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POR QUÊ LEI CAROLINA DIECKMANN? UMA BREVE ANÁLISE SOBRE A REPERCUSSÃO SOCIAL E JURÍDICA DA LEI 12.737 NO ÂMBITO PENAL.

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POR QUÊ LEI “CAROLINA DIECKMANN”? UMA BREVE ANÁLISE SOBRE A REPERCUSSÃO SOCIAL E JURÍDICA DA LEI 12.737 NO ÂMBITO PENAL.
Resumo 
A intenção de se desenvolver este trabalho acadêmico aqui exposto, está centrada na busca por uma melhor compreensão, não apenas da criação de mais uma Lei Penal, mas também, de se observar como se dá este processo na relação entre a Sociedade atual e a codificação positiva do Direito Penal brasileiro. Assim, buscando tecer uma linha entre a necessidade que as pessoas possuem em defender seus direitos fundamentais e individuais, com o processo sociológico, psicológico e finalmente jurídico acerca do tema, tentaremos analisar como ocorreu este processo específico que expandiu o alcance desta seara. Indo além do âmbito do Direito propriamente dito, buscaremos alcançar detalhes importantes para este caso, como por exemplo: a influência da mídia em casos da jurisprudência brasileira. A ideia central é examinar como surgiu e como está sendo a eficácia popular e jurisprudencial da famosa Lei 12.737/12, intitulada pelos meios de comunicação de “Lei Carolina Dieckmann”.
1. Introdução
 	O desenvolvimento tecnológico tem sido grande aliado da sociedade em geral trazendo benefícios, colocando milhares de pessoas em contato, estreitando distâncias, permitindo a diversidade cultural, troca de conhecimento, enfim, configurando um verdadeiro mundo globalizado, segundo Gustavo Testa Corrêa:
[...] A Internet é um sistema global de rede de computadores que possibilita a comunicação e a transferência de arquivos de uma máquina a qualquer outra máquina conectada na rede, possibilitando, assim, um intercâmbio de informações sem precedentes na história, de maneira rápida, eficiente e sem a limitação de fronteiras, culminando na criação de novos mecanismos de relacionamento. (2000, p. 135)
O avanço da internet, que hoje é vista como um meio de comunicação essencial por interligar dezenas de milhões de computadores no mundo inteiro, permitindo o acesso a uma quantidade de informações praticamente inesgotáveis e como instrumento no dia a dia, apesar de trazer benefícios e servir de disseminadora de informações, traz também muitos problemas quando se trata da privacidade. A falta de normas para regulamentar o campo da internet causa grandes transtornos a quem tem sua vida privada invadida e divulgada na grande rede.		A facilidade de troca de informações com a internet torna-se cada dia mais instantânea, a rapidez com que as informações podem chegar ao outro lado do mundo chega a ser inimaginável. Entretanto essa facilidade e velocidade aliadas ao anonimato que a internet oferece podem ser usadas não só para simples troca de informações; práticas ilegais nesse meio tem se tornado cada vez mais frequentes.								A privacidade que corresponde ao direito reconhecido ao indivíduo de exercer o controle sobre o uso dos próprios dados pessoais inseridos num arquivo eletrônico tendo a liberdade de preservar ou não a própria intimidade, é exposta ao risco em cada acesso, podendo ser violada através de programas de computador sem que a vítima perceba.			No Brasil embora houvesse previsões sobre a proteção aos direitos fundamentais somente a partir da Constituição Federal de 1988 passou a existir expressamente a proteção destes direitos declarada precisamente no artigo 5°, inciso X que: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (2016, p. 6). O Código Penal vigente traz em sua Parte Especial no Capitulo V, denominada “dos crimes contra a honra” (2016, p. 542) a tipificação como crimes a prática da difamação (imputar a alguém fato ofensivo a sua reputação – artigo 139) e da injúria (injuriar alguém, atendendo-lhe a dignidade ou o decoro – artigo 140).													Com o intuito de coibir a prática criminosa via internet, em 2012 foi aprovada a Lei 12.737, apelidada de “Lei Carolina Dieckmann” que dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos, a mesma entrou em vigor em 3 de abril de 2013 introduzindo os Art. 154-A, 154-B, e alterando os Art. 266 e 298 todos do Código Penal. A lei é fruto de projeto apresentado pelo Deputado Federal Paulo Teixeira (PT-SP) cujo trâmite foi acelerado após a invasão e exposição de fotografias íntimas da referida atriz.
Este artigo tem por objetivo avaliar as mudanças ocorridas desde a criação da referida lei, discutir sobre sua repercussão no meio jurídico e social analisando sua eficácia na sociedade e a maneira como estão sendo julgados os casos após a sua publicação, bem como avaliar as falhas e sucessos dessa lei, a influência que tem a mídia em decisões judiciais, as alterações que ocorrem no psicológico das vítimas de crimes cibernéticos e a ética (ou a falta dela) nas redes sociais.
2. O interesse pela criação da Lei 12.737/12
As discussões sociais vêm crescentemente analisando as devidas práticas ilegais que vem a ferir os direitos fundamentais realizadas por hackers com objetivos maliciosos de invadir, modificar, inserir e divulgar pertences privativos de outrem sem o seu consentimento. Consistindo-se na falta de normas efetivas e regulamentadoras de tais práticas. Segundo Jahnke e Gossling: 
Deste modo, a discussão consiste nessa tipologia de práticas ilegais que se encontram em uma crescente tanto pelo retorno rápido, mas também pela falta de normas efetivas e regulamentadoras de tais práticas, bem como um olhar acerca dos direitos fundamentais que são feridos por essas práticas. (2013, p.2)
Verifica-se que há um imensurável risco nas trocas de dados informáticos via internet colocando-se assim a privacidade, intimidade e a segurança das pessoas em constante perigo. Por um lado, tendo a proteção de tais direitos fundamentais previsto na Constituição Federal, são muitas vezes violados sem que a vítima perceba que está sendo alvo de um crime por meio de programas de computador chamados phishing[footnoteRef:1], os quais permitem que sejam transferidas documentos pessoais ilegalmente. [1: Fraude eletrônica, caracterizada por tentativas de adquirir dados pessoais de diversos tipos.] 
A facilidade da troca de informações via Internet coloca a privacidade, intimidade e a segurança das pessoas em risco. A salvaguarda de tais direitos fundamentais encontra-se prevista no artigo 5º da Constituição Federal, caput e inciso X e por vezes são violados sem a vítima perceber, por meio de programas de computador chamados phishing, que copiam dados e senha, como malwaers5, números de cartão de crédito, roubam fotos, documentos. (Jahnke e Gossling. 2013, p.3)
Ainda de acordo com Jahnke e Gossling (2013), para alguns doutrinadores haveria uma possibilidade da privacidade ser combatida por meio de uma convenção mundial, registrada por todos os países participantes da norma. Observou-se que tal maneira não teria efetividade e que era preciso encarar o problema e buscar soluções práticas e eficientes dentro do possível.	
Na visão de certos doutrinadores, a privacidade deveria ser combatida por meio de uma convenção mundial, assinada por todos os países7. Infelizmente sabemos que tal assertiva é utópica, motivo pelo qual temos que nos deparar com o problema e encontrarmos soluções práticas e eficientes, dentro do possível. (2013, p.3)
Neste sentido, Ascensão compreende que “cada país procurará reagir com seus meios atuáveis, dentro das suas fronteiras” (Jahnke e Gossling apud Ascensão, 2013, p.3). Foi através do uso desenfreado de computadores, manuseados cotidianamente pelas populações, que trouxe sérios problemas para a sociedade por volta da década de 60, abrangendo o acesso e posse da tecnologia não só para fins científicos mais também para o uso comum da população.
Os problemas surgiram quando o computador passou a fazer partedo cotidiano da população, na década de 60, ou seja, quando não foi mais utilizado apenas para fins científicos, começando a ser de uso comum da população. (2013, p.4)
 O advento da tecnologia foi importante para a sociedade, pois trouxe consigo modificações e inovações tecnológicas o que possibilitam maior comodidade e melhores relações, sem a barreira da distância. Além de permitir troca de conteúdos via internet. Porém, vale salientar que a globalização desencadeou várias práticas ilegais e criminais. 
Sabe-se que a inovação tecnológica trouxe benefícios, colocando milhares de pessoas em contato, estreitando distâncias, permitindo a diversidade cultural, troca de conhecimento, enfim, configurando um verdadeiro mundo globalização, mas ao mesmo tempo, trouxe diversas práticas ilegais e criminosas, merecedoras de estudo e regramento. (2013, p.4)
As condutas ilícitas podem recair em bens imateriais, através de meios virtuais, atingindo softwares e hardwares que é o bem jurídico salvaguardo em bits. Tal ação pode afetar também, diretamente ou indiretamente direitos individuais; a liberdade individual e por fim, a paz pública.
Atualmente sabemos que a conduta ilícita se dá por meio de softwares e hardwares e que a natureza do bem jurídico atingido está por vezes representada em bits. O bem jurídico tutelado poderá ser um software, um hardware, a honra objetiva, a liberdade individual, a paz pública. (2013, p.5)
A criação e aprovação da lei que tipificam os crimes de invasões a privacidade e intimidade pessoais, deu origem a lei 12.735/12 (proveniente do PL 84/99) que determina a criação de novos setores capacitados nas policias para investigação de crimes cibernéticos, dentre outros aspectos relacionados. Com relação a legislação penal da informática houve destaque a lei 12.737/12 (proveniente do PL 2793), sendo sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 03 de dezembro de 2012. Ambas em vigor desde 02 de abril de 2013, trazendo consigo mudanças sociais com o objetivo de extirpar a impunidade dos chamados delitos informáticos próprios (o que só pode ser praticados através da internet). 
3. Observações sobre a repercussão jurídica da Lei
A criação de leis após um fato ocorrido faz criar-se a falsa ideia de que vai solucionar conflitos que outrora aparecera como insolúvel, e muitos esperam que a tal lei seja a solução para o conflito vivenciado em sociedade. Porém nem sempre emerge a eficácia esperada, e assim adentra na área do direito penal para punir os que vão contra a norma especifica. O que leva a criação imediata de legislação e que crie uma aparente sensação de providência tomada. Segundo Souza: 
As intervenções e ações do Estado são mínimas, haja vista que pouco se verifica ações sociais e políticas públicas que tentem minorar as causas de tamanha violência, enquanto isso, o endurecimento das ações pesa sobre a legislação penal, transformando o direito penal em instrumento de combate dos problemas sociais. (2015, p. 1)
Retomando essa linha de pensamentos vemos que a sem a implementação de políticas públicas e de ações sociais a repercussão jurídica e social, a lei não almeja um resultado tão gratificante, como no caso citado da lei Carolina Dieckmann no qual foi criada com o intuito de tipificar os delitos cibernéticos que afligem a dignidade da pessoa humana independente de ser pessoa pública ou não. Contudo, o direito deve estar com a realidade social em constante adaptação, buscando formas de apresentar os meios mais eficazes para amenizar os conflitos. Neste sentido, Paulo Cesar Santos Bezerra e Raquel Tiago Bezerra afirmam que “É o que ocorre, constantemente, com a legislação penal, muitas vezes insatisfatória e imprópria para a solução de problemas como criminalidade e violência”. (2012, p.24).		Vimos então que os efeitos práticos, perspectivamente social e jurídico, demonstra que utilizar uma legislação penal emergente, está diante de uma grande violação a direitos inerentes ao homem, contrapondo-se assim ao fim buscado pela ciência criminal. A principal visão esperada através dessa lei é a tutela do bem jurídico da liberdade individual, do direito e sigilo pessoal, sendo assim importante para o convívio social, sendo a atriz considerada pessoa pública apenas mais uma das inúmeras vítimas desse tipo de invasão.
4. A repercussão social da criação da Lei
A problemática é que a nossa legislação penal não acompanhou o desenvolvimento da sociedade, pois até outubro de 2012 não havia punição para esses criminosos que cometem esses tipos de crime, os operadores do Direito tentavam encaixar a conduta desses agentes em outros tipos penais, como exemplo, o crime de estelionato.	Todavia, com a entrada em vigor da Lei 12.737/2012 – “Lei Carolina Dieckmann”, houve a possibilidade de punir esses criminosos com pena devidamente tipificada no Código Penal.							A nova lei ganhou notoriedade porque, antes mesmo de publicada e sancionada, já havia recebido o nome de “lei Carolina Dieckmann”. Tal apelido se deu em razão da repercussão do caso no qual a atriz teve seu computador invadido e seus arquivos pessoais subtraídos, inclusive com a publicação de fotos íntimas que rapidamente se espalharam pela internet através das redes sociais. O caso da atriz teve grande visibilidade nacional, a atriz concedeu uma entrevista bastante emocionada ao programa Fantástico causando uma comoção popular, e também se pronunciou nas redes sociais onde muitas pessoas demonstraram seu apoio. 										A pressão social e midiática fez com que o Congresso Nacional decretasse a lei, e a Presidenta da Republica Dilma Rousseff, a sancionasse, em 3 de dezembro de 2012, a Lei 12.737/12, que dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos.		Embora inúmeros projetos de lei sobre crimes de internet tramitassem há anos no parlamento, dentre os quais o que originou essa lei, e diversos grupos de pressão atuassem pela criminalização de condutas na rede, no final de 2011 estabeleceu-se um consenso, segundo Sica: “os PL´s [footnoteRef:2]sobre crimes seriam reunidos, sistematizados e sua tramitação seria suspensa em prol do Marco Civil da Internet.” (2013, p. 1). De acordo com Callegari e Wermuth: [2: Projeto de Lei] 
A influência cada vez maior dos meios de comunicação de massa como processo de formação da opinião sobre os mais diversos assuntos é uma das características da sociedade globalizada. [...] a mídia de massa impõe a sociedade uma forma bastante peculiar de enxergar os ‘problemas sociais’, buscando a todo custo por audiência, pelo sucesso comercial, ou seja, estão sempre focados em uma lógica mercadológica. (2010, p. 45)
					
Em decorrência desses interesses meramente mercadológicos, transforma-se o “crime” em um rentável produto, “respondendo às expectativas da audiência ao transformar casos absolutamente sui generis [footnoteRef:3]em paradigmas, aumentando, assim, o catálogo de medos”, bem como “o clamor popular pelo recrudescimento da intervenção punitiva” (WERMUTH, 2011, p. 47). 				.								Zaffaroni define: [3: Sem gênero específico ] 
Esse tipo de atuação dos meios de comunicação, em especial o televisivo, como autoritarismo cool. Ou seja, as autoridades encontram-se sitiadas pelas sucessivas imposições dos meios e a velocidade reprodutiva torna-se vertiginosa, o que impede, inclusive, “os baques capazes de abrir espaço aos discursos críticos. (2007, p. 76)	
	
Vieira, citando o advogado Carlo Federico Müller (2013), “ainda prevê que o crime ocorre apenas se houver violação dos dispositivos de segurança”. Ele continua dizendo que: “Nunca estará protegida a maior parte da população, que é leiga e não tem recursos para comprar e atualizar softwares de proteção de seus computadores, tablets ou smartphones” (MÜLLER apud VIEIRA, 2013, p.1).							Observamos então como a nova lei é falha e como muitas questões ainda permanecem obscuras, mas, de fato, é uma inovação na legislação brasileira, e uma excelente iniciativa para tipificar esse tipo de conduta que já vinha sendo praticado durante anos.
5.Observações acerca da eficácia da Lei
 Embora as novas normas acrescidas ao Código Penal, pela referida Lei que vem tipificar crimes cometidos no âmbito virtual por cibercriminosos, estes os quais detém de ferramentas e habilidades para burlar os sistemas de proteção de aparelhos eletrônicos. Contanto mesmo com essa nova tipificação para tais delitos, tal instrumento jurídico possui em sua redação, tanto sucessos como deixa algumas falhas, quanto a sua aplicação. Pode se observar na redação do texto do Art. 154-A do Código Penal:
Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. (2016, p. 545)	
	
Com a nova redação do referido artigo, que vem tipificar a invasão dos dispositivos eletrônicos, com o intuito de subtrair, para outrem informação ou dados particulares da vítima para, com intuito de obter uma vantagem ilícita por meio do crime de estelionato que se encontra tipificado no Art. 171 do Código Penal (2016, p. 548), e posteriormente vindo a expor à intimidade das pessoas na rede mundial de computadores que poderíamos caracterizar como sendo um crime de injuria que está contido no Art. 140 (2016, p. 543), do mesmo código, atendendo-lhe contra a sua dignidade, não dependendo de qual conteúdo seria exposto pelo criminoso, deixando claro que o simples o fato da invasão do aparelho já deixaria de forma clara quais seriam as intenções do criminoso, quando o mesmo invade o dispositivo que contem segurança de proteção de dados. Segundo Damásio de Jesus:
Crimes eletrônicos puros ou próprios são aqueles que sejam praticados por computador e se realizem ou se consumem também em meio eletrônico. Neles, a informática (segurança dos sistemas, titularidade das informações e integridade dos dados, da máquina e periféricos) é o objeto jurídico tutelado. (JESUS apud CARNEIRO, 2015, p. 1)
 	
	Porem deve-se ressaltar que as pessoas que por sua própria vontade se detém a divulgar suas imagens nas redes sócias para se auto divulgar ou no intuito de angariar, uma quantidade superior de seguidores de suas páginas sociais, não estariam cobertos pela lei, pois a lei trata apenas as invasões de seus dispositivos protegidos e o roubo de suas fotos, vídeos ou dados contidos no sistema, não ficando amparadas nesse contexto tais casos que ocorram, e tais bens jurídicos moveis. Segundo NEJM:
[...] pensar bem antes de publicar, por que aí não tem violação, se você escolheu publicar achando que está publicando só para os amigos, aquilo caio na rede é público, lembra que a internet é uma praça pública, hoje com 2 bilhões de pessoas no mundo. [...], mas uma vez que você publicou você abre o direito de as pessoas usarem de alguma forma. (NEJM in: Justiça em Foco, 2013) 
	Agora ao observarmos a redação disposta no Art. 154-B do CP e dos crimes definidos no Art. 154-A (2016), somente se procede mediante representação, salvo se o crime for cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos. A redação contida nesse dispositivo, mostra-nos que se a violação dos dados, forem direcionadas as autoridades que são detentores de poderes representativos do Estado, tornar-se-ia uma agravante nos autos do processo em analise, por esses seres possuírem informações de caracteres de grande importância, dentro dos âmbitos governamentais. Aumentando-se apena do réu. Segundo Tomás:
[...] o legislador entendeu que autoridades como, Presidente da República, Governadores, Prefeitos, Presidente do Supremo Tribunal Federal dentre outras autoridades, elas carregam consigo confidencialidades ou então informações que são muito importantes para a opinião pública daí por que a pena ser maior. (TOMÁS, in: Marco Civil da Internet, 2014)
	A lei 12.737/12 não fez apenas a incorporação no CP dos artigos citados, mas também fez modificações de relevância em outros artigos do CP, que vieram a delimitar outras condutas criminosa, praticadas por pessoas de má índole, que se utilizariam de seus conhecimentos para fazer adulterações diversas.										 Outro instrumento jurídico que sofreu alteração foi a redação do Art. 298 do CP. Que tipifica a falsificação de documentos particulares, veio equiparar como sendo documentos particulares, cartões de créditos ou debito que por ventura vierem a ser falsificados por terceiros, em estabelecimentos comerciais ou bancários, deixando a responsabilidade no âmbito criminal do criminoso, e de processo civil do dono do estabelecimento, tendo a vítima conhecimento somente quando nota que, houvera movimentação bancaria ou compras indevidas, podendo assim a vítima recorrer dos danos lesados. Segundo Lagrota:
[...] a responsabilidade criminal é especificamente daquele que implantou um equipamento de cópia de senha, de clonagem de cartão. A nova lei traz exatamente o Art.298 CP, passa a ter um parágrafo que exatamente trata agora o cartão de credito, que outrora não tinha disciplina nem uma, e passa a ser sim um documento para efeitos criminais, documento esse particular, por conta disso esse documento passa a ser abraçado também pelo direito penal. Então quem clone vai responder sim e o dono do estabelecimento no âmbito civil, se for comprovado que fora um funcionário seu. (LAGROTA IN: Justiça em Foco, 2013)
6. A influência da mídia em relação a criação de nova Leis Penais
A televisão ganhou sua forma como meio de comunicação após o século XX, e até hoje é um meio de comunicação mais utilizado em toda a sociedade, em todos os lares possui esse móvel tão popular. Isso demonstra que esses eletrodomésticos são hoje em dia os mais utilizados e são os mais usados como meio de massificação das informações. Em torno deles, a mídia joga um papel importante na difusão e influência das informações. 				No Direito, podemos citar o caso de Daniella Perez, que mudou os rumos das normas jurídicas na sociedade, transformando por pressão social o crime de homicídio qualificado em crime hediondo. A atriz foi morta de forma bárbara, pelo então colega de trabalho Guilherme de Pádua, e a coautora do crime, sua esposa Paula Thomaz. Foi um crime estúpido marcado pelo ciúme; “[...]os personagens principais daqueles acontecimentos tiveram as vidas marcadas para sempre e uma grande mobilização mudou a legislação penal”, afirma a repórter Carla Rocha para o sítio do jornal O Globo (2012, p.1).							Vale aqui ressaltar o que diz a lei 8.072/90, que trata essencialmente, de crimes desta espécie, o que inclui; latrocínio, extorsão qualificada pela morte, sequestro, estupro, atentado violento ao pudor e com resultado de morte, envenenamento de substâncias, genocídio, etc. O que não se pode permitir é a atenuação por parte das classes mais favorecidas em relação a casos tão graves de ordem social, sendo que está bastante claro que a infração contra a pessoa humana das classes inferiores passam por momentos dramáticos como estes no seu cotidiano comum.
	 							
7. A relevância jurídica do aspecto psicológico da vítima
 	 A Lei nº. 12.737/12, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, criminaliza a invasão de computadores para obter vantagem ilícita, como a falsificação de cartões de crédito e a interrupção de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública. No ano de 2012, a atriz teve o computador invadido e fotos pessoais divulgadas na internet. Aqui discutiremos como isso pode trazer danos psicológicos para a vítima.	 	 
A lesão psicológica destrói a vida da mulher. A restruturação emocional, da autoestima e do bem-estar levam anos, talvez impossível de ser restabelecida. Para que estes crimes sejam punidos, a vítima precisa denunciar o agressor. O medo de uma maior exposição é latente.(BEZERRA, 2014, p.1)
												Muitas das pessoas que tem suas imagens íntimas expostas na internet, sofrem preconceito e são apontados como os culpados pelo acontecimento, só aumentando o seu sentimento de culpa e devido a isto, muitas vezes tentam se distanciar da vida social, entram em depressão e podem inclusive cometer suicídio devido tamanho constrangimento causado pela ação. Esse problema não afeta somente o Brasil, mas, é um problema mundial.
Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as pessoas, homens e mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também frequente. (KOCH; ROSA, 2016, p. 1)	
				
	Segundo Liliana Minardi Paesani (2009), Doutora em Direito Civil e mestre em Direito das Relações Econômicas Internacionais, entre outras coisas, explica que: 
 No meio Digital, o ramo do direito que tem recebido maior solicitação é o Direito Penal. O Direito Penal utiliza conceitos clássicos como dolo, culpa e fato destinados à aplicação da pena que é sinônimo de sofrimento e aflição. No ambiente digital o homem se anima de paixões e persegue fins que contrariam o ordenamento jurídico. (2009, p. 1)
8. Ética nas redes sociais, modos e comportamento. 
De acordo com Garcia e Marzá (2014), a ética é classificada como um saber pratico, buscando a compreensão do que é bom ou mau, justo e injusto, diferenciando assim o que é moral e imoral. O ser social é constituído das relações que estabelece entre si, levando em conta os valores e normas da sociedade e da cultura na qual está inserido. A sua ética é expressa no dia a dia, por meio de sua linguagem, ações e costumes. Scherer-Warren observa que:
A análise em termos de redes de movimentos implica buscar as formas de articulação entre o local e o global, entre o particular e o universal, entre o uno e o diverso, nas interconexões das identidades dos atores com o pluralismo. (1996, p. 143)
 
 Segundo o mesmo autor “as redes sociais possuem um conjunto de informações que tem uma amplitude de assuntos, possibilitando uma ampla interação e análise sobre os mesmos.” (1996, p. 143) Podemos observar que a diversidades de informações apresentadas na rede nos transforma em seres sociais cada vez mais autônomos e interligados.			Desta forma podemos perceber a importâncias das redes sociais e a forma como a ela está intrínseca na sociedade atual. Tal fato nos leva refletir até onde o indivíduo deve interagir sem infringir a privacidade e confidencialidade do outro, afirma:
O princípio do respeito à privacidade e confidencialidade vem fazendo parte dos principais documentos internacionais relacionados com o campo da ética desde as últimas décadas no século passado, culminando com a promulgação da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos da Unesco. (2016, p. 5) 
Santos, Santos e Viana afirmam que “a liberdade do ser, não pode ser limitada, desta forma os cidadãos devem utilizar de sua capacidade de compreensão para não infligir o direito do outro com injurias e difamações.” (2016, p.?) A lei garante que o indivíduo que foi ofendido e/ou prejudicado possa ser indenizado, buscando assim reparar quaisquer danos que tenha sofrido. Afirma ainda que a “liberdade de expressão é um direito imprescindível e inalienável aos cidadãos não interfira nos direitos à intimidade e privacidade de terceiros, o que possibilita equilibrar o funcionamento de tais direitos."(2014, p.1).		
9. Considerações finais acerca da Lei 12.737/12
Existe, obviamente, um interesse popular extremo em relação ao que se deve obter da justiça em relação a casos bastante específicos, principalmente os que fazem referência à intimidade ou vida privada de cada um de nós. No caso aqui exposto tentamos esclarecer como ainda podemos ter influência direta sobre certas movimentações formais da justiça no Brasil, se, e somente se, nos empenharmos com sentido e objetividade em direção aos direitos pessoas e garantias.												A força normativa da população diante de casos de violência ou exposição indevida, são a força motriz do processo legislativo. Entregar as vias de fato apenas nas mãos dos grandes administradores do poder público ou judiciário não é de maneira alguma o modus operandi mais correto a se seguir em determinadas, se não todas, as situações. Com isso, o importante papel deste artigo foi identificar a relevância do Direito Penal no cotidiano ordinário da população e principalmente reavivar o desejo e justiça dos maiores interessados, nós enquanto cidadãos de bem.											Que toda lei seja analisada a partir de sua criação e que seu fundamentação esteja ao alcance de todos, também como a participação da população atingida seja levada em consideração pelas mãos normativas dos três poderes públicos brasileiros. Deve haver entre o caminho a ser traçado uma maior exposição e utilização dos PL´s e PEC´s por parte dos formadores das mesmas, com o intuito de alcançar os seus devidos fins. 			Podemos concluir que o ser possui o direito, assegurado por lei, de exercer a sua liberdade, mas deve sempre utilizar a ética, a moral e o bom senso como ferramentas para discernir as suas ações, e assim não infligir o direito do outro. Os princípios da proibição do excesso e da proporcionalidade devem prevalecer, sem que, assim, haja colisão entre eles ou depreciação de um em função da preponderância de outro.
10. Referências Bibliográficas 
BRASIL. Constituição da RFB de 1988 in: CURIA, Luiz Roberto; CÉSPEDES, Livia; ROCHA, Fabiana Dias (Org.). VADE MECUM SARAIVA. 21. ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2016.
BRASIL. Código Penal brasileiro in: CURIA, Luiz Roberto; CÉSPEDES, Livia; ROCHA, Fabiana Dias (Org.). VADE MECUM SARAIVA. 21. ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2016.
BEZERRA, Alyne. A violência psicológica contra a mulher na internet. In: Instituto brasileiro de informática. São Paulo, 2014. Disponível em: < http://www.ibdi.org.br/site/artigos.php?id=280>. Acesso em: 15 mai. 2016.
CORRÊA, Gustavo. Aspectos jurídicos da internet. 1º ed. São Paulo: Saraiva, 2000. 
JAHNKE, Leticia Thomasi; GÖSSLING, Luciana Manica. A tutela da dignidade da pessoa humana através da tipificação de novos crimes cibernéticos. UFSM, Santa Maria, 2013. Disponível em: http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2013/6-6.pdf. Acesso em: 01 mai. 2016.
KOCH, Aice; ROSA, Dayane. Depressão. Disponível em: < https://www.abcdasaude.com.br/psiquiatria/depressao. Acesso em: 22 mai. 2016
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