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Resumo aulas - Processo penal II

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Resumo aulas – Processo penal II 
Prof.ª: Tatiane Pereira 
E-mail: tpms_2005@hotmail.com 
Teoria da prova 
1. Conceito / finalidade 
2. Objeto de prova 
3. Fatos que independem de prova 
o O Direito em si / fatos notórios / fatos axiomáticos e presunções legais absolutas 
4. Fontes: pessoas ou coisas 
5. Meios de prova 
6. Elementos de prova 
7. Natureza jurídica da prova 
8. Titularidade → a quem pertence o ônus da prova no processo penal 
Poderes instrutórios do juiz – art. 156 CPP 
Princípios: 
o Contraditório 
o Imediatidade do juiz 
o Concentração 
o Comunhão de provas 
o Livre convencimento motivado 
Sistemas de apreciação de provas: 
1. Prova legal ou tarifada 
2. Convicção íntima do juiz ou certeza moral 
3. Livre convencimento motivado ou persuasão racional 
Prova emprestada - requisitos cumulativos: 
1. Identidade de partes 
2. Mesmo fato probando 
3. Respeito ao contraditório no processo penal 
4. Obediência aos requisitos formais de produção probatória no processo penal 
Limites ao direito à prova 
o Prova ilícita e prova ilegítima 
o Prova ilícita por derivação – “fruits of poisonous tree” 
o Prova absolutamente independente 
o Descoberta inevitável 
Princípio da proporcionalidade e da razoabilidade em matéria probatória 
Sigilo das comunicações / interceptações telefônicas 
o Princípio da serendipidade 
mailto:tpms_2005@hotmail.com
Os elementos de informação obtidos no inquérito não são considerados provas porque não foram submetidos à 
ampla defesa e contraditório no processo penal. Lembrar que as provas caracterizam o nexo causal e precisam ser 
suficientes para a condenação. 
Objeto de prova é tudo aquilo que precisa ser provado no processo. 
Fatos que não dependem de prova: 
1. O Direito em si (as leis). Ex: não é preciso provar que roubo é crime 
2. Fatos notórios → aquilo que é obvio ou de conhecimento natural das pessoas. Ex: 07.09 é feriado nacional; 
18h a avenida paralela está engarrafada. 
Obs.: o fato é notório quando de amplo conhecimento para as pessoas de uma localidade. 
3. Fatos axiomáticos → são os que se auto demonstram. Ex: a morte (exame cadavérico não tem objetivo de 
provar, apenas identificar e registrar o óbito). 
Obs.: se não há o corpo aí sim existe necessidade de provar a morte (caso Elisa Samúdio) 
4. Presunções → menor de 18 anos é inimputável (mesmo que seja provado a consciência do autor este 
responderá pelo ECA) – presunção legal absoluta (não admite prova em contrário) 
Fatos de prova 
o Pessoas: testemunha, depoimento da vítima, interrogatório do réu 
o Coisas: objeto e lugar (ex: documentos) 
Meios de prova → são os caminhos (testemunhas, documentos, perícia, depoimento da vítima, interrogatório do 
réu). Obs.: interceptação telefônica é meio de prova, mas não está previsto no processo penal e sim em lei especial. 
Elemento de prova é tudo que se pode extrair do meio de prova (ex: o testemunho, o depoimento, a confissão) 
 Natureza jurídica da prova no processo penal → direito subjetivo das partes 
A titularidade da prova é da acusação. Cabe à defesa provar apenas aquilo que alegar (ex: legítima defesa do 
acusado, estado de necessidade, erro de tipo ou proibição, excludentes de ilicitude e culpabilidade) 
 Os princípios da presunção de inocência e in dubio pro réu ratificam a titularidade da acusação! 
Para Aury Lopes o ônus da prova pertence exclusivamente à acusação visto que a presunção de inocência e o in 
dubio pro réu implicam em absolvição caso a acusação não prove suas alegações. 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e 
relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida 
sobre ponto relevante. 
Pela leitura do artigo 156 CPP observamos resquícios de inquisitoriedade e parcialidade do magistrado, uma vez que 
autoriza ao juiz, facultativamente, produzir provas, extrapolando o direito subjetivo concedido às partes. 
Poderes instrutórios do juiz 
 Prova antecipada (inciso I) → testemunha em estado terminal, lesão corporal cuja prova não poderá ser 
repetida posteriormente em virtude da cicatrização, justificam a produção antecipada solicitada pelo 
magistrado. No entanto essas provas deverão ser submetidas ao contraditório e ampla defesa no processo. 
Ainda assim caberia ao MP (acusação e fiscal da lei) e não ao juiz solicitar a produção antecipada. 
 
 Quanto ao inciso II, a crítica está voltada ao conflito entre a parcialidade do juiz quando busca dirimir 
dúvidas e o princípio do in dubio pro réu. Nesse sentido, evidencia-se uma possível tendência condenatória 
do acusado, quando na dúvida deveria prevalecer a absolvição, uma vez que cabe à acusação provar. 
Princípios: 
Contraditório e ampla defesa → ausência caracteriza nulidade do processo 
Imediatidade do juiz → toda prova tem que ser direcionada ao juiz, passar pelo crivo do magistrado. 
Obs.: os elementos de informação obtidos no inquérito, embora não constituam provas, pois não foram submetidos 
ao contraditório em um processo, servem para o titular da acusação oferecer a denúncia. Nesse sentido, o art. 155 
CPP diz que o juiz não pode formar seu convencimento baseando-se exclusivamente nos elementos do inquérito. 
o Assim, se a vítima não comparece à AIJ com as provas, a condenação não pode ser fundamentada apenas no 
inquérito! 
Concentração → todas as provas precisam ser produzidas na AIJ, momento em que é oferecido o contraditório. No 
entanto, essa regra não é absoluta, uma vez que aceita-se provas após a instrução, desde que obviamente 
submetidas ao contraditório (prova superveniente). 
Comunhão das provas → a testemunha é do processo e não da parte, apenas foi arrolada por uma das partes, até 
mesmo porque o advogado de defesa pode inquirir a testemunha arrolada pela acusação como tática para obter 
argumentos satisfatórios. 
Sistema de apreciação (valoração) de prova 
o Trata-se de 3 teorias que analisam o peso das provas. 
 
1. Teoria do valor legal → defende que cada prova tenha um peso valorado normativamente. Adotada 
antigamente quando se considerava a confissão como rainha das provas, valorando-a mais que qualquer 
outra. 
O art. 158 traz resquício dessa teoria quando afirma que a prova pericial não poderá ser suprida pela confissão do 
acusado quando a infração deixar vestígios. 
Art. 158 x art. 167 → prova testemunhal valerá mais que a confissão quando não houver vestígios 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova 
testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
2. Teoria da convicção íntima do juiz ou certeza moral → tribunal do júri 
Na segunda fase do tribunal do júri quem condena ou absolve são os jurados (juízes da causa), que neste caso não 
precisam fundamentar a decisão, como ocorre em regra para o magistrado. Trata-se, assim, da convicção íntima ou 
certeza moral dos jurados. 
3. Teoria do livre convencimento motivado ou persuasão racional → regra geral adotada pelo nosso 
ordenamento, que possui como exceções as situações mencionadas acima (art. 158, 167 e tribunal do júri) 
Para essa teoria todas as provas possuem o mesmo valor, ficando o juiz livre para formar o seu convencimento, 
porém obrigado a motivá-lo na sentença, sob pena de nulidade. 
Prova emprestada 
Diante da obrigatoriedade de atender aos 4 requisitos cumulativamente, verifica-se maior facilidade de ocorrer 
dentro do próprio direito penal, uma vez que normalmente o processo penal é de iniciativa do MP, o que dificulta 
receber prova de um processocivil, por exemplo, onde a titularidade em geral é de uma pessoa física ou jurídica. 
Destarte, ação penal privada traz a possibilidade de ocorrência de prova emprestada do processo civil, pois neste 
caso atenderemos ao requisito da identidade de partes. 
o A prova testemunhal de um processo será emprestada sob a forma de prova documental em outro. 
Prova ilícita → obtida com invasão de domicílio ou tortura, interceptação telefônica ilegal (solicitada por delegado, 
por exemplo) 
Apenas a doutrina diferencia prova ilícita de ilegítima, sendo a primeira aquela que viola norma do direito material 
(CP, CF, leis extravagantes) e a segunda aquela que viola norma do direito processual. 
A prova ilícita é aceita quando for o único meio para provar a inocência → entendimento do STJ e STF em respeito ao 
princípio da proporcionalidade/razoabilidade. 
Crítica: o CPP diz, em seu art. 157, que o juiz deverá desentranhar a prova ilícita do processo e julgar com base nas 
demais provas. No entanto, é notório reconhecer que uma vez tendo conhecimento da prova ilícita o juiz teve seu 
convencimento influenciado, o que poderia ser evitado com a remessa do processo para outro juiz, após 
desentranhada a prova ilícita. Isso, no entanto afetaria a duração e celeridade processual. 
Derivação da prova ilícita 
Em regra, o juiz não poderia admitir o depoimento de uma testemunha descoberta por interceptação telefônica 
ilegal. No entanto a prova testemunhal é considerada independente, por ser trazida por terceiro. 
o Se for possível comprovar que a prova não é derivada da ilícita, mas sim absolutamente independente ou 
inevitável, será válida. 
Na situação em que a polícia já estava fazendo busca em uma fazenda, por exemplo, e através da interceptação 
telefônica ilegal localiza o corpo tem-se uma descoberta inevitável. 
o Lei 9296/96, art. 2º, III: interceptação telefônica é cabível apenas para crimes apenados com reclusão! 
Caso concreto OAB 
Por intermédio de interceptação telefônica, testemunha em processo que apurava o crime de infanticídio (art. 123 
CP) relata que tratou-se de aborto. 
A argumentação da resposta deve mencionar que não cabe interceptação telefônica para o referido crime, visto que 
este é apenado apenas com detenção. Além disso deve-se analisar se o testemunho, embora derivado de prova 
ilícita é absolutamente independente, pois foi trazido por terceiro imparcial ou seria descoberta inevitável no caso 
concreto. 
A interceptação telefônica, regulada pela lei 9296/96, é excepcional, devendo ser admitida pelo juiz apenas quando 
não for possível obter provas por outros meios (art. 2º, II). 
Serendipidade = encontro fortuito de prova 
Ex: durante uma interceptação que busca esclarecer um estupro obtem-se prova de outro crime (tráfico de drogas, 
por exemplo). Nesse caso: 
Se o novo crime tiver ligação com o crime investigado integrará o mesmo inquérito. Caso contrário deverá ser aberto 
novo inquérito policial para apurá-lo. 
Ex: fulano não me pagou a droga então mandei matar → mesmo inquérito irá apurar o tráfico e homicídio 
Meios de prova 
1. Interrogatório do réu → art. 185 CPP 
Natureza jurídica: 
a) Meio de prova 
b) Meio de defesa 
o Não pode presumir a culpa 
o Não pode ser conduzido coercitivamente 
o Impossibilidade de revelia (a ausência da apresentação de defesa não presume a veracidade dos 
fatos) 
c) Mista ou híbrida 
Formalidades: 
a) Ato público 
b) Personalíssimo 
c) Local do interrogatório 
d) Individualidade 
Conteúdo 
2. Confissão → art. 200 CPP 
o Divisível e retratável 
 
3. Prova pericial → art. 158 CPP 
o Conceito 
o Corpo de delito direto e indireto 
o Laudo complementar – art. 168 CPP 
o Peritos oficiais e particulares 
o Perícia simples e complexa 
 
4. Declarações do ofendido → art. 201 CPP 
o §2º: comunicações dos atos processuais 
 
5. Prova testemunhal → art. 202 CPP 
Características: 
o Judicialidade 
o Oralidade 
o Retrospectividade 
o Individualidade 
 
Classificação: 
o Numerárias 
o Extranumerárias 
o Própria 
o Imprópria / instrumentária 
o Laudadores ou testemunhas de beatificação 
Isenção – art. 206 CPP 
Proibição – art. 207 CPP 
6. Prova documental 
7. Acareação 
8. Reconhecimento de coisas e pessoas → art. 226 CPP 
Valor probatório / valoração dos meios de prova 
O acusado tem direito ao silêncio em qualquer fase (inquérito ou processo), diferente da testemunha que é obrigada 
a falar a verdade, sob pena de falso testemunho. 
Fonte da prova é a pessoa. O interrogatório é meio de prova, que serve para convencimento do magistrado. 
Alguns doutrinadores entendem que o interrogatório não é meio de prova, apenas meio de defesa, embora sua 
previsão conste no capítulo do CPCP destinado às provas. 
A oportunização do interrogatório ao réu é obrigatória, mas o seu exercício não. Assim, o réu pode optar por utilizá-
lo pra sua defesa ou não comparecer, exercendo o direito ao silêncio. 
Quem acredita que o interrogatório é apenas meio de defesa (doutrina garantista – Nestor Távora) entende que não 
cabe condução coercitiva, pois não faz sentido conduzir o réu coercitivamente para que exerça seu direito de defesa 
uma vez que lhe é facultado o silêncio. Nesse sentido conflitam o CPP quando estabelece a possibilidade de 
condução coercitiva (art. 260) e a CF/88 (art. 5º, LXIII) quando prevê o direito ao silêncio (renúncia à defesa). 
O STF já se manifestou sobre o tema, considerando inconstitucional o comando processual quanto aos investigados 
ou réus, entendendo que o método representa restrição da liberdade de locomoção e da presunção de não 
culpabilidade. 
Por outro lado aplica-se a condução coercitiva à vítima e testemunha, uma vez que estas não possuem direito ao 
silêncio. 
No Brasil adota-se a natureza jurídica mista ou híbrida para o interrogatório, até porque integra o rol das provas no 
CPP. Dessa forma, sustenta-se que o interrogatório é tanto meio de prova (serve para convencimento do juiz) 
quanto meio de autodefesa. 
Quanto às formalidades trata-se, em regra, de ato público, devendo ocorrer com portas abertas, exceto nos casos 
em que a lei determina processo sob segredo de justiça, como ocorre com estupro, onde apenas as partes podem 
assistir. 
O local do interrogatório possui algumas particularidades: 
Se o réu está preso o §1º do art. 185 CPP orienta que o juiz deve ir ao encontro do acusado, interrogando-o na 
penitenciária. No entanto, devido à dificuldade de cumprimento dessa norma, em 2009 a lei trouxe a possibilidade 
de videoconferência. 
Outra situação importante se deve ao risco que o deslocamento do acusado ao fórum, para seu interrogatório, pode 
oferecer à integridade das pessoas envolvidas, por conta de eventual fuga planejada por seus comparsas. 
Estando preso em outra Comarca ou país o interrogatório será feito por carta precatória ou rogatória, 
respectivamente. 
Caso a localização do acusado seja desconhecida sua citação ocorrerá por edital. 
Se o sujeito comete crime em Salvador e reside no RJ, o processo tramitará na capital baiana (local do fato), devendo 
o interrogatório do réu ocorrer por carta precatória, cujo procedimento é bastante demorado, podendo prejudicar a 
condenação vez que corre prazo prescricional nesse caso. 
Conteúdo do interrogatório – CPP divide em 2 partes: 
o 1ª parte – circunstâncias pessoais do réu 
o 2ª parte – juiz indaga os fatos 
O direito ao silêncio abarca essas duas partes? 
Por muitos anos abrangia apenas os fatos. Aury Lopes, assim como a doutrina majoritária, defende que o direito ao 
silêncio deve abranger as duas partes. No entanto, a jurisprudência do STJ e STF entende que abarca apenas os fatos, 
uma vez que o réu não pode produzir provas contra si mesmo. Note, no entanto, que ao falar sobre suas 
circunstâncias pessoais, dizer que já foi processado anteriormente ou que possui boa condição financeira, capaz de 
arcar com multa, pode influenciar negativamente oconvencimento do magistrado, configurando indiretamente 
provas contra si. 
Confissão 
É divisível, pois o réu pode optar por confessar apenas uma parte. Ex: sujeito foi preso acusado de roubar 
ameaçando a vítima com arma de fogo. No seu interrogatório, no entanto, relatou que abraçou a vítima e solicitou 
pacificamente os pertences desta. Nota-se neste caso que o acusado assume o crime, no entanto seu interrogatório 
implica na descaracterização de roubo para furto, por conta da ausência de violência ou grave ameaça. 
A retratação pode ocorrer a qualquer momento, desde que antes da sentença. 
Prova pericial 
 Corpo de delito = vestígios deixados pelo crime 
Prova pericial direta → é aquela feita nos vestígios do crime. Ex: na porta que foi arrombada, a fim de apurar 
eventuais resíduos de sangue ou digitais. 
Quando os vestígios desaparecem, tem-se então a prova pericial indireta, caracterizada por analisar comprovações 
de que o delito existiu (ex: fotos, laudo médico de atendimento no dia da agressão) 
As testemunhas suprirão a perícia indireta, quando esta também não for possível. 
Laudo complementar 
O CPP traz obrigatoriedade de laudo complementar no caso de apuração do crime de lesão corporal grave. Dessa 
forma, a vítima deverá ser submetida a novos exames após 30 dias do fato, a fim de que se possa comprovar o 
efetivo afastamento das atividades pelo prazo tipificado, ratificando a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, CP. 
Eventual ausência do laudo complementar pode ser suprida pelo depoimento de testemunhas. Na ausência destas, 
restará descaracterizado o crime para lesão leve. 
Tanto o MP quanto o delegado podem solicitar o laudo complementar, caso o fato ainda se encontre em fase de 
inquérito. Na fase processual, cabe ao juiz e ao MP enquanto fiscal da lei. 
 Perícia simples → quando se faz necessário apenas 1 perito especialista na área do fato 
 Perícia complexa → exige o conhecimento técnico de mais de 1 área. Ex: perito de engenharia e médico 
legista. 
Declarações do ofendido = depoimento da vítima 
Conforme previsão do art. 201 CPP, a vítima pode ser conduzida coercitivamente e recusar-se a depor na frente do 
réu. 
Em 2008, buscando ampliar a preocupação com a vítima, uma vez que o CPP se reserva basicamente ao réu, a lei 
passou a determinar a comunicação da vítima sobre todos os atos processuais (ex: concessão de liberdade provisória 
do réu), admitindo o uso de meio eletrônico (e-mail). 
Prova testemunhal 
o Na ausência de perícia e vestígios vale a prova testemunhal (interpretação dos art. 158 e 168 CPP). 
Diferente do processo civil, que fala de impedimento e suspeição, no processo penal qualquer pessoa pode ser 
testemunha. A lei traz, no entanto, isenções e proibições para algumas pessoas. 
Testemunha é o nome técnico adequado para a fase judicial. No inquérito não há que se falar em testemunhas, pois 
seus depoimentos não são submetidos ao contraditório. 
O testemunho em regra é oral, mas admite-se que seja levado por escrito apenas com fins de lembrete. 
Uma das possibilidades de absolvição do réu se deve por força da insuficiência de provas, que pode acontecer 
inclusive em virtude da insuficiência do testemunho, quando a pessoa não foi testemunha ocular, por exemplo, se 
reservando a falar muitas vezes o que ouviu dizerem ou não lembra com riqueza de detalhes. Exemplo clássico é o 
testemunho do policial que prendeu o acusado, mas chegou após os atos executórios e, portanto não é testemunha 
ocular do fato. 
Obs.: se o policial em seu testemunho alegar que não lembra devido ao fato ter ocorrido há muito tempo pode 
significar absolvição por insuficiência de provas. 
Testemunhas têm que depor separadas, de modo a evitar contaminação das demais. 
 Testemunhas numerárias – aquelas arroladas dentro do número legal para o procedimento em questão. Ex: 
procedimento sumário permite no máximo 5 testemunhas por fato e por réu, ao passo que o ordinário 
permite até 8 testemunhas. 
 Testemunhas extranumerárias – surgem no decorrer do processo, após o prazo para as partes arrolarem 
suas respectivas testemunhas. Ex: juiz pode pedir, de ofício, para ouvir uma testemunha na condição de 
extranumerária, quando esta veio ao conhecimento das partes apenas na AIJ, durante o depoimento de 
alguma das testemunhas arroladas, ainda que as partes não se manifestem nesse sentido, uma vez que o 
CPP faculta ao magistrado a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
Testemunhas próprias = oculares – depõem sobre o fato discutido em juízo 
Testemunhas impróprias ou instrumentárias – provavelmente não presenciaram o fato, mas sabem algo a respeito. 
Ex: policiais que chegaram após os atos executórios (ouviram dizer ou presenciaram parte do fato) 
Laudadores – são testemunhas arroladas pela defesa apenas para falar bem do réu 
 Isenção → art. 206 CPP 
Podem recusar-se a testemunhar o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que 
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, 
obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Ex: pai que nega testemunhar contra o filho 
Essas pessoas não prestam compromisso de dizer a verdade, logo não respondem por falso testemunho caso 
mintam. 
 Proibição →art. 207 CPP 
São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, 
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Trata-se, por exemplo, dos casos de 
dever profissional de sigilo. Ex: advogado depor contra o cliente / padre contra o fiel. 
No entanto, se o réu autorizar (desobrigar os testemunhos) poderão ser oferecidos, sob pena de falso testemunho. 
 Portanto, verifica-se que tanto os isentos quanto os proibidos podem depor, tudo em busca da verdade real. 
Acareação = colocar as pessoas (réu, vítima e testemunhas) cara a cara quando há contradição nas declarações entre 
elas, com o objetivo de dirimir dúvidas. 
Reconhecimento de pessoas / coisas 
A lei prevê uma formalidade a ser cumprida para que esta prova seja considerada lícita, muitas vezes não obedecida 
na prática. Consiste, em primeiro momento, no recolhimento, pelo juiz, do depoimento da vítima a respeito das 
características físicas do acusado. Em seguida o acusado deve ser colocado ao lado de outras pessoas, de preferência 
com descrições semelhantes ao relatado oralmente pela vítima, para que daí possa haver o reconhecimento. 
Observe que a lei procura evitar que a vítima acuse qualquer pessoa por mero capricho. Ademais, em prova 
discursiva, o descumprimento da formalidade legal deve ser argumentado como obtenção de prova ilícita a qual 
deve ser, por comando legal, desentranhada do processo. 
Valor probatório / valoração de cada prova 
Já vimos que o nosso ordenamento adota o princípio do livre convencimento motivado. Assim, ratifica-se a ausência 
de hierarquia entre os meios de prova analisados, devendo a sentença, no entanto, motivar os que forem utilizados. 
Classificação dos atos jurisdicionais 
 Sentença absolutória – art. 386 CPP 
I. Estar provada a inexistência do fato 
II. Não haver prova da existência do fato 
III. Não constituir o fato infração penal 
IV. Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal 
V. Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal 
VI. Existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena 
VII. Não existir prova suficiente para a condenação 
 
 Sentença absolutória imprópria 
 
 Sentença condenatória – art. 387 CPP 
1. Relatório 
2. Fundamentação – art. 93, IX CF/88 
3. Conclusão ou parte dispositiva 
 Análise do critério trifásico de aplicação da pena 
 Cabimento de prisão preventiva 
 Fixação do dano mínimo causado pela infração 
4. Autenticidade da sentença é a assinatura 
Outras classificações: 
1. Sentençasuicida 
2. Sentença vazia 
3. Sentença autofágica 
4. Sentenças executáveis 
 Condicionais 
 Simples 
 Subjetivamente complexa 
Princípio da correlação entre a denúncia e a sentença 
 Emendatio libelli - art. 383 CPP 
 Mutatio libelli – art. 384 CPP 
Sabemos que sentença é um ato que põe fim à fase de conhecimento de um processo. Em se tratando de 
absolutória, será aquela que julga improcedente o pedido do acusador. 
Os incisos I e IV do art. 386 CPP fazem coisa julgada material também no direito cível e administrativo. 
Quanto ao inciso III, vejamos o seguinte exemplo: 
Sujeito acusado de estupro de vulnerável ao provar erro de tipo (não imaginava que a vítima era menor de idade) 
exclui o caráter doloso da conduta e consequentemente a tipicidade, uma vez que não há tipo penal para estupro 
culposo. 
 Sentença absolutória sumária (estudaremos posteriormente) 
 Revisão criminal é cabível apenas quando for possível melhorar a condenação do réu 
Inciso VI – isenção de pena → escusa absolutória (art. 181 CP) = causa excludente da punibilidade - ex: absolvição de 
um filho que furta coisa móvel pertencente ao seu pai. 
Ex: policial respondia PAD (processo administrativo disciplinar) e provou que não estava no dia do crime do qual 
estava sendo acusado. Observe que neste caso a sentença absolutória com fundamentação em insuficiência de 
provas não lhe é benéfica, pois não faz coisa julgada no âmbito administrativo. Ao réu é mais interessante ser 
absolvido sob fundamento do inciso IV do art. 386, pois neste caso a sentença penal extingue a tipicidade. 
 Se já houver ação autônoma transitada em julgado no cível caberá ação rescisória quando posterior a 
sentença penal absolver o réu, para o mesmo fato, também na esfera cível. 
A sentença absolutória imprópria é aquela que aplica medida de segurança ao inimputável acometido por doença 
mental ou desenvolvimento mental retardado, que, no momento do crime, não tina condições de reconhecer o 
caráter ilícito da conduta. 
A medida de segurança poderá ser superveniente, substituindo a pena se a doença mental surge durante a fase de 
execução, sendo competente para isto o juiz da vara de execuções. 
Instaurado o incidente de insanidade metal para análise de periculosidade do agente, e encaminhado o acusado ao 
HCT para cumprimento da medida de segurança (cujo caráter é curativo – tratamento), este será posto em liberdade 
definitiva se comprovada sua cura. Lembrar que, diferentemente da pena de prisão, a lei não prevê prazo para a 
internação, portanto o réu não se submeteria ao limite de 30 anos aplicável ao cumprimento de pena privativa de 
liberdade. No entanto a Súmula 527 STJ regula a matéria estabelecendo que a internação terá a mesma duração da 
pena máxima em abstrato correspondente à tipificação do caso concreto. Ex: se o sujeito comete crime cuja pena 
em abstrato vai de 1 a 4 anos, a medida de segurança terá duração máxima de 4 anos. 
Com o advento dessa Súmula, o juiz deixa de estar vinculado ao laudo técnico do psiquiatra. Assim, mesmo diante da 
comprovação de permanência da patologia (muitas vezes num quadro até pior) o paciente deverá ser posto em 
liberdade quando atingido o imite máximo da pena em abstrato. 
Quanto ao prazo mínimo de internação este vai de 1 a 3 anos, devendo ser realizado, a cada ano, avaliação médica 
para apuração da continuidade ou não do tratamento. 
A sentença condenatória é aquela que julga procedente, no total ou em parte, a pretensão acusatória. 
Ex: sujeito responde a processo por estupro e roubo, restando provado e condenado apenas o estupro. 
Partes da sentença 
Relatório → dispensável nos juizados especiais 
Critério trifásico 
 1ª fase → análise das circunstâncias judiciais (art. 59 CP) para determinação da pena base, a qual não pode 
ser inferior ao mínimo nem superior ao máximo da pena em abstrato, obviamente. 
 
 2ª fase → análise do cabimento de agravantes e atenuantes (art. 61 e 65 CP) para determinação da pena 
provisória, a qual também não pode ser inferior ao mínimo nem superior ao máximo da pena em abstrato. 
 
 3ª fase → aplicação das causas de aumento / diminuição se couber (pena definitiva – pode ser superior ao 
máximo em abstrato, no entanto o cumprimento está limitado a 30 anos) 
Ultrapassadas essas fases, passa-se à análise do regime inicial da pena, seguido da possibilidade de substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Observa-se também o cabimento de SURSIS (art. 77 CP), o qual 
não se confunde com a suspensão condicional do processo. 
Obs1.: na lei Maria da Penha cabe sursi (suspensão condicional da pena) 
Obs2: a suspensão condicional do processo, trazida pela lei 9099/95, é possível em qualquer crime cuja pena mínima 
seja igual ou inferior a 1 ano. 
A seguir o magistrado deverá fixar valor mínimo para reparação pelo dano causado, o que não impede eventual 
discussão no juízo cível quanto a possível complemento do valor. 
Na prática, a maioria dos juízes deixa de fixar o dano mínimo porque este pedido não é feito pelo MP (considerando 
que a ação é pública incondicionada, como ocorre na maioria dos crimes) e a parte ré não constituiu defensor 
assistente do MP, para lembrar de constar esse pedido na inicial. 
O juiz deverá ainda pronunciar-se sobre a decretação, manutenção ou revogação de prisão preventiva. Antes de 
2011 o juiz apenas dizia que não admitia ao réu recorrer em liberdade, pois não havia fundamentação normativa que 
estabelecesse critérios objetivos. 
Quando o Estado não possui os elementos necessários para justificar a prisão do suposto criminoso e mesmo assim a 
faz; ou ainda, quando o Estado possui possíveis elementos, mas ao final do processo verifica-se que o indivíduo foi 
preso injustamente, nasce, então, o direito de indenização por parte do sujeito em face do Estado. 
Tal previsão está disposta no art. 5º, inciso LXXV da CF/88, conforme pode ser verificada e destacada logo abaixo: 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário 
Juiz observará também a detração penal (abatimento do tempo de prisão provisória), o que implicará no 
estabelecimento do regime inicial. 
Obs.: após o transito em julgado de sentença penal condenatória ficam suspensos os direitos eleitorais! 
Outras classificações doutrinárias para as sentenças 
 Sentença suicida → a parte dispositiva é contrária à fundamentação (não se coadunam). Ex: a parte 
dispositiva relata crime consumado enquanto a fundamentação refere-se a crime tentado. 
 
 Sentença vazia → não possui fundamentação 
 
 Sentença autofágica → é quando a sentença traz declaração da extinção de punibilidade e ainda assim 
condena (atesta-se a culpabilidade, porém extingue a punibilidade) 
Ex1: sentença que condena e logo em seguida extingue a punibilidade por prescrição, por exemplo. 
Ex2: condena o réu, mas concede o beneficio do perdão judicial. Nesse caso não resta configurada condenação para 
efeitos de antecedente nem reincidência. 
 Sentença não executável → diz respeito à condenatória (não surte efeito imediato, exigindo o trânsito em 
julgado) 
 Sentença executável → execução imediata, dispensando o trânsito em julgado para operar efeitos. 
Ex: sentença absolutória (caso Cátia Vargas) 
o Sentença simples → julgada por juízo monocrático 
 
o Sentença subjetivamente complexa → julgada por órgão colegiado ou heterogêneo 
O tribunal do júri é órgão heterogêneo porque composto pelos jurados, aos quais compete a condenação ou 
absolvição e pelo juiz, a quem compete estabelecer a pena. 
Princípio da correlação 
Análogo ao princípio da congruência ou adstrição visto no processo civil, o qual estabelece que o juiz estáobrigado a 
julgar dentro dos limites do caso, sendo impedido de se posicionar infra, extra ou ultra petita. 
 Emendatio libeli – juiz muda a tipificação (fatos provados = fatos narrados, só que com tipificação incorreta) 
 Mutatio libeli – juiz muda os fatos em virtude de os fatos provados serem distintos dos narrados na inicial 
Havendo comprovação de fatos distintos dos inicialmente expostos, o titular da acusação terá que aditar os fatos 
narrados, implicando a oferta de nova defesa, nova oitiva de testemunhas e do réu. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10727425/inciso-lxxv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
Se o caso for passível de mutatio e o juiz aplicar emendatio resta configurada nulidade da sentença, porque deveria 
ter sido aberto nova oportunidade para contraditório, o que pode vir a prejudicar o réu caso a alteração dos fatos 
seja menos benéfica que a narrativa inicial. 
 Suspensão condicional do processo = processo suspenso e indivíduo submetido a condições (cabível nas 
hipóteses estabelecidas no art. 89 da lei 9099/95) 
Ex: furto cabe suspensão condicional. Pensemos na situação em que o sujeito foi denunciado por roubo, constando 
na inicial que abordou a vítima com arma de fogo, no entanto ficou provado que não utilizou arma, sequer violência 
ou ameaça, mas sim pediu educadamente o celular da vítima, prometendo não lhe fazer mal algum. Assim, diante 
dos fatos comprovados verifica-se a necessidade de alterar a tipificação de roubo para furto, em virtude da alteração 
dos fatos inicialmente narrados. Nesse caso o magistrado deve intimar o MP para, no prazo de 5 dias, aditar a 
denúncia com a tipificação correta, pois a alteração dos fatos implica em mutatio libelli, ensejando nova 
oportunidade de defesa pessoal (interrogatório) ao réu bem como nova oitiva das testemunhas. Desse modo, se o 
magistrado, visando acelerar o processo, promove de ofício a alteração da tipificação, considerando ser caso de 
emendatio libelli, aplicando inclusive a suspensão condicional, se cabível, terá infringido ao contraditório do réu, 
tornando o processo nulo. 
Decisão interlocutória 
1. Simples → Ex: decretar prisão preventiva 
2. Mista → não decide o mérito, mas encerra uma etapa do procedimento. Ex: decisão que encerra incidente 
de insanidade mental; decisão de pronúncia que encerra uma etapa no tribunal do júri. 
 Terminativa = encerra o processo → Ex: rejeição de denúncia 
 Não terminativa → Ex: decisão de pronúncia 
Atos de comunicação processual 
Citação 
 É essencial = obrigatório 
 Art. 570 CPP → comparecimento espontâneo do réu supre a nulidade 
 Citação circunduta = nula 
Formas de citação 
 Pessoal, por edital, por hora certa 
Espécies 
 Citação real → pessoal 
 Citação ficta → por edital, por hora certa 
Citação pessoal – art. 352 CPP 
Citação do militar – art. 358 CPP 
Citação do réu – art. 359 CPP 
Citação por carta precatória 
Citação por carta rogatória 
Citação por edital – art. 361 ao 365 CPP 
 Prazo: 15 dias 
 Efeitos – art. 366 CPP 
Súmula 351 STF → nulidade da citação por edital do réu preso 
Súmula 415 STJ → prazo da suspensão do processo 
Citação por hora certa – art. 362 CPP 
 Art. 252 CPC 
 Efeitos 
Revelia – art. 367 CPP 
Notificações e intimações 
 Formalidade 
 Contagem de prazo processual – art. 798, § 1º CPP 
A citação é o ato obrigatório pelo qual o réu é informado da existência de um processo penal contra si, para que 
apresente resposta à acusação no prazo de 10 dias, podendo nessa ocasião requerer preliminares, absolvição 
sumária, tudo que julgar conveniente. 
O mandado de citação deve obedecer às formalidades legais, sob pena de nulidade. Denomina-se citação circunduta 
aquela que não observa tais requisitos legais. Ex: entregar a citação ao porteiro contraria a determinação de 
pessoalidade quando possível a entrega ao destinatário. 
O comparecimento espontâneo do réu ao cartório supre a nulidade da citação que não respeitou algum requisito. 
Juntamente com a citação deve ser entregue uma cópia da inicial acusatória (contra fé), devidamente lida para o 
réu. Assim, citação sem cópia da inicial anexa é hipótese de nulidade. 
A citação do militar deve ser entregue a seu respectivo chefe 
Quando o réu reside em outra Comarca, o juiz deprecante (do local do fato e, portanto, onde tramita a ação penal) 
não tem jurisdição para citar. Neste caso deverá emitir uma carta precatória ao juiz deprecado (juiz da Comarca 
onde reside o réu). O réu poderá apresentar defesa na sua própria Comarca, anexando-a à carta precatória, as quais 
retornarão à Comarca de emissora. 
Já a carta rogatória é emitida quando o réu reside em outro país 
Obs.: diferente da carta precatória, a carta rogatória suspende o prazo prescricional. Isso se justifica pelo fato da 
entrega demandar bastante tempo devido à distância e burocracia do procedimento. 
Se o réu não apresenta resposta à acusação, diferentemente do processo civil, onde presumem-se verdadeiras as 
alegações, no processo penal é nomeado um defensor público para que apresente defesa. Isso é plenamente 
compreensível porque no processo penal não se pode presumir a culpabilidade, sendo a única presunção admissível 
a de inocência. Ademais, é inconcebível o andamento do processo penal sem defesa técnica, sob pena de nulidade. 
Deste modo, se não houvesse defesa o sujeito jamais poderia ser punido, contrariando a expectativa popular de que 
advogado não deveria defender bandido. 
Citação por edital 
Deve ser afixada por 15 dias no átrio (mural) do fórum criminal além de ser publicada no D.O.U. Após esse prazo, 
inicia-se a contagem de 10 dias para que o réu apresente defesa. 
Se o réu é citado por edital e não apresenta defesa o juiz determina a suspensão do processo e do prazo 
prescricional, podendo, se entender pertinente, decretar a prisão preventiva (observando os requisitos do art. 312) 
ou determinar a produção antecipada de provas. 
 Quanto à prisão preventiva, o art. 313, I estipula sua inadmissibilidade aos crimes apenáveis até 4 anos. 
A antecipação de prova deve ter motivo notadamente robusto (justificável – vítima prestes a morrer), já tendo a 
jurisprudência entendido que o mero lapso temporal entre o crime e a citação não a justifica. 
Pela leitura do CPP a prescrição pode ficaria suspensa até o comparecimento do réu ao processo. Assim, se o réu 
foge e após citado por edital não apresenta defesa o processo ficaria suspenso ad eternum. Para suprir essa 
deficiência o STJ editou a Súmula 415, estipulando que o prazo de suspensão do processo é o mesmo prazo de 
prescrição do crime. 
Vejamos: 
Sujeito comete crime de furto, cuja pena varia de 1 a 4 anos e, portanto, prescreve em 8 anos, conforme art. 109 CP. 
Supondo que a denúncia foi recebida no ano 2000 e após 2 anos sem que o réu tenha sido localizado foi realizada a 
citação por edital em 2002. Ultrapassados os prazos de 15 dias de afixação da citação no átrio da vara do fórum 
criminal para conhecimento do réu e os 10 dias para que apresente defesa, o juiz, conforme orientação do art. 366 
CPP, determinou a suspensão do processo e do prazo prescricional, o qual já correu por 2 anos. 
Pelo entendimento da Súmula 415 STJ, esse processo só poderá manter-se suspenso por 8 anos (prazo da prescrição 
para o crime em questão). Assim, deverá ser reativado em 2010 e, portanto, a prescrição se dará em 2016, visto que 
o prazo prescricional já correu por 2 anos (período do ano 2000 a 2002). 
Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. 
Já a Súmula 351 STF menciona que é obrigação do juiz ter conhecimento sobre eventual estado de prisão do réu a 
ser citado. Ou seja, se o réu encontra-se preso por responder a outro processo em outra vara, porém na mesma 
Comarca, o juiz deve atentar-sepor verificar esta possibilidade quando configurada dificuldade de citação, antes de 
citá-lo por edital, sob pena de nulidade da citação por edital. 
Súmula 351 - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua 
jurisdição. 
Citação por hora certa 
O CPP prevê que seja aplicada a mesma regra do art. 252 CPC, a qual estabelece que após 2 tentativas frustradas e 
percebendo o oficial de justiça a ocultação intencional do réu, deverá entregar a citação a qualquer pessoa que se 
encontre no endereço destinatário. 
Imagine que o porteiro ou ex-esposa magoada recebam a citação e intencionalmente não informe ao réu. Neste 
caso a consequência será a nomeação de um defensor público e não a suspensão do processo, como ocorre na 
citação por edital. Portanto, considera-se realizada a citação pessoal. 
 O prazo do defensor público também é de 10 dias, não havendo prazo em dobro como no processo civil. 
Se nessa situação hipotética o réu só toma conhecimento quando, ainda no curso do processo, precisou tirar a 
segunda via de um documento, ocasião em que foi devidamente citado, resta nula a citação por hora certa, 
iniciando-se o processo, com nova abertura do prazo de 10 dias para apresentação da defesa, podendo o ocultante 
responder por obstrução à justiça. No entanto, caso o réu só venha a ter conhecimento da existência do processo 
após a sentença, a nulidade da citação por hora certa deverá ser objeto da apelação, sob prova da intencionalidade 
de ocultação da citação por quem de fato a recebera e argumentação de ausência de contraditório no processo. 
http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=%28sumula%20adj1%20%27415%27%29.sub.#TIT1TEMA0
Ademais, caso o indivíduo só venha a ter ciência da existência do processo após o trânsito em julgado, será cabível 
ação de revisão criminal. 
Conclusão: o processo penal tem como objeto o bem jurídico liberdade, por isso não deveria permitir analogia a 
regras que podem significar tamanho prejuízo, em virtude dos motivos expostos acima, que evidenciam a 
possibilidade de condenação do réu por ausência de efetiva defesa pessoal. Embora duramente criticado pela 
doutrina a aplicação da regra do CPC é válida e não suspende o processo nem o prazo prescricional. 
Obs.: interessante notar que a citação por hora certa pode inclusive apresentar prejuízo ao réu que não teve ciência 
da citação por se tratar de caso da existência de homônimos (pessoas com mesmo nome), ou seja, a citação por hora 
foi recebida pelo porteiro, mas repassada a destinatário indevido visto que o verdadeiro possuía o mesmo nome. 
Revelia 
Assim como no processo civil, significa ausência de contestação. Sabemos, porém, que não se aplica ao processo 
penal, uma vez que este não admite prosseguimento sem defesa técnica. 
Quanto aos efeitos da revelia, temos que: 
1. Presunção da veracidade dos fatos → no processo penal a única presunção admissível é a de inocência, que 
alguns doutrinadores inclusive defendem como estado de inocência, pois a CF/88 não menciona o termo 
presunção, mas sim a ideia de que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória. Portanto, não se aplica esse efeito ao processo penal. 
 
2. Não intimação para os atos processuais posteriores → aplicável ao processo penal 
Significa que uma vez intimado e não comparecendo, o juiz poderá dispensar a intimação dos atos seguintes, dando 
continuidade ao processo, exceto quanto à sentença, que exige intimação. 
Notificação e intimação 
O CPP trata como sinônimos, embora não sejam. Doutrinariamente a notificação diz respeito à comunicação de atos 
futuros (ex: notificação para audiência) ao passo que intimação trata de atos pretéritos (ex: intimação da sentença, 
intimação da vítima sobre revogação da prisão preventiva do acusado). 
Aplica-se para ambas, no que couber, as mesmas regras atribuídas à citação. 
Ex: intimação de audiência por edital é impraticável visto a probabilidade mínima de efetiva comunicação. 
 Lembrar que a vítima pode ser intimada por meio eletrônico 
Obs.: a intimação para audiência não é pessoal, devendo ser feita ao estabelecimento prisional, diferente de como 
ocorre com a citação do réu preso. 
O art. 798, § 1º CPP estabelece que a contagem dos prazos processuais penais é feita em dias corridos, exigindo-se 
apenas que o primeiro e o último dias sejam úteis. Assim, se o réu é citado dia 06.09 (quinta), a contagem se iniciará 
dia 10.09 visto que o primeiro dia subsequente à citação é feriado. Ademais, se o prazo terminar em dia não útil será 
também postergado para o próximo dia útil. 
Obs.: a OAB ingressou com ação no STF solicitando que a contagem seja feita nos moldes do CPC, ou seja, em dias 
úteis, o que representa um benefício ao réu. 
Procedimento comum ordinário e sumário 
Diferença entre processo e procedimento 
Embasamento constitucional – art. 5º, LIII CF/88 
 Princípio do devido processo legal 
Tipos de procedimento 
1. Procedimento comum 
o Ordinário 
o Sumário 
o Sumaríssimo 
2. Procedimentos especiais 
Reforma legislativa – lei 11.719/08 (interrogatório do réu era o primeiro ato, findo este era aberto prazo de 3 dias 
para apresentação da defesa) 
a) Critério de determinação dos ritos – art. 394 CPP 
b) Defesa escrita 
c) Audiência una 
Procedimento comum ordinário 
1. Oferecimento da denúncia ou queixa – art. 41 CPP (8 testemunhas por cada réu e por cada fato) 
2. Recebimento ou rejeição da inicial – art. 395 CPP 
o Citação em caso de recebimento 
3. Apresentação da resposta à acusação – art. 396 e 396-A CPP 
4. Possibilidade de absolvição sumária – art. 397 CPP 
5. Audiência de instrução e julgamento – art. 400 CPP 
o Oitiva da vítima (se houver) 
o Oitiva das testemunhas arroladas pela acusação 
o Oitiva das testemunhas arroladas pela defesa 
o Interrogatório do réu 
o Alegações finais (orais) → 20 min para acusação e depois 20 min para defesa 
o Sentença 
Possibilidade de alegações finais na forma escrita (memoriais) – art. 403, §3º 
Possibilidade de requerimento de diligências 
Sentença → prazo impróprio de 10 dias 
Processo é o meio pelo qual o Estado exerce a jurisdição, o jus puniendi (direito de punir). Já procedimento é o rito 
(sequência de atos que devem ser praticados) para se chegar a uma decisão. 
Não obedecer à sequência viola o devido processo legal, acarretando nulidade processual. 
 A lei 11.719/08 modificou os ritos ordinário e sumário, ao passo que a lei 11.619/08 alterou o procedimento do 
tribunal de júri. 
Critério de determinação do rito 
o Crimes com pena máxima ≥ 4 anos → rito ordinário 
o Crimes com pena máxima < 4 anos → rito sumário 
o Crimes com pena máxima ≤ 2 anos → rito sumaríssimo (juizados especiais) 
Praticar infração penal não necessariamente é mais benéfico ao menor. Na situação em que um menor e um maior 
cometem roubo, por exemplo, e estes sejam condenados a 3 e 6 anos, respectivamente, poderemos ter a liberdade 
condicional do maior concedida após o cumprimento de 1/3 da pena ao passo que o menor poderá ficar internado 
por até 3 anos (limite), no entanto, para este não se aplica nenhum instituto despenalizador (composição cível, 
transação ou suspensão condicional do processo). Assim, o maior pode vir a ter sua liberdade após 2 anos de 
cumprimento da pena enquanto o menor poderá ficar até 3 anos internado. 
Crimes contra a honra → em regra integram o procedimento especial, no entanto, quando a pena máxima se 
enquadrar no limite do rito sumaríssimo seguirá este. Ex: sujeito comete difamação + calúnia → pena máxima do 
cúmulo material ultrapassa 2 anos (limite do rito sumaríssimo), assim o processo será regido pelo procedimento 
especial para crimes contra a honra, regulado pelos artigos 519 e seguintes do CPP. 
Com o intuito de desafogar o sistema prisional, visto que o número de presos provisórios aguardando julgamento 
era muito maior queo de condenados, foi criada audiência de custódia. Em tese esse procedimento teria que advir 
da lei, no entanto o art. 310 do CPP permitiu viabilizar aplicação da resolução do CNJ que regula tal instrumento 
desencarcerador. 
A audiência de custódia discute apenas a legalidade da prisão, bem como o cabimento de prisão preventiva. 
o Se a prisão for ilegal, será relaxada. Ex: preso em flagrante, porém torturado para confessar ou delegado não 
comunicou a prisão aos familiares do preso. 
o Prisão foi legal e estão presentes no caso os motivos autorizadores da prisão preventiva → conversão da 
prisão em flagrante em preventiva 
o Prisão foi legal e não estão presentes no caso os motivos autorizadores da prisão preventiva → concessão da 
liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. 
Prisão temporária 
A prisão temporária é uma espécie de prisão cautelar, regulamentada pela lei 7.960/89, decretada pelo juiz durante 
o inquérito policial, em face da representação fundamentada da autoridade policial ou a requerimento do Ministério 
Público. Com prazo de duração de cinco dias para crimes comuns e 30 para hediondos, prorrogáveis por igual 
período, quando comprovada necessidade, é utilizada para assegurar o sucesso de uma determinada diligência, 
permitindo que a polícia ou o Ministério Público colete provas para, depois, pedir a prisão preventiva do suspeito. 
A prisão temporária é cabível: 
 Quando for imprescindível para as investigações do inquérito policial; 
 Quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de 
sua identidade; 
 Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou 
participação do indiciado nos crimes de homicídio, sequestro, roubo, estupro, tráfico de drogas, crimes 
contra o sistema financeiro, entre outros. 
Se o promotor não narrar os fatos com todas as circunstâncias, o juiz pode rejeitar a denúncia ou queixa. 
Ex: não mencionar quais foram as palavras de baixo calão proferidas pelo acusado numa queixa-crime contra a 
honra, limitando-se a dizer que houve ofensa moral torna a queixa inepta. 
Ex: mencionar que em um fato houve violência e grave ameaça, sem discriminar quais foram efetivamente os atos 
violentos e ameaçadores (puxar o cabelo etc.) também é caso denúncia inpeta. 
Há, portanto, que se obedecer rigorosamente o art. 41 CPP 
 
Rejeição da denúncia – art. 395 CPP 
I – inepta diz respeito a não narrar os fatos com riqueza de detalhes 
II – MP oferece a denúncia de crime cuja ação é condicionada, sem a efetiva representação do ofendido, por 
exemplo 
III – ausência de indícios de autoria e materialidade; não é necessário que existam provas para oferecimento da 
denúncia, uma vez que estas apenas serão formadas em juízo, pois já vimos que o inquérito apresenta apenas 
elementos informativos 
A rejeição da denúncia é uma decisão interlocutória mista (não julga o mérito) terminativa da qual cabe recurso em 
sentido estrito (RESE) – art. 581 CPP 
Apresentado o RESE, a outra parte deve ser intimada para apresentar contrarrazões, sob pena de nulidade por 
ofensa ao contraditório. Uma vez revista a rejeição, a denúncia retorna ao mesmo juiz, o qual deverá recebê-la e 
proceder a citação do réu. 
Havendo citação por edital, já vimos que o processo ficará suspenso, assim como a prescrição, conforme art. 366 
CPP, pelo tempo correspondente à pena máxima em abstrato para o crime em questão. 
O recebimento da denúncia é causa interruptiva do prazo prescricional (art. 117 CP), o qual volta a ser contado do 
zero. 
O juiz poderá ainda rejeitar a denúncia após resposta à acusação. Tal possibilidade acarretou discussão na doutrina 
acerca do momento correto para caracterização do recebimento da denúncia, para fins de contagem do prazo 
prescricional. Entendimento majoritário (não há súmula) é de que o recebimento resta caracterizado no primeiro 
pronunciamento do juiz (antes da apresentação de resposta à acusação), embora o juiz possa rejeitar a denúncia por 
sua vez recebida, após a defesa inicial do acusado. 
A rejeição faz coisa julgada formal apenas, sendo plenamente possível interpor nova denúncia, até o limite do prazo 
prescricional do crime. 
Em caso de surgimento de fatos novos após a rejeição da denúncia estes devem integrar nova denúncia e não 
argumento para o RESE, sendo cabível para este apenas melhoria na fundamentação que procure convencer o juiz 
quanto ao recebimento da denúncia diante dos fatos já mencionados na primeira inicial acusatória. 
Defesa preliminar e defesa prévia são as nomenclaturas aplicadas à resposta do réu à acusação nos procedimentos 
especiais que apuram crimes cometidos por funcionário público no exercício da função e inerentes à lei de drogas, 
respectivamente. Assim, há que se observar o nome técnico a ser usado na peça processual, sendo, portanto 
resposta à acusação, o nome técnico adequado ao procedimento comum. 
No procedimento especial fala-se em notificação e não citação para apresentação de defesa. Isso significa que se a 
questão menciona o termo citação deve-se interpretar que se trata de procedimento comum. 
Na resposta à acusação o próprio código de processo, em seu art. 396-A menciona que o acusado poderá argüir 
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas 
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. 
Como preliminares temos, entre outras, as causas de nulidade previstas entre os artigos 563 a 573 no CPP (ex: 
ausência de citação), ausência de representação do ofendido nas ações públicas condicionadas à representação, 
denúncia inepta e as causas de absolvição sumária (art. 397 CPP). 
Hipóteses de absolvição sumária – art. 397 CPP 
I – excludente de ilicitude 
 Estado de necessidade é causa de extinção da ilicitude que analisa o mérito, não caracterizando preliminar! 
II – excludente de culpabilidade (ex: coação moral irresistível, erro de proibição etc.) 
o Doente mental não pode ser absolvido sumariamente, uma vez que a necessidade de internação depende 
de sentença que aplique tal medida de segurança. 
III – o princípio da insignificância exclui a tipicidade, por exemplo. 
IV – a sentença que extingue a punibilidade é declaratória, portanto não julga o mérito. Assim, aplicar excludente de 
punibilidade como hipótese de absolvição sumária é tema de discussão doutrinária, pois a sentença absolutória julga 
o mérito, fazendo coisa julgada material, o que evidencia contradição com o caráter declaratório do referido 
instituto aplicável no processo, o qual afasta o crime. Deste modo alguns autores defendem que bastava declarar a 
extinção da punibilidade ao invés da absolvição sumária. 
Pelo art. 107 CP observarmos que a prescrição é causa de extinção da punibilidade, que por sua vez pode ser 
utilizada como hipótese de absolvição sumária (sentença de mérito) ao invés de sentença declaratória de extinção 
da punibilidade ao final do processo. 
O momento adequado para o autor arrolar testemunhas é a denúncia ou queixa bem como a resposta à acusação, 
no caso do réu, sob pena de preclusão temporal. No entanto, é possível que o juiz, de ofício, admita a oitiva de 
testemunha não arrolada, excepcionalmente, quando julgar imprescindível ao seu convencimento. 
A parte pode, no decorrer do processo, substituir testemunha arrolada por motivo de saúde, por exemplo, o que 
constitui argumento para que na prática as partes arrolem quaisquer pessoas a fim de não perder a oportunidade de 
praticar o ato e posteriormente substituam por pessoas eficientes para a causa, se posteriormente descobertas. 
A oitiva da testemunha pode ser realizada sem a presença do réu, mas nunca sem a presença do advogado deste, 
sob pena de nulidade do ato. Isso se justifica para os casos em que a testemunha se sente coagida pela oitivaperante o acusado. 
A AIJ seguirá diante da ausência do réu, pois a condução coercitiva nesse caso não se justifica pelo fato deste ter 
direito ao silêncio. O mesmo raciocínio não se aplica às testemunhas, que possuem compromisso de comparecer e 
falar a verdade. 
O juiz não pode inverter a ordem prevista no art. 400, de modo a respeitar o contraditório, que é efetivamente 
garantido quando a defesa se pronuncia somente após a acusação. 
As alegações finais escritas (memoriais) só cabem quando o caso for complexo ou houver número excessivo de 
acusados, conforme disposição do art. 403, §3º, sendo concedidos 5 dias para a acusação e posteriormente o 
mesmo prazo para a defesa. 
 Quando a defesa for realizada pela defensoria pública não há dobro do prazo, no entanto este se torna 
impróprio, ou seja, admite-se a apresentação dos memoriais além do prazo legal. 
Válido lembrar que a perempção, hipótese de extinção da punibilidade do querelante por inércia do querelado, nas 
ações penais privadas, restará evidenciada quando não houver pedido de condenação também nas alegações finais. 
Como possibilidade de diligência temos a hipótese de alegação de reincidência do réu pela acusação, cuja 
comprovação depende de que o juiz oficie a vara onde se encontra decisão transitada em julgado de crime anterior, 
para que esta emita a certidão comprobatória da condenação. Em se tratando de laudo, as partes terão que se 
manifestar a seu respeito quando trazido por diligência. 
O procedimento comum ordinário deve ser concluído em 60 dias. Trata-se de prazo impróprio, no entanto, favorável 
ao réu preso, pois uma vez ultrapassado torna cabível pedido de relaxamento por habeas corpus. 
Diferenças do procedimento ordinário para o sumário 
 No procedimento sumário o número de testemunhas está limitado a 5, por cada réu e por cada fato. 
 Prazo de 30 dias para conclusão do processo 
 Não admite memorais, apenas alegações finais orais. Todavia na prática aplica-se o art. 403, §3º, 
permitindo-se os memoriais (analogia para ampliar a defesa – qualidade da defesa escrita após prazo de 5 
dias é maior que alegações orais por 20 min ao fim da AIJ). 
 
Procedimento comum sumaríssimo 
Critérios e propósitos da lei 9099/95 
o Oralidade, informalidade, economia processual e celeridade 
o Não aplicação da pena privativa de liberdade 
Conceito de infração de menor potencial ofensivo → art. 61 da lei 9099/95 
Competência e causas declinadoras: 
 Lugar da prática de infração – art. 63 
 Conexão e continência – art. 60 
 Réu não encontrado – art. 66, § único 
Fase policial: TCO - termo circunstanciado de ocorrência (art. 69) 
Fase preliminar: 
o Audiência preliminar – art. 72 e 73 
o Conciliação e composição civil dos danos 
o Transação penal 
 Enunciado 112 do FONAJE 
 Quando não é cabível transação – art. 76, § 2º 
 Súmula vinculante 35 do STF 
o Suspensão condicional do processo – art. 89 
 Súmula 696 STF 
Oferecimento da denúncia ou queixa → oral 
o Possibilidade de proposta de suspensão do processo 
Apresentação da defesa → oral 
Audiência de instrução e julgamento 
o Vítima 
o Oitiva das testemunhas arroladas pela acusação 
o Oitiva das testemunhas arroladas pela defesa 
o Interrogatório do réu 
o Debates orais 
o Sentença 
Execução – art. 84 da lei 9099/95 
o Conversão da multa em prisão (art. 85) → conflito com art. 51 CP 
A lei 9099/95 criou os juizados especiais cíveis (art. 1 a 59) e criminais (art. 60 em diante) visando dentre outras 
coisas evitar que muitos processos que apuravam crimes de menor potencial prescrevessem em virtude da grande 
demanda na justiça comum. 
Ademais a lei é orientada pelos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade e economia 
processual. Neste sentido é admissível que a intimação seja feita por carta ou e-mail (informal), mantendo a citação 
pessoal (no cartório ou em residência). 
A economia processual evidencia-se na previsão de diversos institutos despenalizadores (conciliação e transação 
penal) cujo intuito é encerrar o caso o quanto antes, evitando se possível o início da fase processual mediante 
recebimento da denúncia. A própria lei prevê que seu objetivo é sempre que possível, a reparação dos danos 
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade, ou seja, aplicação de penas restritivas de 
direito. Na prática é possível haver no máximo condenação a regime semiaberto, em casos de reincidência, por 
exemplo. 
O objeto da lei está expressamente definido no art. 61, pelo qual consideram-se infrações penais de menor potencial 
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. 
Em caso de concurso material, calúnia + difamação por exemplo, há que se verificar a compatibilidade da soma das 
penas máximas em abstrato com o limite estabelecido ao procedimento sumaríssimo. Assim, se a soma das penas 
ultrapassa 2 anos, o processo deverá tramitar na vara criminal comum, sob procedimento especial, por se tratar de 
crimes contra a honra. 
A competência do foro é estabelecida pelo local da infração, seguindo a teoria da atividade (art. 63) 
Sabemos que a conexão e continência implicam em reunião de processos. Deste modo, havendo concurso material 
entre crime de menor potencial ofensivo e crime doloso contra a vida (ameaça + homicídio, por exemplo) ou crime 
comum (lesão corporal, por exemplo), o § único do art. 60 da lei 9099/95 prevê que o julgamento competirá ao 
tribunal do júri ou à justiça comum, respectivamente, devendo-se observar os institutos da transação penal e da 
composição dos danos civis. 
Assim, caberá ao juiz do tribunal do júri julgar o crime contra honra observando a aplicação das medidas 
despenalizadoras, ao passo que o crime contra a vida será decidido pelos jurados, por exemplo. No mesmo sentido, 
o concurso material entre vias de fato (contravenção) e lesão corporal grave fixará competência para ambos na 
justiça comum, devendo-se também observar os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. 
O juizado especial e o tribunal do júri estão previstos na CF, respectivamente nos art. 98, I e art. 5º, XXXVIII, d. 
No juizado especial a citação por edital é vedada expressamente. Portanto quando o réu estiver em local incerto e 
não sabido, havendo necessidade de citação por edital, os autos serão remetidos à vara criminal comum para que 
esta proceda a devida citação, seguindo-se assim o procedimento sumário (pena máxima ˂ 4 anos). 
Por tratar de crimes de menor complexidade, a necessidade de atos como instauração de incidente de insanidade 
mental ou perícia, por serem considerados complexos, deslocam a competência dos autos para a justiça comum. 
A lei é omissa quanto à aplicação da citação por hora certa, uma vez que surgiu em 1995, anteriormente à reforma 
legislativa – lei 11.791/08, a qual ampliou a aplicação desta modalidade prevista no CPC ao processo penal. Assim, 
por se tratar de modalidade de citação ficta, alguns entendem que não deveria ser cabível ao procedimento 
sumaríssimo – crimes de menor potencial, pois pode vir a impedir que o réu usufrua das medidas despenalizadoras, 
em função da possibilidade de ser condenado sem sequer ter tido conhecimento do processo. O argumento de 
quem defende a possibilidade de aplicação é que “quem pode mais pode menos”, ou seja, se é aplicável a crimes 
mais graves nada impede que réus sejam condenados por crimes menos graves, sem apresentar defesa por não 
terem tido conhecimento do processo, nos casos em que a citação entregue a terceiros não lhes forem repassadas. 
Na prática, embora sem caráter vinculante, o enunciado 110 do FONAJE permite a aplicação da citação por hora 
certa, uma vez que tal encontro anual de magistrados visa uniformizar decisões sobre temas em que a lei é omissa. 
Fase policial 
Não há prisão em flagrante por crimede injúria, por exemplo, por inadmitir preventiva (apenas crimes com pena 
superior a 4 anos) nem provisória (rol taxativo de crimes no art. 1º, III da lei 7960), devendo as partes serem 
conduzidas à delegacia para registro do TCO (termo circunstanciado de ocorrência). 
Ao assinar o termo circunstanciado, o indivíduo assume o compromisso de comparecer no juizado especial. Em não 
cumprindo a lei permite prisão, no entanto esta previsão se torna ineficaz na prática por inaplicabilidade da prisão 
preventiva, cujos crimes devem ter pena superior a 4 anos. 
O delegado remete o TCO diretamente ao juizado especial, ao invés de ao MP, como ocorre em regra com o 
inquérito nas ações penais públicas que tramitam na justiça comum. Lembrar que o inquérito é disponível, ou seja, o 
titular da ação pode oferecer a denúncia independente de existir inquérito, bastando haver indícios suficientes de 
autoria e materialidade. 
A lei de drogas inadmite prisão para o crime de uso de drogas art. 28 da lei 11.343/06. 
Na composição civil dos danos as partes fixarão valor para o dano. Ex: crime de dano, injúria 
O fato é que tal acordo implica em renúncia ao direito de reparação ou complementação da reparação em âmbito 
civil, evitando o bis in idem. 
Ademais, a conciliação não gera maus antecedentes nem reincidência, por ocorrer antes mesmo de iniciado o 
processo em si, mediante o recebimento da denúncia. Como já falamos, o objetivo é resolver o conflito o quanto 
antes, se possível sem instauração do processo. 
Em se tratando de ação penal privada, a partir da conciliação quem decide os rumos do caso, se o processo 
prossegue ou não é o réu, pois este pode vir a aceitar os benefícios da transação penal e suspensão condicional do 
processo, extinguindo-o. Assim, a vítima não aceitar proposta de conciliação pode lhe ser prejudicial, visto que a 
extinção do processo por aceitação do réu a alguma medida despenalizadora o desobriga de qualquer reparação. 
A transação penal é uma proposta oferecida pelo MP ao réu para que este opte por cumprir penas restritivas de 
direito (doação de cesta básica, assistência social etc) em troca de não ter oferecida a denúncia. O aceite também 
não gera maus antecedentes nem reincidência, pelos motivos já expostos, visto não estar sendo julgado o mérito da 
causa, portanto o réu não está assumindo a culpa. 
Durante o período de 5 anos, o réu não poderá obter novamente o benefício em outro processo penal. 
Art. 76 → o MP oferece a transação nos crimes de ação penal pública. A lei não se refere às ações penais privadas. 
Neste caso, entende-se que se a ação pública (indisponível) permite a transação não há porque impedir o benefício à 
ação privada, conforme estabelece o enunciado 112 do FONAJE. 
O cabimento da transação penal obedece a critérios estabelecidos no art. 76, §2º 
 
Súmula vinculante 35 STF 
A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, 
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade 
da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. 
Permite-se, portanto, a revogação do benefício da transação. 
Na prática o conciliador é quem oferece a transação, usurpando competência do MP 
Suspensão condicional do processo 
É feita no momento do oferecimento da denúncia feita pelo MP. Não se aplica apenas aos crimes de menor 
potencial ofensivo, mas a qualquer crime com pena mínima ≤ 1 ano. 
Sursis cabe na Maria da Penha, o que não cabe é suspensão condicional do processo 
Suspensão condicional também não gera maus antecedentes nem reincidência, ao contrário do sursis. 
Passado o tempo da suspensão o processo é extinto, desde que cumpridas as condições. 
Se o juiz nunca fiscalizar o cumprimento e o réu cometer outro crime ou descumprir alguma medida cautelar - sair 
da comarca, por exemplo, deverá ser extinta a punibilidade, da mesma forma que após cumprido o prazo de 
suspensão. 
Se o MP não oferecer a proposta, e o juiz entender cabível o benefício, deve remeter os autos ao procurador geral, 
assim como ocorre com o inquérito, pois não pode oferecer de ofício por violar a imparcialidade. 
Alguns doutrinadores entendem que a suspensão condicional é um direito subjetivo do indivíduo, ou seja, adquirido 
pelo simples fato de atender aos requisitos legais, portanto não deve depender de oferecimento do MP. 
Se o réu não aceita a suspensão condicional o processo segue para a AIJ. 
Normalmente a denúncia e defesa são oferecidas na forma escrita, embora a lei permita oralmente. 
Quando o juiz recebe a denúncia há citação do réu para apresentação de defesa técnica prévia. 
A AIJ segue a mesma ordem prevista no art. 400 CPP 
A lei 9099/95 não fala sobre a quantidade de testemunhas admissíveis. Há julgados que sustentam ser possível 
apresentar 5 testemunhas, por analogia ao procedimento sumário. Na prática normalmente admite-se 3 
testemunhas. 
Debates orais → diferente dos procedimentos comum ordinário e sumário, a lei 9099 não fala em alegações finais 
nem memoriais. Na prática, por analogia ao rito sumário admite-se 20 minutos. 
Quanto aos memoriais, também há casos em que foram aceitos. 
Na conciliação e transação não é obrigatório o acompanhamento do réu por advogado, por se tratar de fase 
preliminar. Logo, após o recebimento da denúncia, instaurada a ação penal, a participação da defesa técnica é 
imprescindível. 
A sentença dispensa o relatório, convalidando com o princípio da celeridade. 
Execução 
o Quando se trata de pena de multa a execução fica a cargo do próprio juizado especial criminal. 
o Em caso de penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será 
processada perante o órgão competente. 
A lei fala que o não pagamento da multa deve ser convertido em prisão, provocando conflito com o art. 51 CP. 
Em 1996, ou seja, 1 ano após a criação da lei 9009/95, o art. 51 foi modificado, estabelecendo que a multa não pode 
mais ser convertida em prisão, devendo ser executada pela fazenda pública. 
Se o CP não converte, a lei do juizado especial não poderia converter, principalmente por se tratar de infrações de 
menor potencial ofensivo. 
Curiosidade 
A conexão e a continência e as infrações penais de menor potencial ofensivo 
O PGR questionou (quase dez anos depois de promulgada) no STF dispositivos que permitiram o deslocamento de 
processos da competência dos Juizados Especiais Criminais para a Justiça Comum ou para o Tribunal do Júri. Na Ação 
Direta de Inconstitucionalidade nº. 5264, ele contesta os art. 1º. e 2º. da lei nº. 11.313/2006, que alteraram o art. 60, 
parágrafo único, da lei nº. 9.099/95 e o art. 2º., parágrafo único, da lei nº. 10.259/2001. 
De acordo com o Procurador-Geral, os dispositivos atacados possibilitaram, mediante a utilização dos institutos da 
conexão e da continência, o processamento e julgamento pela Justiça Comum ou pelo Tribunal do Júri de infrações 
penais de menor potencial ofensivo, “as quais são da competência material absoluta dos Juizados Especiais 
Criminais”. Ele alega que tal deslocamento contraria o Princípio do Juiz Natural (art. 5º, LIII), bem como o art. 98, I, 
da CF/88 (competência ratione materiae, e, portanto absoluta), por estabelecerem hipótese de modificação, por 
norma infraconstitucional, de competência estabelecida na Constituição Federal. 
Dessa forma, o Procurador-Geral pede para que o Supremo declare a inconstitucionalidade total dos acréscimos 
promovidos pelos dispositivos da Lei nº. 11.313/2006 ao parágrafo único do art. 60 da Lei nº. 9.099/95 e ao 
parágrafo único do art. 2º. Da Lei nº. 10.259/2001; bem como a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, 
das alterações promovidas na cabeça desses dispositivos legais a fim de afastar interpretação que admite o 
deslocamento de processos dos Juizados Especiais Criminaispara órgãos jurisdicionais diversos, como Justiça comum 
ou Tribunal do Júri. 
A não observância desta competência constitucional acarreta a nulidade de todos os atos processuais porventura 
praticados, não somente os decisórios, como também os probatórios, “pois o processo é como se não existisse.” 
Ademais, ressalva-se que o próprio Código de Processo Penal, no art. 80, permite a separação de processos mesmo 
sendo o caso de conexão ou continência, quando, por exemplo, “o juiz reputar conveniente a separação por motivo 
relevante.” Logo, ainda que a separação não fosse ditada pelo art. 98, I da Constituição, poderia sê-lo por força do 
art. 80 do Código, por ser conveniente a separação, pois o rito nos Juizados Especiais Criminais é completamente 
diferente (e mesmo inconciliável) com o rito ordinário (e com outros especiais). 
Eis a lição da doutrina: 
“Havendo conexão ou continência, deve haver separação de processos para julgamento da infração de competência 
dos Juizados Especiais Criminais e da infração de outra natureza. Não prevalece a regra do art. 79, caput, que 
determina a unidade de processo e julgamento de infrações conexas, porque, no caso, a competência dos Juizados 
Especiais é fixada na Constituição Federal (art. 98, I), não podendo ser alterada por lei ordinária.” 
Sidney Eloy Dalabrida assim entende: 
“Havendo conexão ou continência entre infrações de menor potencial ofensivo e outras de natureza diversa, via de 
regra, impõe-se a disjunção de processos, devendo o promotor de justiça, portanto, oferecer denúncias em separado 
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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10629310/artigo-79-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
perante os respectivos juízos competentes, face à inaplicabilidade do art. 78, II do CPP, por importar sua incidência 
em afronta à Constituição Federal.” 
É bem verdade que a própria Lei nº. 9.099/95 prevê duas hipóteses em que é afastada a sua competência (art. 66, 
parágrafo único e 77, § 2º.), mas este fato não representa obstáculo ao que dissemos, pois se encontra dentro da 
faixa de disciplina possível para a lei n. 9.099/95, permitida pelo art. 98 da Constituição. Em outras palavras: ao 
delimitar a competência dos Juizados, poderia a respectiva lei, autorizada pela Lei Maior, estabelecer exceções à 
regra, observando, evidentemente, os critérios orientadores estabelecidos pela própria lei. O que não se pode é se 
utilizar o Código de 1941 para afastar a competência dos Juizados, constitucionalmente ditada. 
Efetivamente, na lei nº. 9.099/95 há duas causas modificadoras da competência: a complexidade ou circunstâncias 
da causa que dificultem a formulação oral da peça acusatória (art. 77, § 2º.) e o fato do réu não ser encontrado para 
a citação pessoal (art. 66, parágrafo único). Porém, o certo é que tais disposições não ferem a Constituição Federal, 
pois as duas hipóteses se ajustam perfeitamente aos critérios da celeridade, informalidade e economia processual 
propostos pelo legislador (art. 62). Nada mais razoável e proporcionalmente aceitável que retirar dos Juizados 
Especiais o réu citado por edital (ao qual será aplicado, caso não compareça, o art. 366 do CPP) e um processo mais 
complexo: são circunstâncias que, apesar de excluírem a competência dos Juizados, ajustam-se perfeitamente 
àqueles critérios acima indicados e são, portanto, constitucionalmente aceitáveis. 
Observa-se que se as leis respectivas “podem definir quais são as infrações, podem, também, o menos, que é excluir 
aquelas que, mesmo sendo de menor potencial ofensivo, não são recomendadas para serem submetidas ao Juizado, 
desde que não se subtraia de todo a competência estabelecida constitucionalmente”, como bem anotou Luiz Gustavo 
Grandinetti Castanho de Carvalho. 
Este entendimento prevalece mesmo tratando-se de delito de menor potencial ofensivo conexo com um crime contra 
a vida, hipótese em que ao Tribunal do Júri caberá exclusivamente o julgamento do delito contra a vida, posição que 
não fere em absoluto o art. 5º., XXXVIII, d, da Carta Magna, pois ali não há exigência do Júri em julgar também os 
crimes conexos àqueles. A Constituição reserva ao Júri a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, e 
tão só. Os crimes conexos devem também ser julgados pelo Tribunal Popular (art. 78, I, CPP), salvo aqueles cuja 
competência extraia-se da Constituição Federal (como os de menor potencial ofensivo). 
Neste sentido, a Seção Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás julgou improcedente o conflito de competência 
negativo suscitado pelo 1º juiz do Juizado Especial Criminal de Anápolis contra o juiz da 1ª Vara Criminal da mesma 
comarca (julgamento proferido antes da Lei nº. 11.313/06). A seção entendeu que, mesmo em caso de crimes 
conexos, os Juizados Especiais atraem da Justiça comum a competência para o julgamento do feito. Segundo o 
Desembargador Aluízio Ataídes de Sousa, a competência é do Juizado Especial porque nele o agente tem o direito de 
não ser denunciado para não sofrer constrangimento ilegal. "Aliás, assim entendeu, e o fez corretamente, o 
Ministério Público de primeiro grau, ao requerer a designação de audiência preliminar sem oferecer denúncia", 
argumentou. 
Destarte, subtraindo a competência dos Juizados Especiais Criminais, a referida lei incidiu em flagrante 
inconstitucionalidade, pois a competência determinada expressamente pela Constituição Federal não poderia ter sido 
reduzida por lei infraconstitucional (inconstitucionalidade formal). Aliás, a referida lei também é inconstitucional sob 
o aspecto material, pois afronta o disposto no art. 98, I da Carta Magna. 
Como afirma Gilberto Thums, no Estado Democrático de Direito “o rito processual deve representar uma garantia ao 
acusado de que terá

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