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Introdução à Teologia

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Introdução à 
teologIa
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
Prof. Teri Roberto Guérios
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
Prof. Teri Roberto Guérios
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
J95i
Junkes, Jairo Demm
Introdução à teologia. / Jairo Demm Junkes; Rafael Garcia dos 
Santos; Teri Roberto Guérios. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
175 p.; il.
ISBN 978-65-5663-578-1
ISBN Digital 978-65-5663-577-4
1. Teologia - Estudo e ensino. - Brasil. I. Junkes, Jairo Demm. II. 
Santos, Rafael Garcia dos. III. Guérios, Teri Roberto. IV. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 211
apresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático de Introdução à 
teologia. Ao longo do curso de teologia, em geral, o foco é proporcionar a 
formação sólida, para que o profissional, no exercício de seu ofício, seja ca-
paz de se deparar com uma série de situações, que não necessariamente são 
perceptíveis em outros ramos de atuação. 
Na Unidade 1, abordaremos a origem da teologia, tendo a possibili-
dade de conhecer um pouco do percurso histórico que deu origem ao campo 
teológico, com ênfase na interpretação cristã. Também será possível compre-
ender mais sobre a natureza dos estudos teológicos, bem como as definições 
próprias desse universo de conhecimento, além das divisões da teologia, seu 
escopo interpretativo e a função a qual a teologia se destina.
Na Unidade 2, um elemento central é a relação entre a Teologia e a Filo-
sofia. Nessa direção, será possível conhecer o contexto do pensamento filosófi-
co grego e sua relação com o contexto pensamento cristão, tendo como grande 
nome Agostinho de Hipona. Ainda veremos como a racionalidade cristã per-
mite a ocorrência de transformações internas, as reformas, sendo igualmente 
oportuno o contexto da Teologia Contemporânea, compreendendo a relação 
de uma teologia historicamente construída com o mundo contemporâneo.
Na Unidade 3, compreenderemos como as escrituras se relacionam 
com o contexto teológico com as possibilidades interpretativas do contexto 
cristão, sendo relevante explorarmos o contexto cultural de momentos da 
história em que a teologia foi indispensável nas relações humanas em socie-
dade. Dessa forma, conheceremos alguns povos que tiveram uma grande 
representação na construção do conhecimento teológico, finalizando com as 
visões advindas do contexto profético, a fim de entendermos um pouco mais 
desse fascinante elemento da fé cristã.
O objetivo deste livro e da disciplina não é transformar o acadêmico 
no maior especialista do contexto teológico, mas proporcionar uma noção 
geral da Teologia, provocando-o a buscar conhecer cada vez mais sobre a 
área. Esperamos que seja uma leitura enriquecedora a respeito dos diversos 
contextos que são as bases teológicas que conhecemos na contemporaneida-
de, bem como no sentido de levar à reflexão desse tema. 
É uma grande satisfação participarmos de sua formação acadêmica e es-
peramos que este livro seja uma motivação fascinante para a sua busca do saber!
Bons estudos!
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
Prof. Teri Roberto Guérios
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumárIo
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL .......... 1
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA ........................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 A ORIGEM DO CONCEITO DE TEOLOGIA ............................................................................... 3
3 PLATÃO ................................................................................................................................................. 5
3.1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS E AS IDEIAS DE SÓCRATES QUE CONTRIBUÍRAM 
 PARA A CONSTRUÇÃO DA TEORIA PLATÔNICA DO MUNDO DAS IDEIAS .................. 5
3.2 PLATÃO: MUNDO DAS IDEIAS (OU TEORIA DAS FORMAS) ........................................... 7
4 ARISTÓTELES ..................................................................................................................................... 8
4.1 O MOTOR IMÓVEL DE ARISTÓTELES ..................................................................................... 9
4.2 FILOSOFIA GREGA NA EUROPA CRISTÃ ............................................................................ 10
5 PATRÍSTICA ....................................................................................................................................... 10
5.1 SANTO AGOSTINHO ................................................................................................................. 11
6 ESCOLÁSTICA .................................................................................................................................. 12
7 VII PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA NO ADVENTO DA METAFÍSICA 
 RELIGIOSA CRISTÃ ........................................................................................................................ 14
8 A TEOLOGIA ANTES DE CRISTO ............................................................................................... 17
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 21
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 22
TÓPICO 2 — NATUREZA E DEFINIÇÃO DO UNIVERSO TEOLÓGICO ............................. 25
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25
2 A TEOLOGIA COMO CIÊNCIA.................................................................................................... 25
2.1 TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIA........................................................................................ 28
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 32
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 33
TÓPICO 3 — FUNÇÕES E DIVISÕES TEOLÓGICAS ................................................................ 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
2 A FUNÇÃO DA TEOLOGIA ........................................................................................................... 35
3 AS DIVISÕES DA TEOLOGIA ...................................................................................................... 38
3.1 TEOLOGIA BÍBLICA ................................................................................................................... 39
3.2 ENFOQUES E RECURSOS DA BÍBLIA ..................................................................................... 40
3.3 TEOLOGIA PRÁTICA E SEU ENFOQUE ................................................................................ 41
3.4 TEOLOGIA HISTÓRICA ............................................................................................................. 42
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 43
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 45
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 47
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 49
UNIDADE 2 — RAZÃO FILOSÓFICA DA TEOLOGIA .............................................................. 51
TÓPICO 1 — A FILOSOFIA TEOLÓGICA MEDIEVAL .............................................................. 53
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 53
2 HELENISMO ...................................................................................................................................... 53
3 PATRÍSTICA ....................................................................................................................................... 56
3.1 ORÍGENES ..................................................................................................................................... 58
3.2 TERTULIANO ............................................................................................................................... 59
3.3 SANTO AGOSTINHO ................................................................................................................. 60
4 AS DIVISÕES DA ESCOLÁSTICA ............................................................................................... 63
4.1 PRÉ-ESCOLÁSTICA (PRÉ-TOMISTA) ...................................................................................... 64
4.1.1 Duns Scoto (1265-1308) ....................................................................................................... 65
4.1.2 Santo Anselmo...................................................................................................................... 66
4.2 ESCOLÁSTICA (TOMISTA) ........................................................................................................ 66
4.2.1 São Tomás de Aquino ......................................................................................................... 67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72
TÓPICO 2 — REFLEXÕES DA REFORMA ..................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 A REFORMA ....................................................................................................................................... 75
2.1 AS CONSEQUÊNCIAS HISTÓRICAS DA REFORMA PROTESTANTE ............................. 76
3 AS MUDANÇAS SOCIAIS E POLÍTICAS PRODUZIDAS PELA REFORMA .................... 77
3.1 UMA NOVA REFLEXÃO SOBRE A TEOLOGIA E A VIDA CRISTÃ .................................. 78
3.2 A RESSIGNIFICAÇÃO DA FÉ EM LUTERO .......................................................................... 80
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 81
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 90
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 91
TÓPICO 3 — A TEOLOGIA DA CONTEMPORANEIDADE ..................................................... 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 93
2 TEÓLOGOS CONTEMPORÂNEOS ............................................................................................. 95
2.1 FRIEDRICH SCHLEIERMACHER (1768-1834) ........................................................................ 95
2.2 PAUL JOHANNES TILLICH (1866-1965) ................................................................................. 96
2.3 RUDOLF BULTMANN (1884-1976) ........................................................................................... 98
2.4 KARL BARTH (1886-1968) ....................................................................................................... 100
3 VERTENTES TEOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS .............................................................. 102
3.1 TEOLOGIA LIBERAL ................................................................................................................ 103
3.2 TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO ................................................................................................ 104
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 106
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 107
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 112
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 114
UNIDADE 3 — A RELAÇÃO ENTRE A TEOLOGIA E AS ESCRITURAS ............................ 117
TÓPICO 1 — A RELAÇÃO ENTRE A TEOLOGIA E AS ESCRITURAS ................................ 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 119
2 OS PROFETAS E OS APÓSTOLOS .............................................................................................120
3 A VIDA DE JESUS ........................................................................................................................... 123
4 VIVENDO A TEOLOGIA EVANGÉLICA .................................................................................. 125
5 PERIGOS QUE RONDAM A TEOLOGIA EVANGÉLICA ..................................................... 132
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 136
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 137
TÓPICO 2 — OS POVOS E CULTURAS DE RELEVÂNCIA TEOLÓGICA .......................... 141
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141
2 ANTIGUIDADE ORIENTAL ........................................................................................................ 142
2.1 CIVILIZAÇÃO/CULTURA EGÍPCIA ...................................................................................... 142
2.2 CIVILIZAÇÃO/CULTURA MESOPOTÂMICA ..................................................................... 144
2.3 CIVILIZAÇÃO/CULTURA HEBRAICA ................................................................................. 145
2.4 CIVILIZAÇÃO/CULTURA FENÍCIA ...................................................................................... 147
2.5 CIVILIZAÇÃO/CULTURA PERSA .......................................................................................... 148
3 ANTIGUIDADE CLÁSSICA ......................................................................................................... 149
3.1 CIVILIZAÇÃO/CULTURA GREGA ........................................................................................ 149
3.1.1 Esparta e Atenas ................................................................................................................. 149
3.1.2. Grécia Clássica .................................................................................................................. 150
4 CIVILIZAÇÃO/CULTURA ROMANA ....................................................................................... 151
4.1 EXPANSÃO ROMANA ............................................................................................................. 151
4.2 O IMPÉRIO ROMANO .............................................................................................................. 152
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 154
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 156
TÓPICO 3 — AS VISÕES PROFÉTICA DOS ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS ........... 159
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159
2 AS PROFECIAS ................................................................................................................................ 160
3 PROFECIAS NO ANTIGO TESTAMENTO ............................................................................... 161
4 PROFECIAS NO NOVO TESTAMENTO ................................................................................... 163
5 CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS ........................................................................................... 165
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 167
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 170
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 172
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 174
1
UNIDADE 1 — 
OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO 
DA TEOLOGIA OCIDENTAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o contexto de origem da teologia e das civilizações antigas 
até o advento do cristianismo;
• conhecer alguns pensadores que dão à teologia o contexto que se conhe-
ce na contemporaneidade;
• entender a relação entre a teologia e outras áreas do conhecimento, como a 
Filosofia, bem como a atividade teológica realizada de maneira científica;
• estudar os recursos e a divisão estrutural dos textos bíblicos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ORIGEM DA TEOLOGIA
TÓPICO 2 – NATUREZA E DEFINIÇÃO DO UNIVERSO TEOLÓGICO 
TÓPICO 3 – FUNÇÕES E DIVISÕES TEOLÓGICAS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
ORIGEM DA TEOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos o conceito de teologia, com a finalidade de 
compreendermos melhor tal conceito, percorreremos o contexto histórico da sua 
origem. A formação de um teólogo tem como interesse uma interpretação ampla 
do universo teológico, bem como toda uma caminhada que fez com que se che-
gasse ao que se conhece na contemporaneidade como teologia.
A relação do sujeito com o sagrado remonta a milênios da história da huma-
nidade, datada desde os primeiros registros escritos, em placas de argila, conhecidos 
como escrita cuneiforme. À medida que a humanidade conseguiu compreender com 
mais clareza o mundo ao seu redor, também passou a ocorrer algo que podemos cha-
mar, para fins didáticos e sem conotação pejorativa, de uma maturidade espiritual.
Essa caminhada de milênios fez com que se configurasse todo um universo 
de concepção racional e espiritual, que gerou a interpretação que temos na contem-
poraneidade. Nesse sentido, esta unidade busca dar um panorama de todo esse 
complexo contexto, em que os estudos sugerem uma busca cada vez maior de co-
nhecimentos, visto que, apesar do esforço de dar uma interpretação introdutória 
consistente, se pode deduzir que ainda há muito mais por se conhecer.
2 A ORIGEM DO CONCEITO DE TEOLOGIA
 A palavra teologia é formada por termos advindos do latim (Theologia) e tam-
bém do grego (Theologos, em que theos significa “deus” e logia ou logos, “estudo”), sendo 
entendida como um estudo sobre a existência de Deus, das questões referentes ao co-
nhecimento da divindade, assim como de sua relação com o mundo e com os homens.
A palavra teologia não tem sua origem no mundo cristão; já na Grécia clás-
sica, encontramos esse termo ligado à filosofia. A conceituação do termo teologia 
surgiu, pela primeira vez, no pensamento grego, no famoso livro A República, do 
filósofo grego Platão, o qual fez referência à compreensão da natureza divina por 
meio da razão, em oposição à compreensão literária própria da poesia grega.
A filosofia de Platão adquiriu força e espalhou-se pela Europa graças ao 
Império Romano e aos padres cristãos, que, após sorverem avidamente as ideias 
de Platão, fundindo-as com o cristianismo, num período histórico da filosofia 
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
4
chamado de Helenismo, caracterizado pela fusão e harmonização dos pensamen-
tos greco-romano e judaico-cristão. Assim, surgiu o movimento chamado de Pa-
trística, no qual o seu mais eminente representante foi Santo Agostinho.
Aliás, a Teoria da Formas de Platão serviu de maneira perfeita para que os 
vindouros filósofos cristãos medievais a adaptassemà ideia de céu, de Deus e das 
almas que habitam o paraíso, como veremos mais adiante.
Posteriormente, com a invasão dos árabes na Península Ibérica, as ideias 
de Aristóteles, preservadas e trazidas por eles, popularizaram-se na Europa. Nes-
se ambiente, Tomás de Aquino, padre católico dominicano italiano do século XIII, 
erigiu sua portentosa filosofia. Em sua obra mais famosa, a Suma Teológica, Aqui-
no, imbuído da concepção bíblica de Deus como criador do Universo, e tendo ele 
profundo conhecimento da filosofia de Aristóteles, simplesmente reinterpretou a 
concepção aristotélica de Motor Imóvel como sendo este motor o Deus Judaico-
-Cristão, como também será visto mais adiante.
Aristóteles não usou o termo teologia ou debateu sua origem de maneira 
direta, mas, valendo-se de suas conceituações filosóficas e atinentes ao, por ele, 
definido Motor Imóvel, permitiu que os vindouros filósofos medievais, como To-
más de Aquino, o mais eminente escolástico, erigissem sua Filosofia baseada na 
fé cristã e calcada em um Deus único e criador de tudo.
FIGURA 1 – O MOTOR IMÓVEL
FONTE: <https://bit.ly/3psZjAE>. Acesso em: 15 set. 2020.
 Assim, é possível entendermos que teologia não é estudar as religiões ou 
a história das religiões, pois elas se referem à tradição religiosa ou à fé a partir da 
perspectiva de alguém; a teologia busca definir Deus e sua expressão na fé pesso-
al desde uma perspectiva interna.
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
5
3 PLATÃO
Platão foi um filósofo grego, discípulo de Sócrates, fundador da Acade-
mia Platônica e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha 
sido Arístocles, sendo Platão um apelido que, provavelmente, fazia referência a 
sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a 
sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas.
Platão ocupou-se de vários temas, como ética, política e teoria do conheci-
mento. Por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discí-
pulo até a morte deste. Platão também é considerado o pai da Metafísica, devido 
à conceituação conhecida como Mundo das Ideias ou Teoria das Formas, a qual 
erigiu numa tentativa de conectar ideias advindas de filósofos pré-socráticos com 
outras ideias advindas de seu mestre Sócrates.
Em viagens em terras fora da Grécia, buscou implantar seus ideais políti-
cos, mas não obteve sucesso. Então, retornou à Atenas, onde fundou a Academia 
Platônica, instituição que logo adquiriu prestígio e foi procurada por muitos jovens 
e, até mesmo, homens ilustres, a fim de debater ideias. Seu aluno mais conhecido 
foi Aristóteles; Platão permaneceu na direção da Academia até a sua morte.
FIGURA 2 – PLATÃO (NASCIDO EM ATENAS EM 428/427 A.C., FALECIDO EM ATENAS EM 
348/347 A.C.)
FONTE: <https://bit.ly/3zaTXOM>. Acesso em: 6 set. 2020.
3.1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS E AS IDEIAS DE SÓCRATES 
QUE CONTRIBUÍRAM PARA A CONSTRUÇÃO DA TEORIA 
PLATÔNICA DO MUNDO DAS IDEIAS
Para explicar a Teoria das Formas ou Mundo das Ideias, como concebido 
por Platão, deve-se revisitar as teorias de outros filósofos que o precederam. Sobre 
os conceitos erguidos por filósofos anteriores, Platão conseguiu se apossar e combi-
nar essas teorias, para moldar a sua famosa teoria Metafísica do Mundo das Ideias.
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
6
Alguns dos filósofos que inspiraram Platão foram:
• Parmênides, filósofo grego pré-socrático natural da cidade de Eleia, que viveu 
entre 530 e 460 a.C. Foi o autor da conhecida frase “o ser é, o não ser não é”, 
o que o tornou o primeiro pré-socrático a intuir a natureza das nossas percep-
ções a respeito das coisas humanas, visto que os filósofos pré-socráticos, até 
então, haviam filosofado apenas sobre coisas do mundo (ou physis, a palavra 
para Mundo, em grego). Essa famosa frase basicamente condensa a ideia da 
capacidade humana de conhecer. Assim, ele quis dizer que o que importa é o 
conhecimento básico e essencial que temos a respeito de algo, não interessan-
do como esse algo foi ou virá a ser. Nosso conhecimento se apoia na essência 
da coisa (para os gregos, a coisa, cada coisa ou objeto ou corpo é um ser). 
Por exemplo, seu melhor amigo de infância, por acaso, cruzou o seu caminho 
após dez anos, mas você o reconheceu, mais gordo ou magro, alto ou baixo; a essência do 
seu amigo, a qual você conheceu, em linhas gerais, é a mesma – portanto, você o reco-
nhece. Assim, o ser é, não interessando o que virá a ser.
UNI
• Heráclito, também filósofo grego pré-socrático da cidade de Éfeso, viveu entre 
500 e 450 a.C. e foi o autor da conhecida ideia de que “a gente nunca entra duas 
vezes no mesmo rio, pois nós e o rio estamos em constante mudança”. Ele afir-
mou que o mundo está em constante devir (ou vir a ser). Ou não conseguimos 
conhecer verdadeiramente o ser, pois este está em constante vir a ser. Portanto, 
ele defendia que o conhecimento absoluto das coisas jamais seria alcançado. 
Por exemplo, após o dia da compra de um carro, no dia seguinte, valendo-se 
da conceituação de Heráclito, esse carro não seria o mesmo do dia em que foi 
comprado; ele estará mais sujo e desgastado. Assim, dizia Heráclito, todo o 
mundo e tudo nele. A cada fração de tempo, as coisas deixam de ser como eram 
e adquirem uma nova realidade, mas que imediatamente também muda. Tudo 
muda pela ação física, química e biológica do universo. Portanto, o ser não nos 
é possível de ser conhecido e alcançado, pois tudo está em vir a ser.
• Sócrates viveu entre 496 e 399 a.C. Também conceituando sobre a capacidade 
do homem conhecer, defendia a ideia de que, em vez de nos preocuparmos 
com a apresentação geral de um problema, como a ética, por exemplo, deverí-
amos nos centrar na essência da ideia que constrói esse problema. Por exem-
plo, quando pensamos sobre o que fazemos para sermos felizes, inúmeras 
respostas encontramos. Mas, essencialmente, o que podemos fazer na busca 
da felicidade (em grego, eudaimonia)? Poder ou riqueza, ou bens materiais, 
ou reconhecimento. Inúmeras respostas seriam possíveis, mas Sócrates, bus-
cando a essência do conceito felicidade, define que esta só é atingida ao se ter 
uma vida virtuosa. Somente pelas virtudes e cultivando-as, qualquer homem, 
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
7
seja rico ou pobre, preto ou branco, qualquer tipo de vida, só gerará uma 
pessoa completa se ela o conduzir, por meio das virtudes, para a felicidade. 
Ainda exemplificando e usando exemplos mais conhecidos, outros famosos 
questionamentos de Sócrates foram “O que é o bem? O que é o belo?”, que 
remetem ao centro do pensamento socrático. Claro que sabemos definir o que 
é belo ou bem, mas o que, em comum, nossas definições têm? Em geral, o bem 
é ajudar aos necessitados e ser justo com todos, mas o que existe de comum 
nesses “bens”? Sócrates, buscando a essência das coisas, definiu que a essên-
cia do bem é a realização de algo que culmine em gerar a felicidade.
3.2 PLATÃO: MUNDO DAS IDEIAS (OU TEORIA DAS FORMAS)
De posse das concepções advindas dos dois pré-socráticos supracitados mais 
a busca das essências advindas de Sócrates, e ciente de que, apesar de todas estarem 
corretas, e, em certo grau, até mesmo se contradizerem, Platão conceituou o chamado 
Mundo das Ideias, Teoria das Ideias ou Teoria das Formas, que o tornou o fundador 
da Metafísica (apesar de este nome ter surgido apenas cinco séculos após Platão).
No Livro XII da obra A República, Platão expos a sua ideia de como apren-
demos as coisas, explicando de que maneira, para ele, o ser humano é capaz de 
aprender. Para Platão, nosso espírito existia num plano acima deste em que esta-
mos, onde o espírito existia e tinha contato com toda e qualquer forma ou ideia 
ou conhecimento existente no mundo. Nesse plano em que o espírito se encon-
trava, as formas ou ideias de todas as coisas do mundo são perfeitas. Quando es-
tamos prontos para o nascimento, o espírito encarna trazendo toda essa carga de 
conhecimento. Entretanto,ao nascermos, não nos lembramos de nada; nascemos 
como um papel em branco. Conforme somos colocados diante das coisas e das ex-
periências da vida e do mundo, nos lembramos paulatinamente de tudo, ao que 
entendemos como “conhecer”. Tudo de real ou irreal que conhecemos já nos era 
conhecido previamente, mas na sua forma perfeita. No nosso mundo, porém, as 
coisas não estão nunca na sua forma perfeita; o que captamos, com nossos senti-
dos, são as formas imperfeitas. Essa construção teórica de Platão consegue somar 
a ideia de ser, de Parmênides, de vir a ser e as imperfeições deste, de Heráclito, e 
ainda o conceito das essências das coisas, de Sócrates.
FIGURA 3 – O MITO DA CAVERNA
FONTE: <https://bit.ly/3psrdNb>. Acesso em: 10 set. 2020.
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
8
Portanto, podemos deduzir que, para Platão, nascemos com todo o arca-
bouço do conhecimento, de forma inata, mas inconscientes disso. Sob a égide da 
Teoria do Conhecimento, Platão é chamado de inatista (ou racionalista).
A alegoria da caverna pode ajudar a demonstrar isso: em uma caverna profun-
da, com uma única abertura para o mundo exterior e por onde a luz do sol passa, sentado 
no fundo dessa caverna, acorrentados de costas para a entrada e de frente para o fundo, 
existe um grupo de homens, que sempre esteve assim, sendo a única realidade deles a 
projeção das sombras das coisas que passavam pela abertura da caverna, que se deline-
avam no fundo. Portanto, qualquer ideia sobre as coisas do mundo se faria pelas suas 
formas projetadas no fundo da caverna. Por exemplo, esses homens não conheciam um 
cavalo real, mas, por cavalo, entendiam a sombra projetada no fundo da caverna. A ideia 
de cavalo, para eles, é essa sombra, pois é apenas isso que eles conhecem. Entretanto, 
um dia um desses homens conseguiu escapar das correntes e dos grilhões que o pren-
diam e saiu da caverna. Lá fora, ele ficou maravilhado, ao descobrir que o mundo que eles 
conheciam era apenas uma projeção da realidade, e a realidade é muito mais complexa 
e linda. Ele resolveu voltar e contar para os outros homens que ainda estavam acorren-
tados. Quando retornou e contou aos seus companheiros que o mundo deles é apenas 
uma projeção da realidade, os outros não acreditaram. A história continua, mas, até aqui, 
já temos elementos suficientes para elucidar o que essa maravilhosa estória nos ensina.
Através dessa alegoria do Mundo das Formas, Platão conseguiu juntar tanto Parmênides e 
seu “ser é, não ser não é”, Heráclito e seu “devir” ou “vir a ser” e Sócrates e suas “essências” 
em uma teoria que a todos abarca, para explicar como o homem é capaz de obter conhe-
cimento sobre o mundo.
INTERESSA
NTE
4 ARISTÓTELES
Aristóteles também foi um filósofo grego, nascido na cidade de Estagira, 
no que, hoje, chamamos de Grécia, mas que, na época, era pertencente à Mace-
dônia. Todos os aspectos da filosofia de Aristóteles continuam sendo objeto de 
estudos acadêmicos. Embora Aristóteles tenha escrito muitos tratados e diálogos 
preparados para publicação, somente um terço de sua produção original sobre-
viveu. Acredita-se que tudo o que hoje conhecemos seja, de fato, anotações feitas 
por seus alunos e outras anotações que eram usadas por ele mesmo para ensinar.
Apesar disso, sua produção foi profícua; escreveu sobre inúmeros temas 
do conhecimento humano, sendo que muitas áreas, como lógica, biologia, física, 
ótica, astronomia, psicologia, ética, política, entre outras, o consideram seu estu-
dioso ou até mesmo seu fundador.
Após a morte de Platão, com quem sempre esteve junto, abriu sua própria es-
cola, chamada de Liceu, onde seguiu os estudos de seu mestre. Muitas vezes, ele se 
contrapôs totalmente às ideias de Platão, inclusive erigindo teorias totalmente diversas.
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
9
FIGURA 4 – ARISTÓTELES (NASCIDO EM ESTAGIRA EM 384 A.C., FALECIDO EM ATENAS EM 322 A.C.)
FONTE: <https://bit.ly/3w2efbg>. Acesso em: 6 set. 2020.
4.1 O MOTOR IMÓVEL DE ARISTÓTELES
Por meio de sua mente filosófica e partindo da observação do mundo e 
da vida, Aristóteles facilmente percebeu, como já havia dito anos antes o filósofo 
pré-socrático Heráclito, que tudo está em movimento, entendendo movimento 
como o envelhecimento de uma pessoa, o enferrujamento do ferro ou o esfria-
mento de uma xícara de café. Tudo isso como um movimento que ia do mais novo 
para o mais velho, do metálico ao enferrujado ou do quente para o frio – ir de um 
estado físico a outro estado físico é, por ele, entendido como um movimento. Para 
Aristóteles e sua filosofia, então, movimento pode ser o deslocamento físico ou o 
deslocamento de um estado a outro. 
Aristóteles também definiu, partindo do mesmo raciocínio, que um mo-
vimento só ocorre em decorrência de um movimento anterior que o preceda e o 
gere – algo ocorre, sempre, se outro algo o causar. Isso é chamado de causalidade. 
Por exemplo, uma xícara de café esfria na medida em que o calor se “movimenta” 
e se dissipa do café quente para o meio, mais frio. 
Usando um exemplo mais afeito à atualidade, mas que pode demonstrar 
isso mais facilmente: impulsionados pela energia gravitacional, a Via Láctea se 
movimenta em relação às demais Galáxias do Universo, o Sistema Solar gira em 
relação a outros sistemas locais, os planetas giram em torno do Sol, a lua gira 
em torno da Terra, os átomos que compõem as coisas da Terra são formados por 
partículas que giram ao redor de outras partículas, e assim repetindo esse mo-
vimento indefinidamente. Portanto, um movimento se segue outro movimento; 
um movimento causa o outro movimento. Entendemos, assim, que só haverá um 
movimento se outro o preceder, o causar.
Se fizermos o raciocínio reverso, ou seja, um movimento só ocorreu porque 
outro o precedeu, e este que o precedeu só ocorreu porque um anterior o gerou, e 
assim por diante, inexoravelmente deve-se ter algo que origine um primeiro movi-
mento a partir do qual os outros continuam e por ele foram causados. A essa origem 
do primeiro movimento, Aristóteles nominou de Motor Imóvel ou a Causa Primei-
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
10
ra. Assim, existe um gerador do primeiro movimento, o primeiro motor, um Motor 
Imóvel e que imprimiu o movimento inicial, o qual, então, pôs todo o Universo em 
movimento perpétuo: “É necessário chegar a um primeiro motor, não movido por 
nenhum outro, e este, todos entendem: é Deus” (AQUINO, 1984, p. 130).
4.2 FILOSOFIA GREGA NA EUROPA CRISTÃ
Os passos da Filosofia advinda da Grécia Antiga para o mundo cristão fo-
ram construídos pelo cultivo de escritos filosóficos que passaram a ser populariza-
dos por vários pontos do Império Romano. Platão e sua filosofia foram vastamente 
estudados no início da era cristã, assim como muitos outros, como os escritos dos 
filósofos conhecidos como Estoicos ou Epicuristas, ou Cínicos, e muitos outros. 
Nos primeiros anos da era cristã, Aristóteles era um autor praticamente desco-
nhecido na Europa. Suas ideias só chegaram à Europa pelos escritos de filósofos árabes, 
como Avicena e Averróis, após a invasão e a colonização da Península Ibérica (atual 
Espanha e Portugal) pelos árabes. Esses filósofos trouxeram a filosofia aristotélica que, 
apesar de perdida na Europa, havia sido mantida e estudada no mundo árabe.
CONCEPÇÃO DE MOTOR IMÓVEL OU CAUSA PRIMEIRA
Aristóteles argumenta nos livros 8 da Física e 12 da Metafísica “que deve haver um ser imor-
tal e imutável, responsável por toda a integridade e ordem no mundo sensível”. O estagirita 
(modo muito usado em filosofia para se referir a Aristóteles, que nasceu em Estagira) parte 
de uma premissa geral de que tudo o que existe possui uma causa. O Universo existe e 
teve um começo. Nem sempre existiu. Portanto, se antes não existia e passa a existir, sem-
pre se pensa que, para isso ocorrer, houve e há uma causa, pois não existe a possibilidade 
de, do nada, vir algo (do não ser, é impossível o ser). Percebemos facilmenteque cada ser, 
ou ente, possui uma causa, que esta que o causou também possui uma causa, e assim 
por diante. Contudo, não é possível recuar infinitamente numa série de causa; ou seja, o 
retorno ao infinito é impossível, pois, senão, o Universo nem existiria, pois não teria um 
começo. Portanto, é lógico que deve haver uma causa primeira, a qual é necessariamente 
incausada, ou seja, algo que não teve algo anterior que a causasse. Essa causa incausada 
gerou tudo o mais, pois desse ser seguiu-se outro, do qual seguiu-se outro, e assim conti-
nuadamente até surgirem todos os seres que compõe o Universo. Inclusive você.
IMPORTANT
E
5 PATRÍSTICA
A Patrística é o período de aproximação entre as concepções teológicas 
semitas/cristãs e a filosofia platônica. Coube a Santo Agostinho, o maior filósofo 
cristão desse período, o papel de transformar os conceitos, até então existentes na 
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
11
Patrística, em algo mais maduro, vinculado à filosofia. Essa união de cristianismo 
e filosofia foi conseguida por Agostinho com tal êxito que a Patrística assumiu 
seu verdadeiro arcabouço apenas após a revolução conceitual por ele perpetrada.
FIGURA 5 – CULTURA MEDIEVAL 
FONTE: <https://bit.ly/3g0WS5o>. Acesso em: 20 set. 2020.
A Patrística conseguiu êxito total ao aproximar o conceito metafísico de 
Platão e seu Mundo das Ideias com o conceito religioso judaico-cristão de Paraíso 
Celeste. Se existiu uma forte influência da filosofia pagã (grega) na teologia cristã, 
também o oposto se deu; não havia, na época, como chegar aos conceitos filosófi-
cos gregos sem entendê-los como embebidos com a terminologia das Escrituras. 
Essa aproximação da filosofia com o cristianismo foi de tal magnitude, na Patrísti-
ca, que o filósofo neoplatônico Numêncio disse: “Platão é um Moisés falando em 
grego” (HEBECHE; DUTRA, 2008, p. 27). 
5.1 SANTO AGOSTINHO
Santo Agostinho, ou Agostinho de Hipona, nasceu em Tegasta, em 354, e 
faleceu em Hipona (Hippos) em 430, mas viveu como um romano, mesmo não re-
sidindo na cidade de Roma, pois sempre esteve em terras pertencentes ao Impé-
rio, tendo, inclusive, um cargo de orador dentro do império, na cidade de Milão. 
Antes pagão, tornou-se, posteriormente, um dos maiores pensadores e filó-
sofos cristãos, ajudando a espalhar através das fronteiras do vasto Império Romano a 
doutrina cristã, a qual, de bagagem, levava a filosofia grega, pela fusão dessa doutri-
na religiosa (cristianismo) com as ideias do filósofo grego Platão. Essa fase da Histó-
ria da Filosofia é conhecida por Helenismo, quando ocorre a fusão da filosofia grega 
e da teologia semita, e emerge a Patrística, período caracterizado pela manutenção e 
pela interpretação do pensamento filosófico grego por padres e pensadores cristãos.
Agostinho, antes de se tornar um religioso cristão, era, então, um funcio-
nário, um orador a serviço do Rei de Milão. Tinha mulher e um filho. Também 
vivia com sua mãe que, diferentemente dele, era cristã. Ele se declarava um Ma-
niqueísta (uma espécie de up grade do Gnosticismo, que se iniciou na Pérsia).
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
12
Já padre cristão influente, foi nomeado Bispo de Hipona. Naquele período his-
tórico, o Império Romano do Ocidente estava entrando em crise, principalmente pelas 
constantes invasões bárbaras. Num determinado momento desse bispado, a Cidade 
de Hipona foi sitiada pelo líder bárbaro germânico Vândalo, chamado de Genserico. 
Vendo a cidade em situação irreversível, Agostinho foi até o líder germa-
no e ofereceu-se em troca da fuga dos inocentes. No entanto, foi poupado e, ao 
retornar à cidade, Agostinho proferiu um discurso em que começou a explanar 
sobre a igualdade dos homens a despeito da origem, pois enxergou em Genserico 
a mesma essência de humanidade do povo ao qual ele próprio pertencia.
FIGURA 6 – SANTO AGOSTINHO (NASCIDO EM TEGASTA EM 354, FALECIDO EM HIPONA EM 430)
FONTE: <https://bit.ly/2SjnxRD>. Acesso em: 6 set. 2020.
Na época de Agostinho, o cristianismo já era a religião oficial do Império Ro-
mano. Entretanto, não havia uma unificação da religião, existindo inúmeras correntes cris-
tãs: Gnosticismo, Montanismo, Monarquianismo, Valentianismo, Marcianismo e Patrolo-
gia Grega. Além disso, inúmeros pensadores, como Orígenes, Contra Celso etc., também 
conduziram as suas próprias versões do cristianismo. Coube ao esforço e ao pensamento 
de Agostinho e sua obra mais famosa, Cidade de Deus, a defesa de uma verdadeira Igreja 
Católica Apostólica Romana. Entre as inúmeras designações cristãs antes existentes, ela foi 
a que se tornou oficial e majoritariamente única, até a Reforma Protestante.
ATENCAO
6 ESCOLÁSTICA
A harmonização dos preceitos cristãos e as definições e as ideias de Aristóteles 
fundaram o movimento filosófico cristão chamado de Escolástica. Tomás de Aquino, 
com quem esse movimento filosófico/religioso começou, fez isso sob inúmeros aspectos, 
mas, principalmente, sempre apoiando e se valendo da definição de quatro tipos de leis: 
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
13
• I- Lei eterna ou a razão reguladora de Deus. 
• II- Lei divina ou os mandamentos revelados. 
• III- Lei natural ou a parte da lei eterna em que razão de Deus é aplicada às 
criaturas racionais. 
• IV- Lei humana ou a lei natural própria das específicas comunidades, sendo 
esta a lei epistêmica primeira. 
Essas leis, maiormente as leis III e IV, compilam que o ponto central da Filoso-
fia Moral tomista, ou a lei natural, proclama que se faça o bem e evite-se o mal. Esse é, 
sem dúvida, o princípio ético primeiro de Tomás de Aquino, para o qual tanto as leis 
naturais como as morais podem ser igualmente apreendidas pela razão.
Mesmo corroborando com Aristóteles e sua observação de que a felicidade 
é o fim último e o bem completo, Aquino considera que o fim último só pode estar 
atrelado ao que seria tido como a perfeição – esta só pode ser atingida com a con-
templação de Deus após a morte, na vida eterna ao lado de Deus. Em vida, salienta 
que o bem da alma é viver segundo a razão e as virtudes a ela atreladas. Sobre isso, 
Aquino considera as virtudes como hábito operativo, ou meios em busca de um fim, 
esclarecendo que, entre os hábitos operativos, alguns visam sempre ao mal, como 
os vícios, outros ora o bem ou o mal, como opiniões que podem ser, de acordo com 
a circunstância, verdadeiras ou falsas. Entretanto, ele define que as virtudes não são 
hábitos operativos cujo fim é, inexoravelmente, o bem. Como em Aristóteles, ele ele-
ge as Virtudes Cardeais: Sabedoria, Justiça, Coragem e Temperança (Prudência).
FIGURA 7 – ESTUDO TEOLÓGICO
FONTE: <https://bit.ly/3x1xMbX>. Acesso em: 5 set. 2020.
Tomás de Aquino apresenta, ampliando o que os gregos haviam definido, 
as chamadas virtudes teológicas ou teologais, distinguindo-as das demais e ten-
do-as como as mais perfeitas. Ele reforça que, antes de elas se relacionarem com 
a felicidade humana, estão vinculadas com o supra-humano, ordenada por Deus; 
ou seja, estão vinculadas com a felicidade sobrenatural, beatitude (felicidade e 
paz eterna, fim maior de qualquer virtude). 
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
14
Das virtudes teologais, em Aquino, temos, em primeiro lugar, a fé como 
geradora das outras duas – a esperança e a caridade (aqui, como a caridade implica 
amor a Deus e a todas as criaturas, pode-se trocar ou definir caridade por amor). 
Assim, estando a caridade/amor vinculada a um amor incondicional a Deus e aos 
outros homens, além de todas as criaturas que são frutos da obra criadora de Deus, 
a caridade passa a ser a mais perfeita das virtudes teológicas. Portanto, diferente-
mente da ordem de geração das virtudes teologais, quando se analisa sob a ótica da 
perfeição, a caridade/amor precede a fé, seguida pela esperança.
SÃO TOMÁS DE AQUINO
Tomás de Aquino nasceu na Itália, em Roccasecca, em 1225, e faleceu em Fassanova, em 
1274. Foi um filósofo cristão medieval do séculoXIII, tendo sido o representante maior da 
linha filosófica cristã conhecida como Escolástica, na qual a fusão do pensamento judai-
co-cristão e as ideias filosóficas de Aristóteles começaram a emergir e ser ensinadas em 
inúmeros mosteiros da Europa. As leis divinas cristãs, a virtude grega e sua racionalidade 
são harmonizadas e se complementam em Aquino.
NOTA
TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
FONTE: <https://bit.ly/3prSxLz>. Acesso em: 6 set. 2020.
7 VII PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA NO ADVENTO DA 
METAFÍSICA RELIGIOSA CRISTÃ
A Patrística, como já vimos, foi o movimento dos primeiros padres ca-
tólicos, cujo maior representante foi Santo Agostinho. A Patrística recebeu esse 
nome por abrigar os primeiros padres, “pais”, da Igreja Católica. Em seu início, 
essa fase da filosofia serviu ao pensamento cristão por meio das apologias do 
cristianismo, pois o pensamento cristão, ainda no século III d.C., não era bem 
difundido na Europa. Coube à Patrística fundir a Metafísica Grega com a teologia 
Judaica e as primeiras escolas cristãs. A essa nova roupagem advinda dessa fusão 
entre a Metafísica Filosófica Grega e a Metafísica Religiosa Judaico-Cristã apoia 
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
15
o aparecimento do que chamamos de Helenismo. Segundo Paul Tillich, foi o He-
lenismo o movimento que mais influenciou os novos teólogos e, principalmente, 
os pensamentos de Platão formaram as bases da fase do pensamento cristão, os 
componentes da chamada Patrística. O mesmo Paul Tilich aponta cinco elemen-
tos fundamentais nessa linha: 
• o primeiro é o conceito de transcendência; 
• o segundo é a desvalorização da existência; 
• o terceiro é a doutrina da queda da alma da eterna participação no mundo essen-
cial ou espiritual, sua degradação terrena num corpo físico, que procura se livrar 
da escravidão desse corpo, para, finalmente, se elevar acima do mundo material; 
• o quarto é a ideia da providência divina; 
• o quinto elemento presente na teologia cristã vem de Aristóteles, que aponta o divino 
como forma sem matéria, perfeito em si mesmo (HEBECHE; DUTRA, 2008, p. 37).
A Escolástica, também já citada anteriormente, foi um movimento inicia-
do no século XIII, quando as escrituras sagradas cristãs passaram a ser lidas pelos 
escritos filosóficos de Aristóteles. Nessa época, pela invasão árabe ocorrida na 
Península Ibérica, os ensinamentos de Aristóteles se popularizaram na Europa. 
A concepção de Deus, inicialmente sob o viés platônico (Patrística) e, pos-
teriormente, aristotélico (escolástica), entrou na igreja cristã e exerceu enorme in-
fluência, sobretudo na formulação da teologia medieval.
Assim como a filosofia, a teologia também parte da mesma concepção 
de algo que não existe no mundo físico. Foi pelas mãos dos filósofos medievais 
cristãos que surgiu a comparação e o paralelismo da teologia Cristã e a Metafísi-
ca Platônica (Patrística) e, posteriormente, a Metafísica Aristotélica (Escolástica). 
Daí, o entendimento de Deus e das demais entidades não físicas e atreladas ao 
cristianismo passam a ser abordadas e entendidas sob a mesma ótica presente no 
pensamento platônico e aristotélico.
Hoje, a Metafísica, como disciplina de estudo, pode se dividir em Meta-
física Teológica, Metafísica Filosófica (Ontologia), Metafísica Psicológica, entre 
outras. No entanto, em qualquer abordagem, seja teológica, filosófica etc., a con-
cepção de algo pertencente a uma definição advinda de outro mundo, que não se 
faz presente fisicamente no mundo que habitamos, está sempre presente.
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
16
SE DEUS EXISTE
Pensamento filosófico de Aquino – Metafísica da divindade
Essa questão, ainda tão pujante em nossos dias, também habitava as mentes desde o apa-
recimento desse ser inteligente, chamado de Homo sapiens sapiens. Isso não seria dife-
rente na Europa cristã do século XIII, época do auge da Escolástica. Dessa época, partiram 
as demonstrações (tidas, então, como inequívocas) da existência de Deus.
Esse escrito baseia-se no material fornecido sob a forma de livro-texto da matéria História 
da Filosofia II, Se Deus existe e Anexo IV – Aquino, disponíveis no site de Ensino a Distância 
(EAD) da Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
À época de Aquino, o maior intento da doutrina cristã, além de tentar transmitir a “boa 
nova” do cristianismo e toda a benevolência, magnificência e grandeza do Deus cristão, 
seria tornar a existência dele ser de maneira in contesti. Daí, partindo-se da essência desse 
Deus, formulam-se algumas hipóteses, conforme explicado a seguir.
Se Deus existe 
a) Se a existência de Deus é por si mesma conhecida:
• Qualquer homem percebe através de seu intelecto o todo em sua volta e consegue 
definir as partes deste todo. Também consegue apreender as maravilhas e a perfeição 
desse mesmo todo em volta. Se as partes podem ser identificadas como maravilhosas, 
perfeitas, o todo é de tal grandeza repleto de predicados belos que só pode ser domínio 
de algo maior, mais belo e perfeito. Como facilmente se apreende no mesmo intelecto 
de algo tido como o maior, faz-se impossível algo ainda maior. E este algo maior é Deus.
• A verdade existe a despeito de conceder-se ou não esse predicado (verdade) a um fato. 
Ora se essa verdade existe a despeito de seu reconhecimento e “Deus é a própria ver-
dade” (Jô, 14:6), então, Deus existe. Considerando-se que Deus não é autoevidente, e 
em sendo Deus, por exemplo, a felicidade, não se pode atrelar diretamente o fato de se 
sentir feliz com Deus. Entretanto, deve-se entender que a verdade, apesar de existir por 
si, é fruto da existência de “uma primeira verdade”, e isso não pode ser, de fato por si, 
sem essa “primeira verdade” ter sido erigida – esse arquiteto que a erigiu é Deus.
b) Se é demonstrável a existência de Deus:
• Questionamento: por sua existência ser artigo puro da fé, a existência de Deus é 
indemonstrável, de maneira direta; poder-se-ia fazê-lo através de seus atos por nós 
detectados e a Ele atribuídos.
O Resposta: as coisas existentes e de origem inexplicável existem por si, e necessaria-
mente precisam de um criador, conectando a existência de “algo” (alegoricamente 
chamado de efeito) à existência de “algo que a criou” (causa) –assim, demonstra-se 
a existência de um Deus pela ideia causa × efeito.
• Questionamento: sem a possibilidade de se definir algo em relação a Ele, não se pode 
constatar sua existência. Deus é indefinível e, portanto, improvável.
O Resposta: ao demonstrar algo através de seu efeito, necessariamente, deve-se em-
pregar o efeito na definição da causa.
• Questionamento: porém, pode-se alegar que atos são finitos, mas o citado Deus é 
infinito, gerando aí uma incongruência que fala a favor da não existência deste Deus.
O Resposta: a isso alegar-se-ia que, a despeito de conhecermos seus atos e poder-
mos demonstrá-Lo através desses mesmos atos, Deus não se faz possível em se 
conhecer em sua essência.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
17
c) Se Deus existe:
• Pode-se questionar, ainda, a existência de Deus: 
a) Se por Deus se apreende o bem infinito, como pode existir o mal? 
b) A existência de Deus faz-se desnecessária na medida em que, recorrendo-se a 
princípios outros, como o natural, a natureza e o proposital, representado pela ação 
voluntariosa do homem, poder-se-ia explicar tudo o que no mundo a nós aparece.
O A resposta a isso se dá em cinco vias, formuladas por Tomás de Aquino:
I- O movimento, pois sempre, quando ocorre, se deve a uma ação de outro. Esse 
outro, atuando sobre o objeto a ser movido, imprime a este “um ato” que gera 
o segundo ato, o de mover-se. E qual é o ato que gera o calor do fogo que virá 
a consumir a madeira, ou o ato que gera o movimento do sol ou da lua, senão 
Deus? Melhor explicando: poder-se-ia aventar uma sequência de movimentos 
que geram outros movimentos, e que geram outros, e assim indefinidamente. En-
tretanto, mesmo nesse raciocínio, o primeiro movimento temque ser necessaria-
mente gerado por um antecedente movimento, e, imaginando-se que este último 
movimento citado é o primeiro da sequência, algo deve ter sido o responsável por 
colocá-lo em movimento, por gerá-lo, e este algo é Deus.
II- A perfeição do mundo, a eficiência das coisas, a correta ordenação e combinação 
dos elementos só podem ser oriundas de um criador – uma relação causa × efei-
to. Contudo, só ocorrerá o efeito se, e somente se, houver um ser causador, uma 
causa. E esse causador é Deus.
III- Obviamente, se algo existe, em dado momento iniciou sua existência. Nem que 
esse algo exista sempre e tenha se originado de outra coisa, e esta coisa de outra, 
e assim indefinidamente, houve uma primeira coisa. E se essa primeira coisa, hi-
potética, existiu, ela obrigatoriamente iniciou-se a partir de algo que a criou. Este 
algo é Deus. Novamente, poder-se-ia aventar sobre o que o surgimento de Deus 
é, e a isso prontamente se responde que Deus existe em si e é a causa de todos 
os outros seres existirem.
IV- O grau em que os predicados se apresentam são uma prova contundente da exis-
tência de Deus. Os predicados variam de intensidade de apresentação em diferen-
tes indivíduos; se usarmos, por exemplo, a bondade, o máximo da bondade a que 
se possa examinar, o que nunca pode ser atribuído a nada existente no planeta, só 
pode ser atribuído a Deus. 
V- A aparente ordenação do mundo – e aparentemente essa ordenação tem sempre 
um objetivo – parece ter controle inteligente. Animais, mesmo os simples, sem-
pre operam de maneira intencional, mas não racional, como que ordenados por 
algo intelectualmente superior. Esse algo intelectualmente superior, que ordena o 
mundo natural e dos homens, se chama Deus.
8 A TEOLOGIA ANTES DE CRISTO
O termo teologia já existia antes de Cristo, embora tenha surgido em Pla-
tão, o conceito estava presente desde os pré-socráticos.
Platão, certamente, foi o mais permanente e influente pensador grego. Em sua 
obra Timeu, ele disse: “Tudo o que se gera é necessário que seja gerado por alguma 
coisa sem a qual não é possível que alguma coisa seja gerada [...]” (PLATÃO, 2000, 
p. 28). Aqui, abertamente, Platão conjectura sobre algo como criador do todo. Esse 
conceito foi, posteriormente, mais bem apresentado pelo seu discípulo Aristóteles.
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
18
Como esmiuçado no Mundo das Ideias, visto anteriormente em Platão, 
ele acreditava que, ao nascimento, o corpo é encarnado por uma alma advinda 
do Mundo das Ideias, e que essa alma traz consigo o conhecimento de todas as 
coisas do mundo. Nesse momento da encarnação da alma no corpo, esquecemos 
de tudo o que a nossa alma sabe e conhece. 
Platão, então, define que conhecer algo, na verdade, é relembrar desse 
algo que já era previamente conhecido pela alma. Portanto, em Platão, conhecer 
é uma anamnese, que é o oposto de amnésia, que sabemos se referir a não conse-
guir lembrar de nada. Anamnese é relembrar, é algo como, confrontados a uma 
situação, fato ou objeto, nosso cérebro ter que relembrar o que aquilo é. Platão 
escreveu em Fédon: “E isto não poderia ser, se a nossa alma não tivesse vivido em 
outro lugar, antes de haver entrado nesta forma de homem; pelo que, ainda por 
esta razão, se torna evidente que a alma é algo imortal” (PLATÃO, 2000, p. 72-73).
Um conceito advindo também dele e que foi apreendido pelo cristianismo 
é de que as almas puras voltam para o lugar de onde vieram, o paraíso das almas, 
o Mundo das Ideias, o lugar divino (PLATÃO, 2000, p. 248). 
A alma boa “irá para o que lhe assemelha, para o que é invisível, para o 
que é eterno, divino, intelectual e imortal, aonde, chegando, será bem-aventura-
da, livre dos erros, da insensatez, dos temores dos selvagens amores e das outras 
desgraças humanas, passando todo o seu tempo com os deuses” (PLATÃO, 2000, 
p. 81). “As outras sofrerão o juízo” (PLATÃO, 2000, p. 249). 
Coube ao filósofo Andrônico de Rodes, tabulando e organizando os escri-
tos de Aristóteles, pela primeira vez, usar o termo Metafísica para nominar um 
escrito de Aristóteles que, até hoje, é conhecido por esse nome. O termo se refe-
riria à alguma ciência que não era a Ética, a Lógica, a Física, ou qualquer outro 
pensamento de Aristóteles compilado por Andrônico. 
Esse volume era composto por escritos que não se encaixavam em ne-
nhum dos anteriores. Como era o volume que ocupava, na coleção, o espaço que 
ficaria depois da física, Andrônico chamou-o de após física, ou meta física, ou me-
tafísica. A ideia dessa natureza Metafísica já era presente em Platão e seu Mundo 
das Ideias, que, inclusive, é tido como o pai da Metafísica.
Sobre o conceito de Metafísica, explicaremos mais uma vez usando um 
exemplo que remete à Teoria das Formas, ou Mundo das Ideias, de Platão: quando 
alguém pergunta “o que é uma árvore?”, obviamente respondemos que sim. Ao es-
cutar essa pergunta, imediatamente vem à mente a ideia de árvore. Não uma árvo-
re específica, mas uma árvore qualquer, em geral, ou o ser (ou ente) árvore, que não 
existe necessariamente no mundo físico, mas existe na sua ideia. E isso é chamado 
de Metafísica em Filosofia. Isso pode ser entendido como imaginação: imaginar a 
essência de uma árvore, ou ter a posse da “arvidade” daquela forma captada por 
seus olhos e enviada para sua mente. Em outra situação, ao andar num deserto, iso-
lado, sabendo que se está perdido, bem ao longe, de repente, é possível avistar uma 
TÓPICO 1 — ORIGEM DA TEOLOGIA
19
imagem de um ser em pé, com braços, pernas, um tronco e uma cabeça, ou seja, um 
contorno bastante conhecido; imediatamente, seu cérebro, buscando os arquivos 
conhecidos, compara e identifica aquela imagem com a de um ser humano, mesmo 
estando longe, não sabendo quem é, se é amigo ou hostil, as formas que estão na 
mente remetem à ideia de um ser humano, a “humanidade” daquela forma.
Com a expansão do Império Romano e a conquista da Grécia, a sociedade 
intelectual Romana sorveu avidamente a cultura Grega (inclusive as divindades 
romanas e gregas eram as mesmas, mas com nomes diferentes), expandindo-se 
fortemente por todo o Império Romano. Após a conquista do Meio Oriente, sur-
giu o cristianismo. Essa nova religião espalhou-se paulatinamente pelo Império, 
até ser oficializada em 313 d.C., por Constantino, e finalmente oficializada em 
390 d.C. por Teodósio. Essa expansão encontrou uma sociedade embebida nos 
conceitos filosóficos advindos dos gregos.
Ao definirmos o homem, podemos aceitar que existiu sempre a capacidade 
imaginativa de lidar e criar com ideias e conceitos não físicos e, portanto, Metafísica. 
As imagens pintadas pelo Homo sapiens na caverna de Lascaux, na França, com pic-
togramas de animais e homens em uma caçada, por exemplo, permitem facilmente 
concluir que, para fazer uma representação como aquela, o homem deveria imaginar, 
ter a ideia de, por exemplo, um cavalo. Ou seja, o homem que fez aquelas pinturas 
conseguia ter uma imagem Metafísica, dentro de sua mente, do mundo físico. 
Também nessa época da história humana, observa-se que os mortos eram 
enterrados com algum tipo de ornamento ou pintura, o que demonstra que aque-
les homens reverenciavam seus parentes mortos e pensavam em dar a eles algum 
conforto numa pós-morte. 
Aqui, também, temos nitidamente um sinal de uma crença em uma vi-
vência humana após a existência física, ou metafísica. De posse dessa habilidade 
mental, aquele Homo sapiens, quando se deparava com fatos do mundo que não 
sabia explicar, com situações com as quais ficava apreensivo ou alegre, além de 
ser consciente de sua finitude, certamente desenvolveu uma Metafísica Religiosa, 
certamente mais primitiva, longe da maturidade e riqueza dos conceitos metafí-
sicos que sustentam a cristandade.
FIGURA 8 – PINTURAS RUPRESTES DA CAVERNA DE LASCAUX (CERCA DE 17 MIL ANOS)
FONTE: <https://bit.ly/3vZxtOX>; <https://bit.ly/3z69YFP>. Acesso em: 6 set. 2020.
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DATEOLOGIA OCIDENTAL
20
Dessa forma, é possível compreender o contexto vasto, mesmo que abor-
dado de modo breve, de todo um gigantesco universo teológico que foi se mol-
dando com o passar dos anos, e que, desde as primeiras imagens em rocha, até o 
período em que se passa a encontrar um desenvolvimento maior do cristianismo. 
Assim, foi possível conhecer um pouco sobre o início de um universo que, hoje, 
se reconhece como teologia.
21
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• Platão, valendo-se dos conhecimentos adquiridos pelo estudo dos filósofos 
pré-socráticos, desenvolveu a chamada Teoria do Mundo das Ideias. Além 
disso, partiu de Platão, e até antes dele dos filósofos gregos pré-socráticos, a 
definição e o uso das palavras teologia e teólogo.
• A Teoria do Motor Imóvel foi criada por Aristóteles e, posteriormente, usada 
pelos filósofos e teólogos medievais, tendo grande importância na história da 
Filosofia e da teologia.
• Várias foram as contribuições filosóficas de Santo Agostinho, tanto para a Fi-
losofia quanto para a teologia cristãs, relacionando suas interpretações filosó-
ficas, amparadas na filosofia grega de Platão, e o impacto desse pensamento 
na estrutura da teologia. 
• A Patrística, ramo da Filosofia Medieval que foi desenvolvida por Agostinho, 
é o período de aproximação entre as concepções teológicas semitas/cristãs e a 
filosofia platônica. 
• São Tomás de Aquino, seu papel filosófico e teológico na história do Cristia-
nismo, sendo o grande nome de outra grande estrutura de interpretação da 
Filosofia Medieval, na qual os teólogos eram estudantes dos textos bíblicos e 
de sua interpretação, o que recebeu o nome de Escolástica.
• A Patrística conseguiu êxito total ao aproximar o conceito metafísico de Platão e 
seu Mundo das Ideias com o conceito religioso judaico-cristão de Paraíso Celeste. 
• Tanto a Patrística quanto a Escolástica foram formas de estruturação para a 
interpretação da Metafísica Religiosa Cristã. 
• O termo teologia já existia antes de Cristo, embora tenha surgido em Platão, o 
conceito estava presente desde os pré-socráticos.
22
1 Quando pensamos na origem da teologia, conhecer e estudar o filósofo grego 
Platão é fundamental. Para explicar essa afirmação, analise as sentenças a seguir:
I- Platão criou a concepção metafísica chamada de Teoria das Formas ou 
Mundo das Ideias, usada pelos filósofos e pensadores como uma teoria 
para explicar o Paraíso do Deus Cristão.
II- A criação do Mundo das Ideias, por Platão, surgiu quando ele tentou as-
sociar, numa única ideia, uma concepção que explicasse e validasse tanto 
a concepção atinente ao filósofo Parmênides quanto a do filósofo Herácli-
to e a de seu mestre Sócrates.
III- A importância de Platão para a teologia se dá por ter partido dele a ideia 
de céu, inferno e purgatório.
IV- O famoso Mito da Caverna foi uma maneira genial de Platão tentar fazer 
sua Metafísica ser entendida, uma vez que defendia que o homem teria 
apenas contato com as formas perfeitas das coisas do mundo antes de 
nascer e que, após o nascimento, seu contato se dá apenas com as formas 
imperfeitas do mundo. 
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As assertivas I e II estão corretas.
b) ( ) As assertivas I, II e III estão corretas.
c) ( ) As assertivas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Todas as assertivas estão corretas.
 
2 A construção filosófica de Aristóteles, conhecida como Motor Imóvel, tem 
enorme importância para a teologia por demonstrar que algo deve ter gerado 
o início da existência, uma vez que, assim, do nada, não pode vir tudo. Con-
siderando a denominação Motor Imóvel, analise as afirmativas a seguir:
I- Motor Imóvel refere-se a um hipotético motor sem combustível e do qual 
o homem surge.
II- Partindo de que algo necessariamente surge de outro algo, ou seja, é impos-
sível algo surgir de nada, Aristóteles raciocina que se tudo tem uma origem, 
então o primeiro componente desse “tudo” foi originado por alguém ou 
algo. Deve ter algo que o originou, mas que ele mesmo, este algo, não foi 
originado por ninguém; esse algo não foi originado do nada. O movimento 
de criação, para esse algo, nunca se fez, daí ele é chamado de Motor Imóvel.
III- A teoria do Motor Imóvel, de Aristóteles, casou muito bem com o conceito 
teológico judaico-cristão de um Deus criador de tudo no Universo. Deus 
como primeiro motor.
IV- Aristóteles foi bem anterior a Platão.
AUTOATIVIDADE
23
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
3 Santo Agostinho, padre cristão que viveu no início do Cristianismo, sorveu 
avidamente os escritos de Platão, do Helenismo e da chamada Patrística, 
tornando-se um eminente normatizador do Cristianismo, de seus ritos e de 
sua teologia. Já no século XIII, São Tomás de Aquino, valendo-se dos escri-
tos de Aristóteles, deu início a uma corrente filosófico cristã chamada de 
Escolástica. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Agostinho foi o mais eminente representante da Patrística, uma corrente 
filosófica que se caracteriza pela fusão e pela harmonização das concep-
ções Teológicas Cristãs e o pensamento filosófico de Platão.
( ) A Patrística absorveu tanto as ideias de Platão que um pensador, Numên-
cio, afirmou que “Platão é um Moisés falando em grego”.
( ) Coube ao esforço e pensamento de Agostinho e sua obra mais famosa, Cidade 
de Deus, a defesa de uma verdadeira Igreja Católica Apostólica Romana.
( ) Tomás de Aquino teve sua filosofia caracterizada pela não harmonização 
dos preceitos cristãos e as definições e ideias de Aristóteles, mantendo-se 
fiel às ideias de Platão.
( ) No famoso escrito “Se Deus Existe”, Tomás de Aquino apresenta o que é 
chamado de “prova Metafísica (Ontológica) de que Deus existe”.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – F – V – F – F.
b) ( ) V – V – F – F – F.
c) ( ) V – V – F – V – F.
d) ( ) V – V – V – V – V.
4 Apesar de a palavra teologia imediatamente remeter à ideia de teologia do 
Cristianismo, trata-se de um termo que surgiu muito antes da crença cristã. 
Dessa forma, analise as sentenças a seguir:
I- Apesar de o termo teologia surgir pela primeira vez com Platão, sua con-
cepção já estava presente nos pré-socráticos e na humanidade muito antes 
do início do Cristianismo.
II- Advém dos escritos de Platão, na cultura grega, e, posteriormente, incor-
porada ao Cristianismo, a noção de um criador de tudo e também a con-
cepção de um mundo acima deste, em que habitam as almas que já exis-
tiam antes mesmo dos nossos corpos, que encarnam, de maneira tal que, 
ao nascermos, somos seres humanos com corpo e alma.
24
III- O filósofo Aristóteles criou o termo Metafísica para designar alguns de 
seus escritos compilados.
IV- O poder de imaginar e criar ou conjecturar um mundo com figuras não fí-
sicas, ou metafísicas, só apareceu no Homo sapiens quando este fez contato 
com a realidade atinente ao Cristianismo.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As assertivas I e II estão corretas.
b) ( ) As assertivas II e III estão corretas.
c) ( ) As assertivas III e IV estão corretas.
d) ( ) As assertivas I, II e IV estão corretas.
5 Platão foi importante não somente na Filosofia, mas também na teologia. 
Nesse sentido, seu universo de interpretação foi indispensável para a for-
mulação de conceitos cristãos na teologia. Disserte sobre a relação do Mun-
do das Ideias de Platão com a noção de Deus, do Cristianismo.
25
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
NATUREZA E DEFINIÇÃO DO UNIVERSO 
TEOLÓGICO
1 INTRODUÇÃO
No sentido de reforçar o que foi visto no tópico anterior, a palavra teolo-
gia (de theós + logia) é de origem grega, não só no nome, pois supõe o desenvol-
vimento específico do pensamento que se deu na época clássica grega e que deu 
origem à filosofiaocidental. Originalmente, portanto, ela vem da filosofia, mesmo 
que, nessa época, as distinções não fossem tão severas como hoje, supondo um 
determinado modo de pensar, de colocar questões e de buscar respostas.
O encontro entre o modo grego de pensar e a pregação do cristianismo 
não se deu sem tensões. A pregação cristã surgiu de dentro de um universo carac-
terizado por um modo de pensar bastante distinto, o da cultura judaica.
Interferindo nesses modos de pensar distintos, encontramos alguns con-
ceitos que dialogam entre si, mas, por vezes, se contradizem. Trata-se de pers-
pectivas distintas sobre a mesma coisa. Entretanto, se levarmos todos os aspectos 
em conta, resta margem para que não possamos analisar os dois modos com a 
distinta clareza. Essa tensão já tinha sido experimentada dentro do próprio juda-
ísmo nos séculos anteriores ao advento do cristianismo, além de textos do Novo 
Testamento advindos do cristianismo.
Em suma, a teologia é reflexão que se pauta no tempo e na cultura; é dinâ-
mica e viva. Portanto, é um tipo de saber que se desenvolve a partir das perguntas 
que o teólogo faz.
2 A TEOLOGIA COMO CIÊNCIA
Frequentemente, surge a dúvida se a teologia tem lugar na academia, 
na comunidade científica, com a filosofia, a história, a sociologia, mas também a 
física, a biologia e a matemática. 
26
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
FIGURA 9 – LEITURA E VISÃO DE MUNDO
FONTE: <https://bit.ly/34UVtqz>. Acesso em: 2 set. 2020.
Ciência é o conhecimento que inclui, em qualquer forma ou medida, uma garantia 
da própria validade. Segundo o conceito tradicional, a Ciência inclui garantia absoluta de valida-
de, sendo, portanto, como conhecimento, o grau máximo da certeza. O oposto da Ciências é a 
opinião, caracterizada pela falta de garantia acerca de sua validade. As diferentes concepções de 
Ciência podem ser distinguidas conforme a garantia de validade que se lhes atribui.
FONTE: CIÊNCIA.  In: Só Filosofia. Virtuous Tecnologias da Informação, Porto Alegre, 
c2021. Disponível em: https://bit.ly/3z7pgKy. Acesso em: 19 maio 2021.
NOTA
Enquanto teologia acadêmica, é necessário que a teologia dialogue com 
as demais searas do conhecimento científico. Precisamente, teologia sistemática 
procura muito mais do que afirmar um corpo fixo de proposições, precisa des-
trinchar os meios de comunicação da fé, através de um compilado de normas, re-
gras e símbolos que norteiam nosso imaginário (DALFERTH, 1978). Isso produz 
identidade na fé cristã, pois segura a coerência nas variadas tentativas de traduzir 
as narrativas bíblicas em ensinamentos teológicos. Não é por uma compreensão 
(supostamente) literal, direta, que nega a diferença de tempo e contexto entre o 
momento da escrita e da leitura, como sustenta Schleiermacher.
FIGURA 10 – LEITURA TEOLÓGICA
FONTE: <https://bit.ly/3x312iO>. Acesso em: 15 set. 2020.
TÓPICO 2 — NATUREZA E DEFINIÇÃO DO UNIVERSO TEOLÓGICO
27
É possível, então, assumir que a teologia é uma atividade com responsa-
bilidade metodológica para falar sobre Deus, em uma abordagem que proclama a 
boa nova e objetiva difundi-la. Não deve se restringir a teólogos academicamente 
formados, mas é, fundamentalmente, dever deles apresentar e desenvolver argu-
mentos de natureza teológica sobre a fé. É nesse sentido que, sob o prisma episte-
mológico, podemos afirmar que a teologia é ciência, uma vez que se dedica a inves-
tigar o que se concebe no campo da fé como verdade, além de apresentar o que dela 
apreende, por meio de argumentos que podem ser postos à prova (BARTH, 2000).
Epistemologia (do grego episteme, que significa “ciência”, e logos, “teoria”) 
é uma disciplina que toma as ciências como objeto de investigação tentando reagrupar: 
• a crítica do conhecimento científico (exame dos princípios, das hipóteses e das conclu-
sões das diferentes ciências, tendo em vista determinar seu alcance e seu valor objetivo); 
• a filosofia das ciências (empirismo, racionalismo etc.); 
• a história das ciências. O simples fato de hesitarmos, hoje, entre duas denominações 
(epistemologia e filosofia das ciências) já é sintomático. 
Segundo os países e os usos, o conceito de “epistemologia” serve para designar, seja uma teo-
ria geral do conhecimento (de natureza filosófica), seja estudos mais restritos concernentes à 
gênese e à estruturação das ciências. No pensamento anglo-saxão, epistemologia é sinônimo 
de teoria do conhecimento (ou gnoseologia), sendo mais conhecida pelo nome de “philoso-
phy of science”. Nesse sentido, fala-se de epistemologia a propósito dos trabalhos de Piaget, 
versando sobre os processos de aquisição dos conhecimentos na criança. O fato é que um 
tratado de epistemologia pode receber títulos tão diversos como: “A lógica da pesquisa cien-
tífica”, “Os fundamentos da tisica”, “Ciência e sociedade”, “Teoria do conhecimento científico”, 
“Metodologia científica”, “Ciência da ciência”, “Sociologia das ciências” etc. Por essa simples 
enumeração, podemos ver que a epistemologia é uma disciplina proteiforme que, segundo 
as necessidades, se faz “lógica”, “filosofia do conhecimento”, “sociologia”, “psicologia”, “histó-
ria” etc. Seu problema central, e que define seu estatuto geral, consiste em estabelecer se o 
conhecimento poderá ser reduzido a um puro registro, pelo sujeito, dos dados já anteriormen-
te organizados, independentemente dele no mundo exterior, ou se o sujeito poderá intervir 
ativamente no conhecimento dos objetos. Em outras palavras, o interesse é voltado para o 
problema do crescimento dos conhecimentos científicos. Por isso, podemos defini-la como a 
disciplina que toma por objeto não mais a ciência verdadeira de que deveríamos estabelecer 
as condições de possibilidade ou os títulos de legitimidade, mas as ciências em via de se faze-
rem, em seu processo de gênese, de formação e de estruturação progressiva.
FONTE: JAPIASSÚ, H.;  MARCONDES, D.  Dicionário  básico de  Filosofia. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar; 2001.
IMPORTANT
E
Isso não significa dizer que a teologia se reduz ao aspecto acadêmico. É 
possível que todos nós, em dado momento, sejamos teólogos, uma vez que seja-
mos cristãos, como afirmava Lutero (MOLTMANN, 2004).
28
UNIDADE 1 — OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL
A teologia tem como objetivo mais propriamente discutir, proclamar e 
abordar Deus do que Deus por si só. Analisa como a fé se manifesta e é explicita-
da em diversos meios do cotidiano, principalmente no que diz respeito a aspectos 
relevantes para o contexto contemporâneo em determinado lugar.
Sem, de modo algum, querer desrespeitar a última, que é de alta impor-
tância para o esclarecimento do fenômeno religioso, a teologia se distingue cla-
ramente em que enfoca a religião cristã e trata de questões normativas, além de 
descritivas (BRANDT, 2006).
2.1 TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIA
Mesmo que teologia e filosofia/ciência compartilhem, de modo direto, de 
um terreno de fronteira em que se busca aprimorar o ser humano e sua condição, 
cada uma o faz a seu modo: o elemento filosófico/científico no exercício teológico 
é o da filosofia/ciência, mas que, ao ser colocado em relação ao olhar teológi-
co, passa por certa transformação; já o elemento teológico no exercício filosófico/
científico é o da teologia, mas que, ao ser colocado em relação ao olhar filosófico/
científico, passa por certa transformação. Assim, temos o principal ponto, tanto 
da riqueza como das tensões desse debate.
FIGURA 11 – LEITURA E FÉ
FONTE: <https://ftsa.edu.br/home/images/teologia.png>. Acesso em: 2 set. 2020.
Tanto a teologia como a filosofia falam, cada qual a seu modo, a partir de 
uma interpretação dual acerca da realidade e do aprimoramento humano. A filoso-
fia, por mais que tenha demonstrado tal interesse, não consegue promover uma in-
terpretação metafísica, a qual pode estar pautada num horizonte atemporal, como 
na visão do mundo platônico; ou buscado uma dimensão de exaltação do ser.
A teologia tem como grande

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