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Patologia� d� sistem� locomoto� Sistema Locomotor É composto por ossos, articulações, músculos, ligamentos e tendões. Algumas funções dos osso são: ● Proteção ● Sustentação ● Movimentação ● Absorção de impactos ● Produção de células sanguíneas O tecido ósseo é renovado continuamente por aposição e reabsorção. É composto pela matriz extracelular e esta pode ser dividida em: ● Matriz orgânica: composta por colágeno, glicoproteínas e proteoglicanos. ● Matriz inorgânica : composta por diferentes íons, como cálcio, magnésio, fosfato, potássio etc. Cristais de hidroxiapatita : Ca e PO. O tecido ósseo é constituído por: ● Tecido conjuntivo (periósteo e endósteo) ● Tecido cartilaginoso ● Tecido hematopoiético A reabsorção óssea ocorre por 2 processos: a) Osteólise Osteocítica: é uma reabsorção profunda feita pelos osteócitos maduros e ocorre tanto na patologia quanto na fisiologia, mantém a homeostasia do cálcio. b) Osteoclasia: reabsorção superficial feita pelos osteoclastos, é tardia e remove osso alterado. Fatores que interferem no fluxo ósseo : ● Idade ● Estado metabólico ● Controle hormonal ● Configuração do osso ● Absorção de cálcio Os níveis de cálcio são mantidos pr 2 hormônios com funções opostas: ● Paratormônio (PTH): aumenta os níveis de cálcio ● Calcitonina: diminui os níveis de cálcio. Os ossos são originados de modelos cartilaginosos e membranosos . 1.Formação Endocondral: Os ossos dos membros, costelas, mandíbula, maxila e bases do crânio, se formam a partir de uma cartilagem. A cartilagem é substituída por tecido ósseo quase que 100% ao Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� nascimento, com exceção da cartilagem articular e a placa epifisária. Todo esse processo ocorre primeiro na diáfise (ossificação primária) e depois na epífise (ossificação secundária). 2.Formação Intramembranosa: Ocorre nos ossos chatos do crânio. O mesênquima embrionário forma uma capa membranosa ao redor do cérebro e ocorre então a diferenciação de células mesenquimais em osteoblastos. Ao nascimento, toda a membrana conjuntiva foi substituída por tecido ósseo, exceto as suturas, onde ocorre o crescimento membranoso pós-parto. A placa epifisária é dividida em 3 zonas: ● Zona proliferativa: há células mitóticas controladas pelo hormônio do crescimento (GH). ● Zona de diferenciação: há células arrumadas em colunas que sofrem diferenciação e maturação por estímulo dos hormônios tireoidianos. ● Zona hipertrófica: há células prontas para receber vasos, que podem crescer ou se degenerar, dependendo dos nutrientes que recebem. Término do crescimento: Ocorre com a maturação sexual, pois o estrógeno e a testosterona fecham a placa epifisária por competirem com os sítios de atuação do GH. Alterações metabólicas do crescimento dos ossos de origem endócrina Vários hormônios regulam o crescimento dos ossos do esqueleto. 1. Hiperpituitarismo Excesso do hormônio do crescimento (GH), mas é uma condição rara nos animais domésticos. Nos animais jovens, o excesso de GH causa gigantismo, pois a placa de crescimento ainda está aberta. Já em animais adultos, após o fechamento da placa epifisária e das suturas, haverá aumento de volume das extremidades (nariz, mãos, pés e mandíbula). O que pode levar ao hiperpituitarismo? ● Adenoma acidófilo de hipófise em cães (tumor funcional). ● Tumores da pituitária secretores de GH em gatos. 2. Hipopituitarismo Consiste na redução da secreção do hormônio do crescimento. Na fase inicial da vida do animal, afeta o crescimento endocondral, intramembranoso e aposicional. É uma condição rara, mas já foi descrita em cães da raça Pastor Alemão. O que pode levar ao nanismo pituitário? ● Cisto congênito na adeno-hipófise ● Neoplasias Não haverá, ou haverá pouca quantidade, de hormônios tróficos. Então o anão pituitário vai ser pequeno, com pêlo de filhote persistente, as orelhas não levantam e não há o desenvolvimento das gônadas. Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� A falta do GH e de tiroxina faz com que não haja atividade osteoblástica nas superfícies ósseas, resultando em osteoporose. Pode ocorrer nanismo pituitário mesmo quando a hipófise estiver normal. Nesse caso haverá secreção de hormônio, mas não haverá resposta pelos órgãos-alvo ao GH. Acromicria: falta de GH na fase adulta, resultando em alteração do osso como órgão (acromicria) e do osso como tecido (osteoporose). 3.Hipotireoidismo Consiste na redução da secreção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), com consequente parada do crescimento endocondral, intramembranoso e aposicional. O que pode levar ao hipotireoidismo? ● Tireoidite autoimune ● Tireoidite por ingestão de substâncias antitireoidianas (bociogênicos: milho, soja, couve etc.) ● Malformação da tireóide A deficiência desses hormônios leva a um feedback, onde a hipófise irá secretar mais tireotropina (TSH), levando a uma hiperplasia e hipertrofia glandular não inflamatória e não neoplásica da tireóide. É comum em cães. Os ossos ficam delgados e menores. Ocorre parada dos três tipos de crescimento ósseo, as placas persistem por mais tempo e há formação da placa óssea terminal distal (patológica). Há também osteoporose. 4. Hipertireoidismo Aumento da secreção dos hormônios tireoidianos. Acelera o crescimento sem afetar a estatura final. Essa condição também afeta tanto a reabsorção quanto a aposição. A osteopenia (redução da quantidade de osso) pode ser agravada quando associada ao hipertireoidismo. 5.Hipergonadismo Consiste no aumento precoce da secreção dos hormônios sexuais ou contato intrauterino com muito estrógeno da mãe. Ocorre parada do crescimento endocondral e estímulo da aposição óssea. O que pode levar ao hipergonadismo? ● Tumores de glândulas sexuais ● Tumores na adrenal O excesso dos hormônios sexuais faz com que haja um desaparecimento precoce das placas epifisárias e o contato intrauterino com uma grande quantidade de estrógeno da mãe, faz com que os centros deossificação surjam prematuramente no feto e o estrógeno também atua sobre os osteoblastos, estimulando a síntese de matriz óssea. Hipergonadismo das raças miniaturas: O animal vai ter os hormônios sexuais secretados mais cedo, atingindo a maturidade sexual mais rápido. Essa condição pode resultar em doenças, tais como: a) Coxa Plana Também chamada de Afecção de Legg Perthes e Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur. É uma doença característica de raças miniaturas, sem predisposição sexual. O primeiro sinal clínico percebido é a manqueira, logo nos 3 primeiros meses de vida. Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� Além da maturação sexual precoce, fatores genéticos também são causas da coxa plana. Nessa doença haverá osteopetrose da cabeça e o colo do fêmur, pois a aposição óssea é estimulada pelos hormônios sexuais. Com isso, as trabéculas epifisárias e metafisárias se apresentam muito espessas e coalescentes com formação de ósteons. O micro trauma de uma trabécula com a outra associada ao suprimento sanguíneo insuficiente causam osteonecrose, que pode se estender para a placa óssea subcondral com formação de grandes bolsas subcondrais, resultando na osteocondrose dissecante. Fissuras horizontais também podem ocorrer na placa, o que causa a separação da cabeça do fêmur. b) Luxação de Patela Não ocorre só em raças miniaturas. Os hormônios esteróides afetam a cartilagem. Se a cartilagem for exposta a altas doses de estrógeno ou se for exposta a estrógenos precocemente, ela irá regredir. Haverá o retardo da proliferação celular da cartilagem articular, principalmente em direção às epífises. Isso resultará em uma tróclea com um sulco raso no fêmur, predispondo a subluxação da patela. Essa condição também pode ocorrer por traumatismos. c) Subluxação atlantoaxial É uma doença descrita só em cães miniaturas e consiste na subluxação do áxis, pois a separação do processo odontóide na cartilagem apofisária faz com que o áxis se subluxe dorsalmente. Isso comprime a medula quando o animal abaixa a cabeça, resultando em distúrbios neurológicos. Hi pergonadismo materno O excesso de estrógeno materno, quando atinge as cartilagens do feto, resulta em doenças, tais como: a) Displasia coxofemoral É uma alteração no desenvolvimento da articulação da cabeça do fêmur com o acetábulo do coxal. As cartilagens da cabeça do fêmur e do acetábulo estão irregulares, por isso as estruturas que derivam delas, como a cabeça e o colo do fêmur e a fossa acetabular, apresentam-se pequenas. A cápsula articular cresce independentemente do crescimento ósseo, isso resulta em frouxidão e instabilidade articular e lesões secundárias, caracterizando a osteoartrose degenerativa. Outras causas para a displasia coxofemoral são: ● Hipercalcitonismo ● Fatores genéticos ● E outros b) Displasia do cotovelo Não ocorre a união do processo ancôneo com a ulna. Como o estrógeno retarda a conversão da cartilagem em osso, o processo ancôneo ao invés de se unir a ulna, fica separado. c) Panosteíte eosinofílica Ocorre proliferação óssea para dentro da cavidade medular, caracterizando-se pela presença de corticais pouco definidas. Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� Qualquer osso longo pode ser afetado, mas o rádio e a ulna são os principais. Essa doença é auto-limitante, havendo cura espontânea até os 10 meses de idade. 6.Hipogonadismo Redução na secreção dos hormônios sexuais, com retardo do fechamento das cartilagens de crescimento. Há um aumento do crescimento dos ossos, porém sem exageros. O que pode levar ao hipogonadismo? ● Hipoplasia das gônadas ● Castração 7.Hiperadrenocorticismo Aumento endógeno de corticosteróide. Eles retardam o crescimento da cartilagem. A cartilagem articular fica delgada e o osso subcondral fica exposto. Se a cartilagem para de crescer, não há formação suficiente das trabéculas epifisárias e essa descontinuidade entre as duas estruturas é conhecida como ostrocondrose dissecante . Os corticosteróides apresentam efeito negativo sobre os osteócitos reabsorventes causando osteopetrose. Mas, uma alta exposição pode levar a atrofia osteoblástica e osteoporose. Alterações metabólicas do crescimento dos ossos de origem indefinida 1.Condrodistrofia Fetal É uma alteração congênita do crescimento endocondral, com maturação anormal das células cartilaginosas. Pode ser fisiológica quando é uma característica racial, como ocorre nas raças Pequinês, Dachshund e outras. Nessa condição, os animais acometidos apresentam ossos que crescem pelas suturas com crescimento normal. Por isso, os ossos dos membros são menores e os ossos do crânio são normais. No animal recém-nascido normal, o disco intervertebral é composto pelo anel fibroso e pelo núcleo pulposo, constituído de tecido mesenquimal gelatinoso. nos animais adultos, esse tecido é substituído por tecido conjuntivo fibroso. Porém, nos animais condrodistróficos, o tecido mesenquimal vai se transformar em tecido cartilaginoso que é suscetível a calcificação, que se estende para o anel fibroso, que pode se romper. Esse núcleo calcificado se estende e comprime a medula (extrusão). Essa é a verdadeira hérnia de disco. Outros cães são menos sujeitos e quando ocorrem, geralmente o anel fibroso não se rompe, apenas sofre elevação (protrusão). 2. Osteocondrose É uma alteração generalizada do crescimento endocondral que se manifesta após o nascimento e ocorre por falha na diferenciação das células das cartilagens de crescimento (cartilagem articular placa epifisária). Assim, durante o crescimento há uma inadequada Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� penetração de vasos e há também calcificação da matriz cartilaginosa, causando degeneração das cartilagens e com isso, essa cartilagem degenerada pode apresentar fendas e cavidades císticas. Essas fendas podem separar a cartilagem do osso (osteocondrose dissecante) e pode separar a placa epifisária da metáfise (epifisiólise). Animais querecebem dietas muito ricas em nutrientes, apresentam alterações do crescimento endocondral devido ao crescimento rápido. Outras causas são: ● Fatores hereditários ● Hipotireoidismo ● Excesso de vitamina D ● Hipercalcitonismo ● Micotoxinas ● Drogas antitireoidianas Algumas manifestações e sequelas da osteocondrose são: ● Osteocondrose dissecante ● Síndrome do cão nadador ● Síndrome do rádio curvo ● E outras Alterações metabólicas do tecido ósseo As alterações metabólicas do tecido ósseo, caracterizam-se por osteopenia (diminuição da quantidade de tecido ósseo) e osteomegalia (aumento da quantidade de tecido ósseo). Existem doenças que causam essas alterações. 1.Osteoporose É uma doença metabólica generalizada, caracterizada pela menor aposição óssea devido a insuficiência dos osteoblastos. Algumas condições que causam deficiência dos osteoblastos são: falta dos hormônios tireoidianos, sexuais e do GH, pois eles ativam os osteoblastos. A falta de proteínas, tanto pela menor quantidade na dieta, quanto pela má absorção, causa osteoporose também. Além de causar, ainda agrava o quadro por causar hipotireoidismo. A deficiência de vitamina C também pode causar osteoporose em espécies que não a produzem, como o homem e primatas, pois mantém a integridade das células mesenquimais. As alterações encontradas na osteoporose são: trabéculas finas e escassas, corticais delgadas, radiopacidade normal porque a mineralização do pouco osso formado não foi comprometida, resistência óssea diminuída e hipotrofia e hipoplasia osteoblástica. 2.Raquitismo/Osteomalacia Caracterizam-se pela menor mineralização da matriz óssea. O raquitismo ocorre em animais jovens e a osteomalacia, em adultos. Ocorrem por deficiência de cálcio e/ou fósforo, não permitindo a mineralização. Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� Causas para essas deficiências: Dieta deficiente, má absorção por doenças entéricas, hepáticas e pancreáticas, não ativação da vitamina D e a presença de oxalato e fitatos que são quelantes. As alterações no raquitismo são: Radiopacidade perdida (fraturas espontâneas), perda da resistência (o osso dobra como papelão), retardo ou alteração no crescimento endocondral, invasão irregular dos vasos nas cartilagens de crescimento, resultando em ossos curtos e arqueados, e um aumento no volume das epífises. As alterações na osteomalacia são: Resistência óssea diminuída, perda da radiopacidade e acúmulo de osteóides nas superfícies de aposição. Não há alteração no crescimento endocondral porque as placas epifisárias já fecharam. 3.Osteodistrofia fibrosa generalizada É uma doença metabólica generalizada onde ocorre maior reabsorção óssea e é causada por hiperparatireoidismo primário (HP) ou por hiperparatireoidismo secundário. Hiperparatireoidismo Primário (HP) : excesso de PTH, que aumenta a reabsorção óssea e leva a perda do osso. O PTH também atua nos rins, elevando a excreção de fósforo e ativa a vitamina D que promove a absorção intestinal de cálcio, por isso nessa condição, o animal vai ter muito cálcio e pouco fósforo no sangue. É causada por um tumor (adenoma e adenocarcinoma) na paratireoide. Hiperparatireoidismo Secundário : ocorre por uma tentativa de compensar a hipocalcemia. Haverá uma situação (renal ou dietética) que causará hipocalcemia, com isso haverá a tentativa compensatória de reverter o quadro. ● Hiperparatireoidismo Secundário Renal (HSR) : uma patologia renal de curso crônico, onde o rim doente não irá excretar adequadamente o fósforo. A hiperfosfatemia induz a hipocalcemia. A vitamina D também não será ativada, contribuindo ainda mais para a hipocalemia. Há uma pequena compensação da hipocalemia pela reabsorção óssea. Não há recuperação da lesão óssea porque geralmente a nefropatia é irreversível. ● Hiperparatireoidismo Secundário Nutricional (HSN): dieta pobre em cálcio ou muito rica em fósforo. A reabsorção óssea restaura os níveis de cálcio e os rins normais respondem ao PTH, aumentando a excreção de fósforo. A reabsorção óssea determina valores normais de cálcio e fósforo, por isso tem pouco valor diagnóstico. Os níveis de cálcio podem estar tão baixos, a ponto de causar raquitismo e osteomalacia. O raquitismo por cálcio baixo é sempre sobreposto por hiperparatireoidismo secundário Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� nutricional, já o raquitismo por baixa de fósforo, não. Os níveis de fosfatase alcalina sempre vão estar altos em uma reabsorção óssea aumentada. A hidroxiprolina (metabólito do colágeno) também. A reabsorção óssea excessiva é a ocorrência mais importante. Ocorre primeiro osteólise osteocítica e depois osteoclasia em todos os ossos. O osso reabsorvido será substituído por tecido conjuntivo fibroso. Dependendo da intensidade da fibrose, podem ocorrer alterações no volume dos ossos, podendo ser isosteótica (o volume do osso não muda), hiperosteótica (o volume aumenta) ou hiposteótica (volume diminui). A isosteótica é o tipo mais comum. O tecido mole que substitui o osso perdido é mais sujeito a traumas e ocorre hemorragia. Esse tecido fibroso pode ser empurrado formando cistos. O novo osso é pobremente mineralizado (osteóide), pois o PTH retarda a mineralização da matriz óssea. A osteodistrofia fibrosa generalizada pode ser uma das causas da doença periodontal, pois a reabsorção óssea excessiva pode afetar os elementos de sustentação do dente, levando a perda dentária. 4.Osteonecrose metabólica Caracteriza-se pela morte dos osteócitos e desintegração da matriz óssea. A osteonecrose pode ser causada pelo excesso de hormônios esteróides, como corticosteróides. Uma dose moderada leva a uma degeneração, que progride para osteopetrose e osteopenia. Já uma dose elevada causa morte dos osteócitos, levando a osteonecrose e osteopenia. As alterações são observadas apenas microscopicamente, onde notam-se desintegração da matriz, perda óssea e reparo por tecido conjuntivo fibroso. 5.Osteopetrose Também chamada de osteoclerose,é uma doença caracterizada por osteomegalia, onde há muito tecido ósseo por unidade de volume. Ela é causada por menor reabsorção óssea (hipercalcitonismo, hipervitaminose A e D, excesso de corticosteróides) ou maior aposição óssea (excesso de hormônios sexuais ou por recuperação de raquitismo ou hipertireoidismo, onde o osteóide formado vai ser mineralizado). a) Hipercalcitonismo Nutricional O hipercalcitonismo estimula a calcitonina, hormônio que retarda a reabsorção óssea, levando a osteopetrose e hipocalcemia. A calcitonina retarda o crescimento e a diferenciação das células da cartilagem, retardando o crescimento longitudinal do osso. Como as trabéculas epifisárias não vão ser formadas adequadamente, pode haver separação entre a cartilagem e o osso (osteocondrose dissecante). O hipercalcitonismo nutricional em animais impúberes causa osteodistrofia hipertrófica, displasia coxofemoral, ataxia cérvico-espinhal e osteocondrose. O hipercalcitonismo nutricional em animais adultos pode causar tetania, eclâmpsia, parto prolongado e espondilose. b) Hipervitaminose D Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� O excesso de vitamina D pode ocorrer por uma alta ingestão de plantas que produzem vitamina D em suas folhas. Na cartilagem, a vitamina D inibe a maturação dos condrócitos, retardando o crescimento. No tecido ósseo, em doses moderadas,os osteócitos sofrem atrofia, a reabsorção óssea é reduzida e ocorre osteopetrose. Em doses maiores, o osteócito morre e ocorre necrose óssea. Nos tecidos moles ocorre degeneração acompanhada de calcificação distrófica. Também causa atrofia das paratireoides. Outras causas para osteopetrose são: intoxicação por corticosteróides, intoxicação por flúor e hipovitaminose A. Alterações não metabólicas dos ossos 1.Necrose óssea (osteose) Ocorre por morte dos osteócitos. O periósteo e as corticais se tornam opacos, secos e o periósteo pode ser deslocado facilmente. O osso necrótico tem coloração branca ou um pouco acastanhada e é rapidamente removido por osteoclasia. A causa mais importante de osteose é a deficiência de suprimento sanguíneo nas fraturas. Outras causas são: por processo inflamatório, por calor excessivo, por traumatismo com isquemia periférica ou por obliteração de vasos medulares por massas tumorais ou trombos. A reparação da necrose ocorre por remoção do osso e substituição por osso novo. Depende da integridade do tecido conjuntivo, pois é lá que há células osteoprogenitoras que se diferenciam em osteoblastos. Ocorre remoção por osteoclasia,aposição de tecido ósseo imaturo, maturação e remodelação. Nos casos em que há pus separando o tecido ósseo do conjuntivo, diz-se que houve sequestro e o processo de reparação se altera. 2.Fraturas Ocorrem quando o osso é submetido a um estresse mecânico maior do que o fisiológico ou em direção oposta ao que ele está sujeito normalmente. As fraturas são denominadas traumáticas quando ocorrem em ossos normais. São denominadas de espontâneas ou patológicas , aquelas que ocorrem nos ossos anormais, com resistência já diminuída. São classificadas em: ● Fechadas: os tecidos de revestimento não foram rompidos. ● Expostas: os tecidos de revestimentos foram rompidos e o osso foi exposto ao ambiente. ● Completas: os fragmentos se separam totalmente. ● Incompleta: os fragmentos não se separam totalmente. ● Cominutivas: o osso se parte em vários fragmentos. ● Por compressão: as extremidades dos fragmentos comprimem uma dentro da outra. As microfraturas são detectadas apenas microscopicamente e podem ser inferidas por hemorragias. Ocorre com frequência nas regiões metafisárias e subcondral. Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� Numa fratura completa e fechada, ocorrem os seguintes eventos: Ocorre hemorragia pela ruptura de vários vasos e há formação de um coágulo, causando isquemia e necrose do osso e da medula óssea. A medula vai sofrer liquefação e remoção fagocitária e o osso sofre osteoclasia seguida de neoformação óssea por células progenitoras e osteoblastos que migram para o local. Formam-se então o calo primário composto de osso imaturo (fibroso e pouco mineralizado) e é dividido em calo externo e interno. Esse calo primário vai ser remodelado (substituído por osso trabecular) e formar o calo ósseo secundário com a mesma divisão. No calo externo, a proliferação periosteal forma um colar entre as extremidades de cada fragmento e suas células diferenciam-se em condrócitos que secretam cartilagem hialina e será substituída por osso. O calo interno oclui a cavidade medular e nessa fase a descontinuidade com o osso desaparece. O calo secundário vai sofrer remodelação até completa restauração do osso. Se o alinhamento dos fragmentos não for ideal, ocorrerá deformação do osso, calo ósseo excessivo e remodelação prolongada. Se a fratura for exposta, ocorre infecção que, se não for controlada, retarda a remoção do osso necrótico e a neoformação. Se o processo inflamatório torna-se crônico, a neoformação óssea se dá principalmente nas margens da fratura, produzindo um grande calo com tecido inflamatório crônico e fístulas. Quanto mais prolongado for, maiores as chances de desenvolver uma pseudo-artrose. Alterações inflamatórias do osso 1.Osteíte É a inflamação do osso ou parte dele e está confinada ao tecido conjuntivo vascular do osso, mas geralmente se espalha. Periostite: inflamação do periósteo Osteomielite: inflamação da cavidade medular. 1.1 Periostite Ocorre uma inflamação no tecido adjacente que se espalha para o osso. Exemplos: ● otite média - osso temporal ● pododermatite - falanges 1.2 Osteomielite Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� Inflamação da cavidade medular, se inicia na medula óssea, ocorre mais em animais jovens, mas em adultos pode ocorrer secundariamente a micoses profundas e a infecção por Leishmania donovani , em cães. Uma das formas mais comuns de osteomielite é a espondilite(osteíte vertebral), envolvendo um ou dois corpos vertebrais, que são supuradas por bactérias. Nesse caso a inflamação leva a uma fratura e colapso da vértebra e um fragmento, ou mais, pode atingir o canal vertebral, resultando em compressão e paralisia. Ocorre necrose, remoção do osso necrosado e regeneração. Mas, esses processos nem sempre são equilibrados, podendo haver aumento (osteíte esclerosante) ou diminuição (osteíte rarefativa) da quantidade de osso. Algumas viroses sistêmicas causam lesões ósseas. ● Hepatite Infecciosa canina: hemorragias metafisárias. ● Cinomose: esclerose ou osteopetrose metafisária ● Leucemia dos gatos: osteopetrose ou esclerose metafisária. ● Herpesvírus felino: necrose dos ossos turbinados. Alterações neoplásicas e assemelhadas dos ossos Principais tumores do esqueleto 1 .Fibroma É extremamente raro nos animais domésticos. 2. Fibrossarcoma Origina-se do tecido conjuntivo que forma o estroma da medula óssea e do periósteo. 3. Fibroma ossificante É um tumor fibro-ósseo que atinge os ossos da cabeça e é raro. É constituído de massas bem definidas, expansíveis e que distorcem o contorno do osso afetado. 4. Displasia fibrosa (osteodistrofia fibrosa localizada) É rara e pode ser monostótica ou poliostótica, acometendo principalmente jovens e recém-nascidos. Macroscopicamente, são massas de tecido fibroso acinzentado, firmes e duras, podendo conter hemorragias, pequenos cistos ou grandes cavidades císticas com fraturas e infrações ao redor. 5. Condroma É um tumor benigno que forma cartilagem madura e se origina, ou da cartilagem existente da cavidade medular ou da cartilagem existente de outros locais do esqueleto. Afeta principalmente os ossos chatos do crânio e as costelas e se apresenta como massas esféricas, firmes, lisas, nodulares ou rugosas, revestidas por uma fina camada conjuntiva. 6. Osteocondroma São vistos como protuberâncias nodulares, principalmente em ossos de crescimento endocondral. Ocorre em equinos de forma hereditária e em gatos, está associado pelo vírus da leucemia felina. 7. Condroma multilobular É constituído por massas nodulares que crescem nos ossos membranosos, Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári� Patologia� d� sistem� locomoto� particularmente do crânio do cão. Apresentam-se como nódulos firmes, cuja superfície de corte contém numerosos focos arenosos embebidos em matriz cartilaginosa. 8. Condrossarcoma É um tumor maligno cuja matriz cartilaginosa é produzida por células neoplásicas. Origina-se de cartilagens existentes e do pericôndrio. São tumores lobulados e firmes. As células neoplásicas nunca produzem osteóide, mas a partir dessa cartilagem, pode ser formado tecido ósseo por metaplasia e/ou crescimento endocondral. 9. Osteoma É um tumor benigno e é difícil diferenciá-lo de outras alterações semelhantes. 10. Osteoma osteóide Tumor benigno constituído de osso imaturo, osteóide e muitas células, contornados por osso neoformado. 11. Osteossarcoma É um tumor maligno que se origina do mesênquima e as células produzem osteóide ou osso. É o mais comum em cães e gatos. De acordo com a célula de origem, pode ser classificado em osteoblásticos, condroblásticos ou fibroblásticos. Segundo sua aparencia radiográfica podem ser osteolíticos (muita necrose e reabsorção) ou osteoplásticos (escleróticos). Alguns fatores predispõem os animais a desenvolvê-lo: Raça e família (São Bernardo, Boxer, Pastor Alemão e Setter Irlandês são mais suscetíveis), porte (os grandes são mais afetados), idade (5-9 anos), infartos ósseos (cães miniaturas) e fixação de fraturas com instrumentos metálicos. 12. Tumores de células gigantes São muito raros. São massas grandes osteolíticas nas extremidades dos ossos longos. Destrói o córtex e é circunscrito por uma fina casca de osso. Cistos Os cistos ósseos não são cistos verdadeiros. Para o patologista, é uma cavidade macroscopicamente visível, geralmente revestida por membrana e contendo um fluído. Podem ser classificados como: ● Cistos subcondrais: ocorrem por causa da osteocondrose. ● Cistos unicamerais: ocorrem na displasia fibrosa. ● Cistos aneurismais: são multiloculares contendo sangue e se originam de distúrbios vasculares da medula óssea. São raros, mas podem ocorrer em cães e gatos. ● Cistos no hiperparatireoidismo Osteopatia hipertrófica É uma síndrome que se caracteriza pela formação difusa de osteófitos periosteais, confinados aos ossos dos membros. É secundária a lesões crônicas, usualmente intratorácicas de natureza inflamatória ou neoplásica. As suas causas ainda são discutidas e nenhuma é totalmente aceita: neurogênica, humoral e anóxia. Ly�i� Let���a - Aca�êmi�� de me����na ve����nári�
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