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PMSUS - COVID19 e vacinação

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/ Página 1 de 8 
–
1. Elucidar sobre os processos de produção e regulamentação das vacinas no brasil 
2. Caracterizar os diferentes tipos de vacina do covid-19 (estrutura viral) 
3. Entender o funcionamento de liberação e uso da vacina emergencial 
4. Compreender a importância da vacinação (movimento antivacina e o quadro 
epidemiológico) 
: As vacinas são a forma mais eficiente de prevenir doenças 
infecciosas. O pioneiro no desenvolvimento das vacinas foi Edward Jenner, um médico britânico 
que desenvolveu o imunizante contra a varíola, a qual foi declarada erradicada em 1979 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – devido à grande eficácia do método. 
As vacinas funcionam educando o sistema imune. Elas induzem a chamada “resposta de memória 
específica”, onde células T e células B (produtoras de anticorpos) são ativadas. Quando o 
corpo entra em contato com o patógeno (organismo que transmite alguma doença), essa resposta 
irá proteger o sistema, impedindo que a doença se manifeste de forma grave. Deste modo, o corpo 
fica imune. 
Imunidade de rebanho: É importante lembrar que a vacina não pode ser considerada somente como 
um meio de proteção individual, e sim coletivo, para que seja atingida a imunidade em grande 
escala e a redução da circulação do patógeno na população. Visto que, algumas pessoas não 
podem se vacinar devido: doenças preexistentes, doenças autoimunes, idade, fatores de risco, etc. 
Para induzir a resposta imune especifica é necessário um antígeno (componente essencial que 
causa a produção de anticorpos). O antígeno pode ser o patógeno morto ou atenuado, ou uma 
parte dele. As estratégias de vacinas mais modernas, como de RNAm e Vetores virais 
recombinantes, funcionam como uma plataforma para produzir o antígeno. Ou seja, parte do 
patógeno, no individuo vacinado. 
Algumas vacinas ainda possuem adjuvantes (matéria prima que, quando adicionada à fórmula do 
medicamento, ajuda na sua ação) que são importantes para melhorar a resposta imune. Outros 
componentes comuns das vacinas são conservantes, para impedir que a vacina seja contaminada 
depois de aberta, e estabilizantes, para prevenir reações químicas na vacina. Alguns 
imunizantes precisam de um líquido diluente para deixar a vacina na concentração correta 
imediatamente antes do seu uso. 
O desenvolvimento de uma vacina é semelhante ao desenvolvimento de um medicamento. No total, 
são quatro etapas: pré-clínica e fases 1, 2 e 3: 
 Na etapa pré-clínica, a vacina é testada em in-vitro e in-vivo (animais), e então é validada a 
capacidade de induzir resposta imune protetora e segurança; 
 / Página 2 de 8 
 Na fase 1, a dose correta, a segurança e a imunogenicidade (a capacidade de uma 
substância provocar uma resposta imune) da vacina são avaliadas em um pequeno grupo 
de voluntários/as adultos/as saudáveis; 
 Já na fase 2, geralmente realizada com mais de 100 participantes, continua-se avaliando a 
segurança e a resposta imune. 
 Finalmente, na fase 3, a segurança e efeitos adversos continuam sendo testados e a vacina 
é administrada em milhares de participantes e comparada com um grupo que não recebeu 
a vacina, mas apenas um placebo no lugar (uma substância falsa incapaz de produzir efeito 
fisiológico). Neste momento é determinado se a vacina é eficaz para combater à doença 
destinada. 
Durante os ensaios de fase 3 é recomendado que o grupo voluntário e a equipe de cientistas não 
saibam quem recebeu a vacina ou o placebo, garantindo que os resultados da eficácia não sejam 
influenciados por quem está avaliando. Essa etapa costuma ser desenvolvida em diferentes países 
para analisar a resposta em diferentes populações. 
Esse é um processo que costuma ser caro, podendo custar milhões de reais e durar anos até o 
cumprimento de todas as etapas. Quando a última fase está completa, os resultados são 
submetidos às avaliações das agências reguladoras de cada país. 
Vale ressaltar que as vacinas para prevenção da Covid-19 foram obtidas em tempo 
recorde. Essa grande conquista científica foi possível devido aos conhecimentos prévios obtidos a 
partir de outros tipos de coronavírus e um esforço coletivo de muitos cientistas de todo 
o mundo, com sobreposição das fases clínicas. Ou seja, para acelerar o processo, a organização 
da fase 3 foi iniciada antes do término da fase 2. 
Não é necessário se preocupar, pois as vacinas continuam sendo monitoradas após 
a aprovação, garantindo a segurança e a saúde das pessoas imunizadas. 
Para certificar a qualidade esperada dos lotes de vacinas, são realizados testes em cada etapa da 
cadeia de produção: 
 Após a produção do princípio ativo, ocorre a formulação da vacina, que é quando são 
adicionados outros componentes como estabilizante e conservante. 
 Na sequência acontece o envase, que é a colocação das doses geralmente em frascos de 
vidro, por serem duradouros e resistentes ao frio. 
 Após o envase, algumas vacinas são liofilizadas, que é o processo de retirar toda a umidade 
da formulação, transformando a vacina em um pó, tornando-a mais estável. 
 Finalmente, ocorre a etapa de rotulagem, onde é especificado o tipo de vacina, data de 
fabricação, lote e prazo de validade. 
E então a vacina está pronta para ser embalada e distribuída para população. 
A maioria das vacinas requer refrigeração entre 2°C e 8°C para o armazenamento e transporte. 
Outras precisam de temperaturas ainda mais baixas, de -20°C a -70°C. Para isso é necessário que 
haja um planejamento para a distribuição dos imunizantes, com cadeia, infraestrutura e equipes da 
área de saúde treinadas. 
 
 / Página 3 de 8 
 Para a realização de pesquisa clínica com vacinas no Brasil 
é obrigatório o cumprimento de diversos procedimentos regulatórios. Inicialmente o projeto de 
pesquisa é submetido à avaliação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), cujo 
objetivo é avaliar se todos os direitos e garantias dos participantes da pesquisa estão sendo 
previstos no estudo. 
Além disso, cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a realização dos 
ensaios clínicos, a partir da avaliação do Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento, 
documento que reúne especialmente o protocolo clínico e a brochura do investigador. Depois de 
realizadas todas as fases da pesquisa clínica, e de posse dos resultados, a ANVISA decide pela 
autorização do registro do produto no país. 
Em termos gerais, no caso da vacina para COVID-19, os critérios utilizados pela ANVISA para a 
análise do risco/benefício são os mesmos utilizados para outras vacinas. Entretanto, o cenário é 
mais complexo devido à situação epidemiológica mundial e a análise simultânea de diferentes 
plataformas vacinais, algumas delas inéditas. A ANVISA não possui procedimento regulamentado 
para autorização de uso especial de medicamentos. Considerando a urgência de obter-se uma 
vacina para COVID-19 aceita-se o registro condicional, que é regulamentado pela RDC 415/2020. 
Existem dois tipos de licença para uso: emergencial e registro definitivo. Para se obter licença 
para uso emergencial de vacinas no Brasil, é necessário que estudos clínicos de fase III tenham 
sido desenvolvidos em nosso país. A licença para uso emergencial pressupõe alguns requisitos: 
 Não comercialização do produto, 
 Possibilidade de cassação da licença a qualquer momento, 
 Termo de ciência do vacinado sob os riscos, 
 Continuidade dos estudos de fase III, 
 Entre outros. 
O dossiê de registro de uma vacina possui, em linhas gerais, documentação administrativa, 
documentação de comprovação de qualidade e documentação de comprovação de segurança e 
eficácia do produto objeto do registro, além da certificação de cumprimento dos princípios de Boas 
Práticas de Fabricação da linha em que esse será fabricado e as respectivas autorizações 
sanitárias para o funcionamento da empresa. Para comprovação de segurança e eficáciasão 
apresentados no dossiê de registro, dentre outros documentos, relatórios de estudos não clínicos 
(não realizados em seres humanos) e relatórios de estudos clínicos fases I, II e III (realizados em 
seres humanos), que têm por finalidade a comprovação de eficácia e segurança dos produtos 
submetidos ao registro. 
A análise desses dados é pautada na relação benefício/risco do produto, sendo registradas as 
vacinas cujos estudos comprovem que os benefícios superam os riscos. Nesse sentido, para serem 
aprovadas, a ANVISA considerará toda a evidência que demonstre que as vacinas registradas 
tenham a segurança, eficácia e consistência de produção necessárias. Percebe-se, portanto, que 
o registro de um produto não é um ato meramente cartorial, mas sim, que leva em consideração 
todos os dados e informações técnicas e científicas para tomada de decisão final quanto ao registro 
ou não de dado produto. 
 
O agente responsável pela Covid-19, a síndrome respiratória aguda grave (SARS), 
é um vírus que pertence à família Coronaviridae, denominado SARS-CoV-2, o qual possui elevada 
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homologia com o vírus causador do surto de SARS em 2003, o SARS-CoV(1). O SARS-CoV-2 é um 
vírus de ácido ribonucleico (RNA), cujo material genético é representado por uma única molécula 
de RNA positivo (RNA+). Todo o seu genoma contém menos de 30.000 nucleotídeos, cada um 
deles formado por uma molécula de açúcar (ribose), um ácido fosfórico e uma base nitrogenada. 
Por ser um vírus RNA, as bases nitrogenadas são adenina, citosina, guanina e uracila. 
Aproximadamente 29 diferentes proteínas virais são identificadas; entre elas, as mais relevantes 
são a glicoproteína de pico, reconhecida como proteína S, e a proteína N, do nucleocapsídeo viral(2). 
A glicoproteína de pico permite a entrada do vírus na célula hospedeira pela ligação ao receptor 
celular e à fusão da membrana. A proteína do nucleocapsídeo, por sua vez, regula o processo de 
replicação viral. 
O vírus SARS-CoV-2 é classificado como RNA+ devido à sua direção no sentido 5'3', o que significa 
que pode ser lido diretamente pelas estruturas celulares. É considerado um tipo de RNA 
mensageiro que, ao ser percorrido por ribossomos celulares, induz a produção de proteínas virais. 
Outra característica desse tipo de RNA é a presença da enzima replicase (RNA polimerase), a qual 
acompanha o vírus ou é produzida pela célula infectada, quando então a produção de uma molécula 
de RNA negativo (RNA-) ocorre a partir da molécula de RNA+, típica do vírus. A molécula de RNA- 
é transitória e, a partir dela, são produzidas inúmeras moléculas de RNA+ que são idênticas ao 
RNA+ original. Portanto, a molécula transitória de RNA- serve como modelo para a produção de 
moléculas de RNA+; cada uma delas descenderá do vírus que infectou a célula; esses 
descendentes parasitarão a célula e se produzirão no interior dela. 
Além das características clínicas, representadas por sintomas como febre, cefaleia, tosse, espirros, 
mal-estar generalizado, entre outros, há duas possibilidades para o estabelecimento do 
diagnóstico. Uma delas está relacionada com o reconhecimento do material genético do vírus pelo 
método de reação em cadeia da polimerase com transcriptase reversa (RT-PCR), a partir de 
amostras obtidas em secreções nasais e de orofaringe. A segunda possibilidade visa encontrar e 
reconhecer anticorpos presentes no soro de pacientes supostamente infectados, método conhecido 
como sorologia para SARS-CoV-2. 
Atualmente existem cerca de 14 vacinas em fase III em todo o mundo, com quatro tecnologias 
diferentes: inativadas, vetor viral não replicante, genéticas (RNA) e proteicas (sub-unitárias). 
O quadro I descreve as principais 
vacinas COVID-19 em fase 
clínica III de desenvolvimento. 
Algumas já estão registradas 
para uso emergencial em outros 
países, como as produzidas por: 
Pfizer, Moderna, AstraZeneca e 
Gamaleya. 
 
 / Página 5 de 8 
 
A seguir são descritas as principais plataformas tecnológicas utilizadas para o desenvolvimento das 
vacinas em estudo clínico de fase III. 
a) Vacinas de vírus inativados – As vacinas de vírus inativados utilizam tecnologia clássica de 
produção, através da qual é produzida uma grande quantidade de vírus em cultura de células, 
sendo estes posteriormente inativados por procedimentos físicos ou químicos. Geralmente são 
vacinas seguras e imunogênicas, pois os vírus inativados não possuem a capacidade de replicação 
e assim o organismo não fica exposto às grandes quantidades de antígenos. 
 As vacinas COVID-19 de vírus inativados em fase III são desenvolvidas por empresas 
associadas aos institutos de pesquisa Sinovac, Sinopharm/Wuhan Institute of Biological 
Products, Sinopharm/ Beijing Institute of Biological Products, Bharat Biotech, Research 
Institute for Biological Safety Problems e Chinese Academy of Medical Sciences. 
b) Vacinas de vetores virais – Estas vacinas utilizam vírus humanos ou de outros animais, 
replicantes ou não, como vetores de genes que codificam a produção da proteína antigênica (no 
caso a proteína Spike ou proteína S do SARSCoV-2). Os vetores virais replicantes podem se 
replicar dentro das células enquanto os não replicantes, não conseguem realizar o processo de 
replicação, porque seus genes principais foram desativados ou excluídos. Uma vez inoculadas, 
estas vacinas com os vírus geneticamente modificados estimulam as células humanas a produzir 
a proteína Spike, que vão, por sua vez, estimular a resposta imune específica. O vírus recombinante 
funciona como um transportador do material genético do vírus alvo, ou seja, é um vetor inócuo, 
incapaz de causar doenças. 
 As vacinas em fase III que utilizam essa plataforma são: Oxford/AstraZeneca (adenovírus 
de chimpanzé); CanSino (adenovírus humano 5 - Ad5); Janssen/J&J (adenovírus humano 
26 – Ad26) e Gamaleya (adenovírus humano 26 – Ad26 na primeira dose, seguindo de 
adenovírus humano 5 - Ad5 na segunda dose). 
c) Vacina de RNA mensageiro – O segmento do RNA mensageiro do vírus, capaz de codificar a 
produção da proteína antigênica (proteína Spike), é encapsulado em nanopartículas lipídicas. Da 
mesma forma que as vacinas de vetores virais, uma vez inoculadas, estas vacinas estimulam as 
células humanas a produzir a proteína Spike, que vão por sua vez estimular a resposta imune 
específica. Esta tecnologia permite a produção de volumes importantes de vacinas, mas utiliza uma 
 / Página 6 de 8 
tecnologia totalmente nova e nunca antes utilizada ou licenciada em vacinas para uso em larga 
escala. 
 Atualmente, as vacinas produzidas pela Moderna/NIH, Pfizer/BioNTec e CureVac AG são as 
duas vacinas de mRNA em fase III. Do ponto de vista de transporte e armazenamento, estas 
vacinas requerem temperaturas muito baixas para conservação (-70º C no caso da vacina 
candidata da Pfizer e -20º C no caso da vacina candidata da Moderna), o que pode ser um 
obstáculo operacional para a vacinação em massa, especialmente em países de renda baixa 
e média. 
d) Unidades proteicas – Através de recombinação genética do vírus SARSCoV-2, se utilizam 
nanopartículas da proteína Spike (S) do vírus recombinante SARSCoV-2 rS ou uma parte dessa 
proteína denominada de domínio de ligação ao receptor (RDB). Os fragmentos do vírus 
desencadeiam uma resposta imune sem expor o corpo ao vírus inteiro. Esta é uma tecnologia já 
licenciada e utilizada em outras vacinas em uso em larga escala e, usualmente, requer adjuvantes 
para indução da resposta imune. 
 As vacinas COVID -19 que utilizam esta tecnologia em fase III são a vacina da Novavax, que 
utiliza como adjuvante a Matriz-M1™, e a vacina desenvolvida pela “Anhui Zhifei Longcom 
Biopharmaceutical”, “Institute of Microbiology, Chinese Academy of Sciences” e “Clover 
Biopharmaceuticals. 
 
As exigências para o uso emergencial: A instituição do uso emergencial para as vacinas na 
pandemia, medida adotada poragências regulatórias pelo mundo, parte da premissa de que, frente 
a uma doença letal e de efeitos permanentes ainda não totalmente conhecidos, o benefício da 
imunização em massa pode ser maior do que os riscos de se começar uma campanha antes da 
conclusão de todas as fases de testes. Segundo as regras estipuladas, cabe aos laboratórios 
demonstrar essa relação custo-benefício no momento do pedido para uso emergencial de seus 
produtos. 
Além disso, as agências reguladoras exigem resultados preliminares já bastante avançados e 
impõem restrições de uso: na modalidade emergencial, apenas grupos específicos da população 
poderão ser vacinados (como profissionais de saúde e idosos), e a rede pública é a única autorizada 
a comprar os imunizantes e fazer as aplicações. 
ETAPA AVANÇADA: Os estudos clínicos da vacina devem estar na fase três (quando testes são 
feitos em milhares de pessoas) e apresentar a análise provisória de pelo menos um desfecho 
clínico (normalmente os laboratórios conduzem diferentes testes de fase três ao mesmo tempo). 
Além disso, a Anvisa exige dados de segurança referentes a pelo menos dois meses após a 
aplicação da última dose necessária à imunização dos pacientes (no caso da covid-19, a maioria 
das vacinas exige duas doses). 
RESULTADOS: Os resultados devem demonstrar pelo menos 50% de eficácia. Como critério de 
sucesso estatístico, a Anvisa define que o limite inferior do intervalo de confiança seja maior do 
que 30%, ou esteja de acordo com parâmetros alternativos pré-aprovados pela agência. 
MONITORAMENTO: O laboratório deve apresentar um plano para monitorar tanto aspectos 
relativos ao armazenamento das doses depois de serem distribuídas aos serviços de saúde, 
 / Página 7 de 8 
quanto eventuais queixas técnicas ou efeitos adversos do uso do imunizante. O período proposto 
de acompanhamento deve ser justificado pela empresa, mas deve ser capaz de detectar inclusive 
“eventos adversos tardios”. 
 O movimento antivacinação foi inserido pela Organização Mundial de 
Saúde (OMS) em seu relatório, como um dos dez maiores riscos à saúde mundial. 
Segundo a Organização, essa revolta é perigosa porque ameaça retroceder o progresso obtido no 
combate a doenças imunopreveníveis, como por exemplo a poliomielite e o sarampo. Esse 
problema, que cresce a cada ano, mobiliza pais e pessoas em geral, que não imunizam seus filhos 
e nem a si próprios, causando diminuição das coberturas vacinais, facilitando a porta de entrada 
para doenças ainda pouco conhecidas e pondo em risco a vida de outras pessoas. 
As razões pelas quais as pessoas optam por não se vacinar são diversas, afirmam que as vacinas 
não são seguras nem eficientes por causarem reações, apontam motivos religiosos, outros alegam 
que o período entre as vacinações infantis é muito curto e deveria ser mais espaçado, referem 
também que pode causar autismo nas crianças e há quem acredite que é um método de controle 
populacional utilizado pelo governo. 
As reações pós-vacinação são, ordinalmente, leves e temporárias, como dor no local da aplicação 
ou uma febre ligeira. Eventos adversos graves podem ocorrer, mas são extremamente raros. É 
mais provável que uma criança adoeça ou venha a óbito por enfermidades evitáveis pela 
imunização, como a meningite meningocócica, do que devido a uma reação à vacina. Sendo assim, 
os benefícios são superiores aos riscos que as mesmas podem causar. 
A vacinação está entre as principais conquistas da humanidade e representa o investimento em 
saúde com melhor custo-benefício para combater as doenças infecciosas que ameaçaram a 
humanidade durante séculos. Atualmente previne cerca de 2 a 3 milhões de óbitos por ano, e se a 
cobertura vacinal fosse bem sucedida a nível mundial, poderiam ser evitadas mais 1,5 milhão de 
mortes. Com a fabricação das vacinas, durante muitos anos, foi possível erradicar doenças como 
a varíola, foi possível a eliminação da rubéola nas Américas no ano de 2015 e até mesmo o 
sarampo em 2016. Porém diante das campanhas contra a imunização, houve um retrocesso dessas 
conquistas, que desencadeou novos surtos de sarampo desde 2018. 
Além de preservar vidas, esses imunobiológicos possibilitaram um aumento de cerca de 30 anos 
na expectativa de vida da humanidade, propiciaram redução de internações e diminuição do custo 
relacionado ao adoecimento por patologias imunopreveníveis. Para que esses resultados positivos 
se perpetuem, é necessário que haja uma maior alcançabilidade e participação da população. 
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos advertiu que se essa campanha 
antivacina não for contida, o índice de crianças que podem adoecer, adquirir sequelas irreversíveis 
e evoluir a óbito, crescerá cada vez mais. Além disso, quando uma população deixa de ser 
vacinada, possibilita a circulação de agentes infecciosos comprometendo não só os adeptos a 
campanha, mas a população como um todo, culminando em impacto na saúde, sociedade e 
economia em geral. 
A importância, segurança e eficácia da imunização é incontestável, porém deve ser divulgada com 
mais frequência, atingindo o maior número de pessoas possível, de forma clara e dinâmica, 
 / Página 8 de 8 
facilitando o entendimento da população acerca dos benefícios e malefícios da não vacinação. Para 
enfrentar o problema e minimizar esses movimentos antivacinação, também é necessário um maior 
empenho dos profissionais de saúde, para criar rodas de conversa, palestras e capacitações, sanar 
dúvidas e fornecer informações verídicas sobre esses imunobiológicos, estabelecendo vínculo com 
a população e estimulando a adesão à prática. 
 
1. Entenda como funciona a produção de uma vacina em 5 passos - Ana Duarte, Escola de 
Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS 
2. Guia prático de atualizações: Vacinas COVID-19 – Sociedade Brasileira de pediatria: 
Departamento Científico de Imunizações (2019-2021) 
3. Guia sobre os requisitos mínimos para submissão de solicitação de autorização temporária 
de uso emergencial, em caráter experimental, de vacinas Covid-19 – Anvisa 
4. Plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19 – MS (Ministério da 
Saúde) 
5. Movimento antivacinação: uma ameaça à humanidade 
6. Uzunian, ArmênioCoronavirus SARS-CoV-2 and Covid-19. Jornal Brasileiro de Patologia e 
Medicina Laboratorial [online]. 2020, v. 56 [Acessado 7 Março 2022] , e3472020. 
Disponível em: <https://doi.org/10.5935/1676-2444.20200053>. Epub 25 Set 2020. ISSN 
1678-4774. https://doi.org/10.5935/1676-2444.20200053. 
https://doi.org/10.5935/1676-2444.20200053

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