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OAB Direito Processual Penal - Capitulo 10

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OAB
EXAME DE ORDEM
DIREITO PROCESSUAL 
PENAL
Capítulo 10
 
1 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1 – Sistemas Processuais. Princípios.  
Capítulo 2 – Aplicação da Lei Processual Penal.  
Capítulo 3 – Inquérito policial.   
Capítulo 4 – Ação penal.     
Capítulo 5 – Competência Criminal.     
Capítulo 6 – Das provas.     
Capítulo 7 – Das prisões.     
Capítulo 8 – Questões e processos incidentes.   
Capítulo 9 – Sujeitos e Comunicação dos atos.  
Capítulo 10 (você está aqui!) – Processo e Procedimentos.      
Capítulo 11 – Sentença e Nulidades  
Capítulo 12 – Recursos      
Capítulo 13 – Ações Autônomas   
 
 
2 
SOBRE ESTE CAPÍTULO 
 
E ai, OABeiro! Tudo certinho? 
A apostila de número 10 do nosso curso de Direito Processual Penal tratará sobre Processos e 
Procedimentos, matéria que é comumente cobrada no Exame de Ordem ao decorrer desses 
anos! De acordo com a nossa equipe de inteligência, esses assuntos estiveram presentes 11 
VEZES nos últimos 3 anos, sendo considerados assuntos de altíssima recorrência! 
Tribunal do Júri, de acordo com o levantamento feito, este assunto foi cobrado 4 vezes nos 
últimos exames realizados. 
Por seu turno, o procedimento comum foi cobrado 5 vezes nas últimas provas! 
Por fim, mas não menos importante, O JECRIM foi cobrado apenas 2 vezes! 
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta 
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei 
e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha. 
Lembre-se: A resolução de questões é a chave para a aprovação! 
Vamos juntos! 
 
 
3 
SUMÁRIO 
DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................................................... 6 
Capítulo 10 ................................................................................................................................................ 6 
10. Tema principal ................................................................................................................................... 6 
8.1. Processo e Procedimento .................................................................................................................................. 6 
8.1.1. Noções gerais ......................................................................................................................................................... 6 
8.2. PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO ...................................................................................................... 8 
8.2.1. Oferecimento da peça acusatória .................................................................................................................. 8 
8.2.2. Rejeição da peça acusatória ............................................................................................................................. 9 
8.2.3. Citação do acusado e resposta à acusação ........................................................................................... 10 
8.2.4. Revelia ..................................................................................................................................................................... 11 
8.2.5. Absolvição sumária ............................................................................................................................................ 12 
8.2.6. Designação da audiência ................................................................................................................................ 15 
8.2.7. Audiência una de instrução e julgamento .............................................................................................. 15 
8.3. PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO ....................................................................................................... 19 
8.3.1. Noções gerais ...................................................................................................................................................... 19 
8.3.2. Etapas do procedimento sumário............................................................................................................... 20 
8.3.3. Distinção entre o procedimento comum ordinário e o procedimento comum sumário .. 21 
8.4. PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI........................................................................... 22 
8.4.1. Noções gerais ...................................................................................................................................................... 22 
8.4.2. Princípios constitucionais do júri ................................................................................................................ 23 
8.4.3. Procedimento bifásico do Tribunal do Júri............................................................................................. 26 
8.4.4. Iudicium accusationes (ou sumário da culpa) ....................................................................................... 27 
8.4.5. Impronúncia.......................................................................................................................................................... 30 
 
4 
8.4.6. Desclassificação do delito .............................................................................................................................. 32 
8.4.7. Absolvição sumária ............................................................................................................................................ 35 
8.4.8. Pronúncia ............................................................................................................................................................... 37 
8.4.9. Desaforamento .................................................................................................................................................... 43 
8.4.10.Preparação do processo para julgamento pelo Tribunal do Júri ................................................. 46 
8.4.11.Organização do Júri .......................................................................................................................................... 49 
8.4.12.Sessão de julgamento ..................................................................................................................................... 54 
8.4.13.Quesitação ............................................................................................................................................................ 64 
8.4.14.Desclassificação .................................................................................................................................................. 69 
8.4.15.Sentença ................................................................................................................................................................ 70 
8.4.16. Execução provisória no caso de condenação pelo Júri a uma pena igual ou superior a 15 
(quinze) anos de reclusão ........................................................................................................................................... 75 
8.5. PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO ............................................................................................. 79 
8.5.1. Competência dos Juizados Especiais Criminais .................................................................................... 81 
8.5.2. Termo Circunstanciado .................................................................................................................................... 84 
8.5.3. Situação de flagrância nas infrações de menor potencial ofensivo ............................................ 84 
8.5.4. Fase preliminar dos Juizados ........................................................................................................................ 85 
8.5.5. Oferecimentoda peça acusatória ............................................................................................................... 91 
8.5.6. Representação nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas................................... 93 
8.5.7. Suspensão condicional do processo ......................................................................................................... 93 
QUADRO SINÓTICO .............................................................................................................................. 97 
QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................ 107 
GABARITO ............................................................................................................................................ 119 
QUESTÃO DESAFIO ............................................................................................................................. 120 
GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................ 121 
 
5 
LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................. 125 
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................ 127 
MAPA MENTAL ................................................................................................................................... 133 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 134 
 
 
 
6 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Capítulo 10 
10. Tema principal 
8.1. Processo e Procedimento 
8.1.1. Noções gerais 
Os procedimentos são divididos em duas grandes classes: os especiais e os comuns (CPP, 
art. 394, caput). 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. 
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada 
for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada 
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na 
forma da lei. 
Procedimento especial é todo aquele previsto no âmbito do Código de Processo Penal 
ou de Leis Especiais para as hipóteses legais específicas, incorporando regras próprias de 
tramitação processual visando à apuração dos crimes que constituem o objeto de sua disciplina. 
Exemplos: Procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts. 513 a 
518); Procedimento dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523); Procedimento relativo aos 
 
7 
processos de competência do tribunal do júri (arts. 406 a 497); Lei de Drogas (Lei 11.343/2006); 
Procedimento dos crimes de competência originária dos tribunais (Lei 8.038/1990) etc. 
Já o procedimento comum é o rito padrão ditado pelo Código de Processo Penal para 
ser aplicado residualmente, ou seja, na apuração de crimes para os quais não haja procedimento 
especial previsto em lei (art. 394, § 2.º). De acordo com o art. 394, § 1.º, do CPP, o procedimento 
comum subdivide-se em três espécies, condicionando-se a respectiva aplicação à quantidade 
da pena máxima cominada in abstrato e, conforme o caso, à natureza da infração. Consistem: 
 Procedimento comum ordinário: adequado para a apuração de crimes cuja sanção 
máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade (art. 
394, § 1.º, I). 
 Procedimento comum sumário: destinado à apuração de crimes cuja sanção máxima 
cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de liberdade (art. 394, § 1.º, II), 
excluindo-se, porém, as que devam ser apuradas por meio do rito sumaríssimo. 
 Procedimento comum sumaríssimo: cabível em relação às infrações de menor potencial 
ofensivo, como tal definidas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena 
máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa (art. 394, § 1.º, III). Cuida-
se, em verdade, do rito adequado à apuração das infrações de competência dos juizados 
especiais criminais, conforme dispõe o art. 61 da Lei 9.099/1995. 
Há, entretanto, certos delitos cuja apuração, que apesar de submeter-se ao procedimento 
comum, (dada à ausência de previsão de rito especial), não obedecerá aos critérios do art. 394, 
§ 1.º, do CPP, em face da existência de previsão legal expressa determinando regras distintas. 
Isto ocorre, muito especialmente, nas seguintes hipóteses: 
 Infrações penais praticadas com violência doméstica e familiar contra a mulher: ainda 
que a pena máxima cominada seja igual ou inferior a 2 (dois) anos, a infração penal 
cometida no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher não será 
submetida ao procedimento comum sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais. Tais 
infrações devem ser processadas e julgadas perante o juízo comum, ou, se houver, pela 
Vara especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, sendo o 
 
8 
procedimento comum ordinário ou sumário determinado a partir do quantum de pena 
cominado ao delito, nos termos do art. 394, § 1º, I e II, do CPP. 
 Crimes tipificados no Estatuto do Idoso cuja pena máxima não ultrapasse 4 (quatro) 
anos: de acordo com o art. 94 da Lei n° 10.741/03, o procedimento a ser adotado neste 
caso será o previsto na Lei n° 9.099/95, ou seja, o procedimento comum sumaríssimo. 94 
da Lei n° 10.741/03 é categórico no sentido de firmar a aplicação do procedimento 
comum sumaríssimo. Como se trata de lei especial, este dispositivo deve prevalecer sobre 
o quanto disposto no CPP. Outrossim, se a pena do crime tipificado no Estatuto do Idoso 
ultrapassar 4 (quatro) anos, tal delito deverá ser julgado perante o juízo comum, 
aplicando-se, todavia, o procedimento comum ordinário. 
 Crimes falimentares (Lei 11.101/2005): Determina o art. 185 da Lei 11.101/2005 que, 
uma vez recebida a denúncia ou a queixa subsidiária, observar-se-á o rito previsto nos 
arts. 531 a 540 do CPP (art. 185). Ora, com as alterações introduzidas ao Código de 
Processo Penal pela Lei 11.719/2008, os arts. 531 a 540 citados passaram a corresponder 
ao procedimento sumário cujos atos estão agora sequenciados nos arts. 531 a 536 do 
CPP. Isto quer dizer que, independentemente de o apenamento máximo previsto a tal 
espécie de delitos ser inferior, igual ou superior a quatro anos, será aplicável, na respectiva 
apuração, o procedimento sumário, nos termos disciplinados nos aludidos arts. 531 a 536 
do CPP. 
 
8.2. Procedimento Comum Ordinário 
8.2.1. Oferecimento da peça acusatória 
A inicial acusatória deve conter os requisitos do art. 41 do CPP, instruídas, ainda, com o 
mínimo de lastro probatório quanto à autoria e à materialidade do fato. Neste momento, 
deverão ser arroladas as testemunhas da acusação, até o máximo de 08 (oito), não incluindo 
nesse número as testemunhas não compromissadas (art. 401), o ofendido e os peritos que 
tenham atuado no feito. 
Quanto a estas duas últimas categorias, sua desconsideração no máximo legal decorre da 
circunstância de que não são testemunhas no sentido técnico do termo, tanto que são tratados 
 
9 
à parte pelos arts. 400 e 531 do CPP ao disciplinarem a ordem de produção da prova oral em 
audiência. 
Em se tratando de acusado preso, a exordial deverá ser oferecida no prazo de cinco dias 
e, se estiver solto, em quinze dias (art. 46). 
8.2.2. Rejeição da peça acusatória 
O art. 395 do CPP trata das causas de rejeição da denúncia ou da queixa-crime, 
estabelecendo que ocorrerá nos casos em que: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I -for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação 
penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 For manifestamente inepta: dá-se a inépcia da inicial quando lhe faltarem os requisitos 
essenciais previstos no art. 41 do CPP, quais sejam, a exposição do fato criminoso com 
todas suas circunstâncias e a qualificação mínima do acusado ou elementos pelos quais 
se possa identificá-lo, além de outros exigidos pela doutrina, como o endereçamento 
ao juízo competente, a assinatura do membro do Ministério Público ou do advogado 
do querelante e redação em vernáculo. 
A inépcia da peça acusatória pode ser formal ou material. Inépcia formal ocorre quando 
a peça acusatória não preenche os requisitos obrigatórios do art. 41 do CPP. Por outro lado, a 
inépcia material se dá quando não há justa causa para a ação penal, ou seja, quando a peça 
acusatória não está respaldada por aquele lastro probatório mínimo indispensável para a 
instauração de um processo penal, hipótese em que a rejeição da peça acusatória terá como 
fundamento o inciso III do art. 395. 
 Faltar Pressuposto Processual ou Condição para o exercício da ação penal: 
consideram-se como pressupostos processuais o desencadeamento da ação penal por 
 
10 
meio da denúncia ou da queixa; a competência do juízo; a existência de partes que 
possam estar validamente em juízo em nome próprio ou alheio; e a originalidade da 
demanda (inocorrência de litispendência ou coisa julgada). Já as condições para o 
exercício da ação penal têm pertinência não apenas em relação às condições de 
procedibilidade, como a representação do Ministério Público e a requisição do Ministro 
da Justiça nos crimes em que a ação penal estiver condicionada a tais formalidades, 
como também às condições gerais da ação relacionadas à existência de legitimidade ad 
causam ativa e passiva, possibilidade jurídica do pedido de condenação e interesse de 
agir. 
 Faltar justa causa para o exercício da ação penal: respeita, em linhas gerais, à existência 
de um lastro probatório mínimo que torne idônea a imputação realizada na denúncia 
ou na queixa. 
 
 Recurso cabível contra a rejeição da peça acusatória 
Conforme o art. 581, inciso I, do CPP, caberá recurso em sentido estrito contra a decisão 
que não receber a denúncia ou a queixa. Especial atenção deve ser dispensada à Lei n° 9.099/95, 
que prevê que caberá apelação da decisão de rejeição da denúncia ou queixa (art. 82, caput), 
apelação esta que deve ser interposta no prazo de 10 (dez) dias. 
8.2.3. Citação do acusado e resposta à acusação 
O art. 396 do CPP dispõe que, nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia 
ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado 
para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias. 
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida à denúncia ou 
queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a 
citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 
(dez) dias. 
Uma vez ajuizada a inicial acusatória, caberá ao juiz verificar se, eventualmente, não se 
perfazem as situações mencionadas no art. 395 do CPP. Concorrendo qualquer das situações 
referidas nos incisos I, II e III do art. 395, deverá ele rejeitar liminarmente a exordial. Caso 
 
11 
contrário, deverá receber a denúncia ou a queixa-crime e determinar a citação do acusado para 
apresentar resposta, em dez dias. 
Não localizado para citação pessoal, será o imputado citado por edital, caso em que o 
processo ficará suspenso e o prazo para a apresentação de resposta apenas começará a fluir a 
partir de seu comparecimento pessoal ou do defensor constituído, conforme dispõe o art. 396, 
parágrafo único, do CPP. 
Art. 396. 
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa 
começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do 
defensor constituído. 
Por fim, de acordo com o art. 396-A, na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e 
alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as 
provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando 
necessário. 
8.2.4. Revelia 
Após a citação, o acusado fica vinculado ao processo, com todos os ônus daí decorrentes. 
Logo, se o acusado tiver sido citado pessoalmente e deixar de apresentar resposta à acusação, 
o processo correrá a sua revelia, o que também irá ocorrer caso mude de endereço sem 
comunicar ao juízo seu novo endereço. 
A propósito, o art. 367 do CPP estabelece que: 
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou 
intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem 
motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar 
o novo endereço ao juízo. 
 
12 
A revelia também será decretada se o acusado, notificado pessoalmente para qualquer ato 
do processo, deixar de comparecer e não justificar sua ausência. Pelo menos em regra, essa 
ausência deve ser justificada antes da realização do ato processual. Se aceita, deve o magistrado 
determinar seu adiamento. 
No entanto, pode haver situações em que a escusa só possa ser apresentada após a prática 
do ato (v.g., acidente automobilístico no dia da audiência). Caso a justificativa seja aceita pelo 
juiz, nada impede que seja determinada a renovação do ato, preservando-se, assim, a autodefesa 
à que o acusado faz jus. 
8.2.5. Absolvição sumária 
Oferecida a resposta pelo acusado, os autos deverão ser conclusos ao juiz, ocasião em que 
verificará a possibilidade de antecipar, mediante juízo de valor, o resultado final da demanda, 
para o fim de absolver sumariamente o acusado, com fundamento no art. 397. 
Ressalta-se que, nesta oportunidade, a decisão do magistrado deverá seguir o critério 
eminentemente pro societate, o que lhe impõe, na dúvida, não absolver o réu e determinar o 
prosseguimento normal do processo. 
 Julgamento antecipado da lide no processo penal 
O art. 397 do CPP permite que, no limiar do processo, e antes mesmo de iniciada a 
instrução probatória em juízo, seja o acusado absolvido sumariamente, desde que presente uma 
das hipóteses ali elencadas. Trata-se, à evidência, de verdadeiro julgamento antecipado da lide, 
nos mesmos moldes do que já existia no procedimento originário dos Tribunais e no 
procedimento dos crimes funcionais. 
 Causas de absolvição sumária no procedimento comum 
Segundo o art. 397 do CPP, após a apresentação da resposta à acusação, o juiz deverá 
absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
 
13 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, 
deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando 
verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do 
agente, salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
 
I - Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato: o acusado deve ser 
absolvido sumariamente quando o juiz estiver convencido que o crime foi praticado sob o 
amparo de causa excludente da ilicitude, ou seja, em estado de necessidade, legítima defesa, 
estrito cumprimento de dever legal e no exercício regular de direito. Também é possível a 
absolvição sumária com fundamento nas causas excludentes da ilicitude (justificantes) 
previstas na Parte Especial do Código Penal e em leis especiais (CP, arts. 128, I e II, 142, I, II 
e III, 146, § 3º, 150, § 3º, I e II, etc.), assim como nas causas supralegais de exclusão da ilicitude, 
como, por exemplo, o consentimento do ofendido; 
II- Existência manifestade causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inim- 
putabilidade: É necessário juízo de certeza, isto é, prova estreme de dúvidas quanto à 
ocorrência de excludentes de culpabilidade. Na medida em que o art. 397, II, fine, do CPP 
ressalva a inimputabilidade do acusado como motivo de absolvição sumária, conclui-se que 
as excludentes de culpabilidade que permitem tal absolvição abrangem o erro de proibição 
inevitável (art. 21 do CP), a coação moral irresistível e a obediência hierárquica à ordem não 
manifestamente ilegal (art. 22 do CP) e a embriaguez fortuita completa (art. 28, § 1.º, do CP). 
III – Não constituir o fato infração penal: trata-se da hipótese de atipicidade da conduta: 
reconhecida a atipicidade formal ou material da conduta delituosa, é possível a absolvição 
sumária do agente. A título de exemplo, se o juiz verificar a possibilidade de aplicação do 
 
14 
princípio da insignificância, porquanto presentes seus 4 (quatro) requisitos - mínima 
ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzido grau 
de reprovabilidade do comportamento e relativa inexpressividade da lesão jurídica -, deverá 
absolver sumariamente o agente. 
IV – Encontrar-se extinta a punibilidade: dentre as causas de absolvição sumária, o legislador 
elencou a hipótese em que o magistrado verificar a presença de causa extintiva da 
punibilidade (v.g., morte do agente, prescrição, decadência, etc.). Para Renato Brasileiro houve 
um equívoco, porquanto prevalece o entendimento de que a sentença que declara extinta a 
punibilidade não é absolutória, pois o magistrado declara simplesmente que o Estado não 
tem mais a possibilidade de aplicar sanção penal ao acusado, ou seja, não analisa se ele é 
inocente ou culpado. Nesse sentido, aliás, eis o teor da súmula n° 18 do STJ: “A sentença 
concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo 
qualquer efeito condenatório.” 
 Distinção entre a absolvição sumária do procedimento comum e a da 1ª fase do 
procedimento do júri 
Não se pode confundir a absolvição sumária do procedimento comum com aquela da fase 
do procedimento do júri. Na absolvição sumária do procedimento comum, o decreto absolutório 
ocorre antes mesmo de iniciada a instrução processual; no âmbito do júri, ocorre ao final da 1.ª 
fase do procedimento bifásico, ou seja, após a realização da instrução preliminar perante o juiz 
sumariante. 
Quanto aos fundamentos, enquanto a absolvição sumária no procedimento comum pode 
ocorrer nas hipóteses acima mencionadas, o art. 415 do CPP estabelece que: 
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, 
quando: 
I – provada a inexistência do fato; 
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; 
III – o fato não constituir infração penal; 
 
15 
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. 
 Recurso adequado 
O recurso cabível contra a absolvição sumária é o de apelação. Afinal, trata-se de sentença 
definitiva de absolvição proferida por juiz singular (CPP, art. 593, inciso I)1. 
8.2.6. Designação da audiência 
Caso o acusado não seja absolvido sumariamente, o procedimento seguirá seu curso 
normal. Estabelece o art. 399 do CPP que: 
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para 
a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do 
Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. 
Será necessário, todavia, notificar o ato ao ofendido (vítima), conforme o art. 201, § 2.º, do 
CPP, ainda que não esteja ocupando a posição de querelante ou de assistente do Ministério 
Público e mesmo que não tenha sido requerido seu depoimento por qualquer das partes. Isso 
ocorre porque, conforme consta do citado art. 201, trata-se de direito do ofendido ser 
comunicado da data da audiência de instrução. 
8.2.7. Audiência una de instrução e julgamento 
 Do prazo e da instrução probatória em audiência 
A audiência de instrução e julgamento deverá ser realizada no prazo máximo de 60 dias 
(art. 400, caput). Ao dispor sobre esse prazo, nada disse o art. 400 do CPP se seria referente a 
acusado preso ou solto. Logo, conclui-se que referido prazo aplica-se a ambos. 
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo 
máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do 
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela 
 
1 Vide questão 10 desse material. 
 
16 
defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 2222 deste Código, bem 
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento 
de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. 
Visando agilizar a marcha processual e concentrar ao máximo a realização dos atos 
processuais, estabeleceu o art. 400, § 1.º, que as provas serão produzidas numa só audiência, 
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. 
Evidentemente, esse parágrafo está se referindo à prova oral, e não a outras provas cuja natureza 
exija realização a posteriori (requisição de documentos, novas perícias etc.). 
 Prova irrelevante: é aquela que, apesar de tratar do objeto da causa, não possui aptidão 
de influir no julgamento da causa (v.g., acareação por precatória); 
 Prova impertinente: é aquela que não diz respeito à questão objeto de discussão no 
processo. 
 Prova protelatória: é aquela que visa apenas ao retardamento do processo. 
Por fim, tenha em mente que nada obsta que a audiência única seja desmembrada em 
várias solenidades, ou seja, que se inicie em uma determinada data, mas que, pela 
impossibilidade de produção de todas as provas nesse mesmo dia (v.g. pelo número excessivo 
de testemunhas a serem ouvidas, em razão da ausência de testemunha notificada para o ato; 
em face do adiantado da hora etc.), tenha seu prosseguimento em outra ou outras datas 
distintas. 
 Diligências 
O momento para o requerimento de diligências está regulamentado pelo art. 402 do CPP, 
que assim dispõe: 
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, 
o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer 
diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados 
na instrução. 
 
2 Vide questão 03 desse material 
 
17 
Esse requerimento de diligências deverá ser feito na própria audiência. Todavia, se 
porventura o interrogatório for feito mediante carta precatória, cuja possibilidade tem sido 
admitida pela doutrina e pela jurisprudência, uma vez apensado aos autos a carta precatória 
com o interrogatório, deverá o juiz abrir vista dos autos às partes no prazo de 5 (cinco) dias 
para que se manifestem quanto ao interesse na realização de diligências. 
Nesta fase que se segue à produção da prova oral em audiência, duas situações distintas 
poderão ocorrer: 
1. As partes não requerem qualquer diligência ou são indeferidas pelo juiz as diligências 
postuladas. Em tal situação, o juiz oportunizará, imediatamente, às partes, a apresentação 
de alegações finais orais, concedendo, primeiro à acusação e, após, à defesa, o prazo de 
vinte minutos, prorrogáveis por mais dez (art. 403). Havendo mais de um acusado, o 
tempo previsto para a defesa de cada um será individual (§ 1.º). Se houver assistente de 
acusação habilitado nos autos, este, após o tempo do Ministério Público, terá dez minutos 
para suas alegações. Nesse caso, o tempo destinado às alegações da defesa, a serem 
oferecidas logo depois, também será acrescido desse quantitativo. 
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, 
serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, 
respectivamente, pela acusação e peladefesa, prorrogáveis por mais 10 
(dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. 
 
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada 
um será individual. 
Vencida esta etapa, proferirá o juiz, em audiência, sentença, sem embargo da possibilidade 
a ele conferida pelo art. 403, § 3.º, no sentido de, em vista da complexidade do caso ou do 
número de acusados, conceder às partes o prazo de cinco dias, sucessivamente, para 
apresentação de memoriais escritos, caso em que ele, magistrado, terá o prazo de dez dias após 
a conclusão dos autos para proferir sentença (art. 403, § 3.º). 
§ 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de 
acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para 
 
18 
a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias 
para proferir a sentença. 
2. O juiz determina diligências ex officio ou defere as que tenham sido requeridas pelas 
partes: nessa hipótese, a audiência será concluída sem as alegações finais orais (art. 404, 
caput). Cumpridas as diligências requeridas ou as que tiverem sido determinadas 
oficiosamente, serão acusação e defesa notificadas para a apresentação de memoriais 
escritos no prazo de cinco dias, sucessivamente, proferindo o juiz, depois, sentença em 
dez dias (art. 404, parágrafo único). 
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a 
requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. 
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes 
apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, 
por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. 
 Sentença 
Se realizadas as alegações finais em audiência, de forma oral, poderá o juiz, na própria 
solenidade judicial, proferir a decisão (art. 403, caput). O magistrado poderá substituir as 
alegações orais por memoriais escritos em face da complexidade do caso, do número de 
acusados (art. 403, § 3.º) ou da necessidade de serem realizadas diligências (art. 404, parágrafo 
único). 
Caso as alegações orais sejam substituídas por memoriais, o juiz terá o prazo de 10 (dez) 
dias para proferir a sentença (CPP, art. 403, § 3º). Neste caso, como a sentença não será proferida 
na própria audiência, é importante lembrar que, por força da introdução do princípio da 
identidade física do juiz, cabe ao magistrado que chamou os autos à conclusão proferir a 
sentença, o que não acontecia antes da Lei n° 11.719/08, onde havia uma desvinculação absoluta 
entre a colheita da prova e a figura do julgador. 
 Registro da audiência 
 
19 
Estabelece o art. 405 do CPP que, do ocorrido em audiência, será lavrado termo assinado 
pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos no curso da 
solenidade. 
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, 
assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos 
relevantes nela ocorridos. 
§ 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, 
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de 
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive 
audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. 
§ 2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes 
cópia do registro original, sem necessidade de transcrição. 
8.3. Procedimento Comum Sumário 
8.3.1. Noções gerais 
O procedimento comum sumário será utilizado quando tiver por objeto crime cuja sanção 
máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) e superior a 2 (dois) anos de pena privativa de 
liberdade. É o que acontece, a título de exemplo, com o crime de homicídio culposo previsto 
no art. 121, § 3º, do Código Penal, cuja pena é de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Necessário, porém, excluir da abrangência desse rito as infrações de menor potencial 
ofensivo (as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não ultrapasse dois anos, 
cumulada ou não com multa) quando em tramitação perante o juizado especial criminal, pois, 
de acordo com o art. 394, § 1.º, III, do CPP, nesses casos, o procedimento aplicável será o 
sumaríssimo. Contudo, se as infrações de competência do JECRIM forem encaminhadas ao juízo 
comum, v.g., em razão da necessidade de citação editalícia ou da complexidade dos fatos, 
deverão ser apuradas por meio do procedimento sumário, ex vi do que estabelece o art. 538 
do CPP. 
 
20 
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o 
juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum às peças existentes 
para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento 
sumário previsto neste Capítulo. 
 
8.3.2. Etapas do procedimento sumário 
Será o procedimento comum sumário constituído das seguintes etapas: 
 Oferecimento de denúncia ou queixa-crime: observa os requisitos do art. 41 do 
CPP. Poderão ser arroladas até 05 testemunhas, não computadas as que não forem 
sujeitas a compromisso, nos termos do art. 401, § 1.º, aplicável por força do art. 394, 
§ 5.º. 
 Observância, pelo juiz, das regras dos arts. 395 a 397, aplicáveis a qualquer rito 
em razão do que prevê o art. 394, § 4.º. 
 Audiência de instrução, interrogatório e julgamento (art. 531): vencidas essas 
etapas e não tendo ocorrido a absolvição sumária prevista no art. 397 do CPP, segue-
se a audiência para colheita de prova oral, que deverá ser aprazada para daí a, no 
máximo, 30 dias. 
Anote-se que o art. 533 determina que se apliquem ao rito comum sumário as regras do 
art. 400, pertinentes à audiência do rito comum ordinário. Reza esse dispositivo que as provas 
orais (depoimentos do ofendido, testemunhas, peritos e réus) serão produzidas em uma só 
audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias 
(§ 1.º). Dispõe, ainda, que a prestação de esclarecimentos pelos peritos dependerá de 
requerimento prévio das partes (§ 2.º). 
Outro aspecto a ser considerado é que, segundo estabelece o art. 535, neste procedimento, 
nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, devendo o magistrado 
determinar a condução coercitiva de quem, notificado, injustificadamente, deixar de fazer-se 
presente. 
 
21 
 Alegações orais: produzida em audiência a prova oral, concederá o juiz às partes, em 
seguida, a palavra para alegações finais orais. Nesse momento, acusação e defesa 
terão vinte minutos, prorrogáveis por mais dez, para sustentação. Havendo mais de 
um acusado, o prazo para a defesa de cada um será individual (art. 534, § 1.º). Caso 
exista assistente de acusação habilitado, este poderá se manifestar em dez minutos 
após o Ministério Público, caso em que o tempo a este concedido será acrescido ao 
tempo da defesa (art. 534, § 2.º). 
No rito comum sumário, inexiste a previsão de oportunidade para que as partes requeiram 
diligências complementares ao juiz, ao contrário do que ocorre no rito comum ordinário. 
Não há, também, a previsão de que possa os debates ser substituídos por memoriais 
escritos, impondo-se, pelo regramento legal, que em seguida às alegações orais, o juiz profira 
sentença em audiência (art. 534). Essa regra, entretanto, pode ser flexibilizada em dadas 
situações, por exemplo, o número elevado de acusados – mesmo porque o art. 394, § 5.º, 
estabelece a possibilidade de aplicação subsidiária das regras do procedimento ordinário ao 
sumário. 
 Sentença: no rito comum sumário, devendo a sentença ser proferida em audiência, o 
princípio da identidade física do juiz (art. 399, § 2.º, do CPP) terá aplicação natural. 
Contudo, ainda que situações excepcionais obriguem à prolação de sentença em 
momento posterior, tal princípio deverá ser observado, pois não haveria sentido 
algum de sua imposição existir apenas em relação ao rito comum ordinário.8.3.3. Distinção entre o procedimento comum ordinário e o 
procedimento comum sumário 
Trata-se de procedimentos penais semelhantes, sendo apenas as seguintes as diferenças 
existentes entre eles: 
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO 
Apuração de infrações penais com pena máxima 
cominada igual ou superior a 04 anos. 
Apuração de infrações penais com pena máxima 
cominada inferior a quatro anos, ressalvadas as 
 
22 
infrações de competência do Juizado Especial 
Criminal, que obedecem ao rito sumaríssimo. 
Poderão ser arroladas pela acusação e defesa até 
08 testemunhas, ressalvadas as não 
compromissadas e as referidas (art. 400). 
Poderão ser arroladas pela acusação e defesa até 
05 testemunhas, ressalvadas as não 
compromissadas e as referidas (art. 532). 
A audiência para produção da prova oral deve ser 
aprazada em até 60 dias (art. 400), iniciando-se 
esta contagem, a nosso ver, da data em que o 
magistrado receber os autos para esse fim. 
A audiência deverá ser aprazada em até 30 dias 
(art. 531), sendo, igualmente, dies a quo a data da 
conclusão do processo ao juiz. 
Encerrada a produção da prova ora, será facultado 
pelo juiz às partes requererem diligências (art. 
402). 
Deve o magistrado, logo após a produção da 
prova oral, oportunizar às partes o oferecimento 
de alegações orais, proferindo, depois, sentença 
em audiência (art. 534). Não obstante, em casos 
excepcionais, mostrando-se imprescindível ao 
desfecho do processo a realização de diligências, 
reputamos que o juiz pode e deve deferi-las, a fim 
de evitar nulidade processual por cerceamento de 
acusação ou de defesa. 
 
8.4. Procedimento Especial Do Tribunal Do Júri 
8.4.1. Noções gerais 
O Tribunal do Júri é um órgão especial do Poder Judiciário de primeira instância, 
pertencente à Justiça Comum Estadual ou Federal, colegiado e heterogêneo, formado por um 
juiz togado, que é seu presidente, e por 25 (vinte e cinco) jurados, 7 (sete) dos quais compõem 
o Conselho de Sentença, que tem competência mínima para o processo e julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida. 
É temporário, porquanto constituído para sessões periódicas, sendo depois dissolvido, 
dotado de soberania quanto às decisões, tomadas de maneira sigilosa e com base no sistema 
da íntima convicção, sem fundamentação, de seus integrantes leigos. 
 
23 
8.4.2. Princípios constitucionais do júri 
Está previsto na Constituição Federal, no rol dos Direitos e Garantias Individuais e Coletivos, 
com natureza jurídica de órgão especial da Justiça Comum (Estadual ou Federal). De acordo 
com o art. 5º, inciso XXXVIII, da Constituição Federal, é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) 
a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a 
vida. 
 Plenitude de defesa 
A plenitude de defesa é prevista especificamente como garantia do Júri. É bem mais 
“ampla” do que a ampla defesa garantida a todos os litigantes em processo judicial ou 
administrativo, compreendendo dois aspectos distintos: 
 Plenitude da defesa técnica: o advogado de defesa não precisa se restringir a uma 
atuação exclusivamente técnica, ou seja, é perfeitamente possível que o defensor 
também utilize argumentação extrajurídica, valendo-se de razões de ordem social, 
emocional, de política criminal, etc. 
 Plenitude da autodefesa: é assegurado ao acusado é assegurado o direito de 
apresentar sua tese pessoal por ocasião do interrogatório, a qual também não precisa 
ser exclusivamente técnica, oportunidade em que poderá relatar aos jurados a versão 
que entender ser a mais conveniente a seus interesses. Daí o motivo pelo qual o juiz-
presidente é obrigado a incluir na quesitação a tese pessoal apresentada pelo 
acusado, mesmo que haja divergência entre sua versão e aquela apresentada pelo 
defensor, sob pena de nulidade absoluta por violação à garantia constitucional da 
plenitude de defesa. 
 
 
 Sigilo das votações 
A ninguém é dado saber o sentido do voto do jurado. Por esse motivo, aliás, é que o 
próprio Código de Processo Penal prevê que a votação ocorra em uma sala especial, onde 
serão distribuídos aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, 
 
24 
contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7 (sete) a palavra não, sendo que o Oficial de Justiça deve 
recolher em umas separadas as cédulas correspondentes aos votos e as não utilizadas. 
Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os 
jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do 
acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim 
de ser procedida a votação. 
A votação em sala especial não é incompatível com o princípio da publicidade. Isso porque 
a própria Constituição Federal permite que a lei possa limitar a presença, em determinados atos, 
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos em que haja interesse 
social (CF, art. 93, IX, c/c art. 5o, LX). 
Ainda, em decorrência do sigilo das votações, adota-se o sistema da incomunicabilidade 
dos jurados, cuja violação é causa de nulidade absoluta. Uma vez sorteados, os jurados serão 
advertidos que não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião 
sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, no valor de 1 (um) a 10 (dez) 
salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condição econômica do jurado (CPP, art. 
466, § 1º). 
§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez 
sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem 
manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do 
Conselho e multa, na forma do § 2º do art. 436 deste Código. 
 Por fim, atenta à proteção do sigilo das votações, a Lei n° 11.689/08 corrigiu antiga falha da 
situação no júri nos casos de votação unânime. De acordo com a nova redação do art. 483, § 
1º, do CPP, a resposta negativa de mais de 3 (três) jurados aos quesitos atinentes à materialidade 
do fato e autoria ou participação encerra a votação e implica a absolvição do acusado, sem que 
seja necessário se proceder à colheita dos demais votos. 
 
25 
§ 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos 
quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação 
e implica a absolvição do acusado. 
 
 Soberania dos veredictos 
A decisão coletiva dos jurados, isto é veredicto, é soberana. Desse modo, um tribunal 
formado por juízes togados não pode modificar, no mérito, a decisão proferida pelo Conselho 
de Sentença. Por determinação constitucional, incumbe aos jurados decidir pela procedência ou 
não da imputação de crime doloso contra a vida, sendo inviável que juízes togados se 
substituam a eles na decisão da causa. Calibri 
Importa dizer que, a impossibilidade de revisão do mérito das decisões do Júri não afasta 
a recorribilidade de suas decisões, sendo plenamente possível que o Tribunal determine a 
cassação de tal decisum, para que o acusado seja submetido a novo julgamento perante o 
Tribunal do Júri. 
 Competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida 
O Tribunal do Júri possui uma competência mínima, isto é, a de processar e julgar os crimes 
dolosos contra a vida, aí incluídos o homicídio (CP, art. 121), induzimento, instigação ou auxílio 
a suicídio (CP, art. 122), infanticídio (CP, art. 123) e abortos (CP, arts. 124, 125 e 126). 
Trata-se de uma cláusula pétrea. No entanto, isso não significa que o legislador ordinário 
não possa ampliar o âmbito de competência do Tribunal do Júri. É o que já ocorre com os 
crimes conexos e/ou continentes. Com efeito, por força do art. 78, inciso I, do CPP, além dos 
crimes dolosos contra a vida, também compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimesconexos, salvo em se tratando de crimes militares ou eleitorais, hipótese em que deverá se dar 
a obrigatória separação dos processos. 
Importante mencionar que, isoladamente considerados, as infrações penais a seguir 
enumeradas não são da competência do tribunal do júri: 
 
26 
 Latrocínio: o roubo qualificado pelo resultado morte, previsto no art. 157, §3°, II, do 
Código Penal, incluído pela Lei n. 13.654/18, não é considerado um crime contra a vida, 
mas sim um crime contra o patrimônio. 
 Ato infracional: de acordo com o art. 103 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 
n° 8.069/90), ao Juizado da Infância e da Juventude o processamento. 
 Genocídio: previsto na Lei n° 2.889/56, o genocídio não é considerado um crime contra 
a vida, pois tutela, na verdade, a existência de grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
daí por que deve ser processado e julgado perante um juiz singular. 
 Militar da ativa das Forças Armadas que comete homicídio doloso contra militar da 
ativa das Forças Armadas: este delito deve ser processado e julgado perante a Justiça 
Militar da União, ainda que ambos os militares não estejam em serviço. 
 Civil que comete crime de homicídio doloso contra militar das Forças Armadas em 
serviço em lugar sujeito à administração militar: deve ser processado e julgado perante 
a Justiça Militar da União. 
 Foro por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal: diante do princípio 
da especialidade, caso determinado agente possua foro por prerrogativa de função 
previsto na Constituição Federal, deverá ser processado e julgado perante o respectivo 
Tribunal, em detrimento da competência do Tribunal do Júri. Todavia, se o foro por 
prerrogativa de função do agente estiver previsto exclusivamente na Constituição Estadual 
(v.g., Secretários de Estado), deve prevalecer a Constituição Federal, com a consequente 
sujeição do agente a julgamento perante o júri, nos termos da Súmula n° 721 do STF 
(súmula vinculante n° 45); 
 Crime político de matar o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara 
dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal: cuidando-se de crime político previsto 
no art. 29 da Lei n° 7.170/83, não há falar em crime doloso contra a vida. Logo, a 
competência para o processo e julgamento desses delitos é de um juiz singular federal, 
nos termos do art. 109, IV, da Constituição Federal. 
8.4.3. Procedimento bifásico do Tribunal do Júri 
O rito do júri é escalonado, bipartido, estruturado em duas fases distintas: a primeira, 
denominada judicium accusatione ou sumário da culpa, abrangendo os atos praticados desde 
 
27 
o recebimento da denúncia até a pronúncia; e a segunda, chamada judicium causae, 
compreendendo os atos situados entre a pronúncia e o julgamento pelo Tribunal do Júri. 
 
8.4.4. Iudicium accusationes (ou sumário da culpa) 
Esta primeira fase do procedimento de apuração dos crimes dolosos contra a vida está 
disciplinada nos arts. 406 a 421 do CPP, constituindo-se dos seguintes atos processuais: 
 Oferecimento da denúncia ou queixa-crime subsidiária: Em regra, o procedimento do 
júri tem início com o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. Isso porque todos 
os crimes dolosos contra a vida - homicídio, participação em suicídio, infanticídio e 
abortos - são de ação penal pública incondicionada. Esta denúncia deve ser elaborada 
com fiel observância dos requisitos do art. 41 do CPP, atentando-se o Promotor de Justiça 
para a explicitação do elemento subjetivo do agente, obrigatoriamente doloso, além de 
substituição do tradicional pedido de condenação pelo pedido de pronúncia. 
 Rejeição liminar ou recebimento da inicial: constatando a ocorrência de qualquer das 
hipóteses mencionadas no art. 395 do CPP – inépcia da inicial, falta de pressuposto 
processual ou de condição para o exercício da ação penal e falta de justa causa para a 
ação penal, poderá o juiz rejeitar liminarmente a denúncia ou a queixa. Não sendo este 
o caso, procederá ao seu recebimento, ordenando a citação do acusado para resposta. 
 Citação do acusado: poderá ser realizada por qualquer dos critérios previstos em lei. 
Como regra, deverá ele ser citado pessoalmente. Não localizado, será cabível a sua citação 
por edital (arts. 361 e 363, § 1.º). Verificando o oficial de justiça que o réu está se 
ocultando para evitar a citação, esta poderá ser feita por hora certa (art. 362). 
 Resposta do acusado: o acusado terá o prazo de dez dias para responder à acusação, 
que será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, 
em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por 
edital (art. 406, § 2.º). 
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do 
acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
 
28 
§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo 
cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado 
ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. 
§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na 
denúncia ou na queixa. 
 
 Oitiva da acusação: apresentada a defesa, o juiz deverá notificar o Ministério Público ou 
o querelante para se manifestarem sobre eventuais preliminares arguidas na resposta do 
réu ou sobre documentos que, com ela, tenham sido acostados, no prazo de cinco dias 
(art. 409). 
 
§ 3º Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que 
interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as 
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), 
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. 
Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o 
querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. 
 
 Aprazamento de audiência de instrução, interrogatório, debates e decisão: após ter 
sido oportunizada à acusação falar sobre a resposta apresentada pelo réu, designará o 
magistrado, para daí até o máximo de dez dias, audiência para inquirição das testemunhas 
arroladas no processo e realização das diligências que tenham sido requeridas pelas 
partes (art. 410). As diligências a que se refere o Código são aquelas que podem ser 
realizadas em audiência, como esclarecimentos de peritos, acareações e reconhecimentos. 
 
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização 
das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. 
Ficou estabelecido que todas as provas (orais) serão produzidas em uma só audiência, 
podendo o juiz indeferir aquelas que considerar irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (art. 
411, § 2.º), bem como ordenar a condução coercitiva à audiência de quem, regularmente 
notificado, a ela deva comparecer (art. 411, § 7.º). 
 
29 
Art. 411. 
§ 2º As provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o juiz 
indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. 
Em audiência, a prova oral será produzida na seguinte ordem: 1. Declarações do ofendido, 
se possível; 2. Declarações das testemunhas de acusação e defesa, nessa ordem; 3. 
Esclarecimentos dos peritos, acareações e reconhecimento de pessoas ou coisas; 4. 
Interrogatório do acusado. 
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de 
declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas 
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos 
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas 
e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o 
debate. 
 
Esgotada a instrução probatória e não sendo o caso de aplicação da regra pertinente à 
mutatio libelli estabelecida no art. 384 do CPP (art. 411, § 3.º), passar-se-á à fase de debates 
orais, concedendo-se a palavra primeiroà acusação e, depois, à defesa, pelo prazo de 20 
minutos, prorrogáveis por mais dez (art. 411, § 4.º). 
Art. 411. 
§ 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o 
disposto no art. 384 deste Código. 
§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à 
acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por 
mais 10 (dez). 
Havendo assistente de acusação habilitado nos autos, a este será facultado se pronunciar 
em dez minutos, logo após a manifestação do promotor de justiça, caso em que esse tempo 
 
30 
será acrescido ao previsto para a defesa manifestar-se (art. 411, § 6.º). Se houver mais de um 
acusado, o tempo para a acusação e a defesa de cada um deles será individual (art. 411, § 5.º). 
Art. 411. 
§ 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação 
e a defesa de cada um deles será individual. 
§ 6º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão 
concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo 
de manifestação da defesa. 
Encerrados, pois, os debates orais, o juiz proferirá sua decisão quanto à admissibilidade da 
acusação inserta na denúncia ou na queixa, ou, então, o fará em dez dias, ordenando, para 
tanto, que os autos lhe sejam conclusos (art. 411, § 9.º). Neste momento, faculta-se ao 
magistrado pronunciar o réu, impronunciá-lo, absolvê-lo sumariamente ou desclassificar a 
infração penal. 
Art. 411 
§ 9º Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 
(dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. 
 
 Prazo para conclusão do sumário da culpa: art. 412 do CPP, a primeira fase do 
procedimento do júri deverá ser concluída no prazo máximo de 90 dias. 
Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) 
dias. 
 
8.4.5. Impronúncia 
A impronúncia está prevista no art. 414 do CPP: 
 
31 
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência 
de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, 
fundamentadamente, impronunciará o acusado. 
Não obstante, “enquanto não ocorrer à extinção da punibilidade, poderá ser formulada 
nova denúncia ou queixa se houver prova nova” (Art. 414, Parágrafo único). 
Em regra, a decisão de impronúncia é proferida após a apresentação das alegações orais 
pelas partes. Não obstante, é plenamente possível que referida decisão seja proferida em sede 
de juízo de retratação de RESE interposto contra a decisão de pronúncia (CPP, art. 581, IV), ou, 
ainda, em julgamento pela 2º instância, quando o juízo ad quem der provimento a RESE 
interposto contra anterior decisão de pronúncia. 
 Natureza jurídica e coisa julgada. 
Trata-se de decisão interlocutória mista terminativa. É decisão interlocutória, porque não 
aprecia o mérito para dizer se o acusado é culpado ou inocente; mista, porque põe fim a uma 
fase procedimental; e terminativa, porquanto acarreta a extinção do processo antes do final do 
procedimento. Logo, se não há análise do mérito, forçoso é concluir que referida decisão só 
produz coisa julgada formal. Isso significa dizer que, enquanto não ocorrer à extinção da 
punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. 
 Infração conexa 
Ao proferir a decisão de impronúncia em relação ao crime doloso contra a vida, o 
magistrado não pode se manifestar, desde logo, com referência ao crime conexo que não possua 
essa natureza. Relativamente a este, deverá aguardar o trânsito em julgado da sentença de 
impronúncia para somente depois julgá-lo, se for o competente, ou remetê-lo à apreciação do 
juiz que o seja. Nessa hipótese, portanto, o delito conexo não será julgado pelo Tribunal Popular, 
mas sim pelo juiz singular. 
 Recurso cabível 
Contra a decisão de impronúncia é cabível apelação, conforme dispõe o art. 416 do CPP. 
De fato, segundo a nova redação do art. 416 do CPP: 
 
32 
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária 
caberá apelação. 
 Impronúncia e despronúncia 
São conceitos que não se confundem. Ocorre a impronúncia na hipótese em que o juiz 
que conduz o processo, na fase da admissibilidade da acusação, conclui pela inexistência de 
indicativos de autoria ou de prova de materialidade do fato. Por essa razão, deixa de submeter 
o acusado ao Tribunal do Júri, determinando o arquivamento do processo criminal. 
Já a despronúncia ocorre quando uma anterior decisão de pronúncia é transformada em 
impronúncia em virtude da interposição de um recurso em sentido. É decisão que tem lugar em 
duas situações: primeira, quando, diante de recurso em sentido estrito interposto contra a 
pronúncia, o próprio juiz prolator daquela decisão, utilizando-se do juízo de retratação que é 
inerente ao RSE (art. 589 do CPP), reconsidera sua decisão anterior, não submetendo o acusado 
a júri popular; segunda, na hipótese em que o juiz não se retrata da pronúncia, mas o tribunal, 
julgando o recurso em sentido estrito interposto, revoga tal pronunciamento e determina o 
arquivamento do processo criminal. 
8.4.6. Desclassificação do delito 
 Cabimento 
Conforme o Art. 419 do CPP, quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, 
da existência de crime diverso dos referidos no § 1º do art. 74 do CPP (homicídio, induzimento, 
instigação ou auxílio a suicídio, infanticídio e aborto, em suas diversas modalidades), e não for 
competente para seu julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. 
A desclassificação a que se refere o art. 419 do CPP é para delito não doloso contra a vida, 
ou seja, para um crime que não seja da competência do próprio Tribunal do Júri - homicídio 
culposo, lesões corporais seguidas de morte, rixa qualificada pelo resultado morte, abandono 
de recém-nascido etc. 
 
33 
A desclassificação não importa em acréscimo de circunstância ou elemento novo ao fato 
descrito na inicial acusatória. Exemplo: Inicialmente ao imputar crime de homicídio, Juiz da vara 
do júri entende que não houve o dolo de matar, sendo caso de lesão corporal, aplicando-lhe 
ao art. 419 do CPP. Assim, quando o processo é remetido ao juízo criminal comum, este juízo 
poderá, imediatamente, proferir sentença absolvendo ou condenando o réu pelo crime de lesão 
corporal seguida de morte, independentemente de qualquer manifestação prévia das partes. 
Isso porque, ao defender-se do homicídio imputado nas condições narradas, implicitamente já 
se defendeu o acusado do crime de lesão corporal seguida de morte, não havendo, na 
desclassificação, nenhuma inovação em termos de acréscimo de circunstância ou elemento ao 
fato originalmente constante da inicial. 
Por outro lado, há casos em que a desclassificação importará em acréscimo de circunstância 
ou elemento novo ao fato descrito na inicial acusatória, a exemplo do crime da tentativa de 
homicídio. Imagine que houve uma denúncia em que o acusado desferiu contra a vítima, com 
uso de uma pistola, um tiro que lhe atingiu o braço direito, não consumando o resultado morte 
por circunstâncias alheias à sua vontade. Todavia, se na fase de admissibilidade da acusação, 
entender o juiz da vara do júri que o fato não se caracteriza um crime doloso contra a vida, 
deverá, tal como no caso anterior, proceder ao encaminhamento do processo ao juízo criminal 
comum. Se, contudo, nessa outra sede, constatar o magistrado que a hipótese reclama o 
reconhecimento de lesões corporais de natureza grave, eis que, comprovada a debilidade 
permanente do membro atingido, não poderá ele proferir sentença condenatória sem antes 
adotar as providências a que alude o art. 384 do CPP, que disciplina as regras da mutatio libelli. 
 Infração conexa 
Quanto à infração conexa, preceitua o parágrafo único do art. 81 do CPP que se o juiz vier 
a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver sumariamente o acusado, de maneiraque exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. 
Nesse caso, deve o juiz aguardar o julgamento do recurso voluntário que possivelmente 
será interposto contra a desclassificação (RESE). Isso porque é possível que o Tribunal de Justiça 
 
34 
(ou TRF) dê provimento ao recurso, pronunciando o réu. Ora, nesse caso, a competência para 
julgamento de ambos os delitos (homicídio doloso e crime conexo) será do Tribunal do Júri. 
Por outro lado, mantida a decisão de desclassificação pelo juízo ad quem, deve o juiz 
sumariante aplicar o disposto no art. 419, caput, do CPP, remetendo os autos ao juiz singular 
competente para conhecer a infração conexa. 
 Situação do acusado preso 
Conforme o art. 419, parágrafo único, do CPP, uma vez remetidos os autos do processo a 
outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso. A desclassificação não é causa de soltura 
de acusado que permaneceu preso durante o iudicium accusationis. 
Art. 419. 
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição 
deste ficará o acusado preso. 
Ao receber os autos do processo, o juízo singular competente para julgar a imputação 
desclassificada deverá, obrigatoriamente, reavaliar a necessidade da manutenção da prisão. Caso 
entenda que a prisão preventiva deva ser mantida, é obrigado a proferir decisão fundamentada 
nesse sentido. 
Do contrário, caso não haja necessidade de subsistência do cárcere ad cautelam, poderá o 
magistrado conceder liberdade provisória ao agente, com ou sem fiança, cumulada ou não com 
as medidas cautelares diversas da prisão listadas no art. 319 e 320 do CPP. 
 Recurso cabível 
É cabível o recurso em sentido estrito (RESE) fulcrado no art. 581, II, do CPP. Afinal, trata-
se, a desclassificação, de decisão que concluiu pela incompetência do juízo. Esse recurso em 
sentido estrito poderá ser interposto pelo Ministério Público, pelo querelante, pelo acusado e 
por seu defensor. 
 Conflito de competência 
 
35 
É possível que um juiz da Vara do Júri, diante de processo criminal por homicídio, 
desclassifique o crime para outro não doloso contra a vida, determinando o encaminhamento 
do processo ao juízo comum. Redistribuído o feito à Vara Criminal Comum, imagine-se que o 
respectivo juiz entenda que se trata sim de crime doloso contra a vida. 
Nesse caso, para uma primeira corrente, não poderá o Juiz de a Vara Criminal Comum 
suscitar conflito de competência. Isso porque o efetivo encaminhamento do processo à sua 
apreciação ocorreu apenas depois do trânsito em julgado da decisão desclassificatória. Ora, se 
o Ministério Público e a defesa não discordaram dessa decisão, deixando de recorrer, não será 
lícito ao juiz da Vara Comum, agora, insistir em restabelecer a imputação anterior. Há, contudo, 
uma segunda posição, que parece prevalente, aduzindo o oposto, vale dizer, no sentido de que 
é sim possível ao magistrado do juízo comum suscitar conflito nesse caso, pois se trata de 
questão que envolve competência ratione materiae, competência esta de natureza absoluta e, 
portanto, inatingível pela preclusão. 
8.4.7. Absolvição sumária 
A Lei n° 11.689/08 trouxe uma ampliação nas hipóteses de cabimento da absolvição 
sumária, não sendo apenas possível na 1ª fase do Júri, quando verificada a presença 
incontroversa de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. Muito pelo contrário, além 
das excludentes da ilicitude e da culpabilidade (CPP, art. 415, IV), que continuam autorizando a 
absolvição sumária, tal decisão também passa a ser cabível quando provada a inexistência do 
fato, provada a negativa de autoria ou de participação, ou quando o juiz entender que o fato 
não constitui infração penal (CPP, art. 415,1º, II e III). 
Assim, o juiz sumariante deverá, fundamentadamente, absolver o acusado quando: 
I – provada a inexistência do fato; 
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; 
 
36 
Não se confunde com a impronúncia. Na absolvição sumária, o juiz está plenamente 
convencido de que o acusado não é o autor do fato delituoso, ao passo que, na impronúncia, 
não há indícios suficientes de autoria ou de participação; 
III – o fato não constituir infração penal; 
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. 
Existir circunstância que isente o réu de pena (art. 415, IV, 1.ª parte): abrangem-se, neste 
caso, as descriminantes putativas (art. 20, § 1.º, 1.ª parte, do Código Penal) e as excludentes de 
culpabilidade propriamente ditas, quais sejam, o erro de proibição inevitável (art. 21 do CP), a 
coação moral irresistível e a obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal (art. 22 
do CP) e a embriaguez fortuita completa (art. 28, § 1.º, do CP). 
Existir circunstância que exclua o crime (art. 415, IV, 2.ª parte): trata-se, neste caso, das 
excludentes de ilicitude ou de antijuridicidade previstas no art. 23 do Código Penal, quais sejam, 
legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito ou estrito cumprimento do 
dever legal. 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de 
inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. 
Causa de isenção de pena consubstanciada na inimputabilidade por doença mental, 
quando esta se tratar da única tese defensiva (art. 415, IV, 1.ª parte, e parágrafo único). Embora 
seja a inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado 
uma causa de exclusão de pena, estabelece o art. 415, parágrafo único, que, com base nela, o 
juiz apenas poderá absolver sumariamente o réu quando for à única tese da defesa. Assim, 
havendo outra tese defensiva, deve-se submeter o acusado a júri popular, já que nessa sede 
sempre haverá a possibilidade de ser ele absolvido sem imposição de medida de segurança, 
caso acolhida a outra tese absolutória pelo Conselho de Sentença. 
Lembre-se, por fim, que o inimputável por doença mental é isento de pena, não podendo, 
desta forma, ser condenado. Portanto, se, submetido a júri, não acolherem os jurados a tese 
 
37 
absolutória, restará ao juiz, com fundamento no art. 26, caput, do CP, após votação dos quesitos, 
proferir sentença de absolvição com a imposição de medida de segurança. 
 Natureza jurídica e coisa julgada 
A sentença de absolvição sumária é uma decisão de mérito. Além de encerrar a primeira 
fase do procedimento bifásico do júri, também põe fim ao processo. 
Faz coisa julgada formal e material, porquanto o magistrado ingressa na análise do mérito. 
Isso significa dizer que, ainda que surjam provas novas após o trânsito em julgado da decisão 
de absolvição sumária, o acusado não poderá ser novamente processado pela mesma 
imputação. 
 Recurso cabível 
Contra a decisão de absolvição sumária, é cabível apelação, conforme dispõe o art. 416 do 
CPP. 
8.4.8. Pronúncia 
A pronúncia encerra um juízo de admissibilidade da acusação de crime doloso contra a 
vida, permitindo o julgamento pelo Tribunal do Júri apenas quando houver alguma viabilidade 
de haver a condenação do acusado. Sobre ela, o art. 413, caput, do CPP, dispõe que, estando 
convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de 
participação, deve o juiz sumariante pronunciar o acusado fundamentadamente. 
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se 
convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes 
de autoria ou de participação. 
Há necessidade de um juízo de certeza. Assim, se o juiz sumariante estiver convencido da 
existência do crime e da presença de indícios suficientes de autoria ou de participação, deve 
pronunciar o acusado, de maneira fundamentada. 
 
38 
Essa decisão deve estar condicionada à existência de indícios suficientes de autoria eprova 
da materialidade do fato. Na ausência destes elementos, a hipótese será de impronúncia. 
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência 
de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, 
fundamentadamente, impronunciará o acusado. 
Por outro lado, apesar do art. 413 do CPP exigir o convencimento do juiz sumariante 
quanto à materialidade do fato, raciocínio distinto se aplica à autoria e participação, em relação 
aos quais há necessidade de indícios suficientes. Em relação à autoria ou participação, não se 
exige que o juiz tenha certeza, bastando que conste dos autos elementos informativos ou de 
prova que permitam afirmar, no momento da decisão, a existência de indício suficiente, isto é, 
a probabilidade de autoria. 
 Natureza jurídica 
A pronúncia é tratada pela doutrina como uma decisão interlocutória mista não 
terminativa. É decisão interlocutória porque não julga o mérito, ou seja, não condena nem 
absolve o acusado; mista, porque põe fim a uma fase procedimental; e não terminativa, porque 
não encerra o processo. 
 Regra probatória: in dubio pro societate (ou in dubio pro reo) 
Existindo qualquer dúvida quanto à ocorrência das causas que implicam o afastamento da 
competência do júri, cabe ao juiz pronunciar o réu. Neste momento processual, vigora o 
princípio in dubio pro societate. Nesse sentido: 
A pronúncia do réu para o julgamento pelo Tribunal do Júri não exige a 
existência de prova cabal da autoria do delito, sendo suficiente, nessa fase 
processual, a mera existência de indícios da autoria, devendo estar comprovada, 
apenas, a materialidade do crime, uma vez que vigora o princípio in dubio pro 
societate. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1193119/BA, Rel. Min. Jorge Mussi, 
julgado em 05/06/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1730559/RS, Rel. Min. Joel 
Ilan Paciornik, julgado em 02/04/2019. 
 
39 
A etapa atinente à pronúncia é regida pelo princípio in dubio pro societate e, 
por via de consequência, estando presentes indícios de materialidade e autoria 
do delito - no caso, homicídio tentado - o feito deve ser submetido ao Tribunal 
do Júri, sob pena de usurpação de competência. STJ. 6ª Turma. HC 471.414/PE, 
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/12/2018. 
Na sentença de pronúncia deve prevalecer o princípio in dubio pro societate, 
não existindo nesse ato qualquer ofensa ao princípio da presunção de inocência, 
porquanto tem por objetivo a garantia da competência constitucional do 
Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma. ARE 986566 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 21/08/2017. 
Nos crimes dolosos contra a vida, o princípio in dubio pro societate é amparado 
pela Constituição Federal, de modo que não há qualquer inconstitucionalidade 
no seu postulado. STF. 2ª Turma. ARE 1082664 ED-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 26/10/2018. 
Contudo, na primeira fase do procedimento do Júri consolida um filtro processual, que 
busca impedir o envio de casos sem um lastro probatório mínimo da acusação, de modo a se 
limitar o poder punitivo estatal em respeito aos direitos fundamentais. Assim, a pronúncia é 
uma forma de garantir que o acusado seja submetido a um julgamento injusto. 
(STF. 2ª Turma. ARE 1067392/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
26/3/2019 (Info 935).) Na fase de pronúncia deve-se adotar a teoria racionalista 
da prova, na qual não deve haver critérios de valoração das provas rigidamente 
definidos na lei, no entanto, por outro lado, o juízo sobre os fatos deve ser 
pautado por critérios de lógica e racionalidade, podendo ser controlado em 
âmbito recursal ordinário. Para a pronúncia, não se exige uma certeza além da 
dúvida razoável, necessária para a condenação. Contudo, a submissão de um 
acusado ao julgamento pelo Tribunal do Júri pressupõe a existência de um lastro 
probatório consistente no sentido da tese acusatória. Ou seja, requer-se um 
 
40 
standard probatório um pouco inferior, mas ainda assim dependente de uma 
preponderância de provas incriminatórias. 
 Emendatio e mutatio libelli 
No âmbito do procedimento do júri, precisamente no Art. 418 do CPP, trata quanto à 
possibilidade de se fazer emendatio libelli no momento da pronúncia. 
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante 
da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. 
Já a mutatio libelli está prevista no art. 384 do CPP e ocorre quando, no curso da instrução 
processual, surge prova de elementar ou circunstância não contida na peça acusatória. Neste 
caso, o Ministério Público deve aditar a inicial, permitindo-se o exercício do contraditório e da 
ampla defesa. Segue prevista no Art. 411, § 3º, do CPP: 
Art. 411. 
§ 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o 
disposto no art. 384 deste Código. 
Por fim, não se admite a mutatio libelli na segunda fase do procedimento bifásico do Júri. 
 Conteúdo da pronúncia 
A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da 
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o 
dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras 
e as causas de aumento de pena (Art. 413, §1.º). Não podem ser incluídas as causas especiais 
de diminuição de pena, bem como as circunstâncias agravantes e atenuantes. 
Art. 413. 
§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da 
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou 
de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar 
 
41 
incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas 
de aumento de pena. 
A não inclusão de uma qualificadora ou causa de aumento de pena implica no julgamento 
do acusado apenas por homicídio simples, já que os quesitos serão elaborados no plenário do 
júri levando-se em consideração os termos da pronúncia (CPP, art. 482, parágrafo único). 
Presente uma qualificadora, e desde que ela tenha constado da peça acusatória, deve o 
magistrado não só declarar qual seria o dispositivo legal, como também especificar em que teria 
consistido. Exemplificando, não basta apontar a qualificadora do art. 121, § 2º, II, do CP, sendo 
necessário que o magistrado descreva qual teria sido o motivo fútil que levou o agente à prática 
do delito. 
A pronúncia também deve fazer menção às causas de aumento de pena. É dominante o 
entendimento na doutrina e na jurisprudência que só devem constar da pronúncia aquelas 
inseridas na parte especial do Código Penal, já que aquelas constantes da parte geral não fazem 
parte do tipo básico ou derivado da conduta delituosa imputada, tendo como objetivo precípuo 
apenas auxiliar o juiz por ocasião da fixação da pena. 
 Infrações conexas 
Se o magistrado entender que há prova da existência de crime doloso contra a vida e 
indícios suficientes de autoria, deverá pronunciar o acusado pela prática do referido delito, 
situação em que a infração conexa será automaticamente remetida à análise do Júri, haja ou 
não prova da materialidade, presentes (ou não) indícios suficientes de autoria ou de participação. 
Não lhe é permitido pronunciar o acusado pelo crime doloso contra a vida e absolvê-lo ou 
impronunciá-lo pelo crime conexo, ou proceder à desclassificação da infração conexa. 
 Constatação do envolvimento de outras pessoas como coautores ou partícipes 
Ao proferir a decisão de pronúncia, é possível que o juiz verifique a presença de indícios 
de autoria ou participação de outras pessoas não incluídas na peça acusatória. Nesse caso, 
entende o art. 417 do CPP: 
 
42 
Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de participação de outras pessoas 
não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, 
determinará o retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, 
aplicável, no que couber,

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