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International Auditing and Assurance Standards Board Manual das Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados International Auditing and Assurance Standards Board Versão Original Traduzido e Republicado ISA™ ISQC™ IAPN™ Edição 2015 Parte I 3 NOTA À EDIÇÃO 2015 A presente edição do Manual das Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados (Edição 2015 – Parte I) é uma tradução da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas com base no texto original em língua inglesa emitido pelo Internacional Audit and Assurance Standards Board (IAASB) da International Federation of Accountants (IFAC). O material técnico incluído neste Manual compreende todas as Normas Internacionais de Auditoria (ISA), a ISQC 1, e a Recomendação de Práticas Internacionais de Auditoria IAPN 1000, Considerações Especiais na Auditoria de Instrumentos Financeiros. Comparativamente com a Edição de 2010, foi introduzida a ISA 701, Comunicar Matérias Relevantes de Auditoria no Relatório do Auditor Independente e foram feitas revisões às seguintes ISA: • ISA 260, Comunicação com os Encarregados da Governação • ISA 315, Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material Através do Conhecimento da Entidade e do Seu Ambiente • ISA 570, Continuidade • ISA 610, Usar o Trabalho de Auditores Internos • ISA 700, Formar uma Opinião e Relatar sobre Demonstrações Financeiras • ISA 705, Modificações à Opinião no Relatório do Auditor Independente • ISA 706, Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outras Matérias • ISA 720, As Responsabilidades do Auditor Relativas a Outra Informação A introdução da ISA 701 e as revisões a outras ISA assinaladas acima determinaram, também, ajustamentos em outras ISA as quais, no texto original, não estão consideradas nas normas respetivas mas numa secção independente intitulada “Conforming Amendments To Other ISAs”. Na versão em língua portuguesa, esses ajustamentos já estão incluídos nos textos respetivos das ISA agora publicadas. N O R M A S IN TE R N A C IO N A IS D E A U D IT O R IA E D E C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E PA RT E I 5 ÍNDICE PARTE I MANUAL DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS PARTE I ÍNDICE Página A Função da International Federation of Accountants .................................. 9 Estrutura das Normas Emitidas pelo International Auditing and Assurance Standards Board ..................................................................................... 10 Prefácio às Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados .......................................................................................... 11–16 Glossário de Termos ...................................................................................... 17–42 NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE ISQC 1, Controlo de Qualidade para Firmas que Executem Auditorias e Revisões de Demonstrações Financeiras e Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados ........................................................ 43–81 AUDITORIAS DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA HISTÓRICA 200–299 PRINCÍPIOS E RESPONSABILIDADE GERAIS ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria ............... 82–114 ISA 210, Acordar os Termos de Trabalhos de Auditoria ............................... 115–140 ISA 220, Controlo de Qualidade para uma Auditoria de Demonstrações Financeiras ............................................................................................. 141–161 ISA 230, Documentação de Auditoria .......................................................... 162–175 ISA 240, As Responsabilidades do Auditor Relativas a Fraude numa Auditoria de Demonstrações Financeiras .............................................. 176–223 ISA 250, Consideração de Leis e Regulamentos numa Auditoria de Demonstrações Financeiras ................................................................... 224–239 ISA 260 (Revista), Comunicação com os Encarregados da Governação ..... 240–271 6ÍNDICE PARTE I MANUAL DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS PARTE I ISA 265, Comunicar Deficiências no Controlo Interno aos Encarregados da Governação e à Gerência .............................................................................. 272–284 300–499 AVALIAÇÃO DO RISCO E RESPOSTA AOS RISCOS AVALIADOS ISA 300, Planear uma Auditoria de Demonstrações Financeiras ................. 285–300 ISA 315 (Revista), Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material Através do Conhecimento da Entidade e do Seu Ambiente .................. 301–361 ISA 320, A Materialidade no Planeamento e na Execução de uma Auditoria ................................................................................................ 362–372 ISA 330, As Respostas do Auditor a Riscos Avaliados ................................. 373–398 ISA 402, Considerações de Auditoria Relativas a uma Entidade que Utiliza uma Organização de Serviços .................................................... 399–424 ISA 450, Avaliação de Distorções Identificadas durante a Auditoria ........... 425–439 500–599 PROVA DE AUDITORIA ISA 500, Prova de Auditoria ......................................................................... 440–458 ISA 501, Prova de Auditoria — Considerações Especificas para Itens Selecionados .......................................................................................... 459–470 ISA 505, Confirmações Externas .................................................................. 471–483 ISA 510, Trabalhos de Auditoria Iniciais — Saldos de Abertura ................. 484–496 ISA 520, Procedimentos Analíticos .............................................................. 497–505 ISA 530, Amostragem de Auditoria .............................................................. 506–523 ISA 540, Auditar Estimativas Contabilísticas, Incluindo Estimativas Contabilísticas de Justo Valor e Respetivas Divulgações ...................... 524–572 ISA 550, Partes Relacionadas ....................................................................... 573–603 ISA 560, Acontecimentos Subsequentes ....................................................... 604–617 ISA 570 (Revista), Continuidade .................................................................. 618–647 ISA 580, Declarações Escritas ...................................................................... 648–665 600–699 USAR O TRABALHO DE TERCEIROS ISA 600, Considerações Especiais — Auditorias de Demonstrações Financeiras de Grupos (Incluindo o Trabalho dos Auditores de Componente) .......................................................................................... 666–719 ISA 610 (Revista), Usar o Trabalho de Auditores Internos .......................... 720–744 N O R M A S IN TE R N A C IO N A IS D E A U D IT O R IA E D E C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E PA RT E I 7 ÍNDICE PARTE I MANUAL DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS PARTE I ISA 620, Usar o Trabalho de um Perito do Auditor ...................................... 745–766 700–799 CONCLUSÕES DE AUDITORIA E RELATO ISA 700 (Revista), Formar uma Opinião e Relatar sobre Demonstrações Financeiras .............................................................................................767–825 ISA 701, Comunicar Matérias Relevantes de Auditoria no Relatório do Auditor Independente ............................................................................. 826–851 ISA 705 (Revista), Modificações à Opinião no Relatório do Auditor Independente .......................................................................................... 852–884 ISA 706 (Revista), Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outras Matérias no Relatório do Auditor Independente ........................................................ 885–903 ISA 710, Informação Comparativa — Números Correspondentes e Demonstrações Financeiras Comparativas ............................................ 904–925 ISA 720 (Revista), As Responsabilidades do Auditor Relativas a Outra Informação ............................................................................................. 926–977 800–899 ÁREAS ESPECIALIZADAS ISA 800, Considerações Especiais — Auditorias de Demonstrações Financeiras Preparadas de Acordo com Referenciais de Finalidade Especial ................................................................................ 978–994 ISA 805, Considerações Especiais — Auditorias de Demonstrações Financeiras Isoladas e de Elementos, Contas ou Itens Específicos de uma Demonstração Financeira ..............................................................995–1015 ISA 810, Trabalhos para Relatar Sobre Demonstrações Financeiras Resumidas ............................................................................................1016–1042 RECOMENDAÇÕES DE PRÁTICAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA IAPN 1000, Considerações Especiais na Auditoria de Instrumentos Financeiros ............................................................................................. 1043 IF A C 9 IFAC A FUNÇÃO DA INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS A International Federation of Accountants (IFAC) serve o interesse público ao contribuir para o desenvolvimento de organizações fortes e sustentáveis, mercados e economias. Ela defende a transparência, responsabilidade pelos atos e comparabilidade do relato financeiro; auxilia o desenvolvimento da profissão de auditoria e contabilidade; e comunica a importância e valor dos profissionais de auditoria e contabilidade à comunidade financeira global. Fundada em 1977, a IFAC é atualmente composta por 175 membros e associados de 130 países e jurisdições, representando aproximadamente 2,84 milhões de profissionais em regime liberal, e na educação, setor público, indústria e comércio. Como parte do seu mandato de interesse público, a IFAC contribui para o desenvolvimento, adoção e implementação de normas de auditoria e garantia de fiabilidade de alta qualidade, principalmente através do seu apoio ao International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB). A IFAC proporciona recursos humanos, instalações, suporte de comunicações e financiamento a este organismo de normalização independente e facilita as nomeações e processos de seleção dos seus membros. O IAASB estabelece as suas próprias agendas e aprova as suas publicações de acordo com um processo estabelecido e sem o envolvimento da IFAC. A IFAC não tem capacidade de influenciar as agendas ou publicações. A IFAC publica manuais, normas e outras publicações e detêm os direitos de autor. A independência do IAASB é salvaguardada através de vários modos: • supervisão independente do interesse público, formal, relativamente ao estabelecimento das normas pelo Public Interest Oversight Board (ver www.ipiob.org para mais informação), a qual inclui um processo rigoroso envolvendo consulta pública; • um convite público para nomeações e uma supervisão independente, formal, do processo de nomeação/seleção, pelo Public Interest Oversight Board; • transparência total, tanto em termos do processo devido para a normalização como do acesso público aos materiais da agenda, reuniões e a publicação de bases para conclusões em cada norma final; • o envolvimento de um Grupo de Aconselhamento Consultivo e observadores no processo de normalização; e • o requisito que os membros do IAASB, bem como as organizações de nomeação/empregadores, se comprometam com a independência, integridade e missão de interesse público do conselho. Para mais informações visite o website da IFAC em www.ifac.org 10IFAC ESTRUTURA 8 Código de Ética dos Profissionais de Contabilidade e Auditoria do IESBA Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade ISQC 1–99 Normas Internacionais de Controlo de Qualidade Auditorias e Revisões de Informação Financeira Histórica Referencial Internacional para Trabalhos de Garantia de Fiabilidade ISA 100–999 Normas Internacionais de Auditoria ISAE 3000–3699 Normas Internacionais de Trabalhos de Garantia de Fiabilidade ISRE 2000–2699 Normas Internacionais de Trabalhos de Revisão ISRS 4000–4699 Normas Internacionais de Serviços Relacionados Serviços Relacionados Âmbito das Normas do IAASB ESTRUTURA DAS NORMAS EMITIDAS PELO INTERNATIONAL AUDITING AND ASSURANCE STANDARDS BOARD PR EF Á C IO 11 PREFÁCIO PREFÁCIO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS (Em vigor desde 15 de dezembro de 2011) ÍNDICE Parágrafo Introdução .................................................................................................... 1–2 As Normas do International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) ............................................................................................... 3–4 As Normas Oficiais do IAASB ..................................................................... 3–4 A Autoridade Inerente às Normas Internacionais Emitidas pelo IAASB ................................................................................................... 5–17 Normas Internacionais de Auditoria ............................................................. 11 Normas Internacionais de Controlo de Qualidade ......................................... 12 Outras Normas Internacionais ........................................................................ 13–16 Julgamento Profissional ................................................................................. 17 Aplicabilidade das Normas Internacionais .................................................... 18–19 Material não Oficial .................................................................................... 20–22 Recomendações de Práticas Internacionais de Auditoria .............................. 21–22 Recomendações de Práticas Relacionadas com Outras Normas Internacionais ......................................................................................... 23 Publicações Internas ...................................................................................... 24 Língua .......................................................................................................... 25 12PREFÁCIO PREFÁCIO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Introdução 1. Este prefácio às Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Au- ditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados é emitido para facilitar a compreensão do âmbito e autoridade das normas que o International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) emite, conforme estabelecido nos Termos de Referência do IAASB. 2. O IAASB tem um compromisso para desenvolver um conjunto de Normas Internacionais e outras normas que sejam geralmente aceites em todo o mundo. Os membros do IAASB agem no interesse comum do público em geral e da profissão de auditoria mundial. Daqui pode resultar que se tome uma posição numa matéria que não esteja de acordo com a prática corrente no seu país ou firma ou que não esteja de acordo coma posição tomada por aqueles que pretendem tornar-se membros do IAASB. As Normas do International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) As Normas Oficiais do IAASB 3. As normas do IAASB regem a auditoria, a revisão, outros trabalhos de garantia de fiabilidade e serviços relacionados, que sejam conduzidos de acordo com Normas Internacionais. Não se sobrepõem às leis ou regulamentos nacionais que regem a auditoria de demonstrações financeiras históricas ou os trabalhos de garantia de fiabilidade sobre outra informação num determinado país, e que são exigidos de acordo com as normas nacionais desse país. No caso em que as leis ou regulamentos nacionais difiram das Normas do IAASB, ou sejam com elas conflituantes, num determinado assunto, um trabalho conduzido de acordo com as leis ou regulamentos nacionais não está automaticamente em conformidade com as Normas do IAASB. Um auditor não deve invocar conformidade com as Normas do IAASB a menos que o auditor tenha cumprido integralmente todas as normas que sejam relevantes para o trabalho. 4. As normas oficiais do IAASB são as Normas Internacionais que são emitidas seguindo um processo estabelecido do IAASB. A Autoridade Inerente às Normas Internacionais Emitidas pelo IAASB 5. As Normas Internacionais de Auditoria (ISA) devem ser aplicadas na auditoria de informação financeira histórica. PR EF Á C IO 13 PREFÁCIO PREFÁCIO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS 6. As Normas Internacionais de Trabalhos de Revisão (ISRE) devem ser aplicadas na revisão de informação financeira histórica. 7. As Normas Internacionais de Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade (ISAE) devem ser aplicadas em trabalhos de garantia de fiabilidade que não sejam auditoria ou revisão de informação financeira histórica. 8. As Normas Internacionais de Serviços Relacionados (ISRS) devem ser aplicadas a trabalhos de compilação, trabalhos para aplicar procedimentos acordados a informação e outros trabalhos de serviços relacionados conforme especificados pelo IAASB. 9. As ISA, ISRE, ISAE e ISRS são coletivamente referidas como as Normas de Trabalho do IAASB. 10. As Normas Internacionais de Controlo de Qualidade (ISQC) devem ser aplicadas a todos os serviços abrangidos pelas Normas de Trabalho do IAASB. Normas Internacionais de Auditoria 11. As ISA são escritas no contexto de uma auditoria de demonstrações financeiras1 executadas por um auditor independente. Devem ser adaptadas conforme necessário nas circunstâncias quando aplicadas à auditoria de outra informação financeira histórica. A autoridade das ISA está estabelecida na ISA 200.2 Normas Internacionais de Controlo de Qualidade 12. As ISQC são escritas para serem aplicadas pelas firmas relativamente a todos os seus serviços abrangidos pelas Normas de Trabalho do IAASB. A autoridade da ISQC é estabelecida na introdução às ISQC. Outras Normas Internacionais 13. Algumas Normas Internacionais identificadas nos parágrafos 6-8 contêm: objetivos, requisitos, material de aplicação e outro material explicativo, matérias introdutórias e definições. Estes termos devem ser interpretados de forma análoga diretamente à forma como estão explicados no âmbito das ISA e de auditorias de demonstrações financeiras na ISA 200. 1 Salvo disposto de forma diferente, “demonstrações financeiras” significa demonstrações financeiras compreendendo informação financeira histórica. 2 ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria 14PREFÁCIO PREFÁCIO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS 14. Outras Normas Internacionais identificadas nos parágrafos 6-8 contêm princípios básicos e procedimentos essenciais (identificados a letras a negrito pela palavra”deve”) juntamente com a respetiva orientação na forma de material explicativo e outro, incluindo apêndices. Os princípios básicos e procedimentos essenciais devem ser entendidos e aplicados no contexto do material explicativo e outro que proporciona orientação para a sua aplicação. É por isso necessário considerar todo o texto de uma Norma para compreender e aplicar os princípios básicos e procedimentos essenciais. 15. Os princípios básicos e procedimentos essenciais de uma Norma devem ser aplicados em todos os casos em que sejam relevantes nas circunstâncias do trabalho. Porém, em circunstâncias excecionais um auditor pode julgar necessário não cumprir um procedimento essencial relevante a fim de atingir a finalidade desse procedimento. Quando surgir tal situação, exige- se que o auditor documente como os procedimentos alternativos executados atingem a finalidade do procedimento e, exceto quando for claro de forma diferente, as razões do não cumprimento. Espera-se que a necessidade do auditor não cumprir um procedimento essencial relevante só surja quando, nas circunstâncias específicas do trabalho, esse procedimento seria ineficaz. 16. Os apêndices, que fazem parte do material de aplicação, são uma parte integrante de uma Norma. A finalidade e uso pretendido de um apêndice são explicados no corpo da respetiva Norma ou dentro do título e introdução do próprio apêndice. Julgamento Profissional 17. A natureza das Normas Internacionais exige que o auditor exerça julgamento profissional ao aplicá-las. Aplicabilidade das Normas Internacionais 18. O âmbito, data de entrada em vigor e qualquer limitação específica da aplicabilidade de uma Norma Internacional específica estão clarificados na Norma. Salvo disposto de forma diferente na Norma Internacional, permite- se que o auditor aplique uma Norma Internacional antes da data de entrada em vigor nela constante. 19. As Normas Internacionais são relevantes para trabalhos no setor público. Quando apropriado, são incluídas considerações específicas do setor público: (a) Dentro do corpo de uma Norma Internacional no caso das ISA e ISQC; ou (b) Numa Perspetiva do Setor Público (PSP) que aparece no final de outras Normas Internacionais. PR EF Á C IO 15 PREFÁCIO PREFÁCIO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Material não Oficial 20. O material não oficial inclui as Recomendações de Práticas emitidas pelo IAASB e publicações internas. O Material não oficial não faz parte das Normas Internacionais do IAASB. Recomendações de Práticas Internacionais de Auditoria 21. As Recomendações de Práticas Internacionais de Auditoria (IAPN) não impõem requisitos adicionais para além dos incluídos nas ISA, nem alteram a responsabilidade do auditor de cumprir todas as ISA relevantes para a auditoria. As IAPN proporcionam orientação prática aos auditores e têm como finalidade ser disseminadas pelos responsáveis por normas nacionais, ou serem usadas no desenvolvimento de material nacional correspondente. Também proporcionam material que as firmas podem usar no desenvolvimento dos seus programas de formação e orientação interna. 22. Dependendo da natureza dos tópicos cobertos, uma IAPN pode ajudar o auditor a: • Compreender as circunstâncias da entidade e fazer julgamentos sobre a identificação e avaliação dos riscos de distorção material; • Fazer julgamentos sobre como responder aos riscos avaliados, incluindo julgamentos sobre procedimentos que podem ser apropriados nas circunstâncias; ou • Fazer considerações sobre o relato, incluindo formar uma opinião sobre as demonstrações financeiras e comunicar com os encarregados da governação. Recomendações de Práticas Relacionadas com Outras Normas Internacionais 23. O IAASB pode também emitir Recomendações de Práticas Internacionais de Trabalhos de Revisão (IREPN), Recomendações de Práticas Internacionais de Trabalhosde Garantia de Fiabilidade (IAEPN) e Recomendações de Práticas Internacionais de Serviços Relacionados (IRSPN) para servir a mesma finalidade na implementação das ISRE, ISAE e ISRS, respetivamente. Publicações Internas 24. As publicações internas são usadas para ajudar a aumentar a consciência dos profissionais sobre matérias novas ou emergentes significativas ao referirem- se a requisitos existentes e material de aplicação, ou para direcionar a sua atenção para disposições relevantes das normas do IAASB. 16PREFÁCIO PREFÁCIO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE, AUDITORIA, REVISÃO, OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Língua 25. O único texto oficial de uma Norma Internacional, Recomendação de Práticas, projeto de norma ou outra publicação do IAASB é o publicado pelo IAASB em língua inglesa. G LO SS Á R IO 17 GLOSSÁRIO GLOSSÁRIO DE TERMOS1 (Novembro de 2015) *Acontecimentos subsequentes – Acontecimentos que ocorrem entre a data das demonstrações financeiras e a data do relatório do auditor e factos de que o auditor toma conhecimento depois da data do seu relatório. Actividades de controlo – As políticas e os procedimentos que contribuem para assegurar que as directivas da gerência são levadas a efeito. As actividades de controlo são um componente do controlo interno. Ambiente de controlo – Inclui as funções de governação e de gerência e as atitudes, conhecimento e acções dos encarregados da governação e da gerência com respeito ao sistema de controlo interno e à sua importância na entidade. O ambiente de controlo é um componente do controlo interno. Ambiente de TI – As políticas e os procedimentos que a entidade implementa e a infra- estrutura de TI (hardware, sistemas operativos, etc.) e software de aplicação que usa para suportar as operações do negócio e atingir as estratégias de negócio. Âmbito de uma revisão – Os procedimentos considerados necessários nas circunstâncias para atingir o objectivo da revisão. *Amostragem – (Ver Amostragem de auditoria) *Amostragem de auditoria (amostragem) – Aplicação de procedimentos de auditoria a menos de 100% dos itens de uma população relevante para a auditoria, de tal forma que todas as unidades de amostragem tenham uma probabilidade de selecção, com o objectivo de proporcionar ao auditor uma base razoável para extrair conclusões acerca de toda a população. *Amostragem estatística – Uma abordagem à amostragem que tem as características seguintes: (i) Selecção aleatória dos itens da amostra; e (ii) Uso da teoria das probabilidades para avaliar os resultados da amostra, incluindo a mensuração do risco de amostragem. 1 * Indica um termo definido nas ISA † Indica um termo definido na ISQC 1 No caso de trabalhos do sector público, os termos deste Glossário devem ser lidos como se referindo aos seus equivalentes do sector público. Sempre que não tenham sido definidos termos contabilísticos nas tomadas de posição do International Auditing and Assurance Standards Board, deve ser feita referência ao Glossário de Termos publicado pelo International Accounting Standards Board. GLOSSÁRIO DE TERMOS 18GLOSSÁRIO Uma abordagem de amostragem que não tenha as características (i) e (ii) é considerada amostragem não estatística. *Anomalia – Uma distorção ou um desvio que é comprovadamente não representativo de distorções ou desvios numa população. Apreciar – Identificar e analisar os aspectos relevantes, incluindo a execução de procedimentos adicionais conforme necessário, para chegar a uma conclusão específica sobre uma matéria. “Apreciar”, por convenção, é apenas usada em relação a um conjunto de matérias, incluindo a prova, os resultados de procedimentos e a eficácia da resposta da gerência a um risco. (ver também Avaliar) *Apropriação (da prova de auditoria) – A medida da qualidade da prova de auditoria, isto é, a sua relevância e a sua fiabilidade em apoio das conclusões nas quais se baseia a opinião do auditor. Apropriação indevida de activos – Envolve o roubo de activos de uma entidade e é muitas vezes perpetrado por empregados em quantias relativamente pequenas e imateriais. Porém, pode também envolver a gerência que geralmente é mais capaz de esconder ou disfarçar apropriações indevidas por formas que são difíceis de detectar. Quando o auditor expressa uma opinião sobre se as demonstrações financeiras estão apropriadamente apresentadas, em todos os aspectos materiais, ou dão uma imagem verdadeira e apropriada, as distorções também incluem os ajustamentos de quantias, classificações, apresentação ou divulgações que, no julgamento do auditor, são necessários para que as demonstrações financeiras sejam apresentadas apropriadamente, em todos os aspectos materiais, ou dêem uma imagem verdadeira e apropriada. *Arquivo de auditoria – Um ou mais arquivos ou outros meios de armazenamento, em forma física ou electrónica, contendo os registos que integram a documentação de auditoria relativa a um trabalho específico. *Asserções – Declarações prestadas da gerência, de forma explícita ou outra, que são incorporadas nas demonstrações financeiras e usadas pelo auditor para considerar os diferentes tipos de distorções materiais que podem ocorrer. Assistência Direta – O uso de auditores internos para executarem procedimentos de auditoria sob a direção, supervisão e revisão do auditor externo. Associação – (ver Associação do auditor à informação financeira) Associação do auditor à informação financeira – Um auditor está associado à informação financeira quando anexa um relatório a essa informação ou consente o uso do seu nome numa relação profissional. *Auditor – O termo “auditor” é usado para referir a pessoa ou pessoas que conduzem a auditoria, geralmente o sócio responsável pelo trabalho ou outros membros da equipa GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 19 GLOSSÁRIO de trabalho ou, como aplicável, a firma. Quando uma ISA se destina expressamente a que um requisito ou responsabilidade seja satisfeito pelo sócio responsável pelo trabalho, usa-se a expressão “sócio responsável pelo trabalho”, em vez de “auditor”. “Sócio responsável pelo trabalho” e “firma” devem ser lidos como se referindo aos seus termos equivalentes do sector público, quando relevante. *Auditor antecessor – O auditor de uma firma de auditoria diferente que auditou as demonstrações financeiras de uma entidade no período anterior e que foi substituído pelo auditor corrente. *Auditor do componente – Um auditor que, a pedido da equipa de trabalho do grupo, executa trabalho sobre informação financeira relativa a um componente para efeitos de auditoria do grupo. *Auditor do serviço – Um auditor que, a pedido da organização de serviços, emite um relatório de garantia de fiabilidade sobre os controlos de uma organização de serviços. *Auditor do utente – Um auditor que audita e relata sobre as demonstrações financeiras de uma entidade utente. *Auditor experiente – Um indivíduo (interno ou externo à firma) com experiência prática de auditoria e um conhecimento razoável: (a) De processos de auditoria; (b) Das ISA e dos requisitos legais e regulamentares aplicáveis; (c) Do ambiente do negócio em que a entidade opera; e (d) Dos assuntos de auditoria e de relato financeiro relevantes para o sector de actividade da entidade. *Auditores internos – Os indivíduos que executam as actividades da função de auditoria interna. Os auditores internos podem pertencer a um departamento de auditoria interna ou função equivalente. *Auditoria do Grupo – A auditoria das demonstrações financeiras do grupo. Avaliar – Analisar riscos identificados para concluir sobre a sua importância, “Avaliar”, por convenção, é apenas usado em relação ao risco (ver também Apreciar). Carta de compromisso – Termos acordados de um trabalho escritos em forma de carta. *Cepticismo profissional – Atitude que inclui uma mente interrogativa, alerta para condições que possam indicar uma possíveldistorção devido a erro ou a fraude, e uma apreciação crítica da prova. *Componente – Uma entidade ou actividade empresarial relativamente à qual a gerência de um grupo ou de um componente prepara informação financeira que deve ser incluída nas demonstrações financeiras do grupo. GLOSSÁRIO DE TERMOS 20GLOSSÁRIO *Componente significativo – Um componente identificado pela equipa de trabalho do grupo que (i) é de importância financeira individual para o grupo ou que, (ii) devido à sua natureza ou circunstâncias específicas, implica provavelmente riscos significativos de distorção material para as demonstrações financeiras do grupo. *Confirmação externa – Prova de auditoria obtida através de uma resposta directa escrita ao auditor por um terceiro (a parte que confirma), em papel, por meio electrónico ou por outro meio. *Controlo interno – Processo concebido, implementado e mantido pelos encarregados da governação, gerência e outro pessoal para proporcionar segurança razoável acerca da consecução dos objectivos de uma entidade com respeito à fiabilidade do relato financeiro, eficácia e eficiência das operações e cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis. O termo “controlos” refere-se a qualquer aspecto de um ou mais dos componentes do controlo interno. *Controlos ao nível do Grupo – Controlos concebidos, implementados e mantidos pela gerência do grupo sobre o relato financeiro do grupo. Controlos aplicacionais em tecnologias de informação – Procedimentos manuais ou automáticos que operam tipicamente ao nível de processos de negócio. Os controlos aplicacionais podem ser de natureza preventiva ou de detecção e são concebidos para assegurar a integridade dos registos contabilísticos. Por conseguinte, estes controlos dizem respeito aos procedimentos usados para iniciar, registar, processar e relatar transacções ou outros dados financeiros. *Controlos complementares da entidade utente – Controlos que, na concepção do seu serviço, a organização de serviços assume serão implementados por entidades utentes e que, se necessário para atingir objectivos de controlo, são identificados na descrição do seu sistema. Controlos de acesso – Procedimentos concebidos para restringir o acesso a aparelhos terminais, programas e dados on-line. Os controlos de acesso consistem na “autenticação do utilizador” e na “autorização do utilizador”. A “autenticação do utilizador” tem geralmente a intenção de identificar um utilizador por meio de identificações exclusivas de entrada, palavras senha, cartões de acesso ou dados biométricos. A “autorização do utilizador” consiste em regras de acesso que determinam os recursos computorizados a que cada utilizador pode aceder. Especificamente, tais procedimentos são concebidos para evitar ou detectar: (a) O acesso não autorizado a aparelhos terminais, programas e dados on-line; (b) O lançamento de transacções não autorizadas; (c) Alterações não autorizadas a ficheiros de dados; (d) O uso de programas de computador por pessoal não autorizado; e (e) O uso de programas de computador que não tenha sido autorizado. GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 21 GLOSSÁRIO Controlos gerais de TI – Políticas e procedimentos que se relacionam com muitas aplicações e suportam o funcionamento eficaz dos controlos aplicacionais contribuindo para assegurar o funcionamento apropriado e continuado dos sistemas de informação. Os controlos de TI gerais incluem geralmente controlos sobre os centros de dados e as operações de rede, a aquisição, alteração e manutenção de software do sistema, a segurança do acesso, e a aquisição, desenvolvimento e manutenção de sistemas aplicacionais.Critérios – Referenciais usados para avaliar ou mensurar o assunto em causa incluindo. Os “critérios apropriados” são os critérios usados para um trabalho particular. *Critérios aplicados (no contexto da ISA 8102) – Os critérios aplicados pela gerência na preparação das demonstrações financeiras resumidas. *Critérios apropriados – (ver Critérios) *Data da aprovação das demonstrações financeiras – A data em que todas as demonstrações que integram as demonstrações financeiras, incluindo as respectivas notas, foram preparadas e as pessoas com autoridade reconhecida para tal declararam assumir a responsabilidade por essas demonstrações financeiras. *Data das demonstrações financeiras – A data do final do último período coberto pelas demonstrações financeiras. †Data do relatório (em relação ao controlo de qualidade) – A data escolhida pelo profissional para aposição no relatório. *Data do relatório do auditor – A data que o auditor apõe no seu relatório sobre as demonstrações financeiras de acordo com a ISA 700. 3 *Data em que as demonstrações financeiras são emitidas – A data em que o relatório do auditor e as demonstrações financeiras auditadas são colocadas à disposição de terceiros. *Declaração escrita – Uma declaração escrita prestada pela gerência ao auditor para confirmar determinadas matérias ou para suportar outra prova de auditoria. As declarações escritas neste contexto não incluem demonstrações financeiras, as asserções nelas contidas ou livros e registos de suporte. *Deficiência no controlo interno – Existe quando: (i) Um controlo é concebido, implementado ou operado de tal forma que não é consegue evitar, ou detectar e corrigir em tempo oportuno, distorções nas demonstrações financeiras; ou 2 ISA 810, Trabalhos para Relatar sobre Demonstrações Financeiras Resumidas 3 ISA 700, Formar uma Opinião e Relatar sobre Demonstrações Financeiras GLOSSÁRIO DE TERMOS 22GLOSSÁRIO (ii) Não existe um controlo que seria necessário para evitar, ou detectar e corrigir em tempo oportuno, distorções nas demonstrações financeiras. *Deficiência significativa no controlo interno – Uma deficiência ou combinação de deficiências no controlo interno que, no julgamento profissional do auditor, assume suficiente importância para merecer a atenção dos encarregados da governação. *Demonstrações financeiras – Uma representação estruturada da informação financeira histórica, incluindo divulgações, destinada a comunicar os recursos económicos ou as obrigações de uma entidade numa determinada data ou as alterações neles ocorridos durante um período de tempo de acordo com um referencial de relato financeiro. O termo “demonstrações financeiras” refere-se geralmente a um conjunto completo de demonstrações financeiras conforme determinado pelos requisitos do referencial de relato financeiro aplicável, mas também se pode referir a uma única demonstração financeira. As divulgações compreendem informação descritiva ou explicativa preparada de acordo com o que é exigido ou expressamente permitido pelo referencial de relato financeiro aplicável, seja na face das demonstrações financeiras, seja através de notas, seja ainda através da incorporação de referência cruzada. *Demonstrações financeiras auditadas (no contexto da ISA 810) – Demonstrações financeiras4 auditadas pelo auditor de acordo com as ISA e a partir das quais foram extraídas as demonstrações financeiras resumidas. *Demonstrações financeiras comparativas – Informação comparativa onde as quantias e outras divulgações relativas ao período anterior são incluídas para comparação com as demonstrações financeiras do período corrente mas, se auditadas, são referidas na opinião do auditor. O nível de informação incluído nessas demonstrações financeiras comparativas é comparável com o das demonstrações financeiras do período corrente. *Demonstrações financeiras de finalidade geral – Demonstrações financeiras preparadas de acordo com um referencial de relato de finalidade geral. *Demonstrações financeiras de finalidade especial – Demonstrações financeiras preparadas de acordo com um referencial com finalidade especial. *Demonstrações financeiras do Grupo – Demonstrações financeiras que incluem a informação financeira de mais do que um componente. O termo “demonstrações financeiras do grupo”também se refere a demonstrações financeiras combinadas que agreguem a informação financeira preparada por componentes que não têm uma empresa-mãe mas estão sob controlo comum. *Demonstrações financeiras resumidas (no contexto da ISA 810) – Informação financeira histórica que é extraída de demonstrações financeiras, mas que contém menos detalhes 4 A ISA 200, Objectivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria, parágrafo 13(f) define o termo “demonstrações financeiras” GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 23 GLOSSÁRIO que as demonstrações financeiras, embora proporcionando ainda uma representação estruturada consistente com a que é proporcionada pelas demonstrações financeiras sobre os recursos económicos ou as obrigações da entidade numa determinada data ou as suas alterações durante um período de tempo.5 Jurisdições diferentes podem usar terminologia diferente para descrever tal informação financeira histórica. Destinatários – A pessoa, pessoas ou grupo de pessoas para quem o profissional prepara o relatório de garantia de fiabilidade. A parte responsável pode ser um dos destinatários, mas não o único. *Desfecho de uma estimativa contabilística – A quantia monetária real que resulta da concretização da(s) transacção(ões), acontecimento(s) ou condição(ões) subjacente(s) à estimativa contabilística. *Distorção – Uma diferença entre a quantia relatada, classificação, apresentação ou divulgação de um item das demonstrações financeiras e a quantia, classificação, apresentação ou divulgação que é exigida para o item ficar de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável. As distorções podem decorrer de erro ou de fraude. Quando o auditor expressa uma opinião sobre se as demonstrações financeiras estão apresentadas de forma apropriada, em todos os aspectos materiais, ou dão uma imagem verdadeira e apropriada, as distorções também incluem os ajustamentos de quantias, classificações, apresentação ou divulgações que, no seu julgamento, sejam necessários para que as demonstrações financeiras estejam apresentadas de forma apropriada, em todos os aspectos materiais, ou dêem uma imagem verdadeira e apropriada. *Distorção de um facto – Outra informação não relacionada com matérias que apareçam nas demonstrações financeiras auditadas e que está incorrectamente declarada ou apresentada. Uma distorção material de um facto pode pôr em causa a credibilidade do documento que contém as demonstrações financeiras auditadas. *Distorção tolerável – Uma quantia monetária estabelecida pelo auditor e a respeito da qual este procura obter um nível apropriado de segurança de que não é excedida pela distorção real na população. *Distorções não corrigidas – Distorções que o auditor identificou durante a auditoria e que não foram corrigidas. *Documentação de auditoria – Registo dos procedimentos de auditoria executados, da prova de auditoria obtida e das conclusões a que o auditor chegou (é também usada, por vezes, a expressão “papéis de trabalho”). †Documentação do trabalho – O registo do trabalho executado, dos resultados obtidos, e das conclusões a que o profissional chegou (algumas vezes é usado o termo “papéis de trabalho”). 5 ISA 200, parágrafo 13(f) GLOSSÁRIO DE TERMOS 24GLOSSÁRIO *Elemento – (ver Elemento de uma demonstração financeira) *Elemento de uma demonstraçao financeira (no contexto da ISA 8056) – Um elemento, uma conta ou um item de uma demonstração financeira. *Encarregados da governação – A(s) pessoa(s) ou organização(ões) (por exemplo, um trustee empresarial) com responsabilidade pela supervisão da direcção estratégica da entidade e pelas obrigações relacionadas com a responsabilidade da entidade em prestar contas pelos seus actos. Tal inclui a supervisão do processo de relato financeiro. Para algumas entidades em algumas jurisdições, os encarregados da governação podem incluir pessoal da gerência como, por exemplo, membros executivos de um órgão de gestão de uma entidade do sector privado ou público ou um sócio-gerente.7 *†Entidade admitida à cotação – Uma entidade cujas partes de capital ou instrumentos de dívida estão cotados ou admitidos à cotação numa bolsa de valores reconhecida ou são transaccionados segundo os regulamentos de uma bolsa de valores reconhecida ou outro organismo equivalente. *Entidade utente – Uma entidade que usa uma organização de serviços e cujas demonstrações financeiras estão a ser auditadas. *†Equipa de trabalho – Todos os sócios e pessoal que executam o trabalho, incluindo quaisquer indivíduos designados pela firma ou por uma firma da rede que executam procedimentos de auditoria nesse trabalho. Isto exclui um perito externo do auditor contratado pela firma ou por uma firma da rede.O termo “equipa de trabalho” também exclui indivíduos designados pela firma dentro da função de auditoria interna do cliente que prestam assistência direta a um trabalho de auditoria quando o auditor externo cumpre com os requisitos da ISA 610 (Revista) 8 *Equipa de trabalho do Grupo – Sócios, incluindo o sócio responsável pelo grupo, e outro pessoal que estabelecem a estratégia de auditoria global do grupo, comunicam com os auditores de componentes, executam trabalho sobre o processo de consolidação e avaliam as conclusões resultantes da prova de auditoria como base para formar uma opinião sobre as demonstrações financeiras do grupo. Erro – Uma distorção não intencional nas demonstrações financeiras, incluindo a omissão de uma quantia ou de uma divulgação. 6 ISA 805, Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Financeiras Únicas e Elementos, Contas ou Itens Específicos 7 Para debate da diversidade de estruturas de governação, ver parágrafos A1-A8 da ISA 260, Comunicação com os Encarregados da Governação. 8 A ISA 610 (Revista), Usar o Trabalho de Auditores Internos, estabelece limites para o uso de assistência direta. Também reconhece que pode ser proibido por lei ou regulamento que o auditor externo obtenha assistência direta de auditores internos. Por isso, o uso de assistência direta +e restringido às situações em que é permitida. GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 25 GLOSSÁRIO *Estimativa contabilística – O valor aproximado de uma quantia monetária na ausência de um meio preciso de mensuração. Este termo é usado para uma quantia mensurada pelo justo valor quando haja incerteza de estimação, bem como para outras quantias que exijam estimação. Quando a ISA 5409 se refere apenas a estimativas contabilísticas que envolvem mensurações pelo justo valor, é usado o termo “estimativas contabilísticas ao justo valor”. * Estimativa de um ponto da gerência – A quantia seleccionada pela gerência para reconhecimento ou divulgação nas demonstrações financeiras como estimativa contabilística. * Estimativa de um ponto do auditor ou intervalo do auditor – A quantia ou intervalo de quantias, respectivamente, derivados da prova de auditoria para uso na avaliação da estimativa de um ponto da gerência. Estratégia global de auditoria – Estabelece o âmbito, tempestividade e direcção da auditoria, e orienta o desenvolvimento do plano detalhado de auditoria. *Estratificação – O processo de dividir uma população em sub-populações, cada uma das quais é um grupo de unidades de amostragem com características similares (muitas vezes em termos de valor monetário). *Excepção – Uma resposta que indica uma diferença entre a informação cuja confirmação é pedida ou que está contida nos registos da entidade e a informação proporcionada pela parte que confirma. *Factores de risco de fraude – Acontecimentos ou condições que indicam um incentivo ou pressão ou proporcionam uma oportunidade para cometer fraude. *Falta de isenção da gerência – Uma falta de neutralidade da gerência na preparação da informação. *†Firma – Um profissional individual, parceria, sociedade ou outra entidade de contabilistas ou auditores profissionais.A “Firma” deve ser lida como se referindo aos seus equivalentes do setor público quando relevante. *†Firma da rede – Uma firma ou uma entidade que pertence a uma rede. *†Firma de auditoria – (ver Firma) *Fraude – Um acto intencional praticado por um ou mais indivíduos de entre a gerência, encarregados da governação, empregados ou terceiros, envolvendo o uso propositado de falsidades para obter uma vantagem injusta ou ilegal. 9 ISA 540, Auditar Estimativas Contabilísticas, Incluindo Estimativas de Justo Valor e Respectivas Divulgações GLOSSÁRIO DE TERMOS 26GLOSSÁRIO *Função de auditoria interna – Uma actividade de análise estabelecida ou proporcionada como um serviço para a entidade. Estas funções incluem nomeadamente examinar, avaliar e monitorizar a adequação e a eficácia do controlo interno. *†Garantia de fiabilidade – (ver Garantia razoável de fiabilidade) *†Garantia razoável de fiabilidade (no contexto de trabalhos de garantia de fiabilidade, incluindo trabalhos de auditoria, e de controlo de qualidade) – Um nível de garantia de fiabilidade alto, mas não absoluto. *Gerência – A(s) pessoa(s) com responsabilidade executiva pela condução das operações da entidade. Para algumas entidades em algumas jurisdições, a gerência inclui alguns ou todos os encarregados da governação, como por exemplo membros executivos de um órgão de gestão ou um sócio-gerente. *Gerência do componente – Gerência responsável pela preparação da informação financeira de um componente. *Gerência do Grupo – Gerência responsável pela preparação das demonstrações financeiras do grupo. *Governação – Descreve o papel da(s) pessoa(s) ou organização(ões) com funções de supervisão da direcção estratégica da entidade e das obrigações relacionadas com a responsabilidade da entidade em prestar contas pelos seus actos. Governação da entidade – (ver Governação) *Grupo – Todos os componentes cuja informação financeira é incluída nas demonstrações financeiras do grupo. Um grupo tem sempre mais do que um componente. Importância – A relevância relativa de uma matéria, considerada num determinado contexto. A importância de uma matéria é julgada pelo profissional no contexto em que está a ser considerada. Isto pode incluir, por exemplo, a perspectiva razoável de alterar ou de influenciar as decisões dos destinatários do relatório do profissional ou, noutro exemplo, quando o contexto é um julgamento acerca de se relatar uma matéria aos encarregados da governação, se a matéria deve ser vista por eles como importante em relação aos seus deveres. A importância pode ser considerada no contexto de factores quantitativos e qualificativos, tais como a grandeza relativa, a natureza e efeito sobre o assunto em causa e os interesses declarados pelos destinatários. Incerteza – Uma matéria cujo desfecho depende de acções ou acontecimentos futuros que não estão sob o controlo directo da entidade mas que pode afectar as demonstrações financeiras. *Incerteza de estimação – A susceptibilidade de uma estimativa contabilística e das divulgações relacionadas a uma falta de precisão inerente na sua mensuração. GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 27 GLOSSÁRIO *Inconsistência – Outra informação que contradiz informação contida nas demonstrações financeiras auditadas. Uma inconsistência material pode levantar dúvida sobre as conclusões de auditoria extraídas da prova de auditoria anteriormente obtida e, possivelmente, sobre a base para a opinião do auditor sobre as demonstrações financeiras. *Incumprimento (no contexto da ISA 25010) – Actos ou omissões pela entidade, intencionais ou não intencionais, que são contrários às leis ou regulamentos em vigor. Tais actos incluem transacções celebradas pela entidade, ou em seu nome ou representação, pelos encarregados da governação, pela gerência ou pelos empregados. O incumprimento não inclui a má conduta pessoal (não relacionada com os negócios da entidade) dos encarregados da governação, da gerência ou dos empregados da entidade. Indagação – A indagação consiste na procura da informação junto de pessoas conhecedoras dentro ou fora da entidade. Independência11 – Compreende: (a) Independência da mente – o estado mental que permite a elaboração de uma opinião sem ser afectada por influências que comprometam o julgamento profissional, permitindo a um indivíduo actuar com integridade e ter objectividade e cepticismo profissional. (b) Independência na aparência – o evitar factos e circunstâncias que sejam tão significativos que um terceiro razoável e informado, tendo conhecimento de toda a informação relevante, incluindo quaisquer salvaguardas aplicáveis, concluiria de forma razoável que foram comprometidas a integridade, a objectividade ou o cepticismo profissional da firma, ou de um membro da equipa de auditoria. *Informação comparativa – As quantias e divulgações incluídas nas demonstrações financeiras respeitantes a um ou mais períodos anteriores de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável. *Informação financeira histórica – Informação expressa em termos financeiros em relação a uma dada entidade, derivada principalmente do sistema contabilístico dessa entidade, sobre acontecimentos económicos que ocorreram em períodos de tempo passados ou sobre condições ou circunstâncias em determinadas datas no passado. Informação financeira prospectiva – Informação financeira baseada em pressupostos sobre acontecimentos que podem ocorrer no futuro e sobre possíveis acções de uma 10 ISA 250, Consideração de Leis e Regulamentos numa Auditoria de Demonstrações Financeiras 11 Conforme definido no Código de Ética para Profissionais de Contabilidade e Auditoria do IESBA GLOSSÁRIO DE TERMOS 28GLOSSÁRIO entidade. A informação financeira prospectiva pode apresentar-se na forma de uma previsão, de uma projecção ou de uma combinação de ambas (ver Previsão e Projecção). Informação ou demonstrações financeiras intercalares – Informação financeira (que pode ser menos do que um conjunto completo de demonstrações financeiras como se definiu atrás) emitida em datas intercalares (usualmente semestral ou trimestralmente) com respeito a um período financeiro. Informação sobre o assunto em causa – O desfecho da avaliação ou mensuração de um assunto em causa. É a informação sobre o assunto em causa acerca da qual o profissional recolhe prova apropriada suficiente para proporcionar uma base razoável para expressar uma conclusão num relatório de garantia de fiabilidade. Informação suplementar – Informação que é apresentada juntamente com as demonstrações financeiras e que não é exigida pelo referencial de relato financeiro aplicável usado para preparar as demonstrações financeiras, geralmente apresentada quer em quadros suplementares quer em notas adicionais. Inspecção (como um procedimento de auditoria) – O exame de registos ou documentos, quer internos quer externos, seja em forma de papel ou em forma electrónica, ou o exame físico de um activo. *†Inspecção (em relação a controlo de qualidade) – Em relação a trabalhos de auditoria concluídos, procedimentos concebidos para proporcionar evidência do cumprimento pelas equipas de trabalho das políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma. *Intervalo do auditor – (ver Ponto de estimativa do auditor) Investigar – Indagar sobre matérias que surjam de outros procedimentos para as resolver. *Julgamento profissional – A aplicação de formação, conhecimento e experiência relevantes, no contexto das normas de auditoria, de contabilidade e éticas, para tomar decisões com fundamento acerca das linhas de acção apropriadas nas circunstâncias do trabalho de auditoria. *Materialidade do componente – A materialidade relativa a um componente, determinada pela equipa de trabalho do grupo. *Materialidade de execução – A quantia ou quantias estabelecidas pelo auditor, inferiores à materialidade estabelecida para as demonstrações financeiras como um todo, com vista a reduzirpara um nível apropriadamente baixo a probabilidade de as distorções não corrigidas e não detectadas agregadas excederem a materialidade para as demonstrações financeiras como um todo. Se aplicável, a materialidade de execução refere-se também à quantia ou quantias estabelecidas pelo auditor, inferiores ao nível ou níveis de materialidade, para classes particulares de transacções, saldos de contas ou divulgações. GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 29 GLOSSÁRIO *Matérias relevantes de auditoria – As matérias que, no julgamento profissional do auditor, foram as de maior importância na auditoria das demonstrações financeiras do período corrente. As matérias relevantes de auditoria são selecionadas das matérias objeto de comunicação com os encarregados da governação *†Monitorização (em relação ao controlo de qualidade) – Um processo que abrange a consideração e avaliação contínuas do sistema de controlo de qualidade da firma, incluindo uma inspecção periódica a uma selecção de trabalhos concluídos, concebido para proporcionar à firma segurança razoável de que o seu sistema de controlo de qualidade está a operar com eficácia. Monitorização de controlos – Um processo para apreciar a eficácia do desempenho do controlo interno ao longo do tempo. Inclui apreciar a concepção e funcionamento dos controlos regularmente e tomar as acções correctivas necessárias, modificadas pelas alterações nas condições. A monitorização de controlos é um componente do controlo interno. *Não resposta –A ausência de resposta ou de resposta completa pela parte que confirma a um pedido de confirmação positiva ou um pedido de confirmação devolvido sem resposta. *Normas Internacionais de Relato Financeiro – As Normas Internacionais de Relato Financeiro emitidas pelo International Accounting Standards Board. *Normas profissionais – Normas Internacionais de Auditoria (ISA) e requisitos éticos relevantes. †Normas profissionais (no contexto da ISQC 112) – Normas de Trabalho do IAASB, conforme definido no Prefácio às Normas Internacionais sobre Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados, e requisitos éticos relevantes. *Números correspondentes – Informação comparativa onde as quantias e outras divulgações do período anterior são incluídas como parte integrante das demonstrações financeiras do período corrente, destinando-se a ser lidas apenas em relação com as quantias e outras divulgações relativas ao período corrente (referidas como “números do período corrente”). O nível de detalhe apresentado nas quantias e divulgações correspondentes é ditado principalmente pela sua relevância em relação aos números do período corrente.Observação – Consiste em olhar para um processo ou procedimento que está a ser executado por outros, como por exemplo, a observação pelo auditor da contagem dos inventários efectuada pelo pessoal da entidade ou a observação do desempenho de actividades de controlo. 12 ISQC 1, Controlo de Qualidade para Firmas que Executem Auditorias e Revisões de Demonstrações Financeiras e Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados GLOSSÁRIO DE TERMOS 30GLOSSÁRIO *Opinião de auditoria – (ver Opinião modificada e Opinião não modificada) *Opinião de auditoria do Grupo – A opinião de auditoria sobre as demonstrações financeiras do grupo. *Opinião modificada – Uma opinião com reservas, uma opinião adversa ou uma escusa de opinião. *Opinião não modificada – A opinião expressa pelo auditor quando conclui que as demonstrações financeiras estão preparadas, em todos os aspectos materiais, de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável.13 *Organização de serviços – Uma organização terceira (ou um segmento de uma organização terceira) que presta serviços a entidades utentes que são parte dos sistemas de informação dessas entidades relevantes para o relato financeiro. *Organização de subserviços – Uma organização de serviços usada por uma outra organização de serviços para executar alguns dos serviços prestados a entidades utentes que são parte dos sistemas de informação dessas entidades utentes relevantes para o relato financeiro. *Outra informação – Informação financeira e não-financeira (distinta das demonstrações financeiras e do relatório do auditor sobre as mesmas) incluída por força da lei, regulamento ou prática num documento que contém as demonstrações financeiras auditadas e o relatório do auditor sobre as mesmas. *Parágrafo de Ênfase – Um parágrafo incluído no relatório do auditor que se refere a uma matéria apropriadamente apresentada ou divulgada nas demonstrações financeiras que, no julgamento do auditor, é de importância tal que é fundamental para a compreensão das demonstrações financeiras por parte dos utentes. *Parágrafo de Outras Matérias – Um parágrafo incluído no relatório do auditor que se refere a uma matéria que não as matérias apresentadas ou divulgadas nas demonstrações financeiras que, no julgamento do auditor, é relevante para a compreensão da auditoria, das responsabilidades do auditor ou do seu relatório por parte dos utentes. *Parte relacionada – Uma parte que é ou: (a) Uma parte relacionada como definido no referencial de relato financeiro aplicável; ou (b) No caso de um referencial de relato financeiro aplicável que estabelece requisitos mínimos ou não estabelece requisitos sobre partes relacionadas: 13 Na ISA 700, os parágrafos 35-36, abordam as frases usadas para expressar esta opinião no caso de um referencial de apresentação apropriada e um referencial de cumprimento, respectivamente. GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 31 GLOSSÁRIO (i) Uma pessoa ou outra entidade que tem controlo ou influência significativa, directa ou indirectamente por meio de um ou mais intermediários, sobre a entidade que relata; (ii) Uma outra entidade sobre a qual a entidade que relata tem controlo ou influência significativa directa ou indirectamente por meio de um ou mais intermediários; ou (iii) Uma outra entidade que está sob controlo comum com a entidade que relata tendo: a. Controlo de propriedade comum; b. Proprietários que são membros próximos da família; ou c. Gerência principal comum. Porém, as entidades que estão sob controlo comum por um Estado (isto é, um governo nacional, regional ou local) não são consideradas relacionadas salvo se empreenderem transacções significativas ou partilharem recursos numa extensão significativa umas com as outras. Parte responsável –A(s) parte(s) responsáveis pelo assunto em causa, *Pedido de confirmação negativa – Um pedido para que a parte que confirma responda directamente ao auditor apenas se discordar da informação apresentada no pedido. *Pedido de confirmação positiva – Um pedido para que a parte que confirma responda directamente ao auditor indicando se concorda ou discorda da informação constante do pedido ou fornecendo a informação pedida. Pequena entidade – Uma entidade que tipicamente possui características que incluem: (a) Concentração de propriedade e gerência num pequeno número de indivíduos (muitas vezes um único indivíduo – quer uma pessoa quer uma outra empresa que detém a entidade desde que o proprietário tenha as características qualitativas relevantes); e (b) Uma ou mais das situações seguintes: (i) Transacções lineares ou não complicadas; (ii) Escrituração simples; (iii) Poucas linhas de negócio e poucos produtos dentro das linhas de negócio; (iv) Poucos controlos internos; (v) Poucos níveis de gerência com responsabilidade por uma vasta gama de controlos: ou GLOSSÁRIO DE TERMOS 32GLOSSÁRIO (vi) Pouco pessoal, muitos deles tendo um vasto conjunto de responsabilidades. Estas características qualitativas não são exaustivas, não são exclusivas das entidades mais pequenas, e estas entidades não apresentam necessariamente todas estas características. *Perícia – Habilitações, conhecimentos e experiência numa dada área. *Perito– (ver Perito do auditor e Perito da gerência) *Perito da gerência – Um indivíduo ou organização que possui competências especializadas numa área distinta da contabilidade ou da auditoria e cujo trabalho nessa área é usado pela entidade como auxiliar na preparação das demonstrações financeiras. *Perito do auditor – Um indivíduo ou organização com competências especializadas numa área que não seja a contabilidade ou auditoria, cujo trabalho nessa área é usado pelo auditor para o ajudar a obter prova de auditoria suficiente e apropriada. Um perito do auditor pode ser interno (que seja sócio14 ou pertença ao pessoal técnico, incluindo o pessoal técnico temporário, da firma do auditor ou de uma firma da rede) ou externo. *†Pessoal – Sócios e pessoal técnico. *†Pessoal Técnico – Profissionais não sócios, incluindo quaisquer peritos que a firma empregue. *População – O conjunto completo de dados a partir dos quais se selecciona uma amostra e sobre os quais o auditor deseja extrair conclusões. *Pré-condições para uma auditoria – A utilização pela gerência de um referencial de relato financeiro aceitável na preparação das demonstrações financeiras e o acordo da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação quanto à premissa15 em que assenta a condução de uma auditoria. *Premissa, relativa às responsabilidades da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação, em que assenta a condução de uma auditoria – O facto de que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação reconhecem e compreendem que têm as seguintes responsabilidades, fundamentais para a condução de uma auditoria de acordo com as ISA: (a) Pela preparação das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável, incluindo, quando relevante, a sua apresentação apropriada; 14 “Sócio” e “firma” devem ser lidos como referências aos seus equivalentes no sector público, quando relevante. 15 ISA 200, Objectivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria, parágrafo 13 GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 33 GLOSSÁRIO (b) Pelo controlo interno que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação, determinem ser necessário para possibilitar a preparação de demonstrações financeiras isentas de distorção material devido a fraude ou a erro; e (c) Por proporcionar ao auditor: (i) Acesso a toda a informação de que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação tenham conhecimento e que seja relevante para a preparação das demonstrações financeiras, tal como registos, documentação ou outras matérias; (ii) Informação adicional que o auditor possa pedir à gerência e, quando apropriado, aos encarregados da governação para efeitos da auditoria; e (iii) Acesso sem restrições às pessoas da entidade de entre as quais o auditor determina que é necessário obter prova de auditoria. No caso de um referencial de apresentação apropriada, a alínea (i) acima pode ser reexpressa como “pela preparação e apresentação apropriada das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro” ou “pela preparação de demonstrações financeiras que dêem uma imagem verdadeira e apropriada de acordo com o referencial de relato financeiro”. A “premissa relacionada com as responsabilidades da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação, em que assenta a condução de uma auditoria” pode também ser referida apenas como a “premissa”. Previsão – Informação financeira prospectiva preparada na base de pressupostos quanto a acontecimentos futuros que a gerência espera que se realizem e a acções que a gerência espera tomar à data em que é preparada a informação (melhor estimativa possível dos pressupostos). *Procedimento substantivo – Procedimento de auditoria concebido para detectar distorções materiais ao nível de asserção. Os procedimentos substantivos compreendem: (a) Testes de detalhe (de classes de transacções, saldos de contas e divulgações); e (b) Procedimentos analíticos substantivos. *Procedimentos analíticos – Apreciações da informação financeira através da análise de relações plausíveis não só entre dados financeiros como também não-financeiros. Os procedimentos analíticos também abrangem a investigação que for necessária sobre flutuações ou relações identificadas que sejam inconsistentes com outra informação relevante ou que difiram de valores esperados numa quantia significativa. *Procedimentos de avaliação do risco – Procedimentos de auditoria executados para compreender a entidade e o seu ambiente, incluindo o seu controlo interno, e para GLOSSÁRIO DE TERMOS 34GLOSSÁRIO identificar e avaliar os riscos de distorção material devido a fraude ou erro, quer a nível das demonstrações financeiras quer a nível de asserção. Procedimentos de revisão – Os procedimentos considerados necessários para satisfazer os objectivos de um trabalho de revisão, principalmente indagações ao pessoal da entidade e procedimentos analíticos aplicados a dados financeiros. Processo de avaliação do risco da entidade – Componente do controlo interno que é o processo da entidade para identificar os riscos do negócio relevantes para os objectivos do relato financeiro e para decidir acerca das acções que endereçam esses riscos, e os respectivos resultados. Profissional – Um contabilista ou auditor que exerce publicamente a sua prática profissional. Profissional de contabilidade ou auditoria16 — Um indivíduo que é membro de uma organização membro da IFAC. Profissional de contabilidade ou auditoria em prática pública17 – Um profissional, independentemente da sua classificação funcional (como, por exemplo, auditoria, fiscalidade, ou consultoria) numa firma que presta serviços profissionais. Este termo também é usado para se referir a uma firma de contabilistas ou auditores que exercem publicamente a sua prática. *Profundo – Termo usado, no contexto de distorções, para descrever os efeitos ou os possíveis efeitos de distorções nas demonstrações financeiras, se existirem, que não sejam detectadas devido à incapacidade de obter prova de auditoria suficiente e apropriada. Os efeitos profundos nas demonstrações financeiras são os que, no julgamento do auditor: (i) Não estão confinados a elementos, contas ou itens específicos das demonstrações financeiras; (ii) Se confinados, representam ou podem representar uma parte substancial das demonstrações financeiras; ou (iii) Em relação a divulgações, são fundamentais para a compreensão das demonstrações financeiras pelos utentes. Projecção – Informação financeira prospectiva preparada na base de: (a) Pressupostos hipotéticos acerca de futuros acontecimentos e acções da gerência que necessariamente não se espera que se realizem, tal como nos casos de algumas entidades que estão numa fase de arranque ou que estão a considerar uma alteração significativa na natureza das operações; ou 16 Como definido no Código de Ética para Profissionais de Contabilidade e Auditoria do IESBA 17 Como definido no Código de Ética para Profissionais de Contabilidade e Auditoria do IESBA GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 35 GLOSSÁRIO (b) Uma mistura de pressupostos hipotéticos e das melhores estimativas possíveis. *Prova de auditoria – Informação usada pelo auditor para chegar às conclusões sobre as quais baseia a sua opinião. A prova de auditoria inclui não só a informação contida nos registos contabilísticos subjacentes às demonstrações financeiras, mas também informação de outras fontes. (Ver Suficiência da prova de auditoria e Apropriação da prova de auditoria) Recálculo – Consiste na verificação do rigor matemático de documentos ou registos. *†Rede – Uma grande estrutura que: (a) Tem como objectivo a cooperação; e (b) Está claramente orientada para a partilha de lucros ou de custos, apresenta propriedade, controlo ou gestão comum ou partilha políticas e procedimentosde controlo de qualidade, uma estratégia de negócio, o uso de um nome de marca ou uma parte significativa de recursos profissionais comuns. Reexecução – A execução pelo auditor independente de procedimentos ou controlos que foram originariamente executados como parte dos controlos internos da entidade. *Referencial de apresentação apropriada – (ver Referencial de relato financeiro aplicável e Referencial com finalidade geral). *Referencial com finalidade especial – Um referencial de relato financeiro concebido para satisfazer as necessidades de informação financeira de utentes específicos. O referencial de relato financeiro pode ser um referencial de apresentação apropriada ou um referencial de cumprimento.18 *Referencial de cumprimento – (ver Referencial de relato financeiro aplicável e Referencial com finalidade geral) *Referencial de relato de finalidade geral – Um referencial de relato financeiro concebido para satisfazer as necessidades comuns de informação financeira de um conjunto alargado de utilizadores. O referencial de relato financeiro pode ser um referencial de apresentação apropriada ou um referencial de cumprimento. A expressão “referencial de apresentação apropriada” é usada para referir um referencial de relato financeiro cujos requisitos são de cumprimento obrigatório e que: (a) Reconhece explícita ou implicitamente que, para conseguir uma apresentação apropriada das demonstrações financeiras, pode ser necessário que a gerência faça divulgações para além das especificamente exigidas pelo referencial; ou (b) Reconhece explicitamente que pode ser necessário que a gerência não aplique um requisito do referencial para conseguir uma apresentação apropriada das 18 ISA 200, parágrafo 13(a) GLOSSÁRIO DE TERMOS 36GLOSSÁRIO demonstrações financeiras. Estas situações só deverão ser necessárias em circunstâncias extremamente raras. A expressão “referencial de cumprimento” é usada para referir um referencial de relato financeiro cujos requisitos são de cumprimento obrigatório mas que não contém os reconhecimentos descritos nas alíneas (a) ou (b)19 supra. *Referencial de relato financeiro aplicável – Referencial de relato financeiro adoptado pela gerência e, quando apropriado, pelos encarregados da governação na preparação das demonstrações financeiras, que seja aceitável tendo em vista a natureza da entidade e o objectivo das demonstrações financeiras, ou que seja exigido por lei ou regulamento. A expressão “referencial de apresentação apropriada” é usada para referir um referencial de relato financeiro que exige o cumprimento dos seus próprios requisitos e que: (a) Reconhece explícita ou implicitamente que, para conseguir uma apresentação apropriada das demonstrações financeiras, pode ser necessário que a gerência faça divulgações para além das especificamente exigidas pelo referencial; ou (b) Reconhece explicitamente que pode ser necessário que a gerência não aplique um requisito do referencial para conseguir uma apresentação apropriada das demonstrações financeiras. Espera-se que estas situações só sejam necessárias em circunstâncias extremamente raras. A expressão “referencial de cumprimento” é usada para referir um referencial de relato financeiro que exige o cumprimento dos seus próprios requisitos mas não contém os reconhecimentos de (a) ou (b) acima. *Registos contabilísticos – Registos de lançamentos contabilísticos iniciais e registos de suporte, tais como cheques e registos de transferências electrónicas de fundos; facturas; contratos; o razão geral e razões auxiliares, os lançamentos de diário e outros ajustamentos às demonstrações financeiras que não estejam reflectidos em lançamentos de diário; e outros registos, como folhas de trabalho e de cálculo, que suportem imputações de custos, cálculos, reconciliações e divulgações. Relato financeiro fraudulento – Envolve distorções intencionais, incluindo omissões de quantias ou de divulgações nas demonstrações financeiras, para enganar os utentes das demonstrações financeiras. Relatório anual – Um documento emitido por uma entidade, geralmente numa base anual, que inclui as suas demonstrações financeiras juntamente com o respectivo relatório do auditor. 19 ISA 200, parágrafo 13(a) GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 37 GLOSSÁRIO Relatório sobre a descrição e concepção de controlos numa organização de serviços (referido na ISA 40220 como um relatório tipo 1) – Um relatório que compreende: (a) Uma descrição, preparada pela gerência da organização de serviços, do sistema, dos objectivos de controlo e dos controlos relacionados da organização de serviços concebidos e implementados numa data especificada; e (b) Um relatório pelo auditor do serviço com o objectivo de transmitir garantia razoável de fiabilidade que inclui a opinião do auditor do serviço sobre a descrição do sistema, objectivos de controlo e controlos relacionados da organização de serviços e sobre a adequação da concepção dos controlos para atingir os objectivos de controlo especificados. *Relatório sobre a descrição, concepção e eficácia operacional de controlos numa organização de serviços (referido na ISA 402 como um relatório tipo 2) – Um relatório que compreende: (a) Uma descrição, preparada pela gerência da organização de serviços, do sistema, objectivos de controlo e controlos relacionados da organização de serviços, da sua concepção e implementação numa data especificada ou ao longo de um período especificado e, em alguns casos, da sua eficácia operacional ao longo de um período especificado; e (b) Um relatório pelo auditor do serviço com o objectivo de transmitir garantia de razoável fiabilidade que inclui: (i) A opinião do auditor do serviço sobre a descrição do sistema, objectivos de controlo e controlos relacionados da organização de serviços, sobre a adequação da concepção dos controlos para atingir os objectivos de controlo especificados e sobre a eficácia operacional desses controlos; e (ii) Uma descrição dos testes aos controlos pelo auditor do serviço e os respectivos resultados. *†Requisitos éticos relevantes – Requisitos éticos a que a equipa de trabalho e o revisor do controlo de qualidade do trabalho estão sujeitos, os quais compreendem geralmente as Partes A e B do Código de Ética para Contabilistas e Auditores Profissionais da International Federation of Accountants (Código da IFAC) relativos a uma auditoria de demonstrações financeiras, juntamente com os requisitos éticos nacionais que sejam mais restritivos. Revisão (em relação ao controlo de qualidade) – Apreciação da qualidade do trabalho executado por outros e das conclusões por eles atingidas. 20 ISA 402, Considerações de Auditoria Relativas a uma Entidade que Utiliza uma Organização de Serviços GLOSSÁRIO DE TERMOS 38GLOSSÁRIO *†Revisão de controlo de qualidade do trabalho – Um processo concebido para proporcionar uma avaliação objectiva, à data do relatório do auditor ou antes dessa data, dos julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e das conclusões a que chegou ao formular o relatório. O processo de revisão do controlo de qualidade do trabalho destina-se apenas a auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação e a outros trabalhos de auditoria, se existirem, relativamente aos quais a firma tenha determinado que é necessária uma tal revisão. *†Revisor de controlo de qualidade do trabalho – Um sócio, outra pessoa da firma, pessoa externa adequadamente qualificada ou uma equipa constituída por estes indivíduos, nenhum dos quais é membro da equipa de trabalho, com experiência e autoridade suficiente e apropriada para avaliar objectivamente os julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e as conclusões a que chegou ao formular o relatório. Risco ambiental – Em determinadas circunstâncias, os factores relevantes da avaliação do risco inerente relativo para o desenvolvimento do plano global de auditoria podem incluir o riscode distorção material das demonstrações financeiras devido a matérias ambientais. *Risco de amostragem – O risco de que a conclusão do auditor baseada numa amostra possa ser diferente da conclusão se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco de amostragem pode conduzir a dois tipos de conclusões erróneas: (a) No caso de um teste aos controlos, que os controlos são mais eficazes do que realmente são ou, no caso de um teste de pormenor, que não existe uma distorção material quando de facto existe. Este tipo de conclusão errónea interessa ao auditor essencialmente porque afecta a eficácia da auditoria e será mais provável que conduza a uma opinião de auditoria não apropriada. (b) No caso de um teste aos controlos, que os controlos são menos eficazes do que realmente são ou, no caso de um teste de pormenor, que existe uma distorção material quando de facto não existe. Este tipo de conclusão errónea afecta a eficiência da auditoria dado que geralmente conduziria a trabalho adicional para verificar que as conclusões iniciais foram incorrectas. *Risco de auditoria – Risco de o auditor expressar uma opinião de auditoria inapropriada quando as demonstrações financeiras estão materialmente distorcidas. O risco de auditoria é uma função dos riscos de distorção material e do risco de detecção. *Risco de controlo – (ver Risco de distorção material) *Risco de detecção – O risco de que os procedimentos executados pelo auditor para reduzir o risco de auditoria para um nível aceitavelmente baixo não detectem uma GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 39 GLOSSÁRIO distorção que existe e que possa ser material, quer individualmente quer quando agregada a outras distorções. *Risco de distorção material – O risco de as demonstrações financeiras estarem materialmente distorcidas anteriormente à auditoria, o qual consiste de dois componentes, descritos como segue ao nível de asserção: (a) Risco inerente – A susceptibilidade de uma asserção relativa a uma classe de transacções, saldo de conta ou divulgação a uma distorção que possa ser material, individualmente ou agregada com outras distorções, antes da consideração de quaisquer controlos relacionados. (b) Risco de controlo – O risco de que a ocorrência de uma distorção relativa a uma classe de transacções, saldo de conta ou divulgação e que possa ser material, individualmente ou agregada com outras distorções, não seja evitada ou detectada e corrigida em tempo oportuno pelo controlo interno da entidade. *Risco de negócio – Risco resultante de condições, acontecimentos, circunstâncias, acções ou inacções significativas que possam afectar adversamente a capacidade de uma entidade para atingir os seus objectivos e executar as suas estratégias, ou para fixar objectivos e estratégias não apropriados. Risco de trabalho de garantia de fiabilidade – Risco de um profissional expressar uma conclusão inapropriada quando a informação sobre o assunto em causa está materialmente distorcida. *Risco inerente – (ver Risco de distorção material) *Risco não relacionado com a amostragem – O risco de o auditor chegar a uma conclusão errónea por qualquer razão não relacionada com o risco de amostragem. *Risco significativo – Um risco de distorção material identificado e avaliado que, no julgamento do auditor, exige uma consideração especial no âmbito da auditoria. *Saldos de abertura – Os saldos de contas que existem no inicio do período. Os saldos de abertura baseiam-se nos saldos de fecho do período anterior e reflectem os efeitos de transacções e acontecimentos de períodos anteriores e de políticas contabilísticas aplicadas no período anterior. Os saldos de abertura incluem também matérias existentes no início do período e que exigem divulgação, como contingências e compromissos. Sector público – Governos nacionais, regionais (por exemplo, estaduais, provinciais, territoriais), locais (por exemplo, cidade, município) e entidades governamentais relacionadas (por exemplo, agências, conselhos, comissões e empresas). Serviços relacionados – Compreende procedimentos acordados e compilações. Sistema de informação relevante para o relato financeiro – Um componente do controlo interno que inclui o sistema de relato financeiro, e consiste dos procedimentos GLOSSÁRIO DE TERMOS 40GLOSSÁRIO e registos estabelecidos para iniciar, registar, processar e relatar as transacções da entidade (bem como acontecimentos e condições) e para manter a a responsabilidade em prestar contas pelos respectivos activos, passivos e capital próprio. *Sistema da organização de serviços – As políticas e procedimentos concebidos, implementados e mantidos pela organização de serviços para proporcionar às entidades utentes os serviços abrangidos pelo relatório do auditor do serviço. *†Sócio – Qualquer indivíduo com autoridade para obrigar a firma com respeito à execução de um trabalho de serviços profissionais. *Sócio responsável pelo Grupo – O sócio ou outra pessoa da firma que é responsável pelo trabalho de auditoria do grupo, pela sua execução e pelo relatório do auditor sobre as demonstrações financeiras do grupo que é emitido em nome da firma. Quando existem auditores que conduzem conjuntamente a auditoria do grupo, os sócios responsáveis pelo trabalho conjunto e as suas equipas de trabalho constituem colectivamente o sócio responsável pelo grupo e a equipa de trabalho do grupo. *†Sócio responsável pelo trabalho21 – O sócio ou outra pessoa na firma que é responsável pelo trabalho de auditoria e pela sua execução e pelo relatório do auditor emitido em nome da firma, e que goza, quando necessário, de autorização adequada concedida por um organismo profissional, legal ou regulador. O “Sócio responsável pelo trabalho” deve ser lido como se referindo aos seus equivalentes do setor público quando relevante. *Suficiência (da prova de auditoria) – A medida da quantidade da prova de auditoria. A quantidade da prova de auditoria necessária é afectada pela avaliação do auditor dos riscos de distorção material e também pela qualidade de tal prova de auditoria. *Taxa de desvio tolerável – Uma taxa de desvio dos procedimentos de controlo interno prescritos estabelecida pelo auditor e a respeito da qual este procura obter um nível apropriado de segurança de que não é excedida pela taxa real de desvio na população. Técnicas de auditoria assistidas por computador – Aplicações de procedimentos de auditoria que usam o computador como uma ferramenta de auditoria (também conhecidas por CAAT). Teste – A aplicação de procedimentos a alguns ou a todos os itens de uma população. Teste de Walk-through – Envolve o seguimento de algumas transacções através do sistema de relato financeiro. *Testes aos controlos – Procedimento de auditoria concebido para avaliar a eficácia operacional dos controlos na prevenção, ou na detecção e correcção, de distorções materiais ao nível de asserção. 21 “Sócio responsável pelo trabalho”, “sócio”, e “firma” devem ser lidos como se referindo aos equivalentes do sector público quando relevante. GLOSSÁRIO DE TERMOS G LO SS Á R IO 41 GLOSSÁRIO *Trabalho de auditoria inicial – Um trabalho de auditoria em que: (a) As demonstrações financeiras do período anterior não foram auditadas; ou (b) As demonstrações financeiras do período anterior foram auditadas por outro auditor, o auditor antecessor. Trabalho de compilação – Um trabalho no qual se usa a perícia contabilística, em oposição à perícia de auditoria, para recolher, classificar e resumir informação financeira. Trabalho de revisão – O objectivo de um trabalho de revisão é o de habilitar um auditor a afirmar se, na base de procedimentos que não proporcionam toda a prova que seria necessária numa auditoria, algo chamou a sua atenção que o leve a crer que as demonstrações financeiras não estão preparadas, em todos os aspectos materiais, de acordo com um referencial de relato financeiro aplicável. Trabalho degarantia de fiabilidade – Um trabalho no qual um profissional visa obter prova suficiente e apropriada para expressar uma conclusão concebido para aumentar o grau de confiança dos destinatários que não sejam a parte responsável sobre a informação do assunto em causa (isto é, o resultado da mensuração ou avaliação de um assunto em causa subjacente contra critérios). Cada trabalho de garantia de fiabilidade é classificado em duas dimensões: (i) Ou um trabalho de garantia razoável de fiabilidade ou um trabalho de garantia limitada de fiabilidade: a. Trabalho de garantia razoável de fiabilidade – Um trabalho de garantia de fiabilidade no qual o profissional reduz o risco do trabalho a um nível aceitavelmente baixo nas circunstâncias do trabalho como a base para a conclusão do profissional. A conclusão do profissional é expressa de uma forma que transmite a opinião do profissional sobre o resultado da mensuração ou avaliação do assunto em causa subjacente contra critérios. b. Trabalho de garantia limitada de fiabilidade – Um trabalho de garantia de fiabilidade no qual o profissional reduz o risco do trabalho a um nível que seja aceitável nas circunstâncias do trabalho mas onde o risco é maior do que a de um trabalho de garantia razoável de fiabilidade como a base para expressar uma conclusão de uma forma que transmite se, com base em procedimentos executados e prova obtida, uma(s) matéria(s) chegou à atenção do profissional para motivar o profissional a crer que a informação do assunto em causa está distorcida materialmente. A natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos é limitada comparada com a necessária num trabalho de garantia razoável de fiabilidade mas é planeada para obter um nível de garantia de fiabilidade que, no GLOSSÁRIO DE TERMOS 42GLOSSÁRIO julgamento profissional do auditor, é significativo. Para ser significativo, é provável que o nível de garantia de fiabilidade obtido pelo profissional aumente a confiança dos destinatários sobre a informação do assunto em causa para um grau que é claramente maior que inconsequente. (ii) Ou um trabalho de atestação ou um trabalho direto: a. Trabalho de atestação - Um trabalho de garantia de fiabilidade no qual uma parte que não seja o profissional mensura ou avalia o assunto em causa subjacente contra critérios. Uma parte que não seja o profissional também muitas vezes apresenta a informação do assunto em causa resultante num relatório ou declaração. Em alguns casos, contudo, a informação do assunto em causa pode ser apresentada pelo profissional no relatório de garantia de fiabilidade. Num trabalho de atestação, a conclusão do profissional trata de saber se a informação do assunto em causa está livre de distorção material. A conclusão do profissional pode ser formulada sobre: i. O assunto em causa subjacente e os critérios aplicáveis; ii. A informação do assunto em causa e os critérios aplicáveis; ou iii. Uma declaração efetuada pela(s) parte(s) apropriada(s) b. Trabalho direto – Um trabalho de garantia de fiabilidade no qual o profissional mensura ou avalia o assunto em causa subjacente contra critérios aplicáveis e o profissional apresenta a informação do assunto em causa resultante como parte do, ou a acompanhar, relatório de garantia de fiabilidade. Num trabalho direto, a conclusão do profissional trata do resultado relatado da mensuração ou avaliação do assunto em causa subjacente contra critérios. Trabalho de procedimentos acordados – Um trabalho em que um auditor é contratado para executar os procedimentos de natureza de auditoria acordados entre o auditor e a entidade e quaisquer terceiros interessados e para relatar conclusões factuais. Os destinatários dos relatórios têm de tirar as suas próprias conclusões a partir do relatório do auditor. O relatório é restrito às partes que acordaram os procedimentos a serem executados, uma vez que outros, desconhecedores das razões quanto aos procedimentos, podem interpretar mal as conclusões. *Transacção entre partes não relacionadas – Uma transacção efectuada em determinados termos e condições, de livre vontade, entre um comprador e um vendedor que não são relacionados e que actuam de forma independente um do outro na defesa dos seus próprios interesses. *Unidade de Amostragem – Os itens individuais que constituem uma população. 43 ISQC 1 C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E NORMA INTERNACIONAL DE CONTROLO DE QUALIDADE 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS (Aplicável a partir de 15 de dezembro de 2009) ÍNDICE Parágrafo Introdução Âmbito desta ISQC ....................................................................................... 1-3 Autoridade desta ISQC ................................................................................. 4-9 Data de Entrada em Vigor ............................................................................. 10 Objetivo ....................................................................................................... 11 Definições ..................................................................................................... 12 Requisitos Aplicação e Cumprimento de Requisitos Relevantes ................................... 13-15 Elementos de um Sistema de Controlo de Qualidade ................................... 16-17 Responsabilidades de Liderança em Relação à Qualidade na Firma ............ 18-19 Requisitos Éticos Relevantes ........................................................................ 20-25 Aceitação e Continuação de Relacionamentos com Clientes e de Trabalhos Específicos ............................................................................ 26-28 Recursos Humanos ........................................................................................ 29-31 Execução do Trabalho ................................................................................... 32-47 Monitorização ............................................................................................... 48-56 Documentação do Sistema de Controlo de Qualidade .................................. 57–59 44ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Aplicação e Cumprimento de Requisitos Relevantes ................................... A1 Elementos de um Sistema de Controlo de Qualidade ................................... A2-A3 Responsabilidades de Liderança em Relação à Qualidade na Firma ............ A4-A6 Requisitos Éticos Relevantes ........................................................................ A7-A17 Aceitação e Continuação de Relacionamentos com Clientes e de Trabalhos Específicos ...................................................................... A18-A23 Recursos Humanos .................................................................................. A24-A31 Execução do Trabalho ............................................................................. A32-A63 Monitorização .......................................................................................... A64-A72 Documentação do Sistema de Controlo de Qualidade ............................ A73-A75 A Norma Internacional de Controlo de Qualidade (ISQC) 1, Controlo de Qualidade para Firmas que Executem Auditorias e Revisões de Demonstrações Financeiras e Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados, deve ser lida em conjunção com a ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria. 45 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕESDE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E Introdução Âmbito desta ISQC 1. Esta Norma Internacional de Controlo de Qualidade (ISQC) aborda as responsabilidades de uma firma pelo seu sistema de controlo de qualidade para auditorias e revisões de demonstrações financeiras e para outros trabalhos de garantia de fiabilidade e serviços relacionados. Esta ISQC deve ser lida juntamente com os requisitos éticos relevantes. 2. Outras tomadas de posição do International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) estabelecem normas e orientações adicionais sobre as responsabilidades do pessoal da firma com respeito aos procedimentos de controlo de qualidade para tipos específicos de trabalhos. A ISA 220,1 por exemplo, aborda os procedimentos de controlo de qualidade para auditorias de demonstrações financeiras. 3. Um sistema de controlo de qualidade consiste em políticas concebidas para atingir o objetivo estabelecido no parágrafo 11 e nos procedimentos necessários para implementar e monitorizar o cumprimento dessas políticas. Autoridade desta ISQC 4. Esta ISQC aplica-se a todas as firmas de auditores profissionais com respeito a auditorias e revisões de demonstrações financeiras e a outros trabalhos de garantia de fiabilidade e serviços relacionados. A natureza das políticas e procedimentos desenvolvidos por uma firma para dar cumprimento a esta ISQC depende de fatores diversos, como a dimensão e características operacionais da firma e se faz ou não parte de uma rede. 5. Esta ISQC indica o objetivo da firma no quadro do seu cumprimento e os requisitos concebidos para habilitar a firma a satisfazer esse objetivo declarado. Além disso, contém orientação relacionada na forma de material de aplicação e outro material explicativo, como referido adiante no parágrafo 8, bem como material introdutório que proporciona o contexto relevante para uma compreensão apropriada da ISQC 1 e definições. 6. O objetivo proporciona o contexto em que são estabelecidos os requisitos desta ISQC e destina-se a ajudar a firma a: • Compreender quais as necessidades a satisfazer; e • Decidir se devem ser identificadas mais necessidades para atingir o objetivo. 1 ISA 220, Controlo de Qualidade para uma Auditoria de Demonstrações Financeiras 46ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS 7. Os requisitos desta ISQC são expressos usando o termo “deve”. 8. Quando necessário, o material de aplicação e outro material explicativo dá explicações adicionais dos requisitos e orientação para os levar a efeito. Em particular, pode: • Explicar mais precisamente o que um requisito significa ou o que pretende cobrir; e • Incluir exemplos de políticas e procedimentos que possam ser apropriados nas circunstâncias. Embora tal orientação não imponha por si mesmo um requisito, é relevante para a devida aplicação dos requisitos. O material de aplicação e outro material explicativo podem também proporcionar informação de base relativa a matérias tratadas nesta ISQC. Quando apropriado, são incluídas no material de aplicação e outro material explicativo considerações específicas adicionais relativas às organizações de auditoria do setor público ou a firmas de pequena dimensão. Estas considerações adicionais ajudam a aplicar os requisitos desta ISQC, mas não limitam nem reduzem a responsabilidade da firma na aplicação e cumprimento dos seus requisitos. 9. Esta ISQC inclui, sob o título “Definições”, uma descrição dos significados atribuídos a determinados termos para os fins desta ISQC. Estas definições são dadas para ajudar na aplicação e interpretação consistentes desta ISQC e não se destinam a derrogar definições que possam ser estabelecidas para outros efeitos na lei, regulamento ou noutra forma. O Glossário relativo às Normas Internacionais emitido pelo IAASB no Handbook of International Quality Control, Auditing, Review, Other Assurance, and Related Services Pronouncements (Manual das Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados) publicado pela IFAC inclui os termos definidos nesta ISQC. Também inclui descrições de outros termos previstos nesta ISQC, para ajudar a uma interpretação e tradução comuns e consistentes. Data de Entrada em Vigor 10. Os sistemas de controlo de qualidade em conformidade com esta ISQC devem estar estabelecidos até 15 de dezembro de 2009. Objetivo 11. O objetivo da firma é estabelecer e manter um sistema de controlo de qualidade que proporcione garantia razoável de que: (a) A firma e o seu pessoal cumprem as normas profissionais e requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e 47 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E (b) Os relatórios emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho são apropriados nas circunstâncias. Definições 12. Nesta ISQC, são aplicáveis as seguintes definições: (a) Data do relatório – A data escolhida pelo profissional para aposição no relatório. (b) Documentação de trabalho – O registo do trabalho executado, dos resultados obtidos e das conclusões a que chegou o profissional (são muitas vezes usadas expressões como “papéis de trabalho”). (c) Entidade admitida à cotação – Uma entidade cujas partes de capital ou instrumentos de dívida estão cotados ou admitidos à cotação numa bolsa de valores reconhecida ou são transacionados segundo os regulamentos de uma bolsa de valores reconhecida ou outro organismo equivalente. (d) Equipa de trabalho – Todos os sócios e pessoal que executam o trabalho, incluindo quaisquer indivíduos designados pela firma ou por uma firma da rede que executam procedimentos nesse trabalho. Isto exclui peritos externos do auditor contratados pela firma ou por uma firma da rede. O termo “equipa de trabalho” também exclui indivíduos na função de auditoria interna do cliente que prestam assistência direta a um trabalho de auditoria quando o auditor externo cumpre os requisitos da ISA 610 (Revista 2013).2 (e) Firma – Um profissional individual, parceria, sociedade ou outra entidade de auditores profissionais. (f) Firma da rede – Uma firma ou entidade que pertence a uma rede. (g) Garantia razoável de fiabilidade – No contexto desta ISQC, um nível elevado, mas não absoluto, de garantia de fiabilidade. (h) Inspeção – Em relação a trabalhos concluídos, procedimentos concebidos para proporcionar evidência do cumprimento pelas equipas de trabalho das políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma. 2 A ISA 610 (Revista 2013), Usar o Trabalho de Auditores Internos, estabelece limites sobre a assistência direta da função de auditoria interna e reconhece que o auditor externo pode estar proibido por lei ou regulamento de obter assistência direta de auditores internos. Por isso, a assistência direta é restrita a situações onde é permitida. 48ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS (i) Monitorização – Um processo que abrange a consideração e avaliação contínuas do sistema de controlo de qualidade da firma, incluindo uma inspeção periódica a uma seleção de trabalhos concluídos, concebido para proporcionar à firma segurança razoável de que o seu sistema de controlo de qualidade está a operar com eficácia. (j) Normas profissionais – Normas de Trabalho do IAASB, conforme definido no Prefácio às Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidadee Serviços Relacionados, e requisitos éticos relevantes. (k) Pessoa externa adequadamente qualificada – Um indivíduo externo à firma com capacidade e competência para atuar como sócio responsável pelo trabalho, como por exemplo um sócio de uma outra firma ou um empregado (com experiência apropriada), seja de uma organização profissional cujos membros possam executar auditorias e revisões de informação financeira histórica ou outros trabalhos de garantia de fiabilidade ou serviços relacionados, seja de uma organização que preste serviços relevantes de controlo de qualidade. (l) Pessoal – Sócios e pessoal técnico. (m) Pessoal técnico – Profissionais não sócios, incluindo quaisquer peritos que a firma empregue. (n) Rede – Uma grande estrutura que: (i) Tem como objetivo a cooperação; e (ii) Está claramente orientada para a partilha de lucros ou de custos, partilha propriedade, controlo ou gestão, políticas e procedimentos de controlo de qualidade, uma estratégia de negócio, o uso de um nome de marca ou uma parte significativa de recursos profissionais comuns. (o) Requisitos éticos relevantes – Requisitos éticos a que a equipa de trabalho e o revisor do controlo de qualidade do trabalho estão sujeitos, os quais compreendem geralmente as Partes A e B do Código de Ética para Profissionais de Contabilidade e Auditoria do International Ethics Standards Board for Acountants (Código do IESBA), juntamente com os requisitos éticos nacionais que sejam mais restritivos. (p) Revisão do controlo de qualidade do trabalho – Um processo concebido para proporcionar uma avaliação objetiva, à data do relatório ou antes dessa data, dos julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e das conclusões a que chegou ao formular o relatório. O processo 49 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E de revisão do controlo de qualidade do trabalho destina-se apenas a auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação e a outros trabalhos, se existirem, relativamente aos quais a firma tenha determinado que é necessária uma tal revisão. (q) Revisor do controlo de qualidade do trabalho – Um sócio, outra pessoa da firma, pessoa externa adequadamente qualificada ou uma equipa constituída por estes indivíduos, nenhum dos quais é membro da equipa de trabalho, com experiência e autoridade suficiente e apropriada para avaliar objetivamente os julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e as conclusões a que chegou ao formular o relatório. (r) Sócio – Qualquer indivíduo com autoridade para obrigar a firma com respeito à execução de um trabalho de serviços profissionais. (s) Sócio responsável pelo trabalho3 – O sócio ou outra pessoa na firma que é responsável pelo trabalho de auditoria e pela sua execução e pelo relatório do auditor emitido em nome da firma, e que goza, quando necessário, do estatuto adequado concedido por um organismo profissional, legal ou regulador. Requisitos Aplicação e Cumprimento de Requisitos Relevantes 13. O pessoal da firma responsável por estabelecer e manter o respetivo sistema de controlo de qualidade deve inteirar-se de todo o texto desta ISQC, incluindo o seu material de aplicação e outro material explicativo, para entender o seu objetivo e aplicar devidamente os seus requisitos. 14. A firma deve cumprir cada um dos requisitos desta ISQC salvo se, nas circunstâncias da firma, o requisito não for relevante para os serviços prestados com respeito a auditorias e revisões de demonstrações financeiras e a outros trabalhos de garantia de fiabilidade e serviços relacionados. (Ref: Parágrafo A1) 15. Os requisitos estão concebidos para habilitar a firma a alcançar o objetivo apresentado nesta ISQC. Espera-se, por isso, que a devida aplicação dos requisitos proporcione uma base suficiente para a consecução do objetivo. Porém, na medida em que as circunstâncias variam muito e não podem ser todas previstas, a firma deve considerar se existem matérias ou circunstâncias 3 “Sócio responsável pelo trabalho”, “sócio” e “firma” devem ser lidos como referências aos seus equivalentes do setor público, quando relevante. 50ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS particulares que lhe exijam que estabeleça políticas e procedimentos além dos exigidos nesta ISQC para cumprir o objetivo declarado. Elementos de um Sistema de Controlo de Qualidade 16. A firma deve estabelecer e manter um sistema de controlo de qualidade que inclua políticas e procedimentos que abordem cada um dos seguintes elementos: (a) Responsabilidades de liderança relativas à qualidade dentro da firma. (b) Requisitos éticos relevantes. (c) Aceitação e continuação dos relacionamentos com os clientes e de trabalhos específicos. (d) Recursos humanos. (e) Execução do trabalho. (f) Monitorização. 17. A firma deve documentar as suas políticas e procedimentos e comunicá-las ao seu pessoal. (Ref: Parágrafos A2–A3) Responsabilidades de Liderança em Relação à Qualidade na Firma 18. A firma deve estabelecer políticas e os procedimentos concebidos para promover uma cultura interna que reconheça que a qualidade é essencial na execução dos trabalhos. Tais políticas e procedimentos devem exigir que o diretor-geral (ou equivalente) ou, se apropriado, a administração da firma (ou equivalente) assuma a responsabilidade final pelo sistema de controlo de qualidade da firma. (Ref: Parágrafos A4–A5) 19. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos tais que qualquer pessoa ou pessoas a quem o diretor-geral ou a administração da firma atribua a responsabilidade operacional pelo sistema de controlo de qualidade da firma tenha experiência e capacidade suficiente e apropriada e a autoridade necessária para assumir essa responsabilidade. (Ref: Parágrafo A6) Requisitos Éticos Relevantes 20. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionar segurança razoável de que a firma e o seu pessoal cumprem os requisitos éticos relevantes. (Ref: Parágrafos A7–A10) Independência 21. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionar garantia razoável de que a firma, o seu pessoal e, quando 51 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E aplicável, outros sujeitos aos requisitos de independência (incluindo pessoal da firma da rede), mantêm a independência sempre que exigido pelos requisitos éticos. Tais políticas e procedimentos devem habilitar a firma a: (Ref: Parágrafo A10) (a) Comunicar os seus requisitos de independência ao seu pessoal e, quando aplicável, a outros que lhes estejam sujeitos; e (b) Identificar e avaliar as circunstâncias e relacionamentos que criem ameaças à independência e tomar medidas apropriadas para eliminar essas ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável através da aplicação de salvaguardas ou, se for considerado apropriado, renunciar ao trabalho, quando essa renúncia for permitida por lei ou regulamento. 22. Estas políticas e procedimentos devem exigir que: (Ref: Parágrafo A10) (a) Os sócios responsáveis pelo trabalho prestem à firma informação relevante acerca dos trabalhos, incluindo o âmbito dos serviços, de forma a habilitar a firma a avaliar o impacto global, se o houver, sobre os requisitos de independência; (b) O pessoal notifique de imediato a firma das circunstâncias e relacionamentos que criem uma ameaça à independência para que possam ser tomadas medidas apropriadas; e (c) A informação relevante seja recolhida e comunicada aopessoal apropriado a fim de que: (i) A firma e o seu pessoal possam rapidamente determinar se satisfazem os requisitos de independência; (ii) A firma possa manter e atualizar os seus registos relativamente à independência; e (iii) A firma possa tomar medidas apropriadas com respeito a ameaças identificadas à independência cujo nível não seja aceitável. 23. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionar garantia razoável de que será notificada de violações de requisitos de independência e a habilitar a tomar medidas apropriadas para resolver tais situações. As políticas e procedimentos devem incluir requisitos no sentido de que: (Ref: Parágrafo A10) (a) O pessoal notifique de imediato à firma violações de independência que cheguem ao seu conhecimento; (b) A firma comunique de imediato violações identificadas destas políticas e procedimentos: 52ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS (i) Ao sócio responsável pelo trabalho que, em conjunto com a firma, terá de tratar a violação; e (ii) A outro pessoal relevante da firma e, quando apropriado, da rede, e a outros que estejam sujeitos a requisitos de independência e que devam tomar medidas apropriadas; e (c) O sócio responsável pelo trabalho e os outros indivíduos referidos no parágrafo 23(b)(ii) comuniquem imediatamente à firma, se necessário, as medidas tomadas para resolver o assunto, a fim de que a firma possa determinar se deve tomar outras medidas. 24. Pelo menos anualmente, a firma deve obter confirmação escrita do cumprimento das suas políticas e procedimentos relativos à independência por parte de todo o pessoal da firma cuja independência seja exigida por requisitos éticos relevantes. (Ref: Parágrafos A10–A11) 25. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos: (Ref: Parágrafo A10) (a) Que estabeleçam critérios para determinar a necessidade de salvaguardas que reduzam a ameaça de familiaridade para um nível aceitável quando a firma utilizar o mesmo pessoal sénior num trabalho de garantia de fiabilidade durante um longo período de tempo; e (b) Que exijam, para auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação, a rotação do sócio responsável pelo trabalho e de quaisquer indivíduos responsáveis pela revisão do controlo de qualidade e, quando aplicável, de outros sujeitos a um regime de rotação, após um período especificado de acordo com requisitos éticos relevantes. (Ref: Parágrafos A12–A17) Aceitação e Continuação de Relacionamentos com Clientes e de Trabalhos Específicos 26. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para a aceitação e continuação de relacionamentos com clientes e de trabalhos específicos, concebidos de forma a proporcionar-lhe garantia razoável de que somente empreenderá ou continuará relacionamentos e trabalhos em que: (a) Seja competente para executar o trabalho e tenha as capacidades, tempo e recursos para o fazer; (Ref: Parágrafos A18, A23) (b) Possa cumprir os requisitos éticos relevantes; e (c) Tenha considerado a integridade do cliente e não disponha de informação que a leve a concluir que o cliente não é íntegro. (Ref: Parágrafos A19-A20, A23) 53 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E 27. Estas políticas e procedimentos devem exigir que: (a) A firma obtenha a informação que considere necessária nas circunstâncias antes de aceitar um trabalho de um novo cliente, de decidir se continua um trabalho existente e de considerar a aceitação de um novo trabalho com um cliente já existente. (Ref: Parágrafos A21-A23) (b) Se for identificado um potencial conflito de interesses ao aceitar um trabalho para um cliente novo ou para um cliente já existente, a firma determine se é apropriado aceitar o trabalho. (c) Se forem identificadas questões e a firma decidir aceitar ou continuar o relacionamento com um cliente ou um trabalho específico, a firma documente a forma como as questões foram resolvidas. 28. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos sobre a continuação de um trabalho e do relacionamento com um cliente que permitam resolver circunstâncias em que a firma obtenha informação que faria com que declinasse o trabalho caso essa informação estivesse disponível mais cedo. Tais políticas e procedimentos devem incluir a consideração: (a) Das responsabilidades profissionais e legais que se aplicam às circunstâncias, nomeadamente se existe um requisito de a firma relatar à pessoa ou pessoas que fizeram a nomeação ou, em certos casos, às autoridades reguladoras; e (b) Da possibilidade de renunciar ao trabalho ou de renunciar simultaneamente ao trabalho e ao relacionamento com o cliente. (Ref: Parágrafos A22–A23) Recursos Humanos 29. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionar garantia razoável de que tem pessoal suficiente com a competência, capacidades e compromisso com princípios éticos necessários para: (a) Executar trabalhos de acordo com as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e (b) Habilitar a firma ou os sócios responsáveis pelo trabalho a emitir relatórios que sejam apropriados nas circunstâncias. (Ref: Parágrafos A24–A29) 54ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Designação de Equipas de Trabalho 30. A firma deve atribuir a responsabilidade de cada trabalho a um sócio responsável por esse trabalho. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos exigindo que: (a) A identidade e a função do sócio responsável pelo trabalho sejam comunicados aos principais membros da gerência do cliente e aos encarregados da governação; (b) O sócio responsável pelo trabalho tenha a competência, capacidades e autoridade apropriadas para desempenhar a sua função; e (c) As responsabilidades do sócio responsável pelo trabalho sejam claramente definidas e comunicadas a esse sócio. (Ref: Parágrafo A30) 31. A firma deve também estabelecer políticas e procedimentos para designar pessoal apropriado com a necessária competência e capacidades para: (a) Executar trabalhos de acordo com as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e (b) Habilitar a firma ou os sócios responsáveis pelo trabalho a emitir relatórios que sejam apropriados nas circunstâncias. (Ref: Parágrafo A31) Execução do Trabalho 32. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionar garantia razoável de que os trabalhos são executados de acordo com as normas profissionais e requisitos legais e regulamentares aplicáveis e que a firma ou o sócio responsável pelo trabalho emitem relatórios que são apropriados nas circunstâncias. Tais políticas e procedimentos devem incluir: (a) Matérias relevantes para promover a consistência na qualidade da execução do trabalho; (Ref: Parágrafos A32-A33) (b) Responsabilidades de supervisão; e (Ref: Parágrafo A34) (c) Responsabilidades de revisão. (Ref: Parágrafo A35) 33. As políticas e procedimentos sobre a responsabilidade de revisão da firma devem ser determinados na base de que o trabalho dos membros da equipa de trabalho menos experientes é revisto por membros da equipa de trabalho mais experientes. 55 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E Consultas 34. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionar garantia razoávelde que: (a) Se realizam consultas apropriadas em matérias difíceis ou contenciosas; (b) Estão disponíveis recursos suficientes para possibilitar a realização de consultas apropriadas; (c) A natureza e âmbito dessas consultas, bem como as respetivas conclusões, estão documentadas e são aceites tanto pelo indivíduo que procura a consulta como pelo indivíduo consultado; e (d) As conclusões resultantes das consultas são implementadas. (Ref: Parágrafos A36-A40) Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho 35. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos que exijam, para trabalhos específicos, uma revisão do controlo de qualidade do trabalho que proporcione uma avaliação objetiva dos julgamentos significativos feitos pela equipa de trabalho e das conclusões atingidas ao formular o relatório. Essas políticas e procedimentos devem: (a) Exigir uma revisão do controlo de qualidade do trabalho para todas as auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação; (b) Estabelecer critérios face aos quais todas as outras auditorias e revisões de informação financeira histórica e outros trabalhos de garantia de fiabilidade e serviços relacionados devem ser avaliados para determinar se deve ser executada uma revisão do controlo de qualidade do trabalho; e (Ref: Parágrafo A41) (c) Exigir uma revisão do controlo de qualidade do trabalho para todos os trabalhos que satisfaçam os critérios estabelecidos em conformidade com o parágrafo (b) anterior, caso existam. 36. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos que estabeleçam a natureza, oportunidade e extensão duma revisão do controlo de qualidade de um trabalho. Essas políticas e procedimentos devem exigir que o relatório do trabalho não tenha data anterior à conclusão da revisão do controlo de qualidade do trabalho. (Ref: Parágrafos A42-A43) 37. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos que exijam que a revisão do controlo de trabalho inclua: 56ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS (a) Discussão das matérias significativas com o sócio responsável pelo trabalho; (b) Revisão das demonstrações financeiras ou outra informação sobre a matéria em causa e do relatório proposto; (c) Revisão de documentação selecionada do trabalho relativa a julgamentos significativos da equipa de trabalho e às conclusões a que chegou; e (d) Avaliação das conclusões atingidas na formulação do relatório e consideração sobre se o relatório proposto é apropriado. (Ref: Parágrafo A44) 38. Relativamente a auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação, a firma deve estabelecer políticas e procedimentos que exijam que a revisão do controlo de qualidade do trabalho também inclua a consideração dos seguintes elementos: (a) A avaliação pela equipa de trabalho da independência da firma em relação ao trabalho específico; (b) Se se realizaram consultas apropriadas sobre matérias que envolvam diferenças de opinião ou outras matérias difíceis ou contenciosas, bem como as conclusões decorrentes dessas consultas; e (c) Se a documentação selecionada para revisão reflete o trabalho executado em relação aos julgamentos significativos e suporta as conclusões atingidas. (Ref: Parágrafos A45-A46) Critérios para a Elegibilidade de Revisores do Controlo de Qualidade do Trabalho 39. Uma firma deve estabelecer políticas e procedimentos para tratar a designação de revisores do controlo de qualidade de trabalho e estabelecer a sua elegibilidade através: (a) Das qualificações técnicas exigidas para executar a função, incluindo a experiência e autoridade necessárias; e (Ref: Parágrafo A47) (b) Do grau até ao qual um revisor do controlo de qualidade do trabalho pode ser consultado sobre o trabalho sem comprometer a sua objetividade. (Ref: Parágrafo A48) 40. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para manter a objetividade do revisor do controlo de qualidade do trabalho. (Ref: Parágrafos A49-A51) 41. As políticas e procedimentos da firma devem prever a substituição do revisor do controlo de qualidade do trabalho sempre que a sua capacidade para executar uma revisão objetiva possa estar diminuída. 57 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E Documentação da Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho 42. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para documentar a revisão do controlo de qualidade do trabalho que exijam a documentação: (a) De que foram executados os procedimentos exigidos pelas políticas da firma sobre revisão do controlo de qualidade do trabalho; (b) De que a revisão do controlo de qualidade do trabalho foi concluída antes ou na data do relatório; e (c) De que o revisor não tem conhecimento de quaisquer matérias por resolver que o façam acreditar que os julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e as conclusões a que chegou não são apropriados. Diferenças de Opinião 43. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para tratar e resolver as diferenças de opinião dentro da equipa de trabalho, com os consultados e, quando aplicável, entre o sócio responsável pelo trabalho e o revisor do controlo de qualidade do trabalho. (Ref: Parágrafos A52-A53) 44. Essas políticas e procedimentos devem exigir que: (a) As conclusões atingidas sejam documentadas e implementadas; e (b) O relatório não seja datado até que a matéria esteja resolvida. Documentação do Trabalho Conclusão da Organização dos Arquivos Finais do Trabalho 45. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para as equipas de trabalho concluírem a organização dos arquivos finais do trabalho em tempo oportuno após a finalização dos relatórios do trabalho. (Ref: Parágrafos A54-A55) Confidencialidade, Custódia Segura, Integridade, Acessibilidade e Recuperabilidade da Documentação do Trabalho 46. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para manter a confidencialidade, custódia segura, integridade, acessibilidade e recuperabilidade da documentação do trabalho. (Ref: Parágrafos A56-A59) Conservação da Documentação de Trabalho 47. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para a conservação da documentação de trabalho por um período suficiente para satisfazer as necessidades da firma ou conforme exigido por lei ou regulamento. (Ref: Parágrafos A60-A63) 58ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Monitorização Monitorização das Políticas e Procedimentos de Controlo de Qualidade da Firma 48. A firma deve estabelecer um processo de monitorização concebido para lhe proporcionar garantia razoável de que as políticas e procedimentos relacionados com o sistema de controlo de qualidade sejam relevantes, adequados e operem eficazmente. Este processo deve: (a) Incluir a consideração e avaliação contínuas do sistema de controlo de qualidade da firma, incluindo, numa base cíclica, a inspeção de pelo menos um trabalho concluído por cada sócio responsável pelo trabalho; (b) Exigir responsabilidade pelo processo de monitorização, a atribuir a um sócio ou sócios ou a outras pessoas com experiência suficiente e apropriada e autoridade na firma para assumir essa responsabilidade; e (c) Exigir que os que executem o trabalho ou a revisão do controlo de qualidade do trabalho não estejam envolvidos na inspeção de trabalhos. (Ref: Parágrafos A64-A68) Avaliação, Comunicação e Correção das Deficiências Identificadas 49. A firma deve avaliar o efeito de deficiências notadas em consequência do processo de monitorização e deve determinar se elasrepresentam: (a) Casos que não indicam necessariamente que o sistema de controlo de qualidade da firma é insuficiente para lhe proporcionar garantia razoável de que cumpre as normas profissionais e requisitos legais e regulamentares aplicáveis e de que os relatórios emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho são apropriados nas circunstâncias; ou (b) Deficiências sistémicas, repetitivas ou outras significativas que exigem medidas corretivas imediatas. 50. A firma deve comunicar aos sócios responsáveis pelo trabalho relevantes e outro pessoal apropriado as deficiências notadas em consequência do processo de monitorização e as recomendações para medidas corretivas apropriadas. (Ref: Parágrafo A69) 51. As recomendações para medidas corretivas apropriadas em relação às deficiências notadas devem incluir um ou mais dos seguintes tópicos: (a) Adoção de medidas corretivas apropriadas em relação a um trabalho individual ou a um membro do pessoal; 59 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E (b) Comunicação das conclusões aos responsáveis pela formação e desenvolvimento profissional; (c) Alterações às políticas e procedimentos de controlo de qualidade; e (d) Ação disciplinar contra os que não cumpriram as políticas e procedimentos da firma, em especial se o fizerem repetidamente. 52. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para tratar os casos em que os resultados dos procedimentos de monitorização indiquem que um relatório pode não ser apropriado ou que foram omitidos procedimentos durante a execução do trabalho. Tais políticas e procedimentos devem exigir que a firma determine que medidas adicionais são apropriadas para cumprir as normas profissionais relevantes e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis e considere a possibilidade de obter aconselhamento jurídico. 53. A firma deve comunicar pelo menos anualmente os resultados da monitorização do seu sistema de controlo de qualidade aos sócios responsáveis por trabalhos e outros indivíduos apropriados dentro da firma, incluindo o seu diretor-geral ou, se apropriado, a sua administração. Esta comunicação deve ser suficiente para habilitar a firma e estes indivíduos a tomarem, quando necessário, medidas imediatas e apropriadas de acordo com as suas funções e responsabilidades definidas. A informação comunicada deve incluir: (a) Uma descrição dos procedimentos de monitorização executados. (b) As conclusões extraídas dos procedimentos de monitorização. (c) Quando relevante, uma descrição das deficiências sistémicas, repetitivas ou outras significativas e das medidas tomadas para resolver ou corrigir essas deficiências. 54. Algumas firmas operam como parte de uma rede e, para efeitos de consistência, podem implementar alguns dos seus procedimentos de monitorização na base dessa rede. Quando as firmas de uma rede operam segundo políticas e procedimentos de monitorização comuns concebidos para cumprir esta ISQC e confiam num sistema de monitorização desse tipo, as políticas e procedimentos da firma devem exigir que: (a) Pelo menos anualmente, a rede comunique o âmbito geral, a extensão e os resultados do processo de monitorização aos indivíduos apropriados dentro das firmas da rede; e (b) A rede comunique prontamente quaisquer deficiências identificadas no sistema de controlo de qualidade aos indivíduos apropriados dentro da firma ou firmas da rede relevantes, de forma que possam ser tomadas as medidas necessárias, para que os sócios responsáveis pelo trabalho 60ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS nas firmas da rede possam confiar nos resultados do processo de monitorização implementados dentro da rede, salvo se as firmas ou a rede aconselharem o contrário. Queixas e Alegações 55. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionar garantia razoável de que trata apropriadamente: (a) Queixas e alegações de que o trabalho executado pela firma não cumpre as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e (b) Alegações de incumprimento do sistema de controlo de qualidade da firma. Como parte deste processo, a firma deve estabelecer canais claramente definidos para o pessoal da firma levantar quaisquer preocupações de uma maneira que os habilite a fazê-lo sem receio de represálias. (Ref: Parágrafo A70) 56. Se durante as investigações sobre queixas e alegações forem identificadas deficiências na conceção ou operação das políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma ou o incumprimento do sistema de controlo de qualidade da firma por um indivíduo ou indivíduos, a firma deve tomar as medidas apropriadas, como estabelecido no parágrafo 51. (Ref: Parágrafos A71–A72) Documentação do Sistema de Controlo de Qualidade 57. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos que exijam documentação apropriada para proporcionar prova do funcionamento de cada elemento do seu sistema de controlo de qualidade. (Ref: Parágrafos A73–A75) 58. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos que exijam a conservação da documentação por um período de tempo suficiente para permitir que aqueles que executam procedimentos de monitorização avaliem o cumprimento pela firma do seu sistema de controlo de qualidade ou por um período maior se exigido por lei ou regulamento. 59. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos que exijam a documentação de queixas e alegações e das respetivas respostas. *** 61 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Aplicação e Cumprimento de Requisitos Relevantes Considerações Específicas para Firmas de Pequena Dimensão (Ref: Parágrafo 14) A1. Esta ISQC não exige o cumprimento de requisitos que não sejam relevantes, por exemplo na circunstância de um profissional individual, que não emprega outro pessoal. Os requisitos desta ISQC relativos por exemplo às políticas e procedimentos para a designação do pessoal apropriado para a equipa de trabalho (ver o parágrafo 31), às responsabilidades de revisão (ver o parágrafo 33) à comunicação anual dos resultados da monitorização aos sócios responsáveis por trabalhos na firma (ver o parágrafo 53) não são relevantes quando não existe pessoal. Elementos de um Sistema de Controlo de Qualidade (Ref: Parágrafo 17) A2. Em geral, a comunicação das políticas e procedimentos de controlo de qualidade ao pessoal da firma inclui uma descrição das políticas e procedimentos de controlo de qualidade e dos objetivos que se pretendem atingir e a mensagem de que cada indivíduo tem uma responsabilidade pessoal pela qualidade e deverá cumprir essas políticas e procedimentos. O encorajamento ao pessoal da firma no sentido de comunicar os seus pontos de vista ou preocupações sobre matérias de controlo de qualidade constitui um reconhecimento da importância de obter reações sobre o sistema de controlo de qualidade da firma. Considerações Específicas para Firmas de Pequena Dimensão A3. A documentação e a comunicação de políticas e procedimentos nas firmas mais pequenas podem ser menos formais e extensivas do que em firmas maiores. Responsabilidades de Liderança em Relação à Qualidade na Firma Promover uma Cultura Interna de Qualidade (Ref: Parágrafo 18) A4. A liderança da firma e os exemplos que estabelece influenciam significativa- mente a sua cultura interna. A promoção de uma cultura interna orientada para a qualidade depende de ações e mensagensclaras, consistentes e frequentes a partir de todos os níveis da administração da firma que enfatizem as suas políticas e procedimentos de controlo de qualidade e a necessidade de: (a) executar trabalho que cumpra as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e (b) emitir relatórios que sejam apropriados nas circunstâncias. 62ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Tais ações e mensagens encorajam uma cultura que reconhece e recompensa um trabalho de alta qualidade. Estas ações e mensagens podem ser comunicadas, nomeadamente, através de ações de formação, reuniões, diálogos formais ou informais, definição de funções, boletins informativos ou memorandos de reuniões. Podem ser incorporadas na documentação interna e materiais de formação da firma e nos procedimentos de avaliação dos sócios e do pessoal de um modo que suporte e reforce o ponto de vista da firma sobre a importância da qualidade e sobre a forma como deverá ser garantida na prática. A5. A necessidade de a liderança da firma reconhecer que a estratégia de negócio da firma está sujeita ao requisito imperativo de a firma atingir qualidade em todos os trabalhos que execute assume particular importância na promoção de uma cultura interna baseada na qualidade. Essa promoção inclui: (a) Estabelecer políticas e procedimentos para a avaliação do desempenho, as remunerações e as promoções (incluindo sistemas de incentivo) do pessoal, a fim de demonstrar o empenhamento imperativo da firma quanto à qualidade. (b) Atribuir as responsabilidades de gestão para que as considerações comerciais não se sobreponham à qualidade do trabalho executado; e (c) Prever recursos suficientes para o desenvolvimento, documentação e suporte das políticas e procedimentos de controlo de qualidade. Atribuir a Responsabilidade Operacional pelo Sistema de Controlo da Qualidade da Firma (Ref: Parágrafo 19) A6. Uma experiência e capacidades suficientes e apropriadas habilitam a pessoa ou pessoas responsáveis pelo sistema de controlo de qualidade da firma a identificar e compreender as questões de controlo de qualidade e a desenvolver políticas e procedimentos apropriados. A necessária autoridade habilita essa pessoa ou pessoas a implementar essas políticas e procedimentos. Requisitos Éticos Relevantes Cumprimento de Requisitos Éticos Relevantes (Ref: Parágrafo 20) A7. O Código do IESBA estabelece os princípios fundamentais de ética profissional, que incluem: (a) Integridade; (b) Objetividade; (c) Competência profissional e zelo devido; 63 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E (d) Confidencialidade; e (e) Comportamento Profissional. A8. A Parte B do Código do IESBA ilustra a forma como a estrutura conceptual deve ser aplicada em situações específicas. Dá exemplos de salvaguardas que podem ser apropriadas no tratamento de ameaças ao cumprimento dos princípios fundamentais e também de situações em que poderão não estar disponíveis salvaguardas para essas ameaças. A9. Os princípios fundamentais são reforçados, em particular, através: • Da liderança da firma; • De educação e formação; • De monitorização; e • De um processo para tratar os casos de incumprimento. Definição de “Firma”, “Rede” e “Firma da Rede” (Ref: Parágrafos 20-25) A10. As definições de “firma”, “rede” ou “firma da rede” em requisitos éticos relevantes podem diferir das estabelecidas nesta ISA. Por exemplo, o Código do IESBA define “firma” como: (i) Um profissional individual, parceria ou sociedade de contabilistas ou auditores profissionais; (ii) Uma entidade que controla estas partes por via de propriedade, gestão ou outros meios; e (iii) Uma entidade controlada por estas partes por via de propriedade, gestão ou outros meios. O Código do IESBA proporciona também orientação em relação aos termos “rede” e “firma da rede”. Para o cumprimento dos requisitos dos parágrafos 20-25, as definições usadas nos requisitos éticos relevantes são aplicáveis na medida em que sejam necessárias para interpretar esses requisitos éticos. Confirmações Escritas (Ref: Parágrafo 24) A11. As confirmações escritas podem ser feitas em papel ou por via eletrónica. Ao obter confirmação e ao tomar ações apropriadas sobre informação que indique incumprimento, a firma demonstra a importância que dá à independência e faz disso uma questão corrente e visível para o seu pessoal. 64ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Ameaça de Familiaridade (Ref: Parágrafo 25) A12. O Código do IESBA aborda a ameaça de familiaridade que pode ser criada ao usar o mesmo pessoal sénior num trabalho de garantia de fiabilidade durante um longo período e as salvaguardas que podem ser apropriadas para tratar tais ameaças. A13. A determinação de critérios apropriados para tratar a ameaça de familiaridade pode incluir matérias como: • A natureza do trabalho, nomeadamente até que ponto envolve uma matéria de interesse público; e • A duração do período de serviço do pessoal sénior no trabalho. Exemplos de salvaguardas incluem a rotação do pessoal sénior ou a necessidade de uma revisão do controlo de qualidade do trabalho. A14. O Código do IESBA reconhece que a ameaça da familiaridade é particularmente relevante no contexto de uma auditoria de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação. Para estas auditorias, o Código do IESBA exige a rotação do sócio principal de auditoria4 após um período predefinido, normalmente não mais de sete anos, e proporciona normas e orientações relacionadas. Os requisitos nacionais podem estabelecer períodos de rotação mais curtos. Considerações Específicas para Organizações de Auditoria do Setor Público A15. Podem existir medidas oficiais que proporcionem salvaguardas para a independência de auditores do setor público. Porém, as ameaças à independência podem continuar a existir apesar de quaisquer medidas oficiais concebidas para a proteger. Por isso, ao estabelecer as políticas e procedimentos exigidos pelos parágrafos 20-25, o auditor do setor público pode ter em atenção o mandato do setor público e tratar quaisquer ameaças à independência nesse contexto. A16. As entidades admitidas à cotação referidas nos parágrafos 25 e A14 não são comuns no setor público. Porém, podem existir outras entidades do setor público que sejam significativas devido à sua dimensão, complexidade ou a aspetos de interesse público e que, consequentemente, tenham um conjunto alargado de interessados. Por isso, pode haver casos em que uma firma determine, baseada nas suas políticas e procedimentos de controlo de qualidade, que uma entidade do setor público é significativa para efeitos de procedimentos de controlo de qualidade adicionais. 4 Como definido no Código do IESBA 65 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E A17. No setor público, a legislação pode estabelecer as nomeações e a duração do mandato dos auditores que atuem na qualidade de sócio responsável pelo trabalho. Em consequência, pode não ser possível cumprir estritamente os requisitos de rotação do sócio responsável pelo trabalho previstos para as entidades admitidas à cotação. Apesar disso, relativamente às entidades do setor público consideradas significativas, como referido no parágrafo A16, pode ser do interesse público que as organizações de auditoria do setor público estabeleçampolíticas e procedimentos para promover o cumprimento do espírito da rotação do sócio responsável pelo trabalho. Aceitação e Continuação de Relacionamentos com Clientes e de Trabalho Específicos Competência, Capacidades e Recursos (Ref: Parágrafo 26(a)) A18. A consideração sobre se a firma tem a competência, as capacidades e os recursos para se encarregar de um novo trabalho para um novo cliente ou para um cliente já existente envolve a revisão dos requisitos específicos do trabalho e dos perfis dos sócios e do pessoal existentes a todos os níveis relevantes e, nomeadamente, sobre se: • O pessoal da firma tem conhecimento dos setores ou dos assuntos relevantes; • O pessoal da firma tem experiência dos requisitos de regulação ou de relato relevantes ou tem capacidade para obter eficazmente as competências especializadas e conhecimentos necessários; • A firma tem pessoal suficiente com as necessárias capacidades e competências; • Estão disponíveis peritos, se necessário; • Estão disponíveis indivíduos que satisfaçam os critérios e os requisitos de elegibilidade para executar a revisão de controlo de qualidade do trabalho, quando aplicável; e • A firma está em condições de concluir o trabalho no prazo de relato. • Integridade do Cliente (Ref: Parágrafo 26(c)) A19. Relativamente à integridade de um cliente, as matérias a considerar incluem, por exemplo: • A identidade e reputação comercial dos principais proprietários, dos principais gestores e dos encarregados da governação do cliente. • A natureza das operações do cliente, incluindo as suas práticas comerciais. 66ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS • Informação respeitante à atitude dos principais proprietários, dos principais gestores e dos encarregados da governação do cliente perante matérias como, por exemplo, uma interpretação agressiva de normas contabilísticas e o ambiente de controlo interno. • Se o cliente está preocupado em manter a todo o custo os honorários da firma tão baixos quanto possível. • Indicações de uma limitação não apropriada no âmbito do trabalho. • Indicações de que o cliente possa estar envolvido em lavagem de dinheiro ou outras atividades criminosas. • As razões para a proposta de nomeação da firma e a não recondução da firma anterior. • A identidade e reputação comercial das partes relacionadas. O nível do conhecimento que uma firma terá quanto à integridade de um cliente aumentará geralmente no contexto de uma relação continuada com esse cliente. A20. As fontes de informação sobre estas matérias obtida pela firma podem incluir: • Comunicações com atuais ou anteriores prestadores de serviços de contabilidade ou auditoria ao cliente, de acordo com os requisitos éticos relevantes, e discussões com terceiros. • Indagações junto de outro pessoal da firma ou de terceiros, como banqueiros, consultores jurídicos e pares do setor. • Pesquisas de antecedentes em bases de dados relevantes. Continuação do Relacionamento Com o Cliente (Ref: Parágrafo 27(a)) A21. Decidir se se deve continuar ou não um relacionamento com um cliente inclui a consideração de matérias significativas que tenham surgido durante trabalhos correntes ou anteriores e as suas implicações para a continuação do relacionamento. Por exemplo, um cliente pode ter começado a expandir as suas operações comerciais para uma área onde a firma não possui as competências especializadas necessárias. Renúncia (Ref: Parágrafo 28) A22. As políticas e procedimentos relativas à renúncia a um trabalho ou à renúncia simultânea ao trabalho e ao relacionamento com o cliente abordam questões que incluem: • Discutir com o nível apropriado da gerência e com os encarregados da governação do cliente a ação apropriada que a firma pode tomar com base nos fatos e circunstâncias relevantes. 67 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E • Se a firma determinar que é apropriado renunciar, discutir com o nível apropriado da gerência e com os encarregados da governação do cliente a renúncia ao trabalho ou a renúncia simultânea ao trabalho e ao relacionamento com o cliente e as respetivas razões. • Considerar se há um requisito profissional, regulamentar ou legal para que a firma permaneça em funções ou para que a firma relate às autoridades reguladoras a renúncia a um trabalho ou a renúncia simultânea ao trabalho e ao relacionamento com o cliente, bem como as respetivas razões. • Documentar matérias significativas, consultas, conclusões e as bases para as conclusões. Considerações Específicas para Organizações de Auditoria do Setor Público (Ref: Parágrafo 26–28) A23. No setor público, os auditores podem ser nomeados de acordo com procedimentos oficiais. Consequentemente, podem não ser relevantes alguns dos requisitos e considerações respeitantes à aceitação e continuação do relacionamento com um cliente ou a determinados trabalhos, conforme estabelecido nos parágrafos 26-28 e A18-A22. Apesar disso, estabelecer políticas e procedimentos conforme descrito pode proporcionar aos auditores do setor público informação valiosa para a execução de avaliações do risco e o cumprimento das suas responsabilidades de relato. Recursos Humanos (Ref: Parágrafo 29) A24. As matérias relativas ao pessoal relevantes para as políticas e procedimentos da firma relacionados com os recursos humanos incluem, por exemplo: • Recrutamento. • Avaliação do desempenho. • Capacidades, incluindo o tempo para desempenhar as funções. • Competência. • Evolução na carreira. • Promoção; • Retribuição. • Estimativa de necessidades pessoais. Processos e procedimentos de recrutamento eficazes ajudam a firma a selecionar indivíduos íntegros, capazes de desenvolver as competências e capacidades necessárias para executar o trabalho da firma e com as características apropriadas para um desempenho competente. 68ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS A25. A competência pode ser desenvolvida por intermédio de uma variedade de métodos, incluindo: • Educação profissional. • Desenvolvimento profissional contínuo, incluindo formação. • Experiência de trabalho. • Aconselhamento por pessoal mais experiente, por exemplo outros membros da equipa de trabalho. • Formação relativa à independência, para o pessoal a quem é exigida. A26. A continuada competência do pessoal da firma depende, em larga medida, de um nível apropriado de desenvolvimento profissional contínuo, para que o pessoal mantenha os seu conhecimento e capacidades. Políticas e procedimentos eficazes salientam a necessidade de formação contínua a todos os níveis de pessoal da firma e proporcionam os recursos de formação e assistência necessários para que o pessoal desenvolva e mantenha as capacidades e competências necessárias. A27. A firma pode usar uma pessoa externa convenientemente qualificada, nomeadamente quando não dispuser de recursos técnicos e de formação internos. A28. A avaliação do desempenho, a retribuição e os procedimentos de promoção da firma reconhecem e recompensam devidamente o desenvolvimento e manutenção das competências e do compromisso com princípios éticos. Os passos que uma firma pode dar no desenvolvimento e manutenção dessas competências e desse empenho incluem: • Sensibilizar o pessoal para as expectativas da firma com respeito ao desempenho e aos princípios éticos; • Proporcionar ao pessoal meios de avaliação e aconselhamento quanto ao desempenho, progresso e evolução na carreira; e • Ajudar o pessoal a compreender quea promoção para posições de maior responsabilidade depende, entre outras coisas, da qualidade do desempenho e da adesão a princípios éticos e que o incumprimento das políticas e procedimentos da firma pode resultar em ação disciplinar. Considerações Específicas para Firmas de Pequena Dimensão A29. A dimensão e as circunstâncias da firma influenciam a estrutura do seu processo de avaliação do desempenho. As firmas mais pequenas, em particular, podem empregar métodos menos formais de avaliação do desempenho do seu pessoal. 69 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E Designação de Equipas de Trabalho Sócios Responsáveis pelo Trabalho (Ref: Parágrafo 30) A30. As políticas e procedimentos podem incluir sistemas para monitorizar a carga e a disponibilidade dos sócios responsáveis pelo trabalho para que estes indivíduos tenham tempo suficiente para cumprir adequadamente as suas responsabilidades. Equipas de Trabalho (Ref: Parágrafo 31) A31. A designação das equipas de trabalho pela firma e a determinação do nível de supervisão necessário, incluem, por exemplo, a consideração dos seguintes elementos ao nível da equipa de trabalho: • Compreensão e experiência prática de trabalhos de natureza e complexidade similares através de formação e participação apropriados; • Compreensão das normas profissionais e dos requisitos regulamentares e legais aplicáveis; • Conhecimento técnico e competências especializadas apropriados, incluindo um conhecimento das tecnologias de informação relevantes; • Conhecimento dos setores de atividade relevantes em que o cliente opera; • Capacidade de aplicar julgamento profissional; e • Compreensão das políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma. Execução do Trabalho Consistência da Qualidade de Execução do Trabalho (Ref: Parágrafo 32(a)) A32. A firma promove a consistência da qualidade de execução do trabalho através das suas políticas e procedimentos. Tal é muitas vezes conseguido por meio de manuais em papel ou eletrónico, de ferramentas informáticas ou de outras formas de documentação normalizada, bem como de materiais de orientação sobre matérias específicas ou setoriais. As matérias tratadas podem incluir: • A forma como as equipas de trabalho são informadas sobre o trabalho tendo em vista a compreensão dos objetivos do seu trabalho. • Os processos para dar cumprimento às normas de trabalho aplicáveis. • Os processos de supervisão do trabalho, de formação e de aconselhamento do pessoal. • Métodos de revisão do trabalho executado, dos julgamentos significativos feitos e da forma do relatório a emitir. 70ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS • Documentação apropriada do trabalho executado e da oportunidade e extensão da revisão. • Os processos de atualização de todas as políticas e procedimentos. A33. Um trabalho de equipa e uma formação apropriados ajudam os membros da equipa de trabalho menos experientes a compreender claramente os objetivos do trabalho atribuído. Supervisão (Ref: Parágrafo 32(b)) A34. A supervisão do trabalho inclui: • Acompanhar o progresso do trabalho; • Considerar a competência e as capacidades dos membros individuais da equipa de trabalho, se têm tempo suficiente para executar o seu trabalho, se compreendem as instruções que lhes são dadas e se o trabalho está a ser executado de acordo com a abordagem planeada. • Tratar de questões significativas que surjam durante o trabalho, considerando o seu significado e modificando apropriadamente a abordagem planeada; e • Identificar assuntos para consulta ou consideração por membros mais experientes da equipa de trabalho durante o mesmo. Revisão (Ref: Parágrafo 32(c)) A35. Uma revisão consiste em considerar se: • O trabalho foi executado de acordo com as normas profissionais e os requisitos regulamentares e legais aplicáveis; • As matérias significativas foram assinaladas para consideração adicional; • Tiveram lugar consultas apropriadas e as conclusões resultantes foram documentadas e implementadas; • Há necessidade de passar em revista a natureza, oportunidade e extensão do trabalho executado; • O trabalho executado suporta as conclusões atingidas e está adequadamente documentado; • A prova obtida é suficiente e apropriada para suportar o relatório; e • Os objetivos dos procedimentos do trabalho foram atingidos. Consultas (Ref: Parágrafo 34) A36. As consultas incluem a discussão ao nível profissional apropriado com indivíduos com competências especializadas, dentro ou fora da firma. 71 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E A37. As consultas usam recursos de pesquisa apropriados, bem como a experiência e competência técnica especializada coletivas da firma. As consultas contribuem para promover a qualidade e melhoram a aplicação do julgamento profissional. O reconhecimento apropriado das consultas nas políticas e procedimentos da firma contribui para promover uma cultura em que a consulta é reconhecida como um ponto forte e encoraja o pessoal a fazer consultas sobre matérias difíceis ou contenciosas. A38. A consulta eficaz sobre matérias técnicas, éticas ou outras dentro da firma ou, quando aplicável, fora dela, pode ser conseguida quando: • forem dados aos consultados todos os fatos relevantes que os habilitem a dar conselho fundamentado, e • os consultados tenham conhecimentos, senioridade e experiência apropriados, e quando as conclusões resultantes das consultas forem apropriadamente documentadas e implementadas. A39. Uma documentação suficientemente completa e pormenorizada das consultas a outros profissionais que envolvam matérias difíceis ou contenciosas contribui para a compreensão: • Da questão sobre a qual foi pedida a consulta; e • Dos resultados da consulta, incluindo quaisquer decisões tomadas, as bases para essas decisões e a forma como foram implementadas. Considerações Específicas para Firmas de Pequena Dimensão A40. Uma firma que precise de consultar externamente, por exemplo porque não tem recursos internos apropriados, pode tirar vantagem dos serviços de consultoria prestados por: • Outras firmas; • Organizações profissionais e reguladoras; ou • Organizações comerciais que proporcionem serviços de controlo de qualidade relevantes. Antes de contratar esses serviços, a firma deve considerar a competência e as capacidades do prestador de serviços externo a fim de determinar se o mesmo é devidamente qualificado para esse efeito. 72ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho Critérios para uma Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho (Ref: Parágrafo 35(b)) A41. Os critérios para determinar quais os trabalhos que, não sendo auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação, devem ser sujeitos a uma revisão do controlo de qualidade podem incluir, por exemplo: • A natureza do trabalho, incluindo até que ponto envolve uma matéria de interesse público. • A identificação de circunstâncias ou riscos não usuais num trabalho ou num tipo de trabalhos. • Se a lei ou regulamentos exigem uma revisão do controlo de qualidade do trabalho. Natureza, Oportunidade e Extensão da Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho (Ref: Parágrafos 36–37) A42. O relatório do trabalho não é datado até à conclusão da revisãodo controlo de qualidade do mesmo. Porém, a documentação da revisão do controlo de qualidade do trabalho pode ser concluída após a data do relatório. A43. A condução de uma revisão do controlo de qualidade do trabalho de forma oportuna em fases apropriadas do trabalho permite que as matérias significativas sejam imediatamente resolvidas a contento do revisor do controlo de qualidade, à data do relatório ou antes dela. A44. A extensão da revisão do controlo de qualidade do trabalho pode depender, entre outras coisas, da complexidade do trabalho, de a entidade ser ou não uma entidade admitida à cotação e do risco de o relatório poder não ser apropriado nas circunstâncias. A execução de uma revisão do controlo de qualidade do trabalho não reduz as responsabilidades do sócio responsável pelo trabalho. Revisão do Controlo de Qualidade de uma Entidade Admitida à Cotação (Ref: Parágrafo 38) A45. As outras matérias relevantes para a avaliação dos julgamentos significativos feitos pela equipa de trabalho que podem ser consideradas numa revisão do controlo de qualidade de uma auditoria de demonstrações financeiras incluem: • Riscos significativos identificados durante o trabalho e as respostas a esses riscos. • Julgamentos feitos, particularmente com respeito à materialidade e a riscos significativos. 73 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E • A importância e o tratamento dado a distorções corrigidas e por corrigir identificadas durante o trabalho. • As matérias a comunicar à gerência e aos encarregados da governação e, quando aplicável, a outros, nomeadamente organismos reguladores. Estas outras matérias, dependendo das circunstâncias, podem também ser aplicáveis a revisões do controlo de qualidade de auditorias de demonstrações financeiras de outras entidades, bem como a revisões de demonstrações financeiras e a outros trabalhos de garantia de fiabilidade e serviços relacionados. Considerações Específicas para Organizações de Auditoria do Setor Público A46. Embora não sejam referidas como entidades admitidas à cotação, como descrito no parágrafo A16, determinadas entidades do setor público podem ter importância suficiente para justificar uma revisão do controlo de qualidade do trabalho. Critérios para a Elegibilidade de Revisores de Controlo de Qualidade de Trabalho Competência Técnica, Experiência e Autoridade Suficientes e Apropriadas (Ref: Parágrafo 39(a)) A47. Aquilo que constitui competência técnica, experiência e autoridade suficientes e apropriadas depende das circunstâncias do trabalho. Por exemplo, o revisor do controlo de qualidade do trabalho numa auditoria das demonstrações financeiras de uma entidade admitida à cotação deve ser um indivíduo com experiência e autoridade suficientes e apropriadas para atuar na qualidade de sócio responsável de um trabalho de auditoria em auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação. Consultas ao Revisor do Controlo de Qualidade de Trabalho (Ref: Parágrafo 39(b)) A48. O sócio responsável pelo trabalho pode consultar o revisor do controlo de qualidade desse trabalho durante o mesmo, por exemplo, para determinar que um seu julgamento será aceitável para o revisor do controlo de qualidade do trabalho. Tal consulta evita a identificação de diferenças de opinião numa fase posterior do trabalho e não compromete necessariamente a elegibilidade do revisor do controlo de qualidade do trabalho para executar essa função. Se a natureza e extensão das consultas se tornarem significativas, a objetividade do revisor pode estar comprometida, salvo se tanto a equipa de trabalho como o revisor do controlo de qualidade tiverem o cuidado de salvaguardar a objetividade deste. Quando tal não for possível, pode ser designado um outro indivíduo da firma ou uma pessoa externa devidamente qualificada para desempenhar a função de revisor de controlo de qualidade do trabalho ou da pessoa a consultar sobre o trabalho. 74ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS Objetividade do Revisor de Controlo de Qualidade do Trabalho (Ref: Parágrafo 40) A49. Exige-se que a firma estabeleça políticas e procedimentos concebidos para manter a objetividade do revisor do controlo de qualidade do trabalho. Consequentemente, estas políticas e procedimentos dispõem que o revisor do controlo de qualidade do trabalho: • Quando praticável, não seja selecionado pelo sócio responsável pelo trabalho; • Não participe de qualquer forma no trabalho durante o período sob revisão; • Não tome decisões que cabem à equipa de trabalho; e • Não esteja sujeito a outras considerações que ameacem a sua objetividade. Considerações Específicas para Firmas de Pequena Dimensão A50. Pode não ser praticável, no caso de firmas com poucos sócios, que o sócio responsável pelo trabalho não esteja envolvido na seleção do revisor do controlo de qualidade do trabalho. Quando um profissional individual ou uma pequena firma identifiquem trabalhos que exijam verificações do controlo de qualidade, podem contratar externamente pessoas devidamente qualificadas. Alternativamente, alguns profissionais individuais ou pequenas firmas podem desejar usar outras firmas para facilitar as revisões do controlo de qualidade do trabalho. Quando a firma contrata pessoas externas devidamente qualificadas, aplicam-se os requisitos dos parágrafos 39-41 e a orientação dos parágrafos A47-A48. Considerações Específicas para Organizações de Auditoria do Setor Público A51. No setor público, um auditor designado oficialmente (por exemplo, um Auditor do Tribunal de Contas ou outra pessoa devidamente qualificada designada em seu nome) pode agir numa função equivalente à de sócio responsável pelo trabalho com a responsabilidade geral pelas auditorias do setor público. Nestas circunstâncias, quando aplicável, a seleção do revisor do controlo de qualidade do trabalho inclui a consideração da necessidade de independência em relação à entidade auditada e da capacidade do revisor do controlo de qualidade do trabalho para proporcionar uma avaliação objetiva. Diferenças de Opinião (Ref: Parágrafo 43) A52. Os procedimentos eficazes encorajam a identificação de diferenças de opinião numa fase inicial, proporcionam claras orientações quanto aos passos sucessivos a tomar daí para a frente e exigem documentação respeitante à resolução das diferenças e à implementação das conclusões atingidas. 75 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E A53. Os procedimentos para resolver tais diferenças podem incluir a consulta a um outro profissional ou a uma organização profissional ou reguladora. Documentação do Trabalho Conclusão da Organização dos Arquivos Finais do Trabalho (Ref: Parágrafo 45) A54. A lei ou regulamento podem prescrever prazos para a conclusão da organização dos arquivos finais do trabalho. Quando a lei ou regulamento não prescreverem tais prazos, o parágrafo 45 exige que a firma estabeleça prazos que reflitam a necessidade de concluir a organização dos arquivos finais do trabalho em tempo oportuno. No caso de uma auditoria, por exemplo, esses prazos não serão geralmente superiores a 60 dias a contar da data do relatório do auditor. A55. Quando forem emitidos dois ou mais relatórios a respeito de uma mesma matéria e para uma mesma entidade, as políticas e procedimentos da firma relativos aos prazos para a organização dos arquivos finais do trabalho tratam cada relatório como se fosse um trabalho separado. Tal pode ser ocaso quando a firma emite um relatório de auditoria sobre a informação financeira de um componente para efeitos de consolidação do grupo e, numa data subsequente, um relatório de auditoria sobre a mesma informação financeira para fins estatutários. Confidencialidade, Custódia Segura, Integridade, Acessibilidade e Recuperabilidade da Documentação do Trabalho (Ref: Parágrafo 46) A56. Os requisitos éticos relevantes estabelecem a obrigação de o pessoal da firma observar, a todo o momento, a confidencialidade da informação contida na documentação do trabalho, salvo se o cliente tiver dado autorização específica para divulgar essa informação ou se existir um dever legal ou profissional de o fazer. As leis e regulamentos específicos podem impor obrigações adicionais no sentido de o pessoal da firma manter a confidencialidade do cliente, particularmente no que respeita a dados de natureza pessoal. A57. Quer a documentação seja conservada em papel, meio eletrónico ou outro, a integridade, acessibilidade ou recuperabilidade dos dados subjacentes podem ficar comprometidas se a documentação puder ser alterada, acrescentada ou eliminada sem o conhecimento da firma ou se puder ser permanentemente perdida ou danificada. Consequentemente, os controlos que a firma concebe e implementa para evitar tal alteração não autorizada podem incluir controlos que: • Possibilitem a determinação de quando e por quem a documentação de trabalho foi criada, alterada ou revista; 76ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS • Protejam a integridade da informação em todas as fases do trabalho, especialmente quando a informação é partilhada dentro da equipa de trabalho ou transmitida a outras partes através da Internet; • Evitem alterações não autorizadas à documentação de trabalho; e • Permitam o acesso à documentação de trabalho pela equipa de trabalho e outras partes autorizadas conforme necessário para o cumprimento satisfatório das suas responsabilidades respetivas. A58. Os controlos que a firma concebe e implementa para manter a confidencialidade, custódia segura, integridade, acessibilidade e recuperabilidade da documentação de trabalho podem incluir: • O uso de uma senha pelos membros da equipa de trabalho, para restringir o acesso à documentação de trabalho eletrónica a utentes autorizados. • Rotinas apropriadas de salvaguarda dos ficheiros (backup) com a documentação eletrónica do trabalho em fases apropriadas durante o trabalho. • Procedimentos para distribuir devidamente a documentação do trabalho aos membros da equipa no início do trabalho, para a processar durante o trabalho e para a voltar a reunir no final do trabalho. • Procedimentos para restringir o acesso à documentação de trabalho em papel, bem como para permitir a devida distribuição e o armazenamento confidencial da mesma. A59. Por razões práticas, a documentação original em papel pode ser copiada eletronicamente para inclusão nos arquivos de trabalho. Em tais casos, os procedimentos aplicados pela firma para manter a integridade, acessibilidade e recuperabilidade da documentação podem incluir exigir que as equipas de trabalho: • Façam cópias digitalizadas que reflitam todo o conteúdo da documentação original em papel, incluindo assinaturas manuais, referências cruzadas e anotações; • Integrem as cópias digitalizadas nos arquivos do trabalho, incluindo indexação e rubricas das cópias digitalizadas conforme necessário: e • Possibilitem que as cópias digitalizadas possam ser pesquisadas e impressas conforme necessário. Podem existir razões legais, regulamentares ou outras para uma firma conservar a documentação original em papel que tenha sido digitalizada. 77 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E Conservação da Documentação do Trabalho (Ref: Parágrafo 47) A60. As necessidades da firma quanto à conservação da documentação de trabalho, bem como o período de tal conservação, variam com a natureza do trabalho e as circunstâncias da firma, dependendo por exemplo de a documentação de trabalho ser necessária como registo de matérias de importância continuada para trabalhos futuros. O período de conservação pode também depender de outros fatores, nomeadamente quando a lei ou o regulamento local prescrevem períodos de conservação específicos para determinados tipos de trabalho ou quando existem períodos de conservação geralmente aceites na jurisdição em questão na ausência de requisitos específicos legais ou regulamentares. A61. No caso específico de trabalhos de auditoria, o período de conservação não será geralmente inferior a cinco anos a contar da data do relatório do auditor ou, se posterior, da data do relatório do auditor do grupo. A62. Os procedimentos que a firma adota para a conservação da documentação de trabalho incluem os que possibilitam satisfazer os requisitos do parágrafo 47 durante o período de conservação, por exemplo para: • Possibilitar a pesquisa da documentação de trabalho e o acesso à mesma, durante o período de conservação, em particular no caso da documentação eletrónica, uma vez que a tecnologia subjacente pode ser atualizada ou alterada ao longo do tempo; • Proporcionar, sempre que necessário, um registo das alterações feitas à documentação de trabalho após a conclusão dos ficheiros de trabalho; e • Habilitar partes externas autorizadas a aceder e a rever documentação específica do trabalho para controlo de qualidade ou outros fins. • Propriedade da documentação de trabalho A63. Salvo quando especificado de outra forma por lei ou regulamento, a documentação de trabalho é propriedade da firma. A firma pode, à sua discrição, disponibilizar ao cliente partes ou extratos da documentação de trabalho, desde que tal divulgação não ponha em causa a validade do trabalho executado ou, no caso de trabalhos de garantia de fiabilidade, a independência da firma ou do seu pessoal. Monitorização Monitorizar as Políticas e Procedimentos de Controlo de Qualidade da Firma (Ref: Parágrafo 48) A64. A finalidade de monitorizar o cumprimento das políticas e procedimentos de controlo de qualidade é proporcionar uma apreciação sobre: 78ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS • O cumprimento das normas profissionais e dos requisitos regulamentares e legais; • Se o sistema de controlo de qualidade foi apropriadamente concebido e eficazmente implementado; e • Se as políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma foram adequadamente aplicados, a fim de que os relatórios que sejam emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho sejam apropriados nas circunstâncias. A65. A consideração e avaliação contínuas do sistema de controlo de qualidade incluem matérias como: • Análise: ○ De novos desenvolvimentos nas normas profissionais e nos requisitos legais e regulamentares e da forma como são refletidos nas políticas e procedimentos da firma, quando apropriado; ○ Da confirmação por escrito do cumprimento das políticas e procedimentos relativos à independência; ○ Do desenvolvimento profissional contínuo, incluindo a formação; e ○ Das decisões relacionadas com a aceitação e continuação de relacionamentos com o cliente e de trabalhos específicos. • Determinação de medidas corretivas a adotar e de melhorias a fazer no sistema, incluindo a consideração das reações recebidas no quadro das políticas e procedimentos relativos à educação e formação. • Comunicação ao pessoal apropriado da firma de fraquezas identificadas no sistema, no nível da compreensãodo sistema ou no seu cumprimento. • Acompanhamento por pessoal apropriado da firma, a fim de que sejam feitas imediatamente as modificações necessárias às políticas e procedimentos de controlo de qualidade. A66. As políticas e procedimentos do ciclo de inspeção podem, por exemplo, especificar um ciclo de três anos. O modo como esse ciclo de inspeção é organizado, incluindo a oportunidade da seleção de trabalhos individuais, depende de muitos fatores como: • A dimensão da firma. • O número e localização geográfica dos seus escritórios. • Os resultados de anteriores procedimentos de monitorização. • O grau de autoridade que tanto o pessoal como os escritórios têm (por exemplo, se os escritórios individuais são autorizados a conduzir 79 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E as suas próprias inspeções ou se apenas o escritório central as pode conduzir). • A natureza e complexidade da prática e organização da firma. • Os riscos associados aos clientes da firma e a trabalhos específicos. A67. O processo de inspeção inclui a seleção de trabalhos individuais, alguns dos quais podem ser selecionados sem notificação prévia à equipa de trabalho. Ao determinar o âmbito das inspeções, a firma pode tomar em conta o âmbito ou as conclusões de um programa de inspeção externa independente. Porém, um programa de inspeção externa independente não substitui o programa de monitorização interna próprio da firma. Considerações Específicas para Firmas de Pequena Dimensão A68. No caso de firmas de pequena dimensão, os procedimentos de monitorização poderão ter de ser executados por indivíduos responsáveis pela conceção e implementação das políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma ou que possam estar envolvidos na execução da revisão do controlo de qualidade do trabalho. Uma firma com um número limitado de pessoas pode optar por usar uma pessoa externa devidamente qualificada ou outra firma para levar a efeito inspeções dos trabalhos e outros procedimentos de monitorização. Alternativamente, a firma pode estabelecer acordos para partilhar recursos com outras organizações apropriadas de modo a facilitar as atividades de monitorização. Comunicar Deficiências (Ref: Parágrafo 50) A69. A comunicação de deficiências identificadas a indivíduos que não sejam os sócios responsáveis pelo trabalho relevantes não terá de incluir uma identificação dos trabalhos específicos em causa, se bem que possam surgir casos em que tal identificação possa ser necessária para o devido cumprimento das responsabilidades de indivíduos que não sejam os sócios responsáveis pelo trabalho. Queixas e Alegações Fonte das Queixas e Alegações (Ref: Parágrafo 55) A70. As queixas e alegações (que não incluem as que sejam claramente frívolas) podem ter origem dentro ou fora da firma. Podem ser feitas por pessoal da firma, clientes ou outras partes. Podem ainda ser recebidas por membros da equipa de trabalho ou por outro pessoal da firma. Políticas e Procedimentos de Investigação (Ref: Parágrafo 56) A71. As políticas e procedimentos estabelecidos para a investigação de queixas e alegações podem incluir, por exemplo, que o sócio que supervisiona a investigação: 80ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS • Tenha uma experiência suficiente e apropriada; • Tenha autoridade dentro da firma; e • Não esteja envolvido por qualquer forma no trabalho. O sócio que supervisiona a investigação pode envolver na mesma um assessor jurídico, conforme necessário. Considerações Específicas Relativas a Firmas de Pequena Dimensão A72. Pode não ser praticável, no caso de firmas com poucos sócios, que o sócio que supervisiona a investigação não esteja envolvido no trabalho. Estas firmas de pequena dimensão e os profissionais individuais podem usar os serviços de uma pessoa ou pessoas externas devidamente qualificadas para levar a efeito a investigação de queixas e alegações. Documentação do Sistema de Controlo de Qualidade (Ref: Parágrafo 57) A73. A forma e conteúdo da documentação que evidencia o funcionamento de cada um dos elementos do sistema de controlo de qualidade é uma matéria de julgamento e depende de uma variedade de fatores, incluindo: • A dimensão e o número de escritórios da firma. • A natureza e complexidade da prática e da organização da firma. Por exemplo, as grandes firmas podem usar bases de dados para documentar matérias como as confirmações de independência, a avaliação do desempenho e os resultados das inspeções de monitorização. A74. A documentação apropriada relacionada com a monitorização inclui, por exemplo: • Procedimentos de monitorização, incluindo o procedimento de seleção dos trabalhos concluídos a inspecionar; • Um registo da apreciação sobre: ○ O cumprimento das normas profissionais e dos requisitos legais e regulamentares aplicáveis; ○ Se o sistema de controlo de qualidade foi adequadamente concebido e eficazmente implementado; e ○ Se as políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma foram adequadamente aplicados, a fim de que os relatórios que sejam emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho sejam apropriados nas circunstâncias; e. 81 ISQC 1 CONTROLO DE QUALIDADE PARA FIRMAS QUE EXECUTEM AUDITORIAS E REVISÕES DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E OUTROS TRABALHOS DE GARANTIA DE FIABILIDADE E SERVIÇOS RELACIONADOS C O N TR O LO D E Q U A LI D A D E • Identificação das deficiências identificadas, uma apreciação do seu efeito e a base para determinar se e que medidas adicionais são necessárias. Considerações Específicas para Firmas de Pequena Dimensão A75. As firmas de pequena dimensão podem usar métodos mais informais na documentação dos seus sistemas de controlo de qualidade, como notas manuais, listas de verificação e impressos. 82ISA 200 NORMA INTERNACIONAL DE AUDITORIA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA (Aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009) ÍNDICE Parágrafo Introdução Âmbito desta ISA .......................................................................................... 1-2 Uma Auditoria de Demonstrações Financeiras ............................................. 3-9 Data de Entrada em Vigor ............................................................................. 10 Objetivos Gerais do Auditor ...................................................................... 11-12 Definições ..................................................................................................... 13 Requisitos Requisitos Éticos Relativos a uma Auditoria de Demonstrações Financeiras ............................................................................................. 14 Ceticismo Profissional .................................................................................. 15 Julgamento Profissional ................................................................................ 16 Prova de Auditoria Suficiente e Apropriada e Risco de Auditoria ................ 17 Condução de uma Auditoria de Acordo com as ISA ..................................... 18-24 Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Uma Auditoria de Demonstrações Financeiras ............................................. A1-A13 Requisitos Éticos Relativos a uma Auditoria de Demonstrações Financeiras ............................................................................................ A14-A17 Ceticismo Profissional .................................................................................A18-A22 Julgamento Profissional ............................................................................... A23-A27 Prova de Auditoria Suficiente e Apropriada e Risco de Auditoria ............... A28-A52 Condução de uma Auditoria de Acordo com as ISA ................................... A53-A76 A U D IT O R IA 83 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA Introdução Âmbito desta ISA 1. Esta Norma Internacional de Auditoria (ISA) aborda as responsabilidades gerais do auditor independente na condução de uma auditoria de demonstrações financeiras de acordo com as ISA. Especificamente, estabelece os objetivos gerais do auditor independente e explica a natureza e âmbito de uma auditoria concebida para permitir ao auditor independente satisfazer esses objetivos. Também explica o âmbito, autoridade e estrutura das ISA e inclui requisitos que estabelecem as responsabilidades gerais do auditor independente aplicáveis a todas as auditorias, incluindo a obrigação de cumprir as ISA. O auditor independente é doravante referido como “o auditor”. 2. As ISA são escritas no contexto de uma auditoria de demonstrações financeiras executada por um auditor. Quando aplicadas a auditorias de outra informação financeira histórica devem ser adaptadas às circunstâncias conforme necessário. As ISA não tratam das responsabilidades do auditor que possam existir na forma de legislação, regulamentação ou outra, por exemplo ligadas à oferta de títulos ao público. Tais responsabilidades podem diferir das estabelecidas nas ISA. Consequentemente, embora o auditor possa considerar certos aspetos das ISA úteis em tais circunstâncias, tem a responsabilidade de assegurar o cumprimento de todas as obrigações legais, regulamentares ou profissionais relevantes. Uma Auditoria de Demonstrações Financeiras 3. A finalidade de uma auditoria é aumentar o grau de confiança dos destinatários das demonstrações financeiras. Isto é conseguido pela expressão de uma opinião do auditor sobre se as demonstrações financeiras estão preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo com um referencial de relato financeiro aplicável. Na maioria dos referenciais com finalidade geral, essa opinião incide sobre se as demonstrações financeiras estão apresentadas de forma apropriada, em todos os aspetos materiais, ou dão uma imagem verdadeira e apropriada de acordo com o referencial. Uma auditoria conduzida de acordo com as ISA e os requisitos éticos relevantes permite ao auditor formar essa opinião. (Ref: Parágrafo A1) 4. As demonstrações financeiras sujeitas a auditoria são as da entidade, preparadas pela respetiva gerência com a supervisão dos encarregados da governação. As ISA não impõem responsabilidades à gerência ou aos encarregados da governação e não se sobrepõem às leis e regulamentos que regem essas responsabilidades. Porém, uma auditoria de acordo com as ISA é conduzida na premissa de que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação reconheceram certas responsabilidades 84ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA fundamentais para a condução da auditoria. A auditoria de demonstrações financeiras não liberta a gerência ou os encarregados da governação das suas responsabilidades. (Ref: Parágrafos A2-A11) 5. Como base para a opinião do auditor, as ISA exigem que ele obtenha garantia razoável de fiabilidade sobre se as demonstrações financeiras como um todo estão isentas de distorções materiais, quer devido a fraude quer a erro. A garantia razoável de fiabilidade é um nível elevado de garantia. É conseguida quando o auditor tiver obtido prova de auditoria suficiente e apropriada para reduzir o risco de auditoria (i.e., o risco de o auditor expressar uma opinião não apropriada quando as demonstrações financeiras estão materialmente distorcidas) para um nível aceitavelmente baixo. Porém, a garantia razoável de fiabilidade não é uma garantia de fiabilidade absoluta, porque uma auditoria tem limitações inerentes que resultam de a maior parte da prova de auditoria de que o auditor extrai as suas conclusões e em que baseia a sua opinião ser persuasiva e não conclusiva. (Ref: Parágrafos A28-A52) 6. O conceito de materialidade é aplicado pelo auditor tanto no planeamento como na execução da auditoria e na avaliação do efeito de distorções identificadas na auditoria e de distorções não corrigidas, se existirem, nas demonstrações financeiras.1 Em geral, as distorções, incluindo omissões, são consideradas materiais se, individualmente ou em agregado, se puder razoavelmente supor que influenciem as decisões económicas tomadas pelos utentes com base nas demonstrações financeiras. Os julgamentos acerca da materialidade são feitos à luz das circunstâncias em presença e são afetados pela perceção do auditor no que respeita às necessidades de informação financeira dos utentes das demonstrações financeiras e pela dimensão ou natureza de uma distorção, ou por uma combinação de ambas. A opinião do auditor diz respeito às demonstrações financeiras como um todo, pelo que o auditor não é responsável pela deteção de distorções que não sejam materiais para as demonstrações financeiras como um todo. 7. As ISA contêm objetivos, requisitos, material de aplicação e outro material explicativo concebidos para apoiar o auditor na obtenção de garantia razoável de fiabilidade. As ISA exigem que o auditor exerça julgamento profissional e mantenha ceticismo profissional durante o planeamento e a execução da auditoria e, entre outras coisas: • Identifique e avalie os riscos de distorção material, quer devido a fraude quer a erro, com base no conhecimento da entidade e do seu ambiente, incluindo o seu controlo interno. 1 ISA 320, Materialidade no Planeamento e na Execução de uma Auditoria e ISA 450, Avaliação de Distorções Identificadas durante a Auditoria A U D IT O R IA 85 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA • Obtenha prova de auditoria suficiente e apropriada sobre se existem distorções materiais, por meio da conceção e implementação de respostas apropriadas aos riscos avaliados. • Forme uma opinião sobre as demonstrações financeiras, baseada nas conclusões extraídas da prova de auditoria obtida. 8. A forma de opinião expressa pelo auditor depende do referencial de relato financeiro aplicável e de qualquer lei ou regulamento aplicável. (Ref: Parágrafos A12-A13) 9. O auditor pode também ter outras responsabilidades de comunicação e relato para com utentes, gerência, encarregados da governação, ou terceiros externos à entidade, em relação a matérias decorrentes da auditoria. Essas responsabilidades podem ser estabelecidas pelas ISA ou por lei ou regulamento aplicável.2 Data de Entrada em Vigor 10. Esta ISA é aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009. Objetivos Gerais do Auditor 11. Ao conduzir uma auditoria de demonstrações financeiras, os objetivos gerais do auditor são: (a) Obter garantia razoável de fiabilidade sobre se as demonstrações financeiras como um todo estão isentas de distorção material, devido a fraude ou a erro, habilitando assim o auditor a expressar uma opinião sobre se as demonstrações financeiras foram preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo com um referencial de relato financeiro aplicável; e (b) Relatar sobre as demonstrações financeiras, e comunicar conforme exigido pelas ISA, de acordo com as conclusões a que chegar. 12. Em todos os casos em que não possa ser obtida garantia razoável de fiabilidade e uma opinião com reservas é insuficiente nas circunstâncias para fins de relato aos utentes, as ISA exigem que o auditor emita uma escusa de opinião ourenuncie ao (ou se demita do)3 trabalho, quando a renúncia é possível nos termos da lei ou regulamento aplicável. 2 Ver, por exemplo, a ISA 260, Comunicação com os Encarregados da Governação e o parágrafo 43 da ISA 240, As Responsabilidades do Auditor Relativas a Fraude numa Auditoria de Demonstrações Financeiras. 3 Nas ISA, só é usado o termo “renúncia”. 86ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA Definições 13. Para efeito das ISA, são aplicáveis as seguintes definições: (a) Auditor – O termo “auditor” é usado para referir a pessoa ou pessoas que conduzem a auditoria, geralmente o sócio responsável pelo trabalho ou outros membros da equipa de trabalho ou, como aplicável, a firma. Quando uma ISA se destina expressamente a que um requisito ou responsabilidade seja satisfeito pelo sócio responsável pelo trabalho, usa-se a expressão “sócio responsável pelo trabalho”, em vez de “auditor”. “Sócio responsável pelo trabalho” e “firma” devem ser lidos como se referindo aos seus termos equivalentes do setor público, quando relevante. (b) Ceticismo profissional – Atitude que inclui uma mente interrogativa, alerta para condições que possam indicar uma possível distorção devido a erro ou a fraude, e uma apreciação crítica da prova. (c) Demonstrações financeiras – Uma representação estruturada da informação financeira histórica, incluindo divulgações, destinada a comunicar os recursos económicos ou as obrigações de uma entidade numa determinada data ou as alterações neles ocorridos durante um período de tempo de acordo com um referencial de relato financeiro. O termo “demonstrações financeiras” refere-se geralmente a um conjunto completo de demonstrações financeiras conforme determinado pelos requisitos do referencial de relato financeiro aplicável, mas também se pode referir a uma única demonstração financeira. As divulgações compreendem informação descritiva ou explicativa preparada de acordo com o que é exigido ou expressamente permitido pelo referencial de relato financeiro aplicável, seja na face das demonstrações financeiras, seja através de notas, seja ainda através da incorporação de referência cruzada. (Ref: Parágrafos A1-A1a) (d) Distorção – Uma diferença entre a quantia, classificação, apresentação, ou divulgação de um item relatado nas demonstrações financeiras e a quantia, classificação, apresentação, ou divulgação que é exigida para o item ficar de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável. As distorções podem decorrer de fraude ou de erro. Quando o auditor expressa uma opinião sobre se as demonstrações financeiras estão apresentadas de forma apropriada, em todos os aspetos materiais, ou dão uma imagem verdadeira e apropriada, as distorções também incluem os ajustamentos de quantias, classificações, apresentação ou divulgações que, no seu julgamento, sejam necessários A U D IT O R IA 87 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA para que as demonstrações financeiras estejam apresentadas de forma apropriada, em todos os aspetos materiais, ou deem uma imagem verdadeira e apropriada. (e) Encarregados da governação – A(s) pessoa(s) ou organização(ões) (por exemplo, um trustee empresarial) com responsabilidade pela supervisão da direção estratégica da entidade e pelas obrigações relacionadas com a responsabilidade da entidade em prestar contas pelos seus atos. Tal inclui a supervisão do processo de relato financeiro. Para algumas entidades em algumas jurisdições, os encarregados da governação podem incluir pessoal da gerência como, por exemplo, membros executivos de um órgão de gestão de uma entidade do setor privado ou público ou um sócio-gerente. (f) Garantia razoável de fiabilidade – No contexto de uma auditoria de demonstrações financeiras, um nível de garantia elevado, mas não absoluto. (g) Gerência – A(s) pessoa(s) com responsabilidade executiva pela condução das operações da entidade. Para algumas entidades em algumas jurisdições, a gerência inclui alguns ou todos os encarregados da governação, como por exemplo membros executivos de um órgão de gestão ou um sócio-gerente. (h) Informação financeira histórica – Informação expressa em termos financeiros em relação a uma dada entidade, derivada principalmente do sistema contabilístico dessa entidade, sobre acontecimentos económicos que ocorreram em períodos de tempo passados ou sobre condições ou circunstâncias em determinadas datas no passado. (i) Julgamento profissional – A aplicação de formação, conhecimento e experiência relevantes, no contexto das normas de auditoria, de contabilidade e éticas, para tomar decisões com fundamento acerca das linhas de ação apropriadas nas circunstâncias do trabalho de auditoria. (j) Premissa, relacionada com as responsabilidades da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação, em que assenta a condução de uma auditoria – O facto de que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação reconhecem e compreendem que têm as seguintes responsabilidades, fundamentais para a condução de uma auditoria de acordo com as ISA. Isto é, responsabilidade: (i) Pela preparação das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável, incluindo, quando relevante, a sua apresentação apropriada; 88ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA (ii) Pelo controlo interno que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação, determinem ser necessário para possibilitar a preparação de demonstrações financeiras isentas de distorção material devido a fraude ou a erro; e (iii) Por proporcionar ao auditor: a. Acesso a toda a informação de que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação tenham conhecimento e que seja relevante para a preparação das demonstrações financeiras, tal como registos, documentação ou outras matérias; b. Informação adicional que o auditor possa pedir à gerência e, quando apropriado, aos encarregados da governação para efeitos da auditoria; e c. Acesso sem restrições às pessoas da entidade de entre as quais o auditor determina que é necessário obter prova de auditoria. No caso de um referencial de apresentação apropriada, a alínea (i) acima pode ser reexpressa como “pela preparação e apresentação apropriada das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro” ou “pela preparação de demonstrações financeiras que deem uma imagem verdadeira e apropriada de acordo com o referencial de relato financeiro”. A “premissa relacionada com as responsabilidades da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação, em que assenta a condução de uma auditoria” pode também ser referida apenas como a “premissa”. (k) Prova de auditoria – Informação usada pelo auditor para chegar às conclusões sobre as quais se baseia a sua opinião. A prova de auditoria inclui não só a informação contida nos registos contabilísticos subjacentes às demonstrações financeiras mas também outras informações. Para efeito das ISA: (i) Suficiência da prova de auditoria é a medida da quantidade da prova de auditoria. A quantidade da prova de auditoria necessária é afetada pela avaliação do auditor dos riscos de distorção material e também pela qualidade de tal prova de auditoria. (ii) Apropriação da prova de auditoria é a medida da qualidade da prova de auditoria, isto é, a sua relevância e a sua fiabilidade em apoio das conclusões nas quais se baseia a opinião do auditor. A U D IT O R IA 89 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA (l) Referencial de relato financeiro aplicável – Referencial de relato financeiroadotado pela gerência e, quando apropriado, pelos encarregados da governação na preparação das demonstrações financeiras, que seja aceitável tendo em vista a natureza da entidade e o objetivo das demonstrações financeiras, ou que seja exigido por lei ou regulamento. A expressão “referencial de apresentação apropriada” é usada para referir um referencial de relato financeiro que exige o cumprimento dos seus próprios requisitos e que: (i) Reconhece explícita ou implicitamente que, para conseguir uma apresentação apropriada das demonstrações financeiras, pode ser necessário que a gerência faça divulgações para além das especificamente exigidas pelo referencial; ou (ii) Reconhece explicitamente que pode ser necessário que a gerência não aplique um requisito do referencial para conseguir uma apresentação apropriada das demonstrações financeiras. Espera- se que estas situações só sejam necessárias em circunstâncias extremamente raras. A expressão “referencial de cumprimento” é usada para referir um referencial de relato financeiro que exige o cumprimento dos seus próprios requisitos mas não contém os reconhecimentos de (i) ou (ii) acima. (m) Risco de auditoria – Risco de o auditor expressar uma opinião de auditoria inapropriada quando as demonstrações financeiras estão materialmente distorcidas. O risco de auditoria é função dos riscos de distorção material e do risco de deteção. (n) Risco de deteção – O risco de que os procedimentos executados pelo auditor para reduzir o risco de auditoria para um nível aceitavelmente baixo não detetem uma distorção que existe e que possa ser material, quer individualmente quer quando agregada a outras distorções. (o) Risco de distorção material – O risco de as demonstrações financeiras estarem materialmente distorcidas anteriormente à auditoria, o qual consiste de dois componentes, descritos como segue ao nível de asserção: (i) Risco inerente – A suscetibilidade de uma asserção relativa a uma classe de transações, saldo de conta ou divulgação a uma distorção que possa ser material, individualmente ou agregada 90ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA com outras distorções, antes da consideração de quaisquer controlos relacionados. (ii) Risco de controlo – O risco de que a ocorrência de uma distorção relativa a uma classe de transações, saldo de conta ou divulgação e que possa ser material, individualmente ou agregada com outras distorções, não seja evitada ou detetada e corrigida em tempo oportuno pelo controlo interno da entidade. Requisitos Requisitos Éticos Relativos a uma Auditoria de Demonstrações Financeiras 14. O auditor deve cumprir os requisitos éticos relevantes, incluindo os que digam respeito à independência, com relação a trabalhos de auditoria de demonstrações financeiras. (Ref: Parágrafos A14-A17) Ceticismo Profissional 15. O auditor deve planear e executar uma auditoria com ceticismo profissional, reconhecendo que podem existir circunstâncias que originaram que as demonstrações financeiras estejam materialmente distorcidas. (Ref: Parágrafos A18-A22) Julgamento Profissional 16. O auditor deve exercer julgamento profissional ao planear e executar uma auditoria de demonstrações financeiras. (Ref: Parágrafos A23-A27) Prova de Auditoria Suficiente e Apropriada e Risco de Auditoria 17. Para obter garantia razoável de fiabilidade, o auditor deve obter prova de auditoria suficiente e apropriada para reduzir o risco de auditoria para um nível aceitavelmente baixo e, assim, permitir ao auditor extrair conclusões razoáveis que sirvam de base para a sua opinião. (Ref: Parágrafos A28-A52) Condução de uma Auditoria de Acordo com as ISA Cumprimento das ISA Relevantes para a Auditoria 18. O auditor deve cumprir todas as ISA relevantes para a auditoria. Uma ISA é relevante para a auditoria quando está em vigor e as circunstâncias nela consideradas se verificam. (Ref: Parágrafos A53-A57) 19. O auditor deve compreender todo o texto de uma ISA, incluindo o seu material de aplicação e outro material explicativo, para entender os seus objetivos e aplicar de forma apropriada os seus requisitos. (Ref: Parágrafos A58-A66) A U D IT O R IA 91 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA 20. O auditor não deve declarar o cumprimento das ISA no seu relatório a não ser que tenha cumprido os requisitos desta ISA e de todas as outras ISA relevantes para a auditoria. Objetivos Expostos em ISA Individuais 21. Para atingir os seus objetivos globais, o auditor deve usar os objetivos expostos nas ISA relevantes ao planear e executar a auditoria, tendo em atenção os inter-relacionamentos entre as ISA, para: (Ref: Parágrafos A67-A69) (a) Determinar se quaisquer procedimentos de auditoria além dos exigidos pelas ISA são necessários para prosseguir os objetivos expostos nas ISA; e (Ref: Parágrafo A70) (b) Verificar se foi obtida prova de auditoria suficiente e apropriada. (Ref: Parágrafo A71) Cumprimento dos Requisitos Relevantes 22. Sem prejuízo do parágrafo 23, o auditor deve cumprir todos os requisitos de uma ISA, salvo se, nas circunstâncias da auditoria: (a) Toda a ISA não é relevante; ou (b) O requisito não é relevante porque é condicional e a condição não existe. (Ref: Parágrafos A72-A73) 23. Em circunstâncias excecionais, o auditor pode julgar necessário não aplicar um requisito relevante de uma ISA. Nessas circunstâncias, o auditor deve executar procedimentos de auditoria alternativos para alcançar o objetivo desse requisito. Espera-se que a necessidade de um auditor não aplicar um requisito relevante só ocorra quando o requisito é relativo a um procedimento específico a ser executado e, nas circunstâncias específicas da auditoria, esse procedimento seria ineficaz para atingir o objetivo do requisito. (Ref: Parágrafo A74) Não Consecução de um Objetivo 24. Se um objetivo de uma ISA relevante não puder ser atingido, o auditor deve avaliar se isso o impede de atingir os objetivos gerais do auditor e, por conseguinte, exige que, de acordo com as ISA, modifique a sua opinião ou renuncie ao trabalho (quando a renúncia for possível segundo lei ou regulamento aplicável). A não consecução de um objetivo representa uma matéria significativa, que exige documentação de acordo com a ISA 230.4 (Ref: Parágrafos A75–A76) 4 ISA 230, Documentação de Auditoria, parágrafo 8(c) 92ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA *** Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Uma Auditoria de Demonstrações Financeiras A1. Alguns referenciais de relato financeiro podem referir-se a recursos económicos ou obrigações de uma entidade com outros termos. Por exemplo, podem ser referidos como ativos e passivos de uma entidade e a diferença entre eles como o capital próprio. A1a. A informação descritiva ou explicativa exigida incluir pelo referencial de relato financeiro aplicável pode ser incorporada através de referência cruzada para outros documentos, tais como um relatório de gestão ou um relatório de risco. Incorporar através de referência cruzada significa fazer a referência das demonstrações financeiras para outros documentos, mas não de outros documentos para as demonstrações financeiras. Quando o referencial de relato financeiro aplicável não proibir expressamente onde se indicar a referência cruzada, e a informação está apropriadamente referenciada, tal informação passa a fazer parte das demonstrações financeiras. Âmbito da Auditoria (Ref: Parágrafo 3) A1b. A opinião do auditor sobre as demonstrações financeiras aborda a questão de as demonstrações financeiras estarem ou não preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável. Tal opinião é comuma todas as auditorias de demonstrações financeiras. Assim, a opinião do auditor não assegura, por exemplo, a viabilidade futura da entidade nem a eficiência ou eficácia com que a gerência conduziu os negócios da entidade. Em algumas jurisdições, porém, a lei ou regulamento aplicável pode exigir que os auditores deem opiniões sobre outras matérias específicas, tais como a eficácia do controlo interno ou a consistência de um relatório da gerência com as demonstrações financeiras. Embora as ISA incluam requisitos e orientação em relação a tais matérias na medida em que são relevantes para formar uma opinião sobre as demonstrações financeiras, é exigido ao auditor que execute trabalho adicional caso tenha responsabilidades adicionais para emitir tais opiniões. Preparação das Demonstrações Financeiras (Ref: Parágrafo 4) A2. A lei ou regulamento pode estabelecer as responsabilidades da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação em relação ao relato financeiro. Porém, a extensão destas responsabilidades, ou a maneira como são descritas, pode diferir de uma jurisdição para outra. Apesar destas A U D IT O R IA 93 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA diferenças, uma auditoria de acordo com as ISA é conduzida na premissa de que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação reconheceram e compreenderam que têm responsabilidade: (a) Pela preparação das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável, incluindo, quando relevante, a sua apresentação apropriada; (b) Pelo controlo interno que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação, determinam ser necessário para possibilitar a preparação de demonstrações financeiras isentas de distorção material devido a fraude ou a erro; e (c) Por proporcionar ao auditor: (i) Acesso a toda a informação de que a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação tenham conhecimento e que seja relevante para a preparação das demonstrações financeiras, tais como registos, documentação e outras matérias; (ii) Informação adicional que o auditor possa pedir à gerência e, quando apropriado, aos encarregados da governação para efeitos da auditoria; e (iii) Acesso sem restrições às pessoas da entidade das quais o auditor determina que é necessário obter prova de auditoria. A3. A preparação das demonstrações financeiras pela gerência e, quando apropriado, pelos encarregados da governação exige: • A identificação do referencial de relato financeiro aplicável, no contexto de quaisquer leis ou regulamentos relevantes. • A preparação das demonstrações financeiras de acordo com esse referencial. • A inclusão de uma descrição adequada desse referencial nas demonstrações financeiras. A preparação das demonstrações financeiras exige que a gerência exerça julgamento ao efetuar estimativas contabilísticas que sejam razoáveis nas circunstâncias e que selecione e aplique políticas contabilísticas apropriadas. Estes julgamentos são feitos no contexto do referencial de relato financeiro aplicável. A4. As demonstrações financeiras podem ser preparadas de acordo com um referencial de relato financeiro concebido para satisfazer: • As necessidades comuns de informação de um conjunto alargado de utentes (i.e., “demonstrações financeiras com finalidade geral”); ou 94ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA • As necessidades de informação financeira de utentes específicos (i.e., “demonstrações financeiras com finalidade especial”). A5. O referencial de relato financeiro aplicável compreende geralmente normas de relato financeiro estabelecidas por uma organização autorizada ou reconhecida de emissão de normas ou requisitos exigidos por lei ou regulamentos. Em alguns casos, o referencial de relato financeiro pode abranger não só normas de relato financeiro estabelecidas por uma organização autorizada ou reconhecida de emissão de normas, mas também normas exigidas por lei ou regulamentos. Outras fontes podem proporcionar orientação na aplicação do referencial de relato financeiro aplicável. Em alguns casos, o referencial de relato financeiro aplicável pode abranger estas fontes, ou pode mesmo consistir apenas de tais fontes. Estas outras fontes podem incluir: • O ambiente legal e ético, incluindo estatutos, regulamentos, decisões judiciais e obrigações éticas profissionais relativas a matérias contabilísticas; • Interpretações contabilísticas publicadas de autoridade diversa, emitidas por organizações emissoras de normas, organizações profissionais ou entidades reguladoras; • Opiniões publicadas de autoridade diversa sobre assuntos emergentes de contabilidade provenientes de organizações emissoras de normas, organizações profissionais ou entidades reguladoras; • Práticas gerais e setoriais amplamente reconhecidas e predominantes; e • Literatura contabilística. Quando existirem conflitos entre o referencial de relato financeiro e as fontes de onde pode ser obtida orientação para a sua aplicação, ou entre as fontes que compreendem o referencial de relato financeiro, prevalece a fonte com a mais alta autoridade. A6. Os requisitos do referencial de relato financeiro aplicável determinam a forma e o conteúdo das demonstrações financeiras. Embora o referencial possa não especificar como contabilizar ou divulgar todas as transações ou acontecimentos, geralmente incorpora princípios suficientemente vastos que podem servir de base para o desenvolvimento e aplicação de políticas contabilísticas consistentes com os conceitos subjacentes aos requisitos do referencial. A7. Alguns referenciais de relato financeiro são referenciais de apresentação apropriada, enquanto outros são referenciais de cumprimento. Os referenciais de relato financeiro que abrangem principalmente as normas de relato financeiro estabelecidas por uma organização autorizada ou reconhecida para A U D IT O R IA 95 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA promulgar normas a utilizar por entidades na preparação de demonstrações financeiras com finalidade geral são muitas vezes concebidos para garantir uma apresentação apropriada, como acontece por exemplo com as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). A8. Os requisitos do referencial de relato financeiro aplicável também determinam o que constitui um conjunto completo de demonstrações financeiras. Para alguns referenciais de relato financeiro, as demonstrações financeiras destinam- se a proporcionar informação acerca da posição financeira, desempenho financeiro e fluxos de caixa de uma entidade. Para estes referenciais, um conjunto completo incluiria um balanço, uma demonstração dos resultados, uma demonstração de alterações no capital próprio, uma demonstração dos fluxos de caixa e as respetivas notas. Para outros referenciais, uma única demonstração financeira e as respetivas notas podem constituir um conjunto completo de demonstrações financeiras: • Por exemplo, a Norma Internacional de Contabilidade do Setor Público (IPSAS), Relato Financeiro Segundo o Regime de Contabilidade de Caixa, emitida pelo International Accounting Public Sector Standards Board, dispõe que a principal demonstração financeira é uma demonstração de recebimentos e pagamentos de caixa quando uma entidade do setor público prepara as suas demonstrações financeiras de acordo com essa IPSAS. • Outros exemplos de uma única demonstração financeira, cada uma das quais incluiria as respetivas notas, são: ○ Balanço. ○ Demonstração dos resultados ou demonstração de atividades. ○ Demonstração de resultados transitados. ○ Demonstraçãode fluxos de caixa. ○ Demonstração de ativos e passivos que não inclui o capital próprio dos proprietários. ○ Demonstração de alterações no capital próprio dos proprietários. ○ Demonstração de réditos e de gastos. ○ Demonstração de atividades por linhas de produtos. A9. A ISA 210 estabelece requisitos e dá orientação sobre a determinação da aceitabilidade do referencial de relato financeiro aplicável.5 A ISA 800 aborda 5 ISA 210, Acordar os Termos de Trabalhos de Auditoria, parágrafo 6(a) 96ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA considerações especiais quando as demonstrações financeiras são preparadas de acordo com um referencial com finalidade especial.6 A10. Devido à importância da premissa para a condução de uma auditoria, exige- se que o auditor obtenha o acordo da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação de que reconhecem e compreendem que têm as responsabilidades estabelecidas no parágrafo A2, como pré-condição para aceitar o trabalho de auditoria.7 Considerações Específicas para Auditorias no Setor Público A11. Os mandatos para auditorias das demonstrações financeiras de entidades do setor público podem ser mais vastos que os de outras entidades. Consequentemente, a premissa relativa às responsabilidades da gerência, sobre a qual assenta a condução de uma auditoria das demonstrações financeiras de uma entidade do setor público, pode incluir responsabilidades adicionais, tal como a responsabilidade pela execução de transações e acontecimentos de acordo com a lei, regulamento ou outra autoridade.8 Forma da Opinião do Auditor (Ref: Parágrafo 8) A12. A opinião expressa pelo auditor é sobre se as demonstrações financeiras estão preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável. A forma da opinião do auditor dependerá, porém, do referencial de relato financeiro aplicável e de qualquer lei ou regulamento aplicável. A maior parte dos referenciais de relato financeiro inclui requisitos relativos à apresentação das demonstrações financeiras; para tais referenciais, a preparação das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável inclui a apresentação. A13. Quando o referencial de relato financeiro aplicável é um referencial de apresentação apropriada, como é geralmente o caso das demonstrações financeiras com finalidade geral, a opinião exigida pelas ISA é sobre se as demonstrações financeiras estão apresentadas de forma apropriada, em todos os aspetos materiais, ou dão uma imagem verdadeira e apropriada. Quando o referencial de relato financeiro aplicável é um referencial de cumprimento, a opinião exigida é sobre se as demonstrações financeiras estão preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo com o referencial. Salvo se especificamente declarado de forma diferente, as referências nas ISA à opinião do auditor cobrem ambas as formas de opinião. 6 ISA 800, Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Financeiras Preparadas de Acordo com Referenciais com Finalidade Especial, parágrafo 8 7 ISA 210, parágrafo 6(b) 8 See paragraph A57. A U D IT O R IA 97 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA Requisitos Éticos Relativos a uma Auditoria de Demonstrações Financeiras (Ref: Parágrafo 14) A14. O auditor está sujeito a requisitos éticos relevantes, incluindo os que dizem respeito à independência, em relação aos trabalhos de auditoria de demonstrações financeiras. Os requisitos éticos relevantes compreendem geralmente as Partes A e B do Código de Ética dos Profissionais de Contabilidade e Auditoria (o Código do IESBA) emitido pelo International Ethics Standard Board for Accountants relativos a uma auditoria de demonstrações financeiras, juntamente com os requisitos nacionais que sejam mais restritivos. A15. A Parte A do Código do IESBA estabelece os princípios fundamentais de ética profissional relevantes para o auditor ao conduzir uma auditoria de demonstrações financeiras e proporciona uma estrutura conceptual para aplicar esses princípios. Os princípios fundamentais que o Código do IESBA exige que o auditor cumpra são: (a) Integridade; (b) Objetividade; (c) Competência e zelo profissional; (d) Confidencialidade; e (e) Comportamento profissional. A Parte B do Código do IESBA ilustra como o referencial deve ser aplicado em situações específicas. A16. No caso de um trabalho de auditoria, é do interesse público e, por conseguinte, exigido pelo Código do IESBA, que o auditor seja independente da entidade sujeita a auditoria. O Código do IESBA descreve a independência como compreendendo não só a independência da mente como a independência na aparência. A independência do auditor em relação à entidade salvaguarda a sua capacidade para formar uma opinião de auditoria sem ser afetado por influências que possam comprometer essa opinião. A independência aumenta a capacidade do auditor para agir com integridade, ser objetivo e manter uma atitude de ceticismo profissional. A17. A Norma Internacional de Controlo de Qualidade (ISQC) 1,9 ou os requisitos nacionais que sejam pelo menos tão exigentes,10 trata das responsabilidades 9 ISQC 1, Controlo de Qualidade para Firmas que Executem Auditorias e Revisões de Demonstrações Financeiras, e Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados 10 ISA 220, Controlo de Qualidade para uma Auditoria de Demonstrações Financeiras, parágrafo 2 98ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA da firma em estabelecer e manter o seu sistema de controlo de qualidade para trabalhos de auditoria. A ISQC 1 estabelece as responsabilidades da firma em estabelecer políticas e procedimentos concebidos para lhe proporcionarem garantia razoável de fiabilidade de que a firma e o seu pessoal cumprem os requisitos éticos relevantes, incluindo os que dizem respeito à independência.11 A ISA 220 estabelece as responsabilidades do sócio responsável pelo trabalho no que respeita aos requisitos éticos relevantes. Estas incluem permanecer alerta, por meio da observação e das indagações necessárias, para ter evidência de incumprimento de requisitos éticos relevantes por membros da equipa do trabalho, determinar a ação apropriada se tomar conhecimento de matérias que indiquem que membros da equipa de trabalho não cumpriram requisitos éticos relevantes e formar uma conclusão sobre o cumprimento dos requisitos de independência que se apliquem ao trabalho de auditoria.12 A ISA 220 reconhece que a equipa de trabalho tem o direito de confiar no sistema de controlo de qualidade da firma para satisfazer as suas responsabilidades com respeito a procedimentos de controlo de qualidade aplicáveis ao trabalho de auditoria individual, a menos que a informação prestada pela firma ou outras partes sugira o contrário. Ceticismo Profissional (Ref: Parágrafo 15) A18. O ceticismo profissional inclui estar alerta para, por exemplo: • Prova de auditoria que contradiga outra prova de auditoria obtida. • Informação que ponha em causa a fiabilidade de documentos e de respostas a indagações a serem usados como prova de auditoria. • Condições que indiquem possível fraude. • Circunstâncias que sugiram a necessidade de procedimentos de auditoria adicionais, para além dos exigidos pelas ISA. A19. É necessário manter o ceticismo profissional durante toda a auditoria se o auditor quiser, por exemplo, reduzir os riscos de: • Não dar conta de circunstâncias não usuais. • Generalizar em excesso quando extrai conclusões de observações de auditoria. • Usar pressupostos não apropriados ao determinar a natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria e ao avaliar os respetivosresultados. 11 ISQC 1, parágrafos 20–25 12 ISA 220, parágrafos 9–12 A U D IT O R IA 99 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA A20. O ceticismo profissional é necessário para a avaliação crítica da prova de auditoria. Isto inclui questionar as provas de auditoria contraditórias e a fiabilidade de documentos e respostas a indagações e de outras informações obtidas da gerência e dos encarregados da governação. Também inclui a consideração da suficiência e apropriação da prova de auditoria obtida à luz das circunstâncias, como, por exemplo, no caso em que existem fatores de risco de fraude e em que um único documento, de uma natureza que seja suscetível de fraude, é a única prova de suporte para uma quantia material da demonstração financeira. A21. O auditor pode aceitar registos e documentos como genuínos, salvo se tiver razões para acreditar no contrário. Apesar disso, exige-se que o auditor considere a fiabilidade da informação a ser usada como prova de auditoria.13 Em caso de dúvida acerca da fiabilidade da informação ou de indicações de possível fraude (por exemplo, se houver condições identificadas durante a auditoria que levem o auditor a acreditar que um documento pode não ser autêntico ou que os termos de um documento podem ter sido falsificados), as ISA exigem que o auditor aprofunde a sua investigação e determine que modificações ou adições são necessárias aos procedimentos de auditoria para resolver o assunto.14 A22. Não se espera que o auditor descure a experiência passada da honestidade e integridade da gerência da entidade e dos encarregados da governação. Apesar disso, a crença de que a gerência e os encarregados da governação são honestos e íntegros não liberta o auditor da necessidade de manter ceticismo profissional nem permite que o auditor se contente com uma prova de auditoria menos persuasiva para obter garantia razoável de fiabilidade. Julgamento Profissional (Ref: Parágrafo 16) A23. O julgamento profissional é essencial para a adequada condução de uma auditoria. Isto porque a interpretação dos requisitos éticos relevantes e das ISA e as decisões fundamentadas exigidas durante a auditoria não podem ser feitas sem a aplicação de conhecimentos e experiência relevantes aos factos e circunstâncias. O julgamento profissional é necessário em particular no que respeita a decisões sobre: • A materialidade e o risco de auditoria. • A natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria usados para satisfazer os requisitos das ISA e recolher prova de auditoria. 13 ISA 500, Prova de Auditoria, parágrafos 7–9 14 ISA 240, parágrafo 13; ISA 500, parágrafo 11; ISA 505, Confirmações Externas, parágrafos 10–11, e 16 100ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA • A verificação de que foi obtida prova de auditoria suficiente e apropriada e da necessidade de fazer mais alguma coisa para atingir os objetivos das ISA e, assim, os objetivos gerais do auditor. • A avaliação dos julgamentos efetuados pela gerência na aplicação pela entidade do referencial de relato financeiro aplicável. • A elaboração de conclusões baseadas na prova de auditoria obtida, como, por exemplo, a avaliação da razoabilidade das estimativas feitas pela gerência na preparação das demonstrações financeiras. A24. A característica distintiva do julgamento profissional que se espera de um auditor é que este é exercido por um auditor cuja formação, conhecimentos e experiência contribuíram para desenvolver as competências necessárias para chegar a julgamentos razoáveis. A25. O exercício de julgamento profissional em qualquer caso particular baseia-se nos factos e circunstâncias que sejam conhecidos do auditor. As consultas sobre matérias difíceis ou contenciosas no decurso da auditoria, não só dentro da equipa de trabalho mas também entre a equipa de trabalho e outros ao nível apropriado dentro ou fora da firma, tal como exigido pela ISA 220,15 ajudam o auditor a fazer julgamentos fundamentados e razoáveis. A26. O julgamento profissional pode ser avaliado verificando se reflete uma aplicação competente dos princípios de auditoria e de contabilidade e se é apropriado à luz dos factos e circunstâncias que eram conhecidos do auditor à data do seu relatório e consistente com esses factos e circunstâncias. A27. O julgamento profissional deve ser exercido ao longo da auditoria. Também deve ser apropriadamente documentado. A este respeito, exige-se que o auditor prepare documentação de auditoria suficiente para habilitar um auditor experiente, que não tenha prévia ligação com a auditoria, a compreender os julgamentos profissionais significativos feitos para atingir as conclusões sobre matérias significativas que surgiram durante a auditoria.16 O julgamento profissional não deve ser usado como justificação para decisões que não sejam suportadas pelos factos e circunstâncias do trabalho ou por prova de auditoria suficiente e apropriada. 15 ISA 220, parágrafo 18 16 ISA 230, parágrafo 8 A U D IT O R IA 101 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA Prova de Auditoria Suficiente e Apropriada e Risco de Auditoria (Ref: Parágrafos 5 e 17) Suficiência e Apropriação da Prova de Auditoria A28. A prova de auditoria é necessária para suportar a opinião e o relatório do auditor. É por natureza cumulativa e é principalmente obtida a partir de procedimentos de auditoria executados no seu decurso. Pode, contudo, incluir também informação obtida de outras fontes tais como auditorias anteriores (contanto que o auditor determine se ocorreram alterações desde a auditoria anterior que possam afetar a sua relevância para a auditoria corrente17) ou os procedimentos de controlo de qualidade de uma firma em relação à aceitação e continuação do relacionamento com os clientes. Para além de outras fontes dentro e fora da entidade, os registos contabilísticos da entidade são uma fonte importante de prova de auditoria. A informação que pode ser usada como prova de auditoria pode também ter sido preparada por um perito empregado da, ou contratado pela, entidade. A prova de auditoria compreende não só informação que suporta e corrobora as asserções da gerência, mas também qualquer informação que contradiga tais asserções. Adicionalmente, em alguns casos, a ausência de informação (por exemplo, a recusa da gerência em proporcionar uma declaração que lhe foi pedida) é usada pelo auditor e, por isso, também constitui prova de auditoria. A maior parte do trabalho do auditor na formação da sua opinião consiste em obter e avaliar prova de auditoria. A29. A suficiência e a apropriação da prova de auditoria estão inter-relacionadas. A suficiência é a medida da quantidade da prova de auditoria. A quantidade da prova de auditoria necessária é afetada pela avaliação do auditor dos riscos de distorção (quanto mais altos os riscos avaliados, mais prova de auditoria será provavelmente necessária) e também pela qualidade de tal prova de auditoria (quanto mais elevada for a qualidade, menos prova poderá ser necessária). A obtenção de mais prova de auditoria pode, contudo, não compensar a sua baixa qualidade. A30. A apropriação é a medida da qualidade da prova de auditoria, isto é, a sua relevância e a sua fiabilidade em proporcionar suporte para as conclusões nas quais se baseia a opinião do auditor. A fiabilidade da prova é influenciada pela sua fonte e pela sua natureza e depende das circunstâncias específicas em que é obtida. A31. Se foi obtida prova de auditoria suficiente e apropriada para reduzir o risco de auditoria para um nível aceitavelmente baixo e, assim, habilitar o auditor 17 ISA 315 (Revista), Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material atravésdo Conhecimento da Entidade e do Seu Ambiente, parágrafo 9 102ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA a tirar conclusões nas quais possa basear a sua opinião, é uma questão de julgamento profissional. A ISA 500 e outras ISA relevantes estabelecem requisitos adicionais e proporcionam mais orientação aplicável durante a auditoria no que diz respeito às considerações do auditor para obter prova de auditoria suficiente e apropriada. Risco de Auditoria A32. O risco de auditoria é função dos riscos de distorção material e do risco de deteção. A avaliação dos riscos é baseada em procedimentos de auditoria para obter a informação necessária para essa finalidade e na prova obtida no decurso da auditoria. A avaliação dos riscos é uma questão de julgamento profissional e não é uma questão de capacidade de mensuração precisa. A33. Para efeito das ISA, o risco de auditoria não inclui o risco de o auditor poder expressar uma opinião de que as demonstrações financeiras estão materialmente distorcidas quando não o estão. Este risco é geralmente insignificante. Além do mais, o risco de auditoria é um termo técnico relacionado com o processo de auditoria, não se referindo aos riscos de negócio do auditor, tais como perdas proveniente de litígio, publicidade adversa ou outros acontecimentos que surjam associados à auditoria de demonstrações financeiras. Riscos de Distorção Material A34. Os riscos de distorção material podem existir a dois níveis: • Ao nível global das demonstrações financeiras; e • Ao nível de asserção para classes de transações, saldos de contas e divulgações. A35. Os riscos de distorção material ao nível global das demonstrações financeiras referem-se aos riscos de distorção material que se relacionam de forma profunda com as demonstrações financeiras como um todo e podem afetar muitas asserções. A36. Os riscos de distorção material ao nível de asserção são avaliados a fim de determinar a natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria adicionais necessários para obter prova de auditoria suficiente e apropriada. Esta prova habilita o auditor a expressar uma opinião sobre as demonstrações financeiras com um nível de risco de auditoria aceitavelmente baixo. Os auditores utilizam várias abordagens para cumprir o objetivo de avaliar os riscos de distorção material. Por exemplo, o auditor pode fazer uso de um modelo que expresse o relacionamento global dos componentes do risco de auditoria em termos matemáticos para chegar a um nível aceitável de risco de deteção. Alguns auditores acham tal modelo útil quando planeiam procedimentos de auditoria. A U D IT O R IA 103 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA A37. Os riscos de distorção material ao nível de asserção têm dois componentes: risco inerente e risco de controlo. O risco inerente e o risco de controlo são riscos da entidade e existem independentemente do risco de auditoria das demonstrações financeiras. A38. O risco inerente é mais elevado para algumas asserções e respetivas classes de transações, saldos de contas, e divulgações do que para outras. Por exemplo, pode ser mais elevado para cálculos complexos ou para contas que consistam de quantias derivadas de estimativas contabilísticas sujeitas a uma incerteza significativa de estimação. As circunstâncias externas que dão origem a riscos de negócio podem também influenciar o risco inerente. Por exemplo, desenvolvimentos tecnológicos podem tornar um dado produto obsoleto, fazendo com que os inventários fiquem mais suscetíveis a sobrevalorização. Certos fatores da entidade e do seu ambiente que se relacionam com várias ou todas as classes de transações, saldos de contas ou divulgações podem também influenciar o risco inerente a uma asserção específica. Tais fatores podem incluir, por exemplo, uma insuficiência de fundo de maneio para continuar as operações ou uma indústria em declínio, caracterizada por um grande número de falências. A39. O risco de controlo é função da eficácia da conceção, implementação e manutenção do controlo interno aplicado pela gerência para tratar os riscos identificados que ameacem a consecução dos objetivos da entidade relevantes para a preparação das respetivas demonstrações financeiras. Devido às suas limitações inerentes, porém, o controlo interno, não importa se bem ou mal concebido e operado, só pode reduzir, mas não eliminar, os riscos de distorção material. Estas limitações incluem, por exemplo, a possibilidade de erros ou falhas humanas ou de os controlos serem evitados por via de conluio ou por derrogação não apropriada da gerência. Consequentemente, existirá sempre algum risco de controlo. As ISA proporcionam as condições pelas quais se exige que o auditor teste, ou possa escolher testar, a eficácia operacional dos controlos na determinação da natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos substantivos a executar.18 A40. As ISA não se referem geralmente ao risco inerente e ao risco de controlo separadamente, mas antes a uma avaliação combinada dos “riscos de distorção material”. Porém, o auditor pode fazer avaliações separadas ou combinadas do risco inerente e de controlo, em função das técnicas ou metodologias de auditoria preferidas e de considerações práticas. A avaliação dos riscos de distorção material pode ser expressa em termos quantitativos, 18 ISA 330, As Respostas do Auditor a Riscos Avaliados, parágrafos 7–17 104ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA como percentagens, ou em termos não quantitativos. Em qualquer caso, a necessidade de o auditor proceder a avaliações apropriadas do risco é mais importante do que as diferentes abordagens pelas quais essas avaliações podem ser feitas. A41. A ISA 315 estabelece os requisitos e proporciona orientação na identificação e avaliação dos riscos de distorção material ao nível das demonstrações financeiras e ao nível da asserção. Risco de Deteção A42. Para um dado nível de risco de auditoria, o nível aceitável de risco de deteção é inversamente proporcional aos riscos avaliados de distorção material ao nível da asserção. Por exemplo, quanto maiores são os riscos de distorção material que o auditor crê existirem, menor é o risco de deteção que deve ser aceite e, consequentemente, mais persuasiva deverá ser a prova de auditoria exigida pelo auditor. A43. O risco de deteção relaciona-se com a natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos do auditor que são por ele determinados para reduzir o risco de auditoria para um nível aceitavelmente baixo. É portanto função da eficácia de um procedimento de auditoria e da sua aplicação pelo auditor. Matérias como: • planeamento adequado; • correta afetação de pessoal à equipa de trabalho; • aplicação de ceticismo profissional; e • supervisão e revisão do trabalho de auditoria executado, ajudam a aumentar a eficácia de um procedimento de auditoria e da sua aplicação e a reduzir a possibilidade de um auditor poder selecionar um procedimento de auditoria não apropriado, aplicar mal um procedimento de auditoria apropriado ou interpretar mal os resultados da auditoria. A44. A ISA 300 19 e a ISA 330 estabelecem requisitos e proporcionam orientação quanto ao planeamento de uma auditoria de demonstrações financeiras e às respostas do auditor aos riscos avaliados. O risco de deteção, contudo, só pode ser reduzido, mas não eliminado, dadas as limitações inerentes de uma auditoria. Consequentemente, existirá sempre algum risco de deteção. 19 ISA 300, Planear uma Auditoria de Demonstrações Financeiras A U D IT O R IA 105 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIALimitações Inerentes a uma Auditoria A45. Não se espera, nem tal é possível, que o auditor reduza o risco de auditoria a zero, pelo que o auditor nunca pode obter segurança absoluta de que as demonstrações financeiras estão isentas de distorção material devido a fraude ou a erro. A razão são as limitações inerentes a uma auditoria, que resultam do facto de a maior parte da prova de auditoria sobre a qual o auditor tira conclusões e baseia a sua opinião ser persuasiva e não conclusiva. As limitações inerentes a uma auditoria provêm: • Da natureza do relato financeiro; • Da natureza dos procedimentos de auditoria; e • Da necessidade de a auditoria ser conduzida num período razoável de tempo e a um custo razoável. Natureza do Relato Financeiro A46. A preparação de demonstrações financeiras envolve julgamento da gerência na aplicação dos requisitos do referencial de relato financeiro aplicável aos factos e circunstâncias da entidade. Além disso, muitos itens das demonstrações financeiras envolvem decisões ou avaliações subjetivas ou um determinado grau de incerteza, podendo existir uma variedade de interpretações ou julgamentos aceitáveis. Consequentemente, alguns itens das demonstrações financeiras estão sujeitos a um nível inerente de variabilidade que não pode ser eliminado pela aplicação de procedimentos de auditoria adicionais. Por exemplo, tal é muitas vezes o caso no que respeita a determinadas estimativas contabilísticas. Apesar de tudo, as ISA exigem que o auditor considere especificamente se as estimativas contabilísticas são razoáveis no contexto do referencial de relato financeiro aplicável e respetivas divulgações e analise também os aspetos qualitativos das práticas contabilísticas da entidade, incluindo indicadores de possíveis faltas de isenção nos julgamentos da gerência.20 Natureza dos Procedimentos de Auditoria A47. A capacidade do auditor para obter prova de auditoria tem limitações práticas e legais. Por exemplo: • É possível que a gerência ou outros não proporcionem, intencional- mente ou não, a informação completa relevante para a preparação das demonstrações financeiras ou que seja pedida pelo auditor. Con- sequentemente, o auditor não pode estar certo da plenitude da infor- 20 ISA 540, Auditar Estimativas Contabilísticas, Incluindo Estimativas Contabilísticas de Justo Valor, e Respectivas Divulgações, e ISA 700, Formar uma Opinião e Relatar sobre Demonstrações Financeiras, parágrafo 12 106ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA mação, mesmo que tenha executado procedimentos de auditoria para obter garantia de que foi obtida toda a informação relevante. • A fraude pode envolver esquemas sofisticados e cuidadosamente organizados concebidos para a esconder. Assim, os procedimentos de auditoria utilizados para recolher prova de auditoria podem ser ineficazes para detetar uma distorção intencional que envolva, por exemplo, conluio para falsificar documentação que faça com que o auditor creia que a prova de auditoria é válida quando não o é. O auditor não está treinado para ser um perito, nem se espera que o seja, na autenticação de documentos. • Uma auditoria não é uma investigação oficial sobre alegados atos repreensíveis. Consequentemente, o auditor não recebe poderes legais específicos, tal como o poder de busca, que poderiam ser necessários para tal investigação. Oportunidade do Relato Financeiro e Equilíbrio entre Beneficio e Custo A48. A questão da dificuldade, do tempo ou do custo envolvido não é por si só uma base válida para o auditor omitir um procedimento de auditoria relativamente ao qual não existe alternativa ou para se dar por satisfeito com prova de auditoria que é menos do que persuasiva. O planeamento apropriado ajuda a garantir a disponibilidade de tempo e recursos suficientes para a condução da auditoria. Não obstante, a relevância da informação e, assim, o seu valor, tende a diminuir ao longo do tempo, existindo um equilíbrio que se procura entre a fiabilidade da informação e o seu custo. Isto é reconhecido em determinados referenciais de relato financeiro (ver, por exemplo, o Referencial para a Preparação e Apresentação de Demonstrações Financeiras do IASB). Assim, existe uma expectativa por parte dos utentes das demonstrações financeiras de que o auditor formará uma opinião sobre as demonstrações financeiras num período razoável de tempo e a um custo razoável, reconhecendo que é impraticável tratar toda a informação que possa existir ou abordar todas as matérias exaustivamente no pressuposto de que a informação está errada ou é fraudulenta até prova em contrário. A49. Consequentemente, é necessário que o auditor: • Planeie a auditoria de forma que seja executada eficazmente; • Oriente o seu esforço de auditoria para áreas em que os riscos de distorção material devido a erro ou fraude sejam mais elevados, havendo portanto um esforço menor para outras áreas; e • Use testes e outros meios para examinar as populações quanto a distorções. A U D IT O R IA 107 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA A50. À luz das abordagens descritas no parágrafo A49, as ISA contêm requisitos para o planeamento e execução da auditoria e exigem, nomeadamente, que o auditor: • Tenha uma base para a identificação e avaliação dos riscos de distorção material ao nível das demonstrações financeiras e ao nível da asserção, executando procedimentos de avaliação do risco e atividades conexas;21 e • Use testes e outros meios para examinar populações de uma maneira que proporcione uma base razoável para o auditor extrair conclusões acerca da população.22 Outras Matérias que Afetam as Limitações Inerentes a uma Auditoria A51. No caso de determinadas asserções ou de assuntos em causa, os efeitos potenciais das limitações inerentes à capacidade do auditor para detetar distorções materiais são particularmente significativas. Tais asserções ou assuntos incluem: • Fraude, particularmente a fraude que envolve a gerência de topo ou conluio. Para mais informações, ver a ISA 240. • Existência e plenitude de relacionamentos e de transações com partes relacionadas. Para mais informações, ver a ISA 55023. • Incumprimento de leis e regulamentos. Para mais informações, ver a ISA 25024. • Acontecimentos ou condições futuros que ameacem a continuidade de uma entidade. Para mais informações, ver a ISA 57025. As ISA relevantes identificam procedimentos de auditoria específicos para ajudar a mitigar o efeito das limitações inerentes. A52. Dadas as limitações inerentes de uma auditoria, existe um risco inevitável de que algumas distorções materiais das demonstrações financeiras possam não ser detetadas, mesmo que a auditoria seja devidamente planeada e executada de acordo com as ISA. Consequentemente, a descoberta subsequente de uma distorção material das demonstrações financeiras devido a fraude ou erro não indicia, por si só, uma falha na condução de uma auditoria de acordo com as 21 ISA 315 (Revista), parágrafos 5–10 22 ISA 330; ISA 500; ISA 520, Procedimentos Analíticos; ISA 530, Amostragem de Auditoria 23 ISA 550, Partes Relacionadas 24 ISA 250, Consideração de Leis e Regulamentos numa Auditoria de Demonstrações Financeiras 25 ISA 570 (Revista), Continuidade 108ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA ISA. Porém, as limitações inerentes a uma auditoria não são justificação para o auditor se dar por satisfeito com prova de auditoria que não seja persuasiva. A decisão sobre se o auditor executou uma auditoria de acordo com as ISA é determinada pelos procedimentos de auditoria executados nas circunstâncias, pela suficiência e apropriação da prova de auditoria obtida em consequência dos mesmose pela adequação do relatório do auditor baseado na avaliação dessa prova à luz dos objetivos gerais do auditor. Condução de uma Auditoria de Acordo com as ISA Natureza das ISA (Ref: Parágrafo 18) A53. As ISA, tomadas em conjunto, proporcionam normas para o trabalho do auditor na consecução dos seus objetivos gerais. As ISA abordam as responsabilidades gerais do auditor, bem como as considerações adicionais do auditor relevantes para a aplicação dessas responsabilidades a assuntos específicos. A54. O âmbito, data de entrada em vigor e qualquer limitação específica da aplicabilidade de uma determinada ISA são claramente especificados na mesma. Salvo disposição em contrário no próprio texto de uma ISA, permite- se que o auditor a aplique antes da data de entrada em vigor nela especificada. A55. Ao executar uma auditoria, pode ser exigido ao auditor que cumpra requisitos legais ou regulamentares adicionais aos das ISA. As ISA não se sobrepõem às leis e regulamentos que regem uma auditoria de demonstrações financeiras. Se essas leis e regulamentos diferirem das ISA, uma auditoria conduzida apenas de acordo com as leis ou regulamentos não cumprirá automaticamente as ISA. A56. O auditor pode também conduzir a auditoria não só de acordo com as ISA mas também com as normas de auditoria de uma jurisdição ou país específicos. Nestes casos, além de cumprir com cada uma das ISA relevantes para a auditoria, pode ser necessário que o auditor execute procedimentos de auditoria adicionais a fim de cumprir com as normas relevantes dessa jurisdição ou desse país. Considerações Específicas para Auditorias no Setor Público A57. As ISA são relevantes para trabalhos do setor público. As responsabilidades do auditor do setor público podem, porém, ser afetadas pelo mandato de auditoria ou por obrigações das entidades do setor público decorrentes de lei, regulamento ou de outra autoridade (tal como diretivas ministeriais, requisitos da política governamental ou resoluções da legislatura), que podem abranger um âmbito mais vasto do que uma auditoria de demonstrações A U D IT O R IA 109 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA financeiras de acordo com as ISA. Estas responsabilidades adicionais não são abordadas nas ISA. Poderão ser abordadas nas tomadas de posição da International Organization of Supreme Audit Institutions ou de organismos emissores de normas nacionais, ou em orientações desenvolvidas por agências governamentais de auditoria. Conteúdo das ISA (Ref: Parágrafo 19) A58. Além dos objetivos e requisitos (os requisitos são expressos nas ISA usando o termo “deve”), uma ISA contém orientações, sob a forma de material de aplicação e outro material explicativo. Pode também conter material introdutório, que dá o contexto relevante para a compreensão apropriada da ISA, e definições. Por isso, todo o texto da ISA é relevante para a compreensão dos objetivos nela expostos e para a devida aplicação dos seus requisitos. A59. Quando necessário, o material de aplicação e outro material explicativo proporciona explicações adicionais sobre os requisitos de uma ISA e dá orientação para a sua aplicação. Em particular, pode: • Explicar mais precisamente o que um requisito significa ou o que se destina a cobrir. • Incluir exemplos de procedimentos que possam ser apropriados nas circunstâncias. Embora tal orientação não imponha por si um requisito, é relevante para a apropriada aplicação dos requisitos de uma ISA. O material de aplicação e outro material explicativo pode também proporcionar informação de base sobre as matérias tratadas numa ISA. A60. Os apêndices fazem parte do material de aplicação e outro material explicativo. A finalidade e o uso pretendido de um apêndice são explicados no corpo da respetiva ISA ou no título e introdução do próprio apêndice. A61. O material introdutório pode incluir, conforme necessário, explicações sobre: • A finalidade e âmbito da ISA, incluindo a forma como se relaciona com outras ISA. • O assunto em causa da ISA. • As responsabilidades respetivas do auditor e de outros em relação ao assunto em causa da ISA. • O contexto em que a ISA é definida. A62. Uma ISA pode incluir, numa secção separada com o título “Definições”, uma descrição dos significados atribuídos a determinados termos para efeito das ISA. Estas definições são dadas para ajudar a aplicar e interpretar 110ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA consistentemente as ISA e não pretendem sobrepor-se a definições que possam ser estabelecidas para outra finalidade, quer na lei, quer em regulamentação quer de qualquer outra forma. Salvo indicação em contrário, esses termos terão o mesmo significado em todas as ISA. O Glossário relativo às Normas Internacionais emitidas pelo International Auditing and Assurance Standards Board no Manual das Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados publicado pela IFAC contém uma lista completa de termos definidos nas ISA. Também inclui descrições de outros termos previstos nas ISA, para ajudar a uma interpretação e tradução comuns e consistente. A63. Sempre que apropriado, o material de aplicação e outro material explicativo de uma ISA incluem considerações adicionais específicas às auditorias de pequenas entidades e de entidades do setor público. Estas considerações adicionais ajudam a aplicar os requisitos da ISA na auditoria de tais entidades. Porém, não limitam ou reduzem a responsabilidade do auditor quanto à aplicação e cumprimento dos requisitos das ISA. Considerações Específicas para Pequenas Entidades A64. Para a especificação das considerações adicionais para auditorias de pequenas entidades, “pequena entidade” refere-se a uma entidade que possui tipicamente, entre outras, as seguintes características qualitativas: (a) Concentração da propriedade e gerência num pequeno número de indivíduos (muitas vezes um único indivíduo – quer seja uma pessoa singular quer seja uma outra empresa que detém a entidade, desde que o detentor tenha as características qualitativas relevantes); e (b) Uma ou mais das seguintes: (i) Transações lineares ou pouco complexas; (ii) Escrituração simples; (iii) Poucas linhas de negócio e poucos produtos dentro das linhas de negócio; (iv) Poucos controlos internos; (v) Poucos níveis de gerência com responsabilidade por uma vasta gama de controlos; ou (vi) Pouco pessoal, com muitos dos empregados a deterem um vasto conjunto de responsabilidades. Estas características qualitativas não são exaustivas nem exclusivas das pequenas entidades, e estas não apresentam necessariamente todas as características indicadas. A U D IT O R IA 111 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA A65. As considerações específicas para pequenas entidades incluídas nas ISA foram desenvolvidas tendo em mente principalmente as entidades não admitidas à cotação. Porém, algumas dessas considerações podem ser úteis nas auditorias de pequenas entidades admitidas à cotação. A66. As ISA referem-se ao proprietário de uma pequena entidade que esteja envolvido na sua gerência numa base diária como o “sócio-gerente”. Objetivos Expostos nas ISA Individuais (Ref: Parágrafo 21) A67. Cada ISA contém um ou mais objetivos que proporcionam uma ligação entre os requisitos e os objetivos gerais do auditor. Os objetivos de uma ISA individual servem para focar o auditor no desfecho desejado da ISA, embora sendo suficientemente específicos para ajudar o auditor a: • Compreender o que precisa de ser realizado e, quando necessário, os meios apropriados para o fazer; e • Decidir sobre se algo mais deve ser feitopara atingir esses objetivos nas circunstâncias particulares da auditoria. A68. Os objetivos devem ser entendidos no contexto dos objetivos gerais do auditor, expostos no parágrafo 11 desta ISA. Tal como em relação aos objetivos gerais do auditor, a capacidade de atingir um determinado objetivo está igualmente sujeita às limitações inerentes a uma auditoria. A69. Ao usar os objetivos, exige-se que o auditor tenha em atenção os inter- relacionamentos entre as ISA. Isto porque, conforme indicado no parágrafo A53, as ISA tratam nalguns casos de responsabilidades gerais e noutros casos da aplicação dessas responsabilidades a tópicos específicos. Por exemplo, esta ISA exige que o auditor adote uma atitude de ceticismo profissional; isto é necessário em todos os aspetos de planeamento e execução de uma auditoria mas não é repetido como um requisito de cada ISA. A um nível mais pormenorizado, a ISA 315 e a ISA 330 contêm, nomeadamente, objetivos e requisitos que tratam as responsabilidades do auditor na identificação e avaliação dos riscos de distorção material e na conceção e execução de procedimentos de auditoria adicionais para responder a esses riscos avaliados, respetivamente; estes objetivos e requisitos aplicam-se no decurso de toda a auditoria. Uma ISA que trate de aspetos específicos da auditoria (por exemplo, a ISA 540) pode ser mais descritiva na forma como os objetivos e requisitos de ISA como por exemplo a ISA 315 e a ISA 330 devem ser aplicados em relação ao seu tema, mas não repete esses objetivos. Assim, ao atingir o objetivo exposto na ISA 540, o auditor tem em atenção os objetivos e requisitos de outras ISA relevantes. 112ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA Uso de Objetivos para Determinar a Necessidade de Procedimentos Adicionais de Auditoria (Ref: Parágrafo 21(a)) A70. Os requisitos das ISA são concebidos para permitir ao auditor atingir os objetivos especificados nas ISA e, por conseguinte, os objetivos gerais do auditor. Espera-se por isso que a aplicação apropriada dos requisitos das ISA pelo auditor proporcione uma base suficiente para a consecução daqueles objetivos. Porém, dado que as circunstâncias dos trabalhos de auditoria variam significativamente e que nem todas essas circunstâncias podem ser antecipadas nas ISA, o auditor é responsável por determinar os procedimentos de auditoria necessários para cumprir os requisitos das ISA e atingir os objetivos. Nas circunstâncias de um trabalho, podem existir matérias particulares que exijam que o auditor execute procedimentos de auditoria para além dos exigidos pelas ISA para satisfazer os objetivos nelas especificados. Uso de Objetivos para Avaliar Se Foi Obtida Prova de Auditoria Suficiente e Apropriada (Ref: Parágrafo 21(b)) A71. Exige-se que o auditor use os objetivos para avaliar se foi obtida prova de auditoria suficiente e apropriada no contexto dos objetivos gerais do auditor. Se, em consequência dessa avaliação, o auditor concluir que a prova de auditoria não é suficiente e apropriada, pode seguir uma ou mais das abordagens seguintes para cumprir o requisito do parágrafo 21(b): • Avaliar se foi ou se irá ser obtida prova de auditoria relevante adicional em resultado do cumprimento de outras ISA; • Complementar o trabalho executado na aplicação de um ou mais requisitos; ou • Executar outros procedimentos que o auditor julgue necessários nas circunstâncias. Quando for de prever que nada do atrás referido seja praticável ou possível nas circunstâncias, o auditor não será capaz de obter prova de auditoria suficiente e apropriada, sendo-lhe exigido pelas ISA que determine o efeito dessa situação no relatório do auditor ou na capacidade do auditor concluir o trabalho. Cumprimento dos Requisitos Relevantes Requisitos Relevantes (Ref: Parágrafo 22) A72. Em alguns casos, uma ISA (e portanto todos os seus requisitos) pode não ser relevante nas circunstâncias. Por exemplo, se uma entidade não tem uma função de auditoria interna, nada na ISA 610 (Revista)26 é relevante. 26 ISA 610 (Revista), Usar o Trabalho de Auditores Internos A U D IT O R IA 113 ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA A73. Dentro de uma ISA relevante, podem existir requisitos condicionais. Esses requisitos serão relevantes quando as circunstâncias previstas no requisito se aplicarem e a condição se verificar. Em termos gerais, o condicionalismo de um requisito pode ser explícito ou implícito. Por exemplo: • O requisito para modificar a opinião do auditor se existir uma limitação do âmbito da auditoria 27 representa um requisito condicional explícito. • O requisito de comunicar deficiências significativas no controlo interno identificadas durante a auditoria aos encarregados da governação28, que depende da existência de tais deficiências significativas identificadas; e o requisito de obter prova de auditoria suficiente e apropriada respeitante à apresentação e divulgação de informação por segmentos de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável29, que depende desse referencial de relato exigir ou permitir tal divulgação, representam requisitos condicionais implícitos. Em alguns casos, um requisito pode ser expresso como sendo condicional face à lei ou regulamento aplicável. Por exemplo, pode ser pedido ao auditor que renuncie ao trabalho de auditoria, quando a renúncia é possível segundo lei ou regulamento aplicável, ou pode ser pedido ao auditor que faça algo, salvo se proibido por lei ou regulamento. Dependendo das circunstâncias, a permissão ou proibição legal ou regulamentar podem ser explícitas ou implícitas. Não Aplicação de um Requisito (Ref: Parágrafo 23) A74. A ISA 230 estabelece os requisitos de documentação nas circunstâncias excecionais em que o auditor não aplica um requisito relevante30. As ISA não exigem o cumprimento de um requisito que não seja relevante nas circunstâncias da auditoria. Não Consecução de um Objetivo (Ref: Parágrafo 24) A75. Se um objetivo foi ou não atingido é uma questão de julgamento profissional do auditor. Esse julgamento tem em conta os resultados dos procedimentos de auditoria executados para cumprir os requisitos das ISA e a avaliação do auditor sobre se foi obtida prova de auditoria suficiente e apropriada e sobre necessidades adicionais a satisfazer nas circunstâncias particulares 27 ISA 705 (Revista), Modificações à Opinião no Relatório do Auditor Independente, parágrafo 13 28 ISA 265, Comunicar Deficiências no Controlo Interno aos Encarregados da Governação e à Gerência, parágrafo 9 29 ISA 501, Prova de Auditoria – Considerações Específicas para Itens Seleccionados, parágrafo 13 30 ISA 230, parágrafo 12 114ISA 200 OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E CONDUÇÃO DE UMA AUDITORIA DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA da auditoria para atingir os objetivos expostos nas ISA. Consequentemente, as circunstâncias que podem dar origem à não consecução de um objetivo incluem as que: • Impedem o auditor de cumprir os requisitos relevantes de uma ISA. • Resultam em que não seja praticável ou possível para o auditor levar a efeito os procedimentos de auditoria adicionais ou obter mais prova de auditoria, como tenha determinado que seria necessário a partir do uso dos objetivos de acordo com o parágrafo 21, por exemplo devido a uma limitação na prova de auditoria disponível. A76. Uma documentação de auditoria que satisfaz os requisitos da ISA 230 e os requisitos específicos de documentação de outras ISA relevantes proporciona prova da base de um auditor para concluir acerca da consecução dos seus objetivos gerais. Embora não seja necessário que um auditor documente separadamente (por exemplo numa lista de verificação) que objetivos individuais foram atingidos, a documentação danão consecução de um objetivo ajudará o auditor a avaliar se tal falha fez com que não fossem atingidos os objetivos gerais. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 115 ISA 210 NORMA INTERNACIONAL DE AUDITORIA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA (Aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009) ÍNDICE Parágrafo Introdução Âmbito desta ISA .......................................................................................... 1 Data de Entrada em Vigor ............................................................................. 2 Objetivo ....................................................................................................... 3 Definições ..................................................................................................... 4–5 Requisitos Pré-condições para uma Auditoria ................................................................ 6–8 Acordo dos Termos do Trabalho de Auditoria .............................................. 9–12 Auditorias Recorrentes .................................................................................. 13 Aceitação de uma Alteração nos Termos do Trabalho de Auditoria ............. 14–17 Considerações Adicionais na Aceitação do Trabalho ................................... 18–21 Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Âmbito desta ISA .......................................................................................... A1 Pré-condições para uma Auditoria ................................................................ A2–A20 Acordo dos Termos do Trabalho de Auditoria ............................................... A21–A27 Auditorias Recorrentes ................................................................................... A28 Aceitação de uma Alteração nos Termos do Trabalho de Auditoria .............. A29–A33 Considerações Adicionais na Aceitação do Trabalho .................................... A34–A37 Apêndice 1: Exemplo de uma Carta de Compromisso de Auditoria Apêndice 2: Determinar a Aceitabilidade de Referenciais com Finalidade Geral 116ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA A Norma Internacional de Auditoria (ISA) 210, Acordar os Termos de Trabalhos de Auditoria, deve ser lida em conjunção com a ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 117 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Introdução Âmbito desta ISA 1. Esta Norma Internacional de Auditoria (ISA) aborda as responsabilidades do auditor quando acorda os termos do trabalho de auditoria com a gerência e, quando apropriado, com os encarregados da governação. Isto inclui a verificação de que estão presentes determinadas pré-condições para uma auditoria, cuja responsabilidade é da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação. A ISA 2201 aborda os aspetos da aceitação do trabalho controlados pelo auditor. (Ref: Parágrafo A1) Data de Entrada em Vigor 2. Esta ISA é aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009. Objetivo 3. O objetivo do auditor é o de aceitar ou continuar um trabalho de auditoria apenas quando tenha sido acordada a base em que este deve ser executado, através da: (a) Verificação de que estão presentes as pré-condições para uma auditoria; e (b) Confirmação de que há um entendimento comum sobre os termos do trabalho de auditoria entre o auditor e a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação. Definições 4. Para efeito das ISA, é aplicável a seguinte definição: Pré-condições para uma auditoria - A utilização pela gerência de um referencial de relato financeiro aceitável na preparação das demonstrações financeiras e o acordo da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação quanto à premissa2 em que assenta a condução de uma auditoria. 5. Para efeitos desta ISA, as referências a “gerência” devem ser lidas doravante como “gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação”. 1 ISA 220, Controlo de Qualidade para uma Auditoria de Demonstrações Financeiras 2 ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria, parágrafo 13 118ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Requisitos Pré-condições para uma Auditoria 6. A fim de determinar se estão presentes as pré-condições para uma auditoria, o auditor deverá: (a) Determinar se o referencial de relato financeiro a aplicar na preparação das demonstrações financeiras é aceitável; e (Ref: Parágrafos A2–A10) (b) Obter a confirmação da gerência de que esta reconhece e entende a sua responsabilidade: (Ref: Parágrafos A11–A14, A20) (i) Pela preparação das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável incluindo, quando relevante, a sua apresentação apropriada; (Ref: Parágrafo A15) (ii) Pelo controlo interno que a gerência determine ser necessário para possibilitar a preparação de demonstrações financeiras isentas de distorção material, quer devido a fraude quer a erro; e (Ref: Parágrafos A16–A19) (iii) Por proporcionar ao auditor: a. Acesso a toda a informação de que a gerência tenha conhecimento e que seja relevante para a preparação de demonstrações financeiras, como registos, documentação e outras matérias; b. Informação adicional que o auditor possa pedir á gerência para efeitos da auditoria; e c. Acesso sem restrições às pessoas da entidade das quais o auditor determina que é necessário obter prova de auditoria. Limitação no Âmbito Anterior à Aceitação do Trabalho de Auditoria 7. Se a gerência ou os encarregados da governação impuserem uma limitação no âmbito do trabalho do auditor no quadro dos termos do trabalho de auditoria proposto que seja tal que o auditor considera que resultará numa escusa de opinião sobre as demonstrações financeiras, o auditor não deve aceitar tal trabalho limitado como um trabalho de auditoria, salvo se isso lhe for exigido por lei ou regulamento. Outros Fatores que Afetam a Aceitação do Trabalho de Auditoria 8. Se as pré-condições para uma auditoria não estiverem verificadas, o auditor deve debater essa questão com a gerência. Salvo se exigido por lei ou regulamento o auditor não deve aceitar o trabalho proposto. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 119 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA (a) Se tiver verificado que o referencial de relato financeiro a ser aplicado na preparação das demonstrações financeiras é inaceitável, exepto conforme disposto no parágrafo 19; ou (b) Se não tiver sido obtido a confirmação referida no parágrafo 6(b). Acordo dos Termos do Trabalho de Auditoria 9. O auditor deve acordar os termos do trabalho de auditoria com a gerência ou os encarregados da governação, conforme apropriado. (Ref: Parágrafo A21) 10. Sem prejuízo do parágrafo 11, os termos acordados do trabalho de auditoria devem ser registados numa carta de compromisso de auditoria ou outra forma apropriada de acordo escrito e devem incluir: (Ref: Parágrafos A22–A25) (a) O objetivo e o âmbito da auditoria das demonstrações financeiras; (b) As responsabilidades do auditor; (c) As responsabilidades da gerência; (d) A identificação do referencial de relato financeiro aplicável na preparação das demonstrações financeiras; (e) Uma referência à forma e conteúdo esperados de qualquer relatório a ser emitido pelo auditor; e (Ref: Parágrafo A23a) (f) Uma declaração de que podem existir circunstâncias em que um relatório pode diferir da forma e conteúdo esperados. 11. Se a lei ou regulamento estabelecer com suficiente detalhe os termos do trabalho de auditoria referidos no parágrafo 10, o auditor não precisa de os registar num acordoescrito, exceto quanto ao facto de que se aplica tal lei ou regulamento e que a gerência reconhece e compreende as suas responsabilidades conforme estabelecido no parágrafo 6(b). (Ref: Parágrafos A22, e A26–A27) 12. Se a lei ou regulamento estabelecerem responsabilidades da gerência semelhantes às descritas no parágrafo 6(b), o auditor pode determinar que a lei ou regulamento incluem responsabilidades que, no seu julgamento, são efetivamente equivalentes às estabelecidas naquele parágrafo. Para as responsabilidades que são equivalentes, o auditor pode usar a redação da lei ou do regulamento para as descrever no acordo escrito. Para as responsabilidades que não estão prescritas por lei ou regulamento de forma que o seu efeito seja equivalente, o acordo escrito deve usar a descrição do parágrafo 6(b). (Ref: Parágrafo A26) 120ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Auditorias Recorrentes 13. Em auditorias recorrentes, o auditor deve avaliar se as circunstâncias exigem que os termos do trabalho de auditoria sejam revistos e se existe a necessidade de relembrar à entidade os termos existentes do trabalho de auditoria. (Ref: Parágrafo A28) Aceitação de uma Alteração nos Termos do Trabalho de Auditoria 14. O auditor não deve acordar uma alteração nos termos do trabalho de auditoria quando não houver justificação razoável para o fazer. (Ref: Parágrafos A29–A31) 15. Se, antes de concluir o trabalho de auditoria, for pedido ao auditor para alterar o trabalho de auditoria para um outro trabalho de auditoria que transmita um nível mais baixo de segurança, o auditor deve determinar se existe uma justificação razoável para o fazer. (Ref: Parágrafos A32–A33) 16. Se os termos do trabalho de auditoria forem alterados, o auditor e a gerência devem acordar e registar os novos termos do trabalho numa carta de compromisso ou outra forma apropriada de acordo escrito. 17. Se o auditor não for capaz de acordar a alteração dos termos do trabalho de auditoria e não lhe for permitido pela gerência continuar o trabalho de auditoria original, o auditor deve: (a) Renunciar ao trabalho de auditoria, quando possível por lei ou regulamento aplicável; e (b) Determinar se existe qualquer obrigação, contratual ou outra, de relatar as circunstâncias a outros, tais como os encarregados da governação, proprietários ou reguladores. Considerações Adicionais na Aceitação do Trabalho Normas de Relato Financeiro Suplementadas por Lei ou Regulamento 18. Se as normas de relato financeiro estabelecidas por uma organização emissora de normas autorizada ou reconhecida forem suplementadas por lei ou regulamento, o auditor deve determinar se existem quaisquer conflitos entre as normas de relato financeiro e os requisitos adicionais. Se existirem tais conflitos, o auditor deve discutir com a gerência a natureza dos requisitos adicionais, e deve chegar a acordo sobre se: (a) Os requisitos adicionais podem ser satisfeitos mediante divulgações adicionais nas demonstrações financeiras; ou (b) A descrição do referencial de relato financeiro aplicável nas demons- trações financeiras pode ser alterada em conformidade. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 121 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Se não for possível qualquer das ações acima, o auditor deve determinar se será necessário modificar a sua opinião de acordo com a ISA 705.3 (Ref: Parágrafo A34) Referencial de Relato Financeiro Estabelecido por Lei ou Regulamento – Outras Matérias que Afetam a Aceitação 19. Se o auditor tiver determinado que o referencial de relato financeiro estabelecido por lei ou regulamento seria inaceitável exceto porque foi estabelecido por lei ou regulamento, só deve aceitar o trabalho de auditoria se estiverem reunidas as seguintes condições: (Ref: Parágrafo A35) (a) A gerência concorda em prestar nas demonstrações financeiras as divulgações adicionais necessárias para evitar que as demonstrações financeiras sejam suscetíveis de induzir em erro; e (b) É reconhecido nos termos do trabalho de auditoria que: (i) O relatório do auditor sobre as demonstrações financeiras incorporará um parágrafo de Ênfase chamando a atenção dos utentes para as divulgações adicionais, de acordo com a ISA 706;4 e (ii) Salvo quando a lei ou regulamento exija ao auditor que expresse a sua opinião sobre as demonstrações financeiras usando as frases “são apresentadas de forma apropriada, em todos os aspetos materiais” ou “dão uma imagem verdadeira e apropriada” de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável, a opinião do auditor sobre as demonstrações financeiras não incluirá tais frases. 20. Se as condições indicadas no parágrafo 19 não se verificarem e se a lei ou regulamento exigir que o auditor realize o trabalho de auditoria, o auditor deve: (a) Avaliar o efeito da natureza enganadora das demonstrações financeiras no seu relatório; e (b) Incluir referência apropriada a esta matéria nos termos do trabalho de auditoria. 3 ISA 705 (Revista), Modificações à Opinião do Relatório do Auditor Independente 4 ISA 706 (Revista), Parágrafos de Ênfase e Outros Parágrafos de Outras Matérias no Relatório do Auditor Independente 122ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Relatório do Auditor Estabelecido por Lei ou Regulamento 21. Em alguns casos, a lei ou regulamento da jurisdição relevante estabelece um formato e uma redação do relatório do auditor numa forma ou em termos que são significativamente diferentes dos requisitos das ISA. Nestas circunstâncias, o auditor deve avaliar: (a) Se os utentes podem confundir a segurança obtida com a auditoria das demonstrações financeiras e, em caso afirmativo; (b) Se a inclusão de explicações adicionais no relatório do auditor poderá mitigar possíveis equívocos.5 Se o auditor concluir que explicações adicionais no seu relatório não permitem mitigar possíveis equívocos, não deve aceitar o trabalho de auditoria, salvo se isso lhe for exigido por lei ou regulamento. Uma auditoria conduzida de acordo com tal lei ou regulamento não cumpre as ISA. Consequentemente, o auditor não deve incluir qualquer referência no seu relatório que indique que a auditoria foi conduzida de acordo com as ISA.6 (Ref: Parágrafos A36–A37) *** Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Âmbito desta ISA (Ref: Parágrafo 1) A1. Os trabalhos de garantia de fiabilidade, que incluem trabalhos de auditoria, só podem ser aceites quando o profissional considerar que serão satisfeitos requisitos éticos relevantes, tais como a independência e a competência profissional, e quando o trabalho tem determinadas características.7 As responsabilidades do auditor em termos de requisitos éticos, no contexto da aceitação de um trabalho de auditoria e na medida em que estejam dentro do controlo do auditor, são tratados na ISA 220.8 Esta ISA aborda as matérias (ou pré-condições) que estão dentro do controlo da entidade e sobre as quais é necessário que o auditor e a gerência da entidade cheguem a acordo. 5 ISA 706 (Revista) 6 Ver também a ISA 700 (Revista), Formar uma Opinião e Relatar sobre Demonstrações Financeiras, parágrafo 43. 7 Referencial Internacional para Trabalhos de Garantia de Fiabilidade, parágrafo 17 8 ISA 220, parágrafos 9–11 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 123 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Pré-Condições para uma Auditoria O Referencial de Relato Financeiro (Ref: Parágrafo 6(a)) A2. Uma das condições para a aceitação de um trabalho de garantia de fiabilidade é a de que os critérios referidos na definição de um trabalho de garantia de fiabilidade sejam adequados e estejam disponíveis para os destinatários.9 Os critérios são os indicadores de referência usados para avaliar ou mensurar o assunto em causa incluindo, quando relevantes, indicadores de referência de apresentação e divulgação. Critérios adequados permitem a avaliação ou mensuração razoavelmente consistente de um assuntoem causa no contexto do julgamento profissional. Para efeito das ISA, o referencial de relato financeiro aplicável proporciona os critérios que o auditor utiliza para auditar as demonstrações financeiras, incluindo, quando relevante, a sua apresentação apropriada. A3. Sem um referencial de relato financeiro aceitável, a gerência não tem uma base apropriada para preparar as demonstrações financeiras e o auditor não tem critérios adequados para as auditar. Em muitos casos, o auditor pode presumir que o referencial de relato financeiro aplicável é aceitável, conforme descrito nos parágrafos A8-A9. Determinar a Aceitabilidade do Referencial de Relato Financeiro A4. Os fatores relevantes para a determinação pelo auditor da aceitabilidade do referencial de relato financeiro a aplicar na preparação das demonstrações financeiras incluem: • A natureza da entidade (por exemplo, se se tratar de uma empresa comercial, uma entidade do setor público ou de uma organização não lucrativa); • A finalidade das demonstrações financeiras (por exemplo, se são preparadas para satisfazer as necessidades comuns de informação financeira de um conjunto alargado de utentes ou as necessidades de informação financeira de utentes específicos); • A natureza das demonstrações financeiras (por exemplo, se se tratar de um conjunto completo de demonstrações financeiras ou de uma única demonstração financeira); e • Se a lei ou regulamento estabelecem o referencial de relato financeiro aplicável. 9 Referencial Internacional para Trabalhos de Garantia de Fiabilidade, parágrafo 17(b)(ii). 124ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA A5. Muitos utentes de demonstrações financeiras não estão em posição de pedir demonstrações financeiras que satisfaçam as suas necessidades específicas de informação. Embora nem todas as necessidades de informação de utentes específicos possam ser satisfeitas, há necessidades de informação financeira comuns a um conjunto alargado de utentes. As demonstrações financeiras preparadas de acordo com um referencial de relato financeiro concebido para satisfazer as necessidades comuns de informação de um conjunto alargado de utentes são designadas demonstrações financeiras com finalidade geral. A6. Em alguns casos, as demonstrações financeiras serão preparadas de acordo com um referencial de relato financeiro concebido para satisfazer as necessidades de informação financeira de utentes específicos. Tais demonstrações financeiras são designadas demonstrações financeiras com finalidade especial. As necessidades de informação financeira dos destinatários determinarão o referencial de relato financeiro aplicável nessas circunstâncias. A ISA 800 analisa a aceitabilidade de referenciais de relato financeiro concebidos para satisfazer as necessidades de utentes específicos.10 A7. Após o trabalho de auditoria ter sido aceite, podem ser encontradas deficiências no referencial de relato financeiro aplicável que indicam que o mesmo não é aceitável. Quando o uso desse referencial for determinado por lei ou regulamento, aplicam-se os requisitos dos parágrafos 19 e 20. Quando o uso desse referencial não é determinado por lei ou regulamento, a gerência pode decidir adotar um outro referencial que seja aceitável. Quando a gerência o fizer, como exigido pelo parágrafo 16, são acordados novos termos do trabalho de auditoria para refletir a alteração no referencial, dado que os termos anteriormente acordados deixaram de ser adequados. Referenciais com Finalidade Geral A8. Presentemente, não existe uma base objetiva e indiscutível globalmente reconhecida para julgar a aceitabilidade de referenciais com finalidade geral. Na falta de tal base, as normas de relato financeiro estabelecidas por organizações autorizadas ou reconhecidas para promulgar normas aplicáveis em determinados tipos de entidades presumem-se aceitáveis para as demonstrações financeiras com finalidade geral preparadas por tais entidades, desde que essas organizações tenham um processo estabelecido e transparente que envolva deliberação e consideração dos pontos de vista de um conjunto alargado de interessados. Como exemplos de tais normas de relato financeiro incluem-se: 10 ISA 800, Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Financeiras Preparadas de Acordo com Referenciais com Finalidade Especial, parágrafo 8 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 125 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA • As Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) promulgadas pelo International Accounting Standards Board; • As Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS) promulgadas pelo International Public Setor Accounting Standards Board; e • Os princípios contabilísticos promulgados por uma organização emissora de normas autorizada ou reconhecida numa dada jurisdição, desde que a organização tenha um processo estabelecido e transparente que envolva deliberação e consideração dos pontos de vista de um conjunto alargado de interessados. Estas normas de relato financeiro são muitas vezes identificadas como o referencial de relato financeiro aplicável no quadro da lei ou regulamento que regem a preparação de demonstrações financeiras com finalidade geral. Referenciais de relato financeiro estabelecidos por lei ou regulamento A9. De acordo com o parágrafo 6(a), exige-se que o auditor determine se é aceitável o referencial de relato financeiro a ser aplicado na preparação das demonstrações financeiras. Em algumas jurisdições, a lei ou regulamento podem estabelecer o referencial de relato financeiro a ser usado na preparação das demonstrações financeiras com finalidade geral para determinados tipos de entidades. Na falta de indicação em contrário, presume-se que tal referencial de relato financeiro é aceitável para demonstrações financeiras com finalidade geral preparadas por tais entidades. No caso de o referencial não ser considerado aceitável, aplicam-se os parágrafos 19 e 20. Jurisdições que não têm organizações emissoras de normas ou referenciais de relato financeiro estabelecidos A10. Quando uma entidade está registada ou a operar numa jurisdição que não tem uma organização emissora de normas autorizada ou reconhecida, ou quando o uso do referencial de relato financeiro não está estabelecido por lei ou regulamento, a gerência identifica um referencial de relato financeiro a aplicar na preparação das demonstrações financeiras. O Apêndice 2 contém orientação para a determinação da aceitabilidade dos referenciais de relato financeiro em tais circunstâncias. Acordo quanto às Responsabilidades da Gerência (Ref: Parágrafo 6(b)) A11. Uma auditoria de acordo com as ISA é conduzida na premissa de que a gerência reconhece e compreende que tem as responsabilidades estabelecidas 126ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA no parágrafo 6(b).11 Em algumas jurisdições, tais responsabilidades podem estar especificadas na lei ou regulamento. Noutras, existirá pouca ou nenhuma definição legal ou regulamentar de tais responsabilidades. As ISA não se sobrepõem às leis ou regulamentos em tais matérias. Porém, o conceito de uma auditoria independente exige que o papel do auditor não envolva o assumir da responsabilidade pela preparação das demonstrações financeiras ou pelo controlo interno da entidade relacionado com essa preparação e que o auditor tenha uma expectativa razoável de obter a informação necessária para a auditoria (incluindo informação para além dos registos contabilísticos gerais e auxiliares), na medida em que a gerência seja capaz de a fornecer ou de a obter. Consequentemente, a premissa é fundamental para a condução de uma auditoria independente. Para evitar equívocos, chega-se a acordo com a gerência de que reconhece e entende que tem tais responsabilidades como parte do acordo e registo dos termos do trabalho de auditoria constantes dos parágrafos 9 a 12. A12. A maneira como as responsabilidadespelo relato financeiro estão divididas entre a gerência e os encarregados da governação varia de acordo com os recursos e a estrutura da entidade e com qualquer lei ou regulamento relevantes, bem como com as funções respetivas da gerência e dos encarregados da governação dentro da entidade. Na maioria dos casos, a gerência é responsável pela execução, enquanto que os encarregados da governação têm a supervisão da gestão. Nalguns casos, os encarregados da governação terão, ou assumirão, a responsabilidade pela aprovação das demonstrações financeiras ou pela monitorização do controlo interno da entidade relacionado com o relato financeiro. Em grandes entidades ou em entidades públicas, um subgrupo dos encarregados da governação, tal como uma comissão de auditoria, pode ser encarregado de determinadas responsabilidades de supervisão. A13. A ISA 580 exige que o auditor solicite à gerência que declare por escrito de que deu cumprimento a determinadas responsabilidades próprias.12 Pode por isso ser apropriado dar conhecimento à gerência que se espera a receção de tais declarações escritas, juntamente com as declarações escritas exigidas por outras ISA e, quando necessário, com declarações escritas que suportem outras provas de auditoria relevantes para as demonstrações financeiras ou para uma ou mais asserções específicas das demonstrações financeiras. A14. Quando a gerência não reconhece as suas responsabilidades, ou não aceita prestar as declarações escritas, o auditor não poderá obter prova de auditoria 11 ISA 200, parágrafo A2 12 ISA 580, Declarações Escritas, parágrafos 10–11 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 127 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA suficiente e apropriada.13 Em tais circunstâncias, não seria apropriado que o auditor aceitasse o trabalho de auditoria, salvo se a lei ou regulamento exigirem que o faça. Nos casos em que isso aconteça, o auditor poderá ter de explicar à gerência a importância dessas matérias e as implicações para o seu relatório. Preparação das Demonstrações Financeiras (Ref: Parágrafo 6(b)(i)) A15. A maior parte dos referenciais de relato financeiro incluem requisitos relativos à apresentação das demonstrações financeiras; nesses casos, a preparação das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro inclui a respetiva apresentação. No caso de um referencial de apresentação apropriada, a importância de um objetivo de relato que garanta uma apresentação apropriada é tal que a premissa acordada com a gerência inclui uma referência específica à apresentação apropriada, ou à responsabilidade de assegurar que as demonstrações financeiras “dão uma imagem verdadeira e apropriada” de acordo com o referencial de relato financeiro. Controlo Interno (Ref: Parágrafo 6(b)(ii)) A16. A gerência mantém o controlo interno que entenda ser necessário para possibilitar a preparação de demonstrações financeiras isentas de distorção material, devido a fraude ou a erro. Devido às suas limitações inerentes, o controlo interno, independentemente do seu grau de eficácia, só pode proporcionar a uma entidade uma garantia razoável de fiabilidade no que respeita à realização dos seus objetivos de relato financeiro.14 A17. Uma auditoria independente conduzida de acordo com as ISA não serve como substituto da manutenção do controlo interno necessário para a preparação de demonstrações financeiras pela gerência. Consequentemente, exige-se que o auditor obtenha o acordo da gerência no sentido de que reconhece e compreende a sua responsabilidade pelo controlo interno. Porém, o acordo exigido pelo parágrafo 6(b)(ii) não implica que o auditor conclua que o controlo interno mantido pela gerência conseguiu o seu propósito ou que está isento de deficiências. A18. Compete à gerência determinar que controlo interno é necessário para permitir a preparação das demonstrações financeiras. A expressão “controlo interno” abrange um conjunto alargado de atividades dentro de componentes 13 ISA 580, parágrafo A26 14 ISA 315 (Revista), Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material através do Conhecimento da Entidade e do seu Ambiente, parágrafo A53 128ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA que podem ser descritos como o ambiente de controlo, o processo de avaliação do risco da entidade, o seu sistema de informações, incluindo os respetivos processos de negócio relevantes para o relato financeiro e respetiva comunicação, atividades de controlo e a monitorização de controlos. Esta divisão, porém, não reflete necessariamente a forma como uma dada entidade pode conceber, implementar e manter o seu controlo interno, ou como pode classificar qualquer componente específico.15 O controlo interno de uma entidade (em particular, os seus livros e registos contabilísticos ou os seus sistemas contabilísticos) refletirá as necessidades da gerência, a complexidade do negócio, a natureza dos riscos a que a entidade está sujeita e a lei e regulamento relevantes. A19. Nalgumas jurisdições, a lei ou regulamento podem referir-se à responsabilidade da gerência pela adequação dos livros e registos contabilísticos ou dos sistemas contabilísticos. Nalguns casos, a prática geral pode assumir uma distinção entre livros e registos contabilísticos ou sistemas contabilísticos, por um lado, e o controlo interno ou controlos por outro. Na medida em que os livros e registos contabilísticos e os sistemas contabilísticos fazem parte integrante do controlo interno, como referido no parágrafo A18, não se faz qualquer referência específica aos mesmos no parágrafo 6(b)(ii), no contexto da descrição das responsabilidades da gerência. Para evitar equívocos, pode ser apropriado que o auditor explique à gerência o âmbito desta responsabilidade. Informação adicional (Ref: Parágrafo 6(b)(iii)b) A19a. A informação adicional que o auditor pode pedir á gerência para efeitos da auditoria pode incluir, quando aplicável, matérias relativas a outra informação nos termos da ISA 720 (Revista). Quando o auditor espera obter outra informação após a data do seu relatório, os termos do trabalho de auditoria também devem reconhecer as suas responsabilidades quanto a essa informação incluindo, se aplicável, as ações que possam ser apropriadas ou necessárias desenvolver se o auditor concluir que existe uma distorção material na outra informação obtida após a data do relatório de auditoria. Considerações Relevantes para Pequenas Entidades (Ref: Parágrafo 6(b)) A20. Uma das finalidades de acordar os termos do trabalho de auditoria é evitar equívocos acerca das responsabilidades respetivas da gerência e do auditor. Por exemplo, quando um terceiro tiver ajudado na preparação das demonstrações financeiras, poderá ser útil lembrar à gerência que a 15 ISA 315 (Revista), parágrafo A58 e Apêndice 1 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 129 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA preparação das demonstrações financeiras de acordo com o referencial de relato financeiro aplicável continua a ser da sua responsabilidade. Acordo dos Termos do Trabalho de Auditoria Acordar os Termos do Trabalho de Auditoria (Ref: Parágrafo 9) A21. As funções da gerência e dos encarregados da governação ao acordarem os termos do trabalho de auditoria para a entidade dependem da estrutura de governação da entidade e da lei ou regulamento relevantes. Carta de Compromisso de Auditoria ou Outra Forma de Acordo Escrito16 (Ref: Parágrafos 10–11) A22. É no interesse, tanto da entidade quanto do auditor, que antes de iniciar o trabalho este envie uma carta de compromisso, de modo a evitar equívocos com respeito à auditoria. Porém, nalguns países o objetivo e o âmbito de uma auditoria e as responsabilidades da gerência e do auditor podem estar suficientemente estabelecidos por lei, ou seja, as matérias descritas no parágrafo 10 poderão já estar estabelecidas. Se bem que nestas circunstâncias o parágrafo 11só permita ao auditor incluir na carta de compromisso referências ao facto de que se aplica essa lei ou regulamento relevantes e de que a gerência reconhece e compreende as suas responsabilidades, conforme estabelecido no parágrafo 6(b), este pode, apesar de tudo, considerar apropriado incluir as matérias descritas no parágrafo 10 numa carta de compromisso para informação da gerência. Forma e Conteúdo da Carta de Compromisso de Auditoria A23. A forma e o conteúdo da carta de compromisso de auditoria podem variar de entidade para entidade. A informação incluída na carta de compromisso de auditoria sobre as responsabilidades do auditor pode basear-se na ISA 200.17 Os parágrafos 6(b) e 12 desta ISA abordam a descrição das responsabilidades da gerência. Além de incluir as matérias exigidas pelo parágrafo 10, uma carta de compromisso de auditoria pode também fazer referência, por exemplo: • À descrição do âmbito da auditoria, incluindo referência à legislação, regulamentação, às ISA e a regras éticas ou outras de organizações profissionais a que o auditor adere. • À forma de qualquer outra comunicação dos resultados do trabalho de auditoria. 16 Nos parágrafos que se seguem, qualquer referência a uma carta de compromisso de auditoria deve ser tomada como uma referência a uma carta de compromisso de auditoria ou outra forma adequada de acordo escrito. 17 ISA 200, parágrafos 3–9 130ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA • Ao requisito para o auditor comunicar matérias relevantes de auditoria no seu relatório de acordo com a ISA 701.18 • Ao facto de que, devido às limitações inerentes a uma auditoria, juntamente com as limitações inerentes ao controlo interno, existe um risco inevitável de que algumas distorções materiais possam não ser detetadas, mesmo que a auditoria seja devidamente planeada e executada de acordo com as ISA. • Aos acordos respeitantes ao planeamento e execução da auditoria, incluindo a composição da equipa de auditoria. • À expectativa de que a gerência prestará declarações escritas (ver também o parágrafo A13). • À expectativa de que a gerência proporcionará acesso a toda a informação que é relevante para a preparação das demonstrações financeiras, incluindo acesso a toda a informação relevante para as divulgações. • Ao acordo da gerência para disponibilizar ao auditor versões preliminares das demonstrações financeiras, incluindo toda a informação relevante para a sua preparação, quer seja obtida dos registos contabilísticos ou não, e qualquer outra informação19 oportuna que permita ao auditor concluir a auditoria de acordo com o calendário proposto. • Ao acordo da gerência para informar o auditor dos factos que possam afetar as demonstrações financeiras de que a gerência possa ter tomado conhecimento durante o período que medeia entre a data do relatório do auditor e a data em que as demonstrações financeiras são emitidas. • À base sobre a qual são calculados os honorários e quaisquer acordos de faturação. • A um pedido para que a gerência acuse a receção da carta de compromisso de auditoria e aceite os termos do trabalho nela previstos. A23a. Quando não for exigido ao auditor que comunique matérias relevantes de auditoria no seu relatório, pode ser útil fazer referência na carta de compromisso de auditoria sobre a possibilidade de o fazer e, em algumas jurisdições, pode ser necessário incluir a referência a essa possibilidade para que depois possa fazê-lo. 18 ISA 701, Comunicar Matéria Relevantes de Auditoria no Relatório do Auditor Independente 19 Tal como definido na ISA 720 (Revista), As Responsabilidades do Auditor Relativas a Outra Informação A U D IT O R IA A U D IT O R IA 131 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA A24. Quando relevantes, a carta de compromisso de auditoria pode também incluir os seguintes pontos: • Acordos respeitantes ao envolvimento de outros auditores e peritos nalguns aspetos da auditoria. • Acordos respeitantes ao envolvimento de auditores internos e de outro pessoal da entidade. • Acordos a estabelecer com o auditor antecessor, se existirem, no caso de uma auditoria inicial. • Qualquer restrição à responsabilidade do auditor, quando tal possibilidade exista. • Uma referência a quaisquer acordos adicionais entre o auditor e a entidade. • Qualquer obrigação de proporcionar a terceiros papéis de trabalho de auditoria. No Apêndice 1 é apresentado um exemplo de uma carta de compromisso de auditoria. Auditorias de Componentes A25. Quando o auditor de uma empresa-mãe é também o auditor de um componente, entre os fatores que podem influenciar a decisão de enviar ou não uma carta de compromisso de auditoria separada ao componente incluem-se os seguintes: • Quem designa o auditor do componente. • Se vai ser emitido um relatório de auditoria separado sobre o componente. • Os requisitos legais quanto à designação para fins de auditoria. • A percentagem de propriedade da empresa-mãe. • O grau de independência da gerência do componente em relação à empresa-mãe. Responsabilidades da Gerência Prescritas por Lei ou Regulamento (Ref: Parágrafos 11–12) A26. Se nas circunstâncias descritas nos parágrafos A22 e A27, o auditor concluir não ser necessário registar determinados termos do trabalho de auditoria numa carta de compromisso, é exigido ao auditor, de acordo com o parágrafo 11, que solicite à gerência acordo escrito onde esta reconhece e compreende as suas responsabilidades estabelecidas no parágrafo 6(b). Porém, segundo o parágrafo 12, tal acordo escrito pode utilizar a redação prevista na lei ou 132ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA regulamento se tal lei ou regulamento estabelecerem responsabilidades para a gerência que sejam de facto equivalentes às descritas no parágrafo 6(b). A profissão, o organismo emissor de normas de auditoria ou o regulador da auditoria numa jurisdição podem ter dado orientações quanto à referida equivalência. Considerações específicas para entidades do setor público A27. A lei ou regulamento que enquadram as auditorias ao setor público obrigam geralmente a que seja designado um auditor do setor público e estabelecem as suas responsabilidades e poderes, incluindo o poder de aceder aos registos e outras informações da entidade. Mesmo quando a lei ou o regulamento estabelecem com suficiente detalhe os termos do trabalho de auditoria, o auditor do setor público pode considerar que há benefícios em emitir uma carta de compromisso mais completa do que a prevista no parágrafo 11. Auditorias Recorrentes (Ref: Parágrafo 13) A28. O auditor pode decidir não enviar uma nova carta de compromisso ou outro acordo escrito em cada período. Porém, os seguintes fatores podem fazer com que seja apropriado rever os termos do trabalho de auditoria ou relembrar à entidade os termos existentes: • Qualquer indicação de que a entidade interpreta mal o objetivo ou o âmbito da auditoria. • Quaisquer termos revistos ou especiais do trabalho de auditoria. • Uma alteração recente na gerência de topo. • Uma alteração significativa na propriedade. • Uma alteração significativa na natureza ou dimensão do negócio da entidade. • Uma alteração dos requisitos legais ou regulamentares. • Uma alteração no referencial de relato financeiro adotado na preparação das demonstrações financeiras. • Uma alteração noutros requisitos de relato. Aceitação de uma Alteração nos Termos do Trabalho de Auditoria Pedido para Alterar os Termos do Trabalho de Auditoria (Ref: Parágrafo 14) A29. Um pedido da entidade para que o auditor altere os termos do trabalho de auditoria pode resultar de uma alteração das circunstâncias que afetam a necessidade do serviço, de um equívoco quanto à natureza de uma auditoria, conforme originalmente solicitada, ou de uma restrição do âmbito do trabalho de auditoria, quer imposta pela gerência quer causada por outras circunstâncias. AU D IT O R IA A U D IT O R IA 133 ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA O auditor, conforme exigido pelo parágrafo 14, analisa a justificação dada para o pedido, particularmente as implicações de uma restrição no âmbito do trabalho de auditoria. A30. Uma alteração das circunstâncias que afete os requisitos da entidade ou um equívoco quanto à natureza do serviço originalmente solicitado pode ser considerada uma base razoável para pedir uma alteração ao trabalho de auditoria. A31. Pelo contrário, uma alteração pode não ser considerada razoável se se afigurar que diz respeito a informação incorreta, incompleta ou insatisfatória. Um exemplo pode ser quando o auditor é incapaz de obter prova de auditoria suficiente e apropriada no que respeita a contas a receber e a entidade solicita a alteração do trabalho de auditoria para um trabalho de revisão, de modo a evitar uma opinião com reservas ou uma escusa de opinião. Pedido de Alteração do Trabalho de Auditoria para uma Revisão ou para um Serviço Relacionado (Ref: Parágrafo 15) A32. Antes de dar o seu acordo à alteração de um trabalho de auditoria para uma revisão ou um serviço relacionado, um auditor que tenha sido contratado para executar uma auditoria de acordo com as ISA pode ter que avaliar, além das matérias referidas nos parágrafos A29-A31, quaisquer implicações legais ou contratuais da alteração. A33. Se o auditor concluir que há justificação razoável para alterar o trabalho de auditoria para uma revisão ou serviço relacionado, o trabalho de auditoria executado até à data da alteração pode ser relevante para o novo trabalho. Porém, o trabalho que terá de ser executado e o relatório a emitir serão os apropriados ao novo trabalho. A fim de evitar confundir o leitor, o relatório sobre o serviço relacionado não fará referência: (a) Ao trabalho de auditoria original; ou (b) A quaisquer procedimentos que possam ter sido executados no trabalho de auditoria original, exceto quando o trabalho de auditoria é alterado para um trabalho segundo procedimentos acordados, caso em que a referência aos procedimentos executados constitui uma parte normal do relatório. Considerações Adicionais na Aceitação do Trabalho Normas de Relato Financeiro Suplementadas por Lei ou Regulamento (Ref: Parágrafo 18) A34. Em algumas jurisdições, a lei ou regulamento podem suplementar as normas de relato financeiro estabelecidas por uma organização emissora de normas autorizada ou reconhecida com requisitos adicionais relativos à 134ISA 210 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA preparação de demonstrações financeiras. Nessas jurisdições, o referencial de relato financeiro aplicável para efeito de aplicação das ISA abrange não só o referencial de relato financeiro identificado mas também esses requisitos adicionais, desde que não colidam com o referencial de relato financeiro identificado. Tal pode ser o caso, por exemplo, quando a lei ou o regulamento prescrevem divulgações para além das exigidas pelas normas de relato financeiro ou quando estreitam o conjunto de opções aceitáveis que podem ser tomadas no quadro das normas de relato financeiro.20 Referencial de Relato Financeiro Determinado por Lei ou Regulamento – Outras Matérias que Afetam a Aceitação (Ref: Parágrafo 19) A35. A lei ou regulamento podem determinar que a redação da opinião do auditor use as frases “apresentam de forma apropriada, em todos os aspetos materiais” ou “dão uma imagem verdadeira e apropriada” num caso em que o auditor conclua que o referencial de relato financeiro aplicável estabelecido por lei ou regulamento seria de outra forma inaceitável. Neste caso, os termos da redação estabelecida para o relatório do auditor são significativamente diferentes dos requisitos das ISA (ver o parágrafo 21). Relatório do Auditor Determinado por Lei ou Regulamento (Ref: Parágrafo 21) A36. As ISA determinam que o auditor não deve afirmar que cumpriu as ISA a menos que tenha cumprido todas as ISA relevantes para a auditoria.21 Quando a lei ou regulamento estabelecem o formato ou a redação do relatório do auditor de forma e com termos significativamente diferentes dos requisitos das ISA e o auditor concluir que a inclusão de explicações adicionais no seu relatório não mitigará possíveis equívocos, pode considerar a possibilidade de incluir no seu relatório uma declaração no sentido de que a auditoria não foi conduzida de acordo com as ISA. Porém, o auditor é encorajado a aplicar as ISA, incluindo as ISA que tratam a questão do relatório do auditor, na medida do praticável, ainda que não se permita que o auditor refira que a auditoria foi conduzida de acordo com as ISA. Considerações Específicas para Entidades do Setor Público A37. No setor público, a legislação que rege os mandatos de auditoria pode conter requisitos específicos para esses mandatos, podendo ser exigido ao auditor, por exemplo, que relate as suas conclusões diretamente a um membro do Governo, ao legislador ou ao público se a entidade tentar limitar o âmbito da auditoria. 20 ISA 700 (Revista), parágrafo 15, inclui um requisito respeitante à avaliação sobre se as demonstrações financeiras referem adequadamente ou descrevem o referencial de relato financeiro aplicável. 21 ISA 200, parágrafo 20 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 135 ISA 210 APÊNDICE 1 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Apêndice 1 (Ref: Parágrafos A23–24) Exemplo de uma Carta de Compromisso de Auditoria Apresenta-se em seguida um exemplo de uma carta de compromisso para uma auditoria de demonstrações financeiras com finalidade geral preparadas de acordo com as Normas Internacionais de Relato Financeiro. Este exemplo de carta não é obrigatório, destinando-se apenas a ser usado como um guia aplicável conjuntamente com as considerações que constam desta ISA, e deve ser ajustado em função das circunstâncias e requisitos específicos. A carta foi redigida tendo em vista a auditoria de demonstrações financeiras para um único período de relato e deve ser adaptada se se destinar ou se houver intenção de a aplicar a auditorias recorrentes (ver o parágrafo 13 desta ISA). Pode ser apropriado obter aconselhamento jurídico quanto à adequação da carta proposta. *** Ao representante apropriado da gerência ou dos encarregados da governação da Sociedade ABC:22 [Objetivo e âmbito da auditoria] Solicitaram-nos23 que auditássemos as demonstrações financeiras da Sociedade ABC, que compreendem o balanço (ou demonstração da posição financeira) em 31 de dezembro de 20X1, e a demonstração dos resultados (ou demonstração do resultado integral), a demonstração de alterações no capital próprio e a demonstração de fluxos de caixa relativas ao ano findo naquela data, bem como as notas às demonstrações financeiras, incluindo um resumo das políticas contabilísticas significativas. Temos o prazer de confirmar pela presente a nossa aceitação e o nosso entendimento deste trabalho de auditoria. A nossa auditoria será conduzida com o objetivo de expressarmos uma opinião sobre as demonstrações financeiras. Os objetivos da nossa auditoria são obter segurança razoável sobre se as demonstrações financeiras como um todo estão isentas de distorções materiais, devido a fraude ou erro, e emitir um relatório de auditoria que inclua a nossa opinião. Segurança razoável é um grau de segurança elevado, mas não é uma garantia de que uma auditoria executada de acordo com as Normas Internacionais de Auditoria (ISA) detetará 22 Os destinatários e as referências na carta serão os que forem apropriados nas circunstâncias do trabalho, incluindo a jurisdição relevante. É importante referir-se às pessoas apropriadas – ver parágrafo A21. 23 As referências nesta carta a “vós”, “nós”, “gerência”, “encarregados da governação” e “auditor” deverão ser usadas ou alteradas conforme apropriado nas circunstâncias. 136ISA 210 APÊNDICE 1 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA sempre uma distorçãomaterial quando existir. As distorções podem ter origem em fraude ou erro e são consideradas materiais se, individual ou agregadamente, puderem com razoabilidade influenciar as decisões económicas tomadas pelos utilizadores com base nessas demonstrações financeiras. [Responsabilidades do auditor] Executaremos a nossa auditoria de acordo com as ISA as quais exigem que cumpramos requisitos éticos. Como parte da auditoria de acordo com as ISA, faremos julgamentos profissionais e manteremos ceticismo profissional ao longo da auditoria. Adicionalmente: • Identificaremos e analisaremos os riscos de distorção material das demonstrações financeiras, devido a fraude ou erro, conceberemos e executaremos procedimentos de resposta aos riscos identificados, e obteremos prova que seja suficiente e apropriada que proporcione uma base para a nossa opinião. O risco de não detetarmos uma distorção material resultante de fraude é maior do que o que resulta de erro, dado que a fraude pode envolver conluio, falsificação, omissões intencionais, falsas declarações ou não aplicação de controlos internos. • Obteremos conhecimento do controlo interno relevante para a auditoria a fim de conceber procedimentos de auditoria que sejam apropriados nas circunstâncias, mas não com a finalidade de expressar uma opinião sobre a eficácia do controlo interno24 da entidade. Porém, comunicar-vos-emos por escrito quaisquer deficiências significativas de controlo interno relevantes para a auditoria das demonstrações financeiras que tenhamos identificado durante a mesma. • Avaliaremos a adequação dos princípios contabilísticos usados e a razoabilidade das estimativas contabilísticas e divulgações efetuadas pela gerência. • Avaliaremos a apropriação do uso pela gerência da continuidade e, com base na prova obtida, concluiremos sobre se existe alguma incerteza material relativa a acontecimentos ou condições que possam colocar dúvida significativa sobre a capacidade da sociedade em prosseguir a sua atividade. Se concluirmos que existe uma incerteza material, é exigido que chamemos a atenção no nosso relatório para as respetivas divulgações nas demonstrações financeiras ou, se tais divulgações forem inadequadas, modifiquemos a nossa opinião. As nossas conclusões são baseadas na prova de auditoria que obtivemos até à data do nosso relatório. Porém, futuros acontecimentos ou condições podem causar que a sociedade não dê continuidade à sua atividade. 24 Esta frase pode ser modificada, como apropriado, em circunstâncias em que o auditor também tem a responsabilidade de emitir uma opinião sobre a eficácia do controlo interno em conjunção com a auditoria das demonstrações financeiras. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 137 ISA 210 APÊNDICE 1 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA • Avaliaremos a apresentação global, a estrutura e o conteúdo das demonstrações financeiras, incluindo as divulgações, e se as demonstrações financeiras representam as transações e acontecimentos subjacentes de uma forma que atinja uma apresentação apropriada. Devido às limitações inerentes a uma auditoria, juntamente com as limitações inerentes ao controlo interno, existe inevitavelmente o risco de que algumas distorções materiais possam não ser detetadas, mesmo que a auditoria seja devidamente planeada e executada de acordo com as ISA. [Responsabilidades da gerência e identificação do referencial de relato financeiro aplicável (para efeitos deste exemplo, assume-se que o auditor não considera que a lei ou regulamento prescrevem essas responsabilidades em termos apropriados; são por isso usadas as descrições constantes do parágrafo 6(b) desta ISA).] A nossa auditoria será conduzida na base de que [a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação]25 reconhecem e compreendem que têm a responsabilidade: (a) Pela preparação e apresentação apropriadas das demonstrações financeiras de acordo com as Normas Internacionais de Relato Financeiro;26 (b) Pelo controlo interno que [a gerência] determine ser necessário para possibilitar a preparação de demonstrações financeiras isentas de distorção material, devido a fraude ou a erro; e (c) De nos proporcionarem27: (i) Acesso a toda a informação de que [a gerência] tenha conhecimento e que seja relevante para a preparação das demonstrações financeiras, tais como registos, documentação e outras matérias; (ii) Informações adicionais que possamos pedir à [gerência] para efeitos da auditoria; e (iii) Acesso sem restrições a pessoas que dentro da entidade determinemos ser necessário contactar para obter prova de auditoria. Como parte do nosso processo de auditoria, solicitaremos [à gerência e, quando apropriado, aos encarregados da governação], confirmação escrita respeitante a declarações que nos foram feitas relacionadas com a auditoria. 25 Usar a terminologia apropriada às circunstâncias. 26 Ou, se apropriado, “Pela preparação de demonstrações financeiras que deem uma imagem verdadeira e apropriada de acordo com as Normas Internacionais de Relato Financeiro”. 27 Ver parágrafo A23 com exemplos de outras matérias relativas a responsabilidades da gerência que possam ser incluídas. 138ISA 210 APÊNDICE 1 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Esperamos uma total cooperação do vosso pessoal durante a nossa auditoria. [Outras informações relevantes] [Inserir outras informações, tais como honorários e faturação acordados e outros termos específicos, conforme apropriado] [Relato] [Inserir referência apropriada à forma e conteúdo esperados do relatório do auditor, incluindo, se aplicável, o relato de outra informação de acordo com a ISA 720 (revista).] A forma e o conteúdo do nosso relatório poderão ter de ser alterados à luz das conclusões da nossa auditoria. Queiram assinar e devolver a cópia anexa desta carta para indicar o vosso reconhecimento e aceitação dos termos relativos à nossa auditoria das demonstrações financeiras, incluindo as nossas responsabilidades respetivas. XYZ & Co. Tomámos conhecimento e concordamos em nome da Sociedade ABC (assinado) ........................ Nome e Título Data A U D IT O R IA A U D IT O R IA 139 ISA 210 APÊNDICE 2 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA Apêndice 2 (Ref: Parágrafo A10) Determinar a Aceitabilidade de Referenciais com Finalidade Geral Jurisdições que Não Têm Organizações Emissoras de Normas Autorizadas ou Reconhecidas ou Referenciais de Relato Financeiro Estabelecidos por Lei ou Regulamento 1. Conforme explicado no parágrafo A10 desta ISA, quando uma entidade está registada ou está a operar numa jurisdição que não tem uma organização emissora de normas autorizada ou reconhecida, ou em que o uso do referencial de relato financeiro não é estabelecido por lei ou regulamento, a gerência identifica um referencial de relato financeiro aplicável. A prática nestas jurisdições é muitas vezes usar as normas de relato financeiro estabelecidas por uma das organizações descritas no parágrafo A8 desta ISA. 2. Alternativamente, podem existir convenções contabilísticas estabelecidas numa dada jurisdição que são geralmente reconhecidas como o referencial de relato financeiro para as demonstrações financeiras com finalidade geral preparadas por determinadas entidades que operam nessa jurisdição. Quando for adotado um tal referencial de relato financeiro, o parágrafo 6(a) desta ISA exige que o auditor determine se pode considerar que, coletivamente, essas convenções contabilísticas constituem um referencial de relato financeiro aceitável para demonstrações financeiras com finalidade geral. Quando as convenções contabilísticas forem amplamente usadas numa dada jurisdição, a profissão pode ter analisado em nome dos auditores a aceitabilidade do referencial de relato financeiro nessa jurisdição. Alternativamente, o auditor pode fazer essa determinação verificando se as convenções contabilísticas apresentam os atributos geralmente existentes nosreferenciais de relato financeiro aceitáveis (ver o parágrafo 3 adiante), ou comparando as convenções contabilísticas com os requisitos de um referencial de relato financeiro existente considerado como aceitável (ver o parágrafo 4 adiante). 3. Os referenciais de relato financeiro aceitáveis têm geralmente os atributos que se seguem, que resultam em informação dada nas demonstrações financeiras que é útil aos utentes: (a) Relevância, no sentido em que a informação dada nas demonstrações financeiras é relevante para a natureza da entidade e a finalidade das demonstrações financeiras. Por exemplo, no caso de uma empresa comercial que prepare demonstrações financeiras com finalidade geral, a relevância é avaliada em termos da informação necessária para satisfazer 140ISA 210 APÊNDICE 2 ACORDAR OS TERMOS DE TRABALHOS DE AUDITORIA as necessidades comuns de informação de um conjunto alargado de utentes para tomarem as suas decisões económicas. Estas necessidades são geralmente satisfeitas apresentando a posição financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da empresa comercial. (b) Plenitude, no sentido em que não são omitidas transações e acontecimentos, saldos de contas e divulgações que possam afetar conclusões baseadas nas demonstrações financeiras. (c) Fiabilidade, no sentido em que a informação dada nas demonstrações financeiras: (i) Reflete, quando aplicável, a substância económica dos acontecimentos e transações e não meramente a sua forma legal; e (ii) Resulta numa avaliação, mensuração, apresentação e divulgação razoavelmente consistentes, quando usadas em circunstâncias similares. (d) Neutralidade, no sentido em que contribui para a prestação nas demonstrações financeiras de informação isenta. (e) Compreensibilidade, no sentido em que a informação que consta das demonstrações financeiras é clara e abrangente, não permitindo interpretações significativamente diferentes. 4. O auditor pode decidir comparar as convenções contabilísticas com os requisitos de um referencial de relato financeiro existente considerado aceitável. Por exemplo, o auditor pode comparar as convenções contabilísticas com as IFRS. Para uma auditoria a uma pequena entidade, o auditor pode decidir comparar as convenções contabilísticas com um referencial de relato financeiro especificamente desenvolvido para tais entidades por uma organização emissora de normas autorizada ou reconhecida. Quando o auditor fizer tal comparação e forem identificadas diferenças, a decisão sobre se as convenções contabilísticas adotadas na preparação e apresentação das demonstrações financeiras constituem um referencial de relato financeiro aceitável inclui a consideração da razão das diferenças e a possibilidade de que a aplicação das convenções contabilísticas, ou a descrição do referencial de relato financeiro nas demonstrações financeiras, possa resultar em demonstrações financeiras suscetíveis de induzir em erro. 5. Uma acumulação de convenções contabilísticas desenvolvidas para dar satisfação a preferências individuais não constitui um referencial de relato financeiro para demonstrações financeiras com finalidade geral aceitável. De forma análoga, um referencial de cumprimento não será um referencial de relato financeiro aceitável, a menos que seja geralmente aceite na jurisdição em causa pelos preparadores e pelos utentes. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 141 ISA 220 NORMA INTERNACIONAL DE AUDITORIA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (Aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009) ÍNDICE Parágrafo Introdução Âmbito desta ISA .......................................................................................... 1 Sistema de Controlo de Qualidade e Papel da Equipa de Trabalho .............. 2-4 Data de Entrada em Vigor ............................................................................. 5 Objetivo ....................................................................................................... 6 Definições ..................................................................................................... 7 Requisitos Responsabilidades de Liderança para a Qualidade em Auditorias ................ 8 Requisitos Éticos Relevantes ........................................................................ 9-11 Aceitação e Continuação de Relacionamentos com os Clientes e de Trabalhos de Auditoria ........................................................................... 12-13 Designação das Equipas de Trabalho ............................................................ 14 Execução do Trabalho ................................................................................... 15-22 Monitorização ............................................................................................... 23 Documentação ............................................................................................... 24-25 Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Sistema de Controlo de Qualidade e Papel das Equipas de Trabalho ........... A1-A2 Responsabilidades de Liderança para a Qualidade em Auditorias ............... A3 Requisitos Éticos Relevantes ........................................................................ A4-A7 Aceitação e Continuação de Relacionamentos com os Clientes e de Trabalhos de Auditoria ........................................................................... A8-A9 142ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Designação das Equipas de Trabalho ........................................................... A10-A12 Execução do Trabalho ................................................................................... A13-A31 Monitorização .............................................................................................. A32-A34 Documentação ............................................................................................... A35 A Norma Internacional de Auditoria (ISA) 220, Controlo de Qualidade para uma Auditoria de Demonstrações Financeiras, deve ser lida em conjunção com a ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 143 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Introdução Âmbito desta ISA 1. Esta Norma Internacional de Auditoria (ISA) aborda as responsabilidades específicas do auditor no que se refere aos procedimentos de controlo de qualidade para uma auditoria de demonstrações financeiras. Também aborda, quando aplicável, as responsabilidades do revisor do controlo de qualidade do trabalho. Esta ISA deve ser lida em conjunto com os requisitos éticos relevantes. Sistema de Controlo de Qualidade e Papel das Equipas de Trabalho 2. Os sistemas, políticas e procedimentos de controlo de qualidade são da responsabilidade da firma de auditoria. Segundo a ISQC 1, a firma tem a obrigação de estabelecer e manter um sistema de controlo de qualidade que lhe proporcione garantia razoável de fiabilidade de que: (a) A firma e o seu pessoal cumprem as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e (b) Os relatórios emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho são apropriados nas circunstâncias.1 Esta ISA está elaborada na base de que a firma está sujeita à ISQC 1 ou a requisitos nacionais que são pelo menos tão exigentes. (Ref: Parágrafo A1) 3. No contexto do sistema de controlo de qualidade da firma, as equipas de trabalho têm a responsabilidade de implementar procedimentos de controlo de qualidade que sejam aplicáveis ao trabalho de auditoria e proporcionem à firma informação relevante que possibilite o funcionamento da parte do sistema de controlo dequalidade da firma relativa à independência. 4. As equipas de trabalho podem confiar no sistema de controlo de qualidade da firma, a menos que a informação proporcionada pela firma ou por outra entidade sugira o contrário. (Ref: Parágrafo A2) Data de Entrada em Vigor 5. Esta ISA é aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009. 1 ISQC 1, Controlo de Qualidade para Firmas que Executem Auditorias e Revisões de Demonstrações Financeiras, e Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados, parágrafo 11 144ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Objetivo 6. O objetivo do auditor é implementar procedimentos de controlo de qualidade ao nível do trabalho que lhe proporcionem garantia razoável de fiabilidade de que: (a) A auditoria cumpre as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares; e (b) O relatório emitido pelo auditor é apropriado nas circunstâncias. Definições 7. Para efeito das ISA, são aplicáveis as seguintes definições: (a) Entidade admitida à cotação – Uma entidade cujas partes de capital ou instrumentos de dívida estão cotados ou admitidos à cotação numa bolsa de valores reconhecida ou são transacionados segundo os regulamentos de uma bolsa de valores reconhecida ou outro organismo equivalente. (b) Equipa de trabalho – Todos os sócios e pessoal que executam o trabalho, incluindo quaisquer indivíduos designados pela firma ou por uma firma da rede que executam procedimentos de auditoria nesse trabalho. Isto exclui um perito externo do auditor contratado pela firma ou por uma firma da rede2. O termo “equipa de trabalho” também exclui indivíduos dentro da função de auditoria interna do cliente que prestam assistência direta a um trabalho de auditoria quando o auditor externo cumpre os requisitos da ISA 610 (Revista).3 (c) Firma – Um profissional individual, parceria, sociedade ou outra entidade de contabilistas ou auditores profissionais. (d) Firma da rede – Uma firma ou entidade que pertence a uma rede. (e) Inspeção – Em relação a trabalhos de auditoria concluídos, procedimentos concebidos para proporcionar evidência do cumprimento pelas equipas de trabalho das políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma. 2 ISA 620, Usar o Trabalho de um Perito do Auditor, parágrafo 6(a), define a expressão “perito do auditor”. 3 A ISA 610 (Revista), Usar o Trabalho de Auditores Internos, estabelece limites sobre a utilização de apoio direto dos auditores internos e também reconhece que o auditor externo pode estar proibido por lei ou regulamento de obter apoio direto de auditores internos. Por isso, a utilização de apoio direto é restrito a situações em que é permitido. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 145 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (f) Monitorização – Um processo que abrange a consideração e avaliação contínuas do sistema de controlo de qualidade da firma, incluindo uma inspeção periódica a uma seleção de trabalhos concluídos, concebido para proporcionar à firma segurança razoável de que o seu sistema de controlo de qualidade está a operar com eficácia. (g) Normas profissionais – Normas Internacionais de Auditoria (ISA) e requisitos éticos relevantes. (h) Pessoa externa adequadamente qualificada - Um indivíduo externo à firma com capacidade e competência para atuar como sócio responsável pelo trabalho, como por exemplo um sócio de uma outra firma ou um empregado (com experiência apropriada), seja de uma organização profissional cujos membros possam executar auditorias de informação financeira histórica, seja de uma organização que preste serviços relevantes de controlo de qualidade. (i) Pessoal – Sócios e empregados técnicos. (j) Pessoal Técnico - Profissionais não sócios, incluindo quaisquer peritos que a firma empregue (k) Rede – Uma grande estrutura que: (i) Tem como objetivo a cooperação, e (ii) Está claramente orientada para a partilha de lucros ou de custos, apresenta propriedade, controlo ou gestão comum ou partilha políticas e procedimentos de controlo de qualidade, uma estratégia de negócio, o uso de um nome de marca ou uma parte significativa de recursos profissionais comuns. (l) Requisitos éticos relevantes – Requisitos éticos a que a equipa de trabalho e o revisor do controlo de qualidade do trabalho estão sujeitos, os quais compreendem geralmente as Partes A e B do Código de Ética dos Profissionais de Contabilidade e Auditoria (Código do IESBA) da International Ethics Standards Board for Accountants relativos a uma auditoria de demonstrações financeiras, juntamente com os requisitos éticos nacionais que sejam mais restritivos. (m) Revisão do controlo de qualidade do trabalho – Um processo concebido para proporcionar uma avaliação objetiva, à data do relatório do auditor ou antes dessa data, dos julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e das conclusões a que chegou ao formular o relatório. O processo de revisão do controlo de qualidade do trabalho destina- se apenas a auditorias de demonstrações financeiras de entidades 146ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS admitidas à cotação e a outros trabalhos de auditoria, se existirem, relativamente aos quais a firma tenha determinado que é necessária uma tal revisão. (n) Revisor do controlo de qualidade do trabalho – Um sócio, outra pessoa da firma, pessoa externa adequadamente qualificada ou uma equipa constituída por estes indivíduos, nenhum dos quais é membro da equipa de trabalho, com experiência e autoridade suficiente e apropriada para avaliar objetivamente os julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e as conclusões a que chegou ao formular o relatório. (o) Sócio – Qualquer indivíduo com autoridade para obrigar a firma com respeito à execução de um trabalho de serviços profissionais. (p) Sócio responsável pelo trabalho4 – O sócio ou outra pessoa na firma que é responsável pelo trabalho de auditoria e pela sua execução e pelo relatório do auditor emitido em nome da firma, e que goza, quando necessário, de autorização adequada concedida por um organismo profissional, legal ou regulador. Requisitos Responsabilidades de Liderança para a Qualidade em Auditorias 8. O sócio responsável pelo trabalho deve assumir a responsabilidade pela qualidade global em cada trabalho de auditoria para o qual foi designado. (Ref: Parágrafo A3) Requisitos Éticos Relevantes 9. Ao longo do trabalho de auditoria, o sócio responsável pelo trabalho deverá permanecer alerta, por meio da observação e das indagações necessárias, para identificar eventuais indícios de incumprimento de requisitos éticos relevantes por membros da equipa de trabalho. (Ref: Parágrafos A4-A5) 10. Se chegaram ao conhecimento do sócio responsável pelo trabalho, por intermédio do sistema de controlo de qualidade da firma ou de outra forma, matérias que indiquem que os membros da equipa de trabalho não cumpriram requisitos éticos relevantes, o sócio responsável pelo trabalho, após consulta com outros na firma, decidirá a ação apropriada a tomar. (Ref: Parágrafo A5) 4 “Sócio responsável pelo trabalho”, “sócio” e “firma” devem ser lidos como referências aos seus equivalentes do setor público, quando relevante. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 147 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Independência 11. O sócio responsável pelo trabalho deve elaborar uma conclusão sobre o cumprimento dos requisitos de independência que se aplicam ao trabalho de auditoria. Ao fazê-lo, o sócio responsável pelo trabalho deve: (Ref: Parágrafo A5) (a) Obter informação relevante da firma e, quando aplicável, das firmas da rede, para identificar e avaliar as circunstâncias e os relacionamentos que criem ameaças à independência; (b) Avaliar a informação sobre falhas identificadas,caso existam, nas políticas e procedimentos de independência da firma, para determinar se constituem uma ameaça à independência do trabalho de auditoria; e (c) Tomar as ações apropriadas para eliminar tais ameaças ou reduzi- las a um nível aceitável por aplicação de salvaguardas, ou, se for considerado apropriado, renunciar ao trabalho de auditoria, quando essa renúncia for possível segundo lei ou regulamento aplicável. O sócio responsável pelo trabalho deve comunicar imediatamente à firma qualquer incapacidade para resolver uma determinada questão, para que seja tomada ação apropriada. (Ref: Parágrafos A6-A7) Aceitação e Continuação de Relacionamentos com os Clientes e de Trabalhos de Auditoria 12. O sócio responsável pelo trabalho deve assegurar-se de que foram adotados os procedimentos apropriados com respeito à aceitação e continuação de relacionamentos com os clientes e de trabalhos de auditoria, e deve determinar que as conclusões atingidas a este respeito são apropriadas. (Ref: Parágrafos A8-A9) 13. Se o sócio responsável pelo trabalho obtiver informação que teria feito com que a firma recusasse o trabalho de auditoria, caso essa informação tivesse estado disponível antes, deve comunicar imediatamente essa informação à firma, de forma a que a firma e o sócio responsável pelo trabalho possam tomar a ação necessária. (Ref: Parágrafo A9) Designação de Equipas de Trabalho 14. O sócio responsável pelo trabalho deve assegurar-se de que a equipa de trabalho e quaisquer peritos do auditor que não façam parte da equipa de trabalho tenham coletivamente competência e capacidades para: (a) Executar o trabalho de auditoria de acordo com as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e 148ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (b) Possibilitar a emissão de um relatório do auditor que seja apropriado nas circunstâncias. (Ref: Parágrafos A10–A12) Execução do Trabalho Direção, Supervisão e Execução 15. O sócio responsável pelo trabalho deve assumir a responsabilidade: (a) Pela direção, supervisão e execução do trabalho de auditoria em conformidade com as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; e (Ref: Parágrafos A13-A15, A20) (b) Pelo relatório do auditor ser apropriado nas circunstâncias. Revisões 16. O sócio responsável pelo trabalho deve assumir a responsabilidade pela condução das revisões de acordo com os procedimentos e políticas de revisão da firma: (Ref: Parágrafos A16-A17, A20) 17. Antes ou na data do relatório do auditor, o sócio responsável pelo trabalho deve, através de uma revisão da documentação de auditoria e de discussões com a equipa de trabalho, assegurar-se de que foi obtida prova de auditoria suficiente e apropriada para suportar as conclusões atingidas e para que o relatório do auditor seja emitido. (Ref: Parágrafos A18-A20) Consultas 18. O sócio responsável pelo trabalho deve: (a) Assumir a responsabilidade pela equipa de trabalho, realizando consultas apropriadas sobre matérias difíceis ou controversas; (b) Assegurar-se de que os membros da equipa de trabalho levaram a efeito consultas apropriadas no decurso do trabalho, quer dentro da equipa de trabalho, quer entre a equipa de trabalho e outros de nível apropriado dentro ou fora da firma; (c) Assegurar-se de que a natureza e âmbito de tais consultas, bem como as conclusões daí resultantes, foram acordadas com a parte consultada; e (d) Verificar que as conclusões resultantes de tais consultas foram implementadas. (Ref: Parágrafos A21-A22) Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho 19. Nas auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação e de outros trabalhos de auditoria, caso existam, relativamente aos quais a A U D IT O R IA A U D IT O R IA 149 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS firma determinou que é necessária uma revisão do controlo de qualidade do trabalho, o sócio responsável deve: (a) Verificar que foi designado um revisor do controlo de qualidade do trabalho; (b) Discutir com o revisor do controlo de qualidade do trabalho questões significativas que surjam durante o trabalho de auditoria, incluindo as identificadas durante a revisão do controlo de qualidade do trabalho; e (c) Não datar o relatório do auditor até à conclusão da revisão do controlo de qualidade. (Ref: Parágrafos A23-A25) 20. O revisor do controlo de qualidade do trabalho deve executar uma avaliação objetiva dos julgamentos significativos feitos pela equipa de trabalho e das conclusões atingidas ao formular o relatório do auditor. Esta avaliação deve envolver: (a) Discussão das matérias significativas com o sócio responsável pelo trabalho; (b) Revisão das demonstrações financeiras e da minuta de relatório do auditor; (c) Revisão de documentação de auditoria selecionada, relativa aos julgamentos significativos que a equipa de trabalho fez e das conclusões a que chegou; e (d) Avaliação das conclusões atingidas ao formular o relatório do auditor e da apropriação da minuta de relatório do auditor. (Ref: Parágrafos A26-A27a, A29-A31) 21. Para auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação, o revisor do controlo de qualidade do trabalho, ao executar a revisão do controlo de qualidade do trabalho, deve também considerar os seguintes elementos: (a) A avaliação pela equipa de trabalho da independência da firma em relação ao trabalho de auditoria; (b) Se se realizaram consultas apropriadas sobre matérias que envolvam diferenças de opinião ou outras matérias difíceis ou controversas e sobre as conclusões decorrentes dessas consultas; e (c) Se a documentação selecionada para revisão reflete o trabalho executado em relação aos julgamentos significativos e suporta as conclusões alcançadas. (Ref: Parágrafos A28-A31) 150ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Diferenças de Opinião 22. Se surgirem diferenças de opinião dentro da equipa de trabalho, com os consultados e, quando aplicável, entre o sócio de trabalho e o revisor do controlo de qualidade do trabalho, a equipa de trabalho deve seguir as políticas e procedimentos da firma para o tratamento e resolução das diferenças de opinião. Monitorização 23. Um sistema de controlo de qualidade eficaz inclui um processo de monitorização concebido para proporcionar à firma garantia razoável de fiabilidade de que as suas políticas e procedimentos relativos ao sistema de controlo de qualidade têm relevância, são adequados e operam com eficácia. O sócio responsável pelo trabalho deve considerar os resultados do processo de monitorização da firma, conforme evidenciados na última informação divulgada pela firma e, se aplicável, por outras firmas da rede, e se as deficiências notadas nessa informação podem afetar o trabalho de auditoria. (Ref: Parágrafos A32-A34) Documentação 24. O auditor deve incluir na documentação de auditoria:5 (a) As questões identificadas no que respeita ao cumprimento de requisitos éticos relevantes e a forma como foram resolvidas. (b) As conclusões sobre o cumprimento de requisitos de independência aplicáveis ao trabalho de auditoria e quaisquer discussões no seio da firma que suportem essas conclusões. (c) As conclusões atingidas no que respeita à aceitação e continuação dos relacionamentos com os clientes e dos trabalhos de auditoria. (d) A natureza e o âmbito das consultas realizadas no decurso do trabalho de auditoria, juntamente com as respetivas conclusões. (Ref: Parágrafo A35) 25. O revisor do controlo de qualidade do trabalho deve documentar, relativamente ao trabalho de auditoria objeto de revisão, que: (a) Os procedimentos exigidos pelas políticas da firma quanto à revisão do controlo de qualidade do trabalho foram executados; (b) A revisão do controlo de qualidade do trabalho foi concluída antes ou à data dorelatório do auditor; e 5 ISA 230, Documentação de Auditoria, parágrafos 8-11, e A6 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 151 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (c) O revisor não tem conhecimento de quaisquer matérias por resolver que o possam levar a crer que os julgamentos significativos feitos pela equipa de trabalho e as conclusões atingidas não foram apropriados. *** Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Sistema de Controlo de Qualidade e Papel das Equipas de Trabalho (Ref: Parágrafo 2) A1. A ISQC 1, ou os requisitos nacionais que sejam pelo menos tão exigentes, tratam as responsabilidades da firma em estabelecer e manter o seu sistema de controlo de qualidade para trabalhos de auditoria. O sistema de controlo de qualidade inclui as políticas e procedimentos que tratam cada um dos seguintes elementos: • Responsabilidades de liderança relativas à qualidade dentro da firma; • Requisitos éticos relevantes; • Aceitação e continuação dos relacionamentos com os clientes e de trabalhos específicos; • Recursos humanos; • Execução do trabalho; e • Monitorização. Os requisitos nacionais que tratam as responsabilidades da firma em estabelecer e manter um sistema de controlo de qualidade são pelo menos tão exigentes como os da ISQC 1 quando tratam todos os elementos referidos neste parágrafo e impõem obrigações à firma que permitem atingir os objetivos dos requisitos estabelecidos na ISQC 1. Confiança no Sistema de Controlo de Qualidade da Firma (Ref: Parágrafo 4) A2. Salvo se a informação prestada pela firma ou por outras entidades sugerir o contrário, a equipa da trabalho pode confiar no sistema de controlo de qualidade da firma em relação a, por exemplo: • Competência do pessoal, por via do seu recrutamento e formação formal. • Independência por via da recolha e comunicação de informação relevante sobre independência. • Manutenção de relacionamentos com os clientes através de sistemas de aceitação e continuação. 152ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS • Aderência aos requisitos legais e regulamentares aplicáveis através do processo de monitorização. Responsabilidades de Liderança para a Qualidade em Auditorias (Ref: Parágrafo 8) A3. As ações do sócio responsável pelo trabalho e as mensagens apropriadas aos outros membros da equipa de trabalho, ao tomarem a responsabilidade pela qualidade global em cada trabalho de auditoria, enfatizam: (a) A importância para a qualidade da auditoria de: (i) Executar trabalho que cumpra as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; (ii) Cumprir as políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma, conforme aplicável; (iii) Emitir relatórios de auditor que sejam apropriados nas circunstâncias; e (iv) A equipa de trabalho ter capacidade para suscitar questões sem medo de represálias; e (b) O facto de que a qualidade é essencial na execução de trabalhos de auditoria. Requisitos Éticos Relevantes Cumprimento dos Requisitos Éticos Relevantes (Ref: Parágrafo 9) A4. O Código do IESBA estabelece os princípios fundamentais de ética profissional, que incluem: (a) Integridade; (b) Objetividade; (c) Competência e zelo profissional; (d) Confidencialidade; e (e) Comportamento profissional. Definição de “Firma”, “Rede” e “Firma de Rede” (Ref: Parágrafos 9–11) A5. As definições de “firma”, “rede” ou “firma da rede” em requisitos éticos rele- vantes podem diferir das estabelecidas nesta ISA. Por exemplo, o Código do IESBA define uma “firma” como: (a) Um profissional individual, parceria ou sociedade de contabilistas ou auditores profissionais; (b) Uma entidade que controla tais entidades através de propriedade, de gerência ou outros meios; (c) Uma entidade controlada por tais entidades através de propriedade, de gerência ou outros meios. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 153 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS O Código do IESBA também proporciona orientação em relação aos termos “rede” e “firmas da rede”. No cumprimento dos requisitos dos parágrafos 9-11, aplicam-se as definições usadas nos requisitos éticos relevantes, na medida do que seja necessário para interpretar esses requisitos éticos. Ameaças à Independência (Ref: Parágrafo 11(c)) A6. O sócio responsável pelo trabalho pode identificar uma ameaça à independência respeitante ao trabalho de auditoria que as salvaguardas não permitam eliminar ou reduzir para um nível aceitável. Nesse caso, conforme exigido pelo parágrafo 11(c), o sócio responsável pelo trabalho contacta as pessoa(s) relevante(s) dentro da firma para determinar a ação apropriada, que pode incluir a eliminação da atividade ou interesse que cria a ameaça ou a renúncia ao trabalho de auditoria, quando essa renúncia for possível segundo a lei ou regulamento aplicável. Considerações específicas para Entidades do Setor Público A7. Podem existir medidas estatutárias que proporcionem salvaguardas para a independência dos auditores do setor público. Porém, os auditores do setor público ou as firmas de auditoria que realizem auditorias do setor público em nome do auditor estatutário podem, dependendo dos termos do mandato numa dada jurisdição, necessitar de adaptar a sua abordagem a fim de promover o cumprimento do espírito do parágrafo 11. Tal pode incluir, quando o mandato do auditor do setor público não permitir a renúncia do trabalho, a divulgação por meio de um relatório público das circunstâncias ocorridas e que, no setor privado, conduziriam à renúncia do auditor. Aceitação e Continuação de Relacionamentos com os Clientes e de Trabalhos de Auditoria (Ref: Parágrafo 12) A8. A ISQC 1 exige que as firmas obtenham a informação considerada necessária nas circunstâncias antes de aceitar um trabalho para um novo cliente, de decidir sobre a continuação ou não de um trabalho existente e de ponderar a aceitação de um novo trabalho para um cliente existente.6 As informações que se seguem ajudam o sócio responsável pelo trabalho a determinar se as conclusões atingidas no que respeita à aceitação e continuação dos relacionamentos com os clientes e de trabalhos de auditoria são apropriadas: • Integridade dos principais proprietários, da gerência de topo e dos encarregados da governação da entidade; 6 ISQC 1, parágrafo 27(a) 154ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS • Se a equipa de trabalho é competente para executar o trabalho de auditoria e tem as capacidades necessárias, incluindo tempo e recursos; • Se a firma e a equipa de trabalho podem cumprir os requisitos éticos relevantes; e • Matérias significativas que tenham surgido durante o trabalho de auditoria corrente ou anterior e respetivas implicações para a continuação do relacionamento. Considerações Específicas para Entidades do Setor Público (Ref: Parágrafos 12–13) A9. No setor público, os auditores podem ser designados de acordo com procedimentos oficiais. Consequentemente, determinados requisitos e considerações respeitantes à aceitação e continuação de relacionamentos com os clientes e dos trabalhos de auditoria, conforme estabelecidos nos parágrafos 12, 13 e A8, podem não ser relevantes. Não obstante, a informação recolhida em consequência do processo descrito pode ser valiosa para os auditores do setor público na execução de avaliações do risco e no desempenho de responsabilidades de relato. Designação de Equipas de Trabalho (Ref: Parágrafo 14) A10. Uma equipa de trabalho inclui uma pessoa com competência numa área especializada de contabilidade ou auditoria, contratada ou empregada pela firma, se existir, que executa procedimentos de auditoria no trabalho. Porém, uma pessoa com essa competência não é um membro da equipa de trabalho se o seu envolvimento se limitar a consultas. As consultas são tratadas nos parágrafos 18, A21 e A22.A11. Ao considerar as competências e capacidades apropriadas que são esperadas da equipa de trabalho como um todo, o sócio responsável pelo trabalho pode, relativamente à equipa de trabalho, tomar em consideração matérias como: • Entendimento e experiência prática em trabalhos de auditoria de natureza e complexidade semelhantes por via de formação e participação apropriados. • Compreensão das normas profissionais e dos requisitos regulamentares e legais. • Competência técnica, incluindo competência relevante em tecnologias de informação e áreas especializadas de contabilidade ou auditoria. • Conhecimento dos setores de atividade relevantes em que o cliente opera. • Capacidade de efetuar julgamento profissional. • Compreensão das políticas e procedimentos de controlo de qualidade da firma. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 155 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Considerações Específicas para Entidades do Setor Público A12. No setor público, uma competência adicional apropriada pode incluir as habilitações que sejam necessárias para dar cumprimento aos termos do mandato de auditoria numa determinada jurisdição. Tal competência pode incluir o conhecimento das modalidades de relato aplicáveis, incluindo o relato destinado ao legislador ou a outro órgão de governação ou o relato no interesse público. O âmbito mais alargado de uma auditoria do setor público pode incluir, por exemplo, alguns aspetos de auditoria de desempenhos ou uma avaliação integral do cumprimento das leis, regulamentos ou outras disposições, e prevenir e detetar fraudes e corrupção. Execução do Trabalho Direção, Supervisão e Execução (Ref: Parágrafo 15(a)) A13. Dirigir a equipa de trabalho envolve informar os respetivos membros sobre matérias como: • As suas responsabilidades, incluindo a necessidade de cumprir os requisitos éticos relevantes e de planear e executar uma auditoria com ceticismo profissional, tal como exigido pela ISA 200.7 • As responsabilidades dos respetivos sócios, quando a condução de um trabalho de auditoria envolver mais do que um sócio. • Os objetivos do trabalho a executar. • A natureza do negócio da entidade. • As questões relacionadas com o risco. • Os problemas que possam surgir. • A abordagem pormenorizada para a execução do trabalho. A discussão entre os membros da equipa de trabalho permite que os membros menos experientes coloquem questões aos membros mais experientes, de tal forma que possa haver uma comunicação apropriada dentro da equipa de trabalho. A14. O trabalho de grupo e formação apropriados ajudam os membros da equipa de trabalho menos experientes a compreenderem claramente os objetivos do trabalho atribuído. 7 ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria, parágrafo 15 156ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A15. A supervisão inclui matérias como: • Acompanhar o progresso do trabalho de auditoria. • Considerar a competência e capacidades dos membros individuais da equipa de trabalho, nomeadamente se têm tempo suficiente para executar o seu trabalho, se compreendem as suas instruções e se o trabalho está a ser executado de acordo com a abordagem planeada do trabalho de auditoria. • Tratar de matérias significativas que surjam durante o trabalho de auditoria, considerando a sua importância e modificando apropriadamente a abordagem planeada. • Identificar matérias para consulta ou consideração por membros mais experientes da equipa de trabalho durante o trabalho de auditoria. Revisões Responsabilidades de Revisão (Ref: Parágrafo 16) A16. De acordo com a ISQC 1, as políticas e procedimentos da firma relativas à responsabilidade de revisão determinam que o trabalho dos membros menos experientes da equipa seja verificado por membros mais experientes da equipa.8 A17. Uma revisão consiste em considerar, por exemplo, se: • O trabalho foi executado de acordo com as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; • Foram identificadas matérias significativas para posterior consideração; • Foram realizadas consultas apropriadas e as conclusões daí resultantes foram documentadas e implementadas; • Existe a necessidade de rever a natureza, oportunidade e extensão do trabalho executado; • O trabalho executado suporta as conclusões atingidas e está apropriadamente documentado; • A prova obtida é suficiente e apropriada para suportar o relatório do auditor; e • Os objetivos dos procedimentos do trabalho foram atingidos. Revisão do Trabalho Executado pelo Sócio Responsável pelo Trabalho (Ref: Parágrafo 17) A18. Revisões oportunas do que se segue, efetuadas pelo sócio responsável pelo trabalho nas fases apropriadas durante o trabalho, permitem que matérias 8 ISQC 1, parágrafo 33 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 157 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS significativas sejam resolvidas em tempo oportuno com satisfação do sócio responsável pelo trabalho até à data do relatório do auditor ser emitido: • Áreas críticas de julgamento, especialmente as relacionadas com matérias difíceis ou controversas identificadas no decurso do trabalho; • Riscos significativos; e • Outras áreas que o sócio responsável pelo trabalho considere impor- tantes. O sócio responsável pelo trabalho não necessita de rever toda a documentação de auditoria, mas pode fazê-lo. Porém, conforme exigido pela ISA 230, o sócio documenta a extensão e oportunidade das revisões.9 A19. Um sócio responsável pelo trabalho que assuma uma auditoria no decurso do trabalho pode aplicar os procedimentos de revisão, conforme descrito no parágrafo A18, para rever o trabalho efetuado até à data da alteração, a fim de assumir as responsabilidades como sócio responsável pelo trabalho. Considerações Relevantes Quando é Utilizado um Membro na Equipa de Trabalho com Competência numa Área Especializada de Contabilidade ou Auditoria (Ref: Parágrafos 15–17) A20. Quando é utilizado um membro na equipa de trabalho com competência numa área especializada de contabilidade ou auditoria, a direção, supervisão e revisão do trabalho desse membro da equipa de trabalho pode incluir matérias como: • Acordar com esse membro a natureza, âmbito e objetivos do seu trabalho e a natureza, oportunidade e extensão das comunicações entre esse membro e outros membros da equipa de trabalho, bem como o papel de cada um nessa comunicação. • Avaliar a adequação do trabalho desse membro, incluindo a relevância e razoabilidade dos seus resultados ou conclusões e a sua consistência com outras provas de auditoria. Consultas (Ref: Parágrafo 18) A21. As consultas sobre questões técnicas, éticas e outras matérias dentro da firma ou, quando aplicável, fora da firma, podem ser eficientes quando os que são consultados: • Estão na posse de todos os factos relevantes que lhes permitam apresentar pareceres fundamentados; e • Têm conhecimentos, antiguidade no cargo e experiência apropriados. 9 ISA 230, parágrafo 9(c) 158ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A22. Pode ser apropriado que a equipa de trabalho proceda a consultas fora da firma, por exemplo quando a firma não tenha recursos internos apropriados. A equipa pode tirar proveito de serviços de consultoria prestados por outras firmas, organizações profissionais e entidades reguladoras, ou organizações comerciais que proporcionem serviços de controlo de qualidade relevantes. Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho Conclusão da Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho antes da Data do Relatório do Auditor (Ref: Parágrafo 19(c)) A23. A ISA 700 exige que o relatório do auditor não tenha data anterior à data em que o auditor obteve prova de auditoria suficiente e apropriada na qual baseara sua opinião sobre as demonstrações financeiras.10 Nos casos de uma auditoria de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação ou de um trabalho que cumpra os critérios para uma revisão do controlo de qualidade, tal revisão ajuda o auditor a determinar se foi obtida suficiente prova de auditora apropriada. A24. A condução da revisão do controlo de qualidade do trabalho de forma oportuna e em fases apropriadas durante o trabalho, até à data do relatório do auditor, permite que as matérias significativas sejam prontamente resolvidas para satisfação do revisor do controlo de qualidade do trabalho. A25. Concluir a revisão do controlo de qualidade do trabalho significa a conclusão pelo revisor do controlo de qualidade do trabalho dos requisitos dos parágrafos 20-21 e, quando aplicável, o cumprimento do parágrafo 22. A documentação da revisão do controlo de qualidade do trabalho pode ser concluída após a data do relatório do auditor como parte da elaboração do arquivo final de auditoria. A ISA 230 estabelece os requisitos e dá orientação a este respeito.11 Natureza, Extensão e Oportunidade da Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho (Ref: Parágrafo 20) A26. Manter-se alerta para as alterações nas circunstâncias permite ao sócio responsável pelo trabalho identificar situações em que é necessária uma revisão do controlo de qualidade do trabalho, mesmo que no início do trabalho tal revisão não fosse exigida. A27. A extensão da revisão do controlo de qualidade do trabalho pode depender, entre outras coisas, da complexidade do trabalho de auditoria, de se tratar ou não de uma entidade admitida à cotação e do risco de que o relatório 10 ISA 700 (Revista), Formar uma Opinião e Relatar sobre Demonstrações Financeiras, parágrafo 41 11 ISA 230, parágrafos 14-16 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 159 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS do auditor possa não ser apropriado nas circunstâncias. A realização de uma revisão do controlo de qualidade do trabalho não reduz as responsabilidades do sócio responsável pelo trabalho de auditoria e pela sua execução. A27a. Quando se aplicar a ISA 70112, as conclusões atingidas pela equipa de trabalho para formular o relatório do auditor incluem que se tenha determinado: • As matérias relevantes de auditoria a comunicar no relatório do auditor; • As matérias relevantes de auditoria que não serão comunicadas no relatório do auditor nos termos do parágrafo 14 da ISA 701, se algum; e • Se aplicável, que não há matérias relevantes de auditoria a comunicar face aos factos e circunstâncias da entidade e da auditoria. Adicionalmente, a revisão da minuta do relatório do auditor de acordo com o parágrafo 20(b) inclui considerações sobre sugestões de redação a incluir na secção das Matérias Relevantes de Auditoria. Revisão do Controlo de Qualidade do Trabalho para Entidades Admitidas à Cotação (Ref: Parágrafo 21) A28. Numa revisão do controlo de qualidade do trabalho de uma entidade admitida à cotação, podem ser consideradas outras matérias relevantes para avaliar os julgamentos significativos feitos pela equipa de trabalho, incluindo: • Riscos significativos identificados durante o trabalho de acordo com a ISA 315,13 e as respostas a esses riscos de acordo com a ISA 330,14 incluindo a avaliação pela equipa de trabalho e a sua resposta ao risco de fraude de acordo com a ISA 240.15 • Julgamentos efetuados, particularmente os respeitantes à materialidade e aos riscos significativos. • A importância e natureza das distorções corrigidas e não corrigidas identificadas durante a auditoria. • As matérias a comunicar à gerência e aos encarregados da governação e, quando aplicável, a outras entidades, como as entidades reguladoras. Estas outras matérias, dependendo das circunstâncias, podem também ser aplicáveis em revisões do controlo de qualidade do trabalho para auditorias de demonstrações financeiras de outras entidades. 12 ISA 701, Comunicar Matérias Relevantes de Auditoria no Relatório do Auditor 13 ISA 315 (Revista), Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material através do Conhecimento da Entidade e do Seu Ambiente 14 ISA 330, As Respostas do Auditor a Riscos Avaliados 15 ISA 240, As Responsabilidades do Auditor Relativas a Fraude numa Auditoria de Demonstrações Financeiras 160ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Considerações específicas para Pequenas Entidades (Ref: Parágrafos 20–21) A29. Além das auditorias de demonstrações financeiras de entidades admitidas à cotação, é necessária uma revisão do controlo de qualidade dos trabalhos de auditoria que satisfaçam os critérios, estabelecidos pela firma, que sujeitam os trabalhos a uma revisão do controlo de qualidade do trabalho. Em alguns casos, nenhum dos trabalhos de auditoria da firma satisfará os critérios que os sujeitariam a tal revisão. Considerações específicas para Entidades do Setor Público (Ref: Parágrafos 20–21) A30. No setor público, um auditor designado oficialmente (por exemplo, um Auditor do Tribunal de Contas ou outra pessoa devidamente qualificada designada em seu nome), pode agir com funções equivalentes às de sócio responsável pelo trabalho com a responsabilidade geral por auditorias do setor público. Em tais circunstâncias, quando aplicável, a seleção do revisor do controlo de qualidade do trabalho inclui a apreciação da necessidade de independência em relação à entidade auditada e da capacidade do revisor do controlo de qualidade do trabalho para fazer uma avaliação objetiva. A31. As entidades admitidas à cotação conforme referido nos parágrafos 21 e A28 não são comuns no setor público. Porém, podem existir outras entidades do setor público que são significativas devido à sua dimensão, complexidade ou a aspetos de interesse público e que, consequentemente, têm um conjunto alargado de interessados. Os exemplos incluem sociedades detidas pelo Estado e sociedades de serviços públicos. As transformações em curso no setor público podem também dar origem a novos tipos de entidades significativas. Não existem critérios objetivos fixados em que se fundamente a determinação do que é significativo. Não obstante, os auditores do setor público avaliam quais as entidades que poderão assumir importância suficiente para exigir a execução de uma revisão do controlo de qualidade do trabalho. Monitorização (Ref: Parágrafo 23) A32. A ISQC 1 exige que a firma estabeleça procedimentos de monitorização concebidos para lhe proporcionar garantia razoável de fiabilidade de que as políticas e procedimentos relacionados com o sistema de controlo de qualidade são relevantes, adequados e operam com eficácia.16 A33. Ao considerar as deficiências que podem afetar o trabalho de auditoria, o sócio responsável pelo trabalho pode ter em consideração as medidas que a firma tomou para retificar a situação que o sócio responsável pelo trabalho considere serem suficientes no contexto dessa auditoria. 16 ISQC 1, parágrafo 48 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 161 ISA 220 CONTROLO DE QUALIDADE PARA UMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A34. Uma deficiência no sistema de controlo de qualidade da firma não indica necessariamente que um trabalho de auditoria em particular não foi executado de acordo com normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis, ou que o relatório do auditor não foi apropriado. Documentação Documentação das Consultas (Ref: Parágrafo 24(d)) A35. A documentação das consultas a outros profissionais que envolvam matérias difíceis ou controversas suficientemente completa e pormenorizada contribui para a compreensão: • Da questão sobre a qual se procurou a consulta; e • Dos resultados da consulta, incluindo quaisquer decisões tomadas, da base para essas decisões e do modo como foram implementadas. 162ISA 230 NORMA INTERNACIONAL DE AUDITORIA 230 DOCUMENTAÇÃODE AUDITORIA (Aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009) ÍNDICE Parágrafo Introdução Âmbito desta ISA .......................................................................................... 1 Natureza e Finalidades da Documentação de Auditoria ............................... 2-3 Data de Entrada em Vigor ............................................................................. 4 Objetivo ........................................................................................................ 5 Definições ..................................................................................................... 6 Requisitos Preparação Oportuna da Documentação de Auditoria .................................. 7 Documentação dos Procedimentos de Auditoria Executados e da Prova de Auditoria Obtida ................................................................. 8-13 Organização do Arquivo Final de Auditoria ................................................. 14-16 Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Preparação Oportuna da Documentação de Auditoria .................................. A1 Documentação dos Procedimentos de Auditoria Executados e da Prova de Auditoria Obtida ................................................................. A2-A20 Organização do Arquivo Final de Auditoria ................................................. A21-A24 Apêndice: Requisitos Específicos de Documentação de Auditoria em Outras ISA A Norma Internacional de Auditoria (ISA) 230, Documentação de Auditoria, deve ser lida em conjunção com a ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 163 ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA Introdução Âmbito desta ISA 1. Esta Norma Internacional de Auditoria (ISA) aborda a responsabilidade do auditor na preparação da documentação de auditoria para uma auditoria de demonstrações financeiras. O Apêndice lista outras ISA que contêm requisitos e orientações específicos de documentação. Os requisitos específicos de documentação de outras ISA não limitam a aplicação desta ISA. A lei e regulamentos podem estabelecer requisitos adicionais de documentação. Natureza e Finalidades da Documentação de Auditoria 2. A documentação de auditoria que satisfaça os requisitos desta ISA e os requisitos específicos de documentação de outras ISA relevantes proporciona: (a) Prova dos fundamentos do auditor para concluir acerca da consecução dos objetivos gerais do auditor;1 e (b) Prova de que a auditoria foi planeada e executada de acordo com as ISA e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis. 3. A documentação de auditoria serve uma multiplicidade de finalidades adicionais, nomeadamente: • Ajudar a equipa de trabalho a planear e executar a auditoria. • Ajudar os membros da equipa de trabalho responsáveis pela supervisão a orientar e supervisionar o trabalho de auditoria e a cumprir as suas responsabilidades de verificação de acordo com a ISA 220.2 • Permitir a responsabilização da equipa de trabalho pelo trabalho realizado. • Manter um registo das matérias de importância continuada para auditorias futuras. • Permitir a condução de revisões e inspeções de controlo de qualidade de acordo com a ISQC 13 ou com requisitos nacionais que sejam pelo menos tão exigentes.4 1 ISA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução de uma Auditoria de Acordo com as Normas Internacionais de Auditoria, parágrafo 11 2 ISA 220, Controlo de Qualidade para uma Auditoria de Demonstrações Financeiras, parágrafos 15–17 3 ISQC 1, Controlo de Qualidade para Firmas que Executem Auditorias e Revisões de Demonstrações Financeiras e Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e de Serviços Relacionados, parágrafos 32–33, 35–38, e 48 4 ISA 220, parágrafo 2 164ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA • Permitir a condução de inspeções externas de acordo com os requisitos legais, regulamentares ou outros aplicáveis. Data de Entrada em Vigor 4. Esta ISA é aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009. Objetivo 5. O objetivo do auditor é preparar documentação que proporcione: (a) Um registo suficiente e apropriado dos fundamentos para o seu relatório; e (b) Prova de que a auditoria foi planeada e executada de acordo com as ISA e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis. Definições 6. Para efeito das ISA, são aplicáveis as seguintes definições: (a) Arquivo de auditoria – Um ou mais arquivos ou outros meios de armazenamento, em forma física ou eletrónica, contendo os registos que integram a documentação de auditoria relativa a um trabalho específico. (b) Auditor experiente – Um indivíduo (interno ou externo à firma) com experiência prática de auditoria e um conhecimento razoável: (i) De processos de auditoria; (ii) Das ISA e dos requisitos legais e regulamentares aplicáveis; (iii) Do ambiente do negócio em que a entidade opera; e (iv) Dos assuntos de auditoria e de relato financeiro relevantes para o setor de atividade da entidade. (c) Documentação de auditoria – Registo dos procedimentos de auditoria executados, da prova de auditoria obtida e das conclusões a que o auditor chegou (é também usada, por vezes, a expressão “papéis de trabalho”). Requisitos Preparação Oportuna da Documentação de Auditoria 7. O auditor deve preparar a documentação de auditoria em tempo oportuno. (Ref: Parágrafo A1) A U D IT O R IA A U D IT O R IA 165 ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA Documentação dos Procedimentos de Auditoria Executados e da Prova de Auditoria Obtida Forma, Conteúdo e Extensão da Documentação de Auditoria 8. O auditor deve preparar documentação de auditoria suficiente para habilitar um auditor experiente sem ligação anterior à auditoria a compreender: (Ref: Parágrafos A2–A5 e A16–A17) (a) A natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria executados para cumprir as ISA e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis; (Ref: Parágrafos A6–A7) (b) Os resultados dos procedimentos de auditoria executados e a prova de auditoria obtida; e (c) Matérias significativas que surgiram durante a auditoria, respetivas conclusões e julgamentos profissionais significativos feitos para atingir essas conclusões. (Ref: Parágrafos A8–A11) 9. Ao documentar a natureza, oportunidade, e extensão dos procedimentos de auditoria executados, o auditor deve registar: (a) As características que identificam os assuntos específicos ou matérias testadas; (Ref: Parágrafo A12) (b) Quem realizou o trabalho de auditoria e a data em que tal trabalho foi concluído; e (c) Quem reviu o trabalho executado e a data e extensão de tal revisão. (Ref: Parágrafo A13) 10. O auditor deve documentar as discussões de matérias significativas com a gerência, os encarregados da governação e outros, incluindo a natureza das matérias significativas discutidas e quando e com quem as discussões tiveram lugar. (Ref: Parágrafo A14) 11. Se o auditor tiver identificado informações que sejam inconsistentes com as suas conclusões finais respeitantes a uma matéria significativa, deve documentar a forma como tratou essas inconsistências. (Ref: Parágrafo A15) Não Aplicação de um Requisito Relevante 12. Se, em circunstâncias excecionais, o auditor julgar necessário não aplicar um requisito relevante de uma ISA, deve documentar de que forma os procedimentos de auditoria alternativos executados atingem o objetivo desse requisito e as razões da sua não aplicação. (Ref: Parágrafos A18–A19) 166ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA Matérias que Surjam após a Data do Relatório do Auditor 13. Se, em circunstâncias excecionais, o auditor executar novos procedimentos de auditoria ou procedimentos adicionais ou tirar novas conclusõesapós a data do seu relatório, deve documentar: (Ref: Parágrafo A20) (a) As circunstâncias encontradas; (b) Os novos procedimentos de auditoria ou procedimentos adicionais executados, a prova de auditoria obtida e as conclusões atingidas e o respetivo efeito no seu relatório; e (c) Quando e por quem foram feitas e revistas as alterações resultantes à documentação de auditoria. Organização do Arquivo Final de Auditoria 14. O auditor deve reunir a documentação de auditoria num arquivo de auditoria e completar o processo administrativo de organização do arquivo final de auditoria em tempo oportuno após a data do seu relatório. (Ref: Parágrafos A21–A22) 15. Após a organização do arquivo final de auditoria ter sido concluída, o auditor não deve eliminar ou remover documentação de auditoria de qualquer natureza antes do fim do respetivo período de conservação. (Ref: Parágrafo A23) 16. Em circunstâncias que não as previstas no parágrafo 13, quando o auditor considerar necessário modificar a documentação de auditoria existente ou adicionar nova documentação de auditoria após a organização do arquivo final de auditoria, deve documentar, independentemente da natureza das modificações ou adições: (Ref: Parágrafo A24) (a) As razões específicas para essas modificações ou adições; e (b) Quando e por quem foram feitas e revistas. *** Material de Aplicação e Outro Material Explicativo Preparação Oportuna da Documentação de Auditoria (Ref: Parágrafo 7) A1. A preparação de documentação de auditoria suficiente e apropriada em tempo oportuno contribui para aumentar a qualidade da auditoria e facilita a revisão e avaliação eficazes da prova de auditoria obtida e das conclusões atingidas antes da finalização do relatório do auditor. A documentação preparada após o trabalho de auditoria ter sido executado será provavelmente menos rigorosa do que a documentação preparada durante a execução do trabalho. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 167 ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA Documentação dos Procedimentos de Auditoria Executados e da Prova de Auditoria Obtida Forma, Conteúdo e Extensão da Documentação de Auditoria (Ref: Parágrafo 8) A2. A forma, conteúdo e extensão da documentação de auditoria depende de fatores como: • A dimensão e complexidade da entidade. • A natureza dos procedimentos de auditoria a executar. • Os riscos de distorção material identificados. • A importância da prova de auditoria obtida. • A natureza e extensão das exceções identificadas. • A necessidade de documentar uma conclusão ou o fundamento para uma conclusão que não possa ser facilmente determinável a partir da documentação do trabalho executado ou da prova de auditoria obtida. • A metodologia de auditoria e as ferramentas usadas. A3. A documentação de auditoria pode ser registada em papel ou em meios eletrónicos ou outros. Exemplos de documentação de auditoria incluem: • Programas de auditoria. • Análises. • Memorandos relativos a assuntos específicos. • Resumos de matérias significativas. • Cartas de confirmação e de representação. • Listas de verificação. • Correspondência (incluindo e-mails) respeitante a matérias significa- tivas. O auditor pode incluir extratos ou cópias de registos da entidade (por exemplo, acordos e contratos significativos e específicos) como parte da documentação de auditoria. A documentação de auditoria não substitui, porém, os registos contabilísticos da entidade. A4. O auditor não precisa de incluir na documentação de auditoria minutas de papéis de trabalho e de demonstrações financeiras entretanto substituídos, notas que reflitam entendimentos incompletos ou preliminares, cópias anteriores de documentos corrigidos de erros tipográficos ou outros e duplicados de documentos. A5. As explicações verbais do auditor, em si mesmas, não representam suporte adequado para o trabalho que o auditor executou ou para as conclusões que 168ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA tirou, mas podem ser usadas para explicar ou clarificar informação contida na documentação de auditoria. Documentação de Cumprimento das ISA (Ref: Parágrafo 8(a)) A6. Em princípio, do cumprimento dos requisitos desta ISA resultará que a documentação de auditoria é suficiente e apropriada nas circunstâncias. Outras ISA contêm requisitos específicos de documentação que se destinam a clarificar a aplicação desta ISA nas circunstâncias particulares dessas outras ISA. Os requisitos específicos de documentação de outras ISA não limitam a aplicação desta ISA. Além disso, a ausência de um requisito de documentação numa ISA em particular não pretende sugerir que não haverá qualquer documentação a preparar cm consequência do cumprimento dessa ISA. A7. A documentação de auditoria proporciona prova de que a auditoria cumpre as ISA. Porém, não é necessário nem praticável que o auditor documente todas as matérias consideradas ou julgamentos profissionais feitos numa auditoria. Além disso, não é necessário que o auditor documente separadamente (numa lista de verificação, por exemplo) o cumprimento sobre matérias relativamente às quais esse cumprimento está demonstrado em documentos incluídos no arquivo de auditoria. Por exemplo: • A existência de um plano de auditoria adequadamente documentado demonstra que o auditor planeou a auditoria. • A existência de uma carta de compromisso de trabalho assinada no arquivo de auditoria demonstra que o auditor acordou os termos do trabalho de auditoria com a gerência ou, quando apropriado, com os encarregados da governação. • Um relatório do auditor contendo uma opinião com as reservas apropriadas sobre as demonstrações financeiras demonstra que o auditor cumpriu os requisitos para expressar uma opinião com reservas nas circunstâncias especificadas nas ISA. • Em relação a requisitos que se aplicam geralmente no decurso de toda a auditoria, podem existir várias formas de demonstrar o seu cumprimento no arquivo de auditoria: ○ Por exemplo, pode não haver uma única forma de documentar o ceticismo profissional do auditor, mas a documentação de auditoria pode, apesar de tudo, proporcionar prova do exercício pelo auditor de ceticismo profissional de acordo com as ISA, nomeadamente por via de procedimentos específicos executados para corroborar as respostas da gerência às indagações do auditor. ○ De forma semelhante, há várias formas de demonstrar na documentação de auditoria que o sócio responsável pelo trabalho A U D IT O R IA A U D IT O R IA 169 ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA assumiu a responsabilidade pela direção, supervisão e execução da auditoria em conformidade com as ISA. Essa demonstração pode incluir a documentação do envolvimento oportuno do sócio responsável pelo trabalho em algumas partes da auditoria, como por exemplo a participação nas discussões da equipa exigidas pela ISA 315.5 Documentação de Matérias Significativas e dos Respetivos Julgamentos Profissionais (Ref: Parágrafo 8(c)) A8. Julgar a importância de uma matéria exige uma análise objetiva dos factos e das circunstâncias. Os exemplos de matérias significativas incluem: • Matérias que dão origem a riscos significativos (conforme definido na ISA 315).6 • Resultados de procedimentos de auditoria que indiquem: (a) que as demonstrações financeiras possam estar materialmente distorcidas, ou (b) uma necessidade de rever a avaliação dos riscos de distorção material feita anteriormente pelo auditor e das suas respostas a esses riscos. • Circunstâncias que causem ao auditor dificuldades significativas na aplicação dos necessários procedimentos de auditoria, • Conclusões que possam resultar numa modificação da opinião do auditor ou na inclusão de um parágrafo de Ênfase no seu relatório. A9. Um fator importante na determinação da forma, conteúdo e extensão da documentação de auditoria de matérias significativas é a extensão do julgamento profissional exercido ao executar o trabalho e ao avaliaros resultados. A documentação dos julgamentos profissionais significativos feitos serve para explicar as conclusões do auditor e reforçar a qualidade do julgamento. Tais matérias assumem particular interesse para os responsáveis pela verificação da documentação de auditoria, nomeadamente para os responsáveis por auditorias subsequentes, na análise de matérias de importância continuada (por exemplo, quando executam uma revisão retrospetiva de estimativas contabilísticas). A10. Alguns exemplos de circunstâncias em que, de acordo com o parágrafo 8, é apropriado preparar documentação de auditoria quanto ao uso de julgamento profissional incluem, quando as matérias e julgamentos sejam significativos: 5 ISA 315 (Revista), Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material através do Conhecimento da Entidade e do Seu Ambiente, parágrafo 10 6 ISA 315 (Revista), parágrafo 4(e) 170ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA • A motivação da conclusão do auditor quando um requisito refere que o auditor “deve considerar” determinada informação ou fatores e essa consideração for significativa no contexto desse trabalho em particular. • A base para a conclusão do auditor quanto à razoabilidade de áreas de julgamento subjetivo (por exemplo, a razoabilidade de estimativas contabilísticas significativas). • As bases para as conclusões do auditor acerca da autenticidade de um documento, quando for levada a cabo uma investigação adicional (por exemplo utilizando os serviços de um perito apropriado ou procedimentos de confirmação) em resposta a condições identificadas durante a auditoria que levaram o auditor a acreditar que o documento pode não ser autêntico. • Quando se aplicar a ISA 7017, a determinação das matérias relevantes de auditoria ou de que não há matérias relevantes de auditoria a comunicar. A11. O auditor pode considerar útil preparar e reter como parte da documentação de auditoria um resumo (muitas vezes designado memorando de conclusões) que descreva as matérias significativas identificadas durante a auditoria e o modo como foram tratadas ou que inclua referências cruzadas para outra documentação relevante de suporte de auditoria que proporcione tal informação. Tal resumo pode facilitar revisões e inspeções eficazes e eficientes da documentação de auditoria, particularmente para auditorias grandes e complexas. Adicionalmente, a preparação de tal resumo pode ajudar o auditor a considerar as matérias significativas. Pode ainda ajudar o auditor a verificar se, à luz dos procedimentos de auditoria executados e das conclusões atingidas, existe algum objetivo particularmente relevante nas ISA que o auditor não conseguiu satisfazer e que ponha em causa a realização dos seus objetivos globais. Identificação de Assuntos ou Matérias Específicas Testadas, do Preparador e do Revisor (Ref: Parágrafo 9) A12. O registo de características identificadoras serve múltiplas finalidades. Por exemplo, permite a responsabilização da equipa de trabalho pelo trabalho realizado e facilita a investigação de exceções ou inconsistências. A identificação das características variará em função da natureza do procedimento de auditoria e do item ou matéria testada. Por exemplo: • Para um teste pormenorizado das ordens de compra feitas pela entidade, o auditor poderá identificar os documentos selecionados para teste através da respetiva data e número de identificação único. 7 ISA 701, Matérias Relevantes de Auditoria no Relatório do Auditor A U D IT O R IA A U D IT O R IA 171 ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA • Para um procedimento que exija a seleção ou revisão de todos os itens de uma dada população acima de uma quantia específica, o auditor pode registar o âmbito do procedimento e identificar a população (por exemplo, todos os lançamentos do registo diário acima de uma determinada quantia). • Para um procedimento que exija uma amostra sistemática de uma determinada população de documentos, o auditor pode identificar os documentos selecionados registando a sua fonte, o ponto de partida e o intervalo de amostragem (por exemplo, uma amostra sistemática de guias de expedição selecionada a partir de um registo de expedições relativo ao período de 1 de abril a 30 de setembro, partindo da guia número 12345 e selecionando todas as guias em intervalos de 125). • Para um procedimento que exija indagações de determinadas pessoas da entidade, o auditor pode registar a data das indagações e o nome e categoria do pessoal indagado. • Para um procedimento de observação, o auditor pode registar o processo ou a matéria a observar, os indivíduos relevantes, as respetivas responsabilidades e onde e quando a observação foi levada a cabo. A13. A ISA 220 exige que o auditor reveja o trabalho de auditoria efetuado através da revisão da documentação de auditoria.8 O requisito para documentar quem reviu o trabalho de auditoria executado não implica a necessidade de incluir prova da revisão em cada papel de trabalho específico. Implica, porém, que seja documentado qual o trabalho de auditoria que foi revisto, quem procedeu a essa revisão e quando foi efetuada. Documentação de Discussões de Matérias Significativas com a Gerência, Encarregados da Governação e Outros (Ref: Parágrafo 10) A14. A documentação não se limita aos registos preparados pelo auditor, podendo incluir outros registos apropriados, como atas de reuniões preparadas pelo pessoal da entidade e aceites pelo auditor. Outras partes com quem o auditor poderá discutir matérias significativas podem incluir outro pessoal dentro da entidade e entidades externas, como pessoas que prestem aconselhamento profissional à entidade. Documentação do Tratamento das Inconsistências (Ref: Parágrafo 11) A15. O requisito de documentação da forma como o auditor tratou as inconsistências na informação não implica que o auditor precise de conservar documentação incorreta ou que tenha sido substituída. 8 ISA 220, parágrafo 17 172ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA Considerações Específicas para Pequenas Entidades (Ref. Parágrafo 8) A16. A documentação relativa à auditoria de uma pequena entidade é geralmente menos extensa do que a de uma entidade maior. Adicionalmente, no caso de uma auditoria em que o sócio responsável pelo trabalho executa todo o trabalho de auditoria, a documentação não inclui matérias que devam ser documentadas exclusivamente para informar ou instruir membros de uma equipa de trabalho ou para proporcionar prova de revisão por outros membros da equipa (por exemplo, não haverá matérias para documentar relativas à supervisão e às discussões com a equipa). No entanto, o sócio responsável pelo trabalho deve cumprir o requisito principal do parágrafo 8 e preparar documentação de auditoria que possa ser entendida por um auditor experiente, pois a documentação de auditoria pode ser sujeita a revisão por entidades externas para fins de regulação ou outros. A17. Ao preparar documentação de auditoria, o auditor de uma pequena entidade pode também achar útil e eficiente registar em conjunto vários aspetos da auditoria num único documento, com referências cruzadas para papéis de trabalho de suporte, conforme apropriado. Exemplos de matérias que podem ser documentadas em conjunto numa auditoria de uma pequena entidade incluem a compreensão da entidade e do seu controlo interno, a estratégia global e o plano de auditoria, a materialidade, determinada de acordo com a ISA 320,9 os riscos avaliados, as matérias significativas notadas durante a auditoria e as conclusões atingidas. Não Aplicação de um Requisito Relevante (Ref: Parágrafo 12) A18. Os requisitos das ISA estão concebidos para habilitar o auditor a atingir os objetivos especificados nas ISA e, por este meio, a atingir os objetivos gerais do auditor. Consequentemente, exceto em circunstâncias excecionais, as ISA obrigam ao cumprimento de todos os requisitos relevantes nas circunstâncias da auditoria. A19. O requisitode documentação só se aplica a requisitos que sejam relevantes nas circunstâncias. Um requisito só não é relevante10 nos casos em que: (a) Toda a ISA não é relevante (por exemplo, se uma entidade não tiver uma função de auditoria interna, nada é relevante na ISA 61011); ou (b) O requisito é condicional e a condição não existe (por exemplo, o requisito para modificar a opinião do auditor quando exista uma incapacidade para 9 ISA 320, A Materialidade no Planeamento e na Execução de uma Auditoria 10 ISA 200, parágrafo 22 11 ISA 610 (Revista), Usar o Trabalho de Auditores Internos, parágrafo 2 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 173 ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA obter prova de auditoria suficiente e apropriada e tal incapacidade não se verifica). Matérias que Surjam após a Data do Relatório do Auditor (Ref: Parágrafo 13) A20. Exemplos de circunstâncias excecionais incluem factos que se tornam conhecidos do auditor após a data do seu relatório mas que já se verificavam nessa data e que, a serem conhecidos, poderiam ter feito com que as demonstrações financeiras fossem alteradas ou que o auditor modificasse a opinião no seu relatório.12 As resultantes alterações na documentação de auditoria são revistas de acordo com as responsabilidades de revisão estabelecidas na ISA 220,13 com o sócio responsável pelo trabalho a assumir a responsabilidade final pelas alterações. Organização do Arquivo Final de Auditoria (Ref: Parágrafos 14–16) A21. A ISQC 1 (ou os requisitos nacionais que sejam pelo menos tão exigentes) exige que as firmas estabeleçam políticas e procedimentos para a conclusão em tempo oportuno da organização dos arquivos de auditoria.14 Um prazo apropriado para concluir a organização do arquivo final de auditoria é geralmente não superior a 60 dias após a data do relatório do auditor.15 A22. A conclusão da organização do arquivo final de auditoria após a data do relatório do auditor é um processo administrativo que não envolve a execução de novos procedimentos de auditoria ou a extração de novas conclusões. Contudo, podem ser feitas alterações à documentação de auditoria durante o processo de organização final, se forem de natureza administrativa. Exemplos de tais alterações incluem: • Eliminar ou remover documentação substituída. • Ordenar, juntar e fazer referências cruzadas nos papéis de trabalho. • Assinar listas de verificação relativas ao processo de organização do arquivo. • Documentar prova de auditoria que o auditor tenha obtido, discutido e acordado com os membros relevantes da equipa de trabalho antes da data do seu relatório. A23. A ISQC 1 (ou os requisitos nacionais que sejam pelo menos tão exigentes) exige que as firmas estabeleçam políticas e procedimentos para a retenção 12 ISA 560, Acontecimentos Subsequentes, parágrafo 14 13 ISA 220, parágrafo 16 14 ISQC 1, parágrafo 45 15 ISQC 1, parágrafo A54 174ISA 230 DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA da documentação do trabalho.16 O período de retenção para trabalhos de auditoria é geralmente não inferior a cinco anos a partir da data do relatório do auditor ou, se posterior, a partir da data do relatório do auditor do grupo.17 A24. Um exemplo de uma circunstância em que o auditor pode achar que é necessário modificar a documentação de auditoria existente ou adicionar nova documentação de auditoria após a organização do arquivo ter sido concluída é a necessidade de clarificar documentação de auditoria existente decorrente de comentários recebidos durante as inspeções de monitorização executadas por entidades internas ou externas. 16 ISQC 1, parágrafo 47 17 ISQC 1, parágrafo A61 A U D IT O R IA A U D IT O R IA 175 ISA 230 APÊNDICE DOCUMENTAÇÃO DE AUDITORIA Apêndice (Ref: Parágrafo 1) Requisitos Específicos de Documentação de Auditoria em Outras ISA Este apêndice identifica os parágrafos de outras ISA que contêm requisitos específicos de documentação. Esta lista não substitui a consideração dos requisitos e o respetivo material de aplicação e outro material explicativo das ISA. • ISA 210, Acordar os Termos de Trabalhos de Auditoria – parágrafos 10-12 • ISA 220, Controlo de Qualidade para uma Auditoria de Demonstrações Financeiras – parágrafos 24-25 • ISA 240, As Responsabilidades do Auditor Relativas a Fraude numa Auditoria de Demonstrações Financeiras – parágrafos 44-47 • ISA 250, Consideração de Leis e Regulamentos numa Auditoria de Demonstrações Financeiras – parágrafo 29 • ISA 260, Comunicação com os Encarregados da Governação – parágrafo 23 • ISA 300, Planear uma Auditoria de Demonstrações Financeiras – parágrafo 12 • ISA 315, Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção Material Através do Conhecimento da Entidade e do Seu Ambiente – parágrafo 32 • ISA 320, A Materialidade no Planeamento e na Execução de uma Auditoria – parágrafo 14 • ISA 330, As Respostas do Auditor a Riscos Avaliados – parágrafos 28-30 • ISA 450, Avaliação de Distorções Identificadas Durante a Auditoria – parágrafo 15 • ISA 540, Auditar Estimativas Contabilísticas, Incluindo Estimativas Contabilísticas de Justo Valor e Respetivas Divulgações – parágrafo 23 • ISA 550, Partes Relacionadas – parágrafo 28 • ISA 600, Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Financeiras de Grupos (Incluindo o Trabalho dos Auditores de Componentes) – parágrafo 50 • ISA 610 (Revista), Usar o Trabalho de Auditores Internos – parágrafos 36 e 37 • ISA 720 (Revista), As Responsabilidade do Auditor Relativas a Outra Informação – parágrafo 25 176ISA 240 NORMA INTERNACIONAL DE AUDITORIA 240 AS RESPONSABILIDADES DO AUDITOR RELATIVAS A FRAUDE NUMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (Aplicável a auditorias de demonstrações financeiras de períodos com início em ou após 15 de dezembro de 2009)1* ÍNDICE Parágrafo Introdução Âmbito desta ISA .......................................................................................... 1 Características da Fraude .............................................................................. 2-3 Responsabilidade pela Prevenção e Deteção da Fraude ............................... 4-8 Data de Entrada em Vigor ............................................................................. 9 Objetivos ...................................................................................................... 10 Definições ..................................................................................................... 11 Requisitos Ceticismo Profissional .................................................................................. 12-14 Discussão entre a Equipa de Trabalho .......................................................... 15 Procedimentos de Avaliação do Risco e Atividades Relacionadas ............... 16-24 Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Material Devido a Fraude ..................................................................................... 25-27 Respostas aos Riscos Avaliados de Distorção Material Devido a Fraude ..................................................................................... 28-33 Avaliação da Prova de Auditoria ................................................................... 34-37 Auditor Incapaz de Continuar o Trabalho ..................................................... 38 1 * As emendas a esta ISA como consequência da revisão da ISA 610 (Revista), Usar o Trabalho de Auditores Internos, serão aplicáveis a auditorias de demonstrações financeiras de períodos findos em ou após 15 de Dezembro de 2013. A U D IT O R IA A U D IT O R IA 177 ISA 240 AS RESPONSABILIDADES DO AUDITOR RELATIVAS A FRAUDE NUMA AUDITORIA DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Declarações Escritas ..................................................................................... 39 Comunicações à Gerência e aos Encarregados da Governação .................... 40-42 Comunicações às Autoridades Legais e Reguladoras