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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE GRADUAÇÃO BACHAREL EM TEOLOGIA A SECULARIZAÇÃO DO EVANGELHO E SEUS EFEITOS PARA O CRISTIANISMO Aluno: Josué Avelino da Silva 1 RESUMO O presente estudo trata sobre osefeitos produzidos no cristianismo como consequência da secularização do evangelho. À medida que a sociedade, de um modo geral, se moderniza, muitas igrejas acompanham suas tendências e modismos, e dessa forma, contribuem para a descaracterização dos templos, dos cultos e do comportamento dos fieis. A partir de então concluímos que, para atrair cada vez mais pessoas, algumas denominações evangélicas, passarama repensar o modelo de culto adotado nas igrejas. Os púlpitos foram transformados em palcos, os tradicionais bancos de madeira deram lugar às confortáveis poltronas, a liturgia, antes baseada em cânticos espirituais e leituras de textos bíblicos, foi “modernizada” e adaptada para programações voltadas ao entretenimento e os sermões teológicosforam substituídos por palestras motivacionais. Faz-se necessário, portanto, que os líderes cristãos voltem ao evangelho genuíno que se baseiana simplicidade e na eficácia das Escrituras Sagradas, apresentando o evangelho ao mundo e não o mundo ao evangelho. Palavraschaves: Cristianismo. Evangelho. Igreja. Secularização. 1 INTRODUÇÃO Com o objetivo de desenvolver e basear o tema, foram realizadas pesquisas bibliográficas e em sites da internet, cujos autores abordam com muita propriedade e variedade o assunto tratado neste trabalho. No final da Idade Média, em meados do século XV, surge um novo ambiente cultural e moral no ocidente. A Igreja perde a influência que exercia sobre o estado e sobre a sociedade que vivia sob a ameaça da força política e da inquisição promovida 1 Aluno concludente do curso de Bacharel em Teologia. pela igreja romana. Mudanças intelectuais e comportamentais moldaram a cultura ocidental a partir do Iluminismo, dando início ao que chamamos de secularização da sociedade moderna. A secularização não é uma ideologia, mas um conceito e um processo sociológico pelo qual as sociedades se tornaram menos teístas à medida que se tornaram mais modernas. No entanto, o secularismo moderno, acaba por promover, não apenas a separação entre a igreja e o estado, mas também a ausência de vínculo entre o homem e Deus. No que se refere à secularização do evangelho, como forma de compensar a perda de influência da igreja sobre a sociedade moderna, percebe-se uma tendência cada vez maior, no sentido de atrair as pessoas para dentro das igrejas, utilizando-se, para isto, de métodos e práticas que tornam o ambiente mais agradável aos olhos, mas nem sempre edificante e saudável à alma e ao coração. Além disso, tendo em vista que há associação entre espiritualidade e saúde, fato este já cientificamente comprovado,a secularização do evangelhoé uma questão que pode impactar, de forma negativa, a saúde emocional dos fiéis, pois as pessoas com base espiritual frágil tendem a adoecer mais e a ter hábitos de vida poucosaudáveis, desenvolvendo doenças como a depressão, a ansiedade e outros males relacionados à espiritualidade.Nesse sentido, nosso foco principal é fazer a reflexão sobre a importância da não secularização do evangelho. 2 A SECULARIZAÇÃO DA IGREJA O conceito de secularização designa o processo de separação, ou gradual abandono, das formas tradicionais de estruturação social baseadas na religiosidade. Sendo mais objetivo, a secularização está relacionada com o surgimento de novos padrões de comportamento e de um modo de vida que não está baseado em torno de uma visão firmada em hábitos ligados à religiosidade. O sociólogo Max Weber 2 atribuiu como ponto principal do processo de secularização, o momento de crescimento histórico do sistema capitalista, que ganhava grande fôlego diante da enorme produção que a Revolução Industrial permitia. O lucro tornava-se prioridade nas relações comerciais, o que exigia em grande parte a racionalização das ações dos sujeitos. Ainda de acordo com Weber, oprocesso de secularização está relacionado com a construção do mundo moderno. A queda das teocracias (regime de governo baseado em torno da religião e de seus preceitos) na Europa feudal culminou com o surgimento do modelo das instituições modernas que ainda hoje é exercido no nosso mundo social. Entender o processo desencadeado ao longo dos anos que se originou do fenômeno da secularização ajuda-nos a entender, em parte, o que motivou as mudanças no seio das instituições religiosas cristãs e como o pensamento moderno de administração influenciou os líderes que se inclinaram no sentido de reestruturar a igreja nos moldes da secularização que ocorreu no mundo. 2 Max Weber (1864-1920) foi um importante sociólogo e destacado economista alemão. Para falar da secularização do evangelho e suas consequências para o cristianismo, precisamos antes, entender como tudo começou, como surgiu o cristianismo, a pregação do evangelho e quais eram seus princípios e valores fundamentais. Após a morte de Jesus Cristo, seus discípulos, dentre os quais se destacaram Pedro e posteriormente, Paulo, atendendo ao chamado do mestre, passaram e pregar o evangelho baseado nos princípios e valores ensinados por Jesus Cristo, dentre eles a justiça social, o respeito e amor ao próximo, tolerância, honestidade, paciência e o amor a Deus acima de todas as coisas. Pedro, com um perfil mais doméstico, se limitou a anunciar as “boas novas”, como ficou conhecido o evangelho de Cristo, nas regiões da Galileia e da Judeia, províncias judaicas do Império Romano na época do primeiro século. Enquanto Paulo, mais culto e por ser possuidor de dupla cidadania, judaica e romana, foi incumbido de anunciar o evangelho às demais províncias fora de Israel. Durante o auge da civilização romana, o apóstolo Paulo, de forma ousada e destemida, teve fundamental importância para a expansão do cristianismo entre os chamados “povos gentios” ou não judeus. Em 44 d.C.em Tarso, sua cidade natal, o apóstolo Paulo, após sua conversão, pregou o evangelho durante três anos, depois seguiu para Antioquia, capital da província romanana Síria, na época a terceira maior cidade do império, logo após, foi para Roma e Alexandria. Nessa cidade tem início a missão entre os gentios. Foi na cidade de Alexandria que os discípulos, pela primeira vez, foram chamados cristãos. Contando com a perspicácia e a ousadia de Paulo, o cristianismo desenvolveu- se entre os romanos, inicialmentecom muita cautelae, de certa forma, clandestina, pois os cultos cristãos eram proibidos em Roma e, nessa época, a grande maioria da população romana era pagã. A partir de 54 d.C. sob o governo do Imperador Nero, os cristãos sofreram duras perseguições em Roma, ao ponto de serem presos, torturados e jogados às feras nas arenas durante espetáculos públicos. Quase três séculos depois, no ano de 313, graças ao Edito de Milão promulgado pelo Imperador Constantino Magno, o culto cristão passa a ser permitido em todo o Império e, a partir de então, o cristianismo cresceu exponencialmente, ganhando muitos adeptos em Roma. No mesmo século IV d.C., no ano de 380, em função do Edito de Tessalônica, de Teodósio Magno, o cristianismo se torna a religião oficial do Império e a igreja cristã passa por uma transição, passando de perseguidaà condição deúnica religião aceita em todo o Império Romano. Sobre a estatização da igreja,o Reverendo Hernandes Dias Lopes, Pastor Presbiteriano, no seu livro “Panorama da História Cristã” menciona o seguinte: Contudo, é certo dizer que a decisão de declarar o cristianismo religiãooficial do império também teve trágicas consequências para a igreja, como por exemplo, a sua rápida paganização.A porta de entrada da igreja deixou de ser a conversão para ser a conveniência. As pessoas vinham para a igreja não porque estavam convencidas de seus pecados, não porque haviam recebido a Cristo como Senhor, mas por causa das benessesque recebiam. 3 Em 395 d.C., o Império Romano estava em declínio e o imperador Teodósio propôs uma solução para a crise: dividir o imenso território de Roma em duas partes. Assim, o império foi dividido em ocidente e oriente. Constantinopla, do lado oriental, ganhou importância com essa divisão e se desenvolveu economicamente pelo comércio. Enquanto o Império Romano do Ocidente caia junto à Roma, que era saqueada pelos bárbaros, a parte oriental do império permanecia tendo sua capital sendo chamada de Roma do Oriente. No século V, o Império Romano do Ocidente, sofrendo com fortes crises econômica e política, foi gradativamente enfraquaquecendo atéruir.Esse período na história romana foi marcado por uma intensa disputa pelo poder, com conspirações sendo realizadas contra os imperadores, o que gerava uma instabilidade que enfraquecia a administração romana.Roma também sofreu com saques por parte dos povos germânicos em 410 e 455 e Rômulo Augusto, o último imperador romano do ocidente, se viu obrigado a abdicar em 476. Porém, com exceção das deserções ocorridas no oriente, a igreja permaneceu viva como instituição na forma da comunhão, tensa, entre o ocidente e o oriente. No século VI, Justiniano I reorganizou em parte, a economia do império, mas não tinha mais a mesma força militar, por isso não conseguiu evitar outro saque a Roma, em 546, o império perdeu muitas províncias conquistadas, mas manteve Roma, incorporada ao Exarcado de Ravena, até 751.Justiniano, acreditando ter o direito de regulamentar a disciplina e a ordem do culto e dar opiniões teológicas que, segundo ele, deveriam ser defendidas pela igreja, criou uma espécie de “Pentarquia” e de forma monocrática, nomeou os os bispos de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém como líderes da igreja imperial. Alguns anos mais tarde, Justiniano priorizou a expansão do território bizantino, chegando a reconquistar o que havia sido perdido pelos romanos ocidentais com a invasão bárbara. As tropas bizantinas reconquistaram Roma, o norte da África e a península Ibérica, que haviam sido conquistados pelos germânicos. A partir do século VII, a ameaça partiu dos muçulmanas que começaram a conquistar fieis cristãos para o Islamismo na Ásia ocidental e no norte da África, enfraquecendo tanto o Império Bizantino quanto sua igreja. Nem as intensas atividades missionárias lideradas a pela igreja cristã de Constantinopla foi suficiente para conter a investida do Islamismo sobre os cristãos e como fator contribuinte para o enfraquecimento da igreja, as regiões fora do controle político e militar do império criaram suas próprias igrejas estatais, como foi o caso da Igreja Búlgara em 919. O imperador bizantino passou a exercer papel ativo nas atividades eclesiásticas. Ele era o pontífice máximo e considerado o representante de Cristo e responsável pela propagação da mensagem cristã. Surgia assim o “cesaropapismo” ou seja, o imperador liderava o Estado e a Igreja. Uma nova crise em Roma fez com que 3 Lopes, Hernandes Dias, Panorama da História Cristã: A intervenção divina na história – Edição revisada e atualizada – São Paulo – Editora Hagnos 2018 Constantinopla se transformasse no centro da cristandade. A doutrina cristã estava sobas ordens do imperador, que publicava decretos regulando a crença dos seus súditos. A questão da veneração das imagens foi uma das grandes polêmicas religiosas do Império Bizantino. A Igreja Oriental não aceitava a veneração às imagens de santos, por conta disso, várias imagens foram destruídas. Em virtude dos constantes desvios de conduta e ética, além do distanciamento da sã doutrina cristã que vinha ocorrendo, foi instituídoo Cisma do Oriente, que culminou com a primeira divisão na cristandade. As disputas entre o papa e o imperador bem como as diferenças de dogmas cristãos pregados por ocidentais e orientais fizeram com que romanos e bizantinos se separassem em 1054. Além da Igreja Católica Romana, surgia no Oriente a Igreja Católica Ortodoxa. Apesar dessa divisão, o papado continuava em ascensão e fortalecido. O papa tornou-se soberano na economia, na política e na religião. Mas à medida que o líder supremo da igreja se fortalecia, a igreja se distanciava dos princípios e valores que sempre nortearam a religião cristã. A igreja foi se corrompendo e se distanciando cada dia mais da pureza e da simplicidade do evangelho. Heresias foram sendo introduzidas na igreja como a oração pelos mortos, a veneração de santos, uso de imagens de escultura como objeto de adoração, a exaltação de Maria como mãe de Deus, o celibato, a restrição do acesso a biblia aos leigos e vários outros desvios doutrinários. Nos séculos seguintes, por conta das muitas práticas polêmicas, heresias e desvios doutrinários, que causavam constrangimentos à fé cristã e colocavam em dúvida a lisura de das ações da igreja, a igreja continuou sendo alvo de acusações e tentativas de interferência interna e externa. Porém, após mais de um milénio de trevas e apostasia, quando a igreja paulatinamente foi invadida por diversas heresias perniciosas, começa, enfim, uma luz no fim do túnel, surgem os reformadores da igreja cristã ocidental. 3 A REFORMA PROTESTANTE E SEUS EFEITOS ATÉ OS DIAS ATUAIS A reforma protestante foi um movimento religioso promovido com o objetivo de fazer com que a igreja romana voltasse à pureza das Escrituras e à plenitude do evangelho de Cristo, tal como foi por Ele ensinado ao seus discípulos e posteriormemte pregado pelos precurssores apóstolos do cristianismo. Esse movimento deflagrado em princípios do século XVI, foi precedido por outro importante movimento cultural deflagrado no norte da Itália, denominado de Renascença, que aconteceu nos séculos XIV e XV, que promoveu a desvinculação da economia, das artes, da ciência, da política e da religião do domínio da igreja e do império. Nem Estado nem Igreja exerciam mais a tutela dessas áreas, com isso, o controle absoluto da igreja foi enfraquecendo, e os homens começaram a libertar-se do cativeiro milenar imposto pela igreja romana. Assim, o povo passou a ter acesso ao Novo Testamento no original em grego e passou a perceber o quanto estavam distorcidos os ensinamentos que haviam aprendido a respeito da fé cristã daqueles ensinados pelos apóstolos da Igreja Primitiva do primeiro século. A invenção da imprensa em 1450 d.C. possibilitou a impressão em grande escala de exemplares da bíblia, bem como de diversas obras literárias de autores cristãos. Todos esses fatores foram de suma importância para o fim do controle intelectual exercido pela igreja que somente permitia aos sacerdotes usarem a “Vulgata”, 4 traduzida por Jerônimo para o latim, nas cerimônias religiosas. Naquele cenário deprimente no qual vivia a igreja, completamente afastada dos propósitos divinos, homens corajosos se levantam e começam a clamar por mudanças. Era necessário uma ampla reforma na igreja a fim de trazê-la de volta às Escrituras Sagradas e às praticas fieis da sã doutrina. É nesse contexto que surgem os pré- reformadores, homens levantados por Deus para protestar com coragem num período em que a Igreja havia se distanciado da verdade das Escrituras, e que acabaram contribuindo de forma muito importante para a Reforma Protestante no século XVI. Dentre os muitos engajados nessa missão, destacamos como “Pré Reformadores” 5 , nomes como os de John Wycliffe que ficou conhecido como “A Estrela da Alva da Reforma”. Wycliffe era tinha bom trânsito em todas as classes sociais. Identificava-se tanto com pobresquanto com ricos. Sempre sensível aos problemas e dificuldades das classes menos privilegiadas, procurava usar sua influência em favor dos mesmos. Ensinava as as Escrituras em linguagem simples e correta, sem desvios teológicos. Os fidalgos eram seus amigos, porque ele os ajudava a resistir ao clero; Jan Hus em 1402 foi nomeado reitor e pregador da Capela de Belém, onde suas mensagens fervorosas e bíblicas desencadearam um movimento reformador. No mesmo ano, ocupou a reitoria da universidade, o que favoreceu o avanço dos ideais da Reforma; e Girolamo Savonarola, monge dominicano. Pregou com veemência sobre os desvios do papa, atacou com vigor os vícios do clero e denunciou com grande poder o declínio espiritual de sua época. Sofreu uma tentativa de sedução do papa que lhe ofereceu um posto de cardeal, mas ele recusou. Sua pregação ungida abalou as estruturas de Roma e, juntamente com os demais, abriram o caminho para a mais ampla reforma sofrida pela igreja. Mas foi com Martinho Lutero 6 que a reforma se consolidou. Lutero era Alemão, filho de camponeses, tornou-se monge agostiniano e entrou para o convento em Erfurt. Buscava com avidez a salvação de sua alma. Em 1512, aos 29 anos, o texto de Romanos 1.17, 0justo viverá porfé, explodiu como bomba em seu coração. Ali ele descobriu a gloriosa doutrina da justificação pela fé. Alguns anos mais tarde, por ocasião da construção da Basílica de São Pedro, em Roma, o papa Leão X envia seu emissário Johannes Tetzel à Alemanha para vender indulgências que ofereciam redução das penas do purgatório. Convencido de que o tráfico de indulgências desviava o povo da verdade, oferecendo-lhe falsas esperanças, Lutero decidiu enfrentar esse abuso e, no dia 31 de outubro de 1517, pregou nas portas 4 Designação ou tradução latina da Bíblia feita por são Jerônimo e declarada pelo concílio de Trento como a versão oficial da Bíblia para a Igreja católica. 5 Os pré-reformadores foram pessoas que deram origem e lideraram alguns movimentos específicos contra as práticas e ensinos da Igreja Medieval, antes mesmo da Reforma Protestante de 1517, quando o monge alemão Martinho Lutero fixou suas 95 Teses na capela de Wittemberg. 6 Martin Luther foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico tornou-se uma das figuras centrais da Reforma Protestante. https://pt.wikipedia.org/wiki/Monge https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_de_Santo_Agostinho https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante da Igreja de Wittenberg as 95 teses contra as indulgências. Estava enfim, deflagrado o movimento da Reforma. A partir de então, a igreja tomou nova forma, o evangelho passou a ser pregado na língua do povo. Nos púlpitos e nos bancos das igrejas, havia cópias da Bíblia traduzida por Lutero. Cantavam-se por toda a Alemanha hinos evangélicos e salmos, muitos dos quais escritos pelo próprio Lutero. Dentre eles, destacava-se a “Marselhesa da Reforma” e “Castelo forte” que virou um clássico da reforma protestante, sendo cantado nas igrejas evangélicas até os dias atuais nos cultos de celebração da reforma. Sem dúvida, a reforma deixou, durante muitos anos, um legado de grande valor para o cristianismo, o resgate da pregação pública da Palavra de Deus. Não foram os reformadores que criaram a prática da pregação, mas eles deram a ela e primazia nas cerimônias religiosas cristãs, antes esquecida e negligenciada pelos bispos e padres da igreja romana.Os reformadores exortavam às lideranças que priorizassem a pregação diligente da palavra, o sermão bíblico fiel aos principios e valores do cristianismo. Outro importante reformador, João Calvino, 7 dizia que “a pregação da Palavra de Deus é um meio de graça indispensável e sinal infalível da verdadeira igreja”. A reforma jogou por terra os postulados católicos romanos e reergueu as colunas da sã doutrina cristã. Ela tinha como base cinco principios fundamentais para o cristianismo, conhecidos como os “cinco solas”, que são: 1. Sola Scriptura (Só as Escrituras) – As escrituras detêm a autoridade de revelar a verdade. Elas são infalíveis e a única regra de fé e prática. A verdade cristã não é a verdade católica. A verdade cristã é a verdade da palavra de Deus: Nenhum dogma, doutrina ou experiência podem ser aceitos se não tiverem base na palavra de Deus. Sobre este “Sola”, Lutero disse o seguinte “A verdade é encerrada nas Escrituras; a razão deve ser submetida às Escrituras. Se apenas a Escritura for contra a razão, então a razão deve ser condenada”. 2. Sola fide (Só a fé) – A fé é a única base para a justificação diante de Deus. A justificação não é a obra de um homem, mas a obra de Deus. A salvação não é mérito humano, pois se assim fosse, ninguém seria salvo, mas a salvação única e exclusimante é alcançada pela graça mediante a fé em Cristo. 3. Sola gratia (Só a graça) – Os reformadores defendem a tese de que fomos alcançados pela graça de Deus na pessoa de Cristo. O homem não é digno, mas apesar disso, Deus concedeu a sua maravilhosa graça ao homem. A graça é um dom imerecido de Deus descido do céu a nós. A graça é Cristo Jesus. 4. Solus Christus (Só Cristo) – Com essa afirmação, os reformadores derrubaram a heresia romana que dizia ser o Papa o “Sumo Pontífice” que na prática, colocava-o como supremo mediador, mas na bíblia encontramos a resposta a essa heresia, pois ela afirma que Cristo é o 7 João Calvino foi teólogo francês, pastor e reformador em Genebra, considerado o sucessor de Martinho Lutero. único mediador entre Deus e os homens (lTm 2.5; Jo 14.6) e o único e todo-suficiente Salvador (At 4.12). 5. Soli Deo Gloria (Só a Deus glória) – Com essa frase os reformadores queriam afirmar que somente Deus é merecedor de nossa glória e Ele não divide sua glória com ninguém. Após a consolidação da reforma, uma grande onda de perseguição e morte ocorreu sobre os cristãos reformados. A igreja romana, com apoio do estado, promoveu um verdadeiro massacre de cristãos protestantes em diversas partes da europa. Calvinistas franceses, também chamados de Huguenotes, na noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, sofreram ataques crudelíssimos e, só em Paris, mais de três mil protestantes foram exterminados naquela noite. Na Alemanha, uma instensa e sangrenta batalha foi travada entre católicos e pretestantes durantes trinta anos, de 1618 a 1648, que resultou na morte de milhões de pessoas. Mas as batalhas entre católicos e protestantes não se limitaram aos combates físicos, acontecendo também nos campos da teologia e da ideologia. Um exemplo foi o “pelagianismo” 8 que, embora tivesse sido derrotado por Agostinho no Sínodo de Cartago em 416, sobreviveu dentro da igreja católica romana e até hoje se encontra presente em alguns segmentos da igreja protestante. Porém, foi Jacob Armínio 9 , um influente teólogo holandês, quem deu início ao processo de desvios doutrinários na igreja rereformada, espalhando pela europa um evangelho que despojava Deus de sua plena soberania na salvação humana, promovendo dessa forma, uma doutrina baseada no antropocentrismo. Jacob Armínio é considerado o precursor da doutrina arminiana, que sustenta que a salvação é uma obra conjunta de Deus e do homem. Segundo essa doutrina, Deus oferece a salvação a todos, mas cabe ao homem decidir se quer ou não aceitá-la. A doutrina arminiana foi muito criticada pelos teólogos calvinistas, que a consideravam como uma heresia. No entanto, alguns teólogos começaram a defender a doutrina, argumentando que ela era mais compatível com as Escrituras. A doutrina arminiana acabou se espalhando pelo mundo e influenciando diversasdenominações religiosas. Para enfrentar o Arminianismo que avançava fortemente, não apenas na Holanda, mas também por outros países europeus, a igreja reformada da Holanda convocou o Sínodo de Dort, composto por um grupo de doutos e piedosos teólogos, os quais se debruçaram sobre o assunto nos anos de 1618 e 1619. Nesse egrégio concílio, as teses de Armínio foram refutadas e fincou-se ali um dos maiores esteios da ortodoxia bíblica, vazada pela visão reformada, conhecido como os cinco pontos do calvinismo. São eles: 1. Depravação Total – O homem natural é totalmente incapaz de escapar ao seu destino de morte eterna. Ele está cego, surdo, endurecido e 8 O Pelagianismo é a doutrina de convicção dos pelagianos, segundo a qual o homem era totalmente responsável por sua própria salvação, minimizando o papel da graça divina. 9 Jacó Armínio foi um teólogo holandês (1560 - 1609), elaborador de uma teologia que competiria com a teologia reformada dominante de João Calvino. morto nos seus delitos e pecados, e todas as suas faculdades foram atingidas e afetadas pelo pecado. Ele é incapaz de perceber a verdade de Deus porque ele não pode ver a Deus. Ele é incapaz de ouvir a verdade de Deus porque a sua mente foi enganada pelo pecado. Ele é incapaz de entender a verdade de Deus, porque o seu entendimento é escurecido pelo pecado. Ele é incapaz de obedecer a verdade de Deus, porque o seu coração está endurecido pelo pecado. Ele é incapaz de perceber a verdade de Deus porque a sua alma está morta nos seus delitos e pecados. 2. Eleição Incondicional – A eleição de Deus é soberana, absoluta, totalmente independente de qualquer escolha humana. Ela é uma questão de soberania de Deus, e não de qualquer obra humana. Deus não é obrigado a escolher a ninguém. Deus não tem ninguém a quem possa obedecer. Deus não deve nada a ninguém. De acordo com a sua vontade soberana, Deus pode escolher qualquer pessoa, de qualquer país, de qualquer raça, de qualquer religião, de qualquer cultura, de qualquer geração, de qualquer classe social, de qualquer posição na vida, para a salvação eterna. 3. Expiação Limitada – De acordo com a doutrina reformada, a eficácia da morte de Cristo é limitada porque não alcança a todos, mas ilimitada em sua eficácia, enquanto na visão arminiana é limitada quanto à sua eficácia e ilimitada em seu alcance. Para a igreja reformada calvinista, Cristo morreu por todo aquele a quem o Pai escolheu na eternidade. Assim, nenhuma gota do sangue de Jesus foi desperdiçada. Ele morreu para comprar para Deus aqueles que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9). 4. Vocação Eficaz – Todos os que foram eleitos por Deus, são chamados pelo Espírito Santo, mediante o evangelho, para a salvação. O chamado é eficaz porque é feito por um Deus vivo, eterno e santo que pela sua palavra pregada e inspirada pelo Espírito Santo, alcança os escolhidos. 5. Perseverança dos Santos – A salvação não é temporal, mas eterna. Jesus declarou categoricamente que “as minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 10.27,28)”. Ele também disse claramente que “todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançareifora (Jo 6.37).” Esses cinco pontos tornaram-se um parâmetro teológico para as igrejas reformadas, mas não impediram que, de forma sorrateira, outros desvios fossem introduzidos no seio da igreja, corrompendo aos poucos, a sã doutrina, dando abertura à secularização do evangelho, causando efeitos devastadores para o cristianismo que, após séculos de enfraquecimento e decadência espiritual, sofre com a descaracterização provocada pela permissão da entrada nas igrejas de muitas práticas mundanas, fazendo com que ela se confunda completamente com o mundo. 4 A SECULARIZAÇÃO DA IGREJA CONTEMPORÂNEA Atualmente, embora muitos indivíduos ainda se definam como cristãos, os mesmos não se engajam ativamente nas atividades da igreja, nem têm seus comportamentos, princípios e valores orientados pela religião que dizem professar, muito menos pela igreja que freqüentam. O pluralismo religioso contribuiu, em parte, para o fenômeno da secularização ao relativizar a crença. A secularização, quando aliada a esse pluralismo, atua na socialização religiosa individual, de modo que cada indivíduo construa sua própria identidade religiosa, tornando-se, assim, distante em relação às instituições religiosas e aos princípios que ela enuncia. “Uma religião por catálogo, crítica e escolhida - e já não herdada -, provoca ela mesma um avanço do processo de secularização e está na origem da "crise" das Igrejas, como instituições representativas e definidoras de uma relação com o religioso.” 10 A partir do século XIX notou-se um progressivo declínio da influência das instituições religiosas tradicionais no que diz respeito aos ensinamentos bíblicos do cristianismo. Este declínio verificou-se tanto na prática dos fiéis, quanto na dificuldade crescente em formar líderes capazes de promover o crescimento e o ensino doutrinário nas igrejas. Muitos estudos e pesquisas foram realizados na tentativa de compreensão deste fenômeno. Hoje a investigação já não se concentra tanto nas causas e nas razões da secularização, mas nas possibilidades da relação da modernidade com o religioso. No Brasil, a secularização do evangelho se caracteriza pela forma como as diversas denominações cristãs são conduzidas atualmente no contexto de uma sociedade que se distingue pelo consumismo, onde seus indivíduos são extremamente materialistas e imediatistas, buscando no evangelho uma forma de obter sucesso profissional, bens materiais e uma vida plena e feliz, que satisfaçam seus anseios carnais, como se a igreja fosse um balcão de negócios ou uma prateleira de supermercado onde você escolhe o que precisa para suas necessidades materiais. À medida que o mundo avança na produção de inovações tecnológicas ou de bens de consumo de um modo geral, mais e mais cristãos se sentem atraídos pelas palestras motivacionais que tomam conta dos púlpitos das igrejas brasileiras. Por outro lado, líderes cristãos que perderam ou nunca tiveram a essência do cristianismo, enxergaram nesse fato, uma oportunidade de encher os templos com pregações baseadas na chamada “teologia da prosperidade”. O resultado disso é igrejas cheias de pessoas vazias de Deus e espiritualmente frágeis e doentes, para as quais os sermões são proferidos com o propósito de lhes proporcionar uma satisfação emocional e 10 Porto Editora. [consult. 2022-10-29 14:37:56]. Disponível em https://www.infopedia.pt/secularizacao momentânea, sem conteúdo nem base bíblica, cujo objetivo é pregar o que as pessoas querem ouvir e não o que Deus tem a falar. A secularização do evangelho provocou enormes prejuízos no caráter dos cristãos e na idoneidade da igreja. Hoje, com o falso pretexto de voltar ao genuíno evangelho e à verdade das Escrituras, muitas novas igrejas evangélicas são fundadas. De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasilleiro de Geografia e Estatística), no ano de 2010, só no Brasil, a cada ano surgem catorze mil novas igrejas evangélicas 11 . Talvez essa pluralidade explique o surgimento de tantas heresias e novas teologias a cada dia. Como exemplo de teologias e práticas que contribuem para que a igreja se torne cada vez mais secularizada e separada do evangelho, podemos citar as seguintes: 4.1 A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE A teologia da prosperidade é, sem dúvida, a principal causa da secularização do evangelho e, infelizmente, ela tem norteado muitos ministérios cristãos contemporâneos. As igrejas têm adotado umadoutrina perniciosa, baseada na filosofia mundana do pragmatismo religioso em detrimento da genuína Palavra de Deus. Espiritualmente falando, essa teologia afasta as pessoas do verdadeiro evangelho que é simples e, por si só, eficaz para produzir os efeitos para os quais se destina, não necessitando de subterfúgios para satisfazer plenamente a alma dos fiéis.Entretanto, na contramão do ensino de Cristo que disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu Reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”(Mateus 6:33) 12 , os adeptos dessa teologia buscam em primeiro lugar as coisas materiais em detrimento do reino de Deus que fica em segundo plano nas suas vidas. No seu livro “Com vergonha do Evangelho”, John F. Mac Arthur Jr. 13 demonstra com clareza e lucidez as tendências contemporâneas da igreja visível, apresentando respostas bíblicas e alertas necessários à manutenção de um evangelho sadio e eficaz, baseado unicamente nas Escrituras Sagradas. Na sua visão, a igreja vem tomando rumos preocupantes, que afastam cada vez mais os fiéis da sã doutrina, empurrando-os para os corredores escuros e sombrios da secularização do evangelho. “... em vez de uma vida transformada, é a aceitação por parte do mundo e a quantidade de pessoas presentes aos cultos o que vem se tornando o alvo maior da igreja contemporânea” (p. 18). Mac Arthur também avalia que as instituições de ensino religioso, os seminários, se afastaram do treinamento pastoral com base em um currículo bíblico-teológico, o qual vem sendo substituído por um treinamento alicerçado em técnicas de aconselhamento, teorias de crescimento numérico das igrejas e pelas mensagens motivacionais que caracterizam o pragmatismo religioso, que é uma das principais vertentes da secularização do evangelho. 11 Fonte: https://www.nexojornal.com.br/externo/2019/12/09/O-crescimento-da-f%C3%A9-evang%C3%A9lica 12 Texto extraído do Evangelho escrito por Mateus,primeiro livro do Novo Testamento. 13 John Mac Arthur, Ministro de Evangelho e Escritor Cristão Norte Americano. 4.2 O PRAGMATISMO RELIGIOSO Sabe, porém isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão egoístas, avarentos jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante: porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles (II Tim. 3:1-9). 14 Pragmatismo é a noção de que o significado ou o valor é determinado pelas conseqüências práticas. É muito similar ao utilitarismo, a crença de que a utilidade estabelece o padrão para aquilo que é bom. Para um pragmatista, se uma determinada técnica ou um curso de ação resulta no efeito desejado, a utilização de tal recurso é válida. Se parece não produzir resultados, então não tem valor. O pragmatismo como filosofia foi desenvolvido e popularizado no final do século XIX pelo filósofo americano William James, junto com outros intelectuais famosos como John Dewey e George Santayna. Foi William James que deu o nome e molde à nova filosofia. Em 1907, ele publicou uma coleção de preleções intitulada Pragmatismo: Uma Nova Nomenclatura para Algumas Velhas Formas de Pensar. Assim, delineou uma nova abordagem para a verdade e a vida. 15 Muito embora o continente europeu tenha sido, no passado, considerado o berço do cristianismo, hoje os tempos são outros. A Europa que antes exportava missionários cristãos para outros continentes, vive dias de extrema pobreza espiritual com templos abandonados, igrejas fechadas e fiéis apostatando da fé. A Inglaterra, por exemplo, outrora conhecida por sua vitalidade espiritual, vive numa profunda letargia cristã, abrindo espaço para líderes pragmáticos oriundos dos Estados Unidos, país onde se originou a filosofia pragmática. Os europeus que introduziram e difundiram o cristianismo no mundo, agora carecem ser evangelizados por missionários de diversas partes do mundo, inclusive do Brasil, país no qual, o cristianismo é extremamente diverso e com uma extensa pluralidade religiosa. Estariam as igrejas cristãs brasileiras preparadas e aptas a enviar missionários para “reevangelizar” a Europa? Conforme aconteceu na Europa, o pragmatismo religioso também chegou ao Brasil e com ele, tudo o que o apóstolo Paulo condena e adverte sobre seus perigos na segunda carta enviada a Timóteo, ao qual orientou que fugisse dos que praticam tais 14 Texto extraído da Segunda Carta de Paulo a Timóteo (Novo testamento) 15 Parte de um artigo extraído de http://www.monergismo.com/textos/igreja/vergonha.htm coisas. Sabemos que há elementos práticos que devemos considerar, mas o pragmatismo é uma filosofia que despreza uma série de valores e princípios fundamentais e elege, como único fator relevante, a questão: “Isso produz resultado?” Mas se produz resultado, qual o problema do pragmatismo religioso? O grande problema é que, no ambiente religioso, o pragmatismo tem por objetivo validar qualquer conduta, mesmo que ela não tenha respaldo bíblico, baseada apenas em seus resultados. É como se dissesse aos cristãos “não importa os meios pelos quais vocês conseguiram, o que importa é que conseguiram”. Esse tipo de filosofia abre espaço para uma prática muito comum nas igrejas cristãs brasileiras, a transformação dos cultos em shows midiáticos, onde se busca a satisfação momentânea, endossada por sermões sem fundamentação bíblica, resultando em igrejas, muitas vezes cheias de pessoas, mas espiritualmente vazias. Quando o pragmatismo é utilizado para determinar o que é certo ou errado, ou mesmo quando se torna a filosofia norteadora da vida, da teologia e do ministério cristão, acaba, inevitavelmente, confrontando as Escrituras. A verdade espiritual e bíblica não é determinada baseando-se no que "produz ou não, bons resultados". As Escrituras, por exemplo, ensinam que o evangelho nem sempre produz uma resposta positiva. “... Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. (1 Co 1:22,23)” 16 . Por outro lado, o engano e as vãs filosofias podem ser bastante eficazes. “... Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. (Mt 24:23-24)” 17 . A reação da maioria não é um parâmetro seguro para determinar o que é válido, e a prosperidade não é uma medida para a veracidade. “... As tendas dos assoladores têm descanso, e os que provocam a Deus estão seguros; nas suas mãos Deus lhes põe tudo. (jó 12:6)” 18 . Portanto, o pragmatismo religioso como uma filosofia norteadora do cristianismo é inerentemente defeituoso e não deve ser aplicado como uma prova para a veracidade. Na perspectiva de que vale tudo, desde que aparentemente seja para Deus, são cometidos muitos excessos e descontroles que refletem na saúde espiritual dos membros e comprometem a integridade e idoneidade da igreja. Pastores e líderes midiáticos que ensinamdoutrinas de forma equivocada, cujos corações estão mais inclinados para o mal do que para o bem, distorcem e manipulam o evangelhode acordo com suas conveniências. São homens e mulheres egoístas, amantes de si mesmos, arrogantes, blasfemadores, autoritários, ingratos, irreverentes, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, avarentos, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus. 16 Texto extraído da Primeira Carta de Paulo aosCoríntios (Novo testamento) 17 Texto extraído doEvangelho de Mateus (Novo testamento) 18 Texto extraído do livro de Jó (Velho Testamento) Todas essas qualidades citadas pelo apóstolo Paulo são características narcisistas e o narcisismo espiritual é outra vertente da teologia da prosperidade e consequência da secularização do evangelho. De acordo com Paulo, aquelas pessoas eram amantes do dinheiro, o dinheiro era seu Deus. Isso demonstra que, porque as pessoas amam excessivamente a si mesmas, elas são adeptas do “evangelho da auto- estima” e porque as pessoas amam excessivamente o dinheiro, elas crêem no “evangelho da prosperidade”. 4.3 O NARCISISMO ESPIRITUAL Narcisismo é uma característica do indivíduo vaidoso, que tem admiração egocêntrica, tanto nos atributos físicos quanto nos atributos mentais, vindos do orgulho. A palavra “narcisismo” vem da mitologia grega, que narra a história de Narciso, um jovem muito bonito e orgulhoso que desprezou o amor da ninfa Eco e por isso foi condenado a apaixonar-se por sua própria imagem espelhada na água. Este amor impossível levou Narciso à morte, afogado em seu próprio reflexo. 19 A espiritualidade é o relacionamento de Deus com o ser humano norteado pelas Escrituras Sagradas, cuja aplicação é permeada de implicações subjetivas e objetivas. Entretanto, o narcisismo espiritual se identifica pelo relacionamento do ser humano consigo mesmo, de maneira egocêntrica. Dessa forma, o cristão deve, à luz da bíblia, identificar os pontos ou características que definem as semelhanças e diferenças entre o relacionamento do homem com Deus e do homem com o próprio homem. Além disso, avaliar os riscos existentes entre esses dois relacionamentos e, dessa forma, contribuir para a prática de uma liderança cristocêntrica e pautada nas verdades reveladas por Deus através da sua palavra. Os desdobramentos do narcisismo secularizado causam profundos prejuízos para as igrejas cristãs. Os líderes cristãos estão cada vez mais ocupados com suas agendas e projetos pessoais. Seus relacionamentos não são nem pessoais, nem profundos, o que os leva a cultivarem uma forma de “irrealismo ministerial”, achando que estão “conectados” por participarem de redes sociais, mas a família encontra-se fragmentada e adoecida. Fazem comentários, declarações e pregam sermões que não refletem a realidade que vivem, pregam uma coisa, mas vivem outra completamente diferente. É também por esse motivo que a secularização ganhou força dentro das igrejas, pois seus líderes vivem no mundo da fantasia, induzindo os fieis para fora da realidade e da autenticidade do evangelho de Jesus Cristo. O fato de vivermos numa sociedade materialista contribui para a prática do narcisismo e uma igreja secularizada, onde seus membros e frequentadores estão mais interessados em bençãos e prosperidades materiais, é o ambiente perfeito para líderes 19 https://www.infoescola.com/psicologia/narcisismo/ narcisistas atuarem. Lourenço Stelio Rega 20 afirma que “no âmbito eclesiástico, essa tendência pragmática se deve à influência dos missionários norte-americanos quando implantaram o evangelho no Brasil, em meados do século XIX”. A espiritualidade cristocêntrica conduz o ser humano ao autoconhecimento, a uma reflexão introspectiva que gera a transformação na sua vida pessoal. Observamos que essa transformação produz mudanças na forma de pensar e de agir, mas, sobretudo na conduta e no caráter daqueles que são alcançados pela graça que há em Cristo Jesus. Todavia, esse poder transformador não é humano, mas é um poder Divino e, através desse poder, o homem adquire a capacidade de conhecer a si mesmo e tornar-se consciente das suas limitações. E esse reconhecimento leva-nos ao entendimento de quem somos e de quem Deus é, e que somente Ele tem a capacidade de nos transformar. Quando falta no homem a consciência da supremacia de Deus e de que dEle somos totalmente dependentes, sobra-lhe a arrogância e a sensação de auto suficiência e isso tem se constituído num grave e crítico problema que afeta a liderança eclesiástica das igrejas brasileiras. É muito comum percebermos nos líderes a predisposição de confiarem em si mesmos, de acreditarem nas suas capacidades de resolver problemas relacionados à espiritualidadeatravés das próprias experiências e habilidades. É triste constatar que alguns líderes chegam a acreditar que são capazes de realizar coisas que estão fora de suas competências e para isso, vão às últimas consequências para que o fruto de suas imaginações seja realizado. O narcisismo espiritual tem a característica de tornar o ser humano introspectivo no sentido de que somente ele é importante, não importa o outro, tudo tem que girar em torno de si, mas a espiritualidade cristocêntrica possibilita uma introspecção solidária humanamente falando e relacional com Deus, sendo percebida através de uma ação responsável na comunidade da fé e na sociedade onde ela está inserida.Enquanto os narcisistas se julgam superiores aos demais, acreditando serem especiais pra Deus e por isso merecem tratamento diferenciado, as escrituras nos ensinam que para Deus somos todos iguais, Ele não faz acepção de pessoas “... Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas” (Rom. 2:11) 21 Sendo assim, destacamos que as semelhanças entre a secularização do evangelho e o desenvolvimento narcisista deixam claro que, tal prática incorre em riscos para o pleno exercício da liderança cristã, bem como para a edificação espiritual das igrejas que porventura estejam sob o ensinamento de líderes narcisistas, os quais não visam a transformação de vidas pelo evangelho, mas o que os motiva é ver as igrejas cheias para satisfazer seus egos, ocasionando uma verdadeira decadência moral e espiritual nos membros. Por isso,as igrejas cristãs necessitam de líderes comprometidos com o fiel ensino das Escrituras Sagradas, leais a Deus e à pregação de Sua palavra e 20 Lourenço S. Rega é Bacharel e Mestre em Teologia (especialização em Ética) pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo 21 Epístola de Paulo aos Romanos (Novo Testamento) que, como um bom pastor, dêem suas vidas pelas ovelhas e a elas sirvam, em vez de delas se servirem e que sejam mais apegados às promessas divinas do que às coisas terrenas. Uma das mais conhecidas frases de Charles HaddonSpurgeon 22 é a seguinte: “quanto mais do céu existe em nossas vidas, menos da terra cobiçamos.” Ele costumava enfatizar bem que o cristão não deve almejar as ofertas do mundo. Perguntas como “será que um homem que ama o seu Senhor estaria disposto a ver Jesus usando uma coroa de espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros?” eram frequentes em seus sermões e estudos. De fato, as igrejas cristãs de hoje têm muito que aprender com Spurgeon a fim de retornaremà essência do evangelho. 4.4 O SECULARISMO E A DECADÊNCIA ESPIRITUAL DA IGREJA Desde a Reforma Protestante, a igreja vem passando por uma série de transformações em seus cultos no que diz respeito à adoração, à liturgia, ao comportamento dos fieis e até mesmo na forma de se vestirem. A filosofia baseada no marketing é um esforço no sentido de tentar fazer com que a igreja se pareça com o mundo e o mundoveja a igreja com bons olhos e, dessa forma, torná-la mais atraente aos de fora. Os especialistas em marketing dizem aos pastores e líderes cristãos que,se desejam ter uma carreira bem sucedida e ver suas igrejas cheias, precisam ser flexíveis e tolerantes, fornecendo aos não cristãos um ambiente agradável e amistoso, não confrontando de forma contundente o pecado, mas sendo pacientes e aceitando algumas práticas que, aos poucos vão ganhando força e dominando o ambiente eclesiástico. Termos como liberdade, tolerância e anonimato devem permear seus sermões que, de preferência, precisam ser curtos e motivacionais, deixando mais tempo para o entretenimento com músicas, danças, multimídia e outros meios de comunicação modernos e atraentes aos olhos e ouvidos humanos. Eles acreditam que é preciso apresentar ao povo a religião de forma criativa, visual e “menos careta”. A verdade é que os especialistas em marketing querem introduzir inovações que possam tornar a igreja numa espécie de “user-friendly”, termo inglês usado para designar algo “amigável” ou de fácil aceitação e compreensão. A tecnologia e a indústria do entretenimento foram importadas com o objetivo de atrair os não freqüentadores de igreja que buscam um conforto espiritual, mas não aceitam serem confrontados com as verdades da Palavra de Deus. Como resultadodisso, percebemos que a igreja com todas essas transformações, se tornou favorável e atraentepara um grupo de pessoas que não conhecem nem querem conhecer o verdadeiro evangelho, mas por outrolado, essa mesma igreja se tornou hostil e estranha para um grupo de fieis, cujas necessidades espirituais são negligenciadas e a sede e fome da palavra não são saciadas com artifícios ou mecanismos mundanos, mas somente por um sermão baseado nas verdades do evangelho, pois somente o verdadeiro evangelho transforma e liberta 22 Charles H. Spurgeon, Pregador do Evangelho e Pastor Batista inglês https://pt.wikipedia.org/wiki/Batista ohomem de seus vícios e pecados, conforme escreveu o Evangelista João “... Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:31-32). 23 Uma igreja preocupada em atrair as pessoas, utilizando-se para isso das coisas do mundo, está fadada ao enfraquecimento e à decadência moral e espiritual e como consequência disso, seus membros sofrem com a perda da paixão pelo evangelho, perdem o primeiro amor e, uma vez que a amizade com o mundo significa inimizade contra Deus, se distanciam de Cristo e de seu evangelhoque é poder de Deus para transformar o homem perdido em seus delitos e pecados. Nestas condições, de frieza e enfraquecimento espiritual, o cristão perde o desejo de estudar a Palavra de Deus, de orar, de louvar e adorar a Deus e até mesmo de frequentar a igreja. Para os cristãos frios e decadentes na fé, o pecado é algo normal e aceitável, por isso não se sentem arrependidos quando cometem erros e não se arrependendo, não experimentam a graça renovadora obtida através do perdão em Cristo. Eles não apenas se conformam com as coisas do mundo, como querem trazer o mundo tudo o que nele há, pra dentro da igreja. Tais indivíduos não têm condições espirituais de avaliar e discernir o certo do errado, contribuindo dessa forma, para a formação de uma igreja sem princípios e valores cristãos e sem compromisso com Deus e com sua palavra. A decadência espiritual de uma igreja é um problema que pode começar com a frieza de uns membros que na sequência perdem a vontade de participar do “Corpo de Cristo” e isso vai aumentando gradativamente, até ao ponto em que a igreja se transforma num cemitério espiritual. Alguns membros apresentam a frieza velada, outros a frieza revelada, isso significa que há crentes que estão frios por dentro, mas não exteriorizam o problema e tentam manter as aparências participando de cultos sem conteúdo espiritual que servem de entretenimento momentâneo, mas ao saírem da igreja, a triste realidade logo se apresenta e tudo volta a ser como antes, em seus interiores não correm o rio de água viva, pois neles não corre o rio de água viva para restaurar seu estado interior. Em muitos casos, estes são os religiosos que zelam meramente pela religiosidade, mas não têm vida com Deus. Há, por outro lado, aqueles que se tornaram declaradamente frios e incrédulos, uma vez que passaram a relativizar publicamente a Palavra de Deus, o Evangelho e a igreja. João Calvino, grande teólogo e experiente pastor, afirmou que “a ignorância é mãe de todas as heresias”. Onde a verdade é negligenciada floresce o erro. O Brasil, conhecido por sua diversidade cultural e religiosa com profundas raízes no paganismo, é terreno fértil para a proliferação de heresias e ensinos distorcidos da Palavra de Deus.As diversas religiões trazidas por imigrantes de todas as partes do mundo, os ídolos do catolicismo romano, os rituais afro-ameríndios, o kardecismo anglo-saxão, a pajelança indígena, além das seitas “evangélicas”, conspiram contra o genuíno evangelho. Nesse 23 Texto extraído do Evangelho escrito por João (Novo Testamento) https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/8/31,32+ cenário de múltiplas divindades, variadas formas de cultos e tantos credos, o enfraquecimento do magistério da Palavra e a negligência da pregação tornam a igreja vulnerável e criam o ambiente para o sincretismo religioso levando ao declínio espiritual. Essa é a realidade atual da igreja evangélica no Brasil. Um púlpito fraco é a maior tragédia que pode acometer a igreja. Spurgeon afirmou que “o mais maligno servo de Satanás que conheço é o ministro infiel do evangelho”. O fracasso da pregação é a causa primária da frieza espiritual da igreja. Sempre que a igreja é transformada em centro mercantil da fé, o púlpito em palco teatral, o culto em serviço de entretenimento e o pastor em animador de auditório, a decadência espiritual é inevitável. À luz das Escrituras, a falta de santidade, devoção, misericórdia, sabedoria, compaixão, fervor, piedade, vida e amor são evidências do declínio espiritual. A igreja tem dado sinais de fraqueza espiritual e muitas são as razões pelas quais isso acontece. Transformar a fé em mercadoria e a igreja em mercado cujas prateleiras têm de tudo, menos a genuína pregação das Escrituras Sagradas, é fazer o mesmo que faziam os sumos sacerdotes que administravam o templo na época de Cristo que enxergavam nas festas anuais do calendário judaico uma oportunidade de oprimir economicamente o povo, tirando deles todas as suas economias e enriquecendo às custas do sacrifício e da ingenuidade do povo. João Crisóstomo 24 em uma de suas célebres mensagens disse que “Quando você vir uma árvore cujas folhas estejam secas e murchas, algo de errado está acontecendo com as suas raízes; quando você vir um povo indisciplinado, sem dúvida, os seus sacerdotes não são santos”. A igreja que tolera um pastor negligente no ministério da pregação comete suicídio e seu fim é a decadência moral e espiritual. 5 CONCLUSÃO Muitos foram os esforços empreendidos por diversos teólogos, historiadores e líderes espirituais, a partir do século VXI, no sentido de resgatar a sã doutrina da igreja cristã, tal como ela foi ensinada pelos apóstolos cristãos no primeiro século. Porém, logo após a reforma protestante, ocorreu uma severa divisão entre os cristãos reformados e diversos líderes com linhas ideológicas e pensamentos diferentes surgiram. As inúmeras correntes doutrinárias levaram a igreja à expressivas distorções de interpretação das Escrituras, abrindo espaço para a formação de igrejas secularizadas, que buscavam e buscam até hoje, alcançar objetivos que não são compatíveis como evangelho. O fruto da pluralidade de igrejas cristãs é decadência moral e espiritual das igrejas cristãs e é isso que vemos acontecer atualmente com cristãos que se secularizam. Cheios do mundo e vazios de Deus, eles apresentam um conceito relativista e secular do homoem pós-moderno, que é uma atitude de pessimismo em relação ao mundo contemporâneo criada em decorrência da desilusão com a sonhada era de paz e prosperidade prometida pelo modernismo racionalista e científico que, afinal, não veio. 24 João Crisóstomo foi um arcebispo de Constantinopla e um dos mais importantes patronos do cristianismo primitivo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Arcebispo_de_Constantinopla https://pt.wikipedia.org/wiki/Padres_da_Igreja https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo_primitivo A realidade é que nada mudou. O mundo continua se corrompendo em todas as camadas da sociedade e nas diversas esferas do poder público. O egoísmo desenfreado do ser humano, que só se preocupa consigo mesmo. As guerras, a pobreza, as pandemias sanitárias, os desastres naturais, etc. são elementos que dia a dia se acrescentam a já infindável lista de males a que este mundo está submetido. Por isso, o pessimismo reina e o desespero das pessoas cresce vertiginosamente. Então, no mais íntimo de sua natureza, diz o homem “tudo é vão, tudo é vazio, tudo é falso, tudo é passageiro, tudo é relativo...”. O cristianismo verdadeiro que se enquadra nas Escrituras Sagradas e na pregação do Evangelho é aquele que é ofertado ao mundo com base nos preceitos bíblicos, mas que o mundo não o aceita. O evangelho não secularizado, que não se moldou às práticas do mundo, que não se corrompeu com as ofertas do mundo é o evangelho que, freqüentemente é rejeitado pelo mundo. Esse evangelho genuíno não deve ser interpretado pelo homem de acordo com sua própria compreensão. Precisamos fazer distinção entre o sagrado e o profano. Não devemos apoiar nenhum tipo de relação entre a igreja e o estado, visto que a história comprova serem instituições com funções distintas e que quando se unem, uma corrompe a outra. Precisamos de igrejas não secularizadas e igreja não secularizada é uma igreja livre e independente do estado e do mundo, mas total e exclusivamente dependente de Deus. A igreja não secular é aquela que não sente desejo nem prazer nas coisas do mundo, nem compartilha das mesmas paixões da sociedade secular. A igreja não secularizada possui as características da igreja primitiva, cujo objetivo era anunciar o evangelho de Cristo que se baseia nos princípios e valores por Ele defendidos. Por fim, o evangelho não secularizado é aquele que distingue a igreja do mundo, aquele que faz distinção entre os escolhidos e servos de Deus e os que não servem a Deus, é o evangelho que ensina fielmente os padrões éticos de conduta contidos na Palavra de Deus e não os padrões antiéticos do mundo. Se pretendermos combater a secularização do evangelho e suas causas, precisamos reparar o colapso causado às estruturas das instituições tradicionais, sobretudo a família e a igreja, pilares de sustentação e base para uma sociedade sadia e temente a Deus. Precisamos também impor limites na influência causada pelo avanço da ciência na sociedade contemporânea, fato este que tem contribuído para uma busca desenfreada por tudo o que a tecnologia oferece ao homem, fazendo-o esquecer de buscar as bênçãos e os valores que Deus tem a oferecer ao homem. Precisamos também conscientizar as pessoas que os valores morais não devem ser substituídos por desejos imorais, que cada vez mais são vistos pela sociedade em geral como algo comum, banalizando a moralidade. A igreja cristã não deve ser influenciada pelos conceitos pragmáticos do secularismo. Ela precisa se desvencilhar de certos conceitos como “se algo funciona isso é o que importa para a igreja”, ou então, “se a igreja está cheia de seguidores, não importam quais os meios utilizados para isso”, é como diz a tão conhecida frase “os fins justificam os meios”. Na batalha espiritual cujo propósito é preservar os fundamentos da fé, é tarefa da igreja cristã da atualidade confrontar e desmontar as narrativas e mentiras da sociedade contemporânea que visam à destruição dos valores cristãos que referenciam a igreja e o cristianismo, mas, sobretudo, os líderes cristãos atuais precisam voltar à luz do evangelho, vivendo e ensinando as doutrinas bíblicas tal como são, não com interesses escusos e objetivos ilícitos, não usurpando o lugar de Deus, mas dando a primazia nos sermões a Ele. Pastores e líderes das igrejas cristãs devem pautar seus sermões nas verdades do evangelho, falar à igreja o que Deus tem a dizer, não o que as pessoas querem ouvir, pois o evangelho verdadeiro é aquele que confronta o pecado, não o que coaduna com ele. Em vez de buscar realizar seus próprios interesses, devem ser inclinar aos desejos e interesses de Deus. Devem viver uma vida de santidade, com simplicidade, sem torpe ganância e dedicada a Deus e tão somente nEle confiar, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça e ensinando à igreja que, enquanto estiver no mundo, o justo viverá pela fé. REFERÊNCIAS Lopes, Hernandes Dias. Panorama da História Cristã: A intervenção divina na história – Edição revisada e atualizada – São Paulo – Editora Hagnos 2018 MacArthur, John Fullerton. Com Vergonha do Evangelho – Primeira edição em português – São José dos Campos – Editora Fiel 1997 https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de- saude/espiritualidade-e-saude https://brasilescola.uol.com.br/historiag/influencia-igreja-historia.htm https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$secularizacao http://www.monergismo.com/textos/igreja/vergonha.htm https://www.ultimato.com.br/conteudo/ortodoxia-e-narcisismo-parte-2 https://teologiabrasileira.com.br/o-declinio-da-pregacao-e-a-decadencia-da-igreja/ https://www.osremanescentes.com/historia-do-reavivamento/decadencia-moral-e-espiritual-do- movimento-da-reforma/ https://voltemosaoevangelho.com/blog/2018/09/o-avanco-do-secularismo/ https://brasilescola.uol.com.br/historiag/queda-constantinopla https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saude/espiritualidade-e-saude https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saude/espiritualidade-e-saude https://brasilescola.uol.com.br/historiag/influencia-igreja-historia.htm https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$secularizacao http://www.monergismo.com/textos/igreja/vergonha.htm https://www.ultimato.com.br/conteudo/ortodoxia-e-narcisismo-parte-2 https://teologiabrasileira.com.br/o-declinio-da-pregacao-e-a-decadencia-da-igreja/ https://www.osremanescentes.com/historia-do-reavivamento/decadencia-moral-e-espiritual-do-movimento-da-reforma/ https://www.osremanescentes.com/historia-do-reavivamento/decadencia-moral-e-espiritual-do-movimento-da-reforma/ https://voltemosaoevangelho.com/blog/2018/09/o-avanco-do-secularismo/ https://brasilescola.uol.com.br/historiag/queda-constantinopla
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