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Unidade V - Região Concentrada do Brasil

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Regionalização do Brasil
Região Concentrada do Brasil
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Flávio Bezerra da Silva 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
5
•	Região Concentrada
•	A ocupação da região
•	As Políticas Neoliberais
Esta Unidade trata de temas sobre a Região Concentrada no Brasil e seu processo de 
ocupação, dando ênfase nos processos pós anos 1990. 
Para melhor compreensão do tema, é essencial entender a relação do atual período do meio 
técnico-científico-informacional e as novas formas de produção existentes. 
Para isso, leia atentamente o texto, assista aos vídeos e realize as atividades propostas. 
A temática desta Unidade é a Região Concentrada do Brasil, 
definição dada para a região brasileira de maior atividade 
econômica e de maior densidade técnica e informacional. 
Região Concentrada do Brasil
•	A Agroindústria e o uso do território
6
Unidade: Região Concentrada do Brasil
Contextualização
Podemos dizer que a tecnologia e o capital passam a subordinar, em parte, a própria natureza, 
reproduzindo artificialmente algumas das condições necessárias à produção agrícola, cada vez 
mais dependente dos insumos gerados pela indústria, cuja produção transformou o conjunto 
de instrumentos de trabalho agrícola. Inúmeras pesquisas tecnológicas voltadas para o setor 
desenvolveram uma gama incontável de novos produtos químicos, na tentativa de suprir as 
deficiências do solo, prevenir as doenças das plantas, combater as pragas das plantações, aumentar 
o rendimento por hectare, produzir no laboratório sementes mais produtivas; de construir maquinas 
para semear, cultivar, colher, irrigar o solo, e uma quantidade incomensurável de outras inovações, 
proporcionando maior rendimento por hectare.
Com a difusão desse novo conjunto técnico na atividade agrícola, sua realização tornou-se 
crescentemente dependente do processo científico-técnico de base industrial, minimizando a anterior 
vantagem relativa representada pela produção localizada nos melhores solos, nas topografias mais 
adequadas, entre outras. Aumentou, assim, a possibilidade de aproveitamento dos solos menos 
férteis e de ocupação intensiva de territórios antes desprezados para tal atividade. Consoante às 
palavras de Graziano da Silva, a produção agropecuária deixou de ser uma esperança ao sabor 
das forças da natureza para se converter numa certeza sob o comando do capital, perdendo a 
autonomia que manteve em relação aos outros setores da economia durante séculos. Assim, se 
os solos não forem suficientemente férteis, aduba-se; se as chuvas forem insuficientes, irriga-se; se 
ocorrerem pragas e doenças utilizam-se defensivos químicos ou biológicos.
Fonte: ELIAS, Denise. Globalização e agricultura: a Região de Ribeirão Preto. São Paulo: Edusp, 2003, p. 61-2. 
O texto da geógrafa Denise Elias demonstra como atualmente o processo técnico-científico 
está relacionado a esta fase do capitalismo global e à produção agropecuária. 
Vivemos o período da acumulação flexível e do meio técnico-científico-informacional, que 
tornam a relação com a produção agrícola cada vez mais artificial. 
A Região Concentrada do Brasil é onde estas condições se estabelecem com mais força, tanto 
nas atividades agropecuárias, quanto nas industriais e/ou nas atividades de serviços. 
Observe no texto teórico da disciplina de que forma isso vem ocorrendo. 
7
Região Concentrada
Nesta Unidade, trataremos sobre a Região Concentrada, definida por Milton Santos e Maria 
Laura Silveira (2001). 
Iniciaremos com algumas afirmações sobre a concepção de Região Concentrada e de meio 
técnico-científico-informacional e, posteriormente, trataremos do processo de ocupação 
da região, dando ênfase ao período mais recente desta ocupação e a algumas atividades 
econômicas desenvolvidas. 
Região Concentrada e o meio técnico-científico-informacional
A Região Concentrada é formada pelos estados do Sul do Brasil (Rio Grande do Sul, Paraná e 
Santa Catarina), bem como do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo) – 
ver figura 1 – que englobam a região de maior densidade técnica e informacional do Brasil. 
Figura 1: Regiões Propostas - 4 Brasis.
Centro-oeste
Concentrada
Nordeste
Amazônia
Fonte: Wikimedia Commons
 Trata-se da região de comando do ponto de vista da produção econômica, da concentração 
industrial, do maior número de exportação/importação (em dólares), da centralidade de serviços 
especializados (terciário moderno), de consultorias especializadas, de produção científica, de 
concentração de universidades e instituições de pesquisas, entre outras atividades.
Além disso, há grande concentração dos sistemas de engenharias, sistemas de infraestruturas, 
relacionados principalmente à fluidez do capital econômico. Trata-se de sistemas de portos 
marítimos e fluviais, portos secos, rodovias, ferrovias, aeroportos, sistemas de cabo de fibra 
ótica, entre outros sistemas de objetos que se concentram nesta região.
8
Unidade: Região Concentrada do Brasil
Como diz Milton Santos (1997), estes sistemas técnicos revelam a história da região: 
Na realidade, toda técnica é história embutida. Através dos objetos, a técnica é 
história no momento da sua criação e no de sua instalação e revela o encontro, 
em cada lugar, das condições históricas (econômicas, socioculturais, políticas, 
geográficas), que permitiram a chegada desses objetos e presidiram à sua operação. 
A técnica é tempo congelado e revela uma história (SANTOS, 2006, p. 40). 
Neste sentido, todos estes sistemas de objetos têm um uso social principalmente corporativo, que 
atendem majoritariamente aos atores sociais hegemônicos (grandes empresas, multinacionais, 
agronegócio etc.), mais do que um uso social para toda a população. 
Assim, de alguma forma, tais sistemas técnicos são o reflexo da globalização da economia 
como diz Milton Santos:
Os espaços assim requalificados atendem sobretudo aos interesses dos atores 
hegemônicos da economia, da cultura e da política e são incorporados plenamente 
às novas correntes mundiais. O meio técnico-científico-informacional é a cara 
geográfica da globalização (SANTOS, 2006, p. 197).
Dessa maneira, como afirma o autor, a Região Concentrada atende aos interesses da 
acumulação capitalista, pois esta concentração de sistemas técnicos facilita as trocas, a circulação 
e o consumo numa só região. Mas mesmo dentro da Região Concentrada, há maior densidade 
técnica em alguns territórios ou em algumas regiões do que em outras. 
Além disso, há muita pobreza na Região Concentrada. Há inúmeras favelas, cortiços, 
expropriação do trabalho no campo, exploração do trabalhador, ou seja, o mesmo processo 
que acumula capital e concentra poder econômico também amplia as desigualdades.
Neste sentido, o meio técnico-científico-informacional é produzido e imbuído de ciência. 
Tanto nas engenharias (civil, mecatrônica, elétrica etc.), que produz sistemas de engenharias e 
infraestruturas, como por exemplo a biotecnologia usada no agronegócio, caso da produção do 
álcool no estado de São Paulo. 
Numa destilaria de álcool, por exemplo, há muita técnica e informação para que haja 
produtividade. Há uma precisão e investimentos em sistemas técnicos para que seja produzido 
álcool no lugar de açúcar. Quando se usa a expressão informacional, estamos dizendo que os 
sistemas técnicos são informacionais. 
Tais objetos contêm informação (já elaborada e criada cientificamente) para funcionarem 
plenamente. Por isso, o período denomina-se meio técnico-científico-informacional. Assim, é o 
que Milton Santos (2006) chama de tecnociência a serviço geralmente do capitalismo. 
A seguir, vamos explicar sucintamente o processo de ocupação da região, dando ênfase ao 
período técnico que se inicia no final do século XIX – Segunda Guerra Mundial e no período do 
meio técnico-científico-informacional. 
9
A ocupação da região
No período colonial, a capital desta parte do que viria a ser o Brasil eraa cidade de 
Salvador (1549-1763) e depois foi transferida para o Rio de Janeiro (1763-1960). Nesta 
época, a produção econômica de onde atualmente consideramos Região Concentrada não 
era tão importante para Portugal. 
Tornou-se alvo de maior interesse português quando se descobriu ouro e diamantes nas 
Minas Gerais, nome dado devido ao descobrimento das minas. 
No Sul, principalmente no Rio Grande do Sul (Capitania de São Pedro), havia uma história 
mais relacionada aos países vizinhos (Argentina e Uruguai) do que propriamente ao Brasil. 
Houve várias disputas territoriais com os vizinhos, bem como as missões religiosas que se 
instalaram onde hoje é o oeste do Rio Grande do Sul. 
A ocupação no Rio Grande do Sul era feita com a criação de gado em grandes estâncias, 
nas planícies (pampas) gaúchas, cujo charque era levado pelos tropeiros até as regiões mais 
adensadas do Brasil, caso da Zona da Mata Nordestina.
Só no século XIX, pós 1850, houve mudanças que causaram maior inserção da região 
de São Paulo na produção capitalista e alçou a então província de São Paulo a uma 
intensificação da urbanização. 
As modernizações do território em São Paulo, decorrentes da expansão cafeeira, com a 
introdução do sistema ferroviário, investimentos em infraestrutura para exportação e ampliação 
das atividades comerciais, aceleraram a valorização das terras e colocou São Paulo, a partir daí, 
como a principal centralidade econômica do Brasil.
Com a crise econômica mundial de 1929, que redundou na quebra da exportação do café 
brasileiro, houve investimentos em indústrias, como forma de possibilitar novas formas de 
acumulação do capital. 
Ao longo do século XX, houve políticas industriais que privilegiaram o Sudeste brasileiro. 
Primeiramente, no governo Vargas (1930-1945), houve investimentos da industrialização 
de indústria pesada, caso da siderurgia. Citamos como exemplos a Companhia Siderúrgica 
Nacional (CSN), em 1941, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro e a Companhia do Vale do 
Rio Doce (atual Vale), em 1942, em Minas Gerais, para exploração de minerais. 
A concepção nacionalista do governo Vargas era criar empresas estatais para que o Brasil 
não ficasse dependente do exterior, num processo que ficou conhecido como substituição de 
importações, já que o Brasil poderia produzir, em nosso território, produtos antes importados, 
caso do aço, por exemplo. 
Nessa época, alguns fatores concorreram para incentivo e maior industrialização no Sudeste, 
principalmente no Estado de São Paulo, entre eles, destacamos:
 · Maior concentração já preexistente de sistemas técnicos na região, caso de redes 
elétricas, ferrovias (e posteriormente de rodovias);
 · Maior concentração populacional e de mercado consumidor; 
10
Unidade: Região Concentrada do Brasil
 · Rede de sistema financeiro e bancário já preexistente, devido principalmente à 
economia cafeeira.
Estas densidades técnicas já preexistentes foram importantes, bem como as políticas 
governamentais, que induziram a maior ocupação industrial na região. 
Já no governo JK (1956-1961), com ampliação da construção de rodovias e o incentivo 
à política industrial por meio do apoio à entrada do capital estrangeiro e das empresas 
multinacionais, criaram-se parques industriais e também de produtos de bens de consumo.
A indústria automobilística foi uma das maiores beneficiadas pelo discurso 
desenvolvimentista pelo binômio rodovia-automóvel. O Brasil estava se urbanizando cada 
vez mais, a população morando nas grandes cidades ou nas metrópoles do Sudeste, caso 
do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Então, a energia elétrica e o consumo 
de produtos industrializados, caso dos eletrodomésticos (geladeiras, televisão etc.) se 
intensificaram neste período, pós anos 1960-1970. 
Se no período inicial dos anos 1970 o Brasil vinha de um crescimento econômico, período 
conhecido como milagre econômico, pós-crises mundiais do petróleo (1973 e 1979), os 
problemas econômicos brasileiros se intensificaram com alta inflação, desemprego, menor 
investimento industrial etc.
No II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), em 1975, houve uma política de incentivo 
à produção de álcool para buscar uma alternativa ao uso do petróleo como combustível, 
denominado Proálcool. Esta política levou ao incentivo da produção agroindustrial da cana de 
açúcar no estado de São Paulo.
A década de 1980 foi chamada por economistas de década perdida, devido aos problemas 
econômicos brasileiros que ampliaram a pobreza já existente nas décadas anteriores e aumentou 
o número de favelas nas grandes cidades. 
Então, se o Sudeste tinha a maior produção (PIB), a maior concentração populacional e 
mercado consumidor, tinha, também, a maioria dos pobres e desempregados ou subempregados 
do Brasil, em parte morando precariamente. 
As Políticas Neoliberais
 
Nos anos 1990, com as políticas neoliberais, a lógica do desenvolvimento ocorre por meio 
de privatizações, investimentos público-privados, desregulamentações, leis trabalhistas mais 
flexíveis, desconcentração industrial etc.
Situações que David Harvey denominou sistema de acumulação flexível, no qual as empresas 
diminuem o número de trabalhadores fixos, fazem mais subcontratos e terceirização da mão de obra. 
Trata-se de um modelo de transição capitalista, com expansão geográfica das empresas, 
tendência de oligopolização (poucas empresas detêm o controle de um determinado produto 
ou serviços), usando o trabalhador e a flexibilidade nas leis trabalhistas para acumular capital. 
11
Desse modo, há uma concentração de capital nas mãos de poucas empresas e, ao mesmo 
tempo, uma desconcentração espacial destas, buscando novos territórios para a produção e 
também novos mercados consumidores.
Além disso, há o aumento do trabalho no setor de serviços, apoiado pelos usos de novas 
tecnologias e de novos sistemas técnicos de produção ou de serviços, esta última condição típica 
situação das grandes cidades ou das metrópoles. 
Assim explica o geógrafo David Harvey sobre acumulação flexível:
[...] flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos 
produtos e padrões de consumo e (...) caracteriza-se pelo surgimento de setores 
de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços 
financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de 
inovação comercial, tecnológica e organizacional (HARVEY, 1992, p.121).
Esta desconcentração industrial, no caso da Região Concentrada, levou a novas áreas 
industriais, por exemplo, no interior paulista, com um polo na Região de Campinas, no qual 
se estabelece a relação da tecnociência, com apoio de pesquisas das instituições de Ensino 
Superior vinculadas aos interesses das empresas. 
Você Sabia ?
A região de Campinas, distante aproximadamente 100 km do mais importante centro urbano do 
país, a cidade de São Paulo, acumula indicadores socioeconômicos que a tornaram conhecida 
dentro e fora do Brasil:
 · 2,5 milhões de pessoas, distribuídas na região metropolitana formada por 19 municípios;
 · PIB de US$ 26,7 bilhões, inferior apenas aos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e 
Minas Gerais;
 · Contribui com 5,9% do PIB brasileiro;
 · Renda per capita de R$ 10.774,00 (a renda per capita nacional é de R$ 9.743,00);
 · 14.027 empresas de serviços;
 · 19.974 empresas comerciais;
 · 5.478 indústrias;
 · População economicamente ativa de 1.304.282 pessoas;
 · 50 filiais das 500 maiores empresas do mundo instalados na área;
 · 10% da produção industrial nacional, em setores diversificados, tais como: automotivo, 
têxtil, metalúrgico, alimentício, petroquímico, produtos farmacêuticos, telecomunicações, 
eletro-eletrônicos, informática, química fina, mobiliário e cerâmica, entre outros. 
 · Quatro universidades: a Unicamp, a PUC Campinas, as Faculdades de Campinas e a 
Universidade Paulista, reunindo em torno de 70.000 estudantes;
 · Renomada produção agrícola de fruticultura especializada, inclusive para exportação;· De cada três toneladas de produtos de importação e exportação no país, uma tonelada 
passa por Campinas.
Fonte:http://www.cendotec.org.br/pdf/dossiecampinaspr.pdfhttp://www.cendotec.org.br/pdf/dossiecampinaspr.pdf
12
Unidade: Região Concentrada do Brasil
Neste período, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), houve a vinda de indústrias 
automobilísticas (veículos e motores), com destaque para a Renault (carros), Audi/Volkswagen 
(carros), Detroit Diesel, Volvo (caminhões pesados) e New Holland (tratores agrícolas). 
Por meio de apoio do Estado do Paraná e de incentivos fiscais, tais empresas buscaram se 
instalar em municípios da região, caso de Santo Antônio dos Pinhais (ver Tabela 1).
Tabela 1. Número de Empresas do Setor Automotivo da RMC.
Município Empresas Empregos
Curitiba 81 14.731
São José dos Pinhais 42 6261
Araucária 14 921
Campo Largo 12 438
Pinhais 10 416
Colombo 3 297
Demais municípios 22 2015
Total 190 25.079
Fonte: Dados elaborados pelo ODI/PR, com base em Dinâmica e tendências do setor automotivo: Região 
Metropolitana de Curitiba, 2009.
Estas empresas formam um circuito espacial de automotivos, com as empresas montadoras, 
mas também empresas de autopeças, de pneus, de pintura, escapamentos etc. 
Conforme aponta Sesso Filho (2004), houve apoio do Estado para a instalação das 
empresas, mas a quantidade de empregos gerados ficou aquém do esperado, considerando-se 
o investimento feito pelo governo:
A indústria automobilística no Paraná recebeu incentivos fiscais, financeiros 
e de infraestrutura do governo do Estado para a instalação de empresas na 
região de Curitiba, com previsão de surgimento de novos empregos e aumento 
da produção (...) apresenta como principal entrave à falta de tradição de 
fornecimento, pequeno mercado consumidor e forte concorrência no setor. 
Além disso, os efeitos esperados sobre a economia estadual, no que se refere à 
geração de empregos, não se confirmaram, gerando dúvidas sobre os benefícios 
advindos da política implementada (SESSO FILHO et alii, 2004, p. 91). 
Há também, neste caso, a junção de apoio do governo mediante incentivos fiscais e dotação 
de infraestrutura, com mão de obra qualificada da região, já que a RMC tem formação superior 
pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUC-PR), pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR), bem como há 
a Incubadora Tecnológica de Curitiba (Intec) e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). 
Há, ainda, como afirmam os pesquisadores:
O Centro Automotivo, parceria entre a Federação das Indústrias do Paraná 
(FIEPR), SENAI, Cefet-PR, Isad-PUC e as montadoras, contribui de forma 
importante para o desenvolvimento da indústria automobilística. Este órgão 
treina pessoas para trabalhar no setor por meio da oferta de cursos em operações 
de lataria, montagem de carros, logística e solda (SESSO FILHO et alii, 2004).
13
Este é um exemplo do meio técnico-científico-informacional do qual Milton Santos trata, bem 
como o do polo tecnológico e de conhecimento da Região Metropolitana de Campinas, no qual 
se juntam os interesses das empresas, com apoio do governo, e da ciência. 
Como dizem Milton Santos e Maria Laura Silveira:
Na medida em que essas grandes empresas arrastam, na sua lógica, outras 
empresas, industriais, agrícolas, e de serviços, e também influenciam fortemente 
o comportamento do poder público, na União, nos Estados e nos municípios, 
indicando-lhes formas de ação subordinadas, não será exagero dizer que 
estamos diante de um verdadeiro comando da vida econômica e social e da 
dinâmica territorial por um número limitado de empresas. Assim, o território 
pode ser qualificado como corporativo [...] (SANTOS; SILVEIRA, 2001, p. 291). 
Tornam-se práticas corporativas, ou seja, das corporações, das empresas, em detrimento de 
um uso social para todos. Embora possa se considerar a produção industrial importante, bem 
como a geração de empregos, há de se ter políticas de habitação social, de transporte para 
mobilidade urbana, entre outras ações que também sejam importantes para os mais pobres.
A Agroindústria e o uso do território
Com a intensificação do processo de globalização econômica, a forma de produzir no campo 
mudou radicalmente nas últimas décadas e são imperativas novas técnicas, tecnociência, novos 
equipamentos e mudanças nas relações de propriedade e trabalho. 
Se antes o agricultor era um agregado numa grande propriedade rural ou tinha sua própria 
propriedade e era um agricultor familiar, hoje, as formas capitalistas transformam estas condições. 
As propriedades ditas modernas utilizam biotecnologia, equipamentos modernos e possuem 
crédito no mercado, cujos proprietários menores ou familiares geralmente não alcançam. Ter 
um latifúndio, mesmo que improdutivo, serve na hora de pedir empréstimo, pois há bens para 
serem considerados na solicitação do empréstimo. 
A geógrafa Denise Elias explica como é esta agricultura globalizada:
Com a biotecnologia, muito do que era apenas ficção antes da revolução 
tecnológica pode se transformar em realidade. A engenharia genética propiciou 
o melhoramento genético das plantas e animais; criou novas espécies de plantas 
mais resistentes às intempéries, às pragas e doenças; diminuiu o ciclo produtivo 
de algumas culturas, viabilizando maior número de safras; adequou algumas 
plantas a solos adversos etc., além de ser vetor para a eficiência dos demais 
insumos modernos (fertilizantes inseticidas etc.). Dessa forma, as transformações 
do setor agropecuário, que já se processavam de modo notável com o uso 
das inovações mecânicas e físico-químicas, com a difusão da biotecnologia 
procederam-se de maneira muito mais acelerada, causando metamorfoses 
radicais nessa atividade, que passou a se realizar cada vez mais calcada na 
lógica da produção industrial (ELIAS, 2003, p. 88). 
14
Unidade: Região Concentrada do Brasil
Um exemplo dessa situação apontada pela autora ocorre no Oeste de Santa Catarina que, 
segundo definição do Instituto Brasileiro de Estatística e Pesquisa (IBGE), forma a mesorregião 
Oeste de Santa Catarina e conta com 118 municípios, formada principalmente por pequenos 
municípios, em termos de população. Na Mesorregião Oeste Catarinense há cinco microrregiões, 
que são: São Miguel do Oeste, Chapecó, Xanxerê, Joaçaba e Concórdia.
A região tornou-se destaque na produção agroindustrial de aves e carnes suínas, num 
complexo de agroindústria e agropecuaristas familiares. Neste contexto de capitalismo no campo 
e de produção globalizada, a região foi transformada e submetida a uma reestruturação na 
produção para atender as empresas exportadoras instaladas na região, caso da Sadia, Perdigão 
e Aurora, entre outras, tornando o circuito espacial de produção um sistema agroindustrial . 
Neste sistema, cabe aos agropecuaristas familiares cumprirem rigorosamente os prazos, as 
determinações técnicas da produção e os preços definidos pelas agroindústrias para a criação 
de aves e/ou suínos, principalmente. Já as empresas agroindustriais fornecem matrizes das 
espécies, rações, apoio técnico e transporte. 
Na seleção de matrizes, há conhecimento da tecnociência para definir a espécie que tem 
maior produtividade, com melhoramento genético, e uma cooptação dos agricultores para se 
submeterem às empresas, pois são elas que fazem a comercialização e definem preços. 
Conforme afirma a pesquisadora Ana Sílvia Piva (2010), num primeiro momento, houve uma 
expansão horizontal, ou seja, na medida em que a demanda aumentava, fosse para produzir 
aves, fosse para produzir suínos para os frigoríficos, as empresas aumentavam os números de 
agropecuaristas familiares, por unidade de produção, para produzirem para as empresas. Assim, 
faziam novos contratos e aumentavam a expansão territorial da produção.
Mas, mais recentemente, este processo foi se tornando mais vertical, ou seja, com definições vindas 
das empresas cujos agricultores deveriamcumprir as determinações, como explica a pesquisadora:
Os anos posteriores, contudo, trazem a mudança da escala produtiva e a 
imposição, mesmo que de forma gradual, de padrões de ritmo, intensidade e 
de tecnologia aos agricultores, ao mesmo tempo em que são exigidos custos 
reduzidos. Uma vez que uma maior quantidade de integrados exige maior 
número de técnicos para fiscalizar as unidades produtivas, assim como um 
maior número de meios de transporte para distribuir e coletar a produção, a 
seleção de agricultores acontece. Esse processo acaba por tipificar os agricultores 
conforme seu rendimento de produção, deixando de lado aqueles considerados 
não produtivos ou então menos modernizados (PIVA, 2010, p.52).
Isso demonstra como o processo capitalista induz às formas de produção, define preços 
e estipula as formas de produção; neste sentido, é uma lógica vertical que define a vida e 
trabalho do produtor. 
Já no Estado de São Paulo, pós anos 1990, houve a expansão da produção de cana de 
açúcar (ver Figura 2), que já era tradicional na Região de Ribeirão Preto, por exemplo, e foi se 
deslocando também para novas regiões do Estado. 
Em virtude do Programa do Etanol do governo federal, que induziu a produção de combustível 
para o Brasil por meio da produção do álcool, bem como a partir da produção de carros flex 
(que possibilita o uso de gasolina ou álcool), aumentou a demanda por álcool. 
15
Figura 2. Produção de Cana de açúcar no Estado de São Paulo.
 
Fonte: canalciencia.ibict.br
A produção do setor sucroalcooleiro ocorre de diferentes modos: por meio de contratos 
por fornecedores integrados de cana; por fornecedores independentes; por produção na 
própria terra do usineiro; e, por fim, em terras arrendadas pela usina. Cabe ao Estado (níveis 
federal e estadual, principalmente) benefícios fiscais e crédito, e são as empresas que farão a 
comercialização (CASTILLO, 2014). 
É na Usina que ocorre a produção de açúcar ou álcool. Até os anos 2000, ainda havia muitos 
casos de queimadas na produção da cana de açúcar e de trabalho em condições precárias. 
Devido a alguns termos de ajustes ambientais, caso do Protocolo Agroambiental, tal prática 
de queimada vem sendo reduzida em São Paulo, o que denota melhorias no nível estadual 
em relação a esta prática. As usinas que participarem e cumprirem as metas do Protocolo 
Agroambiental paulista ganham um selo de “Etanol Verde”, que facilita a venda do álcool, 
inclusive para a exportação. 
Como há reconhecimento global do uso do álcool como combustível alternativo e com menor 
emissão de CO² (gás carbônico) do que os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás), isso traz 
ganhos a estas medidas que mitiguem os impactos ambientais de poluição do ar. 
Como explica o pesquisador Luís Marcelo Moreno: 
O setor sucroenergético acompanha esses movimentos e tira proveito destas 
informações para aumentar seus ganhos. Em alguns casos, os empresários 
traçam estratégias que não visam ao lucro imediato, mas são medidas que trarão 
ganhos futuros e vão ao encontro da necessidade da sociedade por energias 
renováveis. Estas medidas são usadas em ações política e estratégicas, de forma 
a influenciar governantes nacionais e internacionais a usarem combustíveis 
limpos e sustentáveis (MORENO, 2011, p. 38). 
16
Unidade: Região Concentrada do Brasil
Do ponto de vista do trabalhador, o Ministério do Trabalho tem buscado coibir formas análogas 
à escravidão. O trabalho do cortador de cana de açúcar ainda ocorre por produtividade e por 
muito tempo era comum trabalharem exaustivamente e ocorrerem casos de morte devido a tais 
condições de trabalho. 
Contudo, ainda há casos de trabalhadores temporários, muitas vezes migrantes de outras 
regiões do Brasil, que vêm para o corte de cana e são submetidos a trabalho exaustivo, às vezes, 
mais de 16 horas de trabalho diário, com alimentação e/ou formas de alojamento inadequadas. 
Essa quantidade de tempo no trabalho ocorre porque o trabalhador ganha por produtividade 
de área de número de cana colhida e cortada; então, ele trabalha mais, para ganhar mais. 
Atualmente, os proprietários das áreas de plantação estão investindo em colheitadeiras como 
forma de ampliar a mecanização da atividade agrícola na cana de açúcar, o que, de um lado, 
pode ampliar a produtividade e, de outro, desempregar os cortadores de cana. 
Assim, nestes dois exemplos da agricultura no campo, evidenciam-se os processos capitalistas 
transformando as relações de trabalho no campo. 
Como afirmam Milton Santos e Maria Laura Silveira:
Consolidam-se, outrossim, belts modernos destinados à produção de laranja e 
cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, vinculados sobretudo ao fornecimento 
para a produção de suco para o estrangeiro e à fabricação de álcool. Mas 
também se reafirmam como modernos os cinturões de soja, trigo, algodão, 
milho, arroz, fumo e uva nos Estados sulinos. Numerosas empresas de aviação 
agrícola perfazem essa agricultura moderna, permitindo o controle e a aplicação 
de fertilizantes e pesticidas por vias áreas (SANTOS; SILVEIRA, 2001, p. 270). 
Logo, as formas de produção na Região Concentrada vão se modernizando, mas, ao mesmo 
tempo, excluindo vários agricultores do processo. Os produtos dessa agricultura globalizada são 
armazenados; em alguns casos, passam pela produção industrial nas agroindústrias e, em geral, 
vão para as rodovias e depois para os portos para serem exportados. 
Além disso, a Região Concentrada possui inúmeras Regiões Metropolitanas. Nestas regiões, 
a gestão de serviços é sua principal atividade econômica. Serviços de saúde, de consultorias em 
meio ambiente, auditorias, serviços de tecnologia de ponta, marketing e publicidade e produção 
de conhecimento e difusão de informações, principalmente no Sudeste brasileiro. 
Concentram-se as mídias televisivas, os jornais online e impressos, as Instituições de Ensino 
Superior, as grandes empresas comerciais varejistas, os grandes empreendimentos caso de 
shoppings centers, que coexistem com o comércio popular ou da classe média, com camelôs e 
outras formas do circuito inferior da economia. 
Desse modo, a Região Concentrada concentra poder, terras, produção, serviços especializados, 
tecnociência, mas também há muitos pobres, favelas e outras formas de existência na região. 
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Material Complementar
Para aprofundar seus conhecimentos, leia o material e assista aos vídeos indicados a seguir.
 
 Explore
ELIAS, Denise. Globalização e agricultura: a Região de Ribeirão Preto. São Paulo: 
Edusp, 2003. 
 
 Explore
Matérias Jornalísticas
Rede Globo (2min58). Produtores de cana de açúcar investem em mecanização da 
colheita em São Paulo. Disponível em: 
 » http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/produtores-de-cana-de-acucar-
investem-em-mecanizacao-da-colheita-em-sao-paulo/2066242/
TV Tem – Rede Globo (3min02). Nova tecnologia permite usina aproveitar bagaço da 
cana e aumentar a produção de álcool em 50%. Disponível em: 
 » http://www.youtube.com/watch?v=KFhmpahNZsI
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/produtores-de-cana-de-acucar-investem-em-mecanizacao-da-colheita-em-sao-paulo/2066242/
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/produtores-de-cana-de-acucar-investem-em-mecanizacao-da-colheita-em-sao-paulo/2066242/
http://www.youtube.com/watch%3Fv%3DKFhmpahNZsI
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Unidade: Região Concentrada do Brasil
Referências
CASTILLO, Ricardo. Região competitiva e circuito espacial produtivo: a expansão 
do setor sucroalcooleiro (complexo cana-de-açúcar) no território brasileiro. Disponível 
em: http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/
Geografiaespacial/60.pdf. Acesso em: 20 jul. 2014.
ELIAS, Denise. Globalização e agricultura: a Região de Ribeirão Preto. São Paulo: 
Edusp, 2003. 
HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 
São Paulo: Loyola, 1992.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo.Razão e emoção. São Paulo: 
Edusp, 2006.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século 
XXI. São Paulo: Record, 2001.
PIVA, Ana Silvia. Formação do sistema agroindustrial e os fluxos migratórios na 
Mesorregião Oeste Catarinense. Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina – 
UFSC – Centro Sócio Econômico Departamento de Ciências Econômicas, 2010. 
SESSO FILHO, Umberto Antonio et alii. Indústria automobilística no Paraná: impactos na 
produção local e no restante do Brasil. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, 
n.106, p.89-112, jan./jun. 2004, p. 89-111. 
SILVESTRO, Milton Luiz. Transformações da agricultura familiar e estratégias de 
produção: o caso do Oeste Catarinense. Dissertação (Mestrado em Economia), Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1995.
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Anotações
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Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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