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1 Aline David – ATM 2025/B PATOLOGIA II – AULA 08 CONCEITOS INICIAIS ❖ Matriz óssea: componente extracelular do osso. - Componente orgânico (osteoide, 35%) – colágeno tipo 1, GAG e outras proteínas. Responsável pelo crescimento ósseo e faz parte do processo de degeneração quando começa a reduzir esse componente. - Componente mineral (inorgânica) (substâncias, cálcio, fósforo - 65%). - Osso reticular (menos denso, com crescimento mais lento). - Osso lamelar (mais denso, com matriz óssea bem- organizada). - Fosfatase alcalina: existe uma porção óssea e uma porção hepática. Quando dose se refere as duas partes. CÉLULAS ❖ Osteoblastos: sintetizam osso - Localizados na superfície da matriz - Podem tornar-se inativos e permanecer na superfície, ou ser incorporados à matriz como osteócitos ❖ Osteócitos: células que estão no meio da matriz óssea. - Ligados por rede de processos dendríticos através de canalículos. - Ajudam a controlar os níveis de cálcio e fosfato no microambiente. ❖ Osteoclastos: - Macrófagos multinucleados, especializados, responsáveis pela reabsorção óssea. Dão ao osso a capacidade de se regenerar. - Se ligam à matriz óssea através de integrinas e criam a fissura de reabsorção. - Secretam proteases ácidas e neutras (predominantemente metaloproteinases de matriz, MMPs). - Muitos osteoblastos, sempre na superfície da matriz (rosa bem forte). Sintetizam matriz óssea. Tem bastante vascularização para trazer matriz para os osteoblastos. - Osteoclastos funcionando e degradando matriz. Tem proteínas ligando-os, mas parece que tem um espaço. São grandes e multinucleados. ❖ Esqueleto está em constante renovação (remodelamento) – 10% é substituído anualmente. - Unidade multicelular óssea (BMU): osteoblastos acoplados (acima do osteoclasto) + osteoclastos na superfície do osso (local onde a renovação acontece). - Regulação através de interação entre células e citocinas. - Fatores exógenos à unidade multicelular: diversos hormônios, vitamina D, citocinas inflamatórias e fatores de crescimento atuam na ativação e 2 Aline David – ATM 2025/B inativação de osteoclastos →RANK (ligador dos osteoclastos)/OPG (osteoprotegerina). - Pico de massa óssea: momento do fim do crescimento esquelético, início da vida adulta; após os 40 anos, reabsorção excede a formação (declínio do pico de massa óssea). Vai reduzindo a massa óssea ao longo da vida. É influenciado por vários fatores. Ex.: exposição a hormônios, alimentação, relação familiar, etnia, etc. quanto menor for o pico de massa óssea em determinada idade é mais fácil de a pessoa adquirir osteoporose ao longo da vida. Por isso mulheres tem maior risco de osteoporose do que homens ao longo da vida (estrogênio é inibidor de osteoclasto, faz com que aumente a quantidade de massa óssea e estimule osteoblastos). ❖ BMU: Fixação dos osteoclastos → aumenta a reabsorção → ligação dos osteoblastos e proliferação → síntese de matriz. - Por interações externas de hormônios é que isso vai ligar ou desligar. - A osteoprotegerina liga no RANK nos osteoblastos e impede a ligação do RANKL no RANK. Protege o osso. - Existem medicações que vão atuar no RANK e no RANKL, além da osteoprotegerina. - Osteoclastos que vão fazer degradação óssea, liberam fatores de crescimento que vão fazer proliferação de células osteoblásticas. Sinaliza para o corpo que tem muito osso sendo degradado, logo é preciso formar osso. Os osteoblastos vão proliferar e começar a liberar mais matriz óssea e aos poucos se diferenciam em osteócitos que vão inibir a função dos osteoblastos quando tem muita matriz sendo formado. Os osteoblastos vão ativar osteoclastos que vai degradar a matriz óssea → ciclo de remodelamento. - Quando acontece uma fratura, a primeira coisa que acontece é um coágulo. Depois começa a proliferar células, citocinas, interleucinas. Ativação de osteoblastos (uma lesão precisa produzir matriz óssea e cicatrizar) e vai formando aos pouquinhos o calo ósseo. Demora para consolidar porque inicialmente o calo ósseo não tem estruturas rígidas, é formado por componentes de colágeno amolecido e ele fica instável (por isso tem que imobilizar, chance de refratura). Depois esse calo ósseo começa a endurecer, depositar cálcio, os osteoclastos começam a modelar e consolidam o osso de verdade. Esse processo pode durar de 4 a 6 semanas. DISTÚRBIOS ADQUIRIDOS DO OSSO E DA CARTILAGEM OSTEOPENIA E OSTEOPOROSE ❖ Diminuição de massa óssea. A diferença está na quantidade de perda de massa óssea. ❖ Osteopenia: diminuição da massa óssea; 1 a 2,5 Desvio Padrão abaixo da média do pico de massa óssea em adultos jovens com características semelhantes (DMO). - Padrão ouro: densitometria óssea. ❖ Osteoporose: osteopenia grave suficiente para aumentar significativamente o risco de fraturas; mais de 2,5 Desvios Padrões abaixo da média. - Causas mais comuns: senil (baixa renovação e alta degradação) e pós-menopausa (aumento de perda – perda de estrogênio que é um grande inibidor de osteoprotegerina, que inibe a ligação do osteoblasto com o osteoclasto e esse mecanismo vai fazer com que haja maior degradação e menor produção de osso). - Manifestações dependem dos ossos envolvidos (dor, fraturas patológicas). - Prevenção e tratamento: de acordo com fatores de risco para osteopenia e osteoporose (exercícios, ingestão adequada de cálcio, tabagismo e vitamina D). - Quanto menor for o pico de massa óssea da pessoa, maior é o risco de fazer osteoporose. 3 Aline David – ATM 2025/B - Osso osteoporático. Primeiro tem uma vértebra normal com uma rede óssea disposta de uma maneira mais vertical do que horizontal. Existe buraquinhos mais menos. A segunda vértebra mostra uma osteoporose, vértebra muito achatada, com rede óssea disposta mais horizontal e muitos buraquinhos → colapso vertebral com diversas microfraturas. DOENÇA DE PAGET (OSTEÍTE DEFORMANTE) ❖ Distúrbio de aumento desordenado de massa óssea, que se torna instável. ❖ 3 fases sequenciais: estágio osteolítico inicial, estágio osteoclástico-osteoblástico misto, estágio quiescente osteoesclerótico de esgotamento final ❖ Média de idade ao diagnóstico é de 70 anos. ❖ Muitos indivíduos são assintomáticos (sem dor, o que pode acontecer é fratura no local, mas não tem sintomas por causa das lesões). ❖ Causa incerta, fatores genéticos e ambientais envolvidos – mutações que aumentam a atividade da NF-kB (aumenta atividade de osteoclastos inicialmente e isso dá o gatilho para fazer a lesão de osteíte deformante). ❖ Clínica depende da extensão da doença; maioria assintomática, achado radiográfico acidental, pode haver dor. - Afeta principalmente esqueleto axial e fêmur (axial e distal) em mais de 80% dos casos. - Pode ocorrer formação de tumores – sarcoma é incomum. - Diagnóstico por radiografia – osso aumentado e com aspecto grosseiro. ❖ Micro: padrão de mosaico do osso lamelar na fase esclerótica forma aparência de quebra-cabeça, produzida por linhas de cemento anormalmente proeminentes (patognomônico); em outras fases, achados são menos específicos. - Fase osteolítica: osteoclastos ativados que começam a degradar matriz óssea. - Fase mista: tem uma parte de osso sendo formada e uma parte de osso sendo degradada (acontecendo ao mesmo tempo) e o osso formado é lamelar. Início da formação do quebra-cabeça. - Fase Osteoesclerótica: osso já está todo em configuração em quebra-cabeça de forma instável e grosseira. - Início da doença. Uma entrada. A linha branca é a cortical do osso e o pretinho do meio é o aumento da atividade osteoclástica. Esse paciente foi tratado e a radiografia um ano depois apresentou um osso bem mais íntegro, sem a falha preta e com recuperação da perda. Um ano depoisparou de tratar e reativoo a doença. Esse é o início da doença de osteíte deformante. 4 Aline David – ATM 2025/B - Osso em uma fase mais avançada osteolítica deformante, o osso fica mais deformado e mais denso. Forma muito osso e curva a tíbia. - Matriz óssea muito densa e condensada, com septos divididos de maneira grosseira como quebra-cabeça como se fosse várias peças encaixadas. QUESTÕES - Pacientes com IMC abaixo do normal vão ter menor pico de massa óssea. Não que a obesidade proteja, mas pessoas com IMC menor tem menor risco. - Uso de corticoide principalmente mais do que 5mg/dia por mais de 3 meses aumenta o risco para osteoporose. O uso eventual não altera. - Dor no quadril e coxa direita há vários meses a causa mais comum é osteoartrose. A radiografia continua dando o diagnóstico de osteoartrose. O osso espessado chama a atenção e desvia um pouco do diagnóstico de osteoartrose. Labs: pensando em tumor. Se tivesse algum tumor produtor de osso, a fosfatase alcalina estaria aumentada e o cálcio e o fósforo poderiam estar aumentados também. A biópsia para retirar mesmo a hipótese de neoplasia deu o diagnóstico pela doença de Paged, mas não foi pela clínica, foi pela biópsia que diferenciou de osteoartrose. NEOPLASIAS ❖ Metástases e tumores hematopoiéticos são os principais tumores ósseos. ❖ Sarcomas ósseos são letais em 50% dos casos → tumores ósseos primários mais comuns. Tumores e pessoas mais jovens, crianças, adolescentes e adultos jovens. Quanto maior a idade maior a chance de mortalidade, mas são tumores bem ruins mesmo nas crianças. ❖ Maioria das neoplasias primárias ósseas se desenvolve nas duas primeiras décadas de vida, mais em ossos longos. ❖ Lesões benignas geralmente são assintomáticas, achados acidentais – mais comuns do que neoplasias malignas primárias (dor óssea), geralmente nas três primeiras décadas de vida. ❖ Lesões em adultos mais velhos provavelmente serão malignas. TUMORES FORMADORES DE OSSO OSTEOMA OSTEOIDE E OSTEOBLASTOMA ❖ Tumores benignos produtores de osso, diferem em tamanho, locais de origem e sintomas. ❖ Não tem comportamento de invasão e de metastatização. ❖ Diferença no tamanho e na origem da lesão. ❖ Osteomas osteoides: <2cm, homens jovens, esqueleto apendicular (fêmur ou tíbia), dor severa noturna (alivia com analgesia simples), tratamento com ablação por radiofrequência. ❖ Osteoblastoma: >2cm, coluna vertebral posterior (processos espinhosos das vértebras), dor mais importante que não alivia com analgesia simples (precisa de analgesia IV ou opioides), necessita excisão cirúrgica (mesmo sendo benignas, por causa da dor). Não melhoram com radiofrequência. ❖ Macro: massas arredondadas ou ovais de tecido arenoso, castanho e hemorrágico, bem circunscritos. ❖ Micro: osteoblastos de aspecto benigno (normais), formando camada única ao redor de trabéculas (redes) de osso reticular; estroma em tecido conjuntivo frouxo com muitos capilares dilatados e congestos. 5 Aline David – ATM 2025/B - Redes do osso reticular, com estroma e uma camada única de osteoblastos bonitinhos e alinhados ao redor do estroma. Muitos vasos com eritrócitos dentro. OSTEOSSARCOMA ❖ Tumor maligno primário mais comum dos ossos (excluindo mieloma e linfoma) –20%. ❖ Tumor com prognóstico muito ruim. Quando é possível pegar em fases que ainda não metastizou e não se infiltrou tanto, o prognóstico é melhor porque ele responde bem a radioterapia. Geralmente ao diagnosticar o paciente já tem micrometástases que não se consegue enxergar e isso é o principal fator de pior prognóstico. ❖ A diferença dos benignos é que ele invade e metastatiza. ❖ Distribuição etária bimodal → 75% em <20 anos, segundo pico em adultos mais velhos. - Lesão óssea em pacientes com 40 anos não se espera que seja osteossarcoma. ❖ Mais comum em homens, pode afetar qualquer osso, mas geralmente ocorre em região metafisária de ossos longos das extremidades (principalmente joelho). - Região distal do fêmur e proximal da tíbia. ❖ Massas dolorosas, de crescimento progressivo. ❖ Radiologicamente: massa grande, destrutiva, infiltrativa, mista (lítica e blástica). ❖ Tratamento pressupõe que, ao diagnóstico, todo paciente possui micrometástases (não consegue identificar e não consegue tratar). - 10-20% possuem metástases pulmonares evidentes ❖ Macro: tumores volumosos, granulosos, branco- acinzentados, com áreas de hemorragia e degeneração cística (podem sofrer necrose); frequentemente destroem córtex e produzem massas de tecidos moles. ❖ Micro: células variam em tamanho e formato, núcleos grandes e hipercromáticos, mitoses frequentes (atípicas), células gigantes e bizarras; invasão vascular evidente, pode haver necrose extensa; produção de osso pelas células malignas, podem produzir também cartilagem ou tecido fibroso. ❖ Tratamento: retirada do tumor e substituir por prótese. - Pontos e necrose com bastante vascularização. - Mitoses atípicas com várias células em estágios diferentes, com nucléolos proeminentes e desorganizadas, inclusive a matriz óssea desorganizada. TUMORES FORMADORES DE CARTILAGEM OSTEOCONDROMA (EXOSTOSE) ❖ Tumor ósseo benigno mais comum (85% esporádicos) – síndrome de exostose múltipla hereditária/osteocondromatose familiar (mais sintomática - paciente tem vários osteocondromas que surgem por todo o corpo. Quando fecha a fise, o tumor para de crescer. São tumores de crianças. Na idade adulta essas lesões podem se malignizar, principalmente na síndrome. ❖ São proliferações ósseas recobertas por cartilagem. ❖ Lesão encapada por cartilagem que se prende ao esqueleto por talo ósseo. São lesões indolores com crescimento limitado e que crescem a partir das fises de crescimento (faz como se fosse uma bolsinha de cartilagem da fise, geralmente única e isolada em uma diáfise). ❖ Mais comuns em homens ❖ Surgem a partir da metáfise perto da placa de crescimento, especialmente perto do joelho. ❖ Massas de crescimento lento, que podem ser dolorosas se incidirem sobre um nervo ou se houver fratura. ❖ Na forma familiar, ossos podem estar encurtados e arqueados. ❖ Param de crescer quando placa de crescimento fecha. ❖ Podem evoluir para condrossarcomas (forma familiar 5-20%). ❖ Macro: sésseis ou pedunculados, variam de 1-20cm de tamanho 6 Aline David – ATM 2025/B ❖ Micro: capa de cartilagem hialina de espessura variável, coberta por pericôndrio - Proliferação de cartilagem e cresce osso bem perto da fise. Cresce até que feche a fise. O tumor é composto por todas as camadas do osso (osso, cartilagem e medula). - Joelho é a localização mais comum. - Matriz com película de cartilagem bem definida e espessada acima. TUMORES DE ORIGEM DESCONHECIDA ❖ Tumores da família do sarcoma de Ewing (sarcoma de Ewinge tumor neuroectodérmico primitivo – PNET). ❖ 6-10% dos tumores malignos primários do osso, segundo grupo mais comum de sarcomas ósseos em crianças e adultos jovens. Extremamente agressivos. ❖ 80% dos indivíduos acometidos tem <20 anos. ❖ Mais comum em meninos, brancos. ❖ Não são comum em idosos. ❖ Mais comuns na diáfise de ossos longos (fêmur – diáfise de ossos longos (não pega tíbia) e nos ossos achatados da pelve. ❖ Bastante sinal flogístico com hiperemia e edema. ❖ Massas dolorosas, crescimento progressivo, sinais flogísticos locais. ❖ Surgimento na cavidade medular, invade córtex, periósteo e tecidos moles. ❖ Macro: massa mole, ocre-esbranquiçada, com áreas de hemorragia e necrose. ❖ Micro: lençóis de células pequenas e redondas, ligeiramente maiores do que os linfócitos, com citoplasma escasso, rico em glicogênio (células que se proliferam muito rápido). ❖ Metastatiza muito para o pulmão e para o próprio osso. -Não se enxerga quase nada de citoplasma e de matriz óssea. Esse tumor não produz osso, produz cartilagem, logo, é uma massa mole, diferente do osteosarcoma. TUMORES METASTÁTICOS ❖ Forma mais comum de malignidade óssea. ❖ Em adultos, 75% têm origem em próstata, mama, rins e pulmões (exceto melanoma e neoplasias de pele). ❖ Tipicamente multifocais, maioria envolvendo esqueleto axial. ❖ Podem ser líticas (consome osso) ou blásticas puras (forma osso), ou mistas. - Próstata costuma formar lesões blásticas; - Rins, pulmões, trato gastrointestinal e melanoma, costumam fazer mais lesões líticas. ❖ Costumam ser dolorosas (porque são invasivos), conferem prognóstico ruim. ❖ Controle de sintomas com quimioterapia, radioterapia localizada e bisfosfonatos. Cura é bem rara. ❖ Biópsia de osso para metástase não adianta muito porque tem muita matriz óssea e pouca célula. QUESTÕES 7 Aline David – ATM 2025/B
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