Buscar

CEDERJ-IZBE-AD1-2022_1

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCANTARA GOMES 
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
CONSÓRCIO CEDERJ-UAB-UERJ 
Instrumentação para o Ensino de Zoologia, Botânica e Ecologia 
 
 
 
Coordenadora: Profª Drª Patrícia Domingos 
 
Tutoras à Distância: Profª Dra. Isabela Gonçalves 
 Profª Dra. Lucia Pangaio 
 
NOME 1: ____________________________________________POLO:___________________ 
 
NOME 2: ____________________________________________POLO:___________________ 
 
NOME 3: ____________________________________________POLO:___________________ 
 
ORIENTAÇÕES: 
 a AD1 poderá ser realizada individualmente, em dupla ou trio; 
 é indispensável que todos os estudantes enviem a AD pela plataforma obedecendo à data 
limite para o envio; 
 o estudante que não enviar a AD, não terá a nota computada, mesmo que o seu nome conste 
na prova enviada pelos seus colegas de grupo; 
 a data limite de postagem da AD não será alterada; 
 a Ad1 deverá ser entregue em pdf da seguinte forma: nome(s) do(s) aluno(s)_polo 
 cópias da internet sem a devida referência ou em questões que deveriam conter a produção 
do estudante, não serão avaliadas; 
 quaisquer limitações e/ou impossibilidades para realização da atividade proposta para 
avaliação à distância deverão ser comunicadas à coordenação da disciplina ou tutoria à 
distância em um prazo de dez dias contabilizados a partir da postagem na plataforma da AD1; 
 A AD1 será composta por este trabalho cujo valor máximo é 8,0 e a nota de participação no 1º 
Fórum de Debates cuja pontuação máxima é 2,0. O valor total da AD1 é 10,00. 
 
_____________________________________________________________________________ 
 
Leia o texto abaixo: 
 
 
O que podemos aprender com acidentes de petróleo? 
 
Podemos aprender que, não apenas se trata de atividade de alto risco (desde a 
exploração, refino, transporte, distribuição e consumo), onde todas as etapas são poluentes 
e de risco potencial, mas que as consequências de acidentes nesta atividade podem ser 
perigosamente subestimadas. Estes são bons motivos para avançarmos em direção à 
superação desta como principal fonte de energia da humanidade. 
AD1 - IZBE 2022.1 
Neste texto, trouxemos alguns elementos envolvendo o recente acidente de 2019 
que atingiu quase toda costa brasileira de agosto/19 a março/20. Buscamos trazer um texto 
que permite uma exploração interdisciplinar. Cabe comentar que um professor, em sua 
ação didático-pedagógica pode, individualmente, ter uma prática interdisciplinar, desde que 
estabeleça diálogos com outras áreas do conhecimento. 
Numa aproximação com a história podemos destacar que 
 
“..no final do século XV, o maior de todos os segredos portugueses [era] o 
conhecimento do complexo sistema de ventos e correntes que dominavam o mar 
infinito [...]. Ao decifrar os enigmas escondidos nas águas, conseguiram encontrar 
e escolher rotas marítimas – como se fossem estradas líquidas – que os levavam 
mais rapidamente de um lado a outro no Atlântico”. [Com isso, tinham enormes 
vantagens sobre as frotas de outros países. O] “...Atlântico é dominado por dois 
grandes sistemas de correntes e ventos. Funcionam como se fossem duas 
engrenagens de uma máquina colossal [...]. Ao sul do Equador, a meio caminho 
entre África e o Brasil, está a primeira dessas engrenagens. Gira em sentido anti-
horário. Por essa razão, um velejador que sai do Rio de Janeiro consegue chegar à 
Angola e retornar sem grande esforço, seguindo apenas a chamada corrente de 
Benguela.” (GOMES, 2021, págs. 97 e 98). 
 
Pode não parecer, mas encontramos relação entre este conhecimento que estimulou 
grandemente o tráfico de africanos escravizados às Américas, com o acidente de 2019. 
O evento de derrame de petróleo, considerado o maior da história do país e, segundo 
alguns, mesmo em escala mundial, teve enorme alcance pois 
 
“Manchas de óleo atingiram 11 estados do Brasil, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, 
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro, 
em mais de 1009 pontos do país [...] no maior derrame de petróleo da história do 
país em 2019. Os pontos incluíram praias, manguezais e rios do litoral brasileiro 
[...]. O impacto é incalculável, pois além de afetar [...] [diretamente fauna e flora], 
traz consequências de longo prazo para a vida marinha e litorânea [...], ainda não 
avaliadas.” (DOS SANTOS; QUEIROZ; DOMINGOS, 2021, pág. 287 e 288). 
As informações recolhidas à época permitiram afirmar que 
“Foram recolhidos diversos animais mortos nas praias, como tartarugas e aves pela 
presença do óleo, que também afetou] [...] animais filtradores (como moluscos 
bivalves) que tendem a acumular substâncias persistentes, o que pode alcançar 
outros níveis tróficos, expandindo em tempo e abrangência os danos causados. 
Houve registro de acúmulo em caranguejos e siris de toxinas dos hidrocarbonetos 
de petróleo e dos produtos dispersantes, usados exatamente para sua contenção. 
[...] [O óleo] não [...] retirado, pode ir para o fundo do mar por ser pouco solúvel, 
tornando-se invisível [...], contaminando esse ambiente.” 
[...] “Os efeitos sociais [...] [foram observados sobre] pescadores, marisqueiros e 
trabalhadores dependentes de territórios pesqueiros como restingas e manguezais, 
[que] tiveram suas atividades interrompidas. Somente no estado da Bahia, estimou-
se que 43 mil pescadores foram afetados, de acordo com dados governamentais 
(BAHIA PESCA 2019).” (DOS SANTOS; QUEIROZ; DOMINGOS, 2021, pág. 288). 
Uma das dificuldades encontradas para a definição da causa do acidente de 
imediato, foi a ausência de detecção de manchas por satélites próximo à costa brasileira. 
Pelo padrão de dispersão das manchas, alguns investigadores associaram o evento ao 
efeito de correntes dominantes na costa Atlântica. Assim, a dispersão estaria relacionada 
à corrente Sul Equatorial, que se forma a partir da Corrente de Benguela, próxima ao sul 
da África e que atravessa o Oceano Atlântico. Nesse caso o óleo teria se deslocado 
provavelmente em subsuperfície, dificultando a detecção por satélite. Esta mesma corrente, 
já citada acima, foi explorada por quase 4 séculos, durante a duração do tráfico de homens 
e mulheres africanos escravizados para as Américas e Brasil. 
Em dezembro de 2021, a Polícia Federal concluiu que o navio responsável pelo 
acidente era de bandeira grega (Navio tanque Baboulina, da empresa Delta Tankers), 
indiciados a pagar indenização, calculada a partir dos gastos públicos para a remoção do 
óleo das praias. A investigação apontou que o derramamento se deu no Oceano Atlântico, 
durante o percurso do navio entre Venezuela e Singapura, atravessando o Atlântico em 
direção à África. Esse fato apoia a explicação para o padrão de dispersão observado. 
Entretanto, em agosto de 2021, quase 2 anos depois, o mesmo material reapareceu 
em praias do sul da Bahia. Estudos no Nordeste mostram que mais de 80% da 
biodiversidade de invertebrados foi perdida e houve branqueamento em 90% da população 
de corais. Deve ser considerada ainda que 57 unidades de conservação litorâneas foram 
afetadas, atingindo 10 diferentes tipos de ecossistemas costeiros. 
Sabemos que o petróleo cru é uma mistura de milhares de moléculas diferentes e 
vários processos ocorrem simultaneamente quando o óleo entra em contato com a água do 
mar, assim, a presença em altas concentrações de alguns metais pesados (mercúrio, 
chumbo, arsênio e zinco) foi confirmada no ambiente e, em menor nível, em animais. Esses 
componentes oferecem elevado risco à saúde do ser humano. Um dos graves problemas 
é que não há estimativa sobre o volume total de óleo derramado, o que resulta no 
desconhecimento de quanto ainda pode haver no fundo do oceano. 
Assim, 
“O impacto ao litoral pode ser considerado inestimável porque as consequências do 
acidente serão observadas numa escala de décadas. Omesmo serve para seres 
humanos eventualmente contaminados. [...] As consequências da destruição do 
ambiente sempre serão além do previsto, uma vez que muito ainda há por conhecer 
a fim” de produzir-se cenários futuros confiáveis. (DOS SANTOS; QUEIROZ; 
DOMINGOS, 2021, pág. 289). 
 
GOMES, L. Escravidão. 7. ed., volume 1. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2021. 
DOS SANTOS. A. G.; QUEIROZ, G.R.P.C.; DOMINGOS, P. A flutuação: o conhecimento 
socialmente relevante para a expansão da aprendizagem. In: DOS SANTOS. A. G.; QUEIROZ; 
OLIVEIRA, R. D. V. L., (Orgs.). Conteúdos cordiais: física humanizada para uma escola sem 
mordaça. 1. ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, p. 279-309. 
 
Sugestão: As respostas deverão ser escritas entre 5 e 8 linhas de maneira sintética e 
informativa. 
 
 
Questão 1: Que possibilidade você vê de utilizar esta notícia para trabalhar com uma turma 
de ciências ou biologia? Qual(is) conceito(s) você destacaria? (Valor: 2,0 pontos). 
 
 
Questão 2: Numa abordagem interdisciplinar, que ponto você destacaria para discutir com 
sua turma? (Valor: 2,0 pontos): 
 
Questão 3: Você acredita que os fatores considerados para a indenização abrangem o total 
de danos, perdas e prejuízos causados pelo acidente? Justifique. (Valor 2,0 pontos). 
 
Questão 4: Que importância tem essse processo (o derrame de petróelo em ambente 
marinho) para o ambiente e para a saúde humana? Citar a fonte consultada. (Valor: 2,0)

Continue navegando