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TCC - A Secularização do Evangelho e seus efeitos para o Cristianismo

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
CURSO DE GRADUAÇÃO BACHAREL EM TEOLOGIA 
 
A SECULARIZAÇÃO DO EVANGELHO E SEUS EFEITOS PARA O 
CRISTIANISMO 
Aluno: Josué Avelino da Silva
1 
 
RESUMO 
O presente estudo trata sobre osefeitos produzidos no cristianismo como 
consequência da secularização do evangelho. À medida que a sociedade, de um modo 
geral, se moderniza, muitas igrejas acompanham suas tendências e modismos, e dessa 
forma, contribuem para a descaracterização dos templos, dos cultos e do 
comportamento dos fieis. A partir de então concluímos que, para atrair cada vez mais 
pessoas, algumas denominações evangélicas, passarama repensar o modelo de culto 
adotado nas igrejas. Os púlpitos foram transformados em palcos, os tradicionais bancos 
de madeira deram lugar às confortáveis poltronas, a liturgia, antes baseada em cânticos 
espirituais e leituras de textos bíblicos, foi “modernizada” e adaptada para 
programações voltadas ao entretenimento e os sermões teológicosforam substituídos por 
palestras motivacionais. Faz-se necessário, portanto, que os líderes cristãos voltem ao 
evangelho genuíno que se baseiana simplicidade e na eficácia das Escrituras Sagradas, 
apresentando o evangelho ao mundo e não o mundo ao evangelho. 
 
Palavraschaves: Cristianismo. Evangelho. Igreja. Secularização. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Com o objetivo de desenvolver e basear o tema, foram realizadas pesquisas 
bibliográficas e em sites da internet, cujos autores abordam com muita propriedade e 
variedade o assunto tratado neste trabalho. 
No final da Idade Média, em meados do século XV, surge um novo ambiente 
cultural e moral no ocidente. A Igreja perde a influência que exercia sobre o estado e 
sobre a sociedade que vivia sob a ameaça da força política e da inquisição promovida 
 
1 Aluno concludente do curso de Bacharel em Teologia. 
pela igreja romana. Mudanças intelectuais e comportamentais moldaram a cultura 
ocidental a partir do Iluminismo, dando início ao que chamamos de secularização da 
sociedade moderna. A secularização não é uma ideologia, mas um conceito e um 
processo sociológico pelo qual as sociedades se tornaram menos teístas à medida que se 
tornaram mais modernas. No entanto, o secularismo moderno, acaba por promover, não 
apenas a separação entre a igreja e o estado, mas também a ausência de vínculo entre o 
homem e Deus. 
No que se refere à secularização do evangelho, como forma de compensar a 
perda de influência da igreja sobre a sociedade moderna, percebe-se uma tendência cada 
vez maior, no sentido de atrair as pessoas para dentro das igrejas, utilizando-se, para 
isto, de métodos e práticas que tornam o ambiente mais agradável aos olhos, mas nem 
sempre edificante e saudável à alma e ao coração. Além disso, tendo em vista que há 
associação entre espiritualidade e saúde, fato este já cientificamente comprovado,a 
secularização do evangelhoé uma questão que pode impactar, de forma negativa, a 
saúde emocional dos fiéis, pois as pessoas com base espiritual frágil tendem a adoecer 
mais e a ter hábitos de vida poucosaudáveis, desenvolvendo doenças como a depressão, 
a ansiedade e outros males relacionados à espiritualidade.Nesse sentido, nosso foco 
principal é fazer a reflexão sobre a importância da não secularização do evangelho. 
 
2 A SECULARIZAÇÃO DA IGREJA 
 
O conceito de secularização designa o processo de separação, ou gradual 
abandono, das formas tradicionais de estruturação social baseadas na religiosidade. 
Sendo mais objetivo, a secularização está relacionada com o surgimento de novos 
padrões de comportamento e de um modo de vida que não está baseado em torno de 
uma visão firmada em hábitos ligados à religiosidade. 
O sociólogo Max Weber
2
 atribuiu como ponto principal do processo de 
secularização, o momento de crescimento histórico do sistema capitalista, que ganhava 
grande fôlego diante da enorme produção que a Revolução Industrial permitia. O lucro 
tornava-se prioridade nas relações comerciais, o que exigia em grande parte a 
racionalização das ações dos sujeitos. 
Ainda de acordo com Weber, oprocesso de secularização está relacionado com 
a construção do mundo moderno. A queda das teocracias (regime de governo baseado 
em torno da religião e de seus preceitos) na Europa feudal culminou com o surgimento 
do modelo das instituições modernas que ainda hoje é exercido no nosso mundo social. 
Entender o processo desencadeado ao longo dos anos que se originou do fenômeno da 
secularização ajuda-nos a entender, em parte, o que motivou as mudanças no seio das 
instituições religiosas cristãs e como o pensamento moderno de administração 
influenciou os líderes que se inclinaram no sentido de reestruturar a igreja nos moldes 
da secularização que ocorreu no mundo. 
 
2
 Max Weber (1864-1920) foi um importante sociólogo e destacado economista alemão. 
Para falar da secularização do evangelho e suas consequências para o 
cristianismo, precisamos antes, entender como tudo começou, como surgiu o 
cristianismo, a pregação do evangelho e quais eram seus princípios e valores 
fundamentais. 
Após a morte de Jesus Cristo, seus discípulos, dentre os quais se destacaram 
Pedro e posteriormente, Paulo, atendendo ao chamado do mestre, passaram e pregar o 
evangelho baseado nos princípios e valores ensinados por Jesus Cristo, dentre eles a 
justiça social, o respeito e amor ao próximo, tolerância, honestidade, paciência e o amor 
a Deus acima de todas as coisas. Pedro, com um perfil mais doméstico, se limitou a 
anunciar as “boas novas”, como ficou conhecido o evangelho de Cristo, nas regiões da 
Galileia e da Judeia, províncias judaicas do Império Romano na época do primeiro 
século. Enquanto Paulo, mais culto e por ser possuidor de dupla cidadania, judaica e 
romana, foi incumbido de anunciar o evangelho às demais províncias fora de Israel. 
Durante o auge da civilização romana, o apóstolo Paulo, de forma ousada e 
destemida, teve fundamental importância para a expansão do cristianismo entre os 
chamados “povos gentios” ou não judeus. 
Em 44 d.C.em Tarso, sua cidade natal, o apóstolo Paulo, após sua conversão, 
pregou o evangelho durante três anos, depois seguiu para Antioquia, capital da 
província romanana Síria, na época a terceira maior cidade do império, logo após, foi 
para Roma e Alexandria. Nessa cidade tem início a missão entre os gentios. Foi na 
cidade de Alexandria que os discípulos, pela primeira vez, foram chamados cristãos. 
Contando com a perspicácia e a ousadia de Paulo, o cristianismo desenvolveu-
se entre os romanos, inicialmentecom muita cautelae, de certa forma, clandestina, pois 
os cultos cristãos eram proibidos em Roma e, nessa época, a grande maioria da 
população romana era pagã. 
A partir de 54 d.C. sob o governo do Imperador Nero, os cristãos sofreram 
duras perseguições em Roma, ao ponto de serem presos, torturados e jogados às feras 
nas arenas durante espetáculos públicos. Quase três séculos depois, no ano de 313, 
graças ao Edito de Milão promulgado pelo Imperador Constantino Magno, o culto 
cristão passa a ser permitido em todo o Império e, a partir de então, o cristianismo 
cresceu exponencialmente, ganhando muitos adeptos em Roma. No mesmo século IV 
d.C., no ano de 380, em função do Edito de Tessalônica, de Teodósio Magno, o 
cristianismo se torna a religião oficial do Império e a igreja cristã passa por uma 
transição, passando de perseguidaà condição deúnica religião aceita em todo o Império 
Romano. Sobre a estatização da igreja,o Reverendo Hernandes Dias Lopes, Pastor 
Presbiteriano, no seu livro “Panorama da História Cristã” menciona o seguinte: 
 
Contudo, é certo dizer que a decisão de declarar o cristianismo religiãooficial do 
império também teve trágicas consequências para a igreja, como por exemplo, a 
sua rápida paganização.A porta de entrada da igreja deixou de ser a conversão 
para ser a conveniência. As pessoas vinham para a igreja não porque estavam 
convencidas de seus pecados, não porque haviam recebido a Cristo como Senhor, 
mas por causa das benessesque recebiam.
3
 
 
Em 395 d.C., o Império Romano estava em declínio e o imperador Teodósio 
propôs uma solução para a crise: dividir o imenso território de Roma em duas partes. 
Assim, o império foi dividido em ocidente e oriente. Constantinopla, do lado oriental, 
ganhou importância com essa divisão e se desenvolveu economicamente pelo comércio. 
Enquanto o Império Romano do Ocidente caia junto à Roma, que era saqueada pelos 
bárbaros, a parte oriental do império permanecia tendo sua capital sendo chamada de 
Roma do Oriente. 
No século V, o Império Romano do Ocidente, sofrendo com fortes crises 
econômica e política, foi gradativamente enfraquaquecendo atéruir.Esse período na 
história romana foi marcado por uma intensa disputa pelo poder, com conspirações 
sendo realizadas contra os imperadores, o que gerava uma instabilidade que enfraquecia 
a administração romana.Roma também sofreu com saques por parte dos povos 
germânicos em 410 e 455 e Rômulo Augusto, o último imperador romano do ocidente, 
se viu obrigado a abdicar em 476. Porém, com exceção das deserções ocorridas no 
oriente, a igreja permaneceu viva como instituição na forma da comunhão, tensa, entre o 
ocidente e o oriente. 
No século VI, Justiniano I reorganizou em parte, a economia do império, mas 
não tinha mais a mesma força militar, por isso não conseguiu evitar outro saque a 
Roma, em 546, o império perdeu muitas províncias conquistadas, mas manteve Roma, 
incorporada ao Exarcado de Ravena, até 751.Justiniano, acreditando ter o direito de 
regulamentar a disciplina e a ordem do culto e dar opiniões teológicas que, segundo ele, 
deveriam ser defendidas pela igreja, criou uma espécie de “Pentarquia” e de forma 
monocrática, nomeou os os bispos de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e 
Jerusalém como líderes da igreja imperial. 
Alguns anos mais tarde, Justiniano priorizou a expansão do território bizantino, 
chegando a reconquistar o que havia sido perdido pelos romanos ocidentais com a 
invasão bárbara. As tropas bizantinas reconquistaram Roma, o norte da África e a 
península Ibérica, que haviam sido conquistados pelos germânicos. 
A partir do século VII, a ameaça partiu dos muçulmanas que começaram a 
conquistar fieis cristãos para o Islamismo na Ásia ocidental e no norte da África, 
enfraquecendo tanto o Império Bizantino quanto sua igreja. Nem as intensas atividades 
missionárias lideradas a pela igreja cristã de Constantinopla foi suficiente para conter a 
investida do Islamismo sobre os cristãos e como fator contribuinte para o 
enfraquecimento da igreja, as regiões fora do controle político e militar do império 
criaram suas próprias igrejas estatais, como foi o caso da Igreja Búlgara em 919. 
O imperador bizantino passou a exercer papel ativo nas atividades 
eclesiásticas. Ele era o pontífice máximo e considerado o representante de Cristo e 
responsável pela propagação da mensagem cristã. Surgia assim o “cesaropapismo” ou 
seja, o imperador liderava o Estado e a Igreja. Uma nova crise em Roma fez com que 
 
3
 Lopes, Hernandes Dias, Panorama da História Cristã: A intervenção divina na história – Edição revisada e atualizada – São Paulo 
– Editora Hagnos 2018 
Constantinopla se transformasse no centro da cristandade. A doutrina cristã estava sobas 
ordens do imperador, que publicava decretos regulando a crença dos seus súditos. 
A questão da veneração das imagens foi uma das grandes polêmicas religiosas 
do Império Bizantino. A Igreja Oriental não aceitava a veneração às imagens de santos, 
por conta disso, várias imagens foram destruídas. 
Em virtude dos constantes desvios de conduta e ética, além do distanciamento 
da sã doutrina cristã que vinha ocorrendo, foi instituídoo Cisma do Oriente, que 
culminou com a primeira divisão na cristandade. As disputas entre o papa e o imperador 
bem como as diferenças de dogmas cristãos pregados por ocidentais e orientais fizeram 
com que romanos e bizantinos se separassem em 1054. Além da Igreja Católica 
Romana, surgia no Oriente a Igreja Católica Ortodoxa. 
Apesar dessa divisão, o papado continuava em ascensão e fortalecido. O papa 
tornou-se soberano na economia, na política e na religião. Mas à medida que o líder 
supremo da igreja se fortalecia, a igreja se distanciava dos princípios e valores que 
sempre nortearam a religião cristã. A igreja foi se corrompendo e se distanciando cada 
dia mais da pureza e da simplicidade do evangelho. Heresias foram sendo introduzidas 
na igreja como a oração pelos mortos, a veneração de santos, uso de imagens de 
escultura como objeto de adoração, a exaltação de Maria como mãe de Deus, o 
celibato, a restrição do acesso a biblia aos leigos e vários outros desvios doutrinários. 
Nos séculos seguintes, por conta das muitas práticas polêmicas, heresias e 
desvios doutrinários, que causavam constrangimentos à fé cristã e colocavam em dúvida 
a lisura de das ações da igreja, a igreja continuou sendo alvo de acusações e tentativas 
de interferência interna e externa. Porém, após mais de um milénio de trevas e 
apostasia, quando a igreja paulatinamente foi invadida por diversas heresias perniciosas, 
começa, enfim, uma luz no fim do túnel, surgem os reformadores da igreja cristã 
ocidental. 
 
3 A REFORMA PROTESTANTE E SEUS EFEITOS ATÉ OS DIAS ATUAIS 
 
A reforma protestante foi um movimento religioso promovido com o objetivo 
de fazer com que a igreja romana voltasse à pureza das Escrituras e à plenitude do 
evangelho de Cristo, tal como foi por Ele ensinado ao seus discípulos e posteriormemte 
pregado pelos precurssores apóstolos do cristianismo. 
 Esse movimento deflagrado em princípios do século XVI, foi precedido por 
outro importante movimento cultural deflagrado no norte da Itália, denominado de 
Renascença, que aconteceu nos séculos XIV e XV, que promoveu a desvinculação da 
economia, das artes, da ciência, da política e da religião do domínio da igreja e do 
império. Nem Estado nem Igreja exerciam mais a tutela dessas áreas, com isso, o 
controle absoluto da igreja foi enfraquecendo, e os homens começaram a libertar-se do 
cativeiro milenar imposto pela igreja romana. Assim, o povo passou a ter acesso ao 
Novo Testamento no original em grego e passou a perceber o quanto estavam 
distorcidos os ensinamentos que haviam aprendido a respeito da fé cristã daqueles 
ensinados pelos apóstolos da Igreja Primitiva do primeiro século. A invenção da 
imprensa em 1450 d.C. possibilitou a impressão em grande escala de exemplares da 
bíblia, bem como de diversas obras literárias de autores cristãos. Todos esses fatores 
foram de suma importância para o fim do controle intelectual exercido pela igreja que 
somente permitia aos sacerdotes usarem a “Vulgata”,
4
 traduzida por Jerônimo para o 
latim, nas cerimônias religiosas. 
Naquele cenário deprimente no qual vivia a igreja, completamente afastada dos 
propósitos divinos, homens corajosos se levantam e começam a clamar por mudanças. 
Era necessário uma ampla reforma na igreja a fim de trazê-la de volta às Escrituras 
Sagradas e às praticas fieis da sã doutrina. É nesse contexto que surgem os pré-
reformadores, homens levantados por Deus para protestar com coragem num período 
em que a Igreja havia se distanciado da verdade das Escrituras, e que acabaram 
contribuindo de forma muito importante para a Reforma Protestante no século XVI. 
Dentre os muitos engajados nessa missão, destacamos como “Pré 
Reformadores”
5
, nomes como os de John Wycliffe que ficou conhecido como “A 
Estrela da Alva da Reforma”. Wycliffe era tinha bom trânsito em todas as classes 
sociais. Identificava-se tanto com pobresquanto com ricos. Sempre sensível aos 
problemas e dificuldades das classes menos privilegiadas, procurava usar sua influência 
em favor dos mesmos. Ensinava as as Escrituras em linguagem simples e correta, sem 
desvios teológicos. Os fidalgos eram seus amigos, porque ele os ajudava a resistir ao 
clero; Jan Hus em 1402 foi nomeado reitor e pregador da Capela de Belém, onde suas 
mensagens fervorosas e bíblicas desencadearam um movimento reformador. No mesmo 
ano, ocupou a reitoria da universidade, o que favoreceu o avanço dos ideais da Reforma; 
e Girolamo Savonarola, monge dominicano. Pregou com veemência sobre os desvios 
do papa, atacou com vigor os vícios do clero e denunciou com grande poder o declínio 
espiritual de sua época. Sofreu uma tentativa de sedução do papa que lhe ofereceu um 
posto de cardeal, mas ele recusou. Sua pregação ungida abalou as estruturas de Roma e, 
juntamente com os demais, abriram o caminho para a mais ampla reforma sofrida pela 
igreja. 
Mas foi com Martinho Lutero
6
 que a reforma se consolidou. Lutero era 
Alemão, filho de camponeses, tornou-se monge agostiniano e entrou para o convento 
em Erfurt. Buscava com avidez a salvação de sua alma. Em 1512, aos 29 anos, o texto 
de Romanos 1.17, 0justo viverá porfé, explodiu como bomba em seu coração. Ali ele 
descobriu a gloriosa doutrina da justificação pela fé. 
Alguns anos mais tarde, por ocasião da construção da Basílica de São Pedro, 
em Roma, o papa Leão X envia seu emissário Johannes Tetzel à Alemanha para vender 
indulgências que ofereciam redução das penas do purgatório. Convencido de que o 
tráfico de indulgências desviava o povo da verdade, oferecendo-lhe falsas esperanças, 
Lutero decidiu enfrentar esse abuso e, no dia 31 de outubro de 1517, pregou nas portas 
 
4
 Designação ou tradução latina da Bíblia feita por são Jerônimo e declarada pelo concílio de Trento como a versão oficial da Bíblia 
para a Igreja católica. 
5
 Os pré-reformadores foram pessoas que deram origem e lideraram alguns movimentos específicos contra as práticas e ensinos da 
Igreja Medieval, antes mesmo da Reforma Protestante de 1517, quando o monge alemão Martinho Lutero fixou suas 95 Teses na 
capela de Wittemberg. 
6
 Martin Luther foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico tornou-se uma das figuras centrais da Reforma 
Protestante. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monge
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_de_Santo_Agostinho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante
da Igreja de Wittenberg as 95 teses contra as indulgências. Estava enfim, deflagrado o 
movimento da Reforma. 
A partir de então, a igreja tomou nova forma, o evangelho passou a ser pregado 
na língua do povo. Nos púlpitos e nos bancos das igrejas, havia cópias da Bíblia 
traduzida por Lutero. Cantavam-se por toda a Alemanha hinos evangélicos e salmos, 
muitos dos quais escritos pelo próprio Lutero. Dentre eles, destacava-se a “Marselhesa 
da Reforma” e “Castelo forte” que virou um clássico da reforma protestante, sendo 
cantado nas igrejas evangélicas até os dias atuais nos cultos de celebração da reforma. 
Sem dúvida, a reforma deixou, durante muitos anos, um legado de grande valor 
para o cristianismo, o resgate da pregação pública da Palavra de Deus. Não foram os 
reformadores que criaram a prática da pregação, mas eles deram a ela e primazia nas 
cerimônias religiosas cristãs, antes esquecida e negligenciada pelos bispos e padres da 
igreja romana.Os reformadores exortavam às lideranças que priorizassem a pregação 
diligente da palavra, o sermão bíblico fiel aos principios e valores do cristianismo. 
Outro importante reformador, João Calvino,
7
 dizia que “a pregação da Palavra de 
Deus é um meio de graça indispensável e sinal infalível da verdadeira igreja”. 
A reforma jogou por terra os postulados católicos romanos e reergueu as 
colunas da sã doutrina cristã. Ela tinha como base cinco principios fundamentais para o 
cristianismo, conhecidos como os “cinco solas”, que são: 
1. Sola Scriptura (Só as Escrituras) – As escrituras detêm a autoridade de 
revelar a verdade. Elas são infalíveis e a única regra de fé e prática. A 
verdade cristã não é a verdade católica. A verdade cristã é a verdade da 
palavra de Deus: Nenhum dogma, doutrina ou experiência podem ser 
aceitos se não tiverem base na palavra de Deus. Sobre este “Sola”, 
Lutero disse o seguinte “A verdade é encerrada nas Escrituras; a 
razão deve ser submetida às Escrituras. Se apenas a Escritura for 
contra a razão, então a razão deve ser condenada”. 
2. Sola fide (Só a fé) – A fé é a única base para a justificação diante de 
Deus. A justificação não é a obra de um homem, mas a obra de Deus. 
A salvação não é mérito humano, pois se assim fosse, ninguém seria 
salvo, mas a salvação única e exclusimante é alcançada pela graça 
mediante a fé em Cristo. 
3. Sola gratia (Só a graça) – Os reformadores defendem a tese de que 
fomos alcançados pela graça de Deus na pessoa de Cristo. O homem 
não é digno, mas apesar disso, Deus concedeu a sua maravilhosa graça 
ao homem. A graça é um dom imerecido de Deus descido do céu a nós. 
A graça é Cristo Jesus. 
4. Solus Christus (Só Cristo) – Com essa afirmação, os reformadores 
derrubaram a heresia romana que dizia ser o Papa o “Sumo Pontífice” 
que na prática, colocava-o como supremo mediador, mas na bíblia 
encontramos a resposta a essa heresia, pois ela afirma que Cristo é o 
 
7
 João Calvino foi teólogo francês, pastor e reformador em Genebra, considerado o sucessor de Martinho Lutero. 
único mediador entre Deus e os homens (lTm 2.5; Jo 14.6) e o único e 
todo-suficiente Salvador (At 4.12). 
5. Soli Deo Gloria (Só a Deus glória) – Com essa frase os reformadores 
queriam afirmar que somente Deus é merecedor de nossa glória e Ele 
não divide sua glória com ninguém. 
 
Após a consolidação da reforma, uma grande onda de perseguição e morte 
ocorreu sobre os cristãos reformados. A igreja romana, com apoio do estado, promoveu 
um verdadeiro massacre de cristãos protestantes em diversas partes da europa. 
Calvinistas franceses, também chamados de Huguenotes, na noite de São Bartolomeu, 
em 24 de agosto de 1572, sofreram ataques crudelíssimos e, só em Paris, mais de três 
mil protestantes foram exterminados naquela noite. Na Alemanha, uma instensa e 
sangrenta batalha foi travada entre católicos e pretestantes durantes trinta anos, de 1618 
a 1648, que resultou na morte de milhões de pessoas. 
Mas as batalhas entre católicos e protestantes não se limitaram aos combates 
físicos, acontecendo também nos campos da teologia e da ideologia. Um exemplo foi o 
“pelagianismo”
8
 que, embora tivesse sido derrotado por Agostinho no Sínodo de 
Cartago em 416, sobreviveu dentro da igreja católica romana e até hoje se encontra 
presente em alguns segmentos da igreja protestante. Porém, foi Jacob Armínio
9
, um 
influente teólogo holandês, quem deu início ao processo de desvios doutrinários na 
igreja rereformada, espalhando pela europa um evangelho que despojava Deus de sua 
plena soberania na salvação humana, promovendo dessa forma, uma doutrina baseada 
no antropocentrismo. Jacob Armínio é considerado o precursor da doutrina arminiana, 
que sustenta que a salvação é uma obra conjunta de Deus e do homem. Segundo essa 
doutrina, Deus oferece a salvação a todos, mas cabe ao homem decidir se quer ou não 
aceitá-la. 
A doutrina arminiana foi muito criticada pelos teólogos calvinistas, que a 
consideravam como uma heresia. No entanto, alguns teólogos começaram a defender a 
doutrina, argumentando que ela era mais compatível com as Escrituras. A doutrina 
arminiana acabou se espalhando pelo mundo e influenciando diversasdenominações 
religiosas. 
Para enfrentar o Arminianismo que avançava fortemente, não apenas na 
Holanda, mas também por outros países europeus, a igreja reformada da Holanda 
convocou o Sínodo de Dort, composto por um grupo de doutos e piedosos teólogos, os 
quais se debruçaram sobre o assunto nos anos de 1618 e 1619. Nesse egrégio concílio, 
as teses de Armínio foram refutadas e fincou-se ali um dos maiores esteios da ortodoxia 
bíblica, vazada pela visão reformada, conhecido como os cinco pontos do calvinismo. 
São eles: 
1. Depravação Total – O homem natural é totalmente incapaz de escapar 
ao seu destino de morte eterna. Ele está cego, surdo, endurecido e 
 
8
 O Pelagianismo é a doutrina de convicção dos pelagianos, segundo a qual o homem era totalmente responsável por sua própria 
salvação, minimizando o papel da graça divina. 
9
 Jacó Armínio foi um teólogo holandês (1560 - 1609), elaborador de uma teologia que competiria com a teologia reformada 
dominante de João Calvino. 
morto nos seus delitos e pecados, e todas as suas faculdades foram 
atingidas e afetadas pelo pecado. Ele é incapaz de perceber a verdade 
de Deus porque ele não pode ver a Deus. Ele é incapaz de ouvir a 
verdade de Deus porque a sua mente foi enganada pelo pecado. Ele é 
incapaz de entender a verdade de Deus, porque o seu entendimento é 
escurecido pelo pecado. Ele é incapaz de obedecer a verdade de Deus, 
porque o seu coração está endurecido pelo pecado. Ele é incapaz de 
perceber a verdade de Deus porque a sua alma está morta nos seus 
delitos e pecados. 
2. Eleição Incondicional – A eleição de Deus é soberana, absoluta, 
totalmente independente de qualquer escolha humana. Ela é uma 
questão de soberania de Deus, e não de qualquer obra humana. Deus 
não é obrigado a escolher a ninguém. Deus não tem ninguém a quem 
possa obedecer. Deus não deve nada a ninguém. De acordo com a sua 
vontade soberana, Deus pode escolher qualquer pessoa, de qualquer 
país, de qualquer raça, de qualquer religião, de qualquer cultura, de 
qualquer geração, de qualquer classe social, de qualquer posição na 
vida, para a salvação eterna. 
3. Expiação Limitada – De acordo com a doutrina reformada, a eficácia da 
morte de Cristo é limitada porque não alcança a todos, mas ilimitada 
em sua eficácia, enquanto na visão arminiana é limitada quanto à sua 
eficácia e ilimitada em seu alcance. Para a igreja reformada calvinista, 
Cristo morreu por todo aquele a quem o Pai escolheu na eternidade. 
Assim, nenhuma gota do sangue de Jesus foi desperdiçada. Ele morreu 
para comprar para Deus aqueles que procedem de toda tribo, língua, 
povo e nação (Ap 5.9). 
4. Vocação Eficaz – Todos os que foram eleitos por Deus, são chamados 
pelo Espírito Santo, mediante o evangelho, para a salvação. O 
chamado é eficaz porque é feito por um Deus vivo, eterno e santo que 
pela sua palavra pregada e inspirada pelo Espírito Santo, alcança os 
escolhidos. 
5. Perseverança dos Santos – A salvação não é temporal, mas eterna. 
Jesus declarou categoricamente que “as minhas ovelhas ouvem a 
minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida 
eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 
10.27,28)”. Ele também disse claramente que “todo aquele que o Pai 
me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o 
lançareifora (Jo 6.37).” 
 
Esses cinco pontos tornaram-se um parâmetro teológico para as igrejas 
reformadas, mas não impediram que, de forma sorrateira, outros desvios fossem 
introduzidos no seio da igreja, corrompendo aos poucos, a sã doutrina, dando abertura à 
secularização do evangelho, causando efeitos devastadores para o cristianismo que, após 
séculos de enfraquecimento e decadência espiritual, sofre com a descaracterização 
provocada pela permissão da entrada nas igrejas de muitas práticas mundanas, fazendo 
com que ela se confunda completamente com o mundo. 
 
4 A SECULARIZAÇÃO DA IGREJA CONTEMPORÂNEA 
Atualmente, embora muitos indivíduos ainda se definam como cristãos, os 
mesmos não se engajam ativamente nas atividades da igreja, nem têm seus 
comportamentos, princípios e valores orientados pela religião que dizem professar, 
muito menos pela igreja que freqüentam. O pluralismo religioso contribuiu, em parte, 
para o fenômeno da secularização ao relativizar a crença. A secularização, quando 
aliada a esse pluralismo, atua na socialização religiosa individual, de modo que cada 
indivíduo construa sua própria identidade religiosa, tornando-se, assim, distante em 
relação às instituições religiosas e aos princípios que ela enuncia. 
“Uma religião por catálogo, crítica e escolhida - e já não herdada -, provoca 
ela mesma um avanço do processo de secularização e está na origem da "crise" das 
Igrejas, como instituições representativas e definidoras de uma relação com o 
religioso.”
10
 
A partir do século XIX notou-se um progressivo declínio da influência das 
instituições religiosas tradicionais no que diz respeito aos ensinamentos bíblicos do 
cristianismo. Este declínio verificou-se tanto na prática dos fiéis, quanto na dificuldade 
crescente em formar líderes capazes de promover o crescimento e o ensino doutrinário 
nas igrejas. Muitos estudos e pesquisas foram realizados na tentativa de compreensão 
deste fenômeno. Hoje a investigação já não se concentra tanto nas causas e nas razões 
da secularização, mas nas possibilidades da relação da modernidade com o religioso. 
No Brasil, a secularização do evangelho se caracteriza pela forma como as 
diversas denominações cristãs são conduzidas atualmente no contexto de uma sociedade 
que se distingue pelo consumismo, onde seus indivíduos são extremamente materialistas 
e imediatistas, buscando no evangelho uma forma de obter sucesso profissional, bens 
materiais e uma vida plena e feliz, que satisfaçam seus anseios carnais, como se a igreja 
fosse um balcão de negócios ou uma prateleira de supermercado onde você escolhe o 
que precisa para suas necessidades materiais. 
À medida que o mundo avança na produção de inovações tecnológicas ou de 
bens de consumo de um modo geral, mais e mais cristãos se sentem atraídos pelas 
palestras motivacionais que tomam conta dos púlpitos das igrejas brasileiras. Por outro 
lado, líderes cristãos que perderam ou nunca tiveram a essência do cristianismo, 
enxergaram nesse fato, uma oportunidade de encher os templos com pregações baseadas 
na chamada “teologia da prosperidade”. O resultado disso é igrejas cheias de pessoas 
vazias de Deus e espiritualmente frágeis e doentes, para as quais os sermões são 
proferidos com o propósito de lhes proporcionar uma satisfação emocional e 
 
10
 Porto Editora. [consult. 2022-10-29 14:37:56]. Disponível em https://www.infopedia.pt/secularizacao 
momentânea, sem conteúdo nem base bíblica, cujo objetivo é pregar o que as pessoas 
querem ouvir e não o que Deus tem a falar. 
A secularização do evangelho provocou enormes prejuízos no caráter dos 
cristãos e na idoneidade da igreja. Hoje, com o falso pretexto de voltar ao genuíno 
evangelho e à verdade das Escrituras, muitas novas igrejas evangélicas são fundadas. De 
acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasilleiro de Geografia e 
Estatística), no ano de 2010, só no Brasil, a cada ano surgem catorze mil novas igrejas 
evangélicas
11
. Talvez essa pluralidade explique o surgimento de tantas heresias e novas 
teologias a cada dia. Como exemplo de teologias e práticas que contribuem para que a 
igreja se torne cada vez mais secularizada e separada do evangelho, podemos citar as 
seguintes: 
 
4.1 A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE 
A teologia da prosperidade é, sem dúvida, a principal causa da secularização do 
evangelho e, infelizmente, ela tem norteado muitos ministérios cristãos 
contemporâneos. As igrejas têm adotado umadoutrina perniciosa, baseada na filosofia 
mundana do pragmatismo religioso em detrimento da genuína Palavra de Deus. 
Espiritualmente falando, essa teologia afasta as pessoas do verdadeiro evangelho que é 
simples e, por si só, eficaz para produzir os efeitos para os quais se destina, não 
necessitando de subterfúgios para satisfazer plenamente a alma dos fiéis.Entretanto, na 
contramão do ensino de Cristo que disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu Reino 
e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”(Mateus 6:33)
12
, os 
adeptos dessa teologia buscam em primeiro lugar as coisas materiais em detrimento do 
reino de Deus que fica em segundo plano nas suas vidas. 
No seu livro “Com vergonha do Evangelho”, John F. Mac Arthur Jr.
13
 
demonstra com clareza e lucidez as tendências contemporâneas da igreja visível, 
apresentando respostas bíblicas e alertas necessários à manutenção de um evangelho 
sadio e eficaz, baseado unicamente nas Escrituras Sagradas. Na sua visão, a igreja vem 
tomando rumos preocupantes, que afastam cada vez mais os fiéis da sã doutrina, 
empurrando-os para os corredores escuros e sombrios da secularização do evangelho. 
“... em vez de uma vida transformada, é a aceitação por parte do mundo e a quantidade 
de pessoas presentes aos cultos o que vem se tornando o alvo maior da igreja 
contemporânea” (p. 18). Mac Arthur também avalia que as instituições de ensino 
religioso, os seminários, se afastaram do treinamento pastoral com base em um 
currículo bíblico-teológico, o qual vem sendo substituído por um treinamento alicerçado 
em técnicas de aconselhamento, teorias de crescimento numérico das igrejas e pelas 
mensagens motivacionais que caracterizam o pragmatismo religioso, que é uma das 
principais vertentes da secularização do evangelho. 
 
 
11
 Fonte: https://www.nexojornal.com.br/externo/2019/12/09/O-crescimento-da-f%C3%A9-evang%C3%A9lica 
12 Texto extraído do Evangelho escrito por Mateus,primeiro livro do Novo Testamento. 
13 John Mac Arthur, Ministro de Evangelho e Escritor Cristão Norte Americano. 
4.2 O PRAGMATISMO RELIGIOSO 
Sabe, porém isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens 
serão egoístas, avarentos jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos 
pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de 
si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres 
que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge 
também destes. Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas 
casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de 
várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da 
verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes 
resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; 
eles, todavia, não irão avante: porque a sua insensatez será a todos evidente, como 
também aconteceu com a daqueles (II Tim. 3:1-9).
14
 
Pragmatismo é a noção de que o significado ou o valor é determinado pelas 
conseqüências práticas. É muito similar ao utilitarismo, a crença de que a utilidade 
estabelece o padrão para aquilo que é bom. Para um pragmatista, se uma determinada 
técnica ou um curso de ação resulta no efeito desejado, a utilização de tal recurso é 
válida. Se parece não produzir resultados, então não tem valor. 
O pragmatismo como filosofia foi desenvolvido e popularizado no final do 
século XIX pelo filósofo americano William James, junto com outros intelectuais 
famosos como John Dewey e George Santayna. Foi William James que deu o nome e 
molde à nova filosofia. Em 1907, ele publicou uma coleção de preleções intitulada 
Pragmatismo: Uma Nova Nomenclatura para Algumas Velhas Formas de Pensar. 
Assim, delineou uma nova abordagem para a verdade e a vida.
15
 
Muito embora o continente europeu tenha sido, no passado, considerado o 
berço do cristianismo, hoje os tempos são outros. A Europa que antes exportava 
missionários cristãos para outros continentes, vive dias de extrema pobreza espiritual 
com templos abandonados, igrejas fechadas e fiéis apostatando da fé. A Inglaterra, por 
exemplo, outrora conhecida por sua vitalidade espiritual, vive numa profunda letargia 
cristã, abrindo espaço para líderes pragmáticos oriundos dos Estados Unidos, país onde 
se originou a filosofia pragmática. Os europeus que introduziram e difundiram o 
cristianismo no mundo, agora carecem ser evangelizados por missionários de diversas 
partes do mundo, inclusive do Brasil, país no qual, o cristianismo é extremamente 
diverso e com uma extensa pluralidade religiosa. Estariam as igrejas cristãs brasileiras 
preparadas e aptas a enviar missionários para “reevangelizar” a Europa? 
Conforme aconteceu na Europa, o pragmatismo religioso também chegou ao 
Brasil e com ele, tudo o que o apóstolo Paulo condena e adverte sobre seus perigos na 
segunda carta enviada a Timóteo, ao qual orientou que fugisse dos que praticam tais 
 
14 Texto extraído da Segunda Carta de Paulo a Timóteo (Novo testamento) 
15 Parte de um artigo extraído de http://www.monergismo.com/textos/igreja/vergonha.htm 
coisas. Sabemos que há elementos práticos que devemos considerar, mas o pragmatismo 
é uma filosofia que despreza uma série de valores e princípios fundamentais e elege, 
como único fator relevante, a questão: “Isso produz resultado?” Mas se produz 
resultado, qual o problema do pragmatismo religioso? O grande problema é que, no 
ambiente religioso, o pragmatismo tem por objetivo validar qualquer conduta, mesmo 
que ela não tenha respaldo bíblico, baseada apenas em seus resultados. É como se 
dissesse aos cristãos “não importa os meios pelos quais vocês conseguiram, o que 
importa é que conseguiram”. Esse tipo de filosofia abre espaço para uma prática muito 
comum nas igrejas cristãs brasileiras, a transformação dos cultos em shows midiáticos, 
onde se busca a satisfação momentânea, endossada por sermões sem fundamentação 
bíblica, resultando em igrejas, muitas vezes cheias de pessoas, mas espiritualmente 
vazias. 
Quando o pragmatismo é utilizado para determinar o que é certo ou errado, ou 
mesmo quando se torna a filosofia norteadora da vida, da teologia e do ministério 
cristão, acaba, inevitavelmente, confrontando as Escrituras. A verdade espiritual e 
bíblica não é determinada baseando-se no que "produz ou não, bons resultados". As 
Escrituras, por exemplo, ensinam que o evangelho nem sempre produz uma resposta 
positiva. “... Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós 
pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os 
gregos. (1 Co 1:22,23)”
16
. 
Por outro lado, o engano e as vãs filosofias podem ser bastante eficazes. “... 
Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; 
Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios 
que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. (Mt 24:23-24)”
17
. A reação da 
maioria não é um parâmetro seguro para determinar o que é válido, e a prosperidade não 
é uma medida para a veracidade. “... As tendas dos assoladores têm descanso, e os que 
provocam a Deus estão seguros; nas suas mãos Deus lhes põe tudo. (jó 12:6)”
18
. 
Portanto, o pragmatismo religioso como uma filosofia norteadora do cristianismo é 
inerentemente defeituoso e não deve ser aplicado como uma prova para a veracidade. 
Na perspectiva de que vale tudo, desde que aparentemente seja para Deus, são 
cometidos muitos excessos e descontroles que refletem na saúde espiritual dos membros 
e comprometem a integridade e idoneidade da igreja. Pastores e líderes midiáticos que 
ensinamdoutrinas de forma equivocada, cujos corações estão mais inclinados para o 
mal do que para o bem, distorcem e manipulam o evangelhode acordo com suas 
conveniências. São homens e mulheres egoístas, amantes de si mesmos, arrogantes, 
blasfemadores, autoritários, ingratos, irreverentes, caluniadores, sem domínio de si, 
cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, avarentos, antes amigos dos prazeres que 
amigos de Deus. 
 
16
 Texto extraído da Primeira Carta de Paulo aosCoríntios (Novo testamento) 
17
 Texto extraído doEvangelho de Mateus (Novo testamento) 
18 Texto extraído do livro de Jó (Velho Testamento) 
Todas essas qualidades citadas pelo apóstolo Paulo são características 
narcisistas e o narcisismo espiritual é outra vertente da teologia da prosperidade e 
consequência da secularização do evangelho. De acordo com Paulo, aquelas pessoas 
eram amantes do dinheiro, o dinheiro era seu Deus. Isso demonstra que, porque as 
pessoas amam excessivamente a si mesmas, elas são adeptas do “evangelho da auto-
estima” e porque as pessoas amam excessivamente o dinheiro, elas crêem no 
“evangelho da prosperidade”. 
 
4.3 O NARCISISMO ESPIRITUAL 
 
Narcisismo é uma característica do indivíduo vaidoso, que tem admiração 
egocêntrica, tanto nos atributos físicos quanto nos atributos mentais, vindos do 
orgulho. A palavra “narcisismo” vem da mitologia grega, que narra a história de 
Narciso, um jovem muito bonito e orgulhoso que desprezou o amor da ninfa Eco e por 
isso foi condenado a apaixonar-se por sua própria imagem espelhada na água. Este 
amor impossível levou Narciso à morte, afogado em seu próprio reflexo.
19
 
A espiritualidade é o relacionamento de Deus com o ser humano norteado pelas 
Escrituras Sagradas, cuja aplicação é permeada de implicações subjetivas e objetivas. 
Entretanto, o narcisismo espiritual se identifica pelo relacionamento do ser humano 
consigo mesmo, de maneira egocêntrica. Dessa forma, o cristão deve, à luz da bíblia, 
identificar os pontos ou características que definem as semelhanças e diferenças entre o 
relacionamento do homem com Deus e do homem com o próprio homem. Além disso, 
avaliar os riscos existentes entre esses dois relacionamentos e, dessa forma, contribuir 
para a prática de uma liderança cristocêntrica e pautada nas verdades reveladas por 
Deus através da sua palavra. 
Os desdobramentos do narcisismo secularizado causam profundos prejuízos 
para as igrejas cristãs. Os líderes cristãos estão cada vez mais ocupados com suas 
agendas e projetos pessoais. Seus relacionamentos não são nem pessoais, nem 
profundos, o que os leva a cultivarem uma forma de “irrealismo ministerial”, achando 
que estão “conectados” por participarem de redes sociais, mas a família encontra-se 
fragmentada e adoecida. Fazem comentários, declarações e pregam sermões que não 
refletem a realidade que vivem, pregam uma coisa, mas vivem outra completamente 
diferente. É também por esse motivo que a secularização ganhou força dentro das 
igrejas, pois seus líderes vivem no mundo da fantasia, induzindo os fieis para fora da 
realidade e da autenticidade do evangelho de Jesus Cristo. 
O fato de vivermos numa sociedade materialista contribui para a prática do 
narcisismo e uma igreja secularizada, onde seus membros e frequentadores estão mais 
interessados em bençãos e prosperidades materiais, é o ambiente perfeito para líderes 
 
19
 https://www.infoescola.com/psicologia/narcisismo/ 
narcisistas atuarem. Lourenço Stelio Rega
20
 afirma que “no âmbito eclesiástico, essa 
tendência pragmática se deve à influência dos missionários norte-americanos quando 
implantaram o evangelho no Brasil, em meados do século XIX”. 
A espiritualidade cristocêntrica conduz o ser humano ao autoconhecimento, a 
uma reflexão introspectiva que gera a transformação na sua vida pessoal. Observamos 
que essa transformação produz mudanças na forma de pensar e de agir, mas, sobretudo 
na conduta e no caráter daqueles que são alcançados pela graça que há em Cristo Jesus. 
Todavia, esse poder transformador não é humano, mas é um poder Divino e, através 
desse poder, o homem adquire a capacidade de conhecer a si mesmo e tornar-se 
consciente das suas limitações. E esse reconhecimento leva-nos ao entendimento de 
quem somos e de quem Deus é, e que somente Ele tem a capacidade de nos 
transformar. 
Quando falta no homem a consciência da supremacia de Deus e de que dEle 
somos totalmente dependentes, sobra-lhe a arrogância e a sensação de auto suficiência e 
isso tem se constituído num grave e crítico problema que afeta a liderança eclesiástica 
das igrejas brasileiras. É muito comum percebermos nos líderes a predisposição de 
confiarem em si mesmos, de acreditarem nas suas capacidades de resolver problemas 
relacionados à espiritualidadeatravés das próprias experiências e habilidades. É triste 
constatar que alguns líderes chegam a acreditar que são capazes de realizar coisas que 
estão fora de suas competências e para isso, vão às últimas consequências para que o 
fruto de suas imaginações seja realizado. 
O narcisismo espiritual tem a característica de tornar o ser humano 
introspectivo no sentido de que somente ele é importante, não importa o outro, tudo tem 
que girar em torno de si, mas a espiritualidade cristocêntrica possibilita uma 
introspecção solidária humanamente falando e relacional com Deus, sendo percebida 
através de uma ação responsável na comunidade da fé e na sociedade onde ela está 
inserida.Enquanto os narcisistas se julgam superiores aos demais, acreditando serem 
especiais pra Deus e por isso merecem tratamento diferenciado, as escrituras nos 
ensinam que para Deus somos todos iguais, Ele não faz acepção de pessoas “... Porque, 
para com Deus, não há acepção de pessoas” (Rom. 2:11)
21 
Sendo assim, destacamos que as semelhanças entre a secularização do 
evangelho e o desenvolvimento narcisista deixam claro que, tal prática incorre em riscos 
para o pleno exercício da liderança cristã, bem como para a edificação espiritual das 
igrejas que porventura estejam sob o ensinamento de líderes narcisistas, os quais não 
visam a transformação de vidas pelo evangelho, mas o que os motiva é ver as igrejas 
cheias para satisfazer seus egos, ocasionando uma verdadeira decadência moral e 
espiritual nos membros. Por isso,as igrejas cristãs necessitam de líderes comprometidos 
com o fiel ensino das Escrituras Sagradas, leais a Deus e à pregação de Sua palavra e 
 
20 Lourenço S. Rega é Bacharel e Mestre em Teologia (especialização em Ética) pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo 
21 Epístola de Paulo aos Romanos (Novo Testamento) 
que, como um bom pastor, dêem suas vidas pelas ovelhas e a elas sirvam, em vez de 
delas se servirem e que sejam mais apegados às promessas divinas do que às coisas 
terrenas. 
Uma das mais conhecidas frases de Charles HaddonSpurgeon
22
 é a seguinte: 
“quanto mais do céu existe em nossas vidas, menos da terra cobiçamos.” Ele costumava 
enfatizar bem que o cristão não deve almejar as ofertas do mundo. Perguntas como 
“será que um homem que ama o seu Senhor estaria disposto a ver Jesus usando uma 
coroa de espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros?” eram frequentes 
em seus sermões e estudos. De fato, as igrejas cristãs de hoje têm muito que aprender 
com Spurgeon a fim de retornaremà essência do evangelho. 
4.4 O SECULARISMO E A DECADÊNCIA ESPIRITUAL DA IGREJA 
 
Desde a Reforma Protestante, a igreja vem passando por uma série de 
transformações em seus cultos no que diz respeito à adoração, à liturgia, ao 
comportamento dos fieis e até mesmo na forma de se vestirem. A filosofia baseada no 
marketing é um esforço no sentido de tentar fazer com que a igreja se pareça com o 
mundo e o mundoveja a igreja com bons olhos e, dessa forma, torná-la mais atraente 
aos de fora. 
Os especialistas em marketing dizem aos pastores e líderes cristãos que,se 
desejam ter uma carreira bem sucedida e ver suas igrejas cheias, precisam ser flexíveis e 
tolerantes, fornecendo aos não cristãos um ambiente agradável e amistoso, não 
confrontando de forma contundente o pecado, mas sendo pacientes e aceitando algumas 
práticas que, aos poucos vão ganhando força e dominando o ambiente eclesiástico. 
Termos como liberdade, tolerância e anonimato devem permear seus sermões que, de 
preferência, precisam ser curtos e motivacionais, deixando mais tempo para o 
entretenimento com músicas, danças, multimídia e outros meios de comunicação 
modernos e atraentes aos olhos e ouvidos humanos. Eles acreditam que é preciso 
apresentar ao povo a religião de forma criativa, visual e “menos careta”. 
A verdade é que os especialistas em marketing querem introduzir inovações 
que possam tornar a igreja numa espécie de “user-friendly”, termo inglês usado para 
designar algo “amigável” ou de fácil aceitação e compreensão. A tecnologia e a 
indústria do entretenimento foram importadas com o objetivo de atrair os não 
freqüentadores de igreja que buscam um conforto espiritual, mas não aceitam serem 
confrontados com as verdades da Palavra de Deus. Como resultadodisso, percebemos 
que a igreja com todas essas transformações, se tornou favorável e atraentepara um 
grupo de pessoas que não conhecem nem querem conhecer o verdadeiro evangelho, mas 
por outrolado, essa mesma igreja se tornou hostil e estranha para um grupo de fieis, 
cujas necessidades espirituais são negligenciadas e a sede e fome da palavra não são 
saciadas com artifícios ou mecanismos mundanos, mas somente por um sermão baseado 
nas verdades do evangelho, pois somente o verdadeiro evangelho transforma e liberta 
 
22 Charles H. Spurgeon, Pregador do Evangelho e Pastor Batista inglês 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batista
ohomem de seus vícios e pecados, conforme escreveu o Evangelista João “... Jesus 
dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, 
verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos 
libertará” (João 8:31-32).
23
 
Uma igreja preocupada em atrair as pessoas, utilizando-se para isso das coisas 
do mundo, está fadada ao enfraquecimento e à decadência moral e espiritual e como 
consequência disso, seus membros sofrem com a perda da paixão pelo evangelho, 
perdem o primeiro amor e, uma vez que a amizade com o mundo significa inimizade 
contra Deus, se distanciam de Cristo e de seu evangelhoque é poder de Deus para 
transformar o homem perdido em seus delitos e pecados. Nestas condições, de frieza e 
enfraquecimento espiritual, o cristão perde o desejo de estudar a Palavra de Deus, de 
orar, de louvar e adorar a Deus e até mesmo de frequentar a igreja. 
Para os cristãos frios e decadentes na fé, o pecado é algo normal e aceitável, 
por isso não se sentem arrependidos quando cometem erros e não se arrependendo, não 
experimentam a graça renovadora obtida através do perdão em Cristo. Eles não apenas 
se conformam com as coisas do mundo, como querem trazer o mundo tudo o que nele 
há, pra dentro da igreja. Tais indivíduos não têm condições espirituais de avaliar e 
discernir o certo do errado, contribuindo dessa forma, para a formação de uma igreja 
sem princípios e valores cristãos e sem compromisso com Deus e com sua palavra. 
A decadência espiritual de uma igreja é um problema que pode começar com a 
frieza de uns membros que na sequência perdem a vontade de participar do “Corpo de 
Cristo” e isso vai aumentando gradativamente, até ao ponto em que a igreja se 
transforma num cemitério espiritual. Alguns membros apresentam a frieza velada, 
outros a frieza revelada, isso significa que há crentes que estão frios por dentro, mas não 
exteriorizam o problema e tentam manter as aparências participando de cultos sem 
conteúdo espiritual que servem de entretenimento momentâneo, mas ao saírem da 
igreja, a triste realidade logo se apresenta e tudo volta a ser como antes, em seus 
interiores não correm o rio de água viva, pois neles não corre o rio de água viva para 
restaurar seu estado interior. Em muitos casos, estes são os religiosos que zelam 
meramente pela religiosidade, mas não têm vida com Deus. Há, por outro lado, aqueles 
que se tornaram declaradamente frios e incrédulos, uma vez que passaram a relativizar 
publicamente a Palavra de Deus, o Evangelho e a igreja. 
João Calvino, grande teólogo e experiente pastor, afirmou que “a ignorância é 
mãe de todas as heresias”. Onde a verdade é negligenciada floresce o erro. O Brasil, 
conhecido por sua diversidade cultural e religiosa com profundas raízes no paganismo, é 
terreno fértil para a proliferação de heresias e ensinos distorcidos da Palavra de Deus.As 
diversas religiões trazidas por imigrantes de todas as partes do mundo, os ídolos do 
catolicismo romano, os rituais afro-ameríndios, o kardecismo anglo-saxão, a pajelança 
indígena, além das seitas “evangélicas”, conspiram contra o genuíno evangelho. Nesse 
 
23 Texto extraído do Evangelho escrito por João (Novo Testamento) 
https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/8/31,32+
cenário de múltiplas divindades, variadas formas de cultos e tantos credos, o 
enfraquecimento do magistério da Palavra e a negligência da pregação tornam a igreja 
vulnerável e criam o ambiente para o sincretismo religioso levando ao declínio 
espiritual. Essa é a realidade atual da igreja evangélica no Brasil. 
Um púlpito fraco é a maior tragédia que pode acometer a igreja. Spurgeon 
afirmou que “o mais maligno servo de Satanás que conheço é o ministro infiel do 
evangelho”. O fracasso da pregação é a causa primária da frieza espiritual da igreja. 
Sempre que a igreja é transformada em centro mercantil da fé, o púlpito em palco 
teatral, o culto em serviço de entretenimento e o pastor em animador de auditório, a 
decadência espiritual é inevitável. À luz das Escrituras, a falta de santidade, devoção, 
misericórdia, sabedoria, compaixão, fervor, piedade, vida e amor são evidências do 
declínio espiritual. A igreja tem dado sinais de fraqueza espiritual e muitas são as razões 
pelas quais isso acontece. Transformar a fé em mercadoria e a igreja em mercado cujas 
prateleiras têm de tudo, menos a genuína pregação das Escrituras Sagradas, é fazer o 
mesmo que faziam os sumos sacerdotes que administravam o templo na época de Cristo 
que enxergavam nas festas anuais do calendário judaico uma oportunidade de oprimir 
economicamente o povo, tirando deles todas as suas economias e enriquecendo às 
custas do sacrifício e da ingenuidade do povo. João Crisóstomo
24
 em uma de suas 
célebres mensagens disse que “Quando você vir uma árvore cujas folhas estejam secas 
e murchas, algo de errado está acontecendo com as suas raízes; quando você vir um 
povo indisciplinado, sem dúvida, os seus sacerdotes não são santos”. A igreja que 
tolera um pastor negligente no ministério da pregação comete suicídio e seu fim é a 
decadência moral e espiritual. 
5 CONCLUSÃO 
Muitos foram os esforços empreendidos por diversos teólogos, historiadores e 
líderes espirituais, a partir do século VXI, no sentido de resgatar a sã doutrina da igreja 
cristã, tal como ela foi ensinada pelos apóstolos cristãos no primeiro século. Porém, 
logo após a reforma protestante, ocorreu uma severa divisão entre os cristãos 
reformados e diversos líderes com linhas ideológicas e pensamentos diferentes 
surgiram. As inúmeras correntes doutrinárias levaram a igreja à expressivas distorções 
de interpretação das Escrituras, abrindo espaço para a formação de igrejas secularizadas, 
que buscavam e buscam até hoje, alcançar objetivos que não são compatíveis como 
evangelho. 
O fruto da pluralidade de igrejas cristãs é decadência moral e espiritual das 
igrejas cristãs e é isso que vemos acontecer atualmente com cristãos que se secularizam. 
Cheios do mundo e vazios de Deus, eles apresentam um conceito relativista e secular do 
homoem pós-moderno, que é uma atitude de pessimismo em relação ao mundo 
contemporâneo criada em decorrência da desilusão com a sonhada era de paz e 
prosperidade prometida pelo modernismo racionalista e científico que, afinal, não veio. 
 
24
 João Crisóstomo foi um arcebispo de Constantinopla e um dos mais importantes patronos do cristianismo primitivo. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arcebispo_de_Constantinopla
https://pt.wikipedia.org/wiki/Padres_da_Igreja
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo_primitivo
A realidade é que nada mudou. O mundo continua se corrompendo em todas as camadas 
da sociedade e nas diversas esferas do poder público. O egoísmo desenfreado do ser 
humano, que só se preocupa consigo mesmo. As guerras, a pobreza, as pandemias 
sanitárias, os desastres naturais, etc. são elementos que dia a dia se acrescentam a já 
infindável lista de males a que este mundo está submetido. Por isso, o pessimismo reina 
e o desespero das pessoas cresce vertiginosamente. Então, no mais íntimo de sua 
natureza, diz o homem “tudo é vão, tudo é vazio, tudo é falso, tudo é passageiro, tudo é 
relativo...”. 
O cristianismo verdadeiro que se enquadra nas Escrituras Sagradas e na 
pregação do Evangelho é aquele que é ofertado ao mundo com base nos preceitos 
bíblicos, mas que o mundo não o aceita. O evangelho não secularizado, que não se 
moldou às práticas do mundo, que não se corrompeu com as ofertas do mundo é o 
evangelho que, freqüentemente é rejeitado pelo mundo. Esse evangelho genuíno não 
deve ser interpretado pelo homem de acordo com sua própria compreensão. Precisamos 
fazer distinção entre o sagrado e o profano. Não devemos apoiar nenhum tipo de relação 
entre a igreja e o estado, visto que a história comprova serem instituições com funções 
distintas e que quando se unem, uma corrompe a outra. 
Precisamos de igrejas não secularizadas e igreja não secularizada é uma igreja 
livre e independente do estado e do mundo, mas total e exclusivamente dependente de 
Deus. A igreja não secular é aquela que não sente desejo nem prazer nas coisas do 
mundo, nem compartilha das mesmas paixões da sociedade secular. A igreja não 
secularizada possui as características da igreja primitiva, cujo objetivo era anunciar o 
evangelho de Cristo que se baseia nos princípios e valores por Ele defendidos. 
Por fim, o evangelho não secularizado é aquele que distingue a igreja do 
mundo, aquele que faz distinção entre os escolhidos e servos de Deus e os que não 
servem a Deus, é o evangelho que ensina fielmente os padrões éticos de conduta 
contidos na Palavra de Deus e não os padrões antiéticos do mundo. 
Se pretendermos combater a secularização do evangelho e suas causas, 
precisamos reparar o colapso causado às estruturas das instituições tradicionais, 
sobretudo a família e a igreja, pilares de sustentação e base para uma sociedade sadia e 
temente a Deus. Precisamos também impor limites na influência causada pelo avanço da 
ciência na sociedade contemporânea, fato este que tem contribuído para uma busca 
desenfreada por tudo o que a tecnologia oferece ao homem, fazendo-o esquecer de 
buscar as bênçãos e os valores que Deus tem a oferecer ao homem. Precisamos também 
conscientizar as pessoas que os valores morais não devem ser substituídos por desejos 
imorais, que cada vez mais são vistos pela sociedade em geral como algo comum, 
banalizando a moralidade. 
A igreja cristã não deve ser influenciada pelos conceitos pragmáticos do 
secularismo. Ela precisa se desvencilhar de certos conceitos como “se algo funciona 
isso é o que importa para a igreja”, ou então, “se a igreja está cheia de seguidores, não 
importam quais os meios utilizados para isso”, é como diz a tão conhecida frase “os fins 
justificam os meios”. 
Na batalha espiritual cujo propósito é preservar os fundamentos da fé, é tarefa 
da igreja cristã da atualidade confrontar e desmontar as narrativas e mentiras da 
sociedade contemporânea que visam à destruição dos valores cristãos que referenciam a 
igreja e o cristianismo, mas, sobretudo, os líderes cristãos atuais precisam voltar à luz 
do evangelho, vivendo e ensinando as doutrinas bíblicas tal como são, não com 
interesses escusos e objetivos ilícitos, não usurpando o lugar de Deus, mas dando a 
primazia nos sermões a Ele. Pastores e líderes das igrejas cristãs devem pautar seus 
sermões nas verdades do evangelho, falar à igreja o que Deus tem a dizer, não o que as 
pessoas querem ouvir, pois o evangelho verdadeiro é aquele que confronta o pecado, 
não o que coaduna com ele. Em vez de buscar realizar seus próprios interesses, devem 
ser inclinar aos desejos e interesses de Deus. Devem viver uma vida de santidade, com 
simplicidade, sem torpe ganância e dedicada a Deus e tão somente nEle confiar, 
buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça e ensinando à igreja que, 
enquanto estiver no mundo, o justo viverá pela fé. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Lopes, Hernandes Dias. Panorama da História Cristã: A intervenção divina na história – 
Edição revisada e atualizada – São Paulo – Editora Hagnos 2018 
 
MacArthur, John Fullerton. Com Vergonha do Evangelho – Primeira edição em 
português – São José dos Campos – Editora Fiel 1997 
 
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saude/espiritualidade-e-saude 
 
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/influencia-igreja-historia.htm 
 
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$secularizacao 
 
http://www.monergismo.com/textos/igreja/vergonha.htm 
 
https://www.ultimato.com.br/conteudo/ortodoxia-e-narcisismo-parte-2 
 
https://teologiabrasileira.com.br/o-declinio-da-pregacao-e-a-decadencia-da-igreja/ 
 
https://www.osremanescentes.com/historia-do-reavivamento/decadencia-moral-e-espiritual-do-
movimento-da-reforma/ 
 
https://voltemosaoevangelho.com/blog/2018/09/o-avanco-do-secularismo/ 
 
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/queda-constantinopla 
https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saude/espiritualidade-e-saude
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https://www.osremanescentes.com/historia-do-reavivamento/decadencia-moral-e-espiritual-do-movimento-da-reforma/
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https://brasilescola.uol.com.br/historiag/queda-constantinopla

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