Buscar

Determinantes da Geração Canguru no Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
CASA, COMIDA, ROUPA LAVADA E AMOR DE MÃE: UMA ANÁLISE DOS 
DETERMINANTES DA GERAÇÃO CANGURU NO BRASIL 
 
Otoniel Rodrigues dos Anjos Júnior
1
 
Juliane da Silva Ciríaco
2
 
Ivan Targino Moreira
3
 
 
 
RESUMO 
A presente pesquisa possui como principal objetivo analisar empiricamente os 
determinantes da geração canguru no Brasil. Tal denominação foi implementada para se 
referir aos indivíduos em idade adulta que por algum motivo ainda vivem com os país. 
Utiliza-se determinado modelo logit que atribui o valor de “um” para os indivíduos com 
idade entre 25 a 34 anos que possuem status de “filho” no domicílio (ou seja, canguru) e 
“zero” caso o indivíduo nesta faixa de idade possua status de “chefe” ou “cônjuge” do 
responsável pelo lar (aqui considerado como independente). Para tanto, utiliza-se dados 
oriundos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2002 e 2012 
respectivamente. Adicionalmente, para avaliar o impacto da incorporação do plano 
amostral sobre a precisão das estimativas, foi realizado o processo exposto por Leite e 
Nascimento Silva (2002) com base no modelo proposto por Kish (1965). Em linhas 
gerais, os resultados do modelo evidenciaram que a decisão de permanecer no ninho 
está fortemente associada ao fato do indivíduo ser homem, possuir mãe viva, estudar e 
ter idosos no lar. Sendo que a educação se tornou o principal fator de incentivo a levar o 
indivíduo, na fase adulta, a morar com a família de origem. Em contrapartida, o fato de 
ter crianças no lar e estar trabalhando, tende a reduzir a probabilidade de permanência 
ou regresso ao lar parental. 
 
Palavras-chave: Geração Canguru. Determinantes. Econômico. Afetivo. Familiar. 
 
 
1
 Doutorando em Economia pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal da 
Paraíba (PPGE-UFPB) - Fone: (83) 98860-3463. E-mail: pbdosanjos@hotmail.com 
2
 Doutoranda em Economia pelo Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste (CAEN-UFC) 
Fone: (85) 98872-2413. E-mail: julianeciriaco@hotmail.com 
3
 Professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal da Paraíba (PPGE-
UFPB). E-mail: ivantarginomoreira@yahoo.com.br 
 
mailto:julianeciriaco@hotmail.com
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
No apogeu dos anos 70 pôr o pé na estrada e sair de casa era sinônimo de liberdade 
e independência para uma parte relevante da população juvenil. No entanto, sabe-se que 
de lá pra cá muita coisa mudou, principalmente porque o desenvolvimento da sociedade 
contemporânea aliado ao expressivo processo de transição demográfica acabou 
modificando os arranjos familiares e transformando lares, inicialmente, extensos e 
jovens em famílias menores e mais envelhecidas, desencadeando o surgimento de novos 
modelos de família (SILVA et al, 2004). 
A família outrora marcada pela hierarquia entre os membros, atualmente, está 
regida por ideias mais igualitárias e possibilitando maior espaço para negociação e 
diálogos entre as gerações (HENRIQUES, JABLONSKI, FERES-CARNEIRO,2004). 
Neste cenário, tornou-se comum, na atualidade, jovens brasileiros em idade adulta entre 
25 a 34 anos, mesmo com certa estabilidade financeira, residirem com os respectivos 
pais. Tal fenômeno vem sendo alvo de diversas discussões na mídia e acabou 
despertando o interesse da academia e dos intelectuais. Estes indivíduos foram 
denominados pela literatura atual de “cangurus”. No Brasil, o jovens cangurus 
representavam por volta 24,3% de indivíduos em 2012, enquanto que em 2002 não 
ultrapassavam os 20%, ou seja, na respectiva janela de tempo houve um acréscimo de 
aproximadamente 4 pontos percentuais (p.p.)%
4
. 
A decisão de permanecer no ninho está baseada em justificativas e explicações 
diversas, envolvendo questões de natureza multidimensional associadas a características 
de ordem pessoal, familiar e social, podendo ser fruto da ausência de segurança no 
campo profissional e afetivo, dentre as principais razões podem-se elencar: i) maior 
liberdade sexual e de expressão no ambiente parental (GALLAGHER, 2013); ii) 
ambivalência dos pais no que concerne à saída dos filhos de casa (HENRIQUES, 
JABLONSKI, FERES-CARNEIRO,2004); iii) custo habitacional (MORAIS, RÊGO, 
2011); iv) comodismo e falta de maturidade (COBO, SABOIA, 2010); v) 
transformações dos laços afetivos, como instabilidade no relacionamentos entre os pares 
(GALLAGHER, 2013; VIEIRA, RAVA, 2010; HENRIQUES, JABLONSKI, FERES-
CARNEIRO, 2004); vi) recessão no mercado de trabalho e desemprego (OLIVEIRA, 
 
4
 Estas estimativas foram baseadas nos dados reponderados da PNAD, utilizando os respectivos fatores de 
expansão. 
3 
 
CARVALHO, 2010; NICO, 2012); vii) novos padrões de consumo (FERREIRA et al., 
2008). 
No País, ainda são poucas as contribuições técnicas, principalmente em países 
subdesenvolvidos, uma vez que relevante parte dos estudos está na América do Norte e 
continente Europeu, (MORAIS, RÊGO, 2011; FILGUEIRA, AMOROSO, 1997; DE 
VOS, 1989). Diante do exposto, e considerando a relevância do tema, pode-se dizer que 
o presente artigo contribui atualmente com a literatura ao investigar em âmbito nacional 
os principais determinantes da geração canguru entre os jovens de 25 a 34 anos de 
idade. Para isto, utiliza-se o modelo econométrico de ordem qualitativa, o logit, 
utilizando como fonte de dados a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios) para os anos de 2002 e 2012. 
Para a elaboração do presente estudo, optou-se por dividir a pesquisa em quarto 
partes, além desta introdução. Inicialmente, apresentam-se as características mais 
relevantes dos domicílios constituídos por jovens adultos. A próxima contempla a 
descrição e tratamento do banco de dados. A quarta seção reporta-se os principais 
resultados encontrados, ressaltando e discutindo os aspectos relevantes que culminam 
nas considerações finais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 CARACTERÍSTICAS DOS ARRANJOS FAMILIARES BRASILEIROS: 
FATOS OBSERVADOS 
 
A crescente diversificação dos arranjos familiares é consequência direta das 
novas opções de vida conjunta entre as pessoas, resultante das transformações sociais, 
econômicas e demográficas (FERREIRA et al., 2008). Diante disto, torna-se cada vez 
mais complexo a configuração dos lares, em que a família desponta como um dos 
principais campos de mudanças em que os processos fundamentais de identidade 
biológico e social se colocam em curso. 
As transformações relacionadas ao cenário social, cultural, econômico, 
institucional e de valores (ex: a maior inserção da mulher no mercado de trabalho) 
ocorridas nas últimas décadas, acabou tornando cada vez mais complexa a transição de 
parte dos indivíduos para a fase adulta. Sendo assim, tal fenômeno deixou de ser 
marcado pela entrada no mercado de trabalho, universidade, constituição de uma 
família, independência domiciliar e financeira entre outros. 
O aparente anúncio universal da maioridade, relacionado à autonomia domiciliar 
completa, tem sido cada vez mais adiado. Os fatores causadores são muitos e podem ser 
elencados de várias formas, sendo que estão, rotineiramente, associados a aspectos 
psicológicos e financeiros (ex: apego a família, ambivalência dos pais, instabilidade na 
carreira profissional e no relacionamento entre os pares). Destaca-se que tais causas são 
observadas tanto no Brasil quanto em países de primeiro mundo. Nos Estados Unidos, 
por exemplo, 36% dos indivíduos de 18 a 31 anos viviam com pai ou/e mãe, ou seja, 
pouco mais de um em cada três jovens adultos no ano de 2012, batendo o recorde 
histórico dos últimos 40 anos (FRY, 2013). 
Com base no Figura 1, percebe-se que a proporção de jovens brasileiros que 
moramcom os respectivos genitores tem aumentado ano após ano ao longo do decênio, 
alcançando o patamar de 24,3% em 2012, sendo em sua maioria representado por 
indivíduos do sexo masculino (60%). 
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais- SIS (2013) os jovens que residem no 
lar de origem apresentam elevadas taxas de ocupação, porém um pouco inferior ao 
observado para os demais jovens, no ano de 2012. Em contrapartida, estes participam 
mais da rede de ensino (14%) e possuem maior nível de escolaridade (ver Figura 2), 
sugerindo que, a opção de viver no ambiente parental pode estar associado com à maior 
dedicação aos estudos. No entanto, ressalta-se que diversas pesquisas [Fichtner (2004), 
5 
 
Strauber (2005) e Henriques et al. (2006)] têm destacado que o adiamento na 
independência dos jovens pode estar relacionado, sobretudo, à dura realidade 
encontrada pelos indivíduos fora do seio familiar. 
 
Figura 1-Brasil: Proporção de pessoas (25 a 34 anos de idade) residentes em domicílios particulares 
por tipo de condição no arranjo familiar-2002 a 2012 
 
Figura 2-Brasil: Média de escolaridade dos indivíduos de 25 a 34 anos de idade em domicílios 
particulares -2002 a 2012. 
 
Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da PNAD. 
Nota¹: *Em 2010 não foi realizada a pesquisa, desta forma realizou-se uma média simples entre 
os anos anterior e posterior. 
Nota²: Expandido para a população. 
 
No que se refere à proporção de filhos que moram no domicílio, observa-se, no 
último período, um maior destaque na macrorregião do Sudeste com cerca de 26,7%, 
seguido pelo região Nordeste com 24,3%. Dentre os Estados, as maiores taxas são 
observadas no Rio de Janeiro (27,2%), São Paulo (27,0%) e Ceará (25,75%), como 
pode ser visto na Tabela 1: 
0
2
4
6
8
10
12
2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 * 2 0 1 1 2 0 1 2 
Filho Chefe ou Cônjuge
 
Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da PNAD. 
Nota¹: *Em 2010 não foi realizada a pesquisa, desta forma realizou-se uma média simples entre os 
anos anterior e posterior. 
Nota²: Expandido para a população. 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 * 2 0 1 1 2 0 1 2 
%
 
Chefe Cônjuge Filho Outro parente Demais
6 
 
Tabela 1-Brasil: Proporção de indivíduos (de 25 a 34 anos) que moram com os pais, 2002-2012. 
 
2002 
 
2012 
Brasil 
 
20,5% 
 
24,3% 
Rondônia 
 
12,9% 
 
15,3% 
Acre 
 
14,5% 
 
13,5% 
Amazonas 
 
15,8% 
 
21,1% 
Roraima 
 
12,6% 
 
14,3% 
Pará 
 
17,1% 
 
18,8% 
Amapá 
 
18,5% 
 
19,4% 
Tocantins 
 
14,8% 
 
17,9% 
Norte 
 
16,0% 
 
18,5% 
Maranhão 
 
20,2% 
 
20,1% 
Piauí 
 
18,8% 
 
23,5% 
Ceará 
 
19,3% 
 
25,8% 
Rio Grande do Norte 
 
20,2% 
 
23,7% 
Paraíba 
 
23,5% 
 
23,4% 
Pernambuco 
 
20,6% 
 
25,6% 
Alagoas 
 
19,7% 
 
24,2% 
Sergipe 
 
20,9% 
 
23,4% 
Bahia 
 
20,8% 
 
25,3% 
Nordeste 
 
20,5% 
 
24,3% 
Minas Gerais 
 
24,2% 
 
26,2% 
Espírito Santo 
 
18,0% 
 
24,0% 
Rio de Janeiro 
 
25,8% 
 
27,2% 
São Paulo 
 
22,0% 
 
27,0% 
Sudeste 
 
23,1% 
 
26,7% 
Paraná 
 
17,4% 
 
22,7% 
Santa Catarina 
 
15,3% 
 
21,2% 
Rio Grande do Sul 
 
18,4% 
 
23,2% 
Sul 
 
17,3% 
 
22,5% 
Mato Grosso do Sul 
 
15,1% 
 
17,4% 
Mato Grosso 
 
14,0% 
 
17,1% 
Goiás 
 
16,6% 
 
22,1% 
Distrito Federal 
 
16,9% 
 
23,7% 
Centro- Oeste 
 
15,8% 
 
20,6% 
Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da PNAD. 
Nota¹: Expandido para a população. 
Nota²: Apenas em 2004 a PNAD foi implantada nas áreas rurais dos estados de Rondônia, 
Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, alcançando cobertura completa do território nacional 
 
 
 
 
 
 
7 
 
3 METODOLOGIA E BANCO DE DADOS 
A fonte de dados utilizada, como já mencionada anteriormente, advém da 
PNAD, restringindo-se ao ano de 2002 e 2012. A escolha desse banco de dados consiste 
na gama de informações disponíveis sobre a população residente no país, fornecidas 
anualmente no portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
A variável independente é dicotômica, onde se atribui o valor de “um” para os 
indivíduos entre 25 a 34 anos que possuem status de “filho” no domicílio (ou seja, 
canguru) e “zero” caso o indivíduo nesta faixa de idade possua status de “chefe” ou 
“cônjuge” do responsável pelo lar (aqui considerado como independente). Sendo assim, 
descreve-se a seguir: 
 
 = {
 
 
 
 
Com o intuito de atender os objetivos dessa pesquisa, foram aplicados alguns 
filtros como, por exemplo, excluir aquelas pessoas que simultaneamente não se 
enquadravam em nenhuma das categorias analisadas, ou seja, aqueles indivíduos que 
não eram “cangurus” e não eram “independentes”. Além disso, para homogeneizar os 
dados foram excluídos os lares 20% mais pobres do País
5
 - este filtro foi introduzido 
porque acredita-se que a geração “canguru” é menos evidente em famílias de baixa 
renda. 
 Para analisar os determinantes da geração “canguru” no Brasil, utiliza-se o 
modelo de resposta binária, o modelo logit. A equação (1) representa as chances de 
ocorrência da geração canguru, dada por uma série de atributos especificados por: 
 
 (
 
 
)= + + 
 
Onde: (
 
 
) representa o logaritmo ponderado das chances favoráveis a 
decisão de estar na condição canguru; denota o conjunto de atributos relativos 
às características do indivíduo i; descreve o conjunto de atributos relacionados à 
família do indivíduo i; corresponde variável de localização regional do 
indivíduo; e corresponde ao termo de erro estocástico. 
 
5
 Resultados atingidos por meio do rendimento familiar per capita, excluindo-se pensionistas, empregados 
domésticos e seus respectivos parentes. 
8 
 
Este estudo optou por considerar o plano amostral complexo estratificado 
adotado pela PNAD, pois ao ignorar as características inerentes ao plano amostral 
podem ocorrer problemas que comprometem a inferência analítica das estimações. 
Logo, optou-se em levar em consideração tais argumentos com intuito de que os 
resultados obtidos sejam consistentes e não viciados
6
. Dessa forma, para obtenção de 
estimativas mais precisas
7
, inclui-se o delineamento amostral, considerando os fatores 
de expansão (pesos de pessoas), STRAT (estratos) e PSU (unidade primária amostral). 
Tendo em vista que essas variáveis fazem parte do arquivo domicílios, foi necessária a 
realização da correspondência com o arquivo de pessoas. 
Para avaliar o impacto da incorporação do plano amostral da PNAD sobre a 
precisão das estimativas, realiza-se o processo exposto por Leite e Nascimento Silva 
(2002) com base no modelo proposto por Kish (1965), sendo denominado Efeito do 
Plano Amostral (EPA ou Deff – Disgn Effect), cuja expressão é dada por: 
 
 
 ̃
 ̃
 (2) 
 
Em que ̃ é a variância estimada incorporando a estrutura do plano 
amostral efetivamente utilizado; enquanto ̃ é a variância estimada supondo o 
plano amostral igual a uma amostra aleatória simples (AAS). 
Cabe destacar que valores do EPA significativamente diferentes de 1 ressaltam 
a importância da consideração do plano amostral efetivamente utilizado na estimação 
das variâncias associada aos parâmetros do modelo. Dessa forma, a interpretação do 
EPA (Efeito do Plano Amostral) segue o seguinte critério: 
• Se EPA < 1, variância sob AASsuperestimada; 
• Se EPA = 1, não há diferença entre as estimativas de variância; 
• Se EPA > 1, variância sob AAS subestimada. 
Outro método com finalidade semelhante foi desenvolvido por Skinner, Holt e 
Smith (1989), denominado de EPA ampliado (Meff -Misspecification Effect). Neste 
método utiliza-se o pressuposto que υ0 é um estimador usual e consistente da variância 
 
6 Segundo Lima (2008) a PNAD não é uma amostra independente e identicamente distribuída 
(iid), não se originando, portanto, de uma amostra aleatória simples com reposição, sendo 
necessária a consideração do plano amostral para que as estimações pontuais e as variâncias 
sejam corretamente especificadas. 
7 Neste trabalho utilizou-se o método de Máxima verossimilhança e para à obtenção das 
estimativas da variância dos coeficientes realizou-se o método de Linearização de Taylor. 
9 
 
do estimador sob a hipótese de observações idd (independente identicamente 
distribuída); ̃é a variância do estimador considerando-se o desenho amostral 
complexo; é a esperança do estimador usual sob o plano amostral complexo. 
O EPA ampliado é descrito por: 
 
 ̃ 
 ̃
 
 (3) 
 
Após o devido tratamento da base de dados e inclusão desses filtros restaram 
aproximadamente um total de 46.267 mil observações em 2002 e 46.031 mil 
observações em 2012, ao se expandir para população alcançar-se-á o número 
representativo de indivíduos de 21,0 milhões e 25,3 milhões, respectivamente. 
Por sua vez, as variáveis explicativas são exemplificadas no Quadro 1: 
 
 Quadro 1-Brasil: Descrição dos dados utilizados nas estimações 
Variáveis Descrição das variáveis 
 Variável dependente 
Geração “Canguru” 
1 caso o indivíduo possua status de filho na família e “0” caso o 
mesmo possua status de chefe ou cônjuge do responsável pela 
família. 
Variável independente 
Características dos indivíduos 
Sexo 1 para mulher e 0 para homem 
Anos de Estudo Cada série com aprovação é considerado como um ano de estudo 
Idade 
Idade aferida em anos de vida. Adiciona-se também o termo 
quadrático. 
Branca 1 para Branca e 0 caso contrário 
Estuda 1 para o indivíduo que estuda e 0 caso contrário. 
Trabalha 1 para o indivíduo que trabalha e 0 caso contrário. 
Características da família 
Criança Número de crianças com idade inferior a 5 anos no domicílio 
Idoso 
Número de idosos (ou seja com idade igual ou superior a 85 anos) 
no lar 
Mãe viva 1 para a existência de mãe viva e 0 caso contrário 
Características Geográfica 
Metropolitana 
1 para o indivíduo que mora na região Metropolitana e 0 caso 
contrário 
Dummies Estaduais 
Foram criadas dummies de controle para cada estado brasileiro. O 
objetivo é tentar captar alguma diferença estadual, dada pelas 
peculiaridades locais de cada estado, em relação ao estado de 
Roraima, que servirá de base de comparação. 
Fonte: Elaboração dos autores. 
 
10 
 
Antes da devida exposição dos resultados econométricos, comtempla-se na Tabela 2 
as estatísticas descritivas (média, erro padrão, mínimo e máximo) das variáveis utilizadas 
neste artigo, considerando os respectivos fatores de expansão. 
Tabela 2-Brasil: Estatística descritiva do banco de dados, 2002 - 2012. 
 2002 2012 
Variáveis Média Erro-Padrão 
Linearizado 
Mínimo Máximo Média Erro-Padrão 
Linearizado 
Mínimo Máximo 
Mulher 0,505 0,002 0 1 0,503 0,002 0 1 
Branco 0,575 0,003 0 1 0,495 0,003 0 1 
Trabalha 0,768 0,002 0 1 0,811 0,002 0 1 
Estuda 0,100 0,001 0 1 0,094 0,002 0 1 
Anos de 
Estudo 
8,235 0,0347 0 15 10,24 0,027 0 15 
Idade 29,440 0,016 25 34 29,5 0,016 25 34 
Idade² 875,002 0,9705 625 1156 878,4 0,921 625 1156 
Criança 0,406 0,0040 0 4 0,309 0,004 0 4 
Mãe Viva 0,892 0,001 0 1 0,921 0,001 0 1 
Idosos 0,006 0,0000 0 2 0,005 0,000 0 2 
Metropolitana 0,364 0,0033 0 1 0,353 0,003 0 1 
Rondônia 0,006 0,000 0 1 0,009 0,000 0 1 
Acre 0,002 0,000 0 1 0,003 0,000 0 1 
Amazonas 0,012 0,000 0 1 0,017 0,001 0 1 
Pará 0,025 0,001 0 1 0,034 0,001 0 1 
Amapá 0,003 0,000 0 1 0,003 0,000 0 1 
Tocantins 0,006 0,000 0 1 0,007 0,000 0 1 
Maranhão 0,022 0,001 0 1 0,022 0,001 0 1 
Piauí 0,011 0,001 0 1 0,012 0,001 0 1 
Ceará 0,033 0,001 0 1 0,034 0,001 0 1 
Rio G. do 
Norte 
0,014 0,001 0 1 0,014 0,001 0 1 
Paraíba 0,015 0,001 0 1 0,016 0,001 0 1 
Pernambuco 0,039 0,001 0 1 0,039 0,001 0 1 
Alagoas 0,011 0,001 0 1 0,013 0,001 0 1 
Sergipe 0,010 0,001 0 1 0,009 0,001 0 1 
Bahia 0,059 0,002 0 1 0,062 0,002 0 1 
Minas Gerais 0,104 0,002 0 1 0,107 0,002 0 1 
Espírito Santo 0,018 0,001 0 1 0,021 0,001 0 1 
Rio de Janeiro 0,093 0,002 0 1 0,082 0,002 0 1 
São Paulo 0,271 0,003 0 1 0,258 0,004 0 1 
Paraná 0,064 0,002 0 1 0,057 0,001 0 1 
Santa Catarina 0,038 0,001 0 1 0,036 0,001 0 1 
Rio Grande do 
Sul 
0,060 0,001 0 1 0,055 0,001 0 1 
Mato Grosso 
do Sul 
0,014 0,000 0 1 0,016 0,001 0 1 
Mato Grosso 0,018 0,001 0 1 0,017 0,001 0 1 
Goiás 0,034 0,001 0 1 0,037 0,001 0 1 
Distrito 
Federal 
0,017 0,001 0 1 0,018 0,001 0 1 
Fonte: Elaboração dos autores com base nos dados da PNAD. 
Nota¹: Para variáveis qualitativas a média equivale à proporção. Nota²: Expandido para a população 
 
 
11 
 
No ano de 2002, a amostra foi composta por aproximadamente 21 milhões de 
pessoas, a idade média está por volta dos 29 anos, 76% da população trabalha, 50% são 
mulheres, 57% declarados de raça branca, com média de 8,2 anos de estudo. No referente a 
característica das famílias, em média, 89% dos domicílios possuem mãe viva, possuindo de 
forma geral um menor número de crianças e idosos no lar, localizados em sua maioria na 
região metropolitana, e residentes dos estados da região Nordeste e Sudeste. 
Em 2012, partindo-se de uma população de 25,3 milhões de pessoas, averiguar-se 
que a idade média dos jovens equivale a 29 anos de idade, sendo que por volta de 49% das 
pessoas são consideradas de raça branca, com pouco mais de 10 anos de estudo, com mais de 
92% das famílias com mãe viva, com menor média de crianças e idosos no lar. No referente 
ao status ocupacional e localização, tem-se que 9,4% estudam e pouco mais de 81% 
trabalham, com aproximadamente 35% dos indivíduos moradores das respectivas regiões 
metropolitanas. No que se refere as dummies estaduais, observa-se que a maioria dos jovens 
adultos são residentes dos Estados de São Paulo (25%) e Minas Gerais (10%). 
 
4 RESULTADOS 
 
Nesta seção, são apresentados os resultados dos coeficientes e dos efeitos marginais 
da regressão logística para a probabilidade de um indivíduo adulto estar na condição 
canguru no Brasil nos anos de 2002 e 2012, considerando, para tanto, o delineamento do 
banco de dados (Tabela 3). 
As estimativas do efeito do plano amostral indicaram a importância de se 
considerar o delineamento amostral para a obtenção de estimativas robustas e não viciadas. 
Em linhas gerais, boa parte das estimativas Meff e Deff apresentaram-se superiores ou 
inferiores a 1, indicando que as variâncias dos coeficientes estimados, caso a amostra 
complexa fosse considerada como AAS, seriam subestimadas ou superestimadas. Ademais, 
ressalta-se que a estatística de significância global (Teste F) mostrou-se estatisticamente 
significante a 1%, sugerindo que o modelo descreve de forma adequada os determinantes da 
probabilidade do indivíduo estar na condição Canguru. 
De forma geral, as variáveis mostram-se significativas e com sinal esperado (exceto 
pela variável relacionada à região metropolitana que não apresentou significância 
estatística). Os resultados do modelo evidenciam que jovens mais escolarizados e que estão 
estudando possuem maior probabilidade de continuar morando no lar parental, o que já era 
esperado, em vistas que um dos principais suportes oferecidos pelos pais para a permanência12 
 
dos filhos no domicílio é possibilitar a obtenção de maior nível de escolaridade e 
qualificação, corroborando com os argumentos de autores como Ciríaco et al. (2015), 
Morais e Rêgo (2011) e Cobo e Saboia (2010). 
A existência materna mostrou significância estatística e sinal positivo na 
probabilidade do jovem adulto residir com a família. As evidências apontam que, para os 
jovens, possuir mãe viva, independente do ano analisado, tende em aumentar a 
probabilidade em mais de 16 pontos percentuais (p.p.) de permanecer na casa dos pais. O 
que também já era esperado, pois indivíduos que vivem em lares com ausência da figura 
materna, tendem de certa forma, a acelerar a transição para um arranjo independente. 
Acredita-se que isso ocorre por que a não existência materna representa uma perda 
fundamental de recursos disponíveis e de estabilidade emocional, dado que na maioria dos 
casos é a mãe que assume o papel de ofertar certas comodidades aos filhos como, por 
exemplo, “comida”, “roupa lavada”, assim como, maior tempo dedicado a atenção, 
educação e carinho. Ademais, ressalta-se que os ambientes onde não existem a convivência 
maternal estão mais susceptíveis a possíveis conflitos familiares, principalmente, quando a 
ausência da mesma é substituída por a “figura” de uma madrasta (CARVALHO, 2009). 
Por outro, o fato de estar trabalhando tende a aumentar a probabilidade de 
determinado jovem adulto sair da casa e formar um novo domicílio. Ressalta-se que para 
certificar, se tal comportamento ocorre ou não, é essencial uma análise mais aprofundada do 
banco de dados, uma vez que este comportamento pode estar influenciado pelo nível de 
renda pessoal e tipo de inserção no mercado de trabalho. 
O fato de estar estudando tende a influenciar de forma positiva sobre a 
probabilidade de continuar morando na casa parental. O mesmo é observado pela variável 
que representa o nível educacional, evidenciando que, quanto maior o nível de escolaridade, 
maiores as chances de morar com os pais, representando um acréscimo de aproximadamente 
0,7 p.p. para cada ano adicional de estudo no ano de 2012, corroborando com os argumentos 
expostos por Cobo e Saboia (2010), em que os mesmos evidenciam que um dos principais 
suportes oferecidos pelos pais para a permanência juvenil no domicílio é possibilitar a 
obtenção de maior nível de escolaridade e qualificação. 
No referente à idade, em linhas gerais, percebe-se que quanto mais velho for o 
indivíduo, menores as chances de permanecer na casa dos pais. Ademais, percebe-se que, 
independente do período analisado, os homens estão mais propensos em continuar a morar 
com os seus respectivos genitores. 
 
13 
 
Figura 3- Brasil: Probabilidade estimada da geração canguru em função da idade, 
assegurado o valor médio das demais covariadas, 2002-2012. 
 
 
 
 
Fonte: Fonte: Elaboração dos autores com base na PNAD. 
 
Para tanto, com o objetivo de facilitar as interpretações dos resultados, foram 
realizadas previsões em cima dos modelos estimados, apresentadas na Figura 3, 
considerando o diferencial por sexo, dada a probabilidade de cada indivíduo estar na 
situação canguru para diferentes idades, enquanto as demais variáveis estão estabelecidas na 
média amostral. De acordo com essa ilustração, tem-se que a medida que a idade aumenta 
gradativamente maiores as probabilidades de não habitar com pai/ou e mãe, tanto para os 
homens como para as mulheres em ambos os anos analisados. 
 
 
0,
8
0,
6
0,
4
0,
2
0,
0
Pr
ob
ab
ilid
ad
e
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34
Idade (anos)
Homem Mulher
0,
3
0,
4
0,
5
0,
6
0,
2
0,
1
Pr
ob
ab
ilid
ad
e
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34
Idade (anos)
Homem Mulher
14 
 
Tabela 3- Brasil: Determinantes da Geração Canguru, 2002-2012. 
 
2002 2012 
Variáveis 
Coeficiente 
Efeito 
Marginal 
Meff Deff Coeficiente Efeito Marginal Meff Deff 
Mulher -0,928*** -0,126*** 1,1 1,1 -0,757*** -0,126*** 1,2 1,2 
Branco -0,080** -0,011** 1,5 1,5 0,052* 0,008* 1,5 1,5 
Trabalha -0,557*** -0,076*** 1,2 1,2 -0,629*** -0,105*** 1,1 1,1 
Estuda 0,402*** 0,055*** 1,3 1,3 0,432*** 0,072*** 1,3 1,3 
Anos de 
Estudo 0,063*** 0,008*** 
1,6 1,6 0,045*** 0,007*** 1,6 1,5 
Idade -0,574*** -0,078*** 1,2 1,2 -0,318*** -0,053*** 1,2 1,2 
Idade² 0,006*** 0,000*** 1,2 1,2 0,002 0,000 1,2 1,2 
Criança -2,804*** -0,382*** 2,3 1,7 -1,973*** -0,328*** 2 1,6 
Mãe Viva 1,191*** 0,162*** 1,5 1,5 1,072*** 0,179*** 1,6 1,6 
Idosos 2,021*** 0,275*** 1,6 1,5 2,242*** 0,373*** 1,6 1,4 
Metropolitana -0,048 -0,006 1,8 2 0,066 0,011 2,1 2,4 
Rondônia -0,123 -0,014 2,3 0,8 0,140 0,020 2,3 0,8 
Acre -0,068 -0,008 2,1 0,7 -0,213 -0,028 2,1 0,7 
Amazonas 0,155 0,019 2,4 0,9 0,430 0,0647* 2,5 0,9 
Pará 0,184 0,023 2,4 0,9 0,405 0,061* 2,5 0,9 
Amapá 0,238 0,029 2,6 0,9 0,307 0,045 2,1 0,7 
Tocantins 0,162 0,020 2,5 0,9 0,330 0,049 2,4 0,8 
Maranhão 0,638 0,084 2,5 0,9 0,759*** 0,120*** 2,4 1 
Piauí 0,801* 0,109** 2,5 1 0,735** 0,116*** 2,5 1 
Ceará 0,605 0,080* 2,4 0,9 0,664*** 0,104*** 2,6 0,9 
Rio G. do 
Norte 0,501 0,065 
2,4 0,9 0,527** 0,081** 2,3 0,9 
Paraíba 0,872** 0,119** 2,4 0,9 0,602** 0,093** 2,2 0,9 
Pernambuco 0,722* 0,097** 2,4 0,9 0,775*** 0,123*** 2,5 0,9 
Alagoas 0,715* 0,096* 2,3 0,9 0,648** 0,101** 2,5 1 
Sergipe 0,536 0,070 2,5 0,9 0,704*** 0,111*** 2,4 0,9 
Bahia 0,675* 0,090* 2,5 0,9 0,700*** 0,110*** 2,6 0,9 
Minas Gerais 0,780* 0,106** 2,5 0,9 0,650*** 0,101*** 2,6 0,9 
Espírito Santo 0,200 0,025 2,4 0,9 0,516** 0,079** 2,4 0,9 
Rio de Janeiro 0,670* 0,089* 2,5 0,9 0,649*** 0,101*** 2,5 0,9 
São Paulo 0,395 0,050 2,5 0,9 0,588** 0,091*** 2,6 0,9 
Paraná 0,121 0,015 2,5 0,9 0,368 0,054 2,5 0,9 
Santa Catarina -0,060 -0,007 2,4 0,9 0,288 0,042 2,4 0,9 
Rio G. do Sul 0,176 0,021 2,5 0,9 0,298 0,044 2,5 0,9 
Mato Grosso 
do Sul -0,043 -0,005 
2,4 0,9 0,018 0,002 2,5 0,9 
Mato Grosso -0,150 -0,017 2,5 0,9 0,074 0,010 2,3 0,9 
Goiás 0,128 0,015 2,4 0,9 0,391 0,058* 2,5 0,9 
Distrito 
Federal -0,001 -0,000 
2,4 0,9 0,337 0,050 2,5 0,9 
Coeficiente 9,366*** - 1,1 1,2 5,186*** - 1,2 1,2 
Estatística F 0,00 
 
 
0,00 
Fonte: Elaboração dos autores com base nos dados da PNAD. 
Nota: Expandido para a população. 
*** p<0,01, ** p<0,05, * p<0,1 
 
15 
 
Sugere-se que, um dos principais fatores para a saída da casa dos pais está 
associado à maternidade ou ao casamento, tendo em vista que a maior existência de crianças 
reduz as chances de residir com os genitores. Ao passo que, no referente a existência de 
idosos no lar, verifica-se que estes contribuem de forma positiva, sugerindo que a 
permanência ou regresso dos jovens adultos ao domicílio familiar possa estar associado ao 
cuidados dos pais ou avós na velhice. 
No tocante às características relacionadas às dummies estaduais de localização 
geográfica, os resultados apontaram que, em comparação aos moradores de Roraima 
(categoria de Referência), os indivíduos residentes nos Estados nordestinos e sudestinos 
estão mais propensos a estar morando com pai ou/ e mãe, obtendo maior destaque, no último 
período, aqueles moradores das unidades Federativas de Pernambuco, Maranhão Piauí, 
Sergipe, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. 
 
5 CONCLUSÕES 
 
Permanecer ou não do ninho? Há indícios suficientes para se acreditar que a 
resposta para tal indagação tornou-se relativamente previsível entre os jovens brasileiros. 
Nota-se que a juventude do país tem optado cada vez mais pela extensão da convivência ao 
lado de seus pais. Diante disto, este artigo teve como principal objetivo investigar de forma 
teórica e empírica quais os principais fatores que contribuem com essa opção. 
Desta forma, buscou-se complementar as pesquisas de Carvalho (2009), Cobo e 
Saboia (2010), assim como, as realizadas por Morais e Rêgo (2011) e Ciríaco et al. (2015). 
Tais pesquisas buscaram analisar, sobretudo, o perfil dosadultos que permaneceram ou 
deixaram o lar de origem, para tanto, considerando determinadas características 
domiciliares. 
Constata-se que a decisão de permanecer no ninho está fortemente associada ao fato 
do indivíduo ser homem, possuir mãe viva, estudar e ter idosos no lar. Sendo que a educação 
se tornou o principal fator de incentivo a levar o indivíduo, na fase adulta, a morar com a 
família de origem. Em contrapartida, o fato de ter crianças no lar e estar trabalhando, tende a 
reduzir a probabilidade de permanência ou regresso ao lar. 
 
 
 
16 
 
REFERÊNCIAS 
 
CARVALHO, R. L. Casa, comida e roupa lavada: fatores associados à saída do jovem 
brasileiro do domicílio de origem. Dissertação (Mestrado em Demografia). Centro de 
Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, 
Belo Horizonte, 2009. 
 
COBO, B.; SABOIA, A. A geração canguru no Brasil. In: XVII Encontro da 
Associação Brasileira de Estudos Populacionais, Caxambu. Anais do XVII Encontro 
Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, 2010. 
 
CIRIACO, J. S; ANJOS JÚNIOR, O. R.; RODRIGUES, P. S.; ALVES, N. C. Geração 
Canguru? Fatores associados à permanência dos jovens cearenses no ambiente familiar 
de origem. In: XI Encontro economia do Ceará em debate. Fortaleza: Instituto de 
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE, 2015. 
 
DE VOS, S. Leaving the parental home: patterns in six Latin American countries. 
Journal of Marriage and the Family, n. 51, p. 615-626, Aug. 1989. 
 
FERREIRA, P.A; REZENDE, D.C.; LOURENÇO, C.D.S. Geração Canguru: Algumas 
Tendências que Orientam o Consumo Jovem e Modificam o Ciclo de Vida Familiar. In: 
III Encontro de Marketing da ANPAD, Curitiba, 2008. 
 
FICHTNER, M. Casa, roupa lavada e a comidinha da mãe. Revista Época, seção 
família, ed. de 27/09/04. 
 
FILGUEIRA, C.; AMOROSO, G. Condiciones habitacionales de la juventud: 
elementos para el diseño de una política de vivienda. cepal, oficina de montevideo, 
1997. 
 
FRY, RICHARD.A Rising Share of Young Adults Live in Their Parent’s Home: A 
Record 21.6 Million in 2012. Social and Demographic Trends. Washington, DC: Pew 
Research Center, August 1, 2013. 
 
GALLAGHER, I. M. Geração canguru entre o conforto e o desamparo. Dissertação 
(Mestrado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de 
janeiro, 2013. 
 
HENRIQUES, C. R; CARNEIRO, T.F.; MAGALHÃES, A. S. Trabalho e família: o 
prolongamento da convivência familiar em questão. Paidéia, v.16, n.35, p.327-336, 
2006. 
 
HENRIQUES, C. R.; JABLONSKI, B.; FERES-CARNEIRO, T. A “geração canguru”: 
algumas questões sobre o prolongamento da convivência familiar. Revista Psisco, v. 35, 
2, p. 195-205, 2004. 
 
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da 
população brasileira. IBGE, 2013. 
17 
 
KISH, L. Survey Sampling. New York: John Wiley, 1965. 
 
LEITE, P. G.; NASCIMENTO SILVA, D. B. Análise da situação ocupacional de 
crianças e adolescentes nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil utilizando informações 
da PNAD 1999. Revista Brasileira de Estudos de População, v.19, n.2, 2002. 
 
LIMA, J. R. F. de. Efeitos da pluriatividade e rendas não-agrícolas sobre a pobreza e 
desigualdade rural na região Nordeste. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) – 
Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2008. 
 
MORAIS, M. da P.; RÊGO, P. A. Coabitação familiar e formação de novos domicílios 
nas áreas urbanas brasileiras. Boletim regional, urbano e ambiental, IPEA, 2011. 
 
NICO, M. L. Gênero e sápida de casa dos pais. Os Percursos de autonomia habitacional 
por deferentes camadas analíticas, Sociologias e Working Papers, ISCSP, 2012. 
 
OLIVEIRA, L.; CARVALHO, H. Regulação e Mercado de Trabalho. Lisboa, 2010. 
 
SILVA, H. C. C.; LIMA, M. A. C.; FONSECA, M. C.; MARTINS, M. C. Família 
mineira no final do século XX:estruturação ainda em processo. In: SEMINÁRIO 
SOBRE ECONOMIA BRASILEIRA, 11., 2004, Diamantina-MG. Anais. Minas Gerais, 
2004. CD-ROM. 
 
SKINNER, C.J.; HOLT, D.; SMITH, T.M.F. Analysis of Complex Surveys. Chichester: 
John Wiley, 1989. 
 
STRAUBER, K. Weber e os desafios da juventude e da família contemporânea. 
Família, Saúde e Desenvolvimento, v.7, n.2, p.181-191, maio/ago. 2005. 
 
VIEIRA, A. C. S.; RAVA, P. G. S. Ninho cheio: uma nova etapa do ciclo vital familiar? 
Barbarói, 33,118-134, 2010.

Outros materiais