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O sódio é o principal íon responsável pelo controle osmótico dos fluidos corporais. Por isso, é importante a concentração sérica de sódio (natremia) ser mantida na faixa de normalidade, que varia entre 135-145 mEq/L. OBS: A osmolaridade de uma solução é definida como a razão entre a massa total de soluto e o volume total de solvente, sendo expressa em mOsm/L. A osmolaridade plasmática pode ser calculada pela seguinte fórmula: OP = 2 x [sódio] + [glicose]/18 + [Ureia]/6 Sendo, portanto, o sódio (natremia) o maior determinante da osmolaridade plasmática, influenciando diretamente a sua concentração. As alterações da osmolaridade efetiva provocam oscilações no volume celular, causando uma série de influências em células, principalmente em neurônios, que não toleram bem essa variação. Assim, existem importantes mecanismos para manter o controle osmótico, sendo os dois: Hormônio Antidiurético (ADH) É um hormônio produzido pelos núcleos supra ópticos e paraventricular do hipotálamo, sendo armazenado nos terminais axonais da neuro- hipófise onde é liberado. Esse conjunto de locais é denominado de centro osmorregulador, pois quando ocorre uma queda ou aumento da osmolaridade normal de 275 mOsm/L ocorre a supressão ou liberação desse hormônio, respectivamente. ○ O ADH circulante tem sua ação no túbulo coletor, onde realiza a incorporação de canais de água na membrana luminal (aquaporinas) que faz com que as células tubulares se tornem altamente permeáveis a água, causando a reabsorção de água, por conta do interstício renal hipertônico que “puxa a água”, do ultrafiltrado presente nos túbulos coletores, causando uma concentração elevada da urina. Caso a concentração de ADH diminua, esses canais de aquaporinas se fecham, fazendo com que a urina se torne mais diluída. OBS: A água consegue passar do túbulo coletor para as células por conta do interstício da medula renal que normalmente se encontra hiperosmolar por conta do mecanismo de contracorrente. Além disso, outros tipos de estímulos promovem a secreção ou inibição da secreção de ADH, independente da osmolaridade, sendo um exemplo de estímulo para a secreção a redução de pelo menos 8% no volume circulante efetivo (volume de sangue no leito arterial). A Sede É o mecanismo que é controlado pelo centro da sede, que é representado por um grupo de neurônios no hipotálamo anterior que se ativam com aumento da osmolaridade sérica acima de 290 mOsm/L. A sede acaba atuando como o principal fator protetor contra a hiperosmolaridade, sendo mais importante até que o ADH, pois é pelo mecanismo da sede que ocorre a ingestão de mais água, podendo corrigir um déficit de água livre gerado por exercício físico intenso, por exemplo. DEFINIÇÃO É o quadro caracterizado pela concentração de Na+ menor que 135 mEq/L, sendo considerado o distúrbio eletrolítico mais comum encontrado em pacientes hospitalizados. Sendo caracterizado pelo estado hipotônico, sendo definido pela osmolaridade plasmática menor que 275 mOsm/L, que ocorre por conta do excesso de água no organismo em relação ao sódio. EPIDEMIOLOGIA É o distúrbio hidroeletrolítico mais comum em pacientes hospitalizados, tendo uma prevalência D I S T U R B I O S D E A G U A E S O D I O de 12-18% em pacientes internados em unidades de terapia intensiva. A prevalência é associada a vários desfechos desfavoráveis, como aumento no tempo de permanência hospitalar, necessidade de internamento em UTI etc. Recentemente a hiponatremia foi associada ao aumento da mortalidade de pacientes renais crônicos em hemodiálise. CAUSAS Geralmente, a hiponatremia é causada pela falha em excretar água normalmente, porém pode ocorrer também se houver ingestão de água superior a capacidade máxima de excreção do indivíduo, causando hiponatremia, ou seja, excesso de água corporal total (ACT). Como o conteúdo corporal total de sódio é refletido pelo estado do volume de fluido extracelular, a hiponatremia deve ser considerada juntamente com o estado líquido: hipovolêmica, euvolêmica e hipervolêmica. Vale observar que o volume de fluido extracelular não é o mesmo que o volume plasmático efetivo. Por exemplo, a diminuição do volume plasmático efetivo pode ocorrer com a redução do volume de fluido extracelular, mas também pode ocorrer com o aumento do volume de fluido extracelular (por exemplo, na insuficiência cardíaca, hipoalbuminemia ou síndrome de vazamento capilar). As causas comuns incluem uso de diuréticos, diarreia, insuficiência cardíaca e doenças renais. HIPONATREMIA HIPOVOLÊMICA Ocorre quando a hiponatremia está relacionada a diminuição da volemia, sendo nesse caso, a perda primária de volume que faz com que ocorra aumento da secreção de ADH por mecanismos não osmóticos, fazendo com que os rins se tornem incapazes de excretar água livre. Pode ser subdividida então em dois grupos, conforme a quantidade de sódio na urina. ○ Hiponatremia Hipovolêmica com Sódio Urinário Baixo → Ocorre em perdas extra renais de volemia, como em vômitos, diarreias ou hemorragias, fazendo com que o sódio urinário seja abaixo de 20 mEq/L. Sendo nesse caso uma hiponatremia secundária a insuficiência renal aguda pré-renal. ○ Hiponatremia Hipovolêmica Com Sódio Urinário Alto → Ocorre em síndromes perdedoras de sal por via renal, fazendo com que o sódio urinário seja superior a 40 mEq/L. A causa mais comum para isso são: ■ Os Diuréticos Tiazídicos, que agem no túbulo contorcido distal, inibindo a reabsorção de NaCl não acompanhada de água, fazendo com que ocorra uma maior excreta de água com NaCl. ■ O Hipoaldosteronismo, que é uma causa clássica de hiponatremia, já que na deficiência de aldosterona ocorre um déficit de reabsorção de sódio. ■ A Síndrome Cerebral Perdedora de Sal, que ocorre na primeira semana após uma lesão cerebral grave, onde ocorre uma hiperativação simpática que leva a um aumento da natriurese pressórica, que atua aumentando a pressão arterial sistêmica, aumentando a filtração glomerular e a natriurese, seguida de uma secreção anormal de peptídeo natriurético cerebral que estimula diretamente a perda de sódio pelos túbulos renais, aumentando a excreção de água com sódio. HIPONATREMIA HIPERVOLÊMICA São as hiponatremias que tem como causa o aumento da água corporal total, sendo marcada pelo edema principalmente. A insuficiência Cardíaca Congestiva e a Cirrose Hepática são as causas mais comuns de hiponatremia, pois reduzem o volume circulante efetivo, que induz a secreção de níveis elevados de ADH, fazendo com que os rins reabsorção mais água do que o necessário, desencadeando um quadro de hiponatremia hipervolemica. HIPONATREMIA EUVOLÊMICA Ocorre quando a hiponatremia não está associada a uma alteração da volemia, ou não há exames que sugiram essa alteração. Entre as causas mais comum está a potomania do bebedor de cerveja (que é quando se bebe muita cerveja, que tendo açúcar não da fome, e não se alimenta, o que faz com que ocorra grande eliminação de água com íons), Polidipsia psicogênica (ato de ingesta excessiva de água pura, que não altera a volemia), alterações endócrinas como hipotireoidismo, insuficiência adrenal primária, hipopituitarismo, Síndrome da Secreção Irregular de ADH (SIADH) e o Uso de ecstasy (MDMA). OBS: Independente da volemia, (hipo, hiper ou euvolemia), o resultado é sempre o mesmo, que é SÍNDROME DA SECREÇÃO INAPROPRIADA DO ADH (SIADH) É considerado SIADH quando existe uma secreção de ADH sem que haja um estímulo fisiológico, seja ele osmótico ou não. Assim, ocorre um aumento dos níveis circulantes do hormônio antidiurético, fazendo com que ocorra uma redução na excreta de água, que com a ingestão de líquidos hipotônicos (como água pura) leva a umahiponatremia. Entre as principais causas para ocorrência desta síndrome estão: • Neoplasias: ADH secretado por conta de uma síndrome paraneoplásica. • Doenças pulmonares: Não apenas câncer de pulmão, mas pneumonias e até mesmo o nível sérico aumento do ADH que faz com que o corpo não excrete água pura adequadamente. OBS2: Para confirmar se a hiponatremia é verdadeira, um exame de osmolaridade sérica deve estar baixo! ventilação mecânica com PEEP podem desencadear a síndrome. • Distúrbios do SNC: Neoplasias, AVC, hemorragia subaracnóidea e neurocirurgias. • Drogas: Antidepressivos, opióides, anticonvulsivantes e a ciclofosfamida estão entre as drogas mais comum que desencadeiam a síndrome. Para confirmação de SIADH, é necessário que se tenha a confirmação de que o quadro de hiponatremia seja a associada a hipotonicidade (com osmolaridade sérica baixa). Além disso, a função renal, cardíaca, hepática, tireoidiana e adrenal devem estar normais e o paciente não deve estar em uso de diurético tiazídico. ⤷ Outro critério importante é a osmolaridade urinária estar maior que 100 mOsm/L e a geral acima de 300 mOsm/L, indicando uma urina concentrada. Além disso, para diferenciar a SIADH da hiponatremia hipovolêmica, é necessário que a osmolaridade urinária se mantenha mesmo com administração de NaCl. QUADRO CLÍNICO Os sintomas principais são neurológicos, com disfunção do SNC (em razão do desvio osmótico de água para dentro das células cerebrais, causando edema), tendo relação com a gravidade do quadro e a rapidez em que ocorre a alteração da concentração sérica do sódio. ⤷ É possível que o paciente apresente também queixas relacionadas com a depleção de volume corporal. OBS: Os sintomas diretamente atribuídos a hiponatremia ocorre principalmente em quadros agudos e acentuados na concentração sérica de sódio, refletindo a disfunção neurológica induzida por edema cerebral. O quadro clínico da hiponatremia ocorre porque a queda na osmolaridade sérica cria um gradiente osmolar que favorece o desvio de água para o interior das células (que ficam hipertônicas em relação ao meio), causando o edemaciamento das células, que como dano principal tem o edema cerebral, que cursa com as manifestações neurológicas como principal quadro por conta da calota craniana que impede a expansão cerebral, causando hipertensão intracraniana. Com isso pode ocorrer o rebaixamento do nível de consciência, estupor, coma e crises convulsivas. OBS: Na hiponatremia crônica, ocorre mecanismos adaptativos que visam reduzir a osmolaridade intracelular, minimizando a entrada de água nas células, com isso ocorre a excreta de sais de sódio e potássio e posteriormente, osmólitos orgânicos das células, evitando o endurecimento, o que faz com que muitas vezes a hiponatremia crônica (que acontece em mais de 48h) seja assintomática ou oligossintomática. Entretanto, quando tratada a hiponatremia, esses mecanismos devem ser sempre considerados, mesmo em casos agudos, pois a correção inadvertidamente rápida, pode causar redução abrupta do volume neuronal que cursa com desmielinização do tronco cerebral, causando danos neurológicos irreversíveis. DIAGNOSTICO O diagnóstico se faz por medida do sódio plasmático; eletrólitos e osmolalidade plasmáticos e urinários auxiliam na determinação da causa. TRATAMENTO O tratamento depende da velocidade de instalação do quadro (aguda ou crônica), da gravidade dos sintomas e de outras variáveis, sendo divididos em: Tempo de Instalação da Hiponatremia: • Aguda (menor que 48h): Geralmente ocorre por conta de uma infusão excessiva de fluidos hipotônicos parenterais ou intoxicação por excesso da ingestão de água. • Crônica (maior que 48h): É mais comum quando não se consegue determinar o tempo da instalação pela história. Classificação de acordo com o valor do sódio sérico: • Leve: 130-134 mEq/L. • Moderada: 120-129 mEq/L. • Grave: Menor que 120 mEq/L Classificação Quanto à Gravidade Dos Sintomas: • Sintomas graves: Convulsão, Obnubilação, Coma e Parada respiratória. • Sintomas leves a moderados: Cefaleia, Fadiga, Letargias, Náuseas, Vômitos, Tontura, Confusão mental, distúrbio de marcha, Cãibras. • tratamento tem como objetivo primordial o de prevenir maiores reduções no sódio sérico, reduzindo a pressão intracraniana dos pacientes com risco de herniação, além de aliviar os sintomas gerais. OBS: Não se deve corrigir a osmolaridade e a concentração de sódio de forma rápida ou excessivamente. A síndrome desmielinizante osmótica (ou mielinólise pontina central) pode ocorrer após correção muito rápida da hiponatremia. A desmielinização pode afetar a ponte e outras áreas do cérebro. As lesões são mais comuns em pacientes com alcoolismo, desnutrição e outras doenças crônicas debilitantes. Pode ocorrer paralisia flácida, disartria e disfagia em alguns dias ou semanas. Se a reposição de sódio for muito rápida (>14 mEq/l/8h) e sintomas neurológicos começarem a se desenvolver, é fundamental que se evitem mais elevações de sódio plasmático, interrompendo-se a utilização de líquidos hipertônicos. Nesses casos, a indução de hiponatremia com líquidos hipotônicos pode reduzir o desenvolvimento de danos neurológicos permanentes. Pacientes Com Hiponatremia Crônica ou Sintomas Moderados: O tratamento pode ser feito com uma solução salina a 3%, sendo administrado corretamente (8-9 mEq/L a cada 24h) para não elevar a osmolaridade rapidamente. Pacientes Com Hiponatremia Aguda Grave: São os pacientes que se apresentam com coma ou convulsões, sendo que a hiponatremia ocorre tão rapidamente que o sistema nervoso central não teve tempo para se adaptar, sendo necessário elevar a natremia em 4 a 6 mEq/L, sendo usado: • 50-150 mL de salina hipertônica, usualmente a 20%, sendo feito a dose de 50 mL a cada 30 minutos, não ultrapassando o máximo de 150 ml. • Em pacientes hipervolêmicos, pode usar furosemida para ajudar com o controle volêmico. Após o uso da salina hipertônica, pode ser feita a correção de sódio em no máximo 8-9 mEq/L a cada 24 horas, para evitar a síndrome de desmielinização osmótica. OBS: A monitorização do sódio sérico deve ser feita a cada 2 horas. TRATAMENTO DIRECIONADO Hiponatremia Hipovolêmica: Identificar e tratar a doença de base causadora do quadro (diarréia, vomito, ou algo que fez ter grande perda de água), seguindo com soro fisiológico a 0,9% até a melhora dos sintomas. Hiponatremia Hipervolêmica: Identificar e tratar a doença de base (Insuficiência cardíaca, cirrose etc., fazer a restrição de sódio e restrição de água (pois o problema é o excesso de água), e usar diuréticos como os de alça e tiazídicos para eliminação da água em excesso. Caso o quadro de hipervolemia seja grave, pode ser feito hemodiálise. Hiponatremia crônica/assintomática: Terapia múltipla para o tratamento, sendo feito a restrição de água em excesso, repondo só aquilo que o paciente urinar. Deve ser feito o aumento da ingesta de proteínas, para promover a perda de água livre, em alguns casos pode ser dado ureia oral (15-60g/dia) ou furosemida associada com sal de cozinha. Hiponatremia aguda/sintomática: Tratamento é feito com NaCl 3% (mistura de 850 ml de soro glicosado + 150 ml NaCl 20%), respeitando os 8 mEq/L a cada 24 horas, usando a fórmula de adrogue. Concentração plasmática de sódio sérico acima de 145 mEq/L, geralmente associado a hipovolemia por perdas renais ou extra-renais de água: déficit de água corporal total (ACT) em relação ao sódio • Casos raros: pode ocorrer por sobrecarga de sódio por uso de salina hipertônica ou NaCl por via oral ou consumo de potássio sem água: aumenta níveis de sódio sérico • Mecanismo da sede protege contra hipernatremiaCAUSAS • Perda de água livre sem reposição: causas renais (diabetes insupidus com deficiência de ADH, uso irregular de diuréticos como manitol, diabete mellitus descompensada), causas externas (diarreia, vomito). • Déficit de ingestão de água: desregulação no centro da sede, normal em idosos (valor osmótico tem que ser maior para dar sede): pode desenvolver hipernatremia. • Excesso de Na: pode ocorrer por erros intra hospitalar, em que é feito soluções com fluidos hipotônicos em excesso, ou por conta de uma ingestão de grandes quantidades de sódio, ou ainda por excesso de uso de mineralocorticoide. • Diabete insipidus: cursa com poliúria (>3L/dia), pela deficiência na produção do SINTOMA O principal sintoma é sede! Outras manifestações clínicas são primariamente neurológicas (em decorrência de desvio osmótico de água para fora das células; contração das células cerebrais), incluindo confusão, excitabilidade neuromuscular, hiperreflexia, convulsões e coma. Lesão cerebrovascular com hemorragia subcortical ou subaracnóidea e tromboses venosas são frequentes em pacientes que morram de hipernatremia grave. DIAGNÓSTICO Mensuração de sódio sérico: • Leve: 145 – 150 mEq/L • Moderado: 150 – 160 mEq/L • Grave: acima de 160 mEq/L ADH (central) ou o ADH não é reconhecido no rim (causa nefrogênica), o que faz com que não ocorra a formação dos canais de aquaporina. OBS: não necessariamente o sódio precisa estar elevado. Só o fato de ter pouca água é suficiente para o sódio ficar elevado e causar hipernatremia. ÁRVORE DIAGNÓSTICA VOLUME DE FLUIDO EXTRACELULAR • AUMENTADO: salina hipertônica ou infusão de bicarbonato de sódio (diagnóstico fechado) • DIMINUIDO: urina pouco? URINA POUCO? • SIM: perda insensível de líquido por sudorese ou perda gastrointestinal, perdendo mais líquido do que sódio (diagnóstico fechado) • NÃO: avaliar taxa de excreção de soluto: excreção osmótica > 750? EXCREÇÃO OSMÓSTICA > 750? • SIM: diurese osmótica, causada por, por exemplo, um diurético osmótico, que faz com que o paciente perca muito mais água do que sódio – dessa maneira, o paciente concentrou o sódio e está com uma hipernatremia (diagnóstico fechado) • NÃO: teste DDAVP (desmopressina). O paciente tem uma diurese não osmótica, ou seja, urina puramente diluída. Com isso, podemos firmar que o paciente tem diabetes insipidus (diagnóstico fechado). Para saber a causa da diabete insipidus, ou seja, um paciente que não vai responder bem ao ADH, por isso está urinando água livre, ele provavelmente tem uma deficiência na produção de ADH (diabete insipidus central) ou tem uma hiposensibilidade ao efeito do ADH no rim, a nível dos receptores (diabete insipidus nefrogenica). TESTE DDAVP (desmopressina) • AUMENTOU OSMOLARIDADE URINÁRIA: diabetes insipidus central – quando damos algo semelhante ao ADH e o paciente responde bem pois aumentou a osmolaridade urinária • OSMOLARIDADE URINÁRIA INALTERADA: diabetes insipidus nefrogênica – independente do que fizer, quando chega no rim, o receptor não reconhece. CONSEQUENCIAS Pelo aumento da osmolaridade do líquido intersticial, tem redução do volume celular, pois a água vai passar da célula (hipotônica) para o meio (hipertônico) para equilibrar os dois, causando uma desidratação das células. QUADRO CLÍNICO Depende da velocidade do quadro e gravidade. Letargia, irritabilidade, confusão, convulsão, coma, anorexia, náuseas, vômitos, fraqueza muscular e hemorragias intracranianas. Há pacientes em que o único sintoma vai ser sede, por conta da desidratação, mas pode acontecer casos graves com sintomas neurológicos. TRATAMENTO antes de tratar, estabilizar paciente com uma redução de no máximo 12 mEq/L de Na+ em 24h para evitar edema cerebral. Para realizar esse tratamento é usado a fórmula de adreque. Para realizar o tratamento é usado solução hipotônica (água pura) oral ou soro glicosado a 5% (que não tem sódio) por via venosa, sendo respeitado a tolerância máxima de 12 mEq/L em 24h. • D. Insipidus: se for causa central usa DDAVP (desmopressina), se for nefrogenica varia com a causa: em caso de lítio, é dado amilorida para reverter o dano do lítio. Em outras etiologias, é dado hidroclorotiazida pois mesmo sendo um diurético, ele tem como efeito colateral a hiponatremia: estabiliza a hiper Repor água livre, restaurando o volume extracelular do paciente, podendo ser pela boca (paciente assintomático e caso leve) ou venoso. A concentração de potássio no líquido extracelular costuma ser regulada em torno de 4,2 mEq/L, tendo uma variação normal de mais ou menos 0,3 mEq/L sem causar problemas. Esse controle ocorre de forma precisa e exata, pois muitas funções celulares se mostram sensíveis a alterações da concentração extracelular de potássio, como por exemplo, um aumento de 3 a 4 mEq/L que causa arritmia cardíaca que cursa com parada ou fibrilação ventricular. ⤷ Porém essa regulação do potássio é difícil de ser feita, já que 98% do potássio corporal está dentro das células, e só 2% está fora, formando os 4,2 mEq/L, sendo assim, se ocorrer uma movimentação de 1 a 2% de potássio do LIC para o LEC, os danos podem ser fatais. INGESTÃO E REGULAÇÃO Em um dia de refeições normais, geralmente se ingere entre 50 a 200 mEq de potássio, o que faz com que uma falha rápida na remoção do potássio ingerido do LEC pode cursar com hipercalemia (definida como alta concentração plasmática de potássio), porém da mesma forma, caso ocorre um distúrbio que remova mais do que o ideal de potássio do LEC, pode ocorrer uma hipocalemia, também fatal. ⤷ Sendo 98% do potássio presente no interior das células, a redistribuição do potássio entre o meio intracelular e extracelular atua como primeira linha de defesa contra desregulações da potassemia, ocorrendo uma maior absorção de potássio para o meio intracelular em hipercalemias e uma excreção de potássio do meio intracelular para o extra em hipocalemias, atuando como uma regulação de balanço interno. ⤷ Dessa forma, a manutenção do equilíbrio entre ingestão e excreção de potássio depende em grande parte da excreção renal, tendo uma participação pequena de 5 a 10% da excreção sendo feita através das fezes e suor, atuando como um balanço externo. BALANÇO INTERNO DO POTÁSSIO É importante após a ingestão da refeição normal, onde a concentração de potássio no LEC aumenta consideravelmente, podendo chegar a níveis fatais sem um balanço interno. Em condições normais, o potássio rapidamente é deslocado do meio extracelular para o intracelular, até o momento em que os rins conseguem eliminar este excesso. ⤷ Essa regulação rápida de K+ entre o LIC (98%) e o LEC (2%) se dá quase totalmente pela bomba Na+_K+_ATPase, presente em quase todas as células do corpo humano, sendo responsável por manter os 98% do potássio internamente nas células, independente do gradiente de concentração. OBS: Durante um jejum, à medida que vai ocorrendo a caliurese (excreção de potássio na urina), as células vão liberando K+ que ficou acumulado no LIC. BALANÇO EXTERNO DO POTÁSSIO Todo o K+ ingerido na dieta precisa ser eliminado pela urina, fezes e suor, para que a carga total se mantenha exata, sendo que 90% em média é excretada na urina, enquanto o restante sai pelas fezes e suor. ⤷ Os rins possuem uma grande capacidade de se adaptar a caliurese conforme a ingestão de K+, aumentando a reabsorção e reduzindo a secreção quando necessário ou o oposto caso a ingestão de K+ seja alta. Para isso, três processos renais determinam a excreção renal do potássio: 1. A filtração glomerular do potássio é relativamente constante em pessoas saudáveis, em virtude dos mecanismos autorregulatórios e regulação da concentraçãoplasmática de potássio. No entanto, a queda acentuada da filtração glomerular, em certas doenças renais, pode causar grave acúmulo de potássio e hipercalemia. 2. A taxa de reabsorção do potássio pelos túbulos renais, que é cerca de 65% reabsorvido no túbulo proximal, enquanto o restante é reabsorvido na alça de Henle e túbulo distal; 3. A taxa de secreção tubular de potássio. Existe também alguma reabsorção de potássio nos túbulos coletores e nos ductos coletores; a quantidade reabsorvida nessas porções do néfron varia em função da ingestão de potássio. Como nas outras regiões do néfron a reabsorção de potássio é relativamente constante em condições normais, esta etapa do balanço externo do potássio, que ocorre na porção final do túbulo distal e em todo o túbulo coletor, é um ajuste fino entre secreção e absorção e, consequentemente, da excreção renal do potássio. DEFINIÇÃO É definida como a queda do potássio sérico extracelular menor que 3,5 mEq/L sendo classificada em 3 estágios: • Leve, quando o potássio está entre 3 - 3,5 mEq/L • Moderada, quando o potássio está entre 2,5 - 3 mEq/L • severa, quando o potássio está menor que 2,5 mEq/L ETIOLOGIA A hipocalemia pode se desenvolver por meio dos seguintes motivos: DIMINUIÇÃO DA INGESTA DE POTÁSSIO que a curtos espaços de tempo não leva a hipocalemia, porém em um longo espaço sem a ingestão de potássio, ocorrerá hipocalemia pois o rim precisa manter uma taxa mínima de excreção. Normalmente isso ocorre em quadros psiquiátricos de anorexia nervosa ou outros distúrbios alimentares como indução de vomito e uso abusivo de laxantes ou diuréticos. DESVIO DO POTÁSSIO DO LEC PARA O LIC que pode ocorrer por algumas causas, sendo elas: • aumento da insulina circulante, que tem como ação a ativação das bombas de Na+_K+_ATPase, gerando deslocamento de potássio para o LIC, ocorre em ocasiões em que se administra grandes quantidades de insulina em hiperglicêmicos. • B2-adrenérgicos, que indiretamente estimulam o funcionamento das bombas Na+_K+_ATPase. Pode ocorrer em casos onde se usa o broncodilatador em asma ou DPOC. • Alcalose sistêmica, podendo ser metabólica ou respiratória, que desenvolve hipocalemia pois a saída de H+ das células para o LEC, com intuito de corrigir a alcalose, se dá com a entrada de mais K+ para dentro da célula para equilibrar a saída de H+. OBS: Hipocalemia grave pode gerar alcalose metabólica, pois quando o K+ sai da célula para corrigir a hipocalemia, a célula absorve mais H+, gerando déficit de H+ que leva a alcalose. • Aumento da produção celular, que pode ocorrer por um aumento da produção de células hematopoiéticas, pois é utilizado K+ para produção de novas células, sendo um quadro comum no início do tratamento de anemia megaloblástica com uso de B12. AUMENTO DAS PERDAS GASTROINTESTINAIS pode ocorrer por dois meios: • Perdas pelo trato gastrointestinal inferior, ocasionado por diarreias ou uso de laxativos e fístulas, que ocasiona acentuada de K+. • Perdas pelo trato gastrointestinal superior, que ocorre por conta de vômitos e drenagem nasogástrica, que com a perda do ácido estomacal, resulta em alcalose metabólica que gera o desvio do K+ para o LIC, causando hipocalemia. AUMENTO DAS PERNAS RENAIS Ocorre geralmente por uso de medicação, entretanto pode ocorrer também por problemas genéticos e síndromes patológicas, sendo as causas: • Diuréticos que agem no túbulo proximal, alça de Henle e túbulo distal, como os inibidores de anidrase, diuréticos de alça e tiazídicos, respectivamente, são responsáveis por inibir a reabsorção de K+, aumentando a perda do íon que cursa com hipocalcemia secundária ao estado de hipovolemia se crônico. • Uso em excesso de mineralocorticoides, que exercem um papel de aumentar a excreção urinária de K+ pois atuam como a aldosterona, que ativa as bombas de Na+_K+_ATPase para reabsorver sódio e excretar potássio na urina. • Defeitos genéticos dos túbulos renais, como a síndrome de Bartter que é um defeito no cotransportador Na+K+2Cl-, que dificulta a reabsorção de potássio, podendo causar hipocalemia, hipovolemia e alcalose metabólica. • Cetoacidose diabética e estado hiperosmolar hiperglicêmico, que devido a diurese osmótica, os pacientes desenvolvem um grande déficit de K+ corporal. • Uso de medicações, como anfotericina B, aminoglicosídeos e a cisplatina que tem ação tóxica nos túbulos renais, causando hipocalemia por deficiência da reabsorção do íon potássio. AUMENTO DAS PERDAS PELO SUOR PERDAS PARA CIRCUITOS EXTRACORPÓREOS como diálise, plasmaféresis etc. HIPERALDOSTERONISMO que reabsorve sódio em troca de potássio. QUADRO CLÍNICO Quando leve, a hipocalemia, pode ser completamente assintomática, sendo assim, seus sinais e sintomas são proporcionais ao grau de hipocalcemia e a sua velocidade de instalação, começando a surgir sintomas quando o potássio sérico cai para valores abaixo de 2,5 – 3 mEq/L. Entre as manifestações clínicas, estão: MANIFESTAÇÕES MUSCULARES São sinais e sintomas que aparecem abaixo de 2,5 mEq/L, sendo a fraqueza muscular o primeiro sintoma, sendo um sintoma ascendente, progressivo que se inicia nas pernas e progride para o tronco e braço, podendo gerar uma paralisia respiratória aguda pela fraqueza da musculatura respiratória. Além disso, pode ocorrer também problemas de íleo paralítico, por interrupção dos movimentos da musculatura lisa. MANIFESTAÇÕES CARDIOVASCULARES A hipocalemia leva a irregularidades do ritmo cardíaco e aumento da pressão arterial e atraso da repolarização do coração. As primeiras alterações no ECG são vistas como achatamento da onda T, seguida do surgimento da onda U. Em seguida, ocorre um prolongamento do intervalo QT, com depressão do segmento ST, além de um aumento de amplitude e alargamento da onda P. Em casos severos, ou em pacientes predisposto a instabilidade elétrica do coração, pode ocorrer um bloqueio atrioventricular (BAV); Taquicardias ventriculares e supraventriculares, fibrilação. DIAGNÓSTICO É possível ser feito com uma boa história clínica e um exame físico cuidadoso, porém, em alguns casos é necessário suporte laboratorial para identificar o diagnóstico etiológico, sendo necessário ser feito dosagem de K+ urinário de 24h para diferenciar perdas renais de perdas extra renais. RACIOCINIO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO O objetivo principal é realizar o tratamento da causa de base, sendo acompanhado de uma correção da hipocalemia para um nível maior que 3,5 mEq/L, sendo feito de forma segura, para evitar iatrogenias. Para isso o tratamento é dividido conforme o grau da hipocalemia. OBS: Sempre se deve ver se precisa repor magnésio também, pois geralmente a hipomagnesemia se associa a hipocalemia. PARA A REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO • Hipocalemia leve: recomenda-se a reposição via oral de potássio, para evitar uma possível hipercalemia de rebote, sendo administrado KCI em xarope a 5%, com dosagem de 10 ml de 8 em 8 horas. • Hipocalemia moderada/grave: a reposição recomendada é por via venosa, usando KCl 19,1% (2,5 mEq/ml) que pode ser feito por duas vias, respeitando a velocidade máxima de 20-30mEq/hora: Veia periférica: com concentração máxima de 50 mEq/L Veia central: com concentração máxima de 100 mEq/L • Hipocalemia crônica por perda renal: com síndrome de Bartter, hiperaldosteronismo ou uso crônico de diuréticos, é recomendado o uso de diuréticos poupadores de potássio, que atuam aumentando a reabsorção ou diminuindo a secreção de K+ nos néfrons. Podendo ser usado a amilorida ou a espironolactona. DEFINIÇÃO É definida como uma desordem na regulação do potássio sérico extracelular que fica a níveissuperiores a 5,5 mEq/L, sendo classificado como: • Hipercalemia leve, quando a concentração de potássio se encontra entre 5,5 - 6 mEq/L. • Hipercalemia moderada, quando a concentração de potássio fica entre 6 - 6,5 mEq/L. • Hipercalemia grave, quando a concentração de potássio é maior que 6,5 OU ocorre alterações no ECG com potássio maior que 5,5 mEq/L. ETIOLOGIA A hipercalemia pode se desenvolver por várias causas, sendo elas: DIMINUIÇÃO DA EXCREÇÃO RENAL DE POTÁSSIO sendo os fatores que levam a essa causa: • Doença renal crônica (DRC), em que a perda crônica da massa renal diminui a capacidade de excreção urinária de K+, que caso chegue a uma taxa de filtração menor que 20ml/min/1,73², começa a demonstrar sinais e sintomas de hipercalemia. • Insuficiência renal aguda (IRA), em que a perda abrupta da função renal se associa a hipercalemia, especialmente se houver oligúria, pois passa a ocorrer uma dificuldade de excretar o K+ sem uma adaptação prévia dos néfrons funcionais. Caso o paciente apresente acidose metabólica o quadro pode piorar, pois ocorre desvio do potássio do LIC para o LEC, contribuindo com uma hipercalemia mais severa. • Redução da secreção de aldosterona, que pode ser resultado de uma doença nas glândulas adrenais (como a doença de Addison) ou decorrente de hiperreninemia (hipoaldosteronismo hiporreninêmico, como a nefropatia diabética), ou o uso de substâncias como IECAs e BRAs II que reduzem a secreção de aldosterona direta ou indiretamente. Como a aldosterona atua nos néfrons trocando Na+ por K+, com a sua secreção diminuída, passa a ocorrer uma menor secreção de potássio, levando a hipercalemia. • Resistência a ação da aldosterona, sendo normal de acontecer quando o paciente faz o uso de diuréticos poupadores de K+, como espironolactona, eplerenona, amilorida e triantereno. • Ureterojejunostomia, que é um procedimento em que o jejuno passa a receber urina, e com isso, ao longo do seu percurso absorve o K+ excretado pelos rins, fazendo com que a concentração sérica de potássio se mantenha elevada. DESVIO DE POTÁSSIO DO LIC PARA O LEC Ocorre por conta de um desequilíbrio celular em manter o potássio no interior da célula, sendo os casos mais comuns de isso ocorrer os seguintes: • Acidose metabólica: em que o H+ entra nas células para ser tamponado, em troca de K+ que sai para manter a eletroneutralidade, gerando hipercalemia. • Deficiência de insulina, que é um hormônio essencial para o balanceamento interno de K+ pois é a insulina o principal estimulador da bomba de Na+_K+_ATPase, responsável por desviar o K+ do LEC para o LIC. • Hiperosmolaridade, que pode ser ocasionada por uma hiperglicemia, hipernatremia e uso de contraste iodado, imunoglobulina ou manitol, que faz com que o K+ seja “arrastado” do LIC para o LEC junto com a água intracelular que vai para o extracelular por osmose. • Beta-bloqueadores, que inibem o estímulo • B2-adrenérgico, responsável por estimular a Na+_K+_ATPase a funcionar • Destruição celular maciça, que gera uma grande liberação de K+ contido nas células, para o LEC, gerando hipercalemia. QUADRO CLÍNICO Geralmente os pacientes com hipercalemia se apresentam assintomáticos, tendo manifestações clínicas ocorrendo geralmente quando o K+ sérico está maior que 7 mEq/L, exceto quando o quadro ocorre de forma aguda, o que faz com que alterações menos graves tenha sintomas piores. MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS as hipercalemias graves estão associadas a alterações eletrocardiográficas, que seguem uma ordem de acontecimentos 1. primeiramente ocorre um aumento da amplitude da onda T, junto de um achatamento da onda P, redução do intervalo QT e prolongamento do intervalo PR. 2. Em seguida, ocorre um prolongamento do intervalo QRS, com evolução para uma sine wave, que eventualmente cursa com parada cardiorrespiratória. 3. Em pacientes com comorbidades cardíacas, bloqueios de ramo, bradicardias, taquicardias e fibrilações ventriculares podem ocorrer com maior facilidade. MANIFESTAÇÕES MUSCULARES A hipercalemia, como na hipocalemia, cursa com fraqueza muscular ascendente e progressiva, que pode envolver a musculatura respiratória, levando a um quadro de insuficiência respiratória aguda em casos graves. DIAGNÓSTICO De forma prática, a hipercalemia pode ser diagnosticada da seguinte forma: 1. Afastar pseudo-hipercalemia, que pode ocorrer em coleta inadequada de amostra do exame. 2. Excluir efluxo celular de K+, que pode ocorrer por conta de traumas lesivos, síndrome de lise tumoral, ou cetoacidose diabética, por exemplo. 3. Avaliar a função renal, que pode ocasionar uma diminuição da secreção de potássio quando com problemas por uma insuficiência renal aguda ou crônica. - Se caso a função renal seja normal, deve-se investigar a diminuição de fluxo no néfron distal de água e sódio, que pode estar diminuído por conta de uma hipovolemia, insuficiência cardíaca ou cirrose hepática, que causam uma diminuição do fluxo de sódio e água no néfron distal, prejudicando a excreção tubular de potássio. 4. Em caso de normalidade renal, investigar o hipoaldosteronismo TRATAMENTO O tratamento leva em consideração alguns fatores, como a presença ou ausência de sintomas associados ao nível de potássio e a etiologia da hipercalemia. Em pacientes que possuem sinais e sintomas associados a hipercalemia (fraqueza muscular e alterações do ECG) ou potássio sérico maior que 6,5 mEq/L, ou que podem ter uma elevação rápida dos níveis de potássio (hemorragia digestiva, politrauma, síndrome de lise tumoral) ou que possuem disfunção renal com risco de elevação rápida de potássio são todos considerados urgência hipercalemica, sendo submetidos a terapias de ação imediata que se baseia em três medidas: 1. ESTABILIZAÇÃO DA MEMBRANA CELULAR DO CARDIOMIÓCITO, sendo administrado Ca+2 que é antagonista dos efeitos do potássio na membrana celular, em uma dosagem de 10 ml de gluconato de cálcio a 10% via intravenosa em 2 a 3 minutos. - OBS: essa medida é apenas de prevenção, não reduz o potássio sérico. 2. DESVIO DO POTÁSSIO SÉRICO PARA O LÍQUIDO INTRACELULAR, visando reduzir temporariamente o nível sérico de potássio para retirar o paciente da emergência hipercalêmica, ganhando tempo para remover o potássio do corpo por via renal ou diálise caso necessário. Para esse desvio pode ser usado: - Insulina regular, em uma solução de 10 a 20 unidades de insulina com 25 a 50g de glicose, sendo infundida em menos de 60 minutos por via intravenosa. - B-adrenérgico em grandes doses, com fenoterol de 20 a 40 gotas em 4 ml de NaCl 0,9% para nebulização de 10 minutos. 3. REMOÇÃO CORPORAL DE POTÁSSIO, que é a única medida terapêutica definitiva, sendo as outras apenas temporária. Para remover o potássio sérico, é possível usar três métodos, sendo eles: - DIURÉTICOS, que são opções usadas frequentemente, principalmente em situações agudas, onde se usa a furosemida por via intravenosa, sendo a dosagem variando entre 20 a 200mg dependendo da função renal do paciente, sendo necessário provocar uma diurese brusca. • Diuréticos tiazídicos também podem ser usados, porém seu início de ação é mais lento e a duração mais prolongada, sendo indicados apenas em hipercalcemias leves e em pacientes ambulatoriais. • Em pacientes hipovolêmicos e euvolêmicos é necessário restaurar a volemia com soro fisiológico antes de iniciar o diurético. - RESINAS DE TROCA DE CÁTIONS, que são usadas para trocar cátions Na+ ou Ca+ 2 por K+ no lúmen intestinal, aumentando a excreção de potássio nas fezes. A dose de poliestirenossulfonato de cálcio é de 15 a 30g diluídos em 100ml de manitol a 20%, sendo dado a cada 4 a 8 horas até a melhora do paciente.Geralmente é usado apenas em casos em que a função renal está comprometida. - DIÁLISE, que é a forma mais eficaz de remover o potássio do organismo, sendo reservada apenas para pacientes com doença renal crônica estágio 5 ou insuficiência renal aguda grave em que não foi possível controlar o potássio com medidas clínicas. Cálcio < 8. Geralmente causado por falta de mobilização do cálcio no osso: defeito de PTH ou sistema da vitamina D, ou por deposição de Ca nos tecidos e formação de complexos. ETIOLOGIAS Causas dependentes de PTH: • Destruição das paratireoides: hipoparatireoidismo: pós cirúrgico, irradiação cervical, infiltração das • paratireoides ou doença autoimune poliglandular • Desenvolvimento deficiente das paratireoides: síndrome de digeorge, hipoparatireoidismo familiar isolado • Deficiência na secreção de PTH: hipo ou hipermagnesemia, hipocalcemia familiar com hipercalciuria • Resistencia a ação do PTH: pseuso- hipoparatireoidismo Causas dependentes de Vitamina D: • Deficiência na produção ou absorção: diminuição da síntese cutânea, ingestão, absorção e aumento da perda • Deficiência de hidroxilação: deficiência de 25 e 1alfa-hidroxilação: nefropatias crônicas • Resistencia em órgão alvo: raquitismo dependente da vitamina D tipo II Outras causas: • Deposição tecidual e formação de complexos: síndrome do osso faminto • Hipocalcemia do paciente criticamente enfermo: muitos pacientes de UTI, está relacionada com mortalidade • Medicações e outros agentes terapêuticos: EDTA e foscarnet, quimioterápicos, atb gentamicina QUADRO CLÍNICO pode ser assintomática, forma aguda tende a ter caráter neuromuscular: parestesia, laringospasmo, tetania, convulsões, irritabilidade, alucinações, depressão, sinal de Chvostek e Trousseau, hipotensão arterial e arritmias (prolongamento QT), constipação intestinal e dor abdominal. DIAGNÓSTICO • Medida de cálcio sérico: relação do cálcio total com albumina sérica e pH. • Dosagem do cálcio iônico por eletrodo específico é recomendada principalmente em pacientes críticos • Comportamento dos níveis séricos de fosforo pode ajudar • Medidas de PTH intacto devem ser coletadas simultaneamente: distúrbios do metabolismo da vitamina D tem • Concentrações de PTH elevadas, caracterizando hiperparatireoidismo secundário • CAMP urinário aumenta no hipoparatireoidismo primário após infusão de PTH (teste de Ellsworth Howard) e não se altera no pseudo hipoparatireoidismo; TRATAMENTO trata quando tem cálcio > 7 e paciente com sintomas neuromusculares: • Hipocalcemia aguda: urgência na paratireoidectomia, gliconato de cálcio IV com monitoramento clínico/ECG, depois de sumir sintomas agudos mantem infusão 0,5=1,5mg/kg/h até chegar na concentração Ca 8 • Hipocalcemia crônica: suplementa cálcio e vitamina D, carbonato e acetato de Ca Cálcio acima de 10,5. Causas relacionadas com PTH: hiperparatireoidismo primário (3a patologia endócrina mais comum): maioria dos casos associada com adenoma simples de uma das glândulas da paratireoide, maioria assintomático. Hipercalcemia + PTH elevado. Hipercalcemia hipocalciúria familiar diminuição da excreção de Ca. ETIOLOGIAS RELACIONADAS COM MALIGNIDADE: hipercalcemia humoral da malignidade, metástases ósseas RELACIONADAS COM VITAMINA D: intoxicação por vitamina D, doenças glanulomatosas RELACIONADAS COM MAIOR REMANEJO ÓSSEO: hipertireoidismo, imobilização, intoxicação vitamina A RELACIONADAS COM INJÚRIA/INSUFICIENCIA RENAL: hiperparatireoidismo secundário grave, síndrome do cálcio alcalino RELACIONADAS COM USO DE MEDICAMENTOS: tiazídicos, aminofilia, estrógenos QUADRO CLÍNICO assintomático ou sintomas de acordo com idade, quanto aumentou e etiologia envolvida. Geralmente quando Ca > 12 anorexia, vomito, cefaleia, poliuria e nocturia, ansiedade, depressão, confusão mental, HAS (aumento da contratilidade cardíaca: encurta PR e QT, BAV de 1°grau), TGI: aumenta produção de gastrina, constipação, anorexia, náuseas, úlcera duodenal. Nefrocalcinose, vasoconstrição renal, obstrução tubular. DIAGNÓSTICO dosagem de cálcio sérico e urinário, PTH, aumento da 25(OH)D. TRATAMENTO a crise hipercalcemia (>14) é emergência endócrina: hidratação oral e solução salina IV, furosemida para inibir reabsorção de cálcio (só depois de corrigir depleção do VEC), calcitonina para estabilizar calcemia e bifosfonatos
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