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_Apostila de Redação massa demais

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Apostila de Redação do ENEM 
 
Editado para o word por @futurojaleco// feito por Niva do app Medium 
 
A base de uma boa redação é um bom argumento. Sem o argumento, não adianta nada usar a 
crase direitinho ou citar filósofos que morreram dois mil anos atrás. Tudo isso só serve pra dar 
aquela caprichada na sua argumentação— é o granulado em cima do brigadeiro, só que 
granulado nenhum conserta um brigadeiro sem gosto. 
Quer ver só? Dá uma olhada em como as redações do ENEM são corrigidas: 
 
quem disse que professor de redação não sabe fazer conta 
A nota da redação, que pode chegar até 1000 pontos, é calculada a partir de cinco critérios, cada 
um valendo 200: domínio da escrita formal, mecanismos linguísticos, 
estrutura e conhecimentos, argumentação e proposta de intervenção. 
 
Domínio da Escrita Formal, como o próprio nome já diz, confere se o texto tá dentro das 
regrinhas do português padrão. O corretor vai olhar sua ortografia, concordância, pontuação, uso 
de maiúsculas, etc — o básico. A menos que você teja tão acostumada com o zap que esqueceu 
como se usa acento, não é muito difícil pegar uns 120 pontos aqui. 
 
Já o critério Mecanismos Linguísticos continua avaliando seu português, mas em outro aspecto; 
aqui a questão não é só se você tá escrevendo certinho, mas se as suas frases fazem sentido 
juntas. Se eu disser “Maria estava feliz. Ela escolheu o vestido amarelo”, essas frases estão 
conectadas? Não. E se eu disser “Maria estava feliz, e pra exibir sua felicidade, escolheu o 
vestido amarelo”? Agora sim dá pra entender o que é que uma frase tem a ver com a outra. O 
mesmo vale pra sua redação! Vamos supor, então, que você também tire 120 pontos aqui; até 
agora, sua nota é 240. 
 
Agora a coisa começa a complicar: Estrutura e Conhecimentos avalia dois aspectos da sua 
redação que não têm nada a ver com português. Primeiro, o corretor confere se você seguiu o 
modelo dissertativo-argumentativo; ou seja, se o seu texto tá dentro do tema, dividido em 
introdução, desenvolvimento e conclusão, e se ele tem argumentos. Essa é a parte da estrutura. 
Já a parte do conhecimento tem a ver com você mostrar que entende do problema, reforçando 
seu argumento com referências: exemplos, estatísticas, citações, essas coisas. 
 
Se o critério anterior conferiu se você tem argumentos e se reforçou seus argumentos com 
referências, aqui o negócio é olhar a Argumentação em si. Seu raciocínio é claro? Suas ideias tão 
bem explicadas? Não adianta chegar na redação sobre violência contra a mulher e falar que bater 
em mulher é errado. Que é errado, todo mundo sabe! (Quem dera.) Seu argumento tem que ir 
além. 
 
Por fim, o último critério é o da Proposta de Intervenção. Todo mundo faz o último parágrafo na 
pressa, escrevendo qualquer coisa pra terminar logo, e depois reclama que a nota vem baixa. 
Claro que vem baixa! A proposta vale, sozinha, 200 pontos, só que pra chegar aos 200 ela precisa 
ser bem detalhada e tar amarradinha nos argumentos. Se você explicou a violência contra a 
mulher dizendo que é resultado do machismo, então sua proposta precisa atacar o machismo! 
Parece óbvio, mas se fosse óbvio mesmo eu não taria escrevendo essa apostila. Eu tenho mais o 
que fazer. 
Resumindo: teu português só te garante uns 240 pontos — 400, no máximo, se você usar um 
monte de conectivo chique, tipo “Todavia” e “Ademais”, e tiver o vocabulário de um imortal da 
Academia de Letras. Todo o resto da nota vem dos critérios que analisam seu argumento! 
Isso pode parecer má notícia, mas não é. Matérias como História ou Biologia vão te pedir pra 
decorar, sei lá, quem foi Marquês de Pombal, e aí você decora e o negócio não cai na prova. Fica 
aquela frustração de ter estudado “à toa”. Já a redação não te avalia por sorteio — ela é um teste 
de habilidade. Toda prova de redação avalia seu português e seus argumentos. Sempre. Não 
existe chance de não cair proposta de intervenção, ou de não pedirem pra você argumentar. E já 
que você sabe exatamente no que vai ser avaliada, todo segundo que você passa treinando 
redação ajuda a aumentar sua nota. Eu sei disso porque funcionou comigo. 
Da primeira vez que eu tentei o vestibular, no fim do ensino médio, minha nota na redação foi 
580 — bem ruinzinha. Acabei não passando no curso que eu queria. Quatro anos depois eu resolvi 
tentar de novo, só que praticando redação uma vez por semana. Aí eu tirei 920 e passei em 
Direito na USP. 
Se você, como eu, não fez ensino médio num colégio particular, não pode pagar cursinho e não 
tem muito tempo e memória livres, a sua melhor chance de passar na faculdade é tirar mais de 
900 na redação — caprichando no argumento. E foi pra isso que eu criei a apostila. 
Beleza, então já que a gente sabe que o importante é a argumentação, vamo começar do 
começo: O que é argumentar? 
O QUE É ARGUMENTAR? 
Se o autor faz alguma afirmação, procurando convencer o leitor da verdade do que se está 
afirmando, estamos diante de um argumento. 
Essa é definição de argumento do autor Cezar Mortari, um cara que você só precisa saber quem é 
se tiver prestando o ENEM pra cursar filosofia. Segundo Mortari, argumentar é tentar 
convencer alguém de que uma afirmação é verdadeira. Mas como que é você convence 
alguém de alguma coisa? 
Digamos que uma mãe mande a filha desligar a tevê porque tá na hora de dormir, e a filha diz que 
não precisa dormir agora; que pode assistir desenho até tarde. Essa é uma afirmação: “eu posso 
assistir desenho até tarde”. Olha, eu não sei como você foi criada, mas lá em casa minha mãe 
tacaria um chinelo na minha cabeça por responder assim. Então eu teria que ser mais 
diplomática: eu posso assistir desenho até tarde porque amanhã não tem escola. 
Essa é a diferença entre uma afirmação e um argumento: a explicação. Nós explicamos uma 
afirmação pra que ela seja mais convincente. Você precisa comer verduras porque faz bem pra 
saúde. A escravidão é injusta porqueliberdade é um direito humano. Eu prefiro dar três 
exemplos porque melhora o ritmo do parágrafo. 
 
A fórmula mágica do argumento 
Seguindo essa lógica de que explicar uma afirmação torna ela mais convincente, quanto mais se 
explica uma afirmação, mais convincente ela é. “Você precisa comer verduras porque faz bem 
pra saúde.” Ok. Mas por que faz bem pra saúde? “Porque verduras são ricas em nutrientes, 
como fibras e vitaminas.” Agora a minha afirmação é mais convincente ainda! E dá pra continuar 
explicando: “fibras e vitaminas fazem bem pra saúde porque são nutrientes essenciais ao bom 
funcionamento dos órgãos.” Quanto mais fundo você for, mais convincente é a afirmação 
original; só de escrever esse parágrafo me deu vontade de almoçar salada. (Não vou fazer isso) 
Mas aí você me diz: pera, eu nunca vi correção pedindo pro argumento ser mais convincente. O 
ENEM leva isso em consideração? Leva, só que sob outro nome — o temido senso comum. 
Não existe um argumento que, em si, seja senso comum. Senso comum não é a mesma coisa que 
“clichê”. Não tem problema nenhum você seguir uma linha de raciocínio que não é, digamos, 
um estouro de criatividade. Quer ver só? Olha esse parágrafo de uma redação nota 1000, de 
2016, do tema Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil: 
Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como 
disserta Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até 
o século XIX estava compactada no interior da casa-grande, cuja religião oficial era católica, e as 
demais crenças — sobretudo africanas — eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os 
negros lhes deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é 
razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em 
um Estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença. 
No parágrafo acima, o autor argumenta que as religiões africanas são marginalizadas desde os 
tempos coloniais,
e que isso não é razoável. Agora me diz: esse argumento é muito criativo? Não. 
É um argumento muito original? Não! Todo mundo sabe que a intolerância religiosa com o 
candomblé tem a ver com escravidão. Se um argumento senso comum fosse um 
argumento clichê, o autor tinha perdido ponto — mas ele tirou 1000. Então o que é senso 
comum? 
 
 
o coraçãozinho é parte importante da argumentação 
Quando se diz que um argumento é senso comum, o que se quer dizer é que ele não está muito 
bem explicado. Vamos pegar esse exemplo aí da intolerância. Finge que o autor escreveu assim: 
Em primeiro plano, vê-se que a intolerância contra religiões afro-brasileiras tem suas raízes nos 
tempos coloniais. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, 
pois esta é uma forma de preconceito. 
A ideia é exatamente a mesma de antes, mas aqui ela cai no senso comum. E por quê? Porque eu 
afirmei, mas não expliquei! Volta no parágrafo original e olha a diferença. Lá, o autor explica que 
as religiões africanas eram marginalizadas porque a religião oficial, dos escravagistas, era a 
católica, e que a intolerância deve ser combatida porque o Estado é laico. Ele até usa uma 
referência! Já no segundo parágrafo, nada disso é dito; eu só afirmo e deixo pra lá, como se eu 
achasse que você já concorda comigo. 
Esse é o argumento senso comum — o que acha que não precisa convencer ninguém. Comum, 
aqui, não quer dizer simples, ordinário. Quer dizer compartilhado. Senso comum: o argumento 
que só funciona se nós já compartilhamos a mesma opinião. 
“porque sim” não é argumento! 
Em geral, os argumentos que mais caem no senso comum são os que explicam um fenômeno 
(como a violência contra a mulher, ou a intolerância religiosa) com base em um preconceito 
(como o machismo, ou o racismo), porque é muito fácil se satisfazer com isso, já que todo mundo 
concorda que o problema é preconceito e que o preconceito é ruim. Mas se só o que eu digo é que 
a violência contra a mulher é fruto do machismo, eu ainda não expliquei direito minha 
afirmação. Como o machismo oprime a mulher? O que leva o machista a agredir uma 
mulher? Por que o machismo existe? Nada disso foi explicado. Aí eu meto um pedido de 
“conscientização” no último parágrafo e pronto, fica uma redação senso comum, nota 520. 
Então o único jeito de fugir do senso comum é explicando tudo que você 
afirma, principalmente o que te parecer óbvio. Óbvio é tudo que nós aceitamos sem 
explicação. Argumentos que não explicam o óbvio são argumentos medíocres, que se apoiam no 
que já está estabelecido. Todo mundo sabe que a causa da violência contra a mulher é o 
machismo, então não precisa explicar mais nada. Claro que precisa! Por isso que é uma 
REDAÇÃO, não uma questão de múltipla escolha. Não é a resposta que interessa, é a explicação! 
E já que é a explicação que importa, não existe resposta certa. Você pode dizer que o machismo 
valoriza comportamentos agressivos, e faz o homem se sentir mais homem quando bate na 
mulher; ou que o machismo estimula o controle da mulher, tanto por vias econômicas e 
psicológicas quanto físicas. Tanto faz! O ENEM não está procurando o argumento certo — o que a 
gente quer é um argumento convincente. E pra convencer, só explicando. 
Então vamos exercitar isso. 
EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — I — CRIANDO ARGUMENTOS 
Este primeiro exercício começa com uma afirmação bem simples: “Não-sei-o-quê é bom”. Pode 
ser qualquer coisa: viagem ao espaço, Bolsa Família, acordar às duas da tarde. Pro meu exemplo, 
eu vou usar “Maçãs são boas”, pra ver se minhas alunas pegam a dica e me trazem uma maçã na 
aula. 
AFIRMAÇÃO: Maçãs são boas. 
Essa é minha afirmação original. Pra construir um argumento a partir da minha afirmação eu 
preciso explicá-la, dar um porquê; do contrário, eu estou só afirmando, não argumentando. 
Maçãs são boas PORQUE fazem bem à saúde. 
Essa é a minha primeira explicação: elas fazem bem à saúde. Ótimo! Nossa afirmação já virou 
um argumento, mas ele ainda é bem senso comum. Pra que ele fique mais convincente, 
precisamos aprofundá-lo. Por que maçãs fazem bem à saúde? 
ARGUMENTO 1: Maçãs são boas PORQUE fazem bem à saúde PORQUE combatem o tártaro e 
são ricas em nutrientes. 
Beleza, já temos um argumento mais desenvolvido. Não se preocupa com a repetição do 
“porque”; a gente cuida disso depois, na parte de Mecanismos Linguísticos. 
Agora eu vou construir um segundo argumento a partir da afirmação original. Como nós vimos, 
pra construir um argumento é só explicar a afirmação — dar um porquê. Então a mesma 
afirmação, com uma outra explicação, é um outro argumento. 
Maçãs são boas PORQUE são gostosas. 
Aí aprofundamos o argumento: 
ARGUMENTO 2: Maçãs são boas PORQUE são gostosas PORQUE têm um gosto doce bem 
natural, sem ser enjoativo. 
Pronto! Ao fim desse exercício, temos dois argumentos, que é o número perfeito pra uma 
redação. 
Agora é sua vez. Vou sugerir algumas afirmações, mas você pode criar as suas, se preferir. O 
exercício serve pra qualquer coisa. 
AFIRMAÇÃO 1: Escrever uma redação por semana é bom. 
a) ARGUMENTO 1: Escrever uma redação por semana é bom porque… 
b) ARGUMENTO 2: Além disso, escrever uma redação por semana é bom porque… 
AFIRMAÇÃO 2. Viajar é bom. 
a) ARGUMENTO 1: Viajar é bom porque… 
b) ARGUMENTO 2: Além disso, viajar é bom porque… 
AFIRMAÇÃO 3. Hospitais públicos são bons. 
a) ARGUMENTO 1: Hospitais públicos são bons porque… 
b) ARGUMENTO 2: Além disso, hospitais públicos são bons porque… 
AFIRMAÇÃO 4: Energia elétrica é boa. 
a) ARGUMENTO 1: Energia elétrica é boa porque… 
b) ARGUMENTO 2: Além disso, energia elétrica é boa porque… 
AFIRMAÇÃO 5. Democracia é boa. 
a) ARGUMENTO 1: Democracia é boa porque… 
b) ARGUMENTO 2: Além disso, democracia é boa porque… 
E aí, conseguiu terminar os exercícios? Se você teve dificuldade, não se preocupa. Demora um 
pouquinho pra gente se acostumar a explicar o que diz, mas com o tempo cê pega o jeito. É só 
praticar! E falando em prática, vamos agora à sua primeira proposta de redação. 
PROPOSTA DE REDAÇÃO — I — SÉRIE PREFERIDA 
Essa é uma proposta bem simples, só pra você exercitar mais sua argumentação: eu quero que 
você escreva um texto me convencendo a assistir sua série preferida. Tenta não se importar muito 
com a estrutura, por enquanto; o importante é incluir dois argumentos diferentes, bem 
explicados, pra me convencer. 
Quando você terminar sua redação, faça uma pausa — a apostila não é feita pra ser lida inteira de 
uma vez só. Vê um desenho aí, come um lanche, sei lá. Faz alguma coisa de jovem. Amanhã você 
volta. 
COMO ARGUMENTAR NA REDAÇÃO DO ENEM? 
Agora você já sabe o básico de como convencer alguém, mas o nosso objetivo aqui é melhorar sua 
nota no vestibular— e é claro que não dá pra chegar escrevendo que “respeitar a religião do outro 
é bom”. Seu argumento precisa ser mais sofisticado. Então como é que faz pra argumentar 
no ENEM? 
Se eu te der uma cesta de ingredientes e disser me faz um bolo, sem nenhuma instrução, é capaz 
que você entre em pânico. Com a redação é a mesma coisa. A gente chega na prova, olha os 
textos, olha o tema, olha a folha em branco e surta — não sabe por onde começar. 
Por isso é que na hora de fazer um bolo a gente usa uma receita, que te diz direitinho quais são 
os ingredientes e qual tipo de fermento é o certo, ou sei lá. Algo assim. Devia ter escolhido outra 
analogia, eu não sei fazer bolo. Enfim, é a receita que te guia; então eu vou te dar uma receita de 
como fazer redação no ENEM, pra você seguir e não surtar. 
Minha receita usa cinco perguntas: 
Qual é o problema? 
Por que isso é um problema? 
Por que esse problema existe? 
O que apoia meu ponto de vista sobre o problema? 
Como é que eu resolvo o problema? 
Vamos começar pela primeira. 
1. QUAL É O PROBLEMA? 
Você já sabe que o ENEM quer que a gente explique nosso ponto de vista, mas não é pra 
explicar qualquer ponto de vista. Cê não pode concluir uma redação sobre mobilidade urbana
falando “Portanto, vê-se que a série How I Met Your Mother é claramente superior a Friends”. 
Se o corretor lê um negócio desses ele zera tua nota, e não é porque ele é fã de Friends; é porque 
isso é fuga do tema. Então nossa primeira tarefa aqui, antes de qualquer coisa, é descobrir do 
que é que a gente tem que falar. Ou seja — qual é o problema? 
Vejamos o tema do ENEM 2018: 
 
??? 
Muita gente fez essa redação toda direitinha, montando a estrutura perfeita, deixando tudo bem 
explicado e citando um monte de filósofo. Aí quando foi olhar o resultado em janeiro só faltou 
morrer do coração, porque a nota ficou ali pelos 460. O que houve? Pra nota vir tão baixa, só 
pode ter sido uma coisa: a redação não abordou o problema! 
Toda redação do ENEM gira em torno de um problema — uma questão social, complexa, sem 
resposta fácil. Cê nunca vai abrir a prova e ver o tema Caminhos para impedir um gato de andar 
no teclado do notebook enquanto você escreve uma apostila. Tem que ser algo mais amplo, mais 
sério. Por exemplo: 
 
enem também é poesia 
Em 2014, o tema do ENEM foi esse aí de cima: publicidade infantil em questão no Brasil. O 
assunto tava na boca do povo porque até então a publicidade infantil era liberada, mas aí o 
Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) decidiu que essa prática é 
abusiva, e proibiu. Como é um problema social, complexo e sem resposta fácil, virou tema do 
ENEM. 
Mas o que é “publicidade infantil”? 
 
Pra identificar o problema, sua primeira estratégia tem que ser a definição. Você circula cada 
palavra-chave do tema, isto é, as partes importantes, e aí define cada uma, igual no dicionário. O 
que é publicidade? Publicidade é propaganda, divulgação de produtos. E infantil? É alguma coisa 
pra criança. E Brasil? Brasil quer dizer que o problema tá no nosso país (e não em outros). 
Então vamo juntar essas definições e reescrever o tema: 
 
A importância de definir cada palavra do tema é a mesma de olhar um endereço no Maps antes 
de sair de casa: só dá pra chegar no lugar certo se você sabe exatamente pra onde tá indo. Nesse 
tema aí, dá pra falar de machismo em propaganda de cerveja? Não. Propaganda de cerveja não é 
pra criança. Cê tá indo pro lugar errado. E do efeito que a tecnologia tem sobre o 
desenvolvimento infantil, incentivando sedentarismo? Não. Isso não é publicidade. E se eu quiser 
focar só na discussão que tá rolando sobre isso nos Estados Unidos, eu posso? Não. O ENEM 
quer que você fale do Brasil. 
 
Não adianta chegar num lugar parecido, ou num lugar relacionado ao tema. Se o objetivo da 
redação é argumentar a respeito de um problema, o mínimo que o ENEM espera de você é que tu 
saiba qual problema é esse. Quem não tira dez minutinhos no início da prova pra pensar sobre 
isso corre o risco de desperdiçar um ano inteiro de estudo. 
Então vamos aos exercícios. 
EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — II — ENTENDENDO O PROBLEMA 
Seu segundo exercício é o seguinte: você vai reescrever o tema usando sinônimos ou expressões 
do mesmo sentido, que nem eu fiz ali em cima. Tanto faz as palavras que você usar, desde que te 
ajudem a entender melhor o problema. A partir disso, você vai escolher, dentre as opções 
apresentadas, qual argumento está fugindo do tema, e explicar por quê. 
Pro meu exemplo, eu vou usar o tema de 2018: 
 
vamo botar a mesma imagem que o orçamento tá baixo, blza 
A equipe que escreveu essa frase não é que nem a gente, que fica enchendo linguiça no texto 
botando um monte de palavra bonita pra ver se ganha mais ponto. Na frase acima, cada 
palavra tem uma função. Tudo tá ali por um motivo. Se você deixar de falar da manipulação, 
ou do comportamento, ou dosdados, ou da internet, cê já desviou um pouquinho do tema. Ou 
seja — pra falar da coisa certa, não pode deixar nada faltando. 
Tá, mas e se eu não souber o que tal palavra significa? Vamos supor que eu não saiba o que 
são dados. Aí é que entra o texto motivador, seu MELHOR e ÚNICO amigo. Vejamos o Texto 
I: 
Às segundas-feiras pela manhã, os usuários de um serviço de música digital recebem uma lista 
personalizada de músicas que lhes permite descobrir novidades. Assim como os sistemas de 
outros aplicativos e redes sociais, este cérebro artificial consegue traçar um retrato automatizado 
do gosto de seus assinantes e constrói uma máquina de sugestões que não costuma falhar. (…) De 
fato, plataformas de transmissão de vídeo on-line começam a desenhar suas séries de sucesso 
rastreando o banco de dados gerado por todos os movimentos dos usuários para analisar o que 
os satisfaz. 
Se o banco de dados é gerado por movimentos dos usuários, o que 
são dados? São informações sobre o seu uso da internet; uma espécie de histórico do que você 
clica, ouve e assiste. É a partir dessas informações que o site te conhece melhor e aprende o seu 
gosto. 
 
calma, ele só quer te conhecer 
Depois de ler o tema, circular cada palavra-chave e procurar o significado nos textos, eu tou 
pronta pra reescrevê-lo. Vamo lá: 
 
 
Ótimo! Agora eu já entendo melhor o problema. Vamos agora à segunda parte do exercício, que é 
apontar, entre duas opções de argumento, qual delas se encaixa no tema e qual está em fuga. 
ARGUMENTO 1: As fake news vêm se espalhando em redes sociais, influenciando o resultado de 
eleições com suas mentiras políticas. 
Pra decidir se um argumento se encaixa no tema, lembre-se de que ele tem que se encaixar 
INTEIRO, não só a uma parte! O argumento acima fala de influência, de internet, de usuários… 
mas não fala de dados. Isso aí não tem nada a ver com monitoramento de informações pessoais. 
Logo, estamos fugindo do tema. 
ARGUMENTO 2: À medida que serviços de streaming de música e filmes são personalizados de 
acordo com o gosto do usuário, detectado por meio da fiscalização de seus hábitos, tende-se a 
uma estagnação cultural — o indivíduo só consome a arte que já está acostumado a consumir. 
Este argumento, por outro lado, se encaixa perfeitamente ao tema. 
Agora é sua vez. 
TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil. 
Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o argumento que se ENCAIXA nele. 
(Link pros textos motivadores) 
a) ARGUMENTO 1: Pessoas com deficiência sofrem discriminação nas escolas, já que as 
famílias dos estudantes não os preparam para aceitar quem é diferente. 
b) ARGUMENTO 2: Apesar da oferta do ensino em Libras ser lei no Brasil, poucas escolas 
oferecem esta e outras formas de apoio ao aluno surdo, efetivamente o excluindo da educação. 
TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil. 
Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o argumento que se ENCAIXA nele. 
(Link pros textos motivadores) 
a) ARGUMENTO 1: A intolerância religiosa é epidêmica. Por todo o mundo, grupos 
fundamentalistas, como o Estado Islâmico, buscam impor sua religião por meio da força. Este 
problema exige uma reflexão global a respeito da liberdade religiosa. 
b) ARGUMENTO 2: No Brasil, a umbanda e outras religiões afro-brasileiras vêm sendo 
discriminadas desde a escravização do povo africano, um fenômeno cujas repercussões também 
devem ser abordadas para que possamos combater a intolerância religiosa. 
TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. 
Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o argumento que se ENCAIXA nele. 
(Link pros textos motivadores) 
a) ARGUMENTO 1: A persistência da violência contra a mulher, mesmo com o advento de leis 
como a Maria da Penha, nos diz que este problema está enraizado no machismo da cultura 
brasileira. 
b) ARGUMENTO 2: A violência doméstica é um fenômeno que atinge casais de todas as 
idades, sendo consequência de relacionamentos abusivos, cuja dinâmica envolve agressão física e 
psicológica. 
TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício de alimentos no Brasil. 
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao-para-o-enem-e-vestibular/proposta-de-redacao-enem-2017-formacao-educacional-de-surdos/
https://www.imaginie.com.br/temas/enem-2016-caminhos-para-combater-intolerancia-religiosa-no-brasil/
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2015-a-persistencia-da-violencia-contra-a-mulher-na-sociedade-brasileira/
Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o argumento que se ENCAIXA nele. 
(Link pros textos motivadores) 
a) ARGUMENTO 1: Para diminuir o desperdício, programas de televisão podem informar suas 
audiências de que estes alimentos “feios” — tortos, defeituosos — são igualmente comestíveis e 
nutritivos. 
b) ARGUMENTO 2: O desperdício no Brasil pode ser remediado, por exemplo, por meio da 
redução, da reutilização e da reciclagem, princípios que minimizam a produção de lixo e os seus 
efeitos sobre o meio ambiente. 
TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza idealizados. 
Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o argumento que se ENCAIXA nele. 
(Link pros textos motivadores) 
a) ARGUMENTO 1: A cultura de que o emagrecimento é sempre positivo, seja como for 
alcançado, é a principal culpada pelas milhares de mortes ao ano de jovens anoréxicos, cujo 
organismo se enfraquece com a desnutrição. 
b) ARGUMENTO 2: Ao se comparar com os padrões de perfeição estética, o jovem percebe 
traços individualizantes da sua aparência, como sardas e sobrancelhas grossas, como defeitos, o 
que o leva à baixo autoestima e, frequentemente, à depressão. 
Agora que você já sabe identificar um problema, você precisa entendê-lo. Pra isso, eu uso duas 
perguntas: Por que isso é um problema? e Por que esse problema existe? 
2. POR QUE ISSO É UM PROBLEMA? 
O que faz do problema um problema é o seu efeito negativo. Ele precisa fazer mal a alguém, de 
alguma forma, pra que você queira resolvê-lo. 
 
Vamos supor que você esteja em casa agora, sentada na sua escrivaninha, lendo a apostila. Cê tá 
sentindo alguma dor? Febre? Nariz escorrendo? Seu braço esquerdo apodreceu e caiu no chão? 
Não? Então talvez você não tenha nenhum problema de saúde. Assim como as doenças, que nós 
percebemos a partir dos sintomas, os problemas sociais são identificados por seus efeitos 
negativos — isto é, pelo que eles prejudicam. 
https://projetoredacaonota1000.com.br/viewtopic.php?t=1980
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2017-2-aplicacao-consequencias-da-busca-por-padroes-de-beleza-idealizados/
 
imagens de dor e sofrimento 
Digamos que o tema da redação seja Desafios para a formação educacional de surdos no 
Brasil. Você sabe que o problema é a educação dos surdos, e que isso tem que ser resolvido — mas 
primeiro você precisa mostrar que é um problema, apontando os efeitos negativos. Qual é o 
efeito negativo da educação atual? Que mal ela tá fazendo? 
Dá uma olhada nesse parágrafo de outra redação nota 1000: 
Contudo, observam-se algumas distorções para essa garantia educacional. Infelizmente, os 
surdos são alvo de preconceito e são vistos erroneamente como incapazes. Isso é frequentemente 
manifestado na forma de violência simbólica, termo do sociólogo Pierre Bourdieu, que inclui os 
comportamentos, não necessariamente agressivos física ou verbalmente, 
que excluiriam moralmente grupos minoritários, como a pessoa com deficiência (…) as vítimas 
dessa agressão simbólica tenderiam a se isolar, gerando, por exemplo, evasão escolar e redução 
da procura pela qualificação profissional e acadêmica por esses deficientes. 
Se você se sentiu intimidada com a linguagem do trecho acima, não se preocupe — cê não precisa 
escrever assim pra tirar uma nota boa. A ideia do parágrafo é a seguinte: pra te convencer a 
melhorar a educação dos surdos, primeiro eu preciso te convencer de que essa 
educação precisa ser melhorada. Por que eu preciso resolver isso? Por que isso é um 
problema? Como resposta, a vestibulanda lista vários efeitos negativos — violência simbólica, 
exclusão, isolamento, evasão escolar… Ou seja, os surdos tão mesmo sofrendo com isso; e se tá 
causando sofrimento, é um problema. 
 
efeitos negativos 
Beleza, então pra ser problema tem que ter efeito negativo. Mas como eu faço pra saber qual 
efeito é esse? 
Como eu disse lá em cima, não existe só um argumento correto — você pode argumentar a mesma 
coisa de várias maneiras. Seguindo essa lógica, um mesmo problema também tem vários efeitos 
negativos. Não importa você falar de evasão escolar ou violência simbólica ou exclusão; o 
importante é que você explique muito bem o efeito que escolher, seja qual for. 
Pra facilitar nossa vida, vamos considerar que um problema possa prejudicar a sociedade de oito 
maneiras diferentes: afetando 
a saúde, cultura, segurança, renda, educação, inovação, meio ambiente ou moral. 
 
Problemas que abalam a saúde têm efeitos negativos sobre o bem-estar físico e psicológico das 
pessoas afetadas. São problemas que causam doenças, transtornos, traumas — que prejudicam o 
corpo e a alma. A poluição das grandes cidades, por exemplo, tem como efeito o câncer; já o 
vestibular gera ansiedade e depressão em muitas das minhas alunas. 
Problemas que afetam a cultura têm efeitos negativos sobre a produção, adaptação e 
preservação da cultura em qualquer das suas formas — livros, pinturas, música, religião, língua, 
costumes regionais, prédios tombados. Em 2018, nós vimos como o descaso do Estado pode ter 
efeitos terríveis sobre a cultura: o Museu Nacional queimou e levou junto boa parte do nosso 
conhecimento sobre povos indígenas que não existem mais. Da mesma forma, a intolerância 
religiosa também tem esse efeito negativo, já que as religiões discriminadas são parte da cultura 
dos povos afetados. Quando a intolerância se volta contra o candomblé, por exemplo, ela 
prejudica a cultura afro-brasileira. 
 
um baita de um efeito negativo 
Problemas que afetam a segurança geram mais mortes. A diferença entre um problema de 
saúde e um de segurança pública é a diferença entre o câncer e um acidente de carro, ou entre a 
depressão e um assassinato. Quando o problema é a ausência de ciclovias, por exemplo, podemos 
falar que isso coloca em perigo a vida de ciclistas, assim como a homofobia é uma causa de morte 
da população LGBT. 
Problemas que afetam a renda de uma pessoa fazem com que ela ganhe menos dinheiro e tenha 
mais dificuldade de se sustentar e de viver uma vida digna. Se um surdo não tem uma formação 
educacional de qualidade, é claro que o emprego dele não vai pagar tão bem. O mesmo ocorre 
com pessoas trans — a discriminação sofrida em entrevistas e no ambiente de trabalho leva 
muitas à prostituição. 
Calma, tá quase acabando. Mais quatro. Problemas que afetam a educaçãoprejudicam o 
aprendizado e excluem a pessoa do convívio social e de todo tipo de oportunidade. Quanto menos 
educação, mais exclusão. E educação não serve só pra arranjar emprego; ela te dá as ferramentas 
pra se desenvolver como indivíduo. Sem alguma educação, dá pra criar arte? Dá pra entender o 
mundo? Quem não tem educação tá preparado pra exercer sua cidadania? 
Problemas que afetam a inovação têm efeitos negativos sobre o progresso tecnológico —
 invenções de eletrônicos, vacinas para doenças, novos meios de transporte. A burocracia 
brasileira é um impedimento à inovação, mas o desmatamento também pode ser, caso se percam 
espécies de plantas que poderiam ser transformadas em remédios, por exemplo. 
Problemas que afetam o meio ambiente prejudicam a qualidade do ar, do solo e da água e a 
biodiversidade. Indústrias poluentes, como a da mineração, contaminam os rios e lençóis 
freáticos, isso a gente sabe — mas você sabia que a criação de bitcoin consome mais energia do 
que a Irlanda inteira? 
Finalmente, problemas de efeito negativo moral são problemas errados em si. É o caso do 
homicídio de jovens negros nas mãos da polícia. Eu posso até citar leis e declarações de direitos 
humanos e a Bíblia, mas não é porque tá escrito num livro que é errado. É errado porque é. Mas 
como eu disse lá em cima, “porque sim” não é explicação; então esses são os argumentos
mais 
difíceis de desenvolver, já que é muito fácil ficar no senso comum. O jeito é enfiar referência. 
(vamos falar de referências mais à frente) 
Agora que nós sabemos alguns tipos de efeitos negativos, vamos escolher um para o 
problema excesso de carros nas ruas do Brasil. Vejamos: 
 
Pronto! O efeito negativo do excesso de carros nas ruas é o aumento da poluição. Mas, antes de 
qualquer coisa, eu preciso explicar daonde eu tirei isso. Eu não posso simplesmente dizer, por 
exemplo, que o uso do ventilador no verão causa enchentes. Eu preciso dar um efeito negativo 
que faça sentidocom o problema. O que é que me faz pensar que o excesso de carros nas ruas leva 
ao aumento da poluição? Por que o problema tem esse efeito? 
É aqui que entra a argumentação que a gente aprendeu na seção anterior. Lembre-se: se você 
não explicar o que diz, seu argumento cai no senso comum. Se precisar, vai lá, dá uma 
relida e aí volta pra cá, porque eu não vou ficar me repetindo. Isso aqui já tá grande demais e eu 
ainda tenho um monte de coisa pra dizer. 
AFIRMAÇÃO: O excesso de carros nas ruas tem como efeito o aumento da poluição. 
Por que o problema tem esse efeito? 
EXPLICAÇÃO: O excesso de carros nas ruas tem como efeito o aumento da poluição porque o 
carro polui mais do que um ônibus porque consome mais combustível fóssil por pessoa do que 
um ônibus. 
Certo, então tá explicado por que o aumento da poluição é um efeito do excesso de carros. Mas eu 
preciso que ele não seja só um efeito — tem que ser um efeito negativo. Então agora a gente vai 
explicar: por que esse efeito é negativo? Por que isso é ruim pra saúde (ou pra cultura, pra moral, 
etc)? 
AFIRMAÇÃO: O aumento da poluição é ruim. 
Por que esse efeito é ruim? 
EXPLICAÇÃO: O aumento da poluição é ruim porque a poluição faz mal à saúde 
pública porque causa diversas doenças, como o câncer. 
Não se preocupe se você demorar a pensar em uma explicação. Lendo o exemplo assim 
parece fácil, mas chegar nesse resultado dá um pouco de trabalho, ainda mais agora que você tá 
só começando. Quanto mais acostumada você tiver, mais rápido vai explicar qualquer problema 
que apareça na tua frente. 
Agora nós vamos pegar as duas explicações, a do efeito e a do negativo, e encaixar uma na outra, 
formando uma corrente. 
 
Esse é o nosso argumento! Vê só o que acontece quando eu junto as duas com uma estatística 
(referência!) e reescrevo um pouquinho, pra ficar mais natural: 
Como o carro é um meio de transporte mais poluente, já que consome mais combustível fóssil por 
pessoa do que um ônibus, o excesso de carros nas ruas tem como efeito o aumento da poluição. 
Em São Paulo, estima-se que os carros sejam responsáveis por 73% da emissão de gases 
poluentes, mesmo transportando apenas 30% da população. Essa é uma estatística assustadora, 
já que a poluição faz um grande mal à saúde pública, causando diversas doenças; entre elas, 
o câncer. 
Sabe o que é isso? É o nosso primeiro parágrafo de desenvolvimento. Repara que só o que eu fiz 
foi juntar as duas explicações, com uma referência no meio e caprichando na escrita, e pronto! Ou 
seja, eu não tou te mostrando isso tudo aqui à toa. Esses exercícios te ajudam a construir sua 
redação. 
Então senta aí e exercita! 
EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — III — EXPLICANDO O EFEITO NEGATIVO 
Nosso terceiro exercício foca em explicar o efeito negativo de um problema, usando as duas 
perguntas acima — por que o problema tem esse efeito? e por que esse efeito é ruim? 
Pra facilitar sua vida, vamos usar os mesmos temas do exercício anterior. Fica à vontade pra 
escolher QUALQUER efeito negativo que quiser, mas é uma boa ideia pegar um que você entende 
melhor. Eu, por exemplo, não entendo nada de saúde, então não vou falar de saúde nunca, mas 
alguém que tá prestando Medicina talvez se sinta mais à vontade falando disso. 
TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil. 
Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) 
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao-para-o-enem-e-vestibular/proposta-de-redacao-enem-2017-formacao-educacional-de-surdos/
Por que esse efeito é ruim? 
Por que o problema tem esse efeito? 
TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil. 
Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) Uma dica: o 
problema aqui é a intolerância religiosa, não os CAMINHOS pra combater a intolerância! 
Lembre-se que o problema é sempre o que causa alguma dificuldade ou sofrimento. 
Por que esse efeito é ruim? 
Por que o problema tem esse efeito? 
TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. 
Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) 
Por que esse efeito é ruim? 
Por que o problema tem esse efeito? 
TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício de alimentos no Brasil. 
Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) 
Por que esse efeito é ruim? 
Por que o problema tem esse efeito? 
TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza idealizados. 
Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) 
Por que esse efeito é ruim? 
Por que o problema tem esse efeito? 
Agora que nós já sabemos explicar por que o problema é um problema, o próximo passo é: por 
que esse problema existe? 
3. POR QUE ESSE PROBLEMA EXISTE? 
Lembra daquele negócio de geração espontânea, de uns caras que achavam que larva aparecia 
do nada em carne podre, e aí descobriram que não é bem assim? Então, o problema social é igual 
a essa larva aí. Ele não aparece do nada. Pra que o problema exista, alguma coisa precisa existir 
antes — a suacausa. 
https://www.imaginie.com.br/temas/enem-2016-caminhos-para-combater-intolerancia-religiosa-no-brasil/
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2015-a-persistencia-da-violencia-contra-a-mulher-na-sociedade-brasileira/
https://projetoredacaonota1000.com.br/viewtopic.php?t=1980
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2017-2-aplicacao-consequencias-da-busca-por-padroes-de-beleza-idealizados/
 
A causa vem antes do problema e o efeito negativo vem depois. Todo problema precisa ter pelo 
menos uma (1) causa, senão ele não existe, porque não aconteceu nada pra que ele 
existisse. Pensa numa linha do tempo, daquelas da aula de História: a causa vem primeiro, depois 
vem o problema, e aí o efeito! 
 
Mas pra que é que eu tenho que descobrir a causa? Vamos retomar a ideia de que o problema é 
uma doença. Os efeitos negativos são os sintomas: febre, nariz escorrendo, braço ficando podre e 
caindo no chão, etc. Você vai querer que o médico resolva isso, certo? Mas pra resolver teu 
problema, ele primeiro precisa saber a causa, que é o que criou a doença — um vírus, por 
exemplo. Só aí ele vai poder te curar. Então se você quiser fazer uma boa proposta de intervenção 
(que vale 200 pontos!), cê precisa saber a causa do teu problema. 
Dá uma olhada nesse parágrafo de outra redação nota 1000: 
O filósofo italiano Norberto Bobbio afirma que a dignidade humana é uma qualidade intrínseca 
ao homem, capaz de lhe dar direito ao respeito e à consideração por parte do Estado. Nessa 
lógica, é notável que o poder público não cumpre o seu papel enquanto agente fornecedor de 
direitos mínimos, uma vez que não proporciona aos surdos o acesso à educação com a qualidade 
devida, o que caracteriza um irrespeito descomunal a esse público. A lamentável condição de 
vulnerabilidade à qual são submetidos os deficientes auditivos é percebida no déficit deixado pelo 
sistema educacional vigente no país, que revela o despreparo da rede de ensino no que tange à 
inclusão dessa camada (…) 
Nós já sabemos que os efeitos do déficit educacional dos surdos são a evasão escolar, a exclusão, o 
isolamento, entre outros. E a causa? O que é que vem antes? Ali em cima, o estudante aponta 
que o “despreparo da rede de ensino” é uma
causa, já que o poder público deveria estar 
garantindo esses direitos. Então qual vai ser a proposta de intervenção? Arrumar a rede de 
ensino! (mas depois a gente cuida disso.) 
Voltando ao nosso exemplo da mobilidade urbana — agora que nós já entendemos por que o 
excesso de carros nas ruas é um problema, nós precisamos entender por que esse excesso 
existe. O que causa o problema?Qual é a origem dele? Daonde saiu tanto carro? 
Vamos usar as mesmas categorias que usamos nos efeitos: renda, moral, meio ambiente, 
educação, cultura, inovação, segurança e saúde. Não se preocupa se você não decorou todas 
ainda. Demora um pouquinho mesmo. Eu mesma passei dois minutos ali tentando lembrar 
“inovação”. 
 
A seta é essencial ao aprendizado 
Pronto, eu escolhi a cultura como causa. Pra mim, a cultura do automóvel como símbolo de 
status contribui muito pro excesso de carros nas ruas. Note, no entanto, que todo problema é 
complexo e tem várias causas; eu também poderia dizer, por exemplo, que a falta de inovação no 
transporte público, sem novas estações de trem e metrô e linhas de ônibus, é uma causa do 
problema. Você pode escolher a causa que quiser, desde que foque só em uma e a explique muito 
bem. 
Então agora eu preciso explicar essa afirmação com duas outras perguntas: o que é essa 
causa? e por que isso causa o problema? 
A primeira pergunta é um pouquinho diferente das outras — ela começa com “o que”, em vez 
de “por que”. Isso significa que você só precisa me dizer o que é, como se fosse um dicionário. O 
que é a cultura do automóvel? 
AFIRMAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de status causa o excesso de carros nas 
ruas. 
O que é essa causa? 
EXPLICAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de status é uma valorização do carro 
pelo poder de compra que ele representa. Carros são associados ao sucesso financeiro, 
enquanto o uso de transporte público é relegado aos mais jovens — e aos mais pobres. 
Beleza, já deu pra entender o que é a causa que eu escolhi. Agora, assim como com o efeito, eu 
preciso mostrar que essa causa faz sentido com o problema. O que é que me faz pensar que a 
cultura do automóvel como símbolo de status leva ao excesso de carros nas ruas? 
AFIRMAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de status causa o excesso de carros nas 
ruas. 
Por que isso causa o problema? 
EXPLICAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de status causa o excesso de carros nas 
ruas porque faz com que as pessoas prefiram comprar um carro a usar o transporte 
público porque andar de carro é mais respeitável porque sinaliza poder econômico. 
Pronto! Juntando essas duas respostas com uma referência, dá pra gente montar um bom 
parágrafo de desenvolvimento. 
Como disse Rafael Chirbes, escritor espanhol, aqui o céu é o carro. A cultura do automóvel como 
símbolo de status valoriza o carro pelo poder de compra que ele representa, associando-o ao 
sucesso financeiro, enquanto o uso de transporte público é relegado aos mais jovens — e aos mais 
pobres. Assim, quem se desloca diariamente para o trabalho prefere fazê-lo de carro, por ser um 
meio de transporte mais respeitável e que sinaliza poder econômico, resultando em um excesso de 
carros nas ruas. 
E aí, pronta pra exercitar? 
EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — IV — EXPLICANDO A CAUSA 
Nosso exercício aqui vai ser igualzinho ao exercício anterior: você escolhe uma causa do 
problema — qualquer causa, mas de preferência uma que você entenda muito bem — e aí explica 
essa causa a partir de duas perguntas: o que é essa causa? e por que isso causa o 
problema? 
Agora é sua vez. 
TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil. 
Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) 
O que é essa causa? 
Por que isso causa o problema? 
TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil. 
Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) Uma 
dica: o problema aqui é a intolerância religiosa, não os CAMINHOS pra combater a intolerância! 
Lembre-se que o problema é sempre o que causa alguma dificuldade ou sofrimento. 
O que é essa causa? 
Por que isso causa o problema? 
TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. 
Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) 
O que é essa causa? 
Por que isso causa o problema? 
TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício de alimentos no Brasil. 
Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link pros textos motivadores) 
O que é essa causa? 
Por que isso causa o problema? 
TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza idealizados. 
Escolha uma causa do problema e responda às perguntas.(Link pros textos motivadores) 
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao-para-o-enem-e-vestibular/proposta-de-redacao-enem-2017-formacao-educacional-de-surdos/
https://www.imaginie.com.br/temas/enem-2016-caminhos-para-combater-intolerancia-religiosa-no-brasil/
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2015-a-persistencia-da-violencia-contra-a-mulher-na-sociedade-brasileira/
https://projetoredacaonota1000.com.br/viewtopic.php?t=1980
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2017-2-aplicacao-consequencias-da-busca-por-padroes-de-beleza-idealizados/
O que é essa causa? 
Por que isso causa o problema? 
Esse esquema aí de apontar causa e efeito é tudo que você precisa pra tirar uma nota boa no 
critério Argumentação, que confere se as suas ideias tão bem explicadas. Ótimo! Agora vamos 
cuidar dos Conhecimentos — isto é, das suas referências. 
Quer dizer, agora não. Deixa isso pra amanhã. A apostila foi feita pra ser lida aos poucos, ok? Não 
me responsabilizo por quem tentar ler isso tudo de uma vez e ficar embaralhada das ideias. 
4. O QUE APOIA MEU PONTO DE VISTA SOBRE O PROBLEMA? 
 
bauman, o queridinho das referências 
A referência é tipo um fiador pro teu argumento. Você pode falar pra imobiliária que vai pagar o 
aluguel todo fim do mês, certinho, mas isso é só a sua palavra. Por que ela confiaria em você? Aí 
vem o fiador e fala: olha só, eu garanto o que essa pessoa tá falando. E o fiador é alguém de 
confiança, então ele passa essa confiança pra você — agora você é confiável também. 
Referências funcionam do mesmo jeito. Você pode desenvolver direitinho seu argumento, mas 
sem um fiador, sem uma referência, ele não tem peso. Pro seu argumento ser confiável, ele 
precisa ter algum apoio externo, senão o texto vira trinta linhas de você falando sozinha. 
Ou seja, a referência apoia seu argumento. É como se você dissesse: escuta, isso aqui não é 
só coisa da minha cabeça não. Já disseram a mesma coisa em tal música, tal filme, tal teoria, 
tal época. Eu entendo como esse tema se encaixa no mundo. 
Pra chegar à nota 900, sua redação precisa incluir duas referências. 
TÁ, MAS O QUE É UMA REFERÊNCIA? 
Referenciar é traçar uma relação entre o argumento e algo que você já conhece. Vamos supor 
que o tema seja Legalização da educação domiciliar, e que um dos meus argumentos gire em 
torno de como o professor ajuda a mudar o mundo. Eu posso falar do filme Sociedade dos Poetas 
Mortos, em que um professor inspira seus alunos, ou citar Paulo Freire, que disse que se a 
educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Ambas são 
referências válidas; o importante é enxergar a relação entre a referência e o argumento. 
E se eu não souber uma referência sobre educação? Então procura outro aspecto do argumento 
em que você possa encaixar uma referência. Um tema como esse envolve educação, sim, e 
também liberdade — mas é principalmente uma redação sobre desigualdade. A educação 
domiciliar seria desigual, porque gente pobre não tem dinheiro nem tempo nem é capacitada pra 
educar os filhos em casa. Por isso a educação pública é importante. Então qualquer referência 
relacionada à desigualdade serviria! 
Ou seja, o importante é que a referência
seja relevante ao seu argumento de alguma forma. 
Digamos que eu queira criticar a política brasileira, dizendo que ela avança e retrocede, sem fazer 
progresso. Eu posso puxar da mitologia grega e referenciar Sísifo, que foi condenado a rolar uma 
pedra enorme montanha acima. Toda vez que ele chegava ao topo, a pedra rolava de volta, e ele 
precisava buscá-la e empurrar ao topo novamente. Essa é uma referência sobre ciclos; como o 
meu argumento diz que a política brasileira está num ciclo, ela se aplica. 
ENTÃO EU POSSO USAR QUALQUER COISA DE REFERÊNCIA? 
Praticamente qualquer coisa. Pense nas referências como categorias —
 referências culturais, históricas, acadêmicas e em forma de frases. 
Entre as culturais, temos filmes, músicas, livros, poemas, fábulas, mitologias, estátuas, 
pinturas. O quadro “Guernica”*, por exemplo, retrata a cidade de Guernica sofrendo um 
bombardeio; é uma ótima referência em argumentos antimilitarismo e antiguerra. 
*Todo título de obra, seja livro, arte, filme, o que for, deve ser incluído na redação com ASPAS! 
Já as referências históricas trazem eventos ou períodos históricos à luz. É o caso de mencionar a 
Revolta da Vacina, ou o costume romano de abandonar bebês “imperfeitos” pra ser devorados 
por cachorros selvagens. 
As referências acadêmicas apresentam conceitos de todo tipo; da filosofia, sociologia, 
antropologia. Falar do individualismo em Durkheim ou do mundo das ideias de Platão, por 
exemplo. Essas são as mais difíceis, mas valem MUITO a pena se você souber encaixar. Uma 
dica: tente se especializar em um filósofo só (por exemplo, Bourdieu) e entender muito bem o que 
ele pensa sobre o mundo. Aí você pode usar o pensamento dele pra quase qualquer coisa! 
Lembre-se que o corretor do ENEM só vai ler uma redação sua, então o que importa não é 
o tamanho do seu repertório, mas sim a qualidade. 
Por fim, referências em forma de frase podem ser tanto acadêmicas quanto históricas ou 
culturais; a diferença é que estão em forma de citação direta. Existe uma diferença entre dizer 
que Rousseau escreveu sobre a liberdade do indivíduo, uma referência acadêmica, ou citar 
diretamente a abertura do seu livro mais famoso: 
“O homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentado.” 
Isso porque as frases famosas têm mais impacto; não é à toa que elas ficaram famosas! 
ENTENDI, ENTÃO NÃO TEM ERRO, É SÓ REFERENCIAR QUALQUER COISA! 
Calma lá. Não é bem assim. Em quase toda redação que eu corrijo, a autora comete um dos três 
erros a seguir: usou referências que não entende, referências que não se encaixam no 
argumento ou simplesmente não explicou o que a referência tem a ver com o texto! 
O primeiro erro é muito comum, especialmente em referências acadêmicas. A regra é: não 
entende? Não referencie. É muito melhor citar uma música que você conhece bem do que um 
trecho de Bourdieu que você pesquisou só pra usar na redação. Filósofos e sociólogos têm ideias 
complexas, que precisam ser entendidas direitinho, pra você não acabar associando a pessoa a 
algo em que ela não acredita. Você pode não saber que fez isso, mas a corretora sabe. 
Uma maneira de evitar esse erro é utilizar referências de áreas que te interessam. Quem gosta 
muito de filmes, por exemplo, pode sempre referenciar filmes em suas redações. Eu gosto muito 
de mitologia grega, então sempre enfio um mito em algum lugar, mas você pode ser mais fã da 
Bíblia e saber várias parábolas de cor. Use o que você conhece! E se você tem um apego por 
um filósofo específico, fique craque nas ideias dele. Aí você pode usar ele pra tudo. Bauman, 
Marx, Durkheim e Weber são bons exemplos de filósofos que combinam com vários temas — dá 
pra deixar um na manga em caso de emergência. 
 
Já o segundo erro, da referência que não cabe no argumento, tem a ver com aquela 
EMPOLGAÇÃO que a gente sente quando pensa no autor perfeito, ou na música perfeita pra 
referenciar. A gente fica tão animada com esse pontinho extra que acaba nem conferindo se a 
referência faz sentido mesmo. Lembre-se: não adianta jogar uma referência qualquer e se dar por 
satisfeita. Você só ganha ponto pela referência que faz sentido! 
Por fim, o terceiro erro é o mais grave e o mais comum: inserir a referência solta no parágrafo, 
sem explicar o que ela tem a ver com o seu argumento ou com o tema. Olha esse exemplo de 
como NÃO encaixar uma referência: 
O sociólogo alemão Max Weber defendia que o poder é toda a possibilidade de impor sua vontade 
sobre uma pessoa. Não são poucos os relatos de violência policial no Brasil, que estão infelizmente 
relacionados com o racismo, crescendo cada vez mais o número de jovens negros mortos 
pela polícia. 
Deu pra entender onde a pessoa tá querendo ir com isso: a violência policial é uma consequência 
de concedermos poder a uma instituição racista. Só que o texto não fala isso! A relação entre a 
referência e o argumento fica só nas entrelinhas, como se a autora achasse que a gente consegue 
ler o pensamento dela. Ninguém consegue ler pensamento, e pior; ninguém ganha ponto por 
pensamento. Tem que botar tudo no papel. 
 
corrigindo sua redação 
E COMO EU ENCAIXO MINHA REFERÊNCIA NO TEXTO? 
Seja bem direta! Não adianta só escrever a referência e seguir em frente; tem que parar, explicar, 
mostrar a relação. Só aí ela é usada direito. Esse aqui é um exemplo de referência numa 
introdução: 
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o 
comprimem.” Os versos do poeta alemão Brecht ilustram os desafios do combate ao tráfico de 
drogas; enquanto a sociedade repudia a violência do traficante, nada é dito sobre a pobreza que o 
leva ao crime. 
O trecho “Os versos…ilustram” explica exatamente a relação entre a referência e o tema (Desafios 
do combate ao tráfico de drogas). Ou seja, a referência tá encaixadinha — você sabe exatamente 
por que ela tá ali. 
Peraí, pode referência em introdução? Pode! A prioridade é o desenvolvimento, porque é lá 
que os seus argumentos precisam de mais ajuda; mas se você tiver uma referência sobrando, joga 
pra introdução. Mas calma — antes de falar de introdução, a gente precisa falar da proposta, que é 
nosso próximo assunto. 
E aí, pronta pra exercitar? 
EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — V — ENCAIXANDO A REFERÊNCIA 
Nosso quinto exercício não te pede pra explicar nada, graças a Deus. Só o que você precisa fazer é 
escolher e encaixar uma referência. Fácil! 
 
você quando eu digo que alguma coisa é fácil 
Vamos aproveitar o trabalho que você já fez nos exercícios passados. Pega uma causa OU um 
efeito dos temas abaixo e escreva um parágrafo a respeito, incluindo uma referência bem 
encaixada. Pode pesquisar na internet, se quiser; o importante é pegar a prática de inserir 
referências no texto. 
TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil. 
Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo uma referência.(Link pros textos 
motivadores) 
TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil. 
Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo uma referência. (Link pros textos 
motivadores) 
TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. 
Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo uma referência. (Link pros textos 
motivadores) 
TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício de alimentos no Brasil. 
Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo uma referência. (Link pros textos 
motivadores) 
TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza idealizados. 
Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo uma referência. (Link pros textos 
motivadores) 
Agora nós já cuidamos do critério Argumentação e do Conhecimentos — você aprendeu a 
explicar o problema usando referências. Ótimo! A seguir, vamos tratar da Proposta de 
Intervenção, com a qual você elimina o problema. 
5. COMO ELIMINAR O PROBLEMA? 
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao-para-o-enem-e-vestibular/proposta-de-redacao-enem-2017-formacao-educacional-de-surdos/
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao-para-o-enem-e-vestibular/proposta-de-redacao-enem-2017-formacao-educacional-de-surdos/
https://www.imaginie.com.br/temas/enem-2016-caminhos-para-combater-intolerancia-religiosa-no-brasil/
https://www.imaginie.com.br/temas/enem-2016-caminhos-para-combater-intolerancia-religiosa-no-brasil/
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2015-a-persistencia-da-violencia-contra-a-mulher-na-sociedade-brasileira/
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2015-a-persistencia-da-violencia-contra-a-mulher-na-sociedade-brasileira/
https://projetoredacaonota1000.com.br/viewtopic.php?t=1980
https://projetoredacaonota1000.com.br/viewtopic.php?t=1980
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2017-2-aplicacao-consequencias-da-busca-por-padroes-de-beleza-idealizados/
https://www.stoodi.com.br/correcao-de-redacao/temas/enem-2017-2-aplicacao-consequencias-da-busca-por-padroes-de-beleza-idealizados/
Depois de todo esse esforço no desenvolvimento, é muito comum a aluna chegar na conclusão 
cansada e propondo qualquer coisa pra acabar o texto logo. Ah, o problema é intolerância? 
Conscientiza o intolerante. O problema é congestionamento? Conscientiza o motorista. O 
problema é o apocalipse? Conscientiza Deus aí. Pede mais uma chance pra nois. 
É aí que a sua nota afunda. O último parágrafo da redação vale sozinho 200 pontos, 
considerando a conclusão e a proposta. Bota uma proposta genérica, sem capricho, e tu perde 80 
pontos na hora. Essa é a diferença de uma redação 840 pra uma 920 —e pode ser a diferença 
entre a lista de espera e a aprovação. 
Então como é que eu monto uma proposta de intervenção? Fácil. A proposta de intervenção 
ataca a causa e o efeito. 
 
Todo o trabalho que você teve no desenvolvimento vai ser bem aproveitado aqui, porque você já 
definiu os objetivos da sua proposta. A causa é o machismo? A proposta ataca o machismo. O 
efeito é o trauma da mulher? Ataca o trauma da mulher. Você já sabe o que precisa resolver —
 agora é decidir QUEM e COMO. 
 
Vamos voltar praquelas oito áreas (saúde, cultura, etc). Você escolheu uma causa da área de 
cultura? Então a proposta deve vir da cultura também. Por exemplo, digamos que a causa 
do bullying seja padrões estéticos; a criança chama a outra de gorda porque existe um padrão 
estético que diz que é ruim ser gorda, que ser gorda é feio. Olha a proposta: 
Emissoras de televisão devem se afastar dos padrões estéticos inserindo atores de aparência 
diferente do padrão em suas novelas, especialmente naquelas voltadas ao público jovem, como 
Malhação. 
Ótimo. E o efeito do bullying? A criança gorda acha que ser gorda é mesmo ruim, desenvolve 
vários complexos e chega até à anorexia, que é um puta efeito negativo sobre a saúde — pode até 
levar à morte. Efeito sobre a saúde pede proposta de saúde: 
Escolas devem submeter seus alunos a exames médicos periódicos, de forma a detectar estresses e 
traumas derivados do bullying, assim como flutuações de peso indicativas de transtornos 
alimentares. Uma vez diagnosticado, o jovem receberá acompanhamento psicológico até que 
supere o problema. 
Pronto. Eu defini o QUEM (emissoras de televisão e escolas) e o COMO(diversificando atores e 
examinando alunos) e tá pronta a proposta! 
> Tá, mas como eu escolho o QUEM? 
O QUEM, que é o agente da proposta, tem a ver com quem cria o problema e quem sofre com o 
problema. Vamo pegar esse último exemplo aí. A vítima do bullying é a criança, o adolescente. 
Quem é que tem influência sobre criança e adolescente? Eu disse que as escolas devem submeter 
os jovens a acompanhamento médico, mas eu poderia muito bem ter dito que esse papel é 
das famílias. 
Da mesma forma, pra resolver a causa, eu posso pedir que emissoras de televisão exibam pessoas 
fora do padrão estético em suas novelas, ou que anunciantes usem essas pessoas em comerciais —
 porque jovem assiste TV. 
Já naquela proposta dos canudos de plástico, várias pessoas pediram que o governo 
desenvolvesse canudos melhores; mas faz mais sentido pedir isso do fabricante, que é quem cria 
o problema (o canudo de plástico). 
Por falar em governo, toma cuidado na hora de escolher agentes governamentais. Cada um 
dos três Poderes tem seu papel. O Poder Legislativo, que é o Congresso (Câmara dos Deputados e 
Senado Federal), cria as leis. Se você pede uma lei ou quer que algo vire crime ou deixe de ser 
crime, o negócio é usar o Congresso. Olha essa proposta de uma redação nota 1000: 
Ademais, o Estado, através do corpo legislativo, deve propor incentivos fiscais às grandes 
empresas que instituírem um percentual proporcional na contratação de pessoas com alguma 
restrição física, incluindo a auditiva. 
Agora, se o que você quer é uma política pública ou um plano de governo, seu caminho é o Poder 
Executivo, e aí você recorre aos governos municipais, estaduais e ao federal. 
Destarte, para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao sistema 
educacional, é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com as instituições de ensino, 
promova cursos de Libras para os professores, por meio de oficinas de especialização à noite —
 horário livre para a maioria dos profissionais — de maneira a garantir que as escolas e 
universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse grupo ao estudo. 
Aproveita e aprende aqui o nome dos ministérios. Minhas alunas só conhecem o MEC e isso 
porque é o que cuida do ENEM. 
Já os casos em julgamento ficam ao cargo do Poder Judiciário, composto pelos juízes e pelos 
ministros do STF. Só lembra que não é papel do Judiciário encontrar criminoso; isso aí é com a 
polícia. O Judiciário só julga. 
> E o COMO? 
https://twitter.com/normabnt/status/1017425467165609990
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rios_do_Brasil#Atuais_pastas
O COMO precisa ser minimamente original. Não pode conscientizar e não pode dar palestra. 
Ninguém nunca aprendeu nada com palestra. Pra isso que serve puxar a proposta da mesma área 
que veio o argumento; se a causa é de saúde, dá pra resolver distribuindo vacina e preservativo, 
enviando agentes de saúde às casas mais afastadas, organizando mutirões pra limpar pneus. Não 
precisa ficar conscientizando. 
E mesmo se você quiser muito conscientizar alguém dá pra fazer isso sem apelar pro clichê. Quer 
ver um bom exemplo de proposta de conscientização? Dá uma olhada nesse vídeo. 
Além de original, o COMO também precisa ser viável. Já tive aluna querendo resolver vício em 
internet disponibilizando atendimento psicológico gratuito pra todos os brasileiros. Sem 
condições. Agora, disponibilizar atendimento pros jovens que já têm o vício é muito mais viável, 
porque é uma parcela pequena da população. 
Aliás, um aviso importante: não adianta querer resolver qualquer coisa com revolução, viu? 
Redação do ENEM não é lugar de ideia radical, porque quanto mais radical for a proposta, mais 
explicação você precisa dar pra que o leitor entenda que a proposta é necessária. De quantas 
linhas você acha que precisa pra conectar o tema Excesso de carros nas ruas à revolução? Mais 
de 30? No ENEM cê só tem trinta. Melhor deixar tuas convicções de lado e focar em um plano 
prático, simples e bem explicado. A meta aqui não é ser 100% fiel ao que você acredita; é entrar 
na faculdade. 
MAS EU POSSO FUGIR DA CAUSA E DO EFEITO E FALAR DE OUTRA COISA? 
Não. Você tem que falar exatamente do que falou no desenvolvimento. Nada de inserir 
informações novas. 
Muita gente tem dificuldade nisso, confundindo resolver o problema com falar de uma coisa 
nova. A diferença é a seguinte: se você menciona um assunto que não apareceu em momento 
algum no desenvolvimento, você abriu um argumento novo. 
Vamos supor que você fale no seu texto que a causa do excesso de carros é a cultura do automóvel 
como símbolo de status. Beleza. Aí você chega na proposta e diz que vai resolver isso melhorando 
o transporte público. Ué, mas o que tem a ver o transporte
público com isso? A causa não era a 
cultura? Melhorar o transporte público pode ajudar o problema, sim, mas não tem nada a ver 
com o que você disse! 
 
improvisando na conclusão 
Lembre-se: assim como o médico estuda os sintomas e as origens da doença pra saber curá-la, 
nós explicamos a causa e o efeito do problema pra saber resolvê-lo. Quando o médico descobrir 
que você tá com pneumonia, ele pode te passar remédio pra verme? Não. (a menos que você seja 
muito azarada e tenha pneumonia e verme. Nesse caso, a redação do ENEM é o menor dos seus 
problemas.) Da mesma forma, se a sua intervenção não encaixar direitinho nos argumentos, o 
texto fica todo desconexo! A solução tem que fazer sentido. 
Pronta pra exercitar? 
EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — VI— ELIMINANDO O PROBLEMA 
O objetivo deste exercício é eliminar o problema montando uma proposta nos moldes acima, 
articulando um quem e um como. Pra isso, eu vou te dar um desenvolvimento pronto, com um 
parágrafo tratando da causa e outro dos efeitos. Seu trabalho é só enfiar a bota na cara do 
problema. 
A cultura jovem é disseminada online. Adolescentes de todas as partes do país se unem para criar 
e compartilhar memes, imagens humorísticas que são reproduzidas e referenciadas à exaustão 
até compor parte do repertório cultural de milhões de jovens brasileiros. Assim, a sensação de se 
conectar à internet é a de pertencer a um grupo cultural — sensação essa que pode se revelar 
viciante. 
De fato, o vício em se manter conectado afasta os jovens de atividades offline essenciais ao seu 
desenvolvimento. Como dizia Durkheim, o indivíduo tem um dever perante a sociedade. Ao 
preterir atividades comunitárias no mundo real — como o teatro ou o trabalho voluntário — para 
dedicar todo seu tempo à internet, o jovem descumpre o seu dever social e reprime o 
desenvolvimento da sua personalidade. 
Terminou o exercício? Beleza. Agora você já sabe identificar o problema, analisá-lo pelos ângulos 
da causa e do efeito (com direito a referência!) e propor uma intervenção adequada. Hora de 
escrever outra redação. 
PROPOSTA DE REDAÇÃO — II — SELF-SERVICE 
Pra sua segunda redação, escolha qualquer um dos cinco temas que aparecem nos exercícios —
 formação educacional, intolerância religiosa, etc — e escreva uma redação completa. Eu quero que 
você inclua uma causa e um efeito, com pelo menos uma referência, e capriche na proposta. 
Sentiu dificuldade na hora de começar o texto? Não se preocupa. Tá na hora da gente falar 
da introdução. 
Lá no início da apostila, eu te disse que a minha receita de redação passa por cinco 
questões: Qual é o problema?, Por que isso é um problema?, Por que esse problema existe?, O 
que apoia meu ponto de vista sobre o problema? 
e Como é que eu resolvo o problema?. Juntas, elas formam um modelo de projeto de texto; ao 
encarar qualquer tema do ENEM, basta responder essas perguntinhas que você descobre 
exatamente pra onde seu texto tem que ir. As primeiras três perguntas compõem 
sua Argumentação, a quarta, seus Conhecimentos, e a quinta, sua Proposta de 
Intervenção. 
Só que o critério Conhecimentos tá pela metade! O nome completo é Estrutura e 
Conhecimentos. Precisamos cuidar, agora, da estrutura. 
E O QUE É A ESTRUTURA? 
A estrutura da redação do ENEM é a seguinte: 
PARÁGRAFO 1: INTRODUÇÃO 
PARÁGRAFO 2: DESENVOLVIMENTO DO 1º ARGUMENTO 
PARÁGRAFO 3: DESENVOLVIMENTO DO 2º ARGUMENTO 
PARÁGRAFO 4: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 
Ah, mas a minha amiga Ana Bárbara fez só três parágrafos na redação e tirou 920, posso fazer 
só três? Pode. Pode fazer três, quatro ou até cinco, se quiser, mas não é coincidência que todas as 
redações nota 1000 divulgadas pelo MEC tenham quatro parágrafos. Também não é porque 
quatro é um número mágico. Essa estrutura é recomendada porque facilita a argumentação. 
Se uma aluna minha tá só começando a praticar a redação do ENEM, sem experiência nenhuma, 
ela provavelmente vai cometer algum dos dois erros mais comuns de argumentação: usar 
argumentos demais ou usar só um. Usar argumentos demais é sinal de nervosismo — você 
quer tanto impressionar o corretor que escreve TUDO que te vem à mente, vomitando 
conhecimento no papel. Ah, o tema é vestibular? Beleza, então eu vou falar do sistema 
educacional precário, e das cotas, e de Paulo Freire, e de projeto pedagógico, e de outros 
vestibulares em outros países, e de… Cê tá escrevendo um livro sobre o assunto? Não! Você não 
tem nem uma folha inteira — só 30 linhas. Não cabe tudo isso. Quanto mais argumentos você usar 
na sua redação, menos espaço você tem pra desenvolver cada um; ou seja, menos espaço 
pra explicação. Então quanto mais argumentos você usar, menor é a qualidade do texto. 
Isso não quer dizer que o ideal seja usar um argumento só. É claro que você explicaria muito 
melhor seu argumento se usasse TODO o espaço da redação pra isso, mas também é importante 
demonstrar que você sabe outras coisas sobre o assunto. 
Se eu não posso usar argumentos demais nem focar em um argumento só, qual é o número 
ideal de argumentos na redação? Dois — um em cada parágrafo. 
 
seus dois argumentos 
Argumentos são desenvolvidos em parágrafos diferentes pra evitar que as ideias se misturem. 
Pense nos argumentos como água e óleo — cada um no seu canto, bem definido. Aí a 
argumentação fica super clara, sem pular pra cá e pra lá tentando explicar tudo ao mesmo tempo. 
Tá, e quais são os meus dois argumentos? Isso você já sabe. 
PARÁGRAFO 1: INTRODUÇÃO 
PARÁGRAFO 2: CAUSA 
PARÁGRAFO 3: EFEITO 
PARÁGRAFO 4: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 
Ou seja: respondendo as cinco perguntas lá do início da apostila, você já tem quase toda a 
redação pronta. Só falta a introdução. 
UÉ, MAS A INTRODUÇÃO NÃO É A PRIMEIRA COISA QUE EU FAÇO? 
Não, uai. A introdução é uma apresentação do seu texto; é você falando pro leitor olha só, meu 
texto fala disso, disso e disso, beleza?. Como é que você vai apresentar um texto se você mesma 
ainda não sabe do que ele se trata? É como se você apresentasse uma pessoa sem saber o nome 
dela. Aliás, esse é um erro super comum de quem tá começando a praticar redação: escrever a 
introdução primeiro e decidir os argumentos depois, no improviso. Aí na hora de reler o texto cê 
percebe que a introdução não tem NADA A VER com o resto e sai da prova chorando. 
 
relendo o rascunho 
BELEZA. ENTÃO COMO EU INTRODUZO O TEXTO? 
Imagina que alguém tá dando uma volta no bairro e tropeça na sua redação. Se essa pessoa pega 
o papel do chão e lê o primeiro parágrafo, ela vai entender do que o texto se trata? Ou a redação 
só faz sentido se o leitor já sabe o tema antes de começar a ler? 
Dá uma olhada nessa intro (que NÃO é nota 1000): 
Com o advento da era da informação, que popularizou smartphones e democratizou o acesso à 
internet, muitos jovens têm dedicado todo seu tempo livre às redes sociais, interagindo com 
amigos, conhecidos e estranhos. No entanto, as consequências podem ser muito prejudiciais, 
levando a crises de autoestima e até mesmo à morte. 
Qual é o tema dessa redação? Eu entendi que tem alguma coisa a ver com jovem e internet, mas 
qual é o tema? Vício em redes sociais? Cyberbullying? Não dá pra saber. Essa introdução não 
cumpre seu papel principal: me dizer do que é que o texto se trata. 
Olha a diferença desse outro exemplo, escrito pela Ana Luiza: 
Na arte cristã, pietà é um tema que representa a Virgem Maria com Jesus morto em seus braços. 
Consternada pela dor, a mãe chora pela brutalidade sofrida pelo filho, exercida pelas forças do 
Estado que falharam em cumprir sua missão: prestar pelo bem e proteger. Essa imagem reflete a 
realidade brasileira da perda da credibilidade da polícia como instituição do Estado por conta da 
sua violência. 
Do que é que a redação fala? Da perda da credibilidade da polícia como instituição por conta da 
sua violência, certo? Certo; o tema é violência policial. Então nós já sabemos tanto o assunto do 
texto quanto o ponto de vista da Ana Luiza, já que ela claramente não gosta dessa
violência. 
 
Esse ponto de vista, que é o que você pensa sobre o problema, não precisa ser muito detalhado. 
Aliás, outro erro super comum é argumentar na introdução: já chegar explicando o que 
pensa, por que pensa, etc. Calma! Não é pra dar spoiler da argumentação. Eu só quero ter uma 
ideia do que é que você vai abordar no texto. 
ENTÃO EU TENHO QUE USAR UMA REFERÊNCIA NA INTRODUÇÃO? 
Não! A introdução que traz uma referência é sempre a mais forte, porque mostra repertório, mas 
existem vários outros tipos mais fáceis. Tente experimentar todos, um em cada redação, e ver 
quais você prefere! 
1. DEFINIÇÃO 
O termo “autoestima” significa a estima que uma pessoa tem por si mesma; o quanto ela se 
valoriza, sua autoconfiança. Ironicamente, apesar da semelhança fonética, a autoestima dos 
jovens brasileiros não é alta. De fato, a inadequação é tanta que muitos desenvolvem problemas 
de saúde, podendo chegar até mesmo à morte. 
Esse recurso é o mais simples de todos. Se você tem dificuldade em pensar em uma intro e acaba 
gastando tempo demais nisso, aposte na definição. É só começar definindo uma palavra-chave 
do tema, como se você fosse um dicionário — e aí conectar essa definição ao tema em si e à sua 
posição sobre ele. 
2. DECLARAÇÃO 
A baixa autoestima é epidêmica entre jovens brasileiros. Vítimas dos padrões estéticos, que ditam 
rostos e corpos ideais, esses adolescentes têm sua autoimagem distorcida e chegam a desenvolver 
transtornos alimentares, ferindo corpo e alma em nome da perfeição. 
Outro recurso bem simples — a chave é começar com uma frase curta que inclua um adjetivo 
forte, estabelecendo a seriedade do problema. A baixa autoestima é epidêmica, a proibição das 
drogas é ineficaz, o vestibular é um fracasso. Essa declaração pode até ser mais ousada: A 
proibição do aborto é a sentença de morte da mãe. 
3. EXEMPLIFICAÇÃO 
Seios rijos, músculos definidos, pele de alabastro. Os padrões estéticos ditam rostos e corpos 
ideais e frequentemente inalcançáveis aos jovens brasileiros, cuja autoestima sofre. Tomados por 
um sentimento de inadequação, esses adolescentes chegam a desenvolver transtornos 
alimentares, ferindo corpo e alma em nome do que é considerado perfeito. 
Mais um recurso fácil de usar, que consiste em dar vários exemplos concretos. A situação da 
saúde no Brasil é de salas de espera lotadas, leitos nos corredores, escassez de remédios. O 
vestibulando tem as mãos trêmulas, morde a tampa da caneta, sua frio. Esse recurso tem o 
efeito bem legal de estabelecer a seriedade do problema dando imagens bem claras ao leitor. 
Pode caprichar no drama. 
4. INTERROGAÇÃO 
Vítimas dos padrões estéticos, que ditam aparências ideais, jovens brasileiros têm sua 
autoimagem distorcida e chegam a desenvolver transtornos alimentares, ferindo-se para atingir 
a perfeição. Ao invés de buscar um corpo magro e cobiçado, não seria melhor um corpo saudável? 
Esse recurso já é um pouquinho mais complexo. A interrogação vem ao final do parágrafo pra 
sacudir o senso comum, trazendo uma reflexão que será desenvolvida ao longo do texto. No 
exemplo, o corpo perfeito é tido como um corpo bonito, sensual, desejável, então eu questiono se 
não seria melhor do que tudo isso ter um corpo são — isto é, um corpo sem anorexia, sem neuras. 
O vestibular é tido como indispensável, o crack é tido como um problema a ser resolvido pela 
força — esses paradigmas também podem ser questionados. Além de instigar o leitor, a 
interrogação obriga o seu texto a sair do óbvio, o que já garante mais pontos. Olha a intro da 
Maria Clara, que combina a definição com uma interrogação: 
O termo vestibular faz referência à palavra “vestíbulo”, sendo um pátio de entrada ao ensino 
superior. Instituída no Brasil no início do século XX, essa prova continua sendo a principal forma 
de ingresso nas faculdades. Entretanto, mais de cem anos depois, cabe perguntar: o vestibular 
ainda é necessário para determinar o conhecimento de um estudante? 
5. REFERÊNCIA 
A estatueta Vênus de Willendorf, esculpida há 28 mil anos, representa o padrão de beleza 
feminina vigente no período paleolítico: curvas generosas, associadas à fertilidade. Em contraste, 
o padrão estético atual exige magreza extrema, ao ponto de provocar risco à saúde. Vítimas da 
estética do seu tempo, jovens brasileiros têm sua autoimagem distorcida e chegam a desenvolver 
transtornos alimentares, ferindo corpo e alma em nome da perfeição. 
 
aí sim 
Introduções que incluem referências são mais impressionantes porque já abrem o texto 
demonstrando repertório. Pra explicar a violência contra a mulher, podemos citar Simone de 
Beauvoir, que diz que a mulher não nasce mulher; torna-se. Pra demonstrar o impacto do crack 
sobre a vida do usuário, recorremos a MC Carol: Larguei minha família, a escola, você sabe. Vou 
perder os meus amigos, se prostituir faz parte. Vale referenciar QUALQUER coisa — obras 
filosóficas, contextos históricos, filmes, músicas, notícias (anime não). O importante é traçar uma 
relação com o tema. Mas lembre-se: a prioridade é colocar referências no desenvolvimento! Se 
você só pensar em uma, deixa pra lá. 
Olha esse uso brilhante de referência em uma introdução da Giovana: 
“Não é cova grande, é cova medida, é a terra que querias ver dividida”. O verso de Morte e Vida 
Severina ultrapassa a barreira do tempo e representa a realidade do Brasil de 2018. Isso porque, 
infelizmente, a luta pelo fim da desigualdade social ainda é muito estigmatizada, principalmente 
por contrariar a ordem vigente, o que pode ser observado na conotação negativa dada ao 
Movimento Sem Terra (MST), que luta pela reforma agrária e fim dos latifúndios improdutivos. 
Essa visão do MST como algo imoral prejudica a sua atuação e contribui para a perpetuação da 
narrativa de João Cabral de Melo Neto. 
Em Morte e Vida Severina, o personagem que queria um pedacinho de terra pra si só o recebe em 
forma de cova. A referência — poderosíssima — tem tudo a ver com uma redação sobre o MST. 
6. ALEGORIA 
No conto Branca de Neve e os Sete Anões, a Rainha Má indaga: “Espelho, espelho meu, existe 
alguém mais bela do que eu?” Seu espelho mágico então responde que ela é a mais bela aqui, mas 
que a Branca de Neve, que está morando bem longe, é mil vezes mais bela. A obsessão da Rainha 
em alcançar a perfeição estética, personificada pela princesa, é refletida pelos jovens brasileiros; 
ao se compararem aos padrões vigentes e constatarem que não são os mais belos, adolescentes 
colocam sua saúde física e mental em risco em busca da perfeição distante. 
O poder da alegoria é o de encontrar em uma história, seja um mito, fábula, parábola ou conto 
de fadas, um paralelo ao problema em questão. A introdução demonstra repertório, já que é uma 
referência, mas também comprova seu poder de interpretação e sua compreensão do tema. Esse é 
o recurso mais complexo, é claro, mas também é o de resultado mais impressionante. Segue 
outro exemplo, que puxa da mitologia grega: 
Na mitologia grega, Narciso se inclina sobre um rio para matar a sede e outra sede o toma: a de 
olhar a si mesmo. Obcecado por seu reflexo, ele mergulha os braços na água e se frustra ao 
abraçar o nada, mas persiste às margens do rio até definhar. A morte de Narciso na busca pela 
perfeição estética espelha as mortes de milhares de jovens brasileiros nas mãos de transtornos 
alimentares, não por amarem a própria imagem — mas por odiarem-na. 
 
autoestima é tudo!! 
Um último exemplo, dessa vez do Phellipe, que arrasou na introdução: 
De acordo com a mitologia grega, Hércules precisou cumprir doze tarefas para tornar-se um 
deus. Tais tarefas só poderiam ser realizadas por alguém com capacidade e habilidades divinas; 
logo, eram uma forma de avaliação coerente. O mesmo não pode ser dito do vestibular, método 
que seleciona a entrada de alunos no ensino superior brasileiro — a dificuldade do exame supera 
em muito o que poderia ser razoavelmente esperado de um estudante. 
Agora você já conhece os seis principais

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