a ISO 14021:2017, que trata da rotulagem tipo II, e a ISO 14025:2015, que trata da rotulagem do tipo III. A rotulagem do tipo I tem como base alguns critérios aplicados na avaliação do ciclo de vida do produto. A rotulagem do tipo II trata de autodeclarações ambientais, emitidas pelo próprio fabricante. A rotulagem do tipo III é voluntária e tem por base a completa avaliação do ciclo de vida do produto. 2 International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização). 1212 2.1 Os doze princípios da química verde Com o intuito de guiar os profissionais do setor químico no desenvolvimento de produtos e processos que atendam aos preceitos da química verde, Anastas e Warner3 (1998 apud CHANSHETTI, 2014, p. 112) desenvolveram o que ficou conhecido como os doze princípios da química verde. 1. Prevenção: nem todos os resíduos produzidos pelas indústrias são tóxicos, mas todos os resíduos tóxicos são um problema maior. Os resíduos tóxicos sempre são um problema para a empresa que os produz, para a sociedade e também para o meio ambiente, portanto esses devem ser evitados ao máximo, para dessa forma reduzir possíveis custos da empresa com questões como o tratamento de efluentes. ASSIMILE Efluente é um adjetivo do verbo efluir, que significa emanar. Portanto, efluente pode ser definido como um dado material (independentemente do seu estado físico, sólido, líquido ou gasoso) que emana de um determinado processo, ou seja, que advém de um dado processo. Perceba que este não leva em conta a questão de poluição, sendo assim, uma água que foi utilizada por uma indústria e previamente tratada para ser despejada em um rio é denominada também por efluente, neste caso podemos notar que ela foi tratada e se encontra dentro dos padrões de qualidade pré-estabelecidos, mas mesmo assim é chamada de efluente, pois emanou de um determinado processo. 2. Economia de átomos: para produtos sintetizados, deve-se buscar reagentes que tenham o maior aproveitamento possível, gerando dessa forma a menor quantidade possível de subprodutos. 3 Anastas, P.; Warner, J. C. Green chemistry: theory and practice. Oxford Science Publications, Oxford, 1998. 1313 13 3. Síntese de produtos menos perigosos: deve-se evitar o uso e a produção de substâncias tóxicas sempre que possível. 4. Desenho de produtos seguros: a aplicação de produtos atóxicos deve ser prevista já na fase de projeto. 5. Solventes e auxiliares mais seguros: devem ser evitados ao máximo e quando necessário deve-se utilizar produtos que sejam inócuos. Auxiliares são produtos utilizados em conjunto com solventes para aumentar a solubilização, porém quando sozinhos não possuem a capacidade de solubilizar os compostos. Segundo Silva, Lacerda e Jones Júnior (2005 apud LIMA, 2012, p. 5), a utilização de solventes orgânicos é um dos pricipais problemas da indústria química, desde a sua produção até o seu descarte, englobando questões como o seu transporte, manuseio e uso. Esses produtos podem ser voláteis ou não, porém ambos apresentam problemas pela sua toxidade. Contudo, segundo Lima (2012), solventes alternativos aos solventes orgânicos podem ser utilizados, tais como o solvente aquoso, o polietilenoglicol, os flúidos supercríticos e os líquidos iônicos (sais fundidos). 6. Projeto voltado para a eficiência de energia: sempre que possível, as substâncias auxiliares, tais como os solventes, devem ser evitadas. 7. Uso de fontes de matérias-primas renováveis: conforme Lenardão et al. (2003), as matérias-primas renováveis devem ser priorizadas sempre que estas forem tecnicamente e economicamente viáveis. 8. Evitar a formação de derivados: a derivatização desnecessária deve ser minimizada ou, se possível, evitada, porque estas etapas requerem reagentes adicionais e podem gerar resíduos. 9. Catálise: sempre que possível, deve-se aplicar os catalizadores, pois conforme Lenardão et al. (2003), esses são mais eficientes do que os reagentes estequiométricos. 1414 10. Desenho para a degradação: o projeto deve prever que os produtos após a sua utilização se fragmentam em produtos de degradação inócuos. 11. Análise em tempo real para a prevenção da poluição: a prevenção da formação de substâncias tóxicas, futuramente, deverá ser executada por meio do controle e monitoramento do processo em tempo real, para que a possibilidade de formação dessas substâncias seja detectada antes que a sua formação ocorra. 12. Química intrinsicamente segura para a prevenção de acidentes: as substâncias a serem utilizadas comoreagentes, produtos e subprodutos devem ser escolhidas de modo a minimizar riscos de acidentes, tais como vazamentos, incêndios e explosões. Substâncias corrosivas, por exemplo, podem acarretar vazametos, uma vez que irão corroer o material das tubulações, então esse tipo de sustância, juntamente com as inflamáveis, deve ser evitada. Esses doze princípios contribuem para a preservação do meio ambiente, a segurança dos colaboradores da organização e podem resultar em redução de custos com o processo produtivo. Portanto, uma empresa que faça o emprego correto desses será extremamente competitiva, pois além dos pontos mencionados, ainda existe a questão do mercado consumidor, que conforme visto no item 2, tem sido mais crítico em relação ao meio- ambiente no momento da aquisição de um dado produto. 3. Relação entre meio-ambiente, consumo e resíduos O ser humano se apropria do meio-ambiente para se alimentar e produzir os seus itens de consumo, tais como as vestimentas, os eletrônicos e as construções. Todos esses produtos possuem um ciclo de vida, que inicia com o produto na sua forma natural e termina no seu descarte. 1515 15 Como exemplo, podemos citar o alumínio, que inicialmente é extraído na forma do mineral bauxita. A bauxita é constituída em grande parte pela alumina, que é um óxido de alumínio, devendo esta ser processada para obtenção do metal desejado. O alumínio obtido a partir da bauxita é processado, resultando em um dado produto, por exemplo, uma latinha de refrigerante. Essa latinha de refrigerante será enviada para uma empresa, que irá injetar o refrigerante dentro dela e posteriormente lacrá-la. O refrigente contido no interior dessa latinha será consumido e a latinha será posteriormente descartada no lixo. O lixo será recolhido e a latinha de alumínio será separada dos demais materiais por catadores e recicladores, para que posteriormente seja fundida juntamente com outras latinhas. Como resultado desse processo, teremos novas latinhas, portanto ocorreu uma reciclagem do alumínio. A latinha após o consumo do refrigerente é um resíduo sólido, devendo esse receber um tratamento adequado, que poderia ser a reutilização ou a reciclagem, por exemplo. No exemplo citado no parágrafo anterior, a latinha foi reciclada. Outro exemplo de ciclo de vida é o da cana-de-açúcar, que é utilizada na produção de itens como a cachaça e o etanol utilizado na indústria automobilística. Parte desse ciclo de vida é ilustrado pela Figura 3. O bagaço da cana de açúcar já foi tratado como um resíduo sólido que tinha como destino os aterros, porém na atualidade este vem sendo utilizado, por exemplo, para geração de energia em usinas de biomassa. Conforme citado por Paoliello4 (2006 apud BONASSA et al., 2015, p. 147), outras possíveis aplicações são a fabricação de chapas de fibra para construções, produção de celulose, fabricação de matéria plástica, além das aplicações como solvente e ração animal. 4 PAOLIELLO, J. M. M. Aspectos ambientais e potencial energético no aproveitamento de resíduos da indústria sucroalcooleira. 2006. 180f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenha- ria, Bauru, 2006. 1616 Figura 3 – Ciclo de vida da cana-de-açúcar a) Plantação (canavial); b) Industrialização; c) Bagaço da cana-de-açúcar (resíduos). Fonte: a) JoséMoraes/iStock.com. b) Mailson Pignata/iStock.com. c) Atiwat Studio/iStock.com. Resíduo sólido, conforme definido na Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, e na norma ABNT NBR 10004:2004, é uma definição que inclui tanto os resíduos sólidos quanto os resíduos semissólidos e líquidos, porém a Lei, diferentemente da norma, trata também do estado gasoso, onde o armazenamento de gases em recipientes também é considerado resíduo sólido, conforme definições a seguir: Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (Lei Federal nº12.305, 2 de agosto de 2010, item XVI art. 3) Resíduos sólidos: Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam 1717 17 para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT NBR 10004:2004, item 3.1, p.1) Os resíduos sólidos não podem ser confundidos com rejeito, uma vez que o rejeito é um resíduo sólido que já não pode mais ser reutilizado ou reciclado, seja por razões técnicas ou econômicas, ou seja pelo fato de não existir uma tecnologia capaz de permitir, por exemplo, a reciclagem desse resíduo, ou pelo fato de essa tecnologia existir, porém ser muito cara. Contudo, o destino do rejeito é a disposição final ecologicamente adequada para o tipo de resíduo, como, por exemplo, os aterros sanitários. Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. (Lei Federal nº12.305, 2 de agosto de 2010, item XV art.3) O consumo é um ato que segue o ciclo da natureza mantendo o seu balanço, porém quando temos um consumo exacerbado dos recursos naturais, o balanço natural é afetado, podendo até mesmo se tornar irreversível, como a extinção de uma dada espécie. Essa questão do consumo de recursos naturais é somada à geração de resíduos, que também pode ter um impacto negativo, afetando o balanço natural, resultando, por exemplo, na poluição dos rios e da atmosfera por meio da emissão de efluentes líquidos e gasosos. Além do consumismo, o aumento da população também apresenta efeito sobre o consumo humano em relação ao meio ambiente, por fim ainda se deve considerar os efeitos da globalização. Imaginando uma grande população, unindo este aspecto ao consumismo e à globalização, tem-se um grande potencial de degradação do meio ambiente, já que para saciar a demanda por produtos dos mais variados tipos, tem-se um grande uso dos recursos naturais, o que por fim resulta em grande geração de resíduos sólidos. 1818 Conforme dados citados por Hails et al. (2008), o consumo dos recursos naturais pelos seres humanos, no ano de 2008, excedia em 30% a capacidade de regeneração do mundo, deste modo o relatório conclui que se a humanidade continuar neste ritmo até meados de 2030 serão necessários 2 mundos para suprir as suas necessidades. Nesse ponto, o relatório menciona somente as questões de consumo, não levando em consideração a geração de resíduos, o que acentuaria ainda mais a degradação do planeta. 4. Importância dos 3R A Lei Federal nº12.305, de 2 de agosto de 2010, estabelece uma ordem de prioridade para a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, sendo que dentro dessa ordem nós encontramos os 3R (reduzir, reusar e reciclar). Essa ordem de prioridade é estabelecida no sentido de criar uma cultura sustentável, onde se deve evitar ou reduzir ao máximo a geração de resíduos, sendo que quando essas ações não forem possíveis, o resíduo gerado deve ter uma disposição final correta, de modo a evitar ou reduzir ao máximo os impactos ambientais. Conforme definido pela referida lei, a redução da geraçãode resíduos sólidos deve ter precedência sobre a reutilização, sendo que esta última deve ter precedência sobre a reciclagem. Embora conceitualmente esta questão seja simples, a humanidade somente passou a praticá- la nas últimas décadas, sendo que até os dias atuais ainda não temos uma preocupação cultural que seja bem disseminada, como exemplo podemos citar que em muitas cidades brasileiras a coleta seletiva ainda não é realizada, conforme divulgado pelo CEMPRE5 (2016), somente 18% dos municípios brasileiros possuem um sistema de coleta seletiva, o que abrange somente 15% da população brasileira. A redução é a primeira etapa dos 3R, sendo que esta consiste na diminuição da geração de resíduos por meios de reduções no 5 CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) 1919 19 desperdício. Dessa forma, tem-se uma redução nos custos envolvidos no gerenciamento e no tratamento de resíduos. Como exemplos podemos citar a utilização de embalagens comestíveis, no lugar das tradicionais embalagens plásticas ou de papel, e a redução de matéria prima utilizada em algumas embalagens PET (politereftalato de etileno), onde são adotadas espessuras menores, reduzindo assim o uso de recursos naturais e a quantidade de resíduos gerados em peso, já que o volume ocupado continua sendo praticamente o mesmo. A segunda etapa é a reutilização, que seria a aplicação direta do material para a mesma atividade ou para qualquer outra. Um exemplo desse tipo pode ser visto para as garrafas de cerveja e refrigernete, que após o consumo do seu conteúdo seguem a proposta de reutilização e reciclagem. Elas podem ser reutilizadas após passar por um rigoroso processo de lavagem, sendo possível reutilizá-las por até 25 vezes, desde que isso ocorra em um período próximo de um ano. Após este período, independentemente da quantidade de lavagens, desde que não ultrapasse as 25 vezes, as garrafas são recicladas para a fabricação de novas garrafas. Dessa forma, a garrafa não chega a fase de reciclagem, onde essa é somente lavada e reutilizada. Outro exemplo de reutilização é muito aplicado por artistas plásticos, onde este utiliza um material como pneu ou garrafas já utilizadas na construção de artesanatos como cadeiras, mesas e até mesmo casas. A terceira etapa é a reciclagem, a qual deve ser aplicada somente após as outras duas possibilidades terem sido esgotadas. Sendo assim, tem- se o retorno do resíduo para o processo produtivo, devendo este ser utilizado como matéria-prima em um novo processo. Um exemplo é o aço, onde os resíduos sólidos, como, por exemplo, as sobras das chapas de aço de uma estamparia são refundidas para serem utilizadas na fabricação de novas peças. O principal ponto da política dos 3R é conscientizar a população e a organização da importância na redução dos rejeitos. Portanto, 2020 como vimos ao longo deste tema, todos os materiais resultam em algum tipo de resíduo, que por vezes pode ser reutilizado pelo ser humano na forma como este se encontra. Caso a sua reutilização não seja possível, este pode ser reciclado. Apesar de a reutilização e a reciclagem serem ambientalmente corretas, o ideal é reduzir o consumo, de modo a preservar ao máximo o nosso meio ambiente, uma vez que a reciclagem, por exemplo, resulta em um novo processo de industrialização, necessitando de utilização de energia elétrica e insumos. Apesar de ser ecologicamente melhor do que um destino em aterros, ainda assim gera consumo de recursos naturais. TEORIA EM PRÁTICA Você atua para uma empresa que produz peças em aço estampado. Como engenheiro de produto, você deve definir qual destino será dado para os resíduos sólidos gerados em cada processo. A empresa está planejando a produção de um novo produto: uma arruela, com diâmetro externo de 25 mm e diâmetro interno de 15 mm. Para este processo, utiliza-se como material de partida um disco com 25 mm de diâmetro, que tem o seu interior puncionado para remoção de um disco menor com 15 mm. Portanto, como resultado temos o produto, que é a arruela, e um subproduto, que é o disco com diâmetro de 15 mm. Utilizando a visão dos 3Rs, quais propostas podem ser feitas visando à redução da degradação do meio-ambiente? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Analise a definição de resíduos sólidos apresentada pela Lei Federal nº12.305, 2 de agosto de 2010: 2121 21 Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (Lei Federal nº12.305, 2 de agosto de 2010, item XVI art. 3) Assinale a alternativa que traz somente atividades que não geram resíduos sólidos: a. Produção de energia elétrica por meio da queima de combustíveis fósseis. b. Consumo de alimentos em geral. c. Produção automotiva em geral. d. Produção de energia elétrica por meio de usinas eólicas e hidrelétricas. e. Consumo de combustível nas indústrias para produção de bens de consumo, em geral. 2. Analise a sentença abaixo e assinale a alternativa correta: No processo de obtenção do etanol, temos um cenário composto por três fases. Na fase A, tem-se o plantio da cana-de-açúcar, a qual será utilizada como matéria- prima. A fase B é composta pela industrialização da cana-de-açúcar, convertendo sua sacarose em etanol. 2222 Já na fase C temos como resultado do processo, além do produto, a obtenção do bagaço da cana-de-açúcar. a. A fase C retrata os rejeitos. b. A fase C retrata os resíduos sólidos. c. A fase B retrata os resíduos sólidos. d. A fase B retrata os rejeitos. e. A fase A retrata os resíduos sólidos. 3. A Lei Federal nº 12.305/2010 estabelece uma ordem de prioridade para a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, sendo que dentro dessa ordem nós encontramos os 3R, sendo esse um dos conceitos sobre o qual a química verde se apoia. Qual é a ordem correta de p para aplicação dos 3R. a. Reduzir/Reusar/Reciclar. b. Reciclar/Reusar/Reduzir. c. Reduzir/Reciclar/Reusar. d. Reciclar/Reduzir/Reusar. e. Reusar/Reduzir/Reciclar. Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 10004: resíduos sólidos – classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 71 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR ISO 14020: 2002 - Rótulos e declarações ambientais – princípios gerais. Catálogo ABNT. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2658. Acesso em: 25 nov. 2019. https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2658 2323 23 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. 14021: 2017 Rótulos e declarações ambientais – Autodeclarações ambientais (rotulagem do tipo II). Catálogo ABNT. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/norma. aspx?ID=376433. Acesso em: 25 nov. 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. 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Para os alimentos, podemos citar os embutidos, os quais vêm embalados em plástico, onde este plástico será removido e descartado pelo consumidor, sendo um resíduo sólido. Na linha de produção automotiva são gerados resíduos sólidos em diversas fases de industrialização, como, por exemplo, as sobras de material durante o processo de estampagem. Por fim, a produção de energia por meio de usinas eólicas e hidrelétricas não resultam em subprodutos, uma vez que esses utilizam ar e água para cumprir com sua função. Questão 2 – Resposta: B Resolução: Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Como o “bagaço da cana-de-açúcar” se encontra no estado sólido e é resultado da atividade industrial, este se encontra dentro da classificação de resíduo sólido, não podendo ser rejeito, já que na atualidade este item vem sendo empregado, por exemplo, para a produção de energia elétrica. Questão 3 – Resposta: A Resolução: A ordem correta para aplicação dos 3R é reduzir/ reusar/reciclar. 2525 25 Tipos de resíduos e classificação dos resíduos, legislação e destinação final Autor: Bruno Pizol Invernizzi Objetivos • Conhecer os tipos de resíduos que existem. • Entender a forma de classificação dos resíduos. • Compreender as diferenças entre as classificações de acordo com as normas técnicas e na legislação brasileira. 2626 1. Os resíduos sólidos Os resíduos acompanham a humanidade desde o seu primórdio, onde inicialmente esses resíduos eram limitados a restos de alimentos, tais como a carcaça de animais mortos deixados expostos ao ambiente pelos homens primatas, bem como os seus excrementos. Com o desenvolvimento da sociedade, novos tipos de resíduos foram surgindo, tais como os resultantes de processos industriais e até mesmo aqueles presentes no lixo doméstico, onde podemos citar o lixo eletrônico. Com a evolução das formas de resíduos, a sua definição também teve de ser aperfeiçoada de forma que as normas e leis vigentes pudessem enxergar esses diversos tipos, classificar e tratar cada um deles de forma específica e correta. Para tal, utilizamos o termo “resíduo sólido”, que possui uma definição muito mais abrangente do que a empregada no cotidiano da maioria das pessoas. A correta definição desse termo, para que este seja aplicável à legislação brasileira é dada pela Lei nº 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (Lei Federal nº 12.305, 2010, art. XVI) Já para efeitos normativos, a correta definição para resíduos sólidos é dada pela norma NBR ISO 10004 (ABNT, 2004a, item 3.1). Resíduos sólidos: resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes 2727 27 de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. O primeiro ponto a ser observado é que ambas definições não possuem barreira para o estado físico dos resíduos, uma vez que esse pode se encontrar tanto no estadolíquido quanto sólido, semissólido ou gasoso. Outro ponto de congruência entre a norma e a legislação vem do fato de ambos assumirem que somente pode ser tratado como resíduo aquilo que for proveniente da atividade humana, portanto não podemos dizer que os restos de alimento deixados por um dado animal selvagem, como uma onça que se alimenta na mata, seja um resíduo sólido. Contudo, não consideramos que os processos naturais se enquadrem nessa definição. Além disso, para que um líquido se enquadre na definição de resíduo sólido, esse deve ser considerado imprórpio para ser lançado diretamente na rede pública de esgoto ou em corpos de água, que são rios, mares, lagos, entre outros. Portanto, para definir se um dado efluente líquido é ou não um resíduo sólido, deve-se seguir a legislação local, que estabelece limites para cada substância presente neste, determinando se é próprio ou não para ser lançado diretamente em corpos de água ou na rede pública de esgoto. Devemos nos lembrar que efluente é tudo aquilo que sai de um dado processo, portanto esse pode estar em qualquer estado físico, seja sólido, líquido ou gasoso, muito embora tenhamos o costume de utilizar esse termo para discriminar os líquidos que saem de um dado processo e que devem receber um tratamento de efluente anterior ao seu despejo na rede pública. Devemos desmistificar essa ideia, pois esse efluente líquido pode não ser tratado antes de ser lançado na rede pública e, mesmo assim, a empresa não cometerá nenhum crime, uma vez que o efluente gerado por ela atende às normas vigentes para tal, 2828 não se tratando de um resíduo sólido. Um exemplo é a água utilizada nos sanitários que são lançadas diretamente na rede pública de coleta, porém essa não pode ser lançada em corpos d’água. Referente aos gases emitidos pelas chaminés de uma fábrica, podemos dizer que esses são resíduos sólidos também, correto? A resposta é não, pois esses são lançados na atmosfera e, conforme a legislação, para que esse seja considerado um resíduo sólido, deve estar contido em um recipiente. Devemos nos atentar para uma questão em particular, assumir que um gás não é um resíduo sólido não é o mesmo que assumir que este não possui partículas que são consideradas como resíduos sólidos, uma vez que as partículas retidas em um filtro presente em chaminés industriais são classificadas como resíduo sólido. Portanto, para efeitos de norma, os gases emitidos não são resíduos sólidos, porém eles podem conter partículas de resíduos sólidos que devem ser removidas antes do gás ser lançado para a atmosfera, onde esse deve estar dentro dos níveis aceitáveis previstos em normas e leis vigentes para o setor em questão. Neste ponto, existe uma questão: em qual situação um gás poderia estar contido em um recipiente? Entre outras respostas corretas, o principal ponto para tal vem das questões referentes aos créditos de carbono, onde é possível executar o armazenamento de monóxido de carbono para que esses créditos sejam concedidos, porém se deve salientar que existem outras formas de obtenção desses créditos, sendo esse apenas um exemplo. ASSIMILE Créditos de carbono são certificados emitidos quando ocorre uma redução, comprovada, na emissão de gases do efeito estufa. Tais certificados possuem valor monetário atribuído, que podem ser comercializados entre países, 2929 29 possibilitando ao país comprador a maior emissão de gases, sem que este seja penalizado. Tal crédito foi criado para permitir que países desenvolvidos, que dependam de grandes emissões de carbono, possam continuar a fazê- la sem ferir o acordo estabelecido no Protocolo de Kyoto, que estabelece uma meta de 5,2% de redução na emissão de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos. Quando um país adiquire os créditos de carbono, pode ficar abaixo da meta, porém levando em consideração a quantidade de créditos adiquiridos. Além das definições de resíduos sólidos dadas pela norma e pela lei, existe a definição de rejeito, que é de extrema importância, pois pode resultar em confusão com o termo resíduo sólido. Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. (Lei Federal nº 12.305, 2010, art. XV) PARA SABER MAIS O rejeito de minério de ferro vem ganhando destaque na mídia brasileira, desde o rompimento da barragem na cidade de Mariana (novembro de 2015) e posteriormente na cidade de Brumadinho (janeiro de 2019), ambas localizadas no estado de Minas Gerais, as quais eram responsáveis pela contenção desses rejeitos. Conforme a definição de rejeito, não podemos dizer que um resíduo sólido é o resto de um dado processo que será descartado nos lixões e aterros, uma vez que esses exemplos de disposição final caberiam ao que definimos como sendo um rejeito. 3030 Portanto, para efeitos de engenharia, pensando em um processo de produção, podemos dizer que qualquer subproduto é um resíduo sólido, porém a este ainda é possível a aplicação do 3R, onde esse resíduo sólido gerado pode ser reutilizado ou reciclado dentro da própria empresa ou fornecido para que uma outra empresa possa utilizá-lo como matéria-prima para um novo produto. Caso nenhuma dessas atitudes por parte da empresa seja possível, por inviabilidade econômica ou técnica, então teremos o chamado rejeito. Um exemplo de rejeito que vem sendo muito comentado nos últimos anos é o rejeito proveniente do tratamento de minérios, o quail deve ser mantido enclausurado por meio da instalação de barregens, uma vez que na atualidade não existe um processo economicamente viável que permita a reutilização ou a recuperação desse material para uso. Com relação a disposição final ambientalmente adequada aplicável aos rejeitos, essa atividade não pode ser confundida com a destinação final ambientalmente adequada. Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. (Lei Federal nº 12.305, 2010, art. VII) Disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. (Lei Federal nº 12.305, 2010, art. VIII) A diferença entre esses dois termos consiste na aplicação em relação a resíduo sólido e a rejeito, onde destinação final ambientalmente adequada é aplicável a ambos, uma vez que a destinação final pode ser um tratamento adequado para que um dado resíduo sólido retorne de 3131 31 alguma forma à cadeia produtiva. A disposição final ambientalmente correta é dada somente para rejeitos, uma vez que se assume que estes não podem mais ser processados de forma alguma, devendo então ser dispostos de modo que resultem no mínimo impacto ambiental possível. 2. A classificação dos resíduos sólidos A classificação dos resíduos sólidos, assim como a sua definição, também é realizada, no Brasil, por meio da Lei nº 12.305 e por meio da ABNT NBR 10.004, as quais divergem na forma de classificação. A Lei nº 12.305 (BRASIL, 2010) classifica os resíduos sólidos de acordo com a sua origem e a sua periculosidade, enquanto a norma NBR ISO 10004 (ABNT, 2004a) os classifica somente conforme a sua periculosidade. Conforme a Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010), a classificação conforme a origem do resíduo sólido quanto à origem é a seguinte: • Resíduos domiciliares são aqueles gerados nas residências, independentementede essas estarem localizadas em meio urbano ou rural. • Resíduos de limpeza urbana são aqueles gerados pelos serviços de varrição, pela limpeza de estabelecimentos, terrenos, casas, entre outros, limpeza das vias públicas e quaisquer outros locais públicos que possam se enquadrar como limpeza urbana. • Resíduos sólidos urbanos são os resíduos domiciliares e os resíduos de limpeza urbana. • Resíduos de estabelecimentos comerciais e de prestadores de serviço são aqueles gerados por essas atividades, porém não são considerados os resíduos sólidos mencionados em outras classificações presentes na Lei 12.305 (BRASIL, 2010). 3232 • Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico são aqueles gerados por essas atividades, porém não se deve considerar para tal aqueles que são classificados como sendo resíduos sólidos urbanos. • Resíduos sólidos industriais são aqueles que resultam de processos produtivos e das instalações industriais. • Resíduos de serviço de saúde são aqueles gerados pelos serviços de saúde, conforme definido pelo SISNAMA (Sistema Nacional do Meio-Ambiente) e pelo SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária). • Resíduos da construção civil são aqueles gerados pela construção civil, provenientes de reformas, reparos e demolições, o que inclui a preparação e a escavação de terrenos visando que serão utilizados. • Resíduos agrassilvopastoris são aqueles resultantes das atividades agropecuárias e silviculturais, o que inclui todos os resíduos relacionados a insumos utilizados por essas atividades. • Resíduos de serviços de transporte são aqueles origanados em portos, aeroportos e terminais rodoviários, alfandegários e ferroviários e passagens de fronteira. • Resíduos de mineração são todos os resíduos resultantes das atividades de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. Essas são as 11 fontes geradoras de resíduos, porém, para cada uma dessas fontes, deve-se avaliar a periculosidade dos resíduos sólidos, a qual, conforme a Lei nº 12.305 (BRASIL, 2010), pode ser dividida em resíduos sólidos perigosos e não perigosos, onde os produtos perigosos possuem uma definição própria, enquanto os produtos não perigosos são todos aqueles que não se enquadram nessa definição. 3333 33 Resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica. (BRASIL, 2010) A norma NBR 10004 (ABNT, 2004a) classifica os resíduos em duas classes distintas: a classe I, que trata dos resíduos perigosos, e a classe II que trata dos resíduos não perigosos. Esta última é subdividida em duas outras classes: a classe IIA, utilizada para os resíduos não inertes, e a classe IIB, utilizada para resíduos inertes. Os produtos pertencentes à classe I são aqueles que possuem características como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, onde cada uma dessas características recebe um código diferente para facilitar a sua identificação e segregação, além de facilitar durante a tomada de providências quanto a sua aplicação, transporte, armazenagem e destinação final ambientalmente adequada (ABNT, 2004a). Os produtos inflamáveis recebem o código D001, devendo este receber tal classificação após a sua avaliação, que deverá ser executada através da aplicação de normas técnicas específicas quanto ao seu ponto de fulgor, quando sólido, em dadas condições de pressão e temperatura, entre outras detalhadas por norma, este deve ser capaz de produzir fogo. Ainda existem outros dois pontos que a norma avalia, onde o resíduo será considerado inflamável se atender a qualquer uma dessas características, ou até mesmo mais de uma delas (ABNT, 2004a). Caso o produto seja considerado corrosivo, de acordo com ensaios químicos específicos para determinação de características como pH e corrosividade, onde seja constatada a sua corrosividade, então o material recebe o código D002 (ABNT, 2004a). Para o caso de materiais considerados reativos, o código de identificação será o D003, devendo esse material ser avaliado conforme normas 3434 aplicáveis, onde seja possível constatar questões como reações violentas com a água, podendo inclusive resultar em explosões, ou ainda se essa reação resultar na produção de gases, vapores ou fumos tóxicos, que possam vir a agredir a saúde humana ou o meio ambiente. Existem outras situações para teste que não envolvem água, mas onde seja constatado um comportamento explosivo. Caso o material atenda a um ou mais desses requisitos, esse será considerado reativo (ABNT, 2004a). O resíduo deverá ser considerado patogênico, recebendo o código D004, quando: Contiver ou se houver suspeita de conter, microorganismos atogênicos, proteínas virais, ácido desoxiribonucléico (ADN) ou ácido ribonucléico (ARN) recombinantes, organismos geneticamente modificados, plasmídios, cloroplastos, mitocôndrias ou toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais. (ABNT, 2004a) Por fim, os resíduos poderão receber ainda as identificações de D005 a D052 quando forem considerados tóxicos, o que deve ser realizado através da análise por meio do ensaio de lixiviação, a ser executado conforme a norma ABNT NBR 10005:2004 (ABNT, 2004b), devendo ser identificada a presença de substâncias presentes no anexo F da norma, onde é dada uma porcentagem máxima aceitável para cada uma das susbtâncias, de modo que acima dessa porcentagem o resíduo será considerado tóxico. Além do anexo F mencionado para determinação de resíduos tóxicos, existem outros anexos presentes nessa norma que variam de A a H, onde o anexo B traz alguns materiais perigosos obtidos por fontes específicas, relatando onde exatamente esse pode ser encontrado e a sua característica de periculosidade. O anexo A, por sua vez, traz alguns materiais perigosos obtidos por fontes não específicas. Os anexos C, D e E consistem em listas de substâncias que conferem periculosidade aos resíduos, onde os anexos D e E são focados nas substâncias tóxicas. O anexo H contém uma lista com alguns resíduos classificados como não sendo perigosos. Já o anexo G é utilizado na determinação dos 3535 35 resíduos não perigosos, para que esses possam ser classificados como inertes ou não inertes. Para os resíduos que não se enquadram na classificação de perigosos, deve-se realizar testes conforme a norma ABNT NBR 10006 (ABNT, 2004c), onde esses são colocados em contato dinâmico e estático com a água destilada ou deionizada. Nesse teste, deve-se avaliar se o resíduo em análise é solubilizado pela água. Caso ocorra a solubilização, para que o resíduo seja considerado inerte, os valores referentes a cada substância solubilizada deverão ser inferiores aos valores presentes na tabela G, caso contrário esse será considerado como um resíduo não perigoso, porém não inerte. Conforme descrito na norma ABNT NBR 10004 (ABNT, 2004a), os resíduos classe IIA não perigosos e não inertes possuem algumas propriedades que podem ser requeridas para alguns produtos, tais como a biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Visando um melhor entendimento sobre o método a ser seguido para classificação de um resíduo, a norma ABNT NBR 10004 (ABNT, 2004a) traz um fluxograma contendo a sequência das etapas a serem empregadas para a classificação. Figura 1 – Caracterização e classificação de resíduos, conforme a norma ABNT NBR 10.004 Fonte: adaptada de ABNT NBR 10004 (ABNT, 2004a). 3636 3. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei Federal nº 12.305 (BRASIL, 2010), que tem por objetivo o gerenciamento dos resíduos sólidos, bem como a responsabilidade dos setores públicos e privados sobre tal questão. Portanto,a lei nº 12.305 vai além da classificação dos resíduos sólidos, não sendo aplicável somente aos resíduos radioativos, uma vez que a responsabilidade sobre esses é da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), possuindo legislação específica. Dentre os princípios da PNRS, podem ser destacados a prevenção e a precaução, o princípio do poluidor-pagador e do protetor-recebedor, a ecoeficiência e a responsabilidadecompartilhada pelo ciclo de vida do produto. Por meio desses princípios, é possível notar que a preservação do meio ambiente é realizada pela interação entre os diversos setores, onde a PNRS cita limites e responsabilidades, por exemplo, para os municípios, para os estados e para as empresas do setor privado, estabelecendo a ideia de quem polui mais deve também pagar mais. Dentre os objetivos, podem ser destacados a preservação da saúde pública e do meio ambiente,por meio da sustentabilidade e do desenvolvimento de novas tecnologias que busquem a redução do consumo de recursos naturais, criando cadeias produtivas mais sustentáveis. Dos instrumentos utilizados pela PNRS podem ser citados a pesquisa científica e tecnologia, a educação ambientala coleta seletiva, os incentivos fiscais, financeiros e creditícios fornecidos pelo governo e a criação do sistema nacional de informações sobre a gestão de resíduos (SINIR). Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR: tem como objetivo armazenar, tratar e fornecer informações que apoiem as funções ou processos de uma organização. Essencialmente é composto 3737 37 de um sub-sistema formado por pessoas, processos, informações e documentos, e um outro composto por equipamentos e seus meios de comunicação. (MMA, [201-]) O ciclo de vida do produto que tem por objetivo mapear todas as etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, desde a obtenção da matéria prima até a disposição final, também é incentivado pela PNRS. Além do PNRS, a lei nº 12.305 (BRASIL, 2010) prevê que os estados e municípios também devem fazer os seus planos de resíduos sólidos, bem como as empresas privadas que atendam aos requisitos presentes na seção V presente no capítulo II dessa lei, onde dá-se ênfase aos geradores de resíduos perigosos e empresas de construção civil, entre outros. No artigo 33, presente na seção II do capítulo III da lei nº 12.305 (BRASIL, 2010), é colocada a obrigatoriedade de estruturação e implementação de um sistema de logística reversa por parte das organizações privadas, isentando os estados, municípios e a federação da coleta de alguns produtos específicos, tais como pilhas, pneus, óleos lubrificantes, agrotóxicos, entre outros. Por fim, o capítulo IV presente na lei nº12.305 (BRASIL, 2010) trata, nos artigos de 37 a 41, dos resíduos perigosos, onde é descrita, por exemplo, a necessidade de autorização ou licenciamento de empreendimentos que gerem ou operem resíduos perigosos, devendo esses serem avaliados por autoridades competentes, além da necessidade da criação de um plano de gerenciamento de resíduos perigosos. 4. Outras leis aplicáveis Além da lei nº12.305 (BRASIL, 2010), existem outras leis, decretos, portarias e resoluções que são aplicáveis aos resíduos sólidos, onde se pode destacar os seguintes documentos: 3838 • Resolução CONAMA nº 481 (BRASIL, 2017), que estabelece critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade ambiental do processo de compostagem de resíduos orgânicos, e dá outras providencias. • Resolução CONAMA nº 450 (BRASIL, 2012), que dispõe sobre recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado. • Resolução CONAMA nº 404 (BRASIL, 2008), que estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos. • Resolução CONAMA nº 375 (BRASIL, 2006), que define critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras providências. • Resolução CONAMA nº 358 (BRASIL, 2005), que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. • Resolução CONAMA nº 307 (BRASIL, 2002), que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. • Resoluão CONAMA nº 23 (BRASIL, 1996), que dispõe sobre as definições e o tratamento a ser dado aos resíduos perigosos, conforme as normas adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito. • Resolução CONAMA nº 5 (BRASIL, 1993), que dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários. 3939 39 TEORIA EM PRÁTICA Você é o engenheiro responsável pela destinação final em uma empresa de demolição que atua prestando serviços para o setor público. Essa empresa foi contratada para a demolição de uma instalação hospitalar, porém durante essa demolição surgiu uma dúvida: “Qual a correta classificação e tratativa para os materiais presentes neste estabelecimento, uma vez que entre esses materiais existem alguns que foram utilizados para a construção das instalações de radiologia”. Avalie essa questão, cite qual documento deve ser aplicado nessa avaliação e qual a correta classificação e destinação final para esses produtos. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A lei nº12.305 (BRASIL, 2010) define diversos termos comumente aplicados aos resíduos sólidos. A questão da definição é de suma importância, uma vez que setores diferentes de uma mesma organização, por exemplo, podem ter diferentes entendimentos sobre um determinado termo. Contudo, avalie as alternativas abaixo e assinale aquela que traz a correta definição para o termo rejeito a. Resíduos sólidos que não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. 4040 b. Efluentes sólidos, líquidos ou gasosos que não podem ser lançados diretamente na rede pública de esgoto, sem passar por um tratamento prévio c. Resíduos sólidos que ainda podem ser reaproveitados para reciclagem e reutilização. d. Resíduos que após passarem por processos, seguindo a sequência lógica do 3R, podem ser reaproveitados e. Resíduos sólidos que apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental 2. Assinale a alternativa que corresponde ao termo que pode ser definido por: “aplicável especificamente aos resíduos sólidos, tem como objetivo armazenar, tratar e fornecer informações que apoiem as funções ou processos de uma organização. Essencialmente é composto de um sub-sistema formado por pessoas, processos, informações e documentos, e um outro composto por equipamentos e seus meios de comunicação” (Lei n°12.305/2010). a. CONAMA. b. SISEMA. c. SINISA. d. SINIR. e. SINIMA. 3. Analise a figura abaixo e responda: 4141 41 a. Os resíduos perigosos são divididos em inerte e não-inerte. b. Caso o material possua constituintes que são solubilizados em concentrações superiores ao anexo G, esse deverá ser classificado como pertencente à classe IIA. c. Caso o material conste no anexo A, não se pode concluir nada a respeito da sua periculosidade. d. Para que a análise seja realizada de forma correta, deve ser iniciada pela avaliação de inércia química onde o material será definido como perigoso ou não perigoso. e. Caso o material seja inflamável, esse deverá ser considerado como pertencente à classe II. 4242 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 10004: resíduos sólidos – classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 71 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 10005: procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos. 1. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004b. 16 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 10006: procedimento para obtenção de extrato solubilizadode resíduos sólidos. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004c. 71 p.BRASIL. Constituição (2010). Lei nº 12305, de 2 de agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. 3. ed. Brasília, DF, 2 ago. 2010. BRASIL. Resolução CONAMA n° 5, de 5 de agosto de 1993. Gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários. Publicado no D.O.U. nº 166, de 31 agosto 1993. BRASIL. Resolução CONAMA n° 23, de 7 de dezembro de 1994. Institui procedimentos específicos para o licenciamento de atividades relacionadas à exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural. Publicado no D.O.U. nº 248, de 30 dezembro 1994. BRASIL, Resolução CONAMA n° 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Publicado no D.O.U. nº 136, de 17 julho 2002. BRASIL. Resolução CONAMA n° 358, de 29 de abril de 2005. Tratamento e a disposição fi nal dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Publicado no D.O.U. nº 84, de 4 maio 2005. BRASIL. Resolução CONAMA n° 375, de 29 de agosto de 2006. Define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras providências. Publicado no D.O.U., de 30 agosto 2006. BRASIL. Resolução CONAMA n° 404, de 11 de novembro de 2008. Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos. Publicado no D.O.U. nº 220, de 12 novembro 2008. BRASIL. Resolução CONAMA n° 450, de 6 de março de 2012. Altera os arts. 9º, 16, 19, 20, 21 e 22, e acrescenta o art. 24-A à Resolução nº 362, de 23 de junho de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, que dispõe sobre recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado. Publicado no D.O.U., de 7 março 2012. BRASIL. Resolução CONAMA n°481, de 3 de outubro de 2017. Estabelece critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade ambiental do processo de compostagem de resíduos orgânicos, e dá outras providências. Publicado no D.O.U., de 04 outubro 2017. 4343 43 JURAS, Ilidia da Ascenção Garrido Martins. Legislação sobre resíduos sólidos: Comparação da Lei 12.305/2010 com a Legislação de Países Desenvolvidos. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012. 55 p. Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos- e-notas-tecnicas/areas-da-conle/tema14/2012_1658.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019. MMA. Ministério do Meio Ambiente. Manejo de resíduos sólidos urbanos – destaques da Polítca Nacional de Resíduos Sólidos. [201-]. Disponível em: https://www.mma.gov. br/estruturas/srhu_urbano/_arquivos/folder_pnrs_125.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019. PUPIN, Patrícia Lopes Freire; BORGES, Ana Claudia Giannini. Acertos e Contradições na Interpretação da Lei 12.305/10 nos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Microrregião de Jaboticabal/SP. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, [s.l.], v. 3, n. 15, p.158-175, 1 set. 2015. ANAP - Associacao Amigos de Natureza de Alta Paulista. http://dx.doi. org/10.17271/231884723152015. Gabarito Questão 1 – Resposta: A Resolução: Todo rejeito é um resíduo sólido que não pode ser recuperado para retornar ao processo por meios que sejam economicamente ou tecnicamnente viáveis, devendo esses serem encaminhados para a disposição final ambientalmente adequada, portanto a alternativa (a) é a correta. As alternativas (b) (c) e (d) se enquadram na definição de resíduos sólidos, e não na definição de rejeito. A alternativa (e) é a correta definição de resíduos perigosos, que não necessariamente são rejeitos. Questão 2 – Resposta: D Resolução: O termo cuja definição dada se aplica é o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir). CONAMA é a sigla para Conselho Nacional do Meio Ambiente, não se tratando de um sistema, conforme indicado pela definição. SISEMA é o sistema estadual do meio ambiente, aplicável para Minas Gerais. SINISA é o sistema nacional de informações em saneamento básico. SINIMA é o sistema nacional de informação sobre o meio ambiente http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/areas-da-conle/tem http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/areas-da-conle/tem https://www.mma.gov.br/estruturas/srhu_urbano/_arquivos/folder_pnrs_125.pdf https://www.mma.gov.br/estruturas/srhu_urbano/_arquivos/folder_pnrs_125.pdf http://dx.doi.org/10.17271/231884723152015 http://dx.doi.org/10.17271/231884723152015 4444 Questão 3 – Resposta: B Resolução: Os resíduos não-perigosos são divididos em inerte e não-inerte, enquanto os resíduos classificados como sendo perigosos não possuem subdivisão, portanto a alternativa (a) está errada. Caso os materiais constem no anexo A ou no anexo B, esse será considerado perigoso, portanto a alternativa (c) está errada. A análise para classificação dos resíduos sólidos deve ser iniciada pela periculosidade, e não pela inercia química, portanto, a alternativa (d) está errada. Os materiais inflamáveis são perigosos, portanto pertencem à classe I, contudo a alternativa (e) está errada. 4545 45 Normas da série ISO 14001 Autor: Bruno Pizol Invernizzi Objetivos • Entender processo de criação das normas. • Conhecer a norma ABNT NBR ISO 14001. • Entender o processo de auditoria das normas de um sistema de gestão. • Conhecer outras normas da série ISO 14000. 4646 1. ISO, ABNT e suas normas Imagine que durante a colocação do estepe você perdeu uma das porcas que prende o pneu do seu carro à roda. Como você procederia para comprar uma nova porca? A resposta é muito simples, basta você ir até uma loja e dizer qual a serventia da porca, qual é o modelo e ano do seu carro. De uma forma muito simples, é possível levantar a especificação dessas porcas em uma loja especializada em peças para automóveis ou até mesmo pela internet. Porém, isso somente é possível devido às especificações técnicas que garantem a uniformidade da porca que está sendo adquirida, de modo a garantir que ela servirá no seu carro da mesma forma que a anterior servia. Perceba que sem a especificação, você teria que testar cada um dos modelos de porcas disponíveis na loja, portanto, as normas e especificações técnicas servem exatamente para garantir a uniformidade de produtos e, em alguns casos, processos, visando à segurança e satisfação dos clientes, de modo que este possa comprar um mesmo produto em qualquer lugar do mundo. Logicamente que tudo seria mais fácil se todos utilizassem as mesmas normas, o que não ocorre, uma vez que cada país possui as suas próprias normas, podendo estas divergirem em aspectos técnicos, como dimensões e limites de resistência. Para sanar, ou ao menos reduzir tais problemas, existe a ISO (International Organization for Standardization – Organização Internacional para Padronização), que é responsável por escrever normas técnicas que sejam de interesse internacional, garantindo que um dado produto seja fornecido da mesma forma em todos os países que utilizam essas normas como base. Cada país possui as suas normas e entidades próprias, que podem se basear nas normas da ISO, visando ao atendimento de demandas 4747 47 globais. Então, pensando dessa forma, a engenharia não apresenta diferenças ao redor do mundo? Não é bem assim, uma vez que existem normas específicas de cada país que podem não estar alinhadas com as normas da ISO, uma vez que cada país possui interesses próprios. Um exemplo típico seria olhar para as normas dos EUA, as quais utilizam basicamente o sistema de medição em polegadas (sistema inglês), enquanto a norma ISO utiliza o sistema métrico, que possui medidas com base em milímetros. Portanto, temos um impasse neste ponto, o que poderesultar em problemas de ordem prática. Quando falamos nas normas de Sistemas de Gestão, tais como as normas ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental) e ISO 45001 (Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho), isso não acontece, uma vez que os países membros da ISO adotaram essas normas em seus sistemas produtivos para garantir a intercambialidade desses sistemas entre países. A ISO é constituída por 164 países membros, dentre os quais inclui-se o Brasil, que participam da produção das normas técnicas publicadas por essa instituição. A participação de cada país é realizada por meio das instituições responsáveis pelo estabelecimento de padrões e normas em tais países, os quais são tidos como membros da ISO. No caso do Brasil, a instituição responsável é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que foi fundada no ano de 1940, tendo sido reconhecida pelo Governo Federal como Foro Nacional de Normalização, que é responsável pelas normas técnicas, através da Lei nº 4.150 de 1962. Embora a ABNT seja reconhecida como a entidade responsável pelas normas técnicas, é uma instituição não-governamental, tratando-se de uma entidade privada sem fins lucrativos. Para a elaboração das normas técnicas da ABNT, que recebem o nome de ABNT NBR, são utilizados diferentes órgãos internos, que são os 4848 Comitês Brasileiros (ABNT/CB), os Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e as Comissões de Estudos Especiais (ABNT/CEE). Os comitês brasileiros são responsáveis por coordenar, planejar e executar as atividades normativas da instituição, enquanto os organismos de normalização setorial são comitês brasileiros que tratam de assuntos setoriais específicos. As comissões de estudo, que fazem parte dos comitês brasileiros, são criadas com o intuito de elaborar e revisar as normas técnicas da ABNT. Para elaboração de uma nova norma técnica, o processo é iniciado por meio de uma demanda, podendo ter como origem a solicitação de uma pessoa física, uma organização governamental ou não, uma entidade ou um organismo regulador, como, por exemplo, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), para o caso das normas ambientais. Para tal, o tema a ser abordado deve ser levado à ABNT, para que esta possa analisar se é pertinente ou não a criação de uma norma para este assunto. Caso a solicitação seja validada, é aberta uma consulta nacional, sendo essa divulgada pela ABNT para que todas as partes interessadas no assunto possam se manifestar sobre. Dessa forma, a normalização é realizada de forma democrática, onde qualquer parte envolvida pode solicitar a criação de uma norma, porém para que essa seja aprovada, todas as partes envolvidas podem opinar sobre o assunto em questão, inclusive pessoas físicas. Logicamente que, após a conclusão da consulta nacional, os resultados são analisados pelo comitê técnico responsável, que irá avaliar se a norma pode ser validada como está ou não, garantindo assim que possua validade técnica e seja relevante para a instituição, o país e as partes envolvidas. O mesmo processo pode ser seguido para a ISO, onde caso um dado país queira, este pode sugerir a criação de uma norma internacional, tendo por base uma norma criada pela sua entidade normalizadora. 4949 49 PARA SABER MAIS Como vimos, a entidade normalizadora no Brasil é a ABNT, mas e em outros países, quais entidades são responsáveis pela normalização? Nos EUA, por exemplo, a ASTM (American Society for Testing and Materials), a ASME (American Society of Mechanical Engineers) e a SAE (Society of Automotive Engineers) são algumas das entidades responsáveis pela normalização, onde cada uma é responsável por um dado segmento. Na França, a entidade normalizadora é a AFNOR (Association Françoise de Normalisation), na Alemanha é a DIN (Deutsches Institut für Normung), no Japão é a JIS (Japonese Industrial Standards) e na Inglaterra é a BSI (British Standards Institution). 2. ABNT NBR ISO 14001:2015 O Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB-038) e pela Comissão de Estudo de Sistema de Gestão Ambiental (CE-038.001.001). A elaboração da norma ABNT NBR ISO 14001:2015 seguiu de perto a ISO 14001:2015, considerando os aspectos técnicos, estrutura e redação. ASSIMILE Devemos ter cuidado com a nomenclatura das normas NBR (Normas Brasileiras), uma vez que existem as normas brasileiras, produzidas com numeração de forma seriada pela ABNT, as quais tratam de temas relevantes às instituições brasileiras, porém também existe as normas ABNT que são baseadas em normas ISO, que seguem uma 5050 numeração internacional. Como exemplo, podemos citar a norma ABNT NBR 14006, que é aplicável para móveis escolares, não sendo pertencente à mesma série da norma ABNT NBR ISO 14001. Porém, existe a norma ABNT NBR ISO 14006 que trata de diretrizes para incorporar o ecodesign, sendo uma norma do sistema de gestão ambiental. Portanto, deve-se cuidar em relação à presença da nomenclatura ISO nas normas ABNT baseadas em normas ISO, pois a numeração dessas pode ser a mesma, porém tratando de assuntos distintos. A ABNT NBR ISO 14001 traz, como sendo objetivos de um sistema de gestão ambiental, a provisão de uma estrutura que seja capaz de condizer as empresas à proteção ambiental e à sustentabilidade. Segundo a norma ABNT NBR ISO 14001 (ABNT, 2015), essa norma auxilia as empresas nos desenvolvimentos dos seguintes meios, que são utilizados para atingir esses objetivos: • A empresa deve possuir meios de prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos. • A empresa deve possuir meios para mitigar efeitos adversos do meio ambiente na organização. • A empresa deve ser capaz de atender a requisitos legais e outros requisitos que impactem na sustentabilidade do meio-ambiente e da própria empresa. • A empresa deve possuir meios de implementar e controlar o aumento do seu desempenho ambiental. • A empresa deve possuir meios de controlar ou influenciar os seus produtos e serviços desde o seu projeto até o seu descarte, prevendo e prevenindo possíveis impactos ambientais no ciclo de vida do produto. 5151 51 • A empresa deve ser capaz de alcançar benefícios financeiros e operacionais que resultem na sustentabilidade dos seus processos. • A empresa deve possuir meios que permitam o conhecimento de todas as informações, pertinentes as questões ambientais, pelas partes interessadas. O sistema de gestão ambiental, assim como todos os demais sistemas de gestão baseados nas normas ISO, como é o caso da norma ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade), deve buscar a melhoria contínua por meio da aplicação do ciclo PDCA (Planejar – Fazer – Checar – Agir). A norma em questão permite que a empresa realize autoavaliações do seu sistema de gestão ambiental, buscando confirmações da sua conformidade por meio da geração de evidências, de modo que as partes interessadas possam ser asseguradas sobre essas conformidades. Também é parte dessa norma a certificação para que a empresa possa comprovar junto à sociedade a eficiência e eficácia dos seus processos, assegurando que esta segue na busca da sustentabilidade. O escopo da norma ABNT NBR ISO 14001 (ABNT, 2015) traz a abrangência dessa norma, o qual possui seu foco voltado para a sustentabilidade, resultando não somente em ganhos para o meio- ambiente e a sociedade, mas também em ganhos para os acionistas e colaboradores, cobrindo dessa forma todas as partes interessadas através do aumento do desempenho ambiental, do atendimento a todos os requisitos legais e outros requisitos julgados como necessários, seja por partes internas ou externas, e através do alcance de objetivos ambientais traçados pela empresa, os quais devem ser acompanhados por meio de indicadores. Esta Norma especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental.Esta Norma é destinada ao uso por uma organização que busca gerenciar suas responsabilidades ambientais de uma forma sistemática, que contribua para o pilar ambiental da sustentabilidade. (ABNT, 2015) 5252 A norma ABNT NBR ISO 14001:2015 é uma norma facultativa, não sendo obrigatória. Porém, conforme descrito em seu escopo, essa pode ser implementada por empresas que buscam um aumento real de desempenho ambiental, o qual resultará em ganhos, por exemplo, por meio da redução de desperdícios e do aumento do desempenho dos materiais e processos aplicados. Além disso, uma empresa que possui um sistema de gestão ambiental eficaz terá mais dados para comprovar as partes interessadas, tais como o cliente e os órgãos governamentais, o atendimento a requisitos legais. Pelo escopo da norma, esta é aplicável a todo e qualquer tipo de empresa, sendo governamental ou não, com ou sem fins lucrativos e independente do seu porte. Como a norma não traz critérios específicos em relação ao desempenho ambiental a ser atingido pela organização, esta deve se encarregar de avaliar quais critérios deverão ser utilizados, tendo por base a legislação, os requisitos de clientes pretendidos e requisitos que a própria organização julgue estratégico e necessário. Contudo, como existem critérios que podem ser definidos pela empresa, esses podem a qualquer momento deixar de ser relevantes por algum motivo, podendo ser redefinidos ou até mesmo removidos do escopo da empresa, caso essa julgue desnecessário. Logicamente que os critérios legais devem ser mantidos, devendo esses serem atendidos à risca, onde, por motivos internos, a empresa pode optar por restringir ainda mais esses critérios, deixando-os mais apertados, porém não pode em hipótese alguma alargar esses critérios além das faixas presentes na legislação pertinente. Dentre as definições presentes na norma, podem-se destacar algumas como a definição aplicável a riscos e oportunidades, que são definidos como sendo qualquer efeito potencial adverso ou benéfico, ou seja, quando falamos em riscos e oportunidades não nos referimos somente a questões que podem afetar de maneira negativa o nosso processo, mas temos que avaliar cada questão de modo a enxergarmos as 5353 53 oportunidades que essas adversidades nos trazem, tendo uma visão mais holística, buscando a previsão e mitigação de riscos. Outro ponto muito pertinente à norma e tratado de forma contínua por essa é a questão do ciclo de vida do produto ou serviço, que engloba desde a aquisição da matéria-prima até o seu descarte e disposição final. Esse ciclo deve ser avaliado de forma constante, de modo que todos os riscos e oportunidades sejam previstos e mitigados ou aproveitados ao máximo, por meio da aplicação do ciclo PDCA. A organização deve ser entendida e contextualizada através da determinação das suas questões internas e externas, de modo que todos os seus pontos fortes e fracos estejam bem delimitados visando à busca pelo atendimento aos objetivos ambientais traçados pela organização. Todos esses pontos, inclusive a avaliação, que pode ser realizada, por exemplo, por meio de uma análise aplicando a matriz SWOT (Strength, Weakness, Opportunities e Threats), sendo traduzida como matriz FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), devem constar no escopo da organização juntamente com outras questões, como as atividades, produtos e serviços ofertados por essa. Para o atendimento aos requisitos da norma, a organização deverá também, conforme descrito no item 4.4 da norma ABNT NBR ISO 14001, “estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão ambiental” (ABNT, 2015). Portanto, para a empresa que pretende ser certificada ISO 14001, deve não somente apresentar um plano sobre o que será executado, mas deve inclusive comprovar que este já foi implementado e melhorado, de modo que o auditor possa comprovar que o sistema é atuante, eficiente e eficaz. Para a norma ABNT NBR ISO 14001, seguindo os preceitos das outras normas aplicáveis aos sistemas de gestão, como a norma ISO 9001 (Sistemas de Gestão da Qualidade), a liderança da organização possui papel fundamental e central, onde não é possível delegar 5454 todas as funções da alta direção em relação aos assuntos pertinentes à alta direção para um funcionário em específico, que antes era denominado por Representante da Direção (RD). Porém, a norma permite que sejam delegadas funções como o acompanhamento do desempenho e a liderança em relação aos assuntos pertinentes à norma. Em versões anteriores, o RD isentava por completo a responsabilidade da direção, que não precisava ter conhecimento sobre o desempenho do sistema de gestão ambiental. Na revisão de 2015, a norma permite que seja delegado o acompanhamento, porém os resultados devem ser relatados à alta direção, que deve acompanhar o desempenho do sistema de gestão ambiental. Além disso, “a alta direção deve estabelecer, implementar e manter uma política de gestão ambiental” (ABNT, 2015), que deve estar alinhada aos objetivos e estratégias da organização, levando em consideração o contexto no qual esta está inserida. A política de gestão ambiental deve ser mantida documentada e ser divulgada a todos os colaboradores e partes interessadas, devendo esta ser uma forma de comprometimento da organização com a sustentabilidade do meio ambiente e dos seus processos, que devem atender a requisitos legais e específicos, além de serem melhorados de forma contínua, visando ao desempenho ambiental. Para auxiliar a alta direção nas suas funções, esta pode atribuir autoridade, por exemplo, aos gestores de área, para que esses possam assegurar o atendimento aos requisitos normativos, bem como relatar o desempenho deste para a alta direção, porém essa delegação não pode extrair da alta direção a responsabilidade pelo sistema de gestão ambiental. O planejamento do sistema de gestão ambiental deve levar em consideração os riscos e oportunidades envolvidos nos negócios da organização, estando esses em acordo com os itens abordados no escopo do sistema de gestão ambiental da organização, bem como 5555 55 com a política de gestão ambiental e os seus objetivos, de modo a buscar a melhoria contínua aplicável para a mitigação desses riscos e oportunidades identificados. Os aspectos ambientais envolvidos nos processos, produtos e serviços da organização, assim como os riscos e oportunidades, devem ser identificados, controlados e monitorados, onde cada mudança que venha a ocorrer deve ser devidamente planejada e analisada criteriosamente. Sobre esses aspectos, a organização deve manter informações documentadas, bem como os critérios utilizados para a sua identificação. A norma ABNT NBR ISO 14001 cita que a empresa deve conhecer os requisitos legais, bem como outros requisitos que possam estar envolvidos com a suas atividades, bem como os seus impactos sobre a organização, levando esses em consideração durante as fases de estabelecimento, implantação, manutenção e melhoria contínua do sistema de gestão ambiental. A organização deve não somente identificar os aspectos ambientais, requisitos, riscos e oportunidades envolvidos em sua operação, mas também deve planejar as ações a serem tomadas sobre esses, bem como a integração dessas ações com o sistema de gestão ambiental. Qualquer ação que seja tomada visando à melhoria do sistema de gestão ambiental deve ter a sua eficácia avaliada para, somente então, tal ação ser dada como eficaz. Segundo a norma ABNT NBR ISO 14001, os objetivos da organização devem estar em consonância com a política ambiental, devendo esses serem mensuráveis, monitorados, comunicados e atualizados periodicamente. Além disso, todas as ações que possam ser aplicáveis devem ser planejadas de modo a garantir o atendimento aos objetivos ambientais da organização. Segundo a norma ABNT NBR 14001:2015, dentre os recursos que a empresa deve prover para o apoioao sistema de gestão ambiental, a 5656 norma exige que as pessoas envolvidas sejam devidamente treinadas, exercendo a sua função de forma competente e aplicando a sua experiência e vivência na solução de problemas. A organização deve conscientizar os colaboradores em relação aos impactos da sua função, e também das atividades da organização, sobre o meio ambiente, bem como mantê-los informados sobre a política ambiental da empresa e os benefícios envolvidos na correta aplicação dos seus conceitos, bem como a contribuição que cada colaborador traz para a eficácia das ações tomadas pela organização. A norma também traz requisitos específicos sobre comunicação, abordando esta tanto internamente a empresa quanto externamente a esta, uma vez que a comunicação, na atualidade, é tratada como um ponto estratégico para a organização. Além disso, a comunicação é um ponto de destaque dentro das organizações, devendo garantir o bom desempenho dos trabalhos executados. A comunicação é um processo dinâmico e contínuo. É o processo que permite aos membros da organização trabalhar juntos, cooperar e interpretar as necessidades e as atividades sempre mutantes da organização [...]. A vida da organização proporciona um sistema de mensagens especialmente rico e variado. Os membros da organização devem ser capazes de reconhecer e interpretar a grande variedade de mensagens disponíveis, para que lhes permitam responder de maneira apropriada a distintas pessoas e situações. (KEEPS, 1995, p. 28) Contudo, para as comunicações que são correlatas ao sistema de gestão ambiental, os requisitos da norma pedem que neste processo sejam no mínimo atendidos os seguintes pontos: • Deve-se esclarecer sobre o que deve ser comunicado. • Quando uma dada comunicação deve ocorrer. 5757 57 • Quais são as pessoas que devem ser comunicadas. • Como essa comunicação irá ocorrer. Enfim, deve existir um planejamento sobre comunicação, onde a organização deve garantir que essa seja realizada de forma clara e chegue aos receptores corretos para que os processos do sistema de gestão ambiental possam seguir seu fluxo, de forma correta. As informações documentadas constituem uma fonte importante de informação, tanto para a comunicação interna e externa quanto para o atendimento de requisitos da norma. Portanto, a organização deve ter meios para gerar e arquivar as suas informações, tais como requisitos de produto, não-conformidades, eficácia de ações tomadas, entre outros. Embora muitas vezes esses documentos sejam preservados somente para apresentação em processos de auditoria, esses constituem uma fonte de informação valiosa para empresa, como, por exemplo, a análise de uma não-conformidade que pode ser recorrente, ou uma avaliação que permita ao gestor de um dado setor chegar à conclusão da eficácia ou não de uma dada ação, entre outros, constituindo esse uma fonte de conhecimento para organização. Portanto, todas as informações documentadas devem ser constantemente atualizadas, quando necessário, e mantidas em meios e locais adequados, como, por exemplo, não podemos manter essas informações em documentos impressos dentro de caixas de papelão em uma sala com problemas de infiltração e umidade elevada, que podem vir a danificar esses documentos. Sobre as questões operacionais do sistema de gestão ambiental, a norma ABNT NBR ISO 14001 traz requisitos sobre o planejamento e operação, onde destacam-se questões como o estabelecimento de critérios, a aplicação de requisitos presentes em normas e leis, a determinação de aspectos ambientais para aquisição de produtos e serviços, a comunicação sobre questões referentes aos requisitos ambientais, entre outros. 5858 A análise de riscos ambientais também se faz necessária, uma vez que a organização deve apresentar respostas de emergência aplicáveis para cada risco potencial previsto e para possíveis riscos não previstos, de forma a mitigar todos esses riscos e seus impactos. A norma ABNT NBR ISO 14001 possui requisitos específicos sobre questões envolvidas na avaliação de desempenho, tais como o monitoramento, as medições, análise e avaliações, bem como auditorias internas e a análise crítica pela direção. Todos esses pontos são utilizados para avaliar o desempenho ambiental da organização, de modo que esses auxiliem na identificação de novos riscos potenciais e comprovem a eficácia das ações tomadas para a sua mitigação. O último item presente na norma ABNT NBR ISO 14001 trata das ações de melhoria, as quais podem ser divididas em ações corretivas e ações de melhoria contínua, onde a primeira se refere às ações decorrentes de não conformidades detectadas, enquanto a segunda se refere às ações tomadas após a identificação de oportunidades de melhoria. Ambas devem ser tratadas como sendo informação documentada para possibilitar a análise do aprendizado por parte da organização. A norma ainda traz os anexos A e B, os quais trazem questões de orientação para o uso da norma e a correspondência dos itens presentes nesta em relação a itens presentes em revisões anteriores. Portanto, esses anexos são aplicados para facilitar o estabelecimento e a implementação da norma na sua última revisão. 3. Auditoria dos sistemas de gestão A auditoria é um método para avaliar a conformidade de um dado sistema de gestão com os requisitos pré-estabelecidos por normas e leis aplicáveis, não dependendo exclusivamente da norma específica aplicável ao sistema em análise, como a norma ABNT NBR ISO 14001:2015. Independente da norma de gestão aplicável, a condução da auditoria deve utilizar por base a norma ABNT NBR ISO 19011. 5959 59 Esta condição é aplicável a qualquer tipo de auditoria, seja esta de primeira, segunda ou terceira parte. Conforme descrito na norma ABNT NBR ISO 19011:2018, a auditoria de primeira parte é realizada pela própria organização, sendo uma auditoria interna, a qual visa à avaliação do funcionamento do sistema de gestão da empresa. A auditoria de segunda parte é externa, podendo ser realizada por qualquer parte interessada, como o cliente, o fornecedor, órgãos governamentais, entre outros. A auditoria de terceira parte é executada por organizações terceiras, as quais não estão envolvidas no cotidiano da empresa auditada, para evitar qualquer conflito de interesse, sendo que tal auditoria visa à certificação da organização. A norma ABNT NBR ISO 19011 não estabelece qualquer requisito, sendo seu escopo baseado no fornecimento de orientações para a execução da auditoria em sistemas de gestão. Também são dadas orientações sobre a competência dos envolvidos no processo de auditoria, incluindo os auditores, o gestor do programa de auditoria e a equipe de auditoria. Essa norma é aplicada para garantir que, independentemente do auditor que está executando a auditoria, esta seja realizada de modo a atender os requisitos, pois diante de um dado fato, diferentes auditores devem, em tese, chegar a conclusões similares, evitando assim que as auditorias conduzidas por diferentes auditores apresentem resultados distintos para situações particularmente similares. Todos esses princípios, quando aplicados de forma conjunta, garantem não só uma conclusão similar entre os auditores, mas também um julgamento justo em relação à empresa, independente da conclusão final ser a favor ou contra a certificação desta. Durante a auditoria o auditor nada mais é do que um juiz, que irá julgar se a sistemática da empresa é válida ou não. Além disso, o principal papel de um auditor não é buscar não conformidades no sistema de gestão, mas este deve buscar a conformidade, sendo que o oposto virá como uma consequência e não 6060 como uma situação forçada. Por isso, a independência é de extrema importância para que o julgamento não seja a favor ou contra a parte auditada. Durante uma auditoria interna, um profissional não pode auditar o seu próprio setor, pois existe um claro conflito de interesse nestecaso. Todas as auditorias, independentemente do tipo, devem ser planejadas com antecedência, de modo que a organização e o setor a ser auditado tenham ciência do momento no qual as auditorias ocorrerão, de modo que todos os recursos requisitados estejam aptos para uso no momento em que acontecerem. Os critérios para a auditoria também devem ser claros e de conhecimento de todos os envolvidos, para que dessa forma sejam evitados discussões e conflitos durante a sua execução. O processo de auditoria é composto pelas seguintes atividades: reunião de abertura, condução da auditoria, revisão da auditoria, reunião de fechamento e acompanhamento, quando for necessário. A reunião de abertura é utilizada principalmente para esclarecimentos sobre o fluxo e critérios. A condução da auditoria é o momento onde o auditor vai a campo, devendo este utilizar de técnicas para realização de perguntas extraindo informações dos colaboradores, buscando evidências de que o sistema de gestão aplicado de fato funciona e é entendido por todos os colaboradores da organização. A condução da auditoria também é o momento onde ocorre a emissão das SAC’s (solicitação de ação corretiva). A revisão da auditoria é o momento onde os auditores se reúnem para realizar o fechamento do relatório, incluindo todas as conformidades e não conformidades apresentadas pelo sistema de gestão em questão. A reunião de fechamento é utilizada para apresentação do relatório final, contendo os resultados e as conclusões, devendo serem discutidos até que o auditado entenda e aceite todos os pontos contidos no relatório, incluindo as não conformidades. O acompanhamento deverá 6161 61 ser realizado sempre que houver a necessidade de ações corretivas, as quais se fazem necessárias quando existirem não conformidades no sistema de gestão. 4. Normas ABNT correlatas à ABNT NBR ISO 14001 Existem algumas normas correlatas à norma ABNT NBR ISO 14001 que auxiliam na implementação e no funcionamento do sistema de gestão ambiental, sendo as normas correlatas apresentadas pela Tabela 1, onde as normas apresentadas pertencem à ISO e nem todas elas foram traduzidas para a língua portuguesa por meio da ABNT. Tabela 1 – Normas da série ISO 14000 GRUPO NORMA Série ISO 14000 Organização Sistemas de Gestão Ambiental ISO 14001:2015 ISO 14004:2018 ISO 14005:2012 ISO 14063:2009 ISO 14064:2007 ISO 14050:2012 Avaliação de Desempenho Ambiental ISO 14031:2015 Auditoria Ambiental ISO 19011:2018 ISO 14015:2003 Comunicação Ambiental ISO 14063:2009 Produto e Processo Rotulagem Ambiental ISO 14020:2002 ISO 14021:2013 ISO 14024:2004 Avaliação do Ciclo de Vida ISO 14040:2009 ISO 14044:2009 Aspectos ambientais na padronização de produtos ISO/TR 14062:2004 ISO GUIA 64:2010 Fonte: adaptada de Moraes, Pugliesi e Queiroz1 (2014 apud Moraes, 2017, p. 1). 1 MORAES, C. S. B; PUGLIESI, E.; QUEIROZ, O. T. M. M. Gestão e certificação ambiental nas organizações e as normas da série 14000. In: MORAES, Clauciana S. B.; PUGLIESI, Érica. Auditoria e Certificação Ambiental. Curitiba: Editora Intersaberes, 2014. 6262 Além dessas normas, muitas organizações utilizam o sistema de gestão integrado (SGI), o qual é constituído, em geral, por esta e pelas normas ABNT NBR ISO 9001 e ABNT NBR ISO 45001, as quais tratam de sistemas de gestão da qualidade e de segurança e saúde no trabalho, respectivamente. O SGI pode ser constituído por outras normas além dessas, ou até mesmo em substituição a essas, dependendo do ramo de atuação da organização e das pretensões desta em relação ao seu SGI. TEORIA EM PRÁTICA Durante uma reunião com a alta direção, você, como gestor da área industrial, apresentou dados alarmantes para a alta direção, onde constatou-se que a empresa deve fazer investimentos pesados para melhoria do controle de emissões de poluentes, os quais se encontram acima do requerido na Resolução CONAMA nº382/2006, que estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas. Um dos diretores deu a ideia de encerrar o processo de monitoramento dessa fonte, pois a empresa já se apoia na norma ABNT NBR ISO 14001, como esse requisito não pertence especificamente a essa norma, logo não precisa ser seguido. Você, como gerente de área e um dos responsáveis pelo acompanhamento das ações pertinentes ao sistema de gestão ambiental, deve explicar ao diretor o porquê o pensamento dele está errado. Quais argumentos você utilizaria? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. “A BNT NBR ISO 14001 foi elaborada no Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB-038) pela Comissão de Estudo de Sistema de Gestão Ambiental (CE-038.001.001). 6363 63 Esta norma é uma adoção idêntica em conteúdo técnico, estrutura e redação à ISO 14001:2015, que foi elaborada pelo Technical Committee Environmental Management (ISO/ TC 207), Subcommittee Enviromental Management Systems (SC 1), conforme ISO/IEC Guide 21-1:2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 14001: Sistemas de gestão ambiental: Requisitos com orientações para uso. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. 41 p. Sobre essa norma, é correto afirmar que: a. Tem como um de seus principais objetivos a obtenção de produtos e serviços que atendam requisitos de qualidade. b. Aborda a melhoria contínua de forma diferente das demais normas, uma vez que se trata de requisitos para o meio ambiente. c. Essa norma trata dos requisitos com orientações para uso dos sistemas de gestão ambiental. d. Visa à segurança no trabalho, sendo esse um dos seus principais objetivos. e. Trata da gestão energética, visando à redução de gastos pelo gerenciamento da energia. 2. Assinale a alternativa que traz um dos meios utilizados pela norma ABNT NBR ISO 14001 para atingir os seus objetivos. 6464 a. A empresa deve possuir meios de prevenir ou mitigar os impactos na qualidade do produto. b. A empresa deve possuir meios de implementar e controlar o aumento do desempenho dos seus produtos. c. A empresa deve ser capaz de alcançar benefícios financeiros e operacionais, que resultem na segurança e saúde dos seus funcionários. d. A empresa deve possuir meios que permitam o conhecimento de todas as informações pertinentes às questões da qualidade, pelas partes interessadas e. A empresa deve possuir meios para mitigar efeitos adversos do meio ambiente na organização 3. A auditoria é um método para avaliar a conformidade de um dado sistema de gestão com os requisitos pré-estabelecidos por normas e leis aplicáveis. Para a condução da auditoria, deve-se utilizar por base a norma ABNT NBR ISO 19011. Sobre os processos de auditoria é correto afirmar que: a. A auditoria de primeira parte é aquela executada pela própria empresa, visando à certificação conforme a norma pertinente. b. A auditoria de terceira parte é executada por organizações terceiras, para evitar qualquer conflito de interesse. c. A auditoria de terceira parte deve ser realizada por um fornecedor. 6565 65 d. A auditoria de segunda parte é aquela executada pelo órgão certificador. e. A auditoria de primeira parte é aquela executada por um órgão governamental. Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 14001: Sistemas de gestão ambiental: Requisitos com orientações para uso. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. 41 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT. NBR 19011: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. 53 p. BRASIL. Lei nº 4150, de 21 de novembro de 1962. Institui O Regime Obrigatório de Preparo e Observância das Normas Técnicas nos Contratos de Obras e Compras do Serviço Público de Execução Direta, Concedida, Autárquica ou de Economia Mista, Através da Associação Brasileira de Normas Técnicas e dá Outras Providências. Brasília, DF, 21 nov. 1962. ISO. ABOUT US. 2019. Disponível em: https://www.iso.org/about-us.html. Acesso em: 20 ago. 2019. KREEPS, Gary L. La comunicación en las organizaciones.2.. ed. Buenos Aires: AddisonWesley Iberoamericana, 1995. MMA. Ministério do Meio Ambiente. Resolução nº 382, de 26 de dezembro de 2006 – Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res38206. pdf. Acesso em: 26 nov. 2019. MORAES, Clauciana Schmidt Bueno de et al. A Norma ISO 14005 como instrumento de implementação de sistemas de gestão ambiental em pequenas e médias empresas. Revista Espacios, Caracas, Venezuela, v. 38, n. 16, p. 1-16, 2017. Anual. Disponível em: https://www.revistaespacios.com/a17v38n16/17381606.html. Acesso em: 18 out. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta: C Resolução: A ABNT NBR ISO 14001 foi elaborada no Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB-038) pela Comissão de Estudo https://www.iso.org/about-us.html http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res38206.pdf http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res38206.pdf https://www.revistaespacios.com/a17v38n16/17381606.html 6666 de Sistema de Gestão Ambiental (CE-038.001.001). Esta norma é uma adoção idêntica em conteúdo técnico, estrutura e redação à ISO 14001:2015, que foi elaborada pelo Technical Committee Environmental Management (ISO/TC 207), Subcommittee Enviromental Management Systems (SC 1), conforme ISO/IEC Guide 21-1:2015. O sistema de gestão ambiental, assim como todos os demais sistemas de gestão baseados nas normas ISO, deve buscar a melhoria contínua por meio da aplicação do ciclo PDCA (Planejar – Fazer – Checar – Agir). A norma ABNT NBR ISO 45001 trata das questões pertinentes à segurança e saúde ocupacional, enquanto a norma ABNT NBR ISO 50001 trata da gestão energética. Questão 2 – Resposta: E Resolução: A norma trata de questões como meio ambiente e sustentabilidade, onde, segundo a norma ABNT NBR ISO 14001, esta norma auxilia as empresas nos desenvolvimentos dos seguintes meios, que são utilizados para atingir esses objetivos: • A empresa deve possuir meios de prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos. • A empresa deve possuir meios para mitigar efeitos adversos do meio ambiente na organização. • A empresa deve ser capaz de atender a requisitos legais e outros requisitos que impactem na sustentabilidade do meio ambiente e da própria empresa. • A empresa deve possuir meios de implementar e controlar o aumento do seu desempenho ambiental. • A empresa deve possuir meios de controlar ou influenciar os seus produtos e serviços desde o seu projeto até o seu descarte, prevendo e prevenindo possíveis impactos ambientais no ciclo de vida do produto. • A empresa deve ser capaz de alcançar benefícios financeiros e operacionais que resultem na sustentabilidade dos seus processos. 6767 67 • A empresa deve possuir meios que permitam o conhecimento de todas as informações pertinentes às questões ambientais pelas partes interessadas. Questão 3 – Resposta: B Resolução: Quanto ao executor da auditoria, existem três formas de uma organização ser auditada, auditoria de primeira parte, auditoria de segunda parte e auditoria de terceira parte. A auditoria de primeira parte é realizada pela própria organização, sendo uma auditoria interna, a qual visa à avaliação do funcionamento do sistema de gestão da empresa. A auditoria de segunda parte é externa, podendo ser realizada por qualquer parte interessada, como o cliente, o fornecedor, órgãos governamentais, entre outros. A auditoria de terceira parte é executada por organizações terceiras, as quais não estão envolvidas no cotidiano da empresa auditada para evitar qualquer conflito de interesse, sendo que tal auditoria visa à certificação da organização. 6868 Prevenção de subprodutos, economia de átomos, sínteses de compostos de menor toxicidade, desenvolvimento de compostos seguros, diminuição de solventes e auxiliares Autor: Bruno Pizol Invernizzi Objetivos • Conhecer exemplos aplicados na prevenção de subprodutos. • Entender o conceito de economia de átomos. • Compreender como o uso de solventes e auxiliares podem ser reduzidos. 6969 69 1. Subprodutos Segundo Leite (2003), podemos definir subproduto como sendo produtos resultantes do processo de produção, porém possuem baixo ou nenhum valor agregado. Portanto, comumente são tratados como rejeito, sendo passíveis de disposição final. Contudo, esta definição nos remete a todos os materiais e substâncias que, independentemente do seu estado físico, resultam de um processamento para obtenção de um dado produto, porém esses não costumam ser de interesse dos clientes, tendo um valor agregado muito baixo para serem negociados nos canais logísticos diretos. Portanto, são materiais que quando a apresentam alguma utilidade são integrados aos canais de logística reversa, servindo, comumente, de matéria-prima para algum outro processo produtivo, atendendo aos requisitos do que se classifica como resíduo sólido. Como exemplos podemos citar as sementes e as cascas que são extraídas das frutas durante os processos de extração do suco, bagaço da cana-de-açúcar, ossos, couro e pele de animais utilizados para o consumo humano, cavacos de metais resultantes de processos de usinagem, entre inúmeros outros que poderiam ser citados aqui. Todos os processos produtivos, de alguma forma, acabam por resultar em subprodutos, porém esses não necessariamente serão tratados como rejeito dentro das organizações onde a disposição final ambientalmente adequada é a última opção para esses subprodutos. Desse modo, deve-se buscar a eliminação desses o máximo possível por meio da redução na sua geração. Após essa redução atingir o seu ponto máximo possível, para os recursos e tecnologias disponíveis, deve-se buscar a reutilização desses materiais, devendo ser reaproveitados diretamente em outros processos. Quando esse reaproveitamento direto não for possível, deve-se então buscar meios para reciclar esse material, permitindo a sua aplicação em outros processos produtivos, eliminando ao máximo a produção de rejeitos. 7070 Como exemplos de reaproveitamento de materiais, pode ser citado o trabalho apresentado por Nogueira e Garcia (2014), onde foi realizada uma pesquisa exploratória sobre os subprodutos da cana-de-açúcar, que são o bagaço e a palha, a vinhaça, também conhecida como vinhoto, as cinzas, a torta de filtro, entre outros que podem resultar do processo, incluindo setores administrativos. Para este caso da cana-de-açúcar, a vinhaça é o maior vilão ambiental, tratando-se de um resíduo ácido, com pH entre 4,0 e 4,8. Segundo Nogueira e Garcia, para cada 1 litro de etanol produzido são gerados de 10 a 18 litros de vinhaça. Esse subproduto vem sendo utilizado como fertilizante para o solo, trazendo diversos benefícios, como a elevação do pH, aumento da retenção de água, melhoria da estrutura física do solo, entre outros. O bagaço e a palha, por sua vez, têm sido empregados na geração de energia elétrica, sendo responsável, segundo dados apresentados por Nogueira e Garcia, por 80% da bioeletricidade gerada no Brasil. A torta de filtro é subproduto da filtragem do lodo, que é resultante do processo de decantação do caldo de cana, sendo empregado na lavoura e na compostagem, uma vez que esse subproduto é rico em cálcio, fósforo e micronutrientes. Por fim, dos mais importantes, faltou falar das cinzas, que são oriundas da queima do bagaço na caldeira durante o processo de recuperação para geração de bioeletricidade. Como destinação final ambientalmente adequada, esse subproduto é aplicado no solo para adubação. ASSIMILE Bioeletricidade é a conversão da energia de ligação dos átomos, presentes no material, em energia elétrica, que é realizada em uma usina similar às usinas termelétricas, 7171 71 porém no lugar de gás e carvão se utiliza um subproduto orgânico, como é o caso do bagaço e da palha da cana. A energia gerada na queima desse material é utilizada para ferver a água presente em umacaldeira. O vapor dessa água é o responsável por girar a turbina da usina termelétrica, onde o prolongamento do eixo dessa turbina fica dentro de uma bobina, resultando na geração de energia elétrica. Conforme Santos et al.1 (2003 apud SILVA JÚNIOR, 2015, p. 18), outro exemplo de aplicação dada a subprodutos é comumente utilizado pelo setor de alimentos, onde a fabricação dos embutidos utiliza partes de suínos, como as vísceras, miúdos e o sangue para elaboração de diversos alimentos. Também são utilizadas partes cartilaginosas, tais como a orelha, em conjunto com outros órgãos, como a pele e as tripas, para a fabricação do chamado queijo suíno, que pode ser visto na Figura 1. Figura 1 – Corte de queijo suíno (headcheese) Fonte: ALLEKO/iStock.com. Em estudo realizado por Ferrari, Colussi e Ayub (2004), utilizando a semente de maracujá para avaliação de possíveis aplicações para este subproduto, chegaram à conclusão que essa semente possui valores proteicos e ácidos graxos insaturados excelentes, tanto para o 1 SANTOS, E. M. et al. Physicochemical and sensory characterization of “morcilla de Burgos”, a tradicional Spa- nish blood sausage. Meat Science, 65, 893-898, 2003. 7272 consumo humano quanto animal, além de poderem ser empregados em cosméticos, dando para essas sementes outro destino final ambientalmente correto, que não o plantio. Saindo um pouco da indústria alimentícia, existem exemplos em outras indústrias, como o caso apresentado na dissertação escrita por Kern (1999), que realizou um estudo de viabilidade para utilizar um resíduo sólido da indústria de calçados, denominado por contraforte, na fabricação de gesso para construção civil. “O contraforte é um componente à base de polímeros, utilizado nas regiões do calcanhar do calçado, com a finalidade de armar, reforçar, dar forma, beleza e segurança, buscando a perfeita reprodução da forma do sapato, evitando o acalcanhamento” (KERN, 1999). Como conclusão no seu trabalho, Kern (1999) julgou ser possível a utilização de contrafortes na matriz de gesso, onde uma simples moagem e mistura deste componente pode ser realizada por meio de um moinho ou de uma betoneira, em uma proporção de até 25%. O que tornou viável a utilização do contraforte seriam as suas propriedades, onde se destacam as elevadas resistências mecânica e química, as quais são interessantes para este tipo de aplicação na construção civil. 2. Economia de átomos Seguindo os 12 princípios da química verde propostos por Anastas e Warner2 (2001 apud ORTIZ, 2007, p. 6), temos que o segundo princípio é a economia de átomos: Deve-se projetar metodologias que possam maximizar a incorporação de todos os compostos de partida no produto final, reduzindo a produção de subprodutos. As reações de adição, por exemplo, seguem este princípio, o que não acontece com as reações de eliminação. (ANASTAS e WARNER2, 2001 apud ORTIZ, 2007, p. 6) 2 Anastas, P. T.; Kirchhoff, M. M.; Williamson, T. C. Applied Catálises A: General 2001, 7373 73 Esse princípio estabelece, portanto, a redução da geração de subprodutos, onde deve-se utilizar um balanço entre átomos de entrada (matéria-prima) e átomos de saída (produto), visando ao melhor aproveitamento possível dos átomos de entrada, de modo que, se possível, todos os átomos de entrada devem formar o produto, evitando assim que o processo resulte em subprodutos. Logicamente que nem sempre é possível a obtenção de um balanço perfeito entre a entrada e a saída de modo a não gerar subprodutos, porém essa geração pode ser ao menos reduzida. Conforme citado por Ortiz (2007), embora Anastas e Werner tenham publicado os 12 princípios da química verde, quem difundiu o conceito de economia de átomos foi Trost3 (2002). Comumente para o cálculo do rendimento em porcentagem (%R) aplica-se a equação 1. Eq. 1 Porém, conforme observado por Ortiz (2007), tal equação não traz a relação entre os produtos e os subprodutos formados, sendo focada somente nos rendimentos reais e teóricos do produto. Como a ideia do segundo princípio se baseia na eliminação dos subprodutos, deve-se aplicar uma fórmula que ilustre melhor a relação entre o produto e o subproduto, para tal a fórmula a ser aplicada para considerar a economia atômica expressa em porcentagem (%A) é dada pela equação 2. Eq. 2 Porém, como por vezes a obtenção da massa molecular (M.M.) dos subprodutos é difícil de ser calculada, pode aplicar a Lei de Conservação das Massas, que traz uma formula similar, porém ao invés de considerar as substâncias produzidas, considera a massa molecular dos reagentes, 3 Trost, B. M. Acc. Chem. Res. 2002, 35, 695. 7474 sendo expressa conforme a equação 3, que traz o percentual de economia de átomos (% e.a.). Eq. 3 Portanto, quanto maiores forem os percentuais apresentados pelas equações 2 e 3, menor será a quantidade de subprodutos gerados, resultando em uma maior economia de átomos. Além do conceito introduzido por Trost, outro conceito que se difundiu visando avaliar a eficiência de um processo foi o de fator E, que vem de Environmental Factor (fato ambiental), difundido por Sheldon4 (1997). O fator E é dado pela equação 4 (calculada com as unidades em kg), que também visa avaliar o desempenho considerando a geração de resíduos: Eq. 4 Como o fator E foca nos subprodutos e não no produto, quanto maior for o valor obtido para essa equação, maior será a quantidade de subprodutos, portanto menos ambientalmente correto será este processo. A Tabela 1 possui o fator E para algumas indústrias químicas, onde é possível realizar a comparação dessas em relação aos subprodutos gerados. Tabela 1 – Dados de fator E para os diferentes tipos de indústria química Tipo de Indústria Produção (Ton/ano) fator E Refinarias de Petróleo de 1 a 100 milhões cerca de 0,1 Química Pesada de 10 mil a 1 milhão de menos de 1 a 5 Química Fina de 10 a 100 mil de 5 a 50 Química Farmacêutica de 10 mil a milhares de 25 a mais de 100 Fonte: adaptada de Ortiz, 2007, p. 25. 4 Sheldon, R. A. Chemistry & Industry, 1997, 3, 354. 7575 75 3. Sínteses de compostos de menor toxicidade Para que uma organização possa produzir compostos de menor toxicidade, essa deve entender o conceito de toxicidade para avaliar se o seu processo resulta em produtos, subprodutos, resíduos ou rejeitos que sejam enquadrados neste conceito. Agente tóxico: qualquer substância ou mistura cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea tenha sido cientificamente comprovada como tendo efeito adverso (tóxico, carcinogênico, mutagênico, teratogênico ou ecotoxicológico). (ABNT, 2004) Toxicidade: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em consequência de sua interação com o organismo. (ABNT, 2004) Toxicidade aguda: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar um efeito adverso grave, ou mesmo morte, em consequência de sua interação com o organismo, após exposição a uma única dose elevada ou a repetidas doses em curto espaço de tempo. (ABNT, 2004) Contudo, caso o processo da empresa resulte em compostos que atendam às definições dadas acima, essa deve tomar providências para eliminar, ou ao menos reduzir, a toxidade desses compostos, sempre que possível. A empresa deve também avaliar se os reagentes e matérias-primas utilizados no seu processo produtivo apresentam tais características, devendo traçar estratégias para eliminar ou ao menos reduzir a aplicação desses, sempre que possível. Para auxiliar as organizações na avalição da toxicidade de compostos resultantes no seu processo produtivo, a norma ABNT NBR 10004 possui anexos contendo resíduos sólidos, substâncias tóxicas e substâncias agudamente tóxicas, podendo esses compostos ser analisados de acordo com esses anexos. 7676 Quando as substâncias e compostos empregados e produzidos pela organização não estiverem presentes nos anexos citados anteriormente,a norma ABNT NBR 10004 descreve quais outros critérios devem ser adotados, tendo por base a norma ABNT NBR 10007. A identificação e mitigação da toxicidade de compostos são procedimentos aplicados para garantir o atendimento ao terceiro princípio da química verde que diz que “sempre que possível, as metodologias de síntese devem ser concebidas para a utilização e geração de substâncias que possuem pouca ou nenhuma toxicidade para a saúde humana e para o meio ambiente” (WARNER; CANNON e DYE5, 2004 apud Silveira, 2015, p. 7). Segundo Silveira (2015), um exemplo da aplicação desse princípio é a produção do inseticida CONFIRMTM6, que foi classificado pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América) como um produto de baixo risco, pelo fato de este causar prejuízos somente à forma de vida para o qual é destinado. Portanto, mesmo produtos que necessitam da toxicidade para cumprir com a sua função primária podem ter a sua composição otimizada de modo a reduzir os seus efeitos toxicológicos nos demais organismos vivos. PARA SABER MAIS Para avaliar se um dado composto é tóxico, são utilizados ratos e coelhos de laboratório, sendo estipulada uma dada dose máxima a ser aplicada, via oral, aérea ou em contato com a pele do animal. Caso a dose máxima apresente reação, por qualquer dos meios, então o composto é tido como tóxico. Por exemplo, conforme a norma ABNT NBR 10004 (ABNT, 2004), se o 5 Warner, J. C.; Cannon, A. S.; Dye, K. M. Environ. Impact Assess. Rev. 2004, 24. 6 Marca comercial de inseticida registrada pela ROHN & HAAS Company, que é uma empresa subsidiária da Dow Chemical Company 7777 77 estudo de um dado resíduo demonstrar uma DL50 (dose letal para 50% dos animais testados) oral para ratos menor que 50 mg/kg, este resíduo é considerado tóxico. Portanto, se os ratos precisarem de uma dose superior a essa para que 50% dos animais testados venham a óbito, esse resíduo não seria considerado como sendo tóxico. 4. Desenvolvimento de compostos seguros Conforme a norma ABNT NBR 10004 (ABNT, 2004), a periculosidade de um resíduo pode ser definida como uma característica desse, com base nas suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas que resultem em riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, podendo ainda afetar ambos. As características que levam um resíduo a ser classificado como perigoso são: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Embora a norma ABNT NBR 10004 seja aplicável aos resíduos sólidos, pode-se estender o seu entendimento e aplicação a outros elementos, tais como reagentes, matérias-primas e compostos resultantes de processos químicos dentro de uma organização. Segundo Silveira (2015), um exemplo do desenvolvimento de substâncias seguras é a substituição do OTBE (óxido de tributilestanho) pelo DCOI (4,5-dicloro-2-n-octil-4-isotiazolina-3-ona), que são utilizados em navios para a prevenção da corrosão e outros danos resultantes da presença de limo. O OTBE é uma substância patogênica que possui características mutagênicas. O desenvolvimento de compostos seguros é descrito pelo quarto princípio da química verde, o qual estabelece que “os produtos químicos devem ser projetados para preservar a eficácia da função, reduzindo a toxicidade” (WARNER; CANNON e DYE7, 2004 apud SILVEIRA, 2015, p. 7). 7 Warner, J. C.; Cannon, A. S.; Dye, K. M. Environ. Impact Assess. Rev. 2004, 24. 7878 5. Diminuição de solventes e auxiliares Segundo Silveira (2015), os solventes e auxiliares apresentam riscos, como a toxicidade, devido ao fato de geralmente serem aplicados solventes que contêm compostos orgânicos, necessitando cuidados especiais tanto para a sua manipulação quanto no seu armazenamento e transporte, além do fato de possuírem uma destinação final ambientalmente correta difícil, uma vez que a recuperação e reutilização desses é limitada. A disposição final ambientalmente correta desses produtos também constitui um problema, uma vez que, em geral, esses apresentam riscos ao meio ambiente. Complementando o pensamento anterior, Lenardão et al. (2003) diz que na indústria química tem-se grande aplicações dos solventes orgânicos, que possuem processos de reutilização inviáveis devido ao seu alto custo. Devido a essa questão, a disposição final desse material acaba por ser realizada de forma ambientalmente incorreta, sendo lançado em corpos d’água, no solo e no ar, resultando na contaminação do meio-ambiente. Lenardão et al. (2003) cita ainda que existem algumas alternativas à utilização desses solventes que são mais ambientalmente corretas, onde esses solventes alternativos são denominados solventes verdes, como os fluidos supercríticos, onde comumente utiliza-se o CO2, líquidos iônicos à temperatura ambiente, hidrocarbonetos perfluorados e até mesmo a água. Também é citada a questão de alguns casos onde os solventes são totalmente eliminados, o que seria o melhor caso possível, uma vez que esses processos sem solvente resultam na redução de resíduos. Reações sem solvente podem ser realizadas com condições experimentais simples, por moagem, agitação, irradiação de micro-ondas ou aquecimento convencional. Este tipo de processo possui um menor tempo de reação e suas metodologias e procedimentos de purificação são simples. (SILVEIRA, 2015, p. 10) 7979 79 Portanto, de acordo com Silveira (2015), é possível realizar processos químicos sem a necessidade de utilizar solventes e auxiliares, uma vez que para o caso de substâncias líquidas, pode-se obter resultados similares através da modificação de parâmetros de processo, como a questão do aquecimento, ou por outros meios que seriam ambientalmente mais corretos do que a utilização de solventes, como a irradiação por micro-ondas. A moagem é aplicada aos reagentes em fase sólida, sendo, para estes casos, o processamento mais aplicado. Segundo Silveira (2015), as reações de moagem resultam em aumento de temperatura devido à trituração de cristais dos reagentes e substratos, consistindo em um processo de baixo custo e ambientalmente mais correto do que a aplicação de solventes. Apesar dos pontos fortes mencionados por Silveira (2015), não podemos esquecer que a moagem pode resultar na contaminação do produto pelo material utilizado nos elementos de moagem (esferas de moagem, por exemplo), portanto esses devem ser escolhidos com cuidado para evitar danos ao produto, além do fato de o tempo de moagem influenciar diretamente na contaminação, sendo diretamente proporcional a essa ocorrência. Quando o uso de solvente é indispensável, então deve-se recorrer aos demais solventes sugeridos por Lenardão (2003), que também são citados por Silveira (2015). Destes, podemos destacar a utilização da água como solvente, uma vez que esse seria o mais ambientalmente correto, uma vez que o seu descarte é fácil, porém deve-se atentar para possíveis subprodutos que sejam formados, já que esses podem contaminar a água, necessitando algum tratamento prévio para seu despejo na rede pública de esgoto ou em corpos d’água (mananciais, rios, lençóis freáticos, entre outros). Como desvantagem à aplicação da água como solvente, Silveira (2015) cita fatos como a baixa solubilidade para diversos compostos orgânicos, além do fato de essa ser incompatível com reagentes e 8080 catalizadores presentes na reação, podendo ainda promover a hidrólise desses reagentes, processo que competiria com a formação do produto desejado. Outra possibilidade citada tanto por Lenardão (2003) quanto por Silveira (2015) é a aplicação de fluidos supercríticos e líquidos iônicos, os quais, de acordo com Silveira (2015), também podem ser considerados como solventes verdes. “Um solvente supercrítico é aquele que, a certa temperatura e pressão, existe como um fluido num estado intermediário entre líquido e gás” (SILVEIRA, 2015, p. 12). O diagrama de fases apresentado na Figura 2 ilustra o ponto supercrítico. Silveira(2015) traz o exemplo do dióxido de carbono supercrítico, que para se encontrar nessa condição é aplicado como solvente à temperatura de 31 °C e pressão de 73 atm. Figura 2 – Diagrama de fases de uma substância pura Fonte: adaptada de Silveira (2015, p. 12). Conforme Silveira (2015), os líquidos iônicos são assim chamados por serem constituídos por íons, cátions e ânions, e possuem grande interesse para aplicações de químicos orgânicos e analíticos. As características desses solventes são baixa pressão de vapor, não- volatilidade e estabilidade térmica, além de serem considerados solventes universais, devido à sua capacidade de dissolver um grande número de compostos orgânicos e gases e não se complexarem com complexos metálicos. (SILVEIRA, 2015, p. 13). 8181 81 Além dos pontos mencionados, Silveira (2015) também cita que esses solventes são recuperáveis e recicláveis, sendo, portanto, ambientalmente mais corretos do que os solventes convencionais que dificilmente podem ser recuperados e reciclados. Portanto, nota-se que existem alternativas dentro da indústria química para tornar a sua prática mais ambientalmente correta, desmistificando a ideia clássica de que química é algo ruim e só resulta em degradação do meio ambiente. TEORIA EM PRÁTICA Em uma indústria química são utilizados como solvente a água e o benzeno. Devido à onda verde, que resultou em leis mais rígidas, a alta direção da indústria química em questão decidiu eliminar o benzeno das suas operações. Para tal, chamaram você, que é o gerente de produção, para dar possíveis soluções para o caso. Contudo, o primeiro ponto é explicar para a alta direção por que a água não pode ser utilizada como solvente no lugar do benzeno, já que essa é um solvente universal. O segundo ponto é propor o que pode ser feito para eliminar o benzeno do processo produtivo. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A definição de subproduto nos remete a todos os materiais e substâncias que, independentemente do seu estado físico, resultam de um processamento para obtenção de um dado produto, porém esses não 8282 costumam ser de interesse dos clientes, tendo um valor agregado muito baixo para serem negociados nos canais logísticos diretos. Sobre os subprodutos, assinale a alternativa que traz somente exemplos que podem ser considerados dentro da sua definição. a. Poupa de fruta, vinhaça e miúdos suíno. b. Sementes, etanol e miúdos suínos. c. Sementes, vinhaça e costela suína. d. Poupa de fruta, etanol e costela suína. e. Sementes, vinhaça e miúdos suínos. 2. O segundo princípio da química verde prega a redução da geração de subprodutos, onde se deve utilizar um balanço entre átomos de entrada (matéria-prima) e átomos de saída (produto), visando ao melhor aproveitamento possível dos átomos de entrada, de modo que, se possível, todos os átomos de entrada devem formar o produto, evitando assim que o processo resulte em subprodutos. Sobre esse princípio, assinale a alternativa correta. a. O cálculo da economia atômica (%A) é executado com base no rendimento teórico dos produtos. b. O fator E foca nos subprodutos e não no produto. c. O cálculo do rendimento em porcentagem (%R) é realizado com base na massa molecular dos subprodutos. 8383 83 d. O percentual de economia de átomos (% e.a.) é realizado com base na massa molecular dos subprodutos. e. O fator E não é calculado com base nos subprodutos. 3. Com o intuito de guiar os profissionais do setor químico no desenvolvimento de produtos e processos que atendam aos preceitos da química verde, Anastas e Warner8 (1998 apud CHANSHETTI, 2014, p. 112) desenvolveram o que ficou conhecido como sendo os doze princípios da química verde. Pensando nos 12 princípios da química verde, assinale a alternativa correta. a. A organização deve eliminar os seus subprodutos para atender aos princípios da química verde. b. A água é o solvente universal, portanto todos os solventes devem ser substituídos pela água. c. A periculosidade de um resíduo pode ser definida como uma característica deste, com base nas suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas que resultem em riscos à saúde pública ou ao meio- ambiente, podendo ainda afetar ambos d. As características dos solventes iônicos são alta pressão de vapor, volatilidade e instabilidade térmica. e. Embora os solventes sejam estritamente perigosos, a sua disposição final ambientalmente adequada é fácil de ser realizada. 8 P. Anastas and J. C. Warner, Green Chemistry: Theory and Practice; Oxford Science Publications, Oxford, 1998. 8484 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 10004: resíduos sólidos – classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 71 p. FERRARI, Roseli Aparecida; COLUSSI, Francieli; AYUB, Ricardo Antonio. Caracterização de subprodutos da industrialização do maracujá aproveitamento das sementes. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal/SP, v. 26, n. 1, p. 101-102, abr. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbf/v26n1/a27v26n1.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019. KERN, Andrea Parisi. Estudo da viabilidade da incorporação de resíduos de contrafortes de calçados em matriz de gesso para uso como material de construção civil. 1999. 131 f. 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Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1654/1/LD_PPGTAL_M_ Silva%20Junior%2C%20Jamil%20Correia%20da_2015.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019. SILVEIRA, Ana Débora Porto. Química Verde: Princípios e Aplicações. 2015. 24 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Química) – Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei, 2015. Disponível em: https://ufsj.edu.br/ portal2-repositorio/File/coqui/TCC/Monografia-TCC-Ana_Debora_P_Silveira-20152. pdf. 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Subprodutos alimentares: novas alternativas e possíveis aplicações farmacêuticas. 2015. 78 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Mestrado em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal, 2015. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/ bitstream/10284/5312/1/PPG_23519.pdf . Acesso em: 28 ago. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta: E Resolução: Conforme descrito no texto, poupa de fruta é utilizada como produto na industrialização de sucos de caixinha, por exemplo, enquanto as sementes são tratadas como subprodutos. A vinhaça é um subproduto obtido na produção do etanol. A costela suína é uma carne comumente comercializada em açougues tendo alto valor agregado, enquanto os miúdos, juntamente com outras partes menos valorizadas dos suínos, acabam por ser tratados como subprodutos. Questão 2 – Resposta: B Resolução: O cálculo do rendimento em porcentagem (%R) leva em consideração o rendimento do produto obtido e o rendimento teórico do produto. O cálculo da economia atômica expressa em porcentagem (%A) leva em consideração a massa molecular do produto desejado e a massa molecular de todas as substâncias produzidas. O cálculo do percentual de economia de átomos (% e.a.) leva em consideração a massa molecular do produto desejado e a massa molecular dos reagentes. O cálculo do fator E, por sua vez, foca nos subprodutos e não no produto. Questão 3 – Resposta: C Resolução: A eliminação dos subprodutos é desejável, porém a química verde reconhece que, na maioria dos casos, com as tecnologias atuais, a eliminação é inviável, portanto, prega a redução desses. Como desvantagem à aplicação da água como https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/5312/1/PPG_23519.pdf https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/5312/1/PPG_23519.pdf 8686 solvente, Silveira (2015) cita fatos como a baixa solubilidade para diversos compostos orgânicos, além do fato de essa ser incompatível com reagentes e catalizadores presentes na reação, podendo ainda promover a hidrólise desses reagentes, processo que competiria com a formação do produto desejado, contudo, na prática, a substituição de todos os solventes por água é inviável. Conforme a norma ABNT NBR 10004, a periculosidade de um resíduo pode ser definida como uma característica deste, com base nas suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas que resultem em riscos à saúde pública ou ao meio-ambiente, podendo ainda afetar ambos. As características que levam um resíduo a ser classificado como perigoso são: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Sobre a aplicação dos líquidos iônicos “As características desses solventes são baixa pressão de vapor, não-volatilidade e estabilidade térmica” (SILVEIRA, 2015, p. 13). Segundo Silveira (2015), os solventes e auxiliares apresentam riscos, como a toxicidade, devido ao fato de geralmente serem aplicados solventes que contêm compostos orgânicos, necessitando cuidados especiais tanto para a sua manipulação quanto no seu armazenamento e transporte, além do fato de possuírem uma destinação final ambientalmente correta difícil, uma vez que a recuperação e reutilização desses é limitada. A disposição final ambientalmente correta desses produtos também constitui um problema, uma vez que, em geral, esses apresentam riscos ao meio ambiente. 8787 87 Sustentabilidade em materiais, economia circular e seu impacto Autor: Bruno Pizol Invernizzi Objetivos • Conhecer os conceitos envolvidos na sustentabilidade. • Correlacionar sustentabilidade e as aplicações dos materiais. • Compreender o que vem a ser a economia circular. • Entender as consequências da economia circular. 8888 1. Sustentabilidade Segundo Mikhailova (2004), o termo sustentabilidade, que vem sendo amplamente empregado na atualidade, tem diversas interpretações que resultaram em uma ampliação muito grande do seu significado. Entre tantas interpretações possíveis, a autora cita que todas possuem um ponto em comum: a sustentabilidade deve ser tratada como transdisciplinar, uma vez que os conceitos ambientais são extensos, passando por diversas áreas do conhecimento. Mikhailova (2004) cita que, embora a sociedade humana tenha passado a dar um maior enfoque ao meio ambiente após a década de 1970, antes disso já havia uma preocupação do homem em relação a isto, embora de forma mais discreta, citando como exemplo que a escola econômica clássica prega que uma economia saudável possui três fatores que atuam em conjunto: a terra, o capital e o trabalho. Neste conceito, a terra representa o meio ambiente e não somente a propriedade. Na década de 1970 ocorreu um ponto que fez com que a sustentabilidade entrasse de vez na agenda dos governantes mundiais, que ficou conhecido como a Conferência de Estocolmo. Tal conferência foi organizada e realizada pelas Nações Unidas e o tema tratado foi justamente o meio ambiente, onde foram apresentados estudos que comprovavam o efeito da atividade humana sobre o meio ambiente, tendo sido a primeira atitude mundial no sentido de conscientizar os governantes sobre a importância da sua preservação. Embora essa conferência tenha sido responsável por despertar a preocupação em relação ao meio ambiente, tal preocupação já vinha sendo cultivada desde o início da década de 1960 com o lançamento do livro Primavera Silenciosa, escrito por Rachel Carson, que retratava principalmente a ação de pesticidas sobre o meio-ambiente, tendo sido um marco no início dos movimentos ambientais ao redor do mundo. Esse livro, juntamente com outras publicações da época, impulsionou a onda verde que resultou na Conferência de Estocolmo. 8989 89 Desde então, as discussões sobre o meio ambiente vieram se tornando cada vez mais comuns, onde podemos citar outros eventos mundiais de importância similar ao ocorrido em Estocolmo, tais como a “II Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento”, que ficou conhecida como “Rio-92”, o Protocolo de Kyoto, o COP 21 (21ª Conferência das Partes) e, mais atualmente, o COP25 (25ª Conferência das Partes). Embora a conferência de Estocolmo tenha sido a primeira, o protocolo de Kyoto foi o primeiro documento assinado onde os países desenvolvidos assumiram o compromisso de adotar medidas no sentido de combater a poluição atmosférica. ASSIMILE O COP 21 foi realizado em Paris no ano de 2015 envolvendo 195 países, onde ficou estabelecido pela primeira vez que todos os países presentes deveriam reduzir a emissão de poluentes, de modo a limitar o aquecimento global a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. Além das questões ambientais, a conferência tratou também de questões ligadas à erradicação da pobreza no mundo, de modo a preparar o terreno para que essa possa ser facilitada. O conceito de sustentabilidade vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo englobando cada vez mais esferas, as quais não tinham sido pensadas anteriormente. De acordo com Mikhailova (2004), a principal forma de descrever o que vem a ser a sustentabilidade é a justiça para com as gerações futuras, uma vez que este visa à preservação do meio ambiente. Como esse termo possui um conceito complexoe abrangente para fins da engenharia de materiais, podemos defini-lo como sendo a renovação onde o ser humano utilizaria somente recursos naturais renováveis na produção de bens, além do fato de muitos desses serem recicláveis, 9090 de modo a evitar, ou ao menos reduzir, a extração de matérias-primas naturais, priorizando a reutilização e reciclagem daquelas que já foram extraídas anteriormente. Porém, precisamos ter consciência de que ser sustentável não nos remete a ser ambientalmente corretos na totalidade, uma vez que, de forma geral, as atividades humanas resultam em algum tipo de prejuízo à natureza, mesmo quando reutilizamos materiais, ainda assim estamos gerando alguma degradação ao meio ambiente. Para entender melhor, pense na seguinte situação, após o consumo de um dado produto, o usuário fez o descarte correto de um produto que será reaproveitado pela indústria. Para que esse material retorne à indústria, esta precisa de um serviço de logística, denominado logística reversa, que utiliza caminhões, que são movidos à combustão interna e que, portanto, poluem o meio ambiente. Nesse ponto o aluno deve estar se perguntando, “mas e se o caminhão tiver motor elétrico e não de combustão interna”, neste caso podemos pensar em como a energia elétrica é obtida, onde se considerarmos a matriz energética brasileira, temos as termelétricas, hidrelétricas e parques eólicos. As termelétricas, assim como os motores de combustão interna, poluem o meio ambiente através da emissão de CO2, podendo ainda emitir NOx e SOx, que agravam ainda mais a poluição atmosférica. Para o caso das hidrelétricas, embora essas sejam consideradas ambientalmente corretas, para que seja possível a movimentação das turbinas e posterior geração de energia elétrica, deve-se construir grandes represas, que resultam em mudança no curso de rios, inundação de regiões habitadas pela fauna e pela flora, geração de microclimas, devido a mudança da umidade local, entre outros. Para o caso dos parques eólicos, pode-se mencionar a mudança nas correntes de vento, resultando na geração de microclimas, terreno improdutivo, uma vez que esse está sendo ocupado pelas torres eólicas, entre outros. 9191 91 Para encerarmos a questão da sustentabilidade, Mikhailova (2004) cita que, no ano de 1987, foi elaborado pela ONU (Organização das Nações Unidas) o seguinte conceito: “Desenvolvimento sustentável é aquele que busca as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender as suas próprias necessidades”. 1.1 Sustentabilidade aplicável aos materiais Os materiais são basicamente divididos em três classes distintas, polímeros, metálicos e cerâmicos. Temos ainda uma quarta classe que, na verdade, é a união entre as demais, a qual é denominada por materiais compósitos. Dentre as três classes principais, pode-se dizer que, de modo geral, os materiais metálicos podem ser mais facilmente reutilizados e reciclados, permitindo assim que esses sejam amplamente empregados em todos os setores. Mesmo na construção civil, onde a predominância é do cimento Portland, que se enquadra como material cerâmico, os materiais metálicos apresentam papel fundamental e fazem grande sucesso. Como exemplo, pode-se citar estruturas de pontes estaiadas, galpões industriais e até mesmo casas em construções modernas, que, por vezes, empregam somente vigas em aço e vidro, sem citar ainda alguns marcos de extrema importância como a torre Eiffel. Esses materiais são empregados ainda na própria estrutura dos edifícios, onde emprega-se os vergalhões, e na confecção de portas, janelas, entre outros. Os materiais metálicos são reciclados por meio da fusão da sucata e componentes que já não possuem mais serventia para uso, sendo transformado em metal líquido e depois seguindo os processos convencionais, que podem ser desde uma usina para produção de chapas, barras, perfis e vergalhões, até processos de fundição e forjamento, entre outras possibilidades. Dessa forma, os principais pontos que afetam o meio ambiente são a extração da matéria- prima, que resulta em desmatamento e rejeitos de difícil tratamento e 9292 disposição final, gastos energéticos, que ocorrem ao longo do processo produtivo, e gases de efeito estufa emitidos durante o processamento e o transporte. Os materiais poliméricos, por sua vez, vieram crescendo em aplicação ao longo dos anos, porém a sua reciclagem ainda hoje constitui um problema. Já existem processos que permitem a reciclagem inclusive para materiais termofixos e elastômeros, que possuem as ligações cruzadas de enxofre, dificultando o seu processamento mecânico e amolecimento, como é o caso dos pneus. Ao longo dos anos, esses processos vêm ganhando mais variações e possibilidades, o que resulta também na redução do seu custo, tornando esses mais viáveis tecnicamente e economicamente. Segundo Santos (2017), no ano de 2013 o Brasil produziu mais de 68 milhões de unidade de pneus, sendo o descarte anual brasileiro da ordem de 20 milhões de pneus, o que é um problema não somente no país, mas no mundo todo. “Face aos impactos ambientais gerados pelo descarte inadequado de pneus inservíveis, há que se buscar o seu gerenciamento ambientalmente adequado, desde o acondicionamento até a destinação final” (CIMINO e ZANTA, 2005, p. 300 apud SANTOS, 2017, p. 14). Para evitar o descarte ambientalmente inadequado de pneus, conforme mencionado por Cimino e Zanta1 (2005, apud SANTOS, 2017), alternativas tecnicamente e economicamente viáveis para utilização dos pneus vieram sendo apresentadas e aplicadas, sendo tratadas por Santos (2017) com dois focos diferentes, a reutilização e a reciclagem. Conforme explicado por Santos (2017), para a reutilização três diferentes métodos são apresentados, sendo a recapagem, a recauchutagem e a remoldagem. Desses três processos, a recapagem é o mais simples, 1 CIMINO, Marly Alvarez; ZANTA, Viviana Maria. Gerenciamento de pneumáticos inservíveis (GPI): análise crítica de ações institucionais e tecnologias para minimização. Engenharia Sanitária e Ambiental, [s.l.], v. 10, n. 4, p.299-306, dez. 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-41522005000400006. 9393 93 que consiste somente na substituição da banda de rodagem, que é a região útil do pneu, onde ficam localizados os sulcos. A recauchutagem é similar a recapagem, porém é realizada a substituição dos chamados ombros do pneu, além da banda de rodagem. Os ombros correspondem às duas regiões de transição entre a banda de rodagem e os flancos do pneu. Por fim, a remoldagem, que é o processo dos chamados pneus remoldes, consiste no mesmo processo da recauchutagem, porém incluindo os flancos do pneu. Por esse motivo, ao olhar para um pneu remolde, todas as inserções referentes ao pneu original são apagadas, devendo ser refeitas pela organização que efetuou o processo. O processo de reciclagem é um pouco mais complexo, “os materiais contidos nos pneus são extraídos por um processo mecânico, realizado em temperatura ambiente, onde as partículas de borracha vulcanizada são separadas de outros componentes (como metais e tecidos, por exemplo), e passam por várias etapas de trituração, reduzindo gradativamente de tamanho. O aço contido é retirado por eletroímãs, e as fibras da lona são retiradas através de um peneiramento” (KAMIMURA2 2002 apud SANTOS, 2017). Segundo Santos (2017), após o processo de separação da borracha, esta é triturada e convertida em grânulos, que são utilizados para diversas aplicações, como aplicação em pisos de quadras poliesportivas, tapetes para carros, saltos e solas de sapato, colas e adesivos, câmaras de ar, entre outros. Uma aplicação que vem sendo muito utilizada é na confecção de asfalto ecológico. Os materiais cerâmicos, embora sejam utilizados em condições similares àquelas encontradas na natureza, ou seja, em geral são aplicados como óxidos, sulfetos, nitretos, carbetos, entreoutros, são difíceis de serem reciclados, onde nem sempre permitem tal processo, resultando em acúmulo de entulhos, como por exemplo os resíduos da construção civil, 2 KAMIMURA, E. Potencial dos resíduos de borracha de pneus pela indústria da construção civil. Disser- tação de Mestrado em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Florianópolis, 2004. 9494 lembrando que esses resíduos não são os únicos que se enquadram como materiais cerâmicos recicláveis. Lembrando que esse impacto afeta as duas pontas do ciclo, ou seja, afeta a disposição final, mas também afeta a extração de recursos naturais, uma vez que quando não é possível realizar a sua reciclagem, tendemos a extrair mais da natureza, portanto ocorre um dano duplo. Conforme Dagnino (2018), que apresenta dados divulgados pela ABRECON (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição), o Brasil gerou em 2018 aproximadamente 105 milhões de toneladas de entulho, dos quais somente 0,6% são reaproveitados. Somando ao fato do baixo índice de reciclagem, segundo Carreiras (2015), as obras de construção civil consomem cerca de 75% dos recursos naturais extraídos da natura. Durante a fase de estudo e concepção de um projeto de construção civil, deve-se considerar esse dado na escolha de materiais de modo a minimizar os impactos. O problema ambiental representado pelos materiais de construção é definido, segundo Carreiras (2015), como: O problema ambiental associado aos materiais de construção, prende- se, não com a possibilidade de esgotamento das matérias-primas não renováveis, mas sim, com os impactos ambientais provocados pela sua extração. Por conseguinte, a preocupação coloca-se ao nível da destruição da biodiversidade dos locais de extração, e não menos importante, a preocupação pela quantidade de resíduos que são gerados durante as atividades de mineração, assim como, os potenciais e efetivos acidentes ambientais que esses resíduos representam. (CARREIRAS, 2015, p. 38) Contudo, vemos que de fato o impacto duplo ocorre, pois se tivéssemos maiores índices de reciclagem, teríamos menos impactos ambientais, como a extração de matérias-primas não renováveis, bem como os impactos causados por essa atividade no meio ambiente, tais como a destruição da biodiversidade nas regiões onde a extração ocorre. 9595 95 Carreiras (2015) sugere também que o projeto de construção civil deve privilegiar materiais não tóxicos, com baixa energia incorporada, recicláveis, que permitam o reaproveitamento de resíduos de outras indústrias, provenientes de fontes renováveis que estejam associados a baixas emissões de gases de efeito estufa e com alta durabilidade. Os impactos ambientais “são avaliados através de um método que avalia o impacto ambiental de bens e serviços, designado por Avaliação do Ciclo de Vida – ACV (Life Cycle Assessment – LCA)” (CARREIRAS, 2015, p. 40), devendo essa análise ser realizada de forma sistemática, visando quantificar os fluxos de energia e materiais ao longo do ciclo de vida do produto, conforme o diagrama apresentado pela Figura 1. Figura 1 – Quadro contendo alguns dos itens a serem quantificados para o ciclo de vida das edificações Fonte: adaptada de Carreiras (2015, p. 40). Portanto, vimos que para a construção civil, o índice de reciclagem ainda é muito baixo, porém existem outros fatores que impactam o meio ambiente, os quais devem ser considerados pela avaliação do ciclo de vida. É importante mencionar que existem casos particulares, como os materiais radioativos, os quais possuem uma tratativa extremamente complexa e que envolve diversos riscos, tanto durante o seu uso, quanto durante a sua extração, processamento, transporte, armazenamento e destinação final ambientalmente correta, a qual não é tratada como sendo um ponto final, uma vez que esses materiais continuam a emitir radiação, portanto não existe hoje uma tratativa 9696 denominada disposição final ambientalmente correta, uma vez que esses devem continuar sob vigilância, constituindo um problema único e que não será abordado com profundidade. A correta tratativa para esses materiais é dada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), seguindo regras próprias e específicas. O principal ponto dos materiais é entender que existe duas possibilidades para esses, a reinserção na cadeia produtiva, por meio da reutilização e reciclagem, e a disposição final ambientalmente correta, o que faz com que esses devam ser pensados para uma dessas duas situações, evitando assim o seu acúmulo, que resulta em danos ao meio ambiente. Por fim, além dos resíduos exemplificados neste item, outros resíduos comumente reciclados no Brasil, conforme Cardoso (2013), são: • Blocos, chapas, embalagens, perfis, latas e panelas, todos feitos com alumínio. • Metais ferrosos em geral. • Produtos que possuem antimônio na sua composição. • Produtos em cobre e suas ligas (bronze e latão). • Diversos tipos de papeis, como jornal, embalagens, papéis de escritório, panfletos, revistas, caixas de papelão, entre outros. • Plásticos dos mais diversos tipos: • Politereftalato de etila (PET): amplamente empregado em embalagens de refrigerante, água, suco, cosméticos, entre outros. • Polietileno de alta densidade (PEAD): empregado na confecção de engradados de bebidas, baldes, sacolas plásticas, entre outros. • Policloreto de vinila (PVC): possuem grande emprego para a produção de tubos e conexões para transporte de água e esgoto em residências. 9797 97 • Polietileno de baixa densidade (PEBD): altamente empregado na produção de embalagens de alimentos como arroz, feijão, açúcar, sal, entre outros. • Polipropileno (PP): muito empregado na fabricação de embalagens de salgadinhos, biscoitos, potes, tampas de embalagens, entre outros. • Poliestireno (PS): aplicado na produção de copos descartáveis, carcaças de aparelhos eletrônicos, isopor, entre outros. • Vidros. • Eletrônicos, tais como computadores, televisão, rádio, celulares, impressoras, entre outros. • Baterias para carro. • Pilhas e baterias para equipamentos eletrônicos. • Motores elétricos. • Entre outros. 2. Economia circular e os seus impactos Segundo Azevedo (2015), a economia circular nasceu na década de 1970, tendo sido concebida em contrapartida ao modelo tradicional de economia, que é a economia linear onde as ações da sociedade se restringem a extrair, transformar, consumir e descartar. Portanto, a economia circular sugere a quebra desse padrão linear, evitando a ação de descartar ao máximo possível através da reutilização e da reciclagem, onde o produto não deve ter a sua disposição final decretada, mas esse deve retornar à cadeia produtiva para que possa ser aproveitado ao máximo. 9898 Se o aluno for atento, deve ter notado que a economia circular não age somente no ponta final da economia linear (descarte), mas age também na ponta inicial (extração), de modo que com a reutilização e reciclagem de materiais e produtos, evita-se que a extração de matérias-primas ocorra, uma vez que o material que já foi extraído e se encontra em uso na economia retornará à fase produtiva de transformação, ficando preso entre as duas fases centrais da economia linear, a transformações e o consumo. Complementando as ideias expostas anteriormente, Araújo e Queiroz (2017) citam Stahel3 (2016) ao fazerem a analogia de uma economia linear com um rio, onde este flui em sentido único, assim como a logística direta. Já a economia circular é descrita por eles como um lago, onde o material pode fluir para qualquer lado, sem ficar preso a um sentido único, onde esse resulta no “reprocessamento de bens e materiais gera empregos e economiza energia, reduzindo o consumo e o desperdício de recursos” (STAHEL1, 2016 apud ARAÚJO e QUEIROZ, 2017, p. 5). A analogia pode ser melhor entendida por meio da Figura 2. Para que esse produto fiquepreso entre essas duas fases, deve-se adicionar outras fases que tornam a economia circular possível, que são, por exemplo, o desmanche de produtos, visando à reutilização das peças que ainda têm condições de uso, e a reciclagem, que será aplicada àqueles produtos que já não podem ser reutilizados. Além disso, não podemos esquecer que, para que tais operações de desmanche para a reutilização e reciclagem ocorram, precisamos que os produtos e materiais retornem ao setor produtivo, o que é realizado por meio da chamada logística reversa, que é a responsável pelo comportamento demonstrado para a economia circular na Figura 2, sendo que a logística reversa permite que o material retorne ao processo partindo de qualquer fase do fluxo direto. 3 STAHEL, W. R. Circular economy. Nature, v. 531, p. 435-438, 2016. 9999 99 Figura 2 – Esquema comparativo entre economia linear e economia circular Fonte: Sauvé, Bernard e Sloan4 (2016) apud Araújo e Queiroz (2017, p. 5). A logística reversa é o oposto da logística direta, que é uma sequência de eventos que leva o produto no sentido da extração da matéria- prima até o consumidor e a posterior destinação final ambientalmente correta, onde esta pode ser a disposição final ambientalmente correta, porém pode ser também a reutilização e a reciclagem, bem como outros processos como a regeneração e a incineração do material ou produto. Enquanto a logística direta se encarrega de levar a matéria-prima até o setor produtivo e o produto até as prateleiras das lojas para que esses possam ser posteriormente consumidos, a logística reversa se encarrega de fazer o caminho inverso, cuidando para que os bens de pós-vendas e pós-consumo tenham a correta destinação final ambientalmente adequada, uma vez que nem todos esses bens poderão ser reaproveitados pelo setor industrial. Devemos ter em mente, que nem todos os materiais podem ser reutilizados ou reciclados, o que pode ocorrer por inviabilidade técnica, quando ainda não existe uma tecnologia capaz de executar tal tarefa, ou por inviabilidade econômica, quando a tecnologia já está disponível, porém o seu custo ainda é muito alto. 4 SAUVÉ, S.; BERNARD, S.; SLOAN, P. Environmental sciences, sustainable development and circular economy: Alternative concepts for trans-disciplinary research. Environmental Development. v. 17, p. 48-56, 2016. 100100 Portanto, a economia circular entende que a disposição final ambientalmente adequada também pode ocorrer, sendo assim podemos dizer que “a economia circular divide dois grupos de materiais, os biológicos, que são desenhados para reinserção na natureza e os técnicos, que exigem investimento em inovação para serem desmontados e recuperados” (AZEVEDO, 2015, p. 2). Contudo, aqueles materiais que terão a sua disposição final decretada, deverão ser projetados para que não resultem em danos ambientais, sendo esse biodegradáveis, por exemplo, de modo que possam dessa forma ser reinseridos na natureza. Economia Circular é um modelo sustentável de desenvolvimento e, seu objetivo, através da Logística Reversa, é agregar, por meio de ciclos produtivos, novos valores aos descartados e, através da sua reutilização, recuperação, reparação e reciclagem, colaborando com a sustentabilidade e humanidade. (SANTOS, 2017, p. 8) Podemos dizer que a economia circular é uma das formas de a sociedade ser sustentável, tendo a logística reversa como o seu calço que torna todo o ciclo possível. Uma vez que é responsável por garantir o retorno dos bens de pós-consumo e pós-venda ao processo produtivo. Logística reversa é a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, de retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando- lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. (LEITE5, 2003 apud SANTOS, 2017, p. 8) Segundo descrito por Leite (2003), a logística reversa não atua somente em questões ambientais, mas sim em todos os vértices da sustentabilidade, que são a economia, a sociedade e o meio ambiente, de modo que tal prática resulta em oportunidades de negócio para o setor industrial e também para o próprio setor de logística, resultando na geração de novos negócios e empregos. 5 LEITE, P.R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. 101101 101 Segundo descrito por Ellen Macarthur Foundation (2015), a economia circular apresenta diversos impactos na sociedade, na economia e no meio ambiente, onde temos como exemplos a redução do custo líquido em materiais, que chegam a US$ 630 bilhões anuais na União Europeia, geração de emprego, aumento do PIB do país, instiga a inovação de produtos e processos, redução na emissão de dióxido de carbono, redução do consumo de materiais primários, por meio da redução, reutilização e reciclagem, entre diversas outras possibilidades. Contudo, nota-se que esse setor tem grande potencial para novos negócios e geração de emprego, ajudando na resolução de problemas de ordem social e econômica, atuando no tripé da sustentabilidade, uma vez que os ganhos com o meio ambiente também são uma consequência da economia circular. PARA SABER MAIS O Globo (2019) cita que, de acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), mais de 76% das empresas brasileiras desenvolve algum tipo de iniciativa voltada à economia circular, mesmo que somente 30% dos entrevistados pela reportagem tenham ouvido falar nos conceitos ligados a essa prática. É fundamental para o engenheiro de materiais compreender a ligação que existe entre os materiais utilizados, a sustentabilidade e a economia circular, uma vez que esse profissional atua na escolha e no projeto de novos materiais, além de estar inserido no contexto da cadeia produtiva, podendo atuar desde as fases de projeto, passando por desenvolvimento e produção, chegando inclusive ao setor de pós-vendas, como na assistência técnica, por exemplo. 102102 TEORIA EM PRÁTICA A empresa Polímeros S.A. está tentando promover políticas ambientais internas. Para tal, o diretor industrial convidou você, que é o gerente de produção, para um debate sobre formas de reutilização e reciclagem de materiais. Sabendo que na atualidade a empresa não possui nenhum programa nesse sentido, sendo que todos os resíduos sólidos gerados têm a sua disposição final decretada pela empresa, sendo 100% deles considerados como rejeito, quais ações você poderia sugerir para serem implementadas? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Segundo Mikhailova (2004), o termo sustentabilidade, que vem sendo amplamente empregado na atualidade, tem diversas interpretações que resultaram em uma ampliação muito grande do seu significado. Entre tantas interpretações possíveis, a autora cita que todas possuem um ponto em comum: a sustentabilidade deve ser tratada como transdisciplinar, uma vez que os conceitos ambientais são extensos, passando por diversas áreas do conhecimento. Sobre a sustentabilidade, assinale a alternativa correta: a. O ser humano somente passou a se preocupar com o meio ambiente após a Conferência de Estocolmo. b. O Protocolo de Kyoto visou à redução da emissão dos gases de efeito estufa por parte dos países desenvolvidos. 103103 103 c. O conceito de sustentabilidade é imutável, não dependendo de novas experiências humanas. d. A sustentabilidade reconhece somente ações de cunho ambiental, não importando as questões financeiras. e. Sustentabilidade é um termo empregado quando indica que nenhum tipo de dano ao meio ambiente está sendo praticado. 2. O conceito de sustentabilidade vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo englobando cada vez mais esferas, as quais não tinham sido pensadas anteriormente. De acordo com Mikhailova (2004), a principal forma de descrever o que vem a ser a sustentabilidadeé a justiça para com as gerações futuras, uma vez que visa à preservação do meio-ambiente. Sobre a sustentabilidade aplicada aos materiais, assinale a alternativa correta. a. A reciclagem dos materiais poliméricos constitui um problema, uma vez que a tecnologia nesse campo tem se desenvolvido pouco, não apresentando grandes avanços tecnológicos. b. A reciclagem dos materiais poliméricos constitui um problema, uma vez que a tecnologia nesse campo tem se desenvolvido pouco, não apresentando grandes avanços tecnológicos. c. Os materiais cerâmicos são os mais fáceis de serem reciclados, uma vez que esses se encontram em condições similares àquelas encontradas na natureza. 104104 d. O projeto de construção civil deve privilegiar materiais não tóxicos com baixa energia incorporada, recicláveis, que permitam o reaproveitamento de resíduos de outras indústrias, provenientes de fontes renováveis, que estejam associados a baixas emissões de gases de efeito estufa e com alta durabilidade. e. Os materiais radioativos, embora apresentem diversos riscos, são facilmente reaproveitados por meio da reutilização e reciclagem. 3. Analise a figura acima e assinale a alternativa correta: a. A figura A representa um fluxo contínuo, típico de uma economia cíclica. b. A figura A representa somente o fluxo da logística reversa, a qual é ambientalmente correta, não tendo rastros da logística direta, sendo essa uma ilustração típica de uma economia cíclica. c. A figura B representa um fluxo contínuo, típico de uma economia cíclica. 105105 105 d. A figura B representa somente o fluxo da logística reversa, a qual é ambientalmente correta, não tendo rastros da logística direta, sendo essa uma ilustração típica de uma economia cíclica. e. As figuras A e B apresentam o fluxo direto, com a diferença que a figura B representa também o fluxo reverso, sendo essa última uma ilustração típica de uma economia cíclica. Referências bibliográficas ARAÚJO, ThaÍs Duek de; QUEIROZ, Adriane AngÉlica Farias Santos Lopes de. Economia circular: breve panorama da produção científica entre 2007 e 2017. 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Gabarito Questão 1 – Resposta: B Resolução: Mikhailova (2004) cita que, embora a sociedade humana tenha passado a dar um maior enfoque ao meio http://www.abre.org.br/wp-content/uploads/2012/08/embalagem_sustentabilidade.pdf http://www.abre.org.br/wp-content/uploads/2012/08/embalagem_sustentabilidade.pdf https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2017/VII-026.pdf https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2017/VII-026.pdf https://cetem.gov.br/images/congressos/2006/CAC00490006.pdf https://cetem.gov.br/images/congressos/2006/CAC00490006.pdf http://w3.ufsm.br/depcie/arquivos/artigo/ii_sustentabilidade.pdf https://oglobo.globo.com/economia/estudo-mostra-que-76-das-industrias-adotam-medidas-para-elevar-vidhttps://oglobo.globo.com/economia/estudo-mostra-que-76-das-industrias-adotam-medidas-para-elevar-vid https://oglobo.globo.com/economia/estudo-mostra-que-76-das-industrias-adotam-medidas-para-elevar-vid https://nacoesunidas.org/cop21/ https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21677/3/ReciclagemDePneus.pdf https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21677/3/ReciclagemDePneus.pdf http://www.inovarse.org/sites/default/files/T12_0518_2899.pdf http://www.inovarse.org/sites/default/files/T12_0518_2899.pdf 107107 107 ambiente após a década de 1970, antes disso já havia uma preocupação do homem em relação a isto, embora de forma mais discreta, citando como exemplo que a escola econômica clássica prega que uma economia saudável possui três fatores que atuam em conjunto: a terra, o capital e o trabalho. Neste conceito, a terra representa o meio ambiente e não somente a propriedade, portanto a alternativa (a) está errada. Embora a conferência de Estocolmo tenha sido a primeira, o protocolo de Kyoto foi o primeiro documento assinado, onde os países desenvolvidos assumiram o compromisso de adotar medidas no sentido de combater a poluição atmosférica através da redução dos gases que agravam o efeito estufa, portanto a alternativa (b) está correta. O conceito de sustentabilidade vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo, englobando cada vez mais esferas, as quais não tinham sido pensadas anteriormente. De acordo com Mikhailova (2004), a principal forma de descrever o que vem a ser a sustentabilidade é a justiça para com as gerações futuras, uma vez que visa à preservação do meio ambiente, portanto a alternativa (c) está errada. Os vértices da sustentabilidade são: a economia, a sociedade e o meio ambiente, portanto a alternativa (d) está errada. Ser sustentável não nos remete a ser ambientalmente corretos na totalidade, uma vez que toda e qualquer atividade humana resulta em algum tipo de prejuízo à natureza, mesmo quando reutilizamos materiais, ainda assim estamos gerando alguma degradação ao meio ambiente, portanto a alternativa (e) está errada. Questão 2 – Resposta: D Resolução: Os materiais poliméricos, por sua vez, vieram crescendo em aplicação ao longo dos anos, porém a sua reciclagem ainda hoje constitui um problema. Já existem processos que permitem a reciclagem inclusive para materiais termofixos vulcanizados, que possuem as ligações cruzadas de enxofre, dificultando o seu processamento mecânico e 108108 amolecimento, como é o caso dos pneus. Ao longo dos anos, esses processos vêm ganhando mais variações e possibilidades, o que resulta também na redução do seu custo, tornando esses mais viáveis tecnicamente e economicamente, portanto a alternativa (a) é falsa. Para evitar o descarte ambientalmente inadequado de pneus, conforme mencionado por Cimino e Zanta1 (2005), alternativas, tecnicamente e economicamente viáveis para utilização dos pneus vieram sendo apresentadas e aplicadas, sendo tratado por Santos (2017) com dois focos diferentes, a reutilização e a reciclagem, portanto a alternativa (b) é falsa. Os materiais cerâmicos, embora sejam utilizados em condições similares àquela encontrada na natureza, ou seja, em geral são aplicados como óxidos, sulfetos, nitretos, carbetos, entre outros, são difíceis de serem reciclados, pois nem sempre permitem tal processo, resultando em acúmulo de entulhos, como os resíduos da construção civil, portanto a alternativa (c) está errada. Carreiras (2015) sugere também que o projeto de construção civil deve privilegiar materiais não tóxicos, com baixa energia incorporada, recicláveis, que permitam o reaproveitamento de resíduos de outras indústrias, provenientes de fontes renováveis, que estejam associados a baixas emissões de gases de efeito estufa e com alta durabilidade, portanto a alternativa (d) está correta. Os materiais radioativos, os quais possuem uma tratativa extremamente complexa e que envolvem diversos riscos, tanto durante o seu uso quanto durante a sua extração, processamento, transporte, armazenamento e destinação final ambientalmente correta, a qual não é tratada como sendo um ponto final, uma vez que esses materiais continuam a emitir radiação, portanto não existe hoje uma tratativa denominada disposição final ambientalmente correta, uma vez que esses devem continuar sob vigilância, constituindo um problema único e que não será abordado com profundidade, portanto a alternativa (e) está errada. 109109 109 Questão 3 – Resposta: E Resolução: Fonte: Sauvé, Bernard e Sloan6 (2016) apud Araújo e Queiroz, 2017, p. 5. A Figura 2 ilustra um comparativo entre as economias linear e circular, onde se nota a diferença no fluxo de materiais através dessas duas economias. Na linear temos um fluxo único e contínuo, enquanto na circular este fluxo é mais complexo, podendo o material retornar ao início do processo independentemente da fase em que esse se encontra. 6 SAUVÉ, S.; BERNARD, S.; SLOAN, P. Environmental sciences, sustainable development and circular economy: Alternative concepts for trans-disciplinary research. Environmental Development. v. 17, p. 48-56, 2016. 110110 Reciclagem de resíduos de materiais poliméricos, metálicos e cerâmicos Autor: Bruno Pizol Invernizzi Objetivos • Conhecer os métodos para reciclagem de materiais. • Comparar as possíveis soluções apresentadas para reciclagem. • Conhecer possíveis aplicações para os materiais reciclados. 111111 111 1. Reciclagem Com a evolução da sociedade, o ser humano passou a consumir cada vez mais. Esse consumo resulta, entre outros fatores ambientais, na geração de resíduos sólidos, que deverão ter a melhor destinação final ambientalmente correta, ação esta que deve estar apoiada nas leis e normas vigentes. Essas leis e normas preveem diversas ações que podem ser tomadas a fim de evitar que esses resíduos tenham como destino a disposição final, seja esta ambientalmente correta ou não, porém quando não for possível dar outra tratativa diferente, que seja realizada de forma ambientalmente correta para evitar a contaminação do solo, da água e do ar que respiramos, entre outros danos ambientais que possam ocorrer. Dentro das possibilidades apresentadas pelas normas e leis, com o intuito de evitar a disposição final, temos a reciclagem, que pode ser definida como “um conjunto de técnicas de reaproveitamento de materiais descartados, reintroduzindo-os no ciclo produtivo” (MMA, [201-]). A reciclagem consiste em um conjunto de ações que são iniciadas na fonte geradora atingindo as diversas etapas do fluxo direto, englobando etapas como a catação ou coleta e a separação dos resíduos sólidos, que é realizada em diferentes categorias, e a reciclagem para retorno à indústria de bens de consumo. Para um melhor entendimento, a Figura 1 ilustra esse fluxo, reconhecido pela ANCAT (Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis). 112112 Figura 1 – Fluxo logístico da reciclagem Fonte: LCA consultores e pragma soluções sustentáveis apud Ancat (2019, p. 9). Existe também uma outra possibilidade que não consta nessa ilustração, onde o próprio fabricante pode executar a logística reversa a fim de reutilizar ou reciclar os produtos de pós-consumo, para que esses possam ser novamente empregados pela organização em seu processo produtivo ou até mesmo, em casos onde essas ações não sejam possíveis, executar a disposição final ambientalmente correta, uma vez que a legislação brasileira prevê que as organizações são responsáveis por tal ação em casos específicos. Segundo Ancat (2019), os principais efeitos econômicos e ambientais da reciclagem são: • Minimizar a exploração de recursos naturais: essa minimização vem do fato de tal exploração ocorrer para extração das matérias- primas, que são substituídas pela matéria-prima reciclada, reduzindo a necessidade da extração, consequentemente reduzindo a explotação de recursos naturais. 113113 113 •Reduzir a poluição do solo, água e ar: “tanto devido à redução da produção dos materiais quanto à diminuição do descarte inadequado dos resíduos. Ademais, reduz a necessidade de expansão de aterros, e, consequentemente, o gasto público relacionado a esse investimento” (ANCAT, 2019, p. 10). • Mitigação das emissões de gases do efeito estufa: ocorre pela redução da produção de matérias-primas virgens, uma vez que, conforme mencionado, essas necessitam de mais energia para serem obtidas e transformadas. Essa energia utilizada, por vezes, é obtida por meio de processos de combustão, que resultam na emissão de gases de efeito estufa. Além disso, deve-se considerar os cases emitidos como produto da decomposição dos materiais não reciclados, bem como outras emissões que podem ocorrer devido ao processamento da matéria-prima virgem. • Redução dos custos de produção: como a matéria-prima reciclada necessita de menos energia e etapas de processamento, logo essa resulta em menores custos associados, sendo esses custos influenciados também por outros fatores, como questões logísticas e de preservação do meio ambiente, uma vez que quem desmata deve de alguma forma retribuir o meio ambiente, resultando em custos ambientais para a organização. • Geração de emprego e renda: desde o processo de catação até a obtenção da matéria-prima reciclada, também chamada de secundária, tem-se a inclusão de pessoas, em geral, de baixa renda, resultando na geração de empregos e renda, principalmente para a população mais carente que atua nas etapas iniciais do processo (catação e separação). Conforme descrito pela ANCAT (2019), os produtos coletados no Brasil podem ser agregados em 6 categorias diferentes, que são: papéis, 114114 plásticos, alumínio, outros metais, vidros e outros materiais. Tal agregação é ilustrada pela Figura 2. Essas categorias podem ainda ser subdivididas, como é observado na categoria de papeis, por exemplo, que é segmentada em jornal, papelão, papel branco e outros papéis. Figura 2 – Materiais coletados e comercializados pelas organizações Fonte: LCA consultores apud Ancat (2019, p. 24). Os materiais de maior volume coletado e maior valor faturado são os classificados como papéis, conforme ilustrado pelas Figuras 3 e 4, respectivamente, devido às diferenças entre elas, nota-se que o alumínio possui alto valor agregado para a venda, uma vez que em relação ao volume coletado esse representa somente 0,6% a 0,7%, enquanto o valor faturado corresponde a algo em torno de 5%. Figura 3 – Participação de cada material no volume coletado, 2017 e 2018 Fonte: LCA consultores apud Ancat, 2019, p. 25. 115115 115 Figura 4 – Distribuição do faturamento das cooperativas e associações acompanhadas pela Ancat, 2017 e 2018 Fonte: LCA consultores apud Ancat, 2019, p. 26. ASSIMILE No gerenciamento de resíduos, a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), instituída pela Lei nº 12.305/2010, estabelece uma sequência de prioridades para o gerenciamento de resíduos, onde a melhor solução é a não-geração, seguida pelo 3R (redução, reuso e reciclagem), posteriormente temos o tratamento e, por fim, o menos indicado e que resulta em maiores danos ao meio ambiente, a disposição final. Portanto, existem ações que são preferidas em relação à reciclagem, porém essas se fazem presentes principalmente nas fases de projeto e produção, onde é possível evitar e reduzir as quantidades de resíduos gerados. No pós-consumo, pode recorrer ainda a reutilização, mas a reciclagem se faz muito presente nesse momento, sendo de extrema importância. 116116 2. Reciclagem dos materiais metálicos Os materiais metálicos, usualmente, são divididos em ferrosos e não ferrosos, embora, para efeitos de reciclagem, a ANCAT (2019) divida em alumínio e demais metais, devido principalmente ao grande volume e alto valor agregado do alumínio. “Os metais são considerados materiais de alta durabilidade, resistência mecânica e facilidade de conformação” (AGUIAR, 2010, p. 34), podendo esses serem produzidos a partir da sucata ou da redução de minérios. Este segundo método é aplicado aos metais mais utilizados, como o ferro, o alumínio e cobre, entre outros, porém existem exceções, como é o caso do ouro, que pode ser obtido na sua forma pura, não necessitando passar por processos de redução. Quando o material é produzido a partir de minérios, chamamos esse processo de primário, já quando esse é obtido de sucatas, chamamos esse processo de secundário. Para os aços, por exemplo, a sucata é misturada ao ferro gusa, que é o produto resultante da redução dos minérios de ferro, de modo que o produto final possa ter a sua composição química balanceada, visando atingir as propriedades requeridas com o menor custo possível, uma vez que a sucata já possui elementos de liga, como o silício, o cromo, o níquel, o vanádio, o nióbio, entre outros. PARA SABER MAIS Segundo informado pelo G1 Minas (2019), o acidente do rompimento da barragem de rejeitos de minério, ocorrido no ano de 2019 na cidade de Brumadinho/MG, teve 249 mortes registradas até o dia 31 de agosto daquele ano, tendo ainda 21 pessoas desaparecidas. A barragem rompida era operada pela empresa Vale, sendo do tipo 117117 117 mais comum no país. Esse rompimento foi, juntamente com o rompimento da barragem em Mariana, o maior desastre ecológico do país já ocorrido no setor de mineração. Para materiais produzidos sem o emprego de sucata, deve-se adicionar os elementos de liga, que podem ter custos muito elevados, como é o caso do nióbio que custa em torno de 400 vezes mais do que o minério de ferro. Além disso, os materiais metálicos que precisam passar pelo processo de redução necessitam de altos investimentos na compra e manutenção dos equipamentos, investimentos estes que devem ser somados aos altos custos com energia e aos possíveis danos ambientais, uma vez que a atividade de mineração utiliza produtos de alta periculosidade, como ácidos, produzindo os chamados rejeitos, que precisam ser armazenados em barragens, uma vez que a reutilização desses é técnica e economicamente inviável na atualidade. Dessa forma, a sucata pode reduzir o custo final dos produtos metálicos comercializados, sendo uma solução extremamente viável. Segundo Vasques (2009), a sucata de aço, por exemplo, pode ser basicamente dividida em três tipos: sucata interna (gerada pela própria usina siderúrgica), sucata industrial (gerada pelas metalúrgicas, fundições e plantas industriais em geral) e sucata de obsolescência (produto de pós-consumo, proveniente de catadores e coletas). Ao desembarcar nas usinas siderúrgicas, comumente as sucatas são encaminhadas para o pátio de sucatas, onde essas são separadas de acordo com a sua composição química, necessidades de industrialização e formato. Conforme descrito por Vasques (2009), as sucatas são industrializadas antes de serem aproveitadas, com o objetivo de aumentar a densidade (corte, prensagem, fragmentação ou trituração), reduzir as impurezas (plástico, madeira, vidro, borracha, entre outros) e adequar os contaminantes (elementos de liga). 118118 Esses processos são comumente realizados por equipamentos como o Triturador de Sucatas Shredder, que funciona conforme a seguinte explicação: O sistema é composto de alimentação, trituração, área de transferência, transferência por separador magnético, catação, pesagem, empilhamento, sistema de despoeiramento, sistema de injeção eletrônico de água, separação de não ferrosos, sistemas hidráulicos e tubulações em geral. (VASQUES, 2009, p. 37) Outro processo de reciclagem amplamente empregado no Brasil, além do processo aplicável aos materiais ferrosos descrito acima, é o processo para reciclagem das latas de alumínio, que segue o fluxo ilustrado na Figura 5. Figura 5 – Fluxograma de operações em reciclagem de alumínio Fonte: ABAL apud Vasques (2009, p. 53). Na separação magnética, como o nome já sugere,é realizada a separação do alumínio e de outros metais não magnéticos daqueles que são magnéticos, em geral constituídos por ferro. Os processos de cominuição e peneiramento atuam em conjunto, visando à obtenção de tamanhos menores e com uma distribuição mais homogênea de sucata. O forno para eliminação de vernizes e tintas opera com uma 119119 119 temperatura mais baixa, na qual o alumínio não é fundido, visando somente à eliminação dos produtos orgânicos. A prensa é uma etapa de compactação, reduzindo o volume e densificando a carga. O forno rotativo é utilizado para fundir e homogeneizar a carga da sucata, para que esta possa ser posteriormente enviada aos fabricantes de latinhas. 3. Reciclagem dos materiais cerâmicos Segundo a classificação presente em Ancat (2019), os materiais cerâmicos estão divididos entre vidros e outros materiais, sendo que esse último inclui os resíduos sólidos da construção civil. Segundo Vilhena (2002), os vidros podem ser 100% reciclados por meio da fusão em um processo sem perdas, sendo este material misturado à carga de matéria-prima na forma de cacos, reduzindo tanto os custos com matéria-prima, que não são tão representativos, e os custos com energia, que se reduzem em torno de 2,5% quando utilizados 10% de material reciclado na carga. Além disso, esse material pode ser reciclado diversas vezes, bem como os materiais metálicos, não possuindo um limite de uso para tal aplicação. Os cacos de vidro utilizados possuem duas procedências distintas, a interna, que é gerada pelo próprio fabricante (refugo), e a externa, que possui diversas procedências distintas. Segundo Vilhena (2002), o vidro recebido como sucata deve passar por etapas de separação magnética, visando à remoção de materiais magnéticos como o ferro e o aço, catação, visando separar o vidro de outros materiais incluindo os cerâmicos não vítreos, trituração, para obtenção de um tamanho homogêneo, detector de metais, para remoção dos metais não ferrosos que por ventura tenham sobrado em meio aos cacos. Esse material já é apropriado para uso, portanto pode servir para carregar os fornos de fusão. 120120 Existem outras aplicações para os cacos de vidro, as quais são citadas por Vilhena (2002), tais como: material de enchimento, material abrasivo, matéria-prima para fritas cerâmicas, fabricação de tijolo de vidro, fabricação de lã de vidro, entre outras aplicações possíveis. Já os resíduos da construção civil, também chamados de entulho, podem ser definidos como: Provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil. Incluem também os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações e fiação elétrica, entre outros, comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. (BRASIL1, 2002 apud VILHENA, 2002, p. 171) Segundo Vilhena (2002), o entulho pode ser coletado pelos municípios ou pelas empreiteiras responsáveis pela construção, normalmente de prédios. A importância de definir a procedência desse entulho vem do fato de que, quando este é obtido por meio da coleta municipal, costuma conter muitas contaminações, como solo, matéria orgânica, plástico, entre outras. Já os materiais coletados pelas empreiteiras podem conter outros tipos de contaminantes, tais como fragmentos de blocos cerâmicos, concreto, argamassa, entre outros. Esses resíduos sólidos da construção civil, antes de serem reciclados, devem primeiramente ser separados, utilizando quatro classes distintas definidas por resoluções CONAMA, mais especificamente a Resolução CONAMA 307: • CLASSE A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. São exemplo dessa classe o concreto, os tijolos, a argamassa, os revestimentos, o solo proveniente da terraplanagem, entre outros. 1 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. 2002. Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. n. 136, 17/7/02, seção I, p. 95-96. 121121 121 • CLASSE B – são os resíduos recicláveis que não se enquadram na classe anterior, ou seja, podem ser reciclados, porém não entram no “agregado”. Citam-se como exemplos: os plásticos, metais, papeis, papelões, vidros, madeiras, gesso e as embalagens vazias de tintas imobiliárias. • CLASSE C – são os resíduos que não possuem um processo de reciclagem desenvolvido, seja por questões tecnológicas ou econômicas; seus produtos comumente não são reciclados ou recuperados, como exemplo tem-se o gesso. • CLASSE D – são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção. São exemplos dessa classe: as tintas, os solventes, os óleos, entre outros, incluindo os resíduos que estão contaminados ou são prejudiciais à saúde, oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais, bem como telhas e demais objetos que contenham amianto. Portanto, os resíduos sólidos da construção civil possuem diversas restrições. Os resíduos de interesse nesse caso correspondem aos resíduos Classe B, que são basicamente polímeros e metais, sendo estes abordados em outros tópicos, e os materiais que atendem à Classe A, os quais compõem o agregado, porém para tal necessitam passar por um processo de trituração seguido de peneiramento para obtenção de tamanhos homogeneamente distribuídos. Após a trituração e o peneiramento, o material já pode ser aplicado como agregado, sendo adequado para aplicações não estruturais, tais como: Blocos de concreto de vedação; obras de pavimentação; guias e sarjetas; regularização e cascalhamento de ruas de terra; obras de drenagem; execução de contrapisos; contrapiso; contenção de encostas com sacaria de entulho-cimento; calçada; pavimentação para tráfego leve; Recuperação do sistema viário com aterro de entulho reciclado. (VILHENA, 2002, p. 181) 122122 4. Reciclagem dos materiais poliméricos Segundo Vilhena et al.2 (2002, apud JORGE, 2015, p. 31), os polímeros podem ser divididos em duas classes, os termofixos e os termoplásticos, sendo que o primeiro, devido às ligações cruzadas resultantes de processos de vulcanização, só podem ser moldados uma única vez, enquanto o segundo tipo pode ser reprocessado diversas vezes. Um exemplo típico do primeiro caso é a borracha utilizada nos pneus dos carros, enquanto para o segundo caso temos as garrafas PET. Conforme explicado por Vilhena et al.1 (2002 apud JORGE, 2015, p. 31), os termofixos correspondem a aproximadamente 20% dos polímeros, enquanto os termoplásticos podem ser subdivididos em seis diferentes tipos, de acordo com a resina que utilizam, que correspondem a 90% do sua aplicação, sendo esses os PEBD (Polietileno de baixa densidade), PEAD (Polietileno de alta densidade), PP (Polipropileno), PS (Poliestireno), PVC (Poli -cloreto de vinila) e PET (Poli - tereftalato de etileno). Tal separação pelo tipo de resina aplicado é realizada para evitar produtos de baixa qualidade, que seriam inerentes às misturas. A sequência para reciclagem inclui, portanto, etapas como a triagem, podendo o material seguir para processamentos mecânicos ou químicos, conforme ilustrado pela Figura 6. 2 VILHENA, André; D’ALMEIDA, Maria Luiza O. Bio consciência: lixo municipal – manual de gerenciamento integrado. 2. ed. rev. Brasília: CEMPRE, 2002. 123123 123 Figura 6 – Opções de gestão dos resíduos plásticos em termos do ciclo de vida dos produtos poliméricos Fonte: Jorge (2015, p. 9) (adaptada de Villaplana & Karlsson3, 2008). Segundo Jorge (2015), na etapa de triagem, além de levar em consideração o tipo de resina do plástico, também são levadas em consideração questões como a core o tipo de processo de fabricação do resíduo que será reciclado (sopro, injeção, extrusão, entre outros). No Brasil, o processo de reciclagem mais empregado é o processo mecânico, que de um modo geral segue a sequência ilustrada na Figura 7. Figura 7 – Fluxograma simplificado do processo de reciclagem mecânica Fonte: adaptada de Jorge (2015, p. 26). 3 VILAPLANA, F.; KARLSSON, S. Quality Concepts for the Improved Use of Recycled Polymeric Materials: A Re- view. Macromolecular Materials and Engineering, 293, p.274–297, 2008. 124124 Para o caso dos plásticos rígidos, segundo Jorge (2015), após a separação é realizada a moagem, que é realizada em um moinho de facas rotativo. O equipamento de moagem possui na sua parte inferior uma peneira, que condiz um formato próximo ao de “pellets” ao produto da moagem. Posteriormente, o material é lavado usando uma solução contendo detergente aquecido, passando ainda por uma etapa de lavagem para remoção do detergente. Após a lavagem o material passa por um processo de secagem que é realizado por meio de centrifugação, ou por corrente de ar, ou em estufa. Conforme descrito por Jorge (2015), para o caso dos filmes sujos, estes, após passarem pelas mesmas etapas descritas para os plásticos rígidos, seguem para a aglutinação, que consiste na compactação do material para a redução de volume e aumento da sua densidade. Já os filmes limpos são enviados diretamente para essa etapa de aglutinação. Os produtos são então enviados para a etapa de extrusão, que possui como principal função a homogeneização do material, além de permitir a inclusão de pigmentos, aditivos e cargas, que visam permitir ao material o atendimento aos requisitos da encomenda. A etapa de extrusão é responsável por produzir os grânulos de polímeros, que podem ser vistos na Figura 8 e serão utilizados para transformação do plástico em produto final. Figura 8 – Grânulos pigmentados de polímeros Fonte: Irina Vodneva/iStock.com. 125125 125 Contudo, nota-se que existem diversas possibilidades para a reciclagem dos materiais, existindo alguns casos onde a tecnologia atual não permite tal operação, porém, com o avanço tecnológico e o aprimoramento de técnicas já existentes, a tendência é de que mais materiais possam ser reciclados no futuro, uma vez que diversos casos, como os pneus e os entulhos, já foram tratados como sendo sem solução, porém na atualidade esses são reciclados e reutilizados, por exemplo como materiais de preenchimento em construções. TEORIA EM PRÁTICA Você atua para uma empresa do ramo de construção civil, que pretende se tornar uma referência ambiental no setor. Para tal, a alta direção decide utilizar os resíduos sólidos na construção de novos empreendimentos. Dentre as opções de aplicação desses resíduos, que serão retirados de um empreendimento da empresa que se encontra em construção, encontra-se uma coluna estrutural. Seu dever, como engenheiro responsável por materiais dentro da organização, é estabelecer o como deverá ser realizada a tratativa e avaliar a possibilidade de aplicação do material reciclado para a construção da coluna estrutural. Contudo, você deve dizer como o material deverá ser separado e preparado para aplicação, além do fato de explicar o porquê esse pode ou não ser aplicado na construção da coluna estrutural. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Com a evolução da sociedade, o ser humano passou a consumir cada vez mais. Esse consumo resulta, entre 126126 outros fatores ambientais, na geração de resíduos sólidos, que deverão ter a melhor destinação final ambientalmente correta, ação essa que deve estar apoiada nas leis e normas vigentes. Sobre a destinação final, assinale a alternativa correta a. A reciclagem não constitui uma forma de destinação final, mas sim de reaproveitamento de materiais. b. Disposição final e destinação final são a mesma coisa. c. A destinação final é realizada sempre pela logística direta. d. Todos os resíduos sólidos devem passar por uma disposição final que não necessariamente seja uma destinação final. e. Disposição final é uma possível destinação final para um resíduo sólido. 2. “Os metais são considerados materiais de alta durabilidade, resistência mecânica e facilidade de conformação” (AGUIAR, 2010, p. 34), podendo esses serem produzidos a partir da sucata ou da redução de minérios. Este segundo método é aplicado aos metais mais utilizados, como o ferro, o alumínio e cobre, entre outros, porém existem exceções, como é o caso do ouro, que pode ser obtido na sua forma pura, não necessitando passar por processos de redução. Sobre a reciclagem dos materiais metálicos, assinale a alternativa correta: 127127 127 a. Os materiais metálicos produzidos a partir de minérios são chamados de materiais secundários, uma vez que o material primário é o produto da extração, ou seja, o minério concentrado. b. Para a Ancat, os materiais ferrosos possuem uma classe específica, separada dos demais metais. c. Ferro gusa é obtido a partir da redução dos minérios de ferro. d. A industrialização da sucata dos materiais metálicos é feita exclusivamente para o aumento da sua densidade. e. O processo de reciclagem dos aços, embora tenha maior custo, resulta em menor tempo de produção. 3. Segundo a classificação presente em Ancat (2019), os materiais cerâmicos estão divididos entre vidros e outros materiais, sendo que esse último inclui os resíduos sólidos da construção civil. Sobre a reciclagem dos materiais cerâmicos, assinale a alternativa correta: a. Os vidros podem ser 100% reaproveitados na reciclagem por conformação mecânica. b. O vidro pode ser reciclado diversas vezes, bem como os materiais metálicos, não possuindo um limite de uso para tal aplicação. c. Os cacos de vidro utilizados possuem procedência externa, não sendo geradas perdas durante o processo produtivo. 128128 d. Os resíduos da construção civil podem ser divididos em duas classes distintas, A e B, sendo a primeira reciclável. e. A reciclagem dos resíduos da construção civil em agregados resulta em um produto de alta qualidade, podendo inclusive ter aplicações estruturais. Referências bibliográficas AGUIAR, Geisyanne. Gerenciamento dos resíduos sólidos recicláveis: um estudo de caso na associação dos recicladores de Formiga-MG. 2010. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia de Produção) – Centro Universitário de Formiga, Formiga, 2010. Disponível em: https://bibliotecadigital. uniformg.edu.br:21015/xmlui/bitstream/handle/123456789/90/GeisyanneAguiar-EP. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 5 set. 2019. ANCAT, Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis. Anuário da Reciclagem 2017-2018. São Paulo: Ancat, 2019. 53 p. Disponível em: http://www.ativgreen.com.br/cempre/anuario_da_reciclagem.pdf. Acesso em: 5 set. 2019. BRUMADINHO: Sobe para 249 o número de mortos no rompimento de barragem. G1 Minas, Belo Horizonte, 31 ago. 2019. Disponível em: https://g1.globo. com/mg/minas-gerais/noticia/2019/08/31/brumadinho-sobe-para-249-o-numero- de-mortos-no-rompimento-de-barragem.ghtml. Acesso em: 6 set. 2019. JORGE, Luiza Milbroth. A cadeia de reciclagem do plástico pós-consumo na Região Metropolitana de Porto Alegre. 2015. 156 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: https://www.lume.ufrgs. br/bitstream/handle/10183/134611/000987071.pdf?sequence=1. Acesso em: 5 set. 2019. LOMASSO, Alexandre Lourenço et al. Benefícios e desafios na implementação da reciclagem: um estudo de caso no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR). Revista Pensar Gestão e Administração, Belo Horizonte, v. 3, n. 2, p. 1-20, jan. 2015. Semestral. Disponível em: http://revistapensar.com.br/administracao/ pasta_upload/artigos/a104.pdf. Acesso em: 5 set. 2019. MMA, Ministério do Meio Ambiente. Reciclagem. [201-].Disponível em: https:// www.mma.gov.br/informma/item/7656-reciclagem. 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Relatório Técnico 83: Reciclagem de Metais no País. Belo Horizonte: J. Mendo Consultoria, 2009. 168 p. VILHENA, André; D’ALMEIDA, Maria Luiza O. Bio consciência: lixo municipal – manual de gerenciamento integrado. 2. ed. rev. Brasília: CEMPRE, 2002. Gabarito Questão 1 – Resposta: E Resolução: A grande questão em torno das alternativas propostas é a confusão entre destinação final e disposição final. A destinação final é aplicada a todo material que sai do fluxo direto, ou seja, a todos os resíduos sólidos. Contudo, essa pode ser dada como sendo a reutilização desses resíduos, a sua reciclagem, a sua recuperação, ou ainda, caso esse seja um rejeito, poderá ser dada a sua disposição final. A destinação final pode ser executada por meio da logística direta, no caso de termos uma disposição final, ou da logística reversa, no caso de termos uma reutilização, reciclagem ou recuperação. Questão 2 – Resposta: C Resolução: Quando o material é produzido a partir de minérios, chamamos esse processo de primário, já quando esse é obtido de sucatas, chamamos esse processo de secundário, contudo a alternativa (a) está errada. Segundo descrito pela Ancat (2019), os produtos coletados no Brasil podem ser classificados em seis categorias diferentes, que são: papeis, plásticos, alumínio, outros metais, vidros e outros materiais, portanto a alternativa (b) está errada. Para os aços, a sucata é misturada ao ferro gusa, que é o produto resultante da redução dos minérios de ferro, de modo que o produto final possa ter a sua composição química balanceada, visando atingir as propriedades requeridas com o menor custo possível, portanto a alternativa (c) está correta. Conforme descrito por Vasques (2009), as sucatas são industrializadas antes de serem 130130 aproveitadas com o objetivo de aumentar a densidade (corte, prensagem, fragmentação ou trituração), reduzir as impurezas (plástico, madeira, vidro, borracha, entre outros) e adequar os contaminantes (elementos de liga), portanto a alternativa (d) está errada. Para materiais produzidos sem o emprego de sucata, deve- se adicionar os elementos de liga, que podem ter custos muito elevados, portanto a alternativa (e) está errada. Questão 3 – Resposta: B Resolução: Segundo Vilhena (2002), os vidros podem ser 100% reciclados por meio da fusão em um processo sem perdas, sendo esse material misturado à carga de matéria-prima na forma de cacos, reduzindo tanto os custos com matéria-prima, que não são tão representativos, e os custos com energia, que se reduzem em torno de 2,5% quando utilizados 10% de material reciclado na carga. Além disso, esse material pode ser reciclado diversas vezes, bem como os materiais metálicos, não possuindo um limite de uso para tal aplicação. Portanto, a alternativa (a) está errada e a alternativa (b) está correta. Os cacos de vidro utilizados possuem duas procedências distintas, a interna, que é gerada pelo próprio fabricante (refugo), e a externa, que possui diversas procedências distintas, portanto a alternativa (c) está errada. Os resíduos sólidos da construção civil, antes de serem reciclados, devem primeiramente ser separados, utilizando quatro classes distintas definidas por resoluções CONAMA, portanto a alternativa (e) está errada. Os materiais que atendem à Classe A, os quais compõem o agregado, porém para tal necessitam passar por um processo de trituração seguido de peneiramento para obtenção de tamanhos homogeneamente distribuídos. Após a trituração e o peneiramento, o material já pode ser aplicado como agregado, sendo adequado para aplicações não estruturais, portanto a alternativa (e) está errada. 131131 131 Métodos de incorporação de resíduos Autor: Bruno Pizol Invernizzi Objetivos • Entender como os rejeitos podem afetar o meio ambiente. • Conhecer o processo de incorporação de resíduos sólidos. • Comparar algumas aplicações práticas para a incorporação dos resíduos sólidos. 132132 1. O problema dos rejeitos Desde os primórdios, o ser humano é responsável pela geração de resíduos sólidos, que inicialmente se resumiam em sobras de carcaças de animais e vegetais, resultantes da alimentação humana, bem como os excrementos deixados por esses. Com a evolução do ser humano e da sociedade a qual esse pertence, os resíduos sólidos passaram a se modificar, sendo constituídos por novos elementos, tais como madeira, lascas de pedra, metais, entre outros. Na atualidade, devido à constante evolução da sociedade, que é somada ao consumismo exacerbado, a geração de resíduos sólidos acabou por se tornar um problema, tanto pela quantidade gerada quanto pela sua periculosidade, uma vez que essa pode conter elementos pesados e até mesmo nucleares. O fator quantidade leva a uma questão de espaço, onde é necessário, por exemplo, desmatar para poder dispor os resíduos gerados. Enquanto o fator periculosidade resulta em fatores como queimadas (devido à inflamabilidade), contaminação do solo e da água (devido à toxicidade), transmissão de doenças aos animais e seres humanos (devido à patogenicidade), entre outros. Contudo, esses resíduos sólidos apresentam um risco, tanto ao meio ambiente quanto à sociedade e aos seres humanos que nela convivem. Desta forma, ao perceber os danos que vinham sendo causados pelos resíduos sólidos, a sociedade moderna vem concentrando esforços na proteção do meio ambiente, encontrando formas de reutilizar e reciclar esses resíduos sólidos que anteriormente eram tratados como rejeito, tendo a sua disposição final decretada, uma vez que não existiam meios para evitá-la. 133133 133 Devemos lembrar que o consumismo é um combustível altamente inflamável para a geração de resíduos, os quais podem ser resultantes das atividades domésticas, hospitalares ou ainda industriais e extrativistas, entre outras, uma vez que se deve aquecer o setor produtivo para que o consumismo seja possível, onde esse setor depende da extração de alimentos, minerais e outras matérias-primas, que serão processadas e convertidas nos bens de consumo. Desde a extração dos alimentos e minerais até o consumo dos produtos e serviços pelas pessoas, ocorre a geração de resíduos sólidos, que devem ser tratados de forma correta para evitarmos os efeitos adversos citados anteriormente. Na atividade de extração dos minérios, por exemplo, temos a geração dos rejeitos de mineração. Segundo Bezerra (2017), para cada tonelada de minério de ferro concentrado são produzidas aproximadamente 1,5 toneladas de rejeitos, sendo que, no início desse milênio, somente a China produzia em torno de 180 milhões de toneladas de rejeitos de minério de ferro ao ano, que vinha aumentando a uma taxa próxima de 7% ao ano. O total de resíduos sólidos inventariadosno estado de Minas Gerais, oriundos de grandes empresas de mineração, em 2016 (ano base 2015), foi de aproximadamente 606 milhões de toneladas. Este total foi subdivido em rejeitos, estéreis e resíduos. (BEZERRA, 2017) Conforme definido por Bezerra (2017), os resíduos mencionados correspondem à parte que pode ser reciclada ou reutilizada. Os estéreis correspondem aos materiais escavados e movimentados durante a extração dos minérios. Já os rejeitos correspondem a misturas de sólidos e água, denominados em geral como sendo uma lama, que não possuem outro destino que não os reservatórios ou barragens de contenção. 134134 Muitas vezes, o despejo de resíduos requer monitoramento constante para a estabilidade geotécnica e podem conter elementos químicos nocivos, que podem ser libertados para o ambiente, significando um sério problema do ponto de vista ambiental. (SILVA1, 2007; YELLISHETTY2 et al., 2008 apud BEZERRA, 2017) Portanto, os rejeitos compõem a parte de maior preocupação devido às questões supracitadas. Segundo Bezerra (2017), alternativas vêm sendo requeridas para o emprego desses rejeitos de modo a minimizá- los, sendo que já existem alguns processos que utilizam pequenas partes destes, de modo a evitar a sua disposição final. A Figura 1 mostra o crescimento da geração de rejeitos de minério de ferro ao longo dos anos. Figura 1 – Evolução da taxa de produção de rejeitos no mundo Fonte: Guedes e Schneider (2017, p. 13). Seguindo no processo produtivo, saindo da mineração e entrando no setor industrial, também temos grandes problemas, uma vez que a atividade industrial vem crescendo desde o início da industrialização e sempre com tendência de crescer cada vez mais. Porém, tal atividade 1 SILVA, J. P. Impactos ambientais causados por mineração. Revista Espaço da Sofhia, v. 8, 1–13, 2007. 2 YELLISHETTY, M., KARPE, V., REDDY, E. H., SUBHASH, K. N., e RANJITH, P. G. Reuse of iron ore mineral wastes in civil engineering constructions: A case study. Resources, Conservation and Recycling, 52(11), 1283–1289, 2008. 135135 135 gera diversos resíduos diferentes, desde resíduos metálicos até os resíduos resultantes do tratamento de efluentes líquidos e gasosos, tais como o lodo resultante do tratamento de óleos e da água utilizada na indústria, bem como os resíduos sólidos retidos nos filtros aplicados para o controle da emissão de poluentes nas chaminés industriais. Segundo Lucas e Benatti (2008), os resíduos industriais devem ser separados em classes, seguindo as classificações presentes na norma ABNT NBR 10.004 (ABNT, 2004), que prevê a sua classificação em perigosos (Classe I) e não perigosos (Classe II), além de os não perigosos serem classificados como inertes (Classe IIB) ou não inertes (Classe IIA). Quando a sua disposição final for inevitável, esses materiais devem ser isolados e tratados de forma correta. Os resíduos industriais devem ser tratados isolando o componente que apresente uma das características acima descritas, e quanto à disposição final, devem ser isolados com segurança do ambiente, em aterros específicos para esse tipo de resíduo, ou encaminhados para reuso ou reciclagem. Outras formas de tratamento e destinação final de resíduos industriais incluem o coprocessamento, a incineração, a estabilização e solidificação e, no caso de resíduos não perigosos, a fertilização. (LUCAS e BENATTI, 2008, p. 409) Analisando essa questão, vemos que tanto a atividade de mineração quanto a atividade industrial resultam em resíduos sólidos, os quais, por vezes, podem não ter um processo de reutilização ou reciclagem pré-estabelecido que evite a disposição final. Após o consumo, também se tem a geração de problemas, tais como os pneus utilizados em meios de transporte, que também são resíduos sólidos potenciais, uma vez que após a sua vida útil esses são descartados, porém já existem formas de reutilização e reciclagem que foram criadas para evitar a sua disposição final. Os pneus possuem uma composição complexa, já que esses são compostos por borracha, cintas de aço e por uma carcaça de poliéster, 136136 conforme ilustrado pela Figura 2. As borrachas são constituídas por ligações cruzadas que impedem que esse seja reprocessado da mesma forma que os materiais termoplásticos, que necessitam somente ser reaquecidos para uma nova conformação. As ligações cruzadas impedem que a conformação mecânica ocorra, tanto à temperatura ambiente quanto a altas temperaturas, uma vez que o aquecimento dos pneus resulta na sua degradação e não no seu amolecimento para conformação, já que as temperaturas necessárias para romper as ligações cruzadas são tão altas quanto as temperaturas necessárias para romper as ligações entre o carbono e o hidrogênio, resultando assim na sua degradação. Figura 2 – Partes constituintes dos pneus de automóveis Fonte: adaptada de Faria (2015, p. 25). ASSIMILE Segundo descrito por Callister Jr. e Rethwisch (2016), os polímeros são constituídos basicamente por cadeias lineares, ou ramificadas, de hidrocarbonetos, que possuem ligações primárias predominantemente covalentes entre os átomos que constituem tal cadeia. Entre essas cadeias, as ligações são secundárias, as quais permitem a movimentação entre elas, resultando em grandes 137137 137 deformações plásticas. Existem também os polímeros denominados termofixos, que possuem átomos, tais como o enxofre, que promovem a ligação entre as cadeias, sendo essas chamadas de ligações cruzadas, evitando que ocorra a deformação plástica, permitindo somente a deformação elástica. Existe ainda um terceiro tipo, denominado elastômero, os quais se assemelham aos termofixos pelo fato de possuírem ligações cruzadas, porém essas ligações são dispostas de modo a permitir que o material experimente deformações elásticas de grandes proporções. Outra forma de resíduos sólido que pode ser incluída nessa lista é o esgoto e o lixo gerado pelas residências, indústria e comércio, entre outros. Segundo Marciano (1999, p. 1), “a maior parte do nosso esgoto é lançado in natura nos cursos d’água e o lixo urbano depositado a céu aberto ou, em alguns casos, em aterros sanitários”, do esgoto, por exemplo, resulta na remoção dos resíduos sólidos presentes na água, permitindo que essa possa ser utilizada, porém os resíduos sólidos removidos também devem ser tratados, sendo incumbência da sociedade dar uma destinação final ambientalmente adequada para esse. PARA SABER MAIS Segundo reportagem escrita por Velasco (2018), embora mais de 83% da população seja abastecida com água potável, o esgoto gerado ainda é um grande problema, uma vez que 55% do esgoto gerado no Brasil é despejado diretamente na natureza. O estudo foi realizado com base nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre saneamento (SNIS). Ainda segundo a reportagem, esse problema é decorrente da falta de prioridade nas 138138 políticas públicas, maior custo de investimento e de dificuldade nas obras, entre outros motivos, resultando em uma prioridade para o abastecimento de água em detrimento do tratamento de esgoto. 2. Incorporação de resíduos Segundo FEPAM (2010, p. 2), a incorporação de resíduos sólidos pode ser definida como “processo industrial no qual um resíduo é utilizado, como matéria prima ou carga, na composição de um novo produto comercializável”, contudo, podemos dizer que a incorporação de resíduos sólidos nada mais é do que a aplicação desses resíduos, seja pela reutilização ou pela reciclagem, para a confecção de um dado produto. Tal incorporação pode ser realizada de diversas maneiras, porém, de modo geral, nota-se grande aplicação principalmente em materiais cerâmicos, principalmente em materiais aplicados na construção civil, devido ao seu grande volume, seja para compor a carga com o intuito de reduzir custos com materiais de alto valor agregado, onde os materiais incorporados possuem apenas uma função de preenchimento, seja por questõesespecíficas, como propriedades físicas ou químicas desses. 2.1 Aplicação da incorporação utilizando rejeitos de minérios Devido ao aumento crescente da preocupação com o meio ambiente, diversos estudos vêm sendo realizados no sentido de dar novas aplicações aos resíduos sólidos. Muitos dos materiais em estudo já possuem aplicações, porém esses estudos buscam novas práticas que resultem não somente na redução dos impactos ambientais, mas também em maior viabilidade econômica, uma vez que devemos nos lembrar que ambos aspectos fazem parte do tripé da sustentabilidade. 139139 139 Bezerra (2017) promoveu estudos utilizando os rejeitos de minério para aplicação como filler em cimentos Portland. O filler é um tipo de agregado extremamente fino utilizado para enchimento, sendo considerado um material inerte. A sua aplicação resulta em melhorias de algumas propriedades do cimento, tendo seu conteúdo limitado em 10%, além do fato da necessidade de ter no mínimo 85% de calcário (CaCO3), tendo suas especificações embasadas na norma ABNT NBR 11578, conforme mencionado por Zerbino, Giaccio e Isaia3 (2011 apud BEZERRA, 2017, p. 33). Outra característica do filler, citada por Bardini4 (2008 apud BEZERRA, 2017, p. 33) é a distribuição granulométrica, que deve ter 65% dos finos retidos na peneira com abertura de 0,075 mm. Em suas conclusões sobre a possibilidade de aplicar os rejeitos da minério de ferro como filler, Bezerra (2017) concluiu após análise que a distribuição granulométrica do rejeito utilizado era inferior à do filler, sendo próxima à do cimento, em torno de 12 mm. Além disso, o cimento apresentou redução na sua resistência à compressão (próximo de 15%), enquanto o módulo de elasticidade não apresentou grandes variações (próximo de 7%), porém resultou em uma hidratação mais rápida do aluminato, além de uma maior massa específica. Ao final do trabalho, Bezerra (2017) concluiu que o material é promissor e propôs novos estudos para avaliar a durabilidade e os efeitos dos rejeitos em argamassas e concretos. 2.2 Aplicação da incorporação utilizando resíduos industriais Os resíduos industriais foram analisados por Ribeiro (2008), que identificou resíduos do setor industrial, galvânico e automotivo, tendo se focado na escória ferrosa, na areia verde de fundição, nos pós de 3 ZERBINO, R., GIACCIO, G., e ISAIA, G. C. Concrete incorporating rice-husk ash without processing. Construc- tion and Building Materials, 25(1), 371–378. 2011. 4 BARDINI, V. S. D. S., Estudo de viabilidade técnica da utilização de cinzas da queima da casca de Pinus em obras de pavimentação asfáltica. (Dissertação de M.Sc.) – Escola de Engenharia de São Carlos da Univer- sidade de São Paulo, São Carlos, 2008. 140140 exaustão, em micro esferas de vidro para jateamento e em sais de inertização de ácidos de baterias automotivas, todos com a incorporação em materiais cerâmicos. • A escória ferrosa é um subproduto do processo de fundição, sendo basicamente composta por óxidos metálicos que têm a função de proteger o banho da oxidação pelo ar atmosférico, além de ajudar na remoção das impurezas do banho metálico e a manter o calor na carga durante o processamento. • A areia verde de fundição é aplicada na fabricação dos moldes que serão utilizados para dar forma ao metal líquido a ser vazado nesses moldes, sendo classificada como um resíduo inerte pela norma ABNT NBR 10004 (ABNT, 2004), pertencendo à classe IIB. • Os pós de exaustão da fundição são finos resultantes do processo de moldagem, constituídos por bentonita, carvão vegetal e areia silicosa, contendo altas porcentagens de materiais orgânicos. Conforme mencionado por Ribeiro (2008), esses pós são retirados do molde por meio de esteiras vibratórias. • As microesferas de vidro para jateamento são aplicadas na limpeza mecânica das peças, sendo arremessadas contra o material em alta velocidade visando executar a sua limpeza, removendo a areia do molde que tenha aderido às paredes do material. Durante o processo, as microesferas se partem a cada uso. Após uma dada quantidade de ciclos aplicados, as esferas partidas perdem as suas propriedades necessárias para a aplicação no jateamento, resultando em um resíduo classificado como pertencente à classe IIB. • Os sais de inertização de ácidos de baterias automotivas são provenientes da neutralização do ácido presente na bateria automotiva, sendo comumente utilizado como agente para neutralização o hidróxido de sódio (Na(OH)2) devido ao fato deste 141141 141 ter alto potencial alcalino. Como subproduto da reação entre o ácido e o hidróxido de sódio, tem-se a formação dos chamados sais de inertização, cuja disposição final resulta em problemas devido às questões ambientais. Para cada um dos produtos mencionados, Ribeiro (2008) fez um levantamento de possibilidades: • Para a escória ferrosa são possíveis algumas aplicações, como, por exemplo, a obtenção de placas vitro-cerâmicas, para aplicação como revestimento, ou a mistura com cimento, que possibilita o aumento da resistência à compressão do mesmo. • Para a areia verde de fundição, pode-se aplicar em massas asfálticas betuminosas, além de poder ser incorporado à argila vermelha para a confecção de peças. • Para o pó resultante do processo de jateamento com as microesferas de vidro, Ribeiro (2008) cita a possibilidade de aplicar como fundente para a confecção de porcelana, resultando em economia de energia, devido à temperatura de fusão mais baixa. Notou-se também o aumento de resistência mecânica em estudos em diferentes materiais cerâmicos. Em estudo realizado por Ribeiro (2008), este concluiu que os pós de exaustão e os sais de inertização podem ser aplicados na confecção de produtos a partir da cerâmica vermelha, tais como os tijolos, as telhas, pisos, entre outros. 2.3 Aplicação da incorporação utilizando resíduos de pneus Pinto e Akazaki (2016) promoveram testes para avaliar a incorporação de resíduos da borracha de pneus em massas de gesso, concluindo que o material compósito obtido possuía boa resistência mecânica e excelente isolamento acústico, porém a aderência à massa somente é possível empregando gesso de granulometria fina em torno de 0,075 mm. 142142 Faria (2015) realizou estudos com a incorporação da borracha de pneus para a fabricação de cerâmica vermelha, concluindo que tal incorporação reduziu a plasticidade da massa cerâmica para as concentrações por ela estudadas, porém o produto apresentou resistência mecânica satisfatória em relação às normas vigentes. Além da proposta apresentada por Pinto e Akazaki (2016), Faria (2015) cita outras aplicações como carga em asfaltos, concreto, argamassa e tijolos. 2.4 Aplicação da incorporação para produção de materiais da construção civil Lucas e Benatti (2008) promoveram levantamentos de estudos com resíduos industriais para obtenção de materiais cimentícios e argilosos aplicados na construção civil. A indústria cerâmica é uma das que mais se destacam na reciclagem de resíduos industriais e urbanos, em virtude de possuir elevado volume de produção, o que possibilita o consumo de grandes quantidades de rejeitos. Esse volume de consumo, aliado às características físico-químicas das matérias-primas cerâmicas e às particularidades do processamento cerâmico, faz da indústria cerâmica uma das grandes opções para a reciclagem de resíduos sólidos. (MENEZES; NEVES; FERREIRA5, 2002 apud LUCAS e BENATTI, 2008, p. 410) Em um dos estudos avaliados, Balaton, Gonçalves e Ferrer6 (2002 apud LUCAS e BENATTI, 2008, p. 410) utilizaram lama galvânica incorporada em massa cerâmica vermelha, onde foi notado que para até 2% em peso não houve qualquer modificação nas propriedades da massa, sendo que para porcentagens superiores a essa ocorreu a formação de 5 MENEZES, R. R.; NEVES, G. A.; FERREIRA, H. C. O estado da arte sobre o uso de resíduos como matérias-primas cerâmicas alternativas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícolae Ambiental, v. 6, n. 2, p. 303-313, 2002. 6 BALATON, V. T.; GONÇALVES, P. S.; FERRER, L. M. Incorporação de Resíduos Sólidos Galvânicos em Massas de Cerâmica Vermelha. Cerâmica Industrial, v. 7, n. 6, nov./dez. 2002. 143143 143 eflorescência na superfície do material. Contudo, os autores concluíram que para a aplicação estudada, pode-se eliminar os rejeitos através da aplicação da incorporação utilizando até 2% em peso. Basegio e colaboradores7 (2002 apud LUCAS e BENATTI, 2008, p. 410) realizaram um estudo também com a incorporação em tijolos, porém aplicando lodo de curtume, onde para até 10% em peso as propriedades obtidas foram satisfatórias. Portanto, esta aplicação é até mais interessante do que a anterior, uma vez que permite maiores pesos de lama, lembrando que as lamas utilizadas eram de fontes diferentes, portanto possuem composição e propriedades diferentes. Nuvolari e Coraucci Filho8 (2003 apud LUCAS e BENATTI, 2008, p. 410- 411) também estudaram a incorporação de lamas em tijolos, porém a lama aplicada foi a gerada em estações de tratamento de esgoto, onde se concluiu que aplicações até 10% em peso são possíveis, sem gerar alterações significativas nas principais propriedades do tijolo. TEORIA EM PRÁTICA Você atua como gerente industrial para uma empresa fabricante de materiais refratários, que são utilizados na aciaria (unidade em usina siderúrgica onde o ferro-gusa é convertido em aço) para conversão do ferro gusa e de sucata em aço. Devido à alta concorrência com produtos importados, o proprietário da empresa decidiu reduzir os custos de produção e está analisando a possibilidade de empregar rejeitos de mineração do ferro. Para tal, ele pediu que você faça tal avaliação. Explique para ele quais pontos deverão ser levados em consideração, lembrando 7 BASEGIO, T. et al. Environmental and technical aspects of the utilization of tannery sludge as a raw material for clay products. Journal of the European Ceramic Society, v. 22, p. 2251-2259, 2002. 8 NUVOLARI, A.; CORAUCCI FILHO, B. Utilização de Lodos de Esgoto Sanitário em Tijolos Cerâmicos Maciços: Aspectos Tecnológicos e Ambientais, In: FÓRUM DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS PAULISTAS – CIÊNCIA E TEC- NOLOGIA EM RESÍDUOS, 1, 2003, São Pedro – S. P. Anais [...]. São Pedro: ICTR, 18-20 maio 2003. p. 729-743. 144144 que você não sabe ao certo se esta ideia dará certo ou não, uma vez que não existem muitos estudos sobre este tema. No entanto, espera-se que você proponha uma metodologia para avaliar a possibilidade. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Devido à constante evolução da sociedade que é somada ao consumismo exacerbado, a geração de resíduos sólidos acabou por se tornar um problema, tanto pela quantidade gerada quanto pela sua periculosidade, uma vez que essa pode conter elementos pesados e até mesmo nucleares. Sobre as possíveis destinações finais aplicáveis a um resíduo sólido, assinale a alternativa que apresenta a melhor situação possível. a. Redução. b. Reutilização. c. Reciclagem. d. Incineração. e. Disposição final. 2. Desde a extração dos alimentos e minerais até o consumo dos produtos e serviços pelas pessoas, ocorre a geração de resíduos sólidos, que devem ser tratados de forma correta para evitarmos os efeitos adversos citados anteriormente. 145145 145 Sobre as atividades humanas, em relação à produção de bens, assinale a alternativa correta. a. Os rejeitos gerados em todas as atividades industriais devem ser dispostos em barragens de contenção b. Os resíduos industriais são classificados em acordo com as regras da Ancat, devendo ser separados em seis diferentes classes: papéis, plástico, vidros, alumínio, outros metais, outros materiais. c. A escória ferrosa é um subproduto do processo de fundição, sendo composta exclusivamente por óxidos metálicos. d. Os polímeros são facilmente reciclados, pois necessitam somente ser aquecidos para serem conformados mecanicamente. e. O tratamento e a destinação final de resíduos industriais incluem o coprocessamento, a incineração, a estabilização e solidificação e, no caso de resíduos não perigosos, a fertilização. 3. Devido ao aumento crescente da preocupação com o meio-ambiente, diversos estudos vêm sendo realizados no sentido de dar novas aplicações aos resíduos sólidos. Muitos dos materiais em estudo já possuem aplicações, porém esses buscam novas práticas que resultem não somente na redução dos impactos ambientais, mas também em maior viabilidade econômica, uma vez que devemos nos lembrar que ambos aspectos fazem parte do tripé da sustentabilidade. 146146 Sobre a incorporação de resíduos, assinale a alternativa correta: a. A incorporação de resíduos é uma parte pertencente ao processo de incineração b. A incorporação de resíduos diz respeito à disposição final desses no meio ambiente c. A incorporação de resíduos pode ser definhada como sendo um processo industrial no qual um resíduo é utilizado, como matéria prima ou carga, na composição de um novo produto comercializável d. A incorporação de resíduos se refere a um processo logístico, para o qual o material retorna à cadeira de suprimentos, utilizando a logística reversa. e. A incorporação de resíduos não é muito estudada, pois esta não possui grandes aplicações práticas, embora seja uma prática ambientalmente correta. Referências bibliográficas BEZERRA, Carolina Goulart. Caracterização do rejeito de minério de ferro (iot) e avaliação da sua influência no comportamento físico-químico e mecânico de pastas de cimento. 2017. 140 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. BRASIL começará a produzir energia a partir de lixo e esgoto. Época: Negócios, São Paulo, v. 1, n. 1, p.1-1, 16 mar. 2019. 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C. L. et al. Incorporação de rejeito de minério sulfetado de cobre nas propriedades tecnológicas de revestimentos cerâmicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 21., 2014, Cuiabá/ MT. Anais[...]. Cuiabá: CBECIMAT, 2014. p. 1488-1500. Disponível em: http://www. metallum.com.br/21cbecimat/CD/PDF/115-010.pdf. Acesso em: 11 set. 2019. PINTO, Nayra Alberici; AKASAKI, Jorge Luis. Incorporação de resíduos de borracha de pneus em matriz de gesso para utilização na construção civil. Revista Engenharia Civil, Portugal, n. 53, p.43-56, 2016. Anual. Disponível em: http://www.civil.uminho. pt/revista/artigos/n53/Pag.43-56.pdf. Acesso em: 11 set. 2019. SANTOS, Rafael Reinheimer dos et al. Incorporação de resíduos sólidos como alternativa para diminuir a quantidade de utilização da argila na confecção de produtos cerâmicos. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 25., 2016, Teresina/ PI. Anais [...]. Teresina: Universidade Federal do Piauí, 2016. p. 1-6. VELASCO, Clara. Saneamento avança, mas Brasil ainda joga 55% do esgoto que coleta na natureza, diz estudo. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/ economia/noticia/saneamento-avanca-mas-brasil-ainda-joga-55-do-esgoto-que- coleta-na-natureza-diz-estudo.ghtmll. Acesso em: 01 nov. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta: B Resolução: Embora a melhor solução de todas seja a redução, se possível a eliminação, tal solução não é uma disposição final, já que se trata de uma questão de projeto ou processo, ou seja, essa pode ser realizada somente antes da geração do resíduo sólido. A destinação final ocorre quando o resíduo já foi gerado, sendo necessário dizer o que deverá ser feito com este. Sendo assim, a reutilização é o melhor caminho, pois tanto a reciclagem quanto a incineração resultam em gastos maiores de energia, além disso, de modo geral, resultam em maiores emissões de poluente, uma vez que envolvem processos além da logística. Já a disposição final é a pior situação possível, que somente deve ser dada quando não for possível realizar nenhuma das outras alternativas Questão 2 – Resposta: E Resolução: Somente os rejeitos gerados na mineração devem ser dispostos em barragens de contenção. Para as demais áreas http://www.metallum.com.br/21cbecimat/CD/PDF/115-010.pdf http://www.metallum.com.br/21cbecimat/CD/PDF/115-010.pdf http://www.civil.uminho.pt/revista/artigos/n53/Pag.43-56.pdf http://www.civil.uminho.pt/revista/artigos/n53/Pag.43-56.pdf https://g1.globo.com/economia/noticia/saneamento-avanca-mas-brasil-ainda-joga-55-do-esgoto-que-colet https://g1.globo.com/economia/noticia/saneamento-avanca-mas-brasil-ainda-joga-55-do-esgoto-que-colet https://g1.globo.com/economia/noticia/saneamento-avanca-mas-brasil-ainda-joga-55-do-esgoto-que-colet 149149 149 industriais, os resíduos industriais são classificados em acordo com a ABNT NBR 10004, podendo ser perigosos (Classe I) ou não perigosos (Classe II), sendo esta última classe classificada em inerte (Classe IIB) e não inerte (Classe IIA). Contudo, as alternativas A e B estão erradas. A escória ferrosa é um subproduto do processo de fundição, sendo basicamente composta por óxidos metálicos, podendo conter outros elementos como sulfetos, por exemplo, portanto a alternativa C está errada. Os polímeros termoplásticos são facilmente reciclados, pois podem ser aquecidos para serem deformados plasticamente, porém existem os polímeros termofixos, por exemplo, que possuem ligações cruzadas que impedem tal operação, portanto a alternativa D está errada. Quanto à disposição final, devem ser isolados com segurança do ambiente, em aterros específicos para esse tipo de resíduo, ou encaminhados para reúso ou reciclagem. Outras formas de tratamento e destinação final de resíduos industriais incluem o co- processamento, a incineração, a estabilização e solidificação e, no caso de resíduos não perigosos, a fertilização. (LUCAS e BENATTI, 2008, p. 409) Portanto, a alternativa E está correta. Questão 3 – Resposta: C Resolução: Segundo FEPAM (2010, p. 2), a incorporação de resíduos sólidos pode ser definhada como “processo industrial no qual um resíduo é utilizado, como matéria-prima ou carga, na composição de um novo produto comercializável.” Seguindo tal definição, podemos dizer que a incorporação de resíduos sólidos nada mais é do que a aplicação desses resíduos, seja pela reutilização ou pela reciclagem, para a confecçãode um dado produto. Portanto, a alternativa C está correta, enquanto as demais estão erradas. 150150 Apresentação da disciplina Química verde e o meio ambiente Objetivos 1. O meio ambiente 2. Química verde 3. Relação entre meio-ambiente, consumo e resíduos 4. Importância dos 3R Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Tipos de resíduos e classificação dos resíduos, legislação e destinação final Objetivos 1. Os resíduos sólidos 2. A classificação dos resíduos sólidos 3. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) 4. Outras leis aplicáveis Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Normas da série ISO 14001 Objetivos 1. ISO, ABNT e suas normas 2. ABNT NBR ISO 14001:2015 3. Auditoria dos sistemas de gestão 4. Normas ABNT correlatas à ABNT NBR ISO 14001 Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Prevenção de subprodutos, economia de átomos, sínteses de compostos de menor toxicidade, desenvolvim Objetivos 1. Subprodutos 2. Economia de átomos 3. Sínteses de compostos de menor toxicidade 4. Desenvolvimento de compostos seguros 5. Diminuição de solventes e auxiliares Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Sustentabilidade em materiais, economia circular e seu impacto Objetivos 1. Sustentabilidade 2. Economia circular e os seus impactos Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Reciclagem de resíduos de materiais poliméricos, metálicos e cerâmicos Objetivos 1. Reciclagem 2. Reciclagem dos materiais metálicos 3. Reciclagem dos materiais cerâmicos 4. Reciclagem dos materiais poliméricos Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Métodos de incorporação de resíduos Objetivos 1. O problema dos rejeitos 2. Incorporação de resíduos Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito