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Livro Digital - Auditoria

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08/03/2022 08:00 Livro Digital - Auditoria
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AUDITORIA GERAL
UNIDADE 1
AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO
TÓPICO 1
Para uma melhor compreensão da auditoria, neste primeiro tópico vamos
conhecer a sua origem e evolução, seus principais conceitos e os aspectos que
envolvem a sua pro�ssão. Conheceremos a importância da quali�cação
pro�ssional, bem como a responsabilidade social e ética do auditor perante o
auditado e a sociedade.
Tem-se a impressão de que a auditoria é uma área de surgimento recente e que
foi criada apenas com a internacionalização da economia a partir da 2ª Guerra
Mundial.
Mas não é bem assim. Conforme Krieck (2011), praticamente a auditoria surgiu
com a contabilidade. Ao realizar a contagem (contabilização) de determinado
patrimônio, também se fazia a sua conferência, cuja prática era um sinal claro de
controle patrimonial, que pode ser entendido como uma forma de auditoria.
Assim, a auditoria existe há mais de 4.000 anos, desde a antiga Babilônia, embora
que somente em 1314 foi criado o cargo de auditor, na Inglaterra. (KRIECK, 2011).
Ainda segundo o autor, no �nal do século XIII, na Europa, a auditoria era
desenvolvida através de trabalhos executados por associações pro�ssionais: os
1 INTRODUÇÃO-
2 ELEMENTOS HISTÓRICOS DA AUDITORIA NO MUNDO-
Unidade 1 - Tópico 1
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Conselhos Londrinos, o Tribunal de Contas em Paris ou, ainda, o Collegio dei
Raxonati e a Academia dei Ragionieri, na Itália.
Mas foi com o advento do comércio marítimo que, no �nal do século XV, surgiu a
necessidade de prestação de contas das receitas e dos gastos das expedições
marítimas às Américas, Índia e Ásia (expedições em forma de joint ventures
�nanciadas pelos reis, príncipes, empresários e banqueiros de Portugal, da
Espanha, da França, da Inglaterra e da Holanda), com o objetivo de haver maior
controle e evitar possíveis desvios de recursos �nanceiros.
As atividades de auditoria foram se desenvolvendo e tornaram-se mais complexas
em função da própria complexidade produtiva e comercial que o mundo
vivenciava a partir da Revolução Industrial (1756, na Inglaterra).
Foi com a expansão do capitalismo que surgiram as primeiras fábricas com o uso
intensivo de capital fora da jurisdição geográ�ca dos proprietários, o que provocou
a necessidade de delegação de funções, atividades e atribuições de
responsabilidades a pessoas que controlavam ou comandavam grupos de trabalho
em outras cidades. E para evitar que qualquer tipo de desvio de recursos pudesse
ocorrer por motivos de fraudes ou erros, criaram-se controles que auxiliavam os
auditores na execução do seu trabalho. (KRIECK, 2011).
A partir da expansão industrial e comercial ocorrida no início do século XX,
surgiram as grandes corporações americanas (Ford, DuPont) e houve uma rápida
expansão do mercado de capitais nos Estados Unidos. A auditoria teve um avanço
em 1929, quando ocorreu o crash da Bolsa nos Estados Unidos devido à grande
depressão econômica. Neste período foi criado o Comitê Maycom,  com a
�nalidade de instituir regras de auditoria para as empresas que tivessem ações
negociadas em bolsa, tornando obrigatória a auditoria contábil, independente da
publicação das demonstrações contábeis.
FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2N4MLxa>.  Acesso em: 7 fev. 2013.
Com o Pós-Guerra, a partir de 1959 a Accounting Principles Board (APB) – Junta de
Princípios Contábeis passou a executar as pesquisas contábeis, emitindo mais de
30 pronunciamentos até 1973 com o intuito de padronizar a harmonização
contábil e de auditoria naquela época. (KRIECK, 2011).
Em 1° de junho de 1973 foi criada a Financial Accounting Standards Board (FASB) –
Junta de Normas de Contabilidade Financeira, com o objetivo de determinar e
aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas contábeis. Esta Junta criou
vários pronunciamentos FASB para consolidar a harmonização das informações
contábeis das empresas multinacionais, pois com a Europa destruída no período
da 2ª Guerra Mundial, as empresas norte-americanas tiveram seu auge na
internacionalização da economia. (KRIECK, 2011).Unidade 1 - Tópico 1
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Grandes companhias inglesas de comércio e navegação. Com o
advento da marinha mercantil, grandes operações comerciais foram
realizadas e, por conseguinte, havia a necessidade de maiores
controles.
A necessidade de credibilidade nos registros contábeis. Devido ao
advento do comércio internacional, houve a necessidade da oferta do
crédito, que, por consequência, era apenas concedido para as
empresas devidamente controladas e auditadas.
Tributação do Imposto de Renda na Inglaterra, pois o governo inglês
necessitava de maiores controles sobre o erário público.
Desenvolveu-se com o aparecimento das grandes empresas, com
operações mais complexas e necessidade de maior volume de
controles.
Empresas formadas por capitais de muitas pessoas. Poderiam ocorrer
con�itos de interesses, e para evitar que uma minoria da sociedade de
capital fosse prejudicada, a auditoria tornou-se necessária.
Criação do cargo de auditor em contas públicas na Inglaterra, a partir
de 1314, devido à necessidade do controle do governo.
Desenvolvimento da prática sistematizada nos séculos XIX e XX, em
função da Revolução Industrial e expansão econômica do pós-guerra.
Surgimento do Guia Pro�ssional de New York e do Guia Comercial
inglês em 1786.
Aparecimento das primeiras associações de contadores na Inglaterra
de 1854 a 1867, e da Sociedade dos Contadores da Inglaterra em 1879.
Aparecimento das primeiras associações de contadores nos Estados
Unidos, de1874 a 1882, da American Accounting Association (AAA) em
1916 e da American Institute of  Certi�ed Public Accountants (AICPA)
em 1886.
Criação do Instituto Holandês de Contadores Públicos, em 1894.
Em síntese, podemos elucidar os seguintes fatores que contribuíram para o
fortalecimento da auditoria quanto à origem, evolução e organização da
pro�ssão:
FONTE: Floriani (2011) Unidade 1 - Tópico 1
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Com a contextualização dos principais fatos que contribuíram para o crescimento
da auditoria, é possível conhecer um pouco mais sobre a história da auditoria no
mundo e, a partir disso, compreender o desenvolvimento da auditoria no Brasil.
A Auditoria no Brasil teve cunho relevante em função do surgimento das grandes
corporações econômicas a partir da década de 50.
Em 1909 surgiu a primeira empresa de auditoria, a Mc-Auli�e Davis Bell & Co, mais
tarde denominada Arthur Andersen. A segunda empresa que foi criada era a Price
Waterhouse, incorporando a W.B. Peat & Co e a Touche, Faller & C, mais tarde
Arthur Andersen S/C, já mantinha um escritório no Rio de Janeiro, que tinha o
objetivo de �scalizar os demonstrativos contábeis desde 21 de outubro de 1909.
(FLORIANI, 2011).
FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/30RJgC7>. Acesso em: 6 fev. 2013.
As bolsas de valores de Rio de Janeiro e de São Paulo iniciaram suas atividades em
1876 e 1890, respectivamente. E no período pós-guerra foram fundados, em 1957,
o Instituto dos Contadores Públicos do Brasil (ICPB), em 1968, o Instituto dos
Auditores Independentes (IBAI) e, em 1971, o Instituto Brasileiro de Contadores,
atual Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), com a fusão do
ICPB e do IBAI. (FLORIANI, 2011).
Em 1972, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) pronunciou-se a respeito dos
princípios a serem seguidos sobre os procedimentos do trabalho do auditor,
de�nindo as normas relativas à pessoa do auditor, à execução dos trabalhos e ao
parecer da auditoria, pois ainda não haviam sido divulgadas normas que
orientassem essas condutas.(FLORIANI, 2011).
Em 1976, ocorreu a normatização das práticas e dos relatórios contábeis com a Lei
n◦ 6.404, das Sociedades por Ações, que harmonizou no âmbito nacional as
atividades da contabilidade frente às empresas e assim determinou padrões de
registro e de controle para viabilizar as atividades da auditoria. (FLORIANI, 2011).
Ainda em 1976 foi criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com a
responsabilidade de normatizar as normas contábeis e os trabalhos de auditoria
das empresas de capital aberto, além de exercer as funções de �scalização
(semelhante à SEC dos Estados Unidos), pois com o advento da Lei das S.A´s isso se
tornou necessário (FLORIANI, 2011).
3 AUDITORIA NO BRASIL-
Unidade 1 - Tópico 1
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Em 1985, o Banco Central do Brasil emitiu a Resolução nº 1.007 - Normas Gerais de
Auditoria, com o auxílio do atual Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
(IBRACON) e do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). (FLORIANI, 2011).
FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2N4MLxa>. Acesso em: 7 fev. 2013.
Segundo Almeida (2010, p. 4):
Nas últimas décadas, instalaram-se no Brasil diversas empresas com associações
internacionais e auditoria externa. Esse fato ocorreu em função da necessidade legal,
principalmente nos Estados Unidos da América e da Europa, de os investimentos no
exterior serem auditados. Essas empresas praticamente iniciaram a auditoria no Brasil
e trouxeram todo um conjunto de técnicas de auditoria, que posteriormente foram
aperfeiçoadas.
Assim, o Brasil passou a assumir importantes compromissos junto às empresas no
que se refere a órgãos �scalizadores em contabilidade e auditoria.
Vimos nos itens anteriores a origem e a evolução da auditoria. Agora vamos
estudar o que vem a ser a auditoria propriamente dita. Para Crepaldi (2009, p. 3),
“de forma bastante simples, pode-se de�nir auditoria como o levantamento,
estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas
e das demonstrações �nanceiras de uma entidade”.
Em outras palavras, podemos dizer que auditoria é a técnica utilizada para veri�car
e con�rmar a veracidade das informações e dos registros contábeis, principal meio
de que se vale a Contabilidade para alcançar seu �m, que é o de apresentar a
situação da saúde econômica e �nanceira da empresa.
Com isto não queremos simplesmente a�rmar que a ação da auditoria se limita
em veri�car aquilo que está registrado nos livros contábeis, pois a auditoria tem
uma �nalidade mais ampla e ela poderá também apurar o que foi omitido nos
registros.
As provas extracontábeis podem ser o testemunho de pessoas ligadas à empresa e
que possam con�rmar as ações ilícitas que os gestores ou inclusive os próprios
funcionários da empresa tenham tomado.
Quer um exemplo de uma ação ilícita e que não tenha registro contábil? É o caso
dos juros das duplicatas pagas em atraso e cuja cobrança é feita no caixa da
empresa em dinheiro. Pode-se colocar um carimbo de “PAGO” na duplicata sem
mencionar o valor dos juros e como não �ca registrado o valor, o próprio
4 CONCEITUAÇÃO-
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funcionário pode fraudar a empresa �cando com parte deste dinheiro. Mas há
meios de a auditoria detectar isso, que veremos mais adiante.
A apuração da falta de registros que deveriam ter sido feitos, por exemplo, é uma
das formas de comprovar que inexiste exatidão nas demonstrações contábeis,
principal objetivo da auditoria.
FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2N0IWJh>. Acesso em: 7 fev. 2013.
Para Attie (2010, p. 5), “a auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a
e�ciência e a e�cácia do controle patrimonial implantado, com o objetivo de
expressar uma opinião sobre determinado dado”. O autor a�rma que a “auditoria
das demonstrações contábeis visa as informações contidas nessas a�rmações,
assim é evidente que todos os itens, formas e métodos que as in�uenciam
também estarão sendo examinados”. (ATTIE, 2010, p. 5).
Desta forma, conforme Almeida (2010, p. 34), “os procedimentos de auditoria
representam um conjunto de técnicas que o auditor utiliza para colher as
evidências sobre as informações das demonstrações �nanceiras”.
Assim, entende-se que o auditor deve executar procedimentos pautados de
acordo com a sua quali�cação pro�ssional e emitir opiniões sobre as
demonstrações contábeis à medida que investigar as evidências necessárias para a
sua execução.
A partir de agora vamos compreender um pouco mais sobre a regulamentação do
trabalho de contabilidade, que é a formação especí�ca para o pro�ssional de
auditoria. E como tal, é um trabalho realizado por pro�ssionais devidamente
capacitados e que possuem formação técnica para o desempenho da sua função
com competência e acurácia.
A pro�ssão de auditor não está regulamentada, então cabe ao contador,
pro�ssional de contabilidade formado pelos cursos de graduação em Ciências
Contábeis, a atribuição ao direito de executar os serviços de auditoria.
Esta prerrogativa para o desempenho das atividades de auditoria é privativa dos
contadores, sendo vedada aos técnicos em contabilidade ou outros pro�ssionais
de categoria diversa.
A legislação que estabelece as normas referentes à competência pro�ssional do
auditor é o Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, com alterações de acordo
5 O AUDITOR E A AUDITORIA-
5.1 A PROFISSÃO-
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com a Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010. (BRASIL, 2013).
É preciso salientar que as companhias abertas devem ser auditadas por auditor
independente registrado na Comissão de Valores Mobiliários para o exercício da
auditoria independente, como está conceituada nas Leis n 6.404/76 e 6.385/76, o
qual �ca subordinado às instruções da CVM, que disciplina e �scaliza o mercado de
capitais e legislações posteriores.
os  
Segundo Attie (2010, p. 7), “a origem do termo auditor em português, muito
embora perfeitamente representado pela origem latina (aquele que ouve, ouvinte),
na realidade provém da palavra inglesa to audit (examinar, ajustar, corrigir,
certi�car) [...]”.
O pro�ssional de auditoria tem a incumbência de realizar atividades de
acompanhamento, ajustes, correção e certi�cação dos registros contábeis e
procedimentos contábeis adotados pela empresa e assim validar os mesmos
perante os stakeholders.
Stakeholders: que signi�ca, nas palavras de Gruel, Santos e Knuth (2010
p.114), “grupos ou indivíduos cujos interesses são afetados pelas medidas
que a organização toma”.
Assim como outras pro�ssões, a quali�cação pro�ssional exigida de um auditor é a
de uma pessoa com devida escolaridade, experiência necessária nessa função e
conhecimentos em contabilidade e �nanças, auditoria, ciências do
comportamento, comunicações, sistemas e equipamentos de informática,
economia, aspectos legais de negócios, métodos quantitativos, processo
administrativo e atividades gerenciais.
E ainda, atualmente, conhecimento em áreas não muito familiares para o auditor,
tais como: processos informatizados da produção de bens e serviços, tecnologia de
produção, automatização e robotização, práticas comerciais e de negócios, fatores
motivacionais, entre outros.
Isso tudo para facilitar as atividades do auditor, que deve ter preparo para assumir
atividades em qualquer ramo empresarial.
5.2 QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL-
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Capacidade técnica para rapidamente identi�car possíveis problemas na
empresa.
Apego a estritas normas morais e éticas para assegurar a melhor qualidade
das atividades da auditoria.Independência de julgamento que lhe permite expressar-se com liberdade,
ou seja, não �car “preso” a situações que comprometam a idoneidade do
auditor em nenhuma situação.
Desde o início dos estudos na universidade, o contador se relaciona com os
problemas das áreas de seu exercício pro�ssional e, portanto, necessita conhecer
auditoria, sistemas de informações e de controles internos.
Através de cursos especí�cos, o auditor recebe orientações para identi�car-se com
os propósitos dos serviços e da pro�ssão. E assim familiarizar-se com todas as
nuances da pro�ssão.
A pro�ssão de auditor impõe aos que a ela se dedicam um trabalho estruturado
com base nos seguintes princípios básicos:
Todo o trabalho do auditor possui re�exo no relatório �nal de auditoria. O que
basicamente caracteriza a responsabilidade da auditoria é a emissão do parecer
(opinião) sobre as demonstrações contábeis examinadas.
É evidente que a simples emissão de um parecer, com relação à situação de uma
determinada empresa, implica necessariamente num comprometimento que deve
estar pautado em evidências implícitas da regularidade da situação examinada e
da con�abilidade nos demonstrativos que foram utilizados como base para as
pesquisas das evidências do auditor.
Com base nisso, se estabelece que a responsabilidade do auditor contábil é
abrangente e tem em seu plano de trabalho áreas ilimitadas a serem investigadas,
principalmente nos dias atuais, em que se divulga que para cada empresa existe
uma forma de “hipoteca social”, cuja responsabilidade perante a sociedade precisa
ser cumprida.
Entende-se então que a responsabilidade do trabalho do auditor independente
está voltada ao envolvimento de interesses dos sócios e acionistas da empresa
para que sejam protegidos e vigiados. Mas, atenção para o fato de que o auditor
independente não é apenas um pro�ssional liberal prestando serviços à diretoria
de uma empresa. Ele está a serviço da verdade contábil e patrimonial e por isso
deve zelar pelos interesses múltiplos e intrincados na dinâmica patrimonial, na
proteção das informações da empresa.
5.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL DO AUDITOR-
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Prosseguindo, há outros interesses em jogo. De um lado, encontram-se os
interesses dos controladores, geralmente representados pelos diretores em
exercício. De outro lado, os interesses dos clientes, fornecedores, �nanciadores e
todos aqueles que para transacionar com a empresa precisam conhecer o
potencial de seu patrimônio, para se certi�carem do mínimo de risco aceitável
dentro da normalidade dos negócios.
Vejamos alguns cuidados necessários ao desempenho de uma auditoria:
a) Realizar as avaliações nos locais onde os trabalhos estão sendo
executados.
b) Veri�car e comprovar as evidências antes de qualquer conclusão. O
auditor não deve basear-se em opiniões ou informações recebidas de
quaisquer pessoas. Deve apenas utilizar-se dessas informações para
aprofundar evidências em casos de fraudes que ocorram nas empresas.
c) Constatar as evidências como verdadeiras após a veri�cação de mais de
uma pessoa integrante da equipe. É importante elaborar o relatório da
auditoria em conjunto com a equipe, não se esquecendo de revisá-lo antes
da entrega �nal.
d) Registrar as de�ciências à medida que forem sendo encontradas, para
que, no relatório de auditoria, possam ser relatadas com exatidão de
detalhe.
e) Condições adversas que sejam encontradas durante a auditoria e que
requeiram atenção especial devem conter relatórios prontos para corrigi-las
e serem comunicadas de imediato aos diretores da entidade. Geralmente se
encontram anormalidades nas empresas e, nesse caso, transmiti-las de
imediato para os diretores.
f) Registrar as evidências objetivas de tal modo que não permitam dúvidas
de interpretação. Termos como alguns, muitos, poucos, diversos etc. devem
ser evitados.
g) Não fazer comentários sobre as evidências descobertas, mantendo-se o
sigilo pro�ssional. Entretanto, se necessário, fazê-los por códigos secretos.
h) Evitar opiniões de terceiros sobre como o serviço deve ser feito.
i) Não interromper a auditoria. Caso seja necessário, os elementos que estão
sendo examinados devem �car blindados, fechados ou lacrados.Unidade 1 - Tópico 1
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j) Não esquecer que o objetivo não é somente localizar irregularidades, mas
também destacar aspectos positivos encontrados durante a auditoria.
k) Saber distinguir os aspectos vitais das evidências.
l) Ficar atento a ações contrárias à auditoria por parte da entidade auditada,
como a ausência de pessoas-chave alegando doença, o prolongamento do
tempo de almoço e outras atitudes que possam di�cultar os trabalhos de
auditoria.
m) Utilizar de canais de comunicação adequados e transparentes, exceto
para assuntos sigilosos.
A ética, em sua expressão �losó�ca, começou com a �loso�a no século VI a.C., na
Grécia.
Ética é conceituada como o ramo da �loso�a que estuda o que é
moralmente bom ou mal, certo ou errado.
No uso popular, o termo ética diz respeito aos princípios de conduta que
orientam o indivíduo ou grupo de indivíduos, o que na realidade é definido por
moral.
A moral é a aprovação do comportamento humano, através dos princípios
de conduta ética. Seria como dizer: a prática da teoria. A moral são as
atitudes dos indivíduos e a ética é a ciência que estuda esses
comportamentos.
A ética ou moralidade das pessoas ou grupos sociais não consiste simplesmente
naquilo que elas fazem costumeiramente, mas naquilo que elas pensam o que é
correto fazer, ou são obrigadas a isso.
5.4 ÉTICA PROFISSIONAL-
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Tomemos, por exemplo, o caso do auditor contábil, que está incumbido de auditar
as contas da empresa de um parente seu. Esse auditor estará agindo de acordo
com suas crenças e podendo dizer sim ou não para esta tarefa. Mas o
comportamento esperado do auditor é que o mesmo recuse o serviço.
De acordo com a ética, esse auditor deverá solicitar a sua exclusão da tarefa a ele
incumbida comunicando as razões ao gerente de auditoria. O seu gerente, sob o
enfoque da ética pro�ssional, deverá substituí-lo, mostrando à sociedade que a
empresa de auditoria está agindo de acordo com os procedimentos éticos.
No caso do auditor aceitar a tarefa de auditar as contas de seu parente, este tipo
de atitude pode ser contraditório às opiniões de outros indivíduos, chamamos isso
de dilema. O dilema implica que a ação de determinado indivíduo ou um grupo
social contrariou aquilo que determinada sociedade acredita ser o comportamento
adequado para aquela situação.
Vejamos o caso da história de Robin Hood: analisando as suas ações como
saqueador, elas apresentam enorme ausência moral. Se analisarmos os motivos
que o levaram a agir daquela maneira (o sofrimento do povo em consequência da
tirania de um soberano), tal comportamento pode ser moralmente aceito.
Sabemos que a humanidade está em constante transformação. O comportamento
humano muda ao longo da vida das pessoas, e estas alterações são em
decorrência da evolução tecnológica ou ascensão ao poder de pessoas com novas
formas de pensamento.
A ética geral se constitui de normas pelas quais o indivíduo estabelece uma
conduta pessoal adequada. A ética pro�ssional nada mais é que uma divisão
especial da ética geral e dela o pro�ssional recebe normas especí�cas de conduta
em questões que re�etem responsabilidade para com a sociedade, com os clientes
e com outros membros de sua pro�ssão, assim como com a própria pessoa. A
pro�ssão de auditor se autoimpôs um código de ética bastante rígido.
Conforme Attie (2010), os princípios éticos que regem a pro�ssão do auditor
independente são os seguintes:• Independência, integridade e objetividade: deve manter sua integridade e
objetividade e, quando exercer a auditoria, ser independente daqueles a quem
presta serviços.
• Competência e padrões técnicos: deve observar os padrões técnicos pro�ssionais
e esforçar-se continuamente para tornar-se mais competente e melhorar a
qualidade de seus serviços.
• Responsabilidade perante o auditado: deve ser justo e honesto com seus
auditados e servi-los o melhor que puder, cuidando de defender pro�ssionalmenteUnidade 1 - Tópico 1
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RESUMO DO TÓPICO
os interesses desses clientes, de forma condizente com as responsabilidades que
tem para com o público.
• Responsabilidade perante os colegas: deve conduzir-se de maneira a promover a
cooperação e o bom relacionamento entre os membros de sua pro�ssão.
• Outras responsabilidades e práticas: deve conduzir-se de modo a elevar o nível
de sua pro�ssão e sua capacidade de servir ao público.
O auditor, em seu trabalho, deverá ter sempre em mente que nas relações
humanas (em seu signi�cado mais amplo, o estabelecimento e/ou a manutenção
de contato entre pessoas), quer seja dentro de sua própria empresa ou
departamento como fora dele quando se dirige à empresa que o contratou,
poderão ou não estar presentes atitudes que vão de acordo com os princípios
éticos. Na ausência dessas atitudes, o que resulta é um clima de ressentimento,
resistência, incompreensão, falta de colaboração e iniciativa. En�m, uma
atmosfera que não conduz a um aproveitamento positivo na relação que se
estabelece. Isso prejudicará a condução de seu plano de trabalho, trará um
consequente mal-estar, além de péssima imagem que deixará perante o auditado.
No caso de o auditor manifestar a prática de relações humanas assentada no
princípio do reconhecimento dos seres humanos dotados de uma personalidade
própria que merece ser respeitada, ele, auditor, conseguirá conduzir o seu
trabalho e terá a cooperação daqueles que estão dentro deste contexto.
O auditor deverá sempre reconhecer que cada um de seus colegas, chefe e
subordinado, mais do que simples executor de uma tarefa, é um ser humano e
como tal deve ser tratado.
A relação humana é condição básica para um resultado positivo do trabalho do
auditor. Em síntese, presume-se uma atitude que envolve uma compreensão
mútua e sincera dos sentimentos e anseios que todo ser humano leva consigo.
Sentimentos e anseios estes que deverão estar presentes em todo trabalho do
auditor, qualquer que seja o nível de formação intelectual das pessoas com as
quais irá tratar.
Chegamos ao �nal do tópico 1. Faremos uma revisão do que estudamos até agora.
5.5 RELAÇÕES HUMANAS E O AUDITOR-
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A auditoria existe há mais de 4.000 anos, desde a antiga Babilônia, embora
que somente em 1314 foi criado o cargo de auditor, na Inglaterra.
A prática sistematizada da auditoria começou a desenvolver-se nos séculos
XIX e XX, em função da Revolução Industrial e da expansão econômica do
pós-guerra.
A auditoria no Brasil teve cunho relevante em função do surgimento das
grandes corporações econômicas, a partir da década de 50.
Em 1976 ocorreu a normatização das práticas e dos relatórios contábeis com
a Lei n◦ 6.404, das Sociedades por Ações, que harmonizou no âmbito nacional
as atividades da contabilidade frente às empresas e assim determinou
padrões de registro e de controle para viabilizar as atividades da auditoria.
Pode-se conceituar auditoria como um controle gerencial que funciona por
meio de medição e avaliação da e�ciência e e�cácia dos controles da
empresa. E não é só isso, também a auditoria deve ser entendida como a
atividade de assessoramento à administração para medir o desempenho das
atribuições de�nidas para cada área da empresa, mediante a aplicação das
diretrizes políticas e objetivos determinados.
A ética pro�ssional nada mais é que uma divisão especial da ética geral, e
dela o pro�ssional recebe normas especí�cas de conduta em questões que
re�etem responsabilidade para com a sociedade, com os clientes e com
outros membros de sua pro�ssão, assim como com a própria pessoa.
AUTOATIVIDADES
A) Contabilidade implantada.
B) Uma situação econômica viável
UNIDADE 1 - TÓPICO 1
1 Assinale a alternativa CORRETA:
Devido ao advento do comércio internacional, houve a necessidade da oferta do
crédito, que, por consequência, era apenas concedido somente a determinadas
empresas com:
Unidade 1 - Tópico 1
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08/03/2022 08:00 Livro Digital - Auditoria
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B) Uma situação econômica viável.
C) Devidamente controladas e auditadas.
D) Determinados procedimentos contábeis, porque a auditoria ainda
não existia.
Responder
A) Normatizou a pro�ssão do auditor.
B) Harmonizou no âmbito nacional as atividades da contabilidade
frente às empresas e assim determinou padrões de registro e de
controle para viabilizar as atividades da auditoria.
C) Fez com que o Conselho Federal de Contabilidade se pronunciasse a
respeito dos princípios a serem seguidos sobre os procedimentos do
trabalho do auditor.
D) Permitiu que surgisse a primeira empresa de auditoria no país.
Responder
A) Como um controle gerencial que funciona por meio de medição e
avaliação da e�ciência e e�cácia dos controles da empresa. Além disso,
pode ser entendida como uma atividade de assessoramento à
administração para medir o desempenho das atribuições de�nidas para
cada área da empresa, mediante a aplicação das diretrizes políticas e
objetivos determinados.
2 Assinale a alternativa CORRETA:
Em 1976, foi criada a Lei n◦ 6.404, das Sociedades por Ações, que normatizou as
práticas e os relatórios contábeis. Qual a consequência desta lei para a auditoria?
3 Assinale a alternativa CORRETA:
A auditoria pode ser conceituada da seguinte forma:
Unidade 1 - Tópico 1
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B) É um ramo da ciência usado no estudo da veri�cação de relatórios
analíticos da contabilidade.
C) É uma área da contabilidade que apenas se preocupa em apurar
fraudes nas empresas.
D) É uma área da economia que presta serviços de controle.
Responder
A) Atender às exigências do auditado quanto ao resultado da auditoria.
B) Evitar emitir pareceres contrários à empresa auditada para terceiros.
C) Independência, integridade e objetividade.
D) Interpretar e decidir suas próprias normas nos encaminhamentos
dos serviços de auditoria.
Responder
A) Condições adversas que sejam encontradas durante a auditoria e
que requeiram atenção especial devem conter relatórios prontos para
fazer denúncias.
B) Realizar as avaliações fora dos locais onde os trabalhos estão sendo
executados.
4 Assinale a alternativa CORRETA:
Existem alguns princípios éticos que regem a pro�ssão do auditor independente.
Dentre eles podemos citar o seguinte:
5 Assinale a alternativa CORRETA:
A auditoria precisa de alguns cuidados no desempenho de sua função. Um deles é
o seguinte:
Unidade 1 - Tópico 1
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C) Registrar as de�ciências à medida que forem sendo encontradas,
para que no relatório de auditoria possam ser relatadas com exatidão de
detalhe.
D) Ouvir opiniões de terceiros sobre como o serviço deve ser feito.
Responder
Apresentação  Tópico 2
Conteúdo escrito por:
Todos os direitos reservados © Prof. Valdecir Knuth
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