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PARA CONCLUIR A insatisfação com algumas práticas da Igreja católica, embora não fosse novidade, aumen- tou consideravelmente a partir do início da Idade Moderna, estimulada pelo racionalismo e pelo antropocentrismo. Assim, surgiram diversas religiões cristãs que propunham uma nova relação com os fiéis. Essas novas religiões conquistaram muitos adeptos e, sem dúvida, enfraqueceram a Igreja ca- tólica, que perdeu fiéis, além de prestígio e dízimo (pagamento de 10% do que os fiéis ganhavam, também solicitado por muitas instituições reformadas). Diante dessa situação, o alto clero católico buscou alternativas para evitar a expansão ainda maior das igrejas protestantes e, consequentemente, a perda de fiéis. Essa reação da Igreja católica você vai estudar no módulo seguinte, a Contrarreforma. PRATICANDO O APRENDIZADO 1 O que foi a Reforma protestante? Movimento religioso de ruptura com a Igreja católica que deu origem às religiões protestantes no século XVI. 2 Relacione o Humanismo com a Reforma protestante. O Humanismo foi, aos poucos, trazendo uma visão mais crítica e racional de mundo, o que estimulou a percepção de aspectos controversos da Igreja católica e, consequentemente, levou à ruptura com essa instituição. 3 A primeira ruptura com a Igreja católica foi a Reforma do século XVI? Justifique. Não, no século XI, por exemplo, houve o Cisma do Oriente. 4 Podemos afirmar que a Reforma protestante tem refle- xos ainda nos dias atuais? Por quê? Sim, porque podemos verificar o grande número de igrejas protestantes no Brasil e no mundo, as quais conquistam dia a dia um número cada vez maior de fiéis. 5 Apresente duas características da Igreja católica que tenham levado essa instituição a ser criticada na Idade Moderna. A venda de indulgências, cargos eclesiásticos e objetos “sagrados”; o desrespeito do clero ao celibato; o luxo em que vivia parte do clero; entre outras. 6 Além das justificativas religiosas, quais motivos leva- ram algumas pessoas a romper com o catolicismo? Interesses econômicos nas terras e nos bens da Igreja; interesses políticos, por exemplo, dos reis que queriam pôr fim à interferência do papa em seus países; e até interesses pessoais, como os do monarca Henrique VIII, que desejava se separar da esposa. 272 H IS T Ó R IA » M Ó D U L O 1 6 3_PH7_EF2_HIST_C2_266a274_M16.indd 272 11/21/17 5:39 PM APLICANDO O CONHECIMENTO Leia com atenção o texto abaixo e responda às ques- tões 1 a 3. Martinho Lutero, denominado pela posteridade o pai da Reforma Protestante, foi um homem do seu tempo, assolado pela angústia e o medo do inferno. Ingressou aos 22 anos no convento Agostiniano de Erfurt, em 1505, mas não pretendia ser o líder de uma ruptura religiosa. Pelo contrário. Cristão solitário buscava apenas encontrar o remédio para os seus males interiores. Mesmo no fim da vida, em 1546, não se jul- gava o construtor de uma nova Igreja. […] As palavras de Lutero não foram de encontro apenas às an- gústias espirituais de uma Alemanha dividida, mas, também, revelaram-se interessantes às controvérsias humanas. Cava- leiros, nobres, mercadores, muitos nutriam desconfianças por Roma, e, ao mesmo tempo, mostravam-se ávidos por incorpo- rarem suas riquezas. […] Febvre observa que as cidades alemãs eram ricas e populosas, tais como Augsburgo, a cidade dos banqueiros Fuggers, e Nuremberg, importante pela fabricação de bússolas e astrolábios que impulsionavam a descoberta da América. Não era interessante à Igreja enfrentar problemas num território tão proveitoso. Política, diz Febvre, a política, mais do que a religião, explica a ferocidade com que Roma per- seguiu e condenou Martinho Lutero como herético, embora outros de seu tempo defendessem ideias semelhantes. […] WOOLLEY, Patricia. Um destino: resenha sobre o importante livro de Lucien Febvre. Revista de História da Biblioteca Nacional, jan. 2013. 1 Podemos afirmar que a publicação das 95 teses de Lute- ro tinham como principal objetivo romper com a Igreja católica? Justifique. Não, porque, de acordo com o texto, Lutero estava preocupado com suas questões pessoais e desejava que a Igreja católica modificasse aquilo que ele considerava incorreto. 2 Que grupos sociais apoiaram Lutero? Cavaleiros, nobres, mercadores, muitos nutriam desconfianças por Roma e, ao mesmo tempo, mostravam-se ávidos por incorporar suas riquezas. 3 Segundo o texto, por que não era interessante para a Igreja católica perder o apoio de cidades como Nurem- berg e Augsburgo? Porque eram cidades muito ricas e poderosas. 4 Leia o texto. Evangélicos, batistas, presbiterianos, adventistas, pen- tecostais, protestantes, anabatistas e congregacionistas. Muitas vezes a discussão sobre a doutrina protestante se concentra no problema de classificar e diferenciar suas di- ferentes denominações. Mas, para além das definições dog- máticas e das confissões de fé, todas estas Igrejas – e outras que se desenvolveram ao longo da fragmentação religiosa da cristandade ocidental – têm o mesmo ponto de partida: o núcleo doutrinal luterano da justificação pela fé. […] Ter fé, no sentido luterano do termo, significava com- preender o valor do sacrifício de Cristo e crer em sua graça redentora para abrir o horizonte da salvação. Como era um dom totalmente gratuito, sem nenhum correspondente nas ações humanas, implicava a recusa da noção de “obras meritórias” – sobre as quais o papado havia construído sua própria autoridade, inclusive pela teoria das indulgências (remissão das penas cabíveis para os pecados cometidos). Em suas 95 Teses (1517), Lutero condenava as in- dulgências, pois elas forneciam aos pecadores uma falsa segurança. Se o homem pecador não pode realizar obras boas, as indulgências são inúteis. O que salva o homem é somente a fé. […] No sentido católico do termo, ter fé era outra coisa: aderir à mensagem divina da Revelação do modo como os bispos e os párocos a ensinavam aos fiéis. A fé que sal- va era um sentimento subjetivo de misericórdia divina, a resposta para o problema angustiante da salvação, que seria alcançada, segundo a Igreja, quando se seguiam os seus ditames: confessar-se, arrepender-se e obter a absol- vição libertadora, para realizar boas obras. A confissão, para ter valor, deveria ser completa, e os erros discrimina- dos por quantidade, qualidade e circunstância. Era como contar as gotas de água em um oceano! […] PATUZZI, Silvia. Sem intermediários. Revista de História da Biblioteca Nacional, dez. 2002. a) Segundo o texto, o que era a salvação pela fé para Lutero? Compreender o valor do sacrifício de Cristo e crer em sua graça redentora para abrir o horizonte da salvação. Como era um dom totalmente gratuito, sem nenhum correspondente nas ações humanas, implicava a recusa da noção de “obras meritórias” – sobre as quais o papado havia construído sua própria autoridade, incluindo a teoria das indulgências. 273 H IS T Ó R IA » M Ó D U L O 1 6 3_PH7_EF2_HIST_C2_266a274_M16.indd 273 11/21/17 5:39 PM b) Por que Lutero era contra as indulgências? Porque, segundo ele, apenas a fé garantiria a salvação. c) De acordo com o texto, o que significava ter fé para a Igreja católica? Aderir à mensagem divina da Revelação do modo como os bispos e os párocos a ensinavam aos fiéis. 5 Leia o texto a seguir. Por outro lado, no protestantismo, o lucro não é vis- to como pecado resultante da usura. O lucro é encarado com naturalidade, como fruto do esforço do cristão para agradar a Deus por meio do seu trabalho. GOMES, Antônio Máspoli de Araujo. O pensamento de João Calvino e a ética protestante de Max Weber. Aproximações e contrastes. Disponível em: <www.mackenzie.com.br/fileadmin/ Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_VII__2002__2/Maspoli.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2017. Compare a visão de lucro dos protestantes, expressa no texto, com a dos católicos.Para os protestantes o lucro é consequência do esforço de quem trabalha; para os católicos, especialmente quando provém da usura, o lucro é condenável. 1 No século XVI, nas palavras de um estudioso, “reformar a Igreja significava reformar o mundo, porque a Igreja era o mundo”. Tendo em vista essa afirmação, é correto dizer que: a) A Igreja católica era muito importante não apenas no âmbito religioso, mas também no âmbito cultural e político. b) As práticas da Igreja ficavam restritas às questões re- ligiosas e não afetavam quem não fizesse parte dela. c) Como o mundo inteiro era católico, não havia dis- cordâncias religiosas, e a paz era garantida. d) A Igreja controlava todos os aspectos da vida mo- derna, nomeando reis, cobrando impostos estatais e, por isso, estava isenta de críticas. 2 A pa rtir do século XVI, a Europa assistiu ao surgimento de novas religiões cristãs, que rompiam com dogmas e procedimentos da Igreja católica, como o protestantis- mo luterano, o calvinista e o anglicano. Em que pesem as diferenças entre elas, essas novas formas do cristia- nismo têm também elementos que as aproximam uma das outras. Um desses elementos é: a) a crença na vinda de um Messias que salvaria a hu- manidade de todos os males. b) a manutenção de laços profundos com a Igreja católica. c) a continuidade do celibato, considerado fundamen- tal pelos protestantes. d) a tradução da Bíblia para as línguas de cada país. 3 Leia o texto a seguir. A base da teologia de Martinho Lutero reside na ideia da completa indignidade do homem, cujas vontades es- tão sempre escravizadas ao pecado. A vontade de Deus permanece sempre eterna e insondável e o homem ja- mais pode esperar salvar-se por seus próprios esforços. O essencial de sua doutrina é que a salvação se dá pela fé na justiça, graça e misericórdia divinas. SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 288. Baseados no texto, podemos afirmar que, para Lutero, a salvação: a) era garantida de acordo com as ações das pessoas. b) dava-se exclusivamente pela fé de cada um. c) dependia da compra de indulgências. d) variava segundo a escolha divina. 4 Leia este texto e responda ao que se pede. Num manuscrito do século XIII pode-se ler: “Os usu- rários são ladrões, pois vendem o tempo, que não lhes pertence, e vender o bem alheio, contra a vontade do pos- suidor, é um roubo”. Apud LE GOFF, J. A bolsa e a vida: a usura na Idade Média. São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 39. Essa visão sobre a usura corresponde a que doutrina religiosa? a) Católica. b) Anglicana. c) Luterana. d) Calvinista. Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. DESENVOLVENDO HABILIDADES 274 H IS T Ó R IA » M Ó D U L O 1 6 3_PH7_EF2_HIST_C2_266a274_M16.indd 274 11/21/17 5:39 PM
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