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UNIVERSIDADE DE UBERABA Engenharia Elétrica – Etapa VIII, volume 1 © 2011 by Universidade de Uberaba Todos os direitos de publicação e reprodução, em parte ou no todo, reservados para a Universidade de Uberaba. Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitora de Ensino Superior Inara Barbosa Pena Elias Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Assessoria Técnica: Ymiracy N. Sousa Polak Produção de Material Didático: Comissão Central de Produção Subcomissão de Produção Editoração: Supervisão de Editoração Equipe de Diagramação e Arte Capa: Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Sobre os autores Cláudio Turini Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Uberlândia. Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professor da Universidade de Uberaba, campus Uberlândia, ministrando aulas nos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Civil e Engenharia da Computação. Marcelo Lucas Graduado em Engenharia Elétrica com ênfase em eletrônica e telecomunicações pelo instituto Nacional de Telecomunicações (1988), especialista em sistemas de telecomunicações pela universidade de Uberaba (2000). Atua como professor em diversos cursos da Universidade de Uberaba. Rhafael Pansani Godinho Formado em Engenharia de Computação, com ênfase em Automação Industrial. Trabalha como desenvolvedor de sistemas microcontrolados aplicados à indústria e Engenheiro de Computação (Automação Industrial) na Empresa CAS Tecnologia Ltda. Sumário Apresentação ............................................................................................................................ 5 Capítulo 1 – Automação e controladores lógicos programáveis ............................................... 6 1.1 Evolução histórica da automatização de controle industriais ................................................. 7 1.2 Tipos de variáveis de processo ............................................................................................. 12 1.3 Processo contínuo ................................................................................................................. 13 1.4 Processo discreto .................................................................................................................. 13 1.5 Sistema de controle ............................................................................................................... 14 1.6 Áreas de aplicação dos controladores programáveis ........................................................... 20 1.7 Controlador lógico programável versus painel de relés ........................................................ 21 1.8 Computador industrial versus controlador programável ....................................................... 21 1.9 Perspectivas futuras .............................................................................................................. 22 1.10 Principais elementos em acionamentos elétricos ............................................................... 42 Capítulo 2 – Elementos de projeto ........................................................................................... 48 2.1 Introdução.............................................................................................................................. 49 2.2 Normas Recomendadas ........................................................................................................ 51 2.3 Elaboração do Projeto ........................................................................................................... 51 2.4 Concepção do Projeto ........................................................................................................... 52 2.5 Meio Ambiente ...................................................................................................................... 63 2.6 Graus de Proteção ................................................................................................................ 67 2.7 Proteção Contra Riscos de Explosão ................................................................................... 68 2.8 Diagrama Unifilar ................................................................................................................... 70 2.9 Simbologia ............................................................................................................................. 79 2.10 Inspeção Visual e Documentação ....................................................................................... 80 2.11 Ensaios de Campo em Instalações ..................................................................................... 82 2.12 Memorial Descritivo ............................................................................................................. 87 2.13 Tensões Elétricas ................................................................................................................ 88 Capítulo 3 – Programando o PIC® em Linguagem C ............................................................... 92 3.1Compilador C.......................................................................................................................... 93 3.2 Linguagem C (aplicada ao software CCS C ......................................................................... 97 3.3 Configurando o microcontrolador PIC ................................................................................. 116 3.4 Compilando programas ....................................................................................................... 118 3.5 Ferramenta auxiliar para desenvolvimento de projetos ...................................................... 119 3.6 Gravando programa no microcontrolador ........................................................................... 121 5 Apresentação Estamos iniciando a oitava etapa do curso de Engenharia Elétrica na modalidade de estudos à distância. Estão previstos para este volume 1, os conteúdos “Controle, Automação e Integração de Processos Industriais”, “Eletrotécnica” e “Sistemas, instalações e equipamentos eletrônicos e de comunicação”. Os capítulos abordados serão os seguintes: Componente Curricular – Controle, Automação e Integração de Processos Industriais: o Capítulo 1: Automação e controladores lógicos programáveis; Componente Curricular – Eletrotécnica: o Capítulo 2: Elementos de projeto; Componente Curricular – Sistemas, instalações e equipamentos eletrônicos e de comunicação: o Capítulo 3: Programando o PIC em linguagem C No primeiro capítulo, Automação e controladores lógicos programáveis, serão apresentadas situações-problema contextualizadas envolvidas no projeto de sistemas de controle discreto. Será apresentada aplicação dos principais dispositivos utilizados na automação, além, de expor o estado da arte em que se encontra tal segmento. O segundo capítulo, Elementos de projeto, evidencia e organiza os conhecimentos necessários que um engenheiro eletricista deve ter e considerar quando na implementação de um projeto elétrico, seja ele, industrial, comercial ou residencial. Ressalta a importância de se conhecer e seguir as normas relativas a cada implementação bem como, realizar os testes finais exigidos pelas normas, antes de colocar o projeto em funcionamento. Enfatiza a importância de se colocar o conjunto de plantas finais do projeto exatamente da forma como o projeto foi executado. Enfim, fornece uma visão geral e abrangente dos elementos essenciais quando na execução de um projeto elétrico. No terceirocapítulo, Programando o PIC em linguagem C, será visto como programar um microcontrolador PIC utilizando linguagem C, gravar este programa na memória do microcontrolador e principalmente desenvolver um projeto completo. Utilizaremos de conceitos básicos de eletrônica como resistores, cristais e outros para projetarmos uma solução real de aplicação dos microcontroladores PIC no dia a dia. Como já é de seu conhecimento, nós, da equipe didático-pedagógica, estamos sempre empenhados na produção do material, com a intenção de que os seus objetivos sejam integralmente alcançados, esperando de você o envolvimento necessário para o sucesso em seus estudos, ampliando, gradativamente, os conhecimentos necessários à sua formação de engenheiro eletricista. Bons estudos! 6 1 Automação e controladores lógicos programáveis Marcelo Lucas Introdução Por meio dos estudos propostos, esperamos que você compreenda e identifique situações-problema contextualizadas, envolvidas no projeto de sistemas de controle discreto. Para tanto, sugiro que, ao ler os conteúdos abordados, você faça uma síntese das principais dificuldades encontradas no desenvolvimento dessa atividade de aprendizagem. Tais dificuldades servirão para uma posterior discussão entre todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, alunos, preceptor, tutor web e professores. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de auxiliá-lo no processo de construção de conhecimentos teórico-iniciais, necessários para acompanhamento dos conteúdos que serão trabalhados. De modo geral, esperamos que este trabalho contribua de forma significativa para seu enriquecimento referente ao conhecimento e aplicação dos principais dispositivos utilizados na automação, além de expor o estado da arte em que se encontra tal segmento. Esquema - A evolução do controle de processos industriais - Processos industriais - Processo contínuo - Processo discreto - Sistema de comando - Sistema de controle - Controlador lógico programável - Áreas de aplicação dos controladores programáveis - Computador industrial versus controlador programável - Arquitetura dos CLPs - Modos de operação de um CLP - Dispositivos de entrada: transdutores e sensores - Dispositivos de saída: atuadores - Principais elementos em acionamentos elétricos A evolução do controle de processos industriais A competitividade dos mercados mundiais imposta pela globalização tem obrigado as empresas a uma constante busca pela melhoria na qualidade e produtividade. Isto leva a uma busca incessante por soluções tecnológicas para melhorar qualitativamente e quantitativamente os processos produtivos. Para atender a estas necessidades de aumento de produtividade, flexibilidade e redução de custos as 7 organizações estão se reorganizando. Por outro lado, é necessário que os equipamentos tenham condições de se adequarem rapidamente às alterações de configurações exigidas para produzirem diversos modelos de produtos, com pequenas alterações entre si. E, neste contexto, a automação surge como uma das principais soluções. Na atualidade, tornou-se parte da rotina industrial o emprego de máquinas automáticas que substituem a força muscular do homem e, ainda, possuem a capacidade de decidir e corrigir seus erros. Nesse sentido, podemos afirmar que a automação industrial é parte integrante do cotidiano de nossa sociedade. Mas o que vem a ser automação industrial? De forma bem simples, podemos conceituá-la como um conjunto de dispositivos eletro/eletrônicos e mecânicos que controlam seu próprio funcionamento, quase sem a intervenção humana. Veja bem, a automação é diferente de mecanização. A mecanização consiste simplesmente no uso de máquinas para realizar um trabalho, substituindo assim o esforço físico do homem. Já a automação possibilita executar o trabalho por meio de máquinas controladas automaticamente. Quando observamos um processo de fabricação percebemos que este possui um fluxo de material, energia ou ambos. O fluxo de material ou energia é manipulado sob o comando de um controlador, cujo objetivo é manter a variável de processo em um valor desejado; este valor é chamado de ponto de ajuste ou setpoint. Controlador Dispositivo responsável pelo acionamento dos atuadores, segundo uma ação previamente determinada pelo usuário do sistema de controle. 1.1 Evolução histórica da automatização de controle industriais A necessidade de controlar um processo fabril é muito antiga. Existe desde a revolução industrial quando o homem passou a manufaturar bens para atender as suas necessidades. Da manufatura nasce a ideia da sistematização dos procedimentos envolvidos na produção de bens e serviços. Surge, então, o conceito de processo manufaturado em que os procedimentos são ordenados e podem ser agrupadas em etapas ou fases distintas. A automação só ganhou destaque na sociedade quando o sistema de produção agrário e artesanal transformou-se em industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, inicialmente na Inglaterra. Os sistemas inteiramente automáticos surgiram no início do século XX. Entretanto, bem antes disso foram inventados dispositivos simples e semiautomáticos. Inicialmente, a principal característica do processo de manufatura é que o homem era o responsável pelo controle e pela execução de todos os procedimentos envolvidos no processo. O problema estava na baixa produtividade e na característica da qualidade estar fortemente dependente do ser humano. 8 Com o surgimento da máquina a vapor, começa a surgir a ideia de se usar máquinas para executar etapas do sistema produtivo. Entretanto, as primeiras máquinas a vapor não tinham elementos de controle automático. Eram ainda dependentes do homem para o controle de suas ações, mas já representavam um avanço em termos de força e velocidade em relação ao ser humano. Controle automático É quando uma parte, ou a totalidade, das funções do operador é realizada por um equipamento sem interferência humana. Com invenção do regulador mecânico para a pressão do vapor (Figura 1), feito por James Watt, a máquina passou a ter um uso industrial importante, pois agora a pressão do vapor era regulada automaticamente por um dispositivo, podendo a máquina assim efetuar um trabalho ou uma etapa de um processo. Surge o processo industrial em substituição ao processo de manufatura, em que máquinas realizam parte do processo de produção. Figura 1: Máquina de vapor de Watt. Fonte: Acervo do autor. Inventor da moderna máquina a vapor, que possibilitou a revolução industrial, James Watt foi mundialmente reconhecido quando seu nome foi dado à unidade de potência de energia (watt). James Watt nasceu em Greenock, Escócia, em 19 de janeiro de 1736. Aos 19 anos, foi para Londres fazer aprendizado de mecânico especializado na construção de instrumentos, mas em menos de um ano regressou à Escócia, por motivos de saúde. Por não possuir o certificado de aprendiz, teve dificuldades em montar uma oficina em Glasgow. Em 1757, no entanto, conseguiu ser escolhido para fabricar e reparar instrumentos matemáticos da Universidade de Glasgow. (Fonte: http://pessoal.educacional.com.br/up/50280001/2756140/t1324.asp em 27/02/2009.) Saiba mais 9 Entretanto, ainda não existia o controle automático no processo, dado que toda ação da máquina dependia da supervisão e atuação do homem. A ideia era fazer com que a máquina ganhasse cada vez mais autonomia no processo de fabricação, tal qual o ocorreu com o controle do vapor. Ou seja, buscava-se o controle automático de processo. Mas o controle de processo usando meramente elementos mecânicos era algo difícil de conseguir e o controle automático de processo praticamente não avançou muito até o século XX. Com o advento da eletricidade, surgem os controles elétricose eletrônicos que são mais versáteis e dinâmicos que os controles mecânicos. Com o advento dos microprocessadores, o comando numérico (CN) evoluiu para o Comando Numérico Computadorizado (CNC). Microprocessador Também chamado de processador ou chip. Pastilha geralmente de silício gravada com microcircuitos, contendo milhões de transistores. É o "coração" de um computador. Uma das primeiras máquinas-ferramentas que se conhece é o Torno de abrir roscas, inventado em 1568, pelo engenheiro francês Jacques Benson. Mesmo sendo primitivo, abria roscas com razoável precisão. A máquina-ferramenta foi aprimorada até a concepção do comando numérico (CN). As máquinas comandadas numericamente viabilizam a fabricação de peças com geometria complexa por meio do recurso de programação eletrônica das sequências de usinagem. Simultaneamente às máquinas de controle numérico, foram desenvolvidos os robôs, que possuem o mesmo princípio de controle das máquinas-ferramentas CNC, mas sua estrutura mecânica é bastante diferente. Nos anos 1950, surge a ideia da computação gráfica interativa: forma de entrada de dados por meio de símbolos gráficos com respostas em tempo real. No MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts) foram produzidas figuras simples por meio da interface de tubo de raios catódicos (idêntico ao tubo de imagem de um televisor) com um computador. Em 1959, a GM começou a explorar a computação gráfica no processo de fabricação de seus automóveis. A década de 1960 foi o período mais crítico das pesquisas na área de computação gráfica interativa. Naquela época, uma grande inovação tecnológica foi o desenvolvimento do sistema sketchpad, que tornou possível criar desenhos e alterações de objetos de maneira interativa, utilizando como interface o computador. No início dessa década o termo CAD começou a ser utilizado para indicar os sistemas gráficos orientados para projetos. CAD Do inglês Computer Aided Design ou “Projeto Auxiliado por Computador”) Condições e características do Estado Regulador Uma sociedade nacional ordena em bases capitalistas, isto é, em que as principais riquezas sejam produzidas como bens privados dos proprietários dos meios de produção, por meio da força de trabalho de outros homens, contratados para produzir mercadorias (bens e serviços) e gerar lucros para os proprietários. Ao conjunto dos elementos envolvidos nesse processo, e não só às riquezas produzidas, chamamos de capital e, aos seus proprietários, que dominam todo o processo, chamamos de capitalistas. Trata-se, pois, de uma sociedade desigualmente dividida pela propriedade e não apenas pelo trabalho, isto é, dividida entre capital e trabalho. Um Estado que exerça a sua jurisdição política sobre o território e a sociedade de uma nação com a finalidade de garantir esta ordem social, especialmente as suas condições de existência (capital e trabalho). O desenvolvimento de um forte movimento ético-político contrario a esta ordem social e política, marcadas pela luta de classes. O desenvolvimento de teorias e estratégias sociopolíticas reformadoras do capitalismo e do Estado. A produção de um excedente econômico crescente e que possa ser socialmente redistribuído sem ameaçar a ordem capitalista. 10 Na década de 1970 , as pesquisas desenvolvidas na década anterior começaram a dar resultados. Setores governamentais e industriais passaram a reconhecer a importância da computação gráfica como forma de aumentar a produtividade. Na década de 80, as pesquisas visaram à integração e/ou automatização dos diversos elementos de projeto e manufatura com o objetivo de criar a fábrica do futuro. O foco das pesquisas foi expandir os sistemas CAD/CAM (Projeto e Manufatura Auxiliados por Computador). Nesse período também surgiu o modelamento geométrico tridimensional com mais aplicações de engenharia (CAE – Engenharia Auxiliada por Computador). Alguns exemplos dessas aplicações são a análise e simulação de mecanismos, o projeto e análise de injeção de moldes e a aplicação do método dos elementos finitos. No início de sec. XXI, assistimos o conceito de integração total do ambiente produtivo com o uso dos sistemas de comunicação de dados (interconexão de redes coorporativas e industriais) e novas técnicas de gerenciamento se disseminar rapidamente. O CIM (Manufatura Integrada por Computador) é uma realidade dentro de alguns setores, por exemplo, o automobilístico e foi dessa forma que a automação dos processos de fabricação adquiriu a dimensão e importância dos dias atuais. Processos industriais Quando observamos o processo do ponto de vista da produção, normalmente podemos defini-lo como sendo o local (físico) onde os materiais e a energia se juntam e transformados em um determinado produto. Para os engenheiros de controle, o processo pode ser entendido como um conjunto de variáveis que devem ser conhecidas e controladas com vários objetivos, dentre eles podemos citar: melhora da qualidade do produto; melhora da produtividade; necessidades de economia do processo; atender a questões ambientais; garantir a proteção do processo; garantir a segurança da planta. De uma forma geral, podemos dizer que qualquer operação ou conjunto de operações que produza um resultado final desejado é considerado como processo. Geralmente, o processo consiste na modificação das matérias-primas, colocadas na sua entrada, nos produtos finais, obtidos em sua saída, por meio do suprimento de energia, durante um determinado período de tempo. CAD/CAE/CAM Abreviaturas de computer aided design, engineering, manufacturing. Designam sistemas, processos e programas de desenho, engenharia e manufatura (fabricação) auxiliados por computador. Para construir um navio, por exemplo, o estaleiro pode ter um programa que auxilia nos cálculos de engenharia naval, no desenho (e posteriores modificações) da planta do navio e, depois, pode até emitir comandos para o corte de chapas de aço conforme as medidas especificadas. A denominação pode se referir apenas ao programa como a toda uma estação de trabalho dedicada a essa finalidade. Saiba mais 11 Em princípio, qualquer grandeza física pode ser controlada, isto é, pode ter seu valor intencionalmente alterado. Obviamente, há limitações práticas; uma das inevitáveis é a restrição da energia de que dispomos para afetar os fenômenos: por exemplo, a maioria das variáveis climatológicas pode ser medida, mas não controlada, por causa da ordem de grandeza da energia envolvida. Observamos que grande parte dos sistemas modernos de controle, como os utilizados na indústria automobilística, química, papel e celulose, petroquímica, açúcar e etanol dentre outras, é extremamente complexa e requer muitos ciclos de realimentação. Controle por realimentação É quando um equipamento, dito automático, age sobre o elemento de controle (atuador), baseando-se em informações medida, através de sensores, da variável controlada. Vamos relembrar alguns conceitos básicos de sistema de controle! De uma forma geral, cada sistema de controle é composto de cinco elementos básicos (ver Figura 2): acionamento: provê o sistema de energia para atingir determinado objetivo. É o caso dos motores elétricos, pistões hidráulicos etc.; sensoriamento: mede o desempenho do sistema de automação ou uma propriedade particular de algum de seus componentes. Exemplos: termopares para medição de temperatura e encoders para medição de velocidade; controle ou comando: utiliza a informação dos sensores para regular o acionamento. Por exemplo, para manter o nível de água num reservatório, usamos um controlador de fluxo que abre ou fecha uma válvula, de acordo com o consumo. Mesmo um robô requer um controlador, para acionar o motor elétrico que o movimenta; comparador ou elemento de decisão: compara os valores medidos com valores preestabelecidose toma a decisão de quando atuar no sistema. Como exemplos, podemos citar os termostatos e os programas de computadores; programas: contêm informações de processo e permitem controlar as interações entre os diversos componentes. Figura 2: Elementos básicos de um sistema de controle. Fonte: Acervo do autor. Entretanto, a maior parte dos processos industriais envolve mais do que simplesmente regular a variável controlada. A exigência de controle significa que alguma variável tende a variar de modo contínuo devido a influências externas. Mas, há muitos processos na indústria em que não é uma variável que deve ser controlada, mas uma 12 sequência de eventos. Esta sequência de eventos tipicamente leva à produção de algum produto por meio de um conjunto de matérias-primas. Por exemplo, no processo para fazer torradeiras, existe a entrada de vários metais e plásticos e, com saída, temos as torradeiras. O processo pode ser classificado de quatro formas quando observamos o tempo e o tipo de operação envolvido, ou seja: contínuo; batelada; discreto; fabricação de itens. 1.2 Tipos de variáveis de processo As variáveis podem ser definidas como a representação de informações em forma de um valor ou uma curva de valores de uma grandeza física. Assim, se a grandeza for a corrente elétrica teremos um sinal elétrico, se for a pressão de um fluido temos os sinais pneumáticos ou hidráulicos e, se for a luminosidade, teremos um sinal óptico. As variáveis de processo podem ser classificadas quanto à forma, como as informações são representadas. Vejamos esta classificação: Sinal analógico Sinal analógico é aquele que representa de forma contínua uma determinada faixa de valores da grandeza física (Figura 3). Exemplo: pressão, temperatura, força etc.. Figura 3: Sinal analógico. Fonte: Acervo do autor. Sinal digital Sinal digital é aquele em que somente dois valores são representados. São designados genericamente de 0 e 1 (Figura 4). Exemplos: Embora as grandezas físicas não correspondam a este comportamento, podemos ter algumas situações como a presença ou não de um objeto em determinado local, ou um botão pressionado ou não, desligado ou ligado. 13 Figura 4: Sinal digital Fonte: Acervo do autor. 1.3 Processo contínuo O processo é contínuo quando a matéria-prima entra num lado do sistema e o produto final sai do outro lado continuamente. Nesta aplicação, o termo continuamente significa um período de tempo relativamente longo, medido em horas, em dias e até em meses, dependendo do processo. As paradas totais dos processos se realizam em intervalos de um ano ou mais. O processo contínuo pode levar até vários dias para entrar em regime estável e permanente de produção. Temos como exemplo a maioria das indústrias petroquímicas e siderúrgicas que possuem processos contínuos. 1.4 Processo discreto O termo estado discreto expressa que cada evento na sequência pode ser descrito pela especificação da condição de todas as unidades de operação do processo. Um conjunto particular de condições é descrito como um estado discreto de todo sistema. Tais descrições dessas condições são apresentadas com expressões, tais como: válvula A está aberta; válvula B está fechada; esteira C está ligada; chave limite S1 está ligada. Sistema de comando e de controle Em automação de processos industriais podem ocorrer duas formas básicas: sistema de comando e sistema de controle. Sistema de comando Consiste num conjunto de elementos interligados em malha aberta, isto é, as informações processadas nesses elementos apresentam-se num único sentido, da entrada para a saída e o seu diagrama de blocos pode ser visto na Figura 5, a seguir. 14 Figura 5: Diagrama de blocos de típico de um sistema de comando. Fonte: Acervo do autor. 1.5 Sistema de controle Consiste num sistema de malha fechada, isto é, além do fluxo de informação no sentido direto (da entrada para a saída), existe outro no sentido contrário (da saída para a entrada), chamada realimentação (Feedback), sendo seu diagrama de blocos visto na Figura6, a seguir: Figura 6: Diagrama de blocos de um sistema de controle realimentado. Fonte: Acervo do autor. Controlador lógico programável Mesmo antes do surgimento da eletrônica digital, os projetistas de comando elaboravam circuitos digitais como contatos programáveis. O programa era armazenado em plugs multipinos e as instruções codificadas por meio de ligações elétricas entre os pinos destes plugs. Esses programas eram muito limitados, e, sua principal função era a seleção das operações das máquinas e/ou processos. Desta forma, além de uma operacionalidade muito baixa, existiam outros problemas: alto consumo de energia; difícil manutenção; modificações de comandos dificultados e onerosos com muitas alterações na fiação ocasionando número de horas paradas; além das dificuldades em manter documentação atualizada dos esquemas de comando modificado. Com o aparecimento dos circuitos digitais e microprocessados, o controlador lógico programável tem revolucionado os comandos e controles industriais a partir da década de 1970. Este equipamento foi batizado nos Estados Unidos como PLC (Programable Logic Control), em português CLP (Controlador Lógico Programável) e este termo foi registrado pela Allen Bradley (fabricante de CLPs). 15 Controlador Lógico Programável (CLP) Equipamento que realiza o controle sob o comando de um programa aplicativo escrito em linguagem de relés e blocos. É composto basicamente de Unidade de Processamento, Memória, e dispositivos de entradas e saídas. Figura 7: Diagrama ilustrando de forma conceitualmente a aplicação de um PLC. Fonte: Acervo do autor. Os PLCs possuem muitas definições. Porém, podemos dizer que os controladores de lógica programáveis, também chamados de controladores programáveis ou PLCs, pertencem a família dos computadores de estado sólido e utilizam circuitos integrados em vez de dispositivos de eletromecânica para implementar suas funções de intertravamento e controle. Eles são capazes de armazenar e executar instruções lógicas, sequenciamento, temporização, contagem, processamento aritmético, manipulação de dados e comunicação, com o objetivo de controlar máquinas e processos industriais. Ou ainda, podemos dizer de forma simples que PLCs (ver Figura ) são computadores industriais com arquitetura especialmente projetada, composta por uma unidade central de processamento e seus circuitos de interface com dispositivos de campo (conexão das entradas e saída com o mundo real). O CLP possui uma arquitetura modular composta de fonte, CPU e módulos de entrada e saída, além de módulos para comunicação em rede. O controlador monitora o estado inicial e final dos dispositivos conectados aos terminais de entrada e, de acordo com o programa, controla os dispositivos conectados aos terminais de saída. Devido à evolução tecnológica, tanto de hardware quanto de software aliado a uma tendência crescente de apresentarem baixo custo, muita inteligência, facilidade de uso e massificação das aplicações, a utilização deste equipamento não será apenas nos Segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), PCL é um equipamento eletrônico digital com hardware e software compatíveis com aplicações industriais. De acordo com a NEMA (National Electrical Manufactures Association), É um dispositivo eletrônico digital que utiliza uma memória programável para armazenar internamente instruções e para implementar funções específicas, tais como lógica, sequenciamento, temporização, contagem e aritmética, controlando, por meio de módulos de entradas e saídas, vários tipos de máquinas ou processos. Saiba mais 16 processos, mas tambémnos produtos. Será fácil encontrá-lo em diversos produtos, tais como, eletrodomésticos, eletrônicos, residências e veículos. Funcionalidades Os Controladores Lógicos Programáveis (CLPs) são equipamentos eletrônicos de última geração, utilizados em sistemas de automação flexível. Permitem desenvolver e alterar facilmente a lógica para acionamento das saídas em função das entradas. Desta forma, pode-se utilizar de inúmeros pontos de entrada de sinal, para controlar diversos pontos de saída de sinal (cargas). As vantagens dos controladores lógicos programáveis em relação aos sistemas convencionais são: ocupam menos espaço; requerem menor potência elétrica; podem ser reutilizados; são programáveis, permitindo alterar os parâmetros de controle; possuem maior confiabilidade; de manutenção é mais fácil; oferece maior flexibilidade; permitem interface de comunicação com outros CLPs e computadores de controle; permitem maior rapidez na elaboração do projeto do sistema. Figura 8: Arquitetura básica de um CLP. Fonte: Acervo do autor. Basicamente, um controlador programável apresenta as seguintes características: 17 hardware e/ou dispositivo de controle de fácil e rápida programação ou reprogramação, com a mínima interrupção da produção; construção robusta e capacidade de operação em ambiente industrial; sinalizadores de estado e módulos tipo plug-in de fácil manutenção e substituição; hardware ocupando espaço reduzido e apresentando baixo consumo de energia; possibilidade de monitoração do estado e operação do processo ou sistema, através da comunicação com computadores; compatibilidade com diferentes tipos de sinais de entrada e saída; capacidade de alimentar, de forma contínua ou chaveada, cargas que consomem correntes de até 2 A; hardware de controle que permite a expansão dos diversos tipos de módulos, de acordo com a necessidade; custo de compra e instalação competitivo em relação aos sistemas de controle convencionais; projeto modular com possibilidade de expansão da capacidade de memória; conexão com outros CLPs através de rede de comunicação. Evolução histórica O controlador lógico programável nasceu na indústria automobilística americana no final dos anos 1960. O primeiro CLP foi projetado pela divisão Hydromic Division, da General Motors Corporation, em 1968, sob a liderança do engenheiro Richard Morley, cuja finalidade seria substituir os painéis de relés nos controles dos processos baseados em lógicas combinacional/sequêncial das linhas de montagem nas indústrias de manufatura, principalmente automobilística. Foram progressivamente adotados pelas indústrias de processos devido a grande dificuldade que havia para mudar a lógica de controle de painéis de comando ao se alterar a linha da montagem. Essas mudanças exigiam muito tempo e dinheiro. Vejamos o que foi feito para resolver esta dificuldade! Foi preparada uma especificação das necessidades existentes em muitas aplicações baseadas nos circuitos a relés, tanto da indústria automobilística como de toda a indústria de manufatura. Nascia, assim, um equipamento bastante versátil e de fácil utilização, que vem se aprimorando constantemente, diversificando cada vez mais os setores industriais e suas aplicações, o que justifica hoje um mercado mundial estimado em 4 bilhões de dólares anuais. Desde seu aparecimento até hoje, muita coisa evoluiu nos controladores lógicos. Esta evolução está ligada diretamente ao desenvolvimento tecnológico da informática, principalmente em termos de software e de hardware. Hardware Componentes físicos Software Programas de computador. Em nosso contexto, é igual ao programa de controle Os primeiros CLPs tinham pouca capacidade e suas aplicações se limitavam a máquinas e processos que requeriam operações repetitivas. A partir de 1970, com o advento das unidades de processamento ou processador, esses equipamentos começaram a ser programados. 18 Inovações no hardware e software adicionaram maior flexibilidade aos CLPs por meio do aumento da capacidade de memória, entradas/saídas remotas, controle analógico e de posicionamento, comunicação etc. A expansão de memória fez com que os controladores não ficassem mais restritos à lógica e sequenciamento, mas aquisição e manipulação de dados. Muitos avanços têm ocorrido na tecnologia dos CLPs e consequentemente versões cada vez mais aperfeiçoadas têm surgido no mercado, tanto em hardware como em software. Alguns desses avanços mais recentes no hardware dos CLPs estão listados, a seguir: • obtenção de tempos de scan cada vez menores, processamento mais rápido, com a utilização de novos microprocessadores; • surgimento de CLPs pequeno e de baixo custo que pode substituir vários relés eletromecânicos; • desenvolvimento de sistemas de I/O de alta densidade possibilita interfaces menores e de baixo custo; • desenvolvimento de interfaces de I/O Inteligentes, baseadas em microprocessadores que ampliam o processamento distribuído. Interfaces típicas incluem PID, rede, CANbus, fieldbus, comunicação serial, controle de posição, computador host e linguagens modulares como, por exemplo, a linguagem BASIC e Pascal; • desenvolvimento de interfaces especiais que permitem conectar alguns dispositivos (incluindo termopares, células de carga, e entradas de resposta rápida) diretamente ao controlador; • avanços das IHMs melhorando a interface do operador; • e documentação agora é parte integrante do sistema. Por outro lado, todo este avanço provocou um aumento no custo do hardware desses dispositivos e deu origem ao conceito de família de controladores. Estas famílias consistem em linhas de produto que vão desde controladores de pequeno porte (microcontroladores) com poucos pontos de I/O (cerca de 32 pontos), até CLPs de grande porte (cerca de 8000 pontos de I/O e vários kB de memória). Os membros da mesma família usam sistemas de I/O comuns, periféricos programáveis e podem conectar-se via rede de comunicação. Veja que o conceito de família é um importante redutor de custos para os projetistas de sistemas automatizados. Acompanhando os avanços de hardware, o software também evoluiu muito. Vejamos esta evolução nos CLPs: incorporação de ferramentas de programação orientada a objeto e a criação de várias linguagens de programação (padrão IEC 1131-3); incorporação de instruções poderosas aos CLPs de pequeno porte estendendo assim a área de aplicação deste controladores; utilização de linguagens de alto nível, como BASIC e C, em alguns módulos de famílias de controladores possibilitando maior flexibilidade de programação na comunicação com dispositivos periféricos e manipulação de dados; Neste contexto, as alterações em programas não implicavam mais em modificações nos circuitos e fiações, mas sim na mudança de dados contidos em elementos de armazenamento (memórias). Importante! 19 implementação de instruções avançadas na forma de blocos funcionais acrescentadas ao conjunto de instruções ladder com objetivo de aumentar a capacidade de processamento através de programação simples com comandos ladder; ampliação do sistema de diagnósticos que, além de verificar o mau funcionamento do controlador, executa também o diagnóstico (avaliação falhas e mau funcionamento) do processo; inserção de cálculo com flutuante-ponto. Isso tornou possível a execução de cálculos complexos em aplicações de controle que requerem calibração e balanceamento e computação estatística; simplificação e melhoria das instruções de manutenção e manipulação de dados necessárias em aplicações de controle avançado e aquisição de dados onde ocorre armazenamento, busca e recuperação de grandes volumes de dados. Lógica Ladder Linguagem de programação mais utilizada em PLCs para controlar processos industriais. Quantoà tecnologia envolvida na programação desses dispositivos, no início não havia nenhuma padronização sobre o funcionamento ou linguagens de programação entre os fabricantes, apesar da grande maioria utilizar as mesmas normas construtivas. Porém, pelo menos em relação ao software aplicativo, os controladores programáveis podem se tornar compatíveis entre si com a adoção da norma IEC 1131-3. Esta norma prevê a padronização da linguagem de programação e sua portabilidade. Recentemente, está sendo incorporada pelos controladores programáveis a tecnologia fieldbus (barramento de campo) como barramento de campo, que surge como uma proposta de padronização de sinais no nível de chão-de-fábrica. A proposta do barramento de campo é diminuir sensivelmente o número de condutores usados para interligar os sistemas de controle aos sensores e atuadores, além de distribuir a inteligência por todo processo. Atuador Dispositivo responsável por agir na variável manipulada do processo ao qual está se aplicando a automação. Podem ser magnéticos, hidráulicos, pneumáticos, elétricos, ou de acionamento misto. Sensor Dispositivo utilizado para converter uma grandeza física em outra grandeza física mensurável. São utilizados nas máquinas (equipamentos) para monitorar e indicar as condições do processo. Os atuais CLPs já podem ser considerados sistemas de controle maduros, que oferecem uma capacidade de processamento muito maior do que seu projeto original. Eles possuem capacidade comunicação com outros sistemas de controle fornecendo relatórios de produção, diagnóstico de falhas (controlador e processo) dentre outras facilidade. Estas características fizeram com que os CLPs contribuíssem de forma No início, o processamento era realizado utilizando-se de componentes discretos; no entanto, com a evolução da microinformática, sobreveio um grande salto tecnológico através da utilização de microprocessadores e microcontroladores de última geração, técnicas de processamento paralelo, inteligência artificial, redes de comunicação, fieldbus etc. Sintetizando... 20 significativa para atender às atuais necessidades de melhoria na qualidade e aumento de produtividade da empresas. Apesar da sofisticação dos CLPs, eles ainda detêm a simplicidade e a facilidade de operação proposta em seu projeto original. Vejamos no Quadro 1, a seguir, a evolução das aplicações dos CLPs: Quadro 1: Evolução das aplicações dos CLPs. Evolução das aplicações dos CLPs 1969 a 1971 Substituir a lógica via relés 1971 a 1976 Substituir contadores e temporizadores Operações aritméticas Impressão de documentação/relatórios Controle em malha fechada (PID) 1976 a 1981 Comunicação entre CLPs Controle de posicionamento 1981 a 1985 Redes com periféricos Unidades Remotas Redundância de CPUs 1985 a atual Interface Homem-Máquina (IHM) Sistemas de supervisão Fonte: Acervo do autor. 1.6 Áreas de aplicação dos controladores programáveis Aplicação em quase todos os setores industriais envolvendo: controle de processos; automação da manufatura; integração de sistemas de automatização; linhas de fabricação e montagem; automação predial; controle de subestações de energia. Funções: controle: PID industrial; sequenciamento: definição da sequência de operações em linhas de fabricação e montagem; intertravamento: uma ação y só pode ser executada se a ação x foi concluída; supervisão/monitoração: visualização do andamento do processo, intervenção do operador. 21 Aplicações usuais: máquinas-ferramenta: intertravamento e sequenciamento das operações; controle de posição dos eixos, torque, velocidade de avanço, aceleração e outras; controlador PID: controle de posição, rotação, velocidade, temperatura, pressão, vazão, força, potência e outras; sequenciamento/intertravamento: linhas de produção e montagem automatizadas. 1.7 Controlador lógico programável versus painel de relés CLPs ou painéis de relés? No início, provavelmente, esta foi a principal questão a ser respondida pelos engenheiros de sistemas, controle, projetistas etc. De um modo geral, podemos afirmar que o aumento da qualidade e produtividade aliada à redução de curtos não pode ser alcançado sem a utilização de equipamento eletrônico no controle de processos. Com o crescente desenvolvimento de novos produtos e aumento da competição entre os fabricantes, o custo do CLP tem caído de forma significativa, a ponto de que a comparação entre CLP e painel de relé, no ponto de vista de custo, não ser mais adequada. A aplicabilidade ou não dos CLPs deve, agora, ser avaliada observando outros fatores. Os requisitos listados a seguir, seguramente, levam à escolha do CLP em detrimento dos relés: necessidade de flexibilidade de mudanças na lógica de controle; necessidade de alta confiabilidade; espaço físico disponível pequeno; expansão de entradas e saídas; modificação rápida; lógicas similares em várias máquinas; comunicação com computadores em níveis superiores. Ainda que os sistemas eletromecânicos, em pequenas e até médias aplicações, possa apresentar um menor custo inicialmente, esta vantagem poderá desaparecer totalmente se considerarmos a relação custo/benefício proporcionada pelo CLP ao longo do tempo. A implementação da lógica utilizando relés dificulta a manutenção e diminui a flexibilidade com relação a mudanças no sistema. A lógica é realizada por fios e qualquer modificação nessa lógica exige uma conexão adequada dos fios, envolvendo operações com os contatos NA e NF dos relés. 1.8 Computador industrial versus controlador programável A arquitetura de um CLP é fundamentalmente a mesma que um computador de uso geral. Entretanto, existem algumas características importantes que diferem o CLP dos computadores. Podemos dizer que todos os CLPs são computadores por definição, mas nem todos os computadores são CLPs. 22 No Quadro 2, a seguir, temos uma comparação entre PCs industriais e CLPs nos quais podem ser vistos os pontos fortes e os pontos fracos dos computadores industriais. Quadro 2: Comparação do Microcomputador Industrial com CLPs. Pontos fortes do PC industrial Pontos fracos do PC industrial Interface Gráfica Confiabilidade do Sistema Operacional Tempo de Programação Confiabilidade do Microcomputador Não utilizar Hardware Proprietário Velocidade de Atualização de I/O (Rack) Arquitetura Aberta Eventuais Bugs de Software Várias Linguagens de Programação Facilidade de efetuar cálculos complexos Fonte: Acervo do autor. Os CLPs foram especificamente projetados para operar em ambientes industriais. Um CLP pode atuar em áreas com quantidades substanciais de ruídos elétricos, interferências eletromagnéticas, vibrações mecânicas, temperaturas elevadas e condições de umidade adversas. Uma especificação típica de CLP inclui temperaturas na faixa de 0 a 60 ºC e umidade relativa de 5 a 95 %. A segunda distinção dos CLP´s é que o hardware e o software foram projetados para serem operados por técnicos não especializados (nível exigido para a manutenção e operação de computadores). O software residente, desenvolvido pelo fabricante, e que determina o modo de funcionamento do controlador também caracteriza uma diferença fundamental. Este software realiza funções de acesso ao hardware, diagnósticos, comunicações e determina o funcionamento do controlador em um modo de operação dedicado (ciclo de varredura) e totalmente transparente ao usuário. 1.9 Perspectivas futuras No futuro, os CLPs dependerão não somente do desenvolvimento de novos produtos, mas também da capacidade de interconexão com outros sistemas de controle e gestão de fábrica. Não há nenhuma dúvida que os CLPs terão um papel significativo na concepção da fábrica do futuro. Atualmente, os CLPs já estão sendo integrados,através das redes de comunicação, a sistemas CIM, CNCs, robôs, sistemas CAD/CAM, computador pessoal, sistemas de gestão da informação dentre outros. A diferença está nos métodos de programação, operação, considerações ambientais e manutenção. Parada obrigatória Usualmente, a manutenção é feita pela simples troca de módulos e existem softwares que auxiliam na localização de defeitos. As interfaces de hardware para conexão dos dispositivos de campo estão prontas para uso e são facilmente intercambiáveis (estrutura modular). A programação é geralmente feita em uma linguagem parecida com os diagramas de relés. Importante! 23 Novos avanços tornarão as interfaces com o operador mais amigáveis, por exemplo, IHMs e GUIs com módulos de voz. Novas interfaces que permitam a comunicação com outros equipamentos, tanto hardware quanto software, e que suportem técnicas de inteligência artificial, tais como, sistemas de I/O com lógica fuzzy, têm sido desenvolvidas e novas instruções têm sido criadas com o objetivo de aumentar a inteligência dos sistemas de controle, por exemplo, instruções com capacidade de aprendizado e tomada de decisão utilizando base de conhecimento. Avanço na tecnologia de informação possibilitará melhores conexões entre os diversos tipos de equipamento através da padronização da comunicação por meio do uso redes. A utilização dos conceitos de sistemas flexíveis de manufatura (FMS) determinará a filosofia de controle do futuro. As estratégias de controle terão sua inteligência distribuída em vez de centralizada. Os super CLPs serão utilizados em aplicações que necessitem de cálculos complexos, comunicação em rede e supervisão de CLPs de pequeno porte e processos. Arquitetura dos CLPs O CLP é um equipamento de estado sólido que pode ser programado para executar tarefas que controlam dispositivos, máquinas e operações de processos, por meio da implementação de funções específicas como lógica de controle, sequenciamento, controle de tempo, operações aritméticas, controle estatístico, controle de malha, transmissão de dados. Transmissor Dispositivo que condiciona o sinal recebido de um transdutor, colocando numa forma satisfatória, para ser enviado a outro ponto com menor perda possível da informação. Os CLPs são projetados e construídos para operarem em ambientes severos, portanto devem resistir a altas temperaturas, ruídos elétricos, poluição atmosférica, ambientes únicos. Sua capacidade quanto ao número de entradas e saídas, memória, conjunto de instruções, velocidade de processamento, conectividade, flexibilidade, IHM, varia conforme o fabricante e modelo. A figura 9, a seguir, ilustra a arquitetura básica de um CLP genérico composto de CPU, memória, cartões de entrada e de saída, interface homem/máquina, fonte e canal de comunicação, controlando uma planta industrial genérica. Figura 9: Arquitetura básica de um controlador lógico programável. Fonte: Acervo do autor. 24 Processador É responsável pelo gerenciamento e funcionamento total do sistema, tais como: • controle dos barramentos de endereços, dados e controle; • processamento dos programas (firmware e aplicação do usuário); • varredura das entradas e saídas; • programação de memórias externas; • verifica a integridade de todo o sistema (diagnóstico): watch-dog, bateria, checksum; • troca de dados com as interfaces de comunicação: implementação de diversos tipos de protocolos; • modo de operação: em execução (run) e parado (stop); Em geral, as características mais comuns dos processadores são: microprocessadores ou microcontroladores de 8 ou 16 bits (INTEL 80xx, MOTOROLA 68xx, PIC 16xx); endereçamento de memória de até 1 MByte; velocidades de CLOCK, variando de 4 a 30 Mhz; manipulação de dados decimais, octais e hexadecimais. Protocolo Regras de procedimentos e formatos convencionais que, mediante sinais de controle, permitem o estabelecimento de uma conexão com transmissão de dados e a recuperação de erros entre equipamentos. Cartões de entradas Também chamados de módulos de entrada, são responsáveis pela interface entre os sensores localizados no campo e a lógica de controle do CLP. Estes módulos são constituídos de cartões eletrônicos, cada qual com capacidade para receber em certo número de variáveis. Há uma variedade muito grande de cartões para atender às mais variadas aplicações existentes nos ambientes industriais. Entretanto, os dispositivos que determinam forma do sinal a ser lida pelos cartões de entrada são do tipo: Elemento discreto Trabalha com dois níveis definidos. Recebem sinais dos sensores (tensões usuais de comando – 24VCC,110/220 VCA), que passam por um condicionamento elétrico e são convertidos para sinais digitais nível TTL, geralmente, e enviados para a CPU em termos de níveis lógicos 0 e 1 (ver Figuras 10 e 11). Figura 10: Cartão de entrada discreta. Fonte: Acervo do autor. 25 Figura 11: (a) Entradas digitais com fonte externa e (b) Sensor capacitivo, indutivo, óptico, indutivo magnético ou saída à transistor com alimentação de 8 a 30 VCC Fonte: Acervo do autor. Elemento analógico Trabalha dentro de uma faixa de valores. Recebem sinais dos sensores, usualmente 4 a 20 mA, passa por conversores A/D, são transformados em sinais digitais e enviados para a CPU norma de uma sequência de bits (8 bits, 16 bits, 32 bits dependendo do processador) (ver figura12 e 13). Figura 12: Entrada analógica em corrente. Fonte: Acervo do autor. 26 Figura 13: Cartão de entrada analógica. Fonte: Acervo do autor. Unidade de leitura de temperatura A maioria dos fabricantes de CLPs implementam, em seus dispositivos, módulos específicos para leitura de temperatura em que o transdutor utilizado é do tipo PT100 ou Termopar. A operação desta interface é similar à entrada analógica com exceção de que os sinais dos termopares são de pequena amplitude. Estes sinais de pequena amplitude são filtrados, amplificados e digitalizados por um conversor, e então enviados para o processador e disponibilizados para a utilização no programa de usuário. Tratamento de sinal de entrada Em função da diversidade de sinais que podem ser lidos pelo CLP, faz-se necessário o condicionamento desses sinais conforme suas características elétricas, isto é, um cartão de entrada discreta que recebe sinal alternado, difere-se do tratamento de um cartão digital que recebe sinal contínuo e assim nos demais tipos de sinais. Na Figura 14, a seguir, é mostrado um diagrama onde estão inseridos os principais componentes de um cartão de entrada discreta de tensão AC, onde: B.C. (Bornes de conexão): permite a interligação entre o sensor e o cartão, geralmente se utiliza sistema “plug-in”; C.C. (Conversor e Condicionador): converte em DC o sinal AC, e rebaixa o nível de tensão até atingir valores compatíveis com o restante do circuito; I.E. (Indicador de Estado): proporcionar indicação visual do estado funcional das entradas; I.El. (Isolação Elétrica): proporcionar isolação elétrica entre os sinais vindos e que serão entregues ao processador; I.M. (Interface/Multiplexação): informar ao processador o estado de cada variável de entrada. Figura 14: Tratamento do sinal de entrada discreta. Fonte: Acervo do autor. 27 Cartões de saída Também chamados de módulos de saída, têm como função fazer o interfaceamento entre o CLP e os elementos atuadores, os sinais digitais, provenientes da CPU, passam por um condicionamento elétrico e são convertidos para sinais elétricos, pneumáticos. (dependendo do tipo de cartão). Estes módulos são constituídos de cartões eletrônicos, com capacidade de enviar sinal para os atuadores, resultante do processamento da lógica de controle. Os cartões de saída irão atuar basicamentedois tipos: Atuadores discretos: Pode assumir dois estados definidos. Dependendo do tipo de elemento de comando (corrente das saídas), temos as seguintes saídas (ver Figura 15): Figura 15: Cartão de saída discreta. Fonte: Acervo do autor. saída a TRANSÍSTOR que possibilita comutações mais rápidas, mas sendo somente aplicada à cargas de tensão contínua; saída a TRIAC, possui maior vida útil que o tipo a contato seco, mas só pode acionar cargas de tensão alternada; saída a CONTATO SECO possibilita o acionamento de cargas alimentadas por tensão contínua e alternada. A seguir, podemos visualizar os diagramas de ligação para alguns tipos de cartão. Observe que a ligação dos cartões de saída é relativamente simples, depende apenas do tipo do cartão escolhido. Importante! 28 Figura 16: (a) Saídas digitais independentes e (b) Saídas digitais com ponto comum. Fonte: Acervo do autor. Atuadores analógicos: Trabalham dentro de uma faixa de valores. A saída analógica em corrente ou tensão é aplicada diretamente no dispositivo em questão, conforme pode ser visto na figura 17, a seguir. Figura 17: (a) Cartão de saída analógica e (b) Esquema de ligação com posicionadores e atuadores. Fonte: Acervo do autor. Tratamento de sinal de saída Existe uma diversidade de cartões de saída que se adaptam à grande variedade de atuadores existentes. Portanto, o sinal de saída produzido conforme a lógica de controle deve ser condicionado para atender o tipo acionamento do atuador. Na Figura 18, a seguir, é mostrado um diagrama onde estão inseridos os principais componentes de um cartão de saída discreta de corrente CC: I.M. (Interface/Multiplexação): interpreta os sinais vindos da UCP através do barramento de dados, para os pontos de saída, correspondente a cada cartão; M.S. (Memorizador de Sinal): armazena os sinais que já foram multiplexados pelo bloco anterior; I.E. (Isolação Elétrica): proporciona isolação elétrica entre os sinais vindos do processador e os dispositivos de campo; E.S. (Estágio de Saída): transforma os sinais lógicos de baixa potência em sinais capazes de operar os diversos tipos de dispositivos de campo; B.L. (Bornes de Ligação): permite a ligação entre o cartão e o elemento atuador, e utiliza também o sistema “plug-in”. 29 Figura 28: Estrutura de registro. Fonte: Acervo do autor. Memórias O sistema de memória é responsável por armazenar todas as instruções e os dados necessários para executá-las. É de vital importância no processamento de um CLP. Existem diferentes tipos de sistemas de memória e a escolha do tipo de memória depende do tipo de informação armazenada e da forma como a informação será processada pela CPU. De forma bem simples, a memória do CLP pode ser vista como uma matriz bidimensional de células unitárias de armazenamento, cada uma das quais armazena uma única informação na forma de “1” ou “0”. Um bit é, então, a menor unidade de estrutura de memória. Vamos compreendê-lo! O bit é considerado ON se a informação armazenada é 1 e OFF se a informação armazenada é zero. Portanto, um bit é suficiente para armazenar o estado de chaves, botoeiras, fim de cursos, motores e outros dispositivos externos que podem ser conectados ao CLP. Às vezes, é necessário que o CLP manuseie mais do que um bit. Por exemplo, é muito mais eficiente manipular um grupo de bits quando se deseja transferir dados para ou da memória. Um grupo de 8 bits manipulado simultaneamente é chamado de byte, e um grupo de 16 bits é chamado de word. A Figura 19 ilustra os conceitos abordados. Figura 19: Tratamento do sinal de saída discreta. Fonte: Acervo do autor. Bit Menor unidade de informação. Byte Unidade de informação composta por oito bits. Word Unidade de informação composta por 16 bits ou 2 Bytes. Organização da memória Basicamente, o sistema de memória é dividido em três partes: memória do sistema; tabela de dados e memória da aplicação. 30 Os dados armazenados na memória são chamados palavras de memória, que são formadas sempre com o mesmo número de bits. A capacidade de memória do CLP é definida em função do número de palavras de memória previstas para o sistema. Memória do sistema A memória do sistema tem como objetivo o armazenamento do firmware (sistema operacional) responsável por todo funcionamento do CLP. O firmware é um conjunto de programas armazenados permanentemente na memória do controlador com a finalidade de controlar e supervisionar as atividades do sistema, tais como: controle do ciclo de varredura; comunicação como os dispositivos periféricos; diagnósticos etc. Tabela de dados A tabela de dados é uma memória do tipo RAM e utilizada para armazenar qualquer dado associado com o controle do sistema, tais como: estados das entradas e saídas conectadas ao controlador programável; estados internos; valores preset de contadores e temporizadores. Preset Valor definido, setpoint. Exemplos de preset: tempo pré-definido no temporizador/contador. Ela também define o endereçamento dos diversos tipos de dados que o controlador pode acessar e manipular. A estrutura da memória que define a tabela de dados pode ser da seguinte forma: estados: informações do tipo ON/OFF representado por 1s e 0s; bobinas internas: que representam saídas que não estão disponíveis externamente no CLP, e, portanto, não podem acionar dispositivos conectados aos cartões de saída; números ou códigos: informações representadas por um grupo de bits (byte ou word). Vejamos, a seguir, a divisão da tabela de dados: Tabela Imagem das entradas – TIE (bit) A tabela imagem das entradas armazena o estado das entradas discretas do CLP. Isto significa que para cada entrada discreta existe um bit correspondente na tabela imagem das entradas. Se a entrada estiver energizada (ON), o bit correspondente na tabela imagem é 1. Se a entrada estiver desenergizada (OFF), o bit correspondente na tabela imagem será 0. Durante o início do ciclo de varredura, a tabela imagem das entradas é atualizada para refletir o estado corrente do dispositivo. Tabela Imagem das saídas – TIS (bit) A tabela imagem das saídas armazena o estado das saídas externas conectadas ao CP. Durante a execução do programa do usuário, quando o processador interpreta e executa a lógica programada, esta tabela imagem é atualizada. De forma similar, para cada ponto de saída externo ao CP deve existir um ponto correspondente nesta tabela imagem. 31 Bobinas internas (bit) Bobinas internas, também chamadas de bobinas lógicas ou saídas internas, têm o objetivo de fazer os intertravamentos e armazenamentos de estados lógicos internos no programa do usuário. Diferentemente das saídas externas, as bobinas internas não possuem um ponto físico correspondente no sistema de saídas do CLP. Registros (byte ou palavra) Os registros são posições de memórias destinadas a armazenar informações quantitativas. Podem ser utilizados para armazenar valores preset de contadores e temporizadores, bem como de qualquer dado numérico manipulado pelo CLP. Registro Informações representadas por um grupo de bits (word), ou Seja, são posições de memória destinadas a armazenar informações Quantitativas. Exemplos de registros: entradas e saídas analógicas, canais de leitura de temperatura, valores de setpoint de contadores e temporizadores, assim como qualquer outro dado numérico manipulado pelo CLP. Memória da aplicação A memória da aplicação é destinada ao armazenamento da lógica de controle definida pelo usuário, isto é, do programa de aplicação ou programa do usuário. A CPU efetuará a leitura das instruções contidas nesta área a fim de executar o programa do usuário, de acordo com os procedimentos predeterminados pelo sistema operacional. As memórias destinadas à aplicação podem ser do tipo: RAM; RAM/EPROMe RAM/EEPROM. Fonte de alimentação A fonte de alimentação tem normalmente as seguintes funções básicas: 1. converter a tensão da rede elétrica (110 ou 220 VCA) para a tensão de alimentação dos circuitos eletrônicos, (+ 5VCC para o microprocessador, memórias e circuitos auxiliares e +/- 12 VCC para a comunicação com o programador ou computador); 2. manter a carga da bateria, nos sistemas que utilizam relógio em tempo real e Memória do tipo RAM; 3. fornecer tensão para alimentação das entradas e saídas (12 ou 24 VCC). Bateria As baterias são usadas nos CLPs para manter o circuito do relógio em tempo real, reter parâmetros ou programas (em memórias do tipo RAM), mesmo em caso de corte de energia, guardar configurações de equipamentos etc. Normalmente são utilizadas baterias recarregáveis do tipo Ni-Ca ou Li. Neste caso, incorporam-se circuitos carregadores. Circuitos auxiliares São circuitos responsáveis para atuar em casos de falha do CLP. Alguns deles são: POWER ON RESET: quando se energiza um equipamento eletrônico digital, não é possível prever o estado lógico dos circuitos internos. Para que não ocorra um acionamento indevido de uma saída, circunstância que poderia causar acidente, existe um circuito encarregado de desligar as saídas no instante em que se energiza o equipamento. Assim que o microprocessador assume o controle do equipamento esse circuito é desabilitado; 32 POWER–DOWN: o caso inverso ocorre quando um equipamento é subitamente desenergizado. O conteúdo das memórias pode ser perdido. Existe um circuito responsável por monitorar a tensão de alimentação, e em caso do valor desta cair abaixo de um limite predeterminado, o circuito é acionado interrompendo o processamento para avisar o microprocessador e armazenar o conteúdo das memórias em tempo hábil; WATCH–DOG–TIMER: para garantir, no caso de falha do microprocessador, que o programa não entre em loop, o que seria um desastre, existe um circuito denominado “Cão de Guarda“, que deve ser acionado em intervalos de tempo predeterminados. Caso não seja acionado, ele assume o controle do circuito sinalizando falha geral do sistema. Princípio de funcionamento Podemos dividir o processamento da CPU da seguinte forma, conforme a execução do programa do usuário: Processamento cíclico É a forma mais comum de execução do programa nos CLPs e que caracteriza o seu funcionamento. O controlador trabalha executando uma sequência de tarefas definidas e controladas pelo programa monitor. Esta forma de processamento acontece em ciclo, chamado de Ciclo de Varredura ou Scan, que consiste em: Leitura das entradas externas: nesta fase, a CPU, com base nos estados dos dispositivos conectados aos cartões de entrada, utiliza as informações da Tabela Imagem das Entradas (TIE); Execução da lógica programada pelo usuário: aqui, a CPU consulta a TIE, executa a aplicação do usuário e de posse dos resultados do estado das saídas que estão relacionadas aos cartões de entrada, atualiza a área de memória identificada com Tabela Imagem das Saídas (TIS). Os resultados lógicos que possuem saídas internas serão armazenados na área correspondente. Devemos observar que durante esta fase não é feita nenhuma referência a pontos externos (I/O), a CPU opera com informações obtidas da memória; Atualização das saídas externas: na fase de atualização de saídas, a CPU executa uma varredura na tabela TIS e atualiza as saídas externas, endereçando o Sistema de I/O para atualizar o estado dos dispositivos externos de acordo com o resultado da lógica programada pelo usuário. A seguir, o ciclo é reiniciado e a operação continua enquanto se mantém o controlador no modo de execução (Run) conforme pode ser visto na Figura 20. 33 Figura 20: Processamento cíclico – ciclo de varredura. Fonte: Acervo do autor. Um dado importante da CPU é o seu tempo de ciclo, ou seja, o tempo gasto para a execução de uma varredura. O tempo de ciclo varia de controlador para controlador e depende de muitos fatores (tamanho da palavra, clock, instruções programadas, etc.). O fabricante especifica este tempo baseado na quantidade de instruções, normalmente instruções booleanas, e quantidade de I/O. Qualquer outra função programada aumenta este tempo de varredura, portanto, o tempo de ciclo está relacionado com o tamanho do programa do usuário (em média, 10 ms a cada 1.000 instruções). Devemos utilizar de funções especiais do CLP para interromper a varredura do programa e atualizar o estado de uma entrada ou de uma saída imediatamente. Este processo é realizado por software e também está limitado à execução do programa do usuário. Em aplicações de alta velocidade, tais como em sensores eletrônicos por pulsos, é aconselhável o uso de módulos específicos (contadores de alta velocidade). Este processo de varredura pode ser inadequado para entradas rápidas, isto é, entradas com frequência acima de 10 Hz. Neste caso, o que deve ser feito? Parada para reflexão 34 Figura 21: Ciclo de Operação de um CLP. Fonte: Acervo do autor. Processamento por interrupção Certas ocorrências no processo controlado não podem, algumas vezes, aguardar o ciclo completo de execução do programa. Neste caso, ao reconhecer uma ocorrência deste tipo, a UCP interrompe o ciclo normal de programa e executa outro programa chamado de rotina de interrupção. Esta interrupção pode ocorrer a qualquer instante da execução do ciclo de programa. Ao finalizar esta situação, o programa voltará a ser executado do ponto onde ocorreu a interrupção. Figura 22: Processamento por interrupção. Fonte: Acervo do autor. Uma interrupção pode ser necessária, por exemplo, numa situação de emergência em que procedimentos referentes a esta situação devem ser adotados. Processamento comandado por tempo Da mesma forma que determinadas execuções não podem ser dependentes do ciclo normal de programa, algumas devem ser executadas a certos intervalos de tempo, às vezes muito curtos, na ordem de 10 ms. 35 Este tipo de processamento também pode ser encarado como um tipo de interrupção, porém ocorre a intervalos regulares de tempo dentro do ciclo normal de programa. Processamento por evento Este é processado em eventos específicos, tais como no retorno de energia, falha na bateria e estouro do tempo de supervisão do ciclo da CPU. Neste último, como visto anteriormente, temos o Watch Dog Time (WD), que normalmente ocorre como procedimento ao se detectar uma condição de estouro de tempo de ciclo da CPU, parando o processamento numa condição de falha e indicando ao operador através de sinal visual e, às vezes, sonoro. Ao ser energizado, estando o CLP no estado de execução, este executa a rotina de inicialização do sistema, cujos passos são os seguintes: • teste de escrita/leitura da memória RAM; • limpeza das memórias imagens de entrada e saída; • teste de executabilidade do programa de usuário; • execução de rotinas de inicialização. Após a execução desta rotina, a CPU passa a fazer uma varredura (ciclo) constante, isto é, o processamento cíclico do programa do usuário, conforme é visto na Figura 23, a seguir: Figura 23: Fluxograma de funcionamento de um CLP. Fonte: Acervo do autor. Sintetizando... 36 Modos de operação de um CLP De uma forma geral, podemos visualizar o estado operacional do CLP por meio do frontal do controlador através de LEDs de sinalização. Estas funções normalmente são encontradas independentemente da arquitetura física do controlador, isto é, se em forma modular ou compacta. A Figura 24 ilustra um diagrama típico de um processador, mostrando as funções e conectores para conexão de dispositivos de programação, I/O e energização do CLP. O estado operacional docontrolador pode ser definido através de chaves no próprio frontal ou através do software de programação. Pode-se colocar o CLP em modo de execução (LED "RUN" aceso) por meio de um comando do programador, e uma vez neste estado o CLP executará o programa de usuário sob o comando do programa Executivo. Por outro lado, pode-se colocar o CLP no modo de programação (LED "PROG" aceso), o que habilita o controlador a receber o programa do usuário. Os outros LEDs de sinalização indicam a alimentação (PWR), comunicação ativa (COM) e bateria baixa (BAT). Figura 24: Sinalização dos estados operacionais do CLP (Frontal). Fonte: Acervo do autor. Comunicação serial É a mais comumente utilizada para a maioria dos periféricos e é feita utilizando-se simples cabos de par traçado. Os padrões mais utilizados são o RS 232C, loop de corrente 20mA, e o RS-422/RS-485 em alguns casos. RS-232C: Este padrão define basicamente as características dos sinais elétricos, bem como os detalhes mecânicos (pinagem) da interface. É empregada para velocidades de transmissão de até 20k bauds (bits/seg) e distância máxima de 15 metros. (Com a utilização dos modems esta distância pode ser ampliada). RS-422/RS-485: É uma versão melhorada do padrão RS-232C. Ela possibilita, principalmente, o emprego de velocidade de transmissão de até 100k bauds para distância de até 1200m, podendo alcançar velocidades da ordem de Mbauds para distâncias menores. LOOP DE CORRENTE 20mA: A interface de loop de corrente é idêntica a RS- 232C e, evidentemente como é baseada em níveis de corrente em vez de 37 tensão, possibilita o emprego em distâncias bem maiores. Muitos CLPs oferecem ambos os padrões, RS-232C e loop de corrente. Arquitetura da rede CLP para sistemas scada De acordo com a conexão dos módulos I/O, CLP, IHM e a estação de programação, a arquitetura de comunicação entre esses dispositivos pode ser classificada em: local; I/O remotos e rede industrial. Figura 25: Conexão local de dispositivos usando CLP modular ou compacto. Fonte: Acervo do autor. A seguir, será feita uma breve descrição das três formas básicas de comunicação entre o CLP, os dispositivos de I/O e o sistema de supervisão. Na Figura 26, temos módulos de I/O montados localmente em um CLP modular e a comunicação é do tipo ponto a ponto. A instalação de um sistema automático com o uso de I/O locais demanda um gasto considerável de cabeamento, borneiras, caixas de passagem, bandejas, projeto e mão de obra para a instalação. Os blocos I/O remotos (ver Figura 26 26) possibilitam uma redução substancial dos gastos de implementação, visto que os sinais não serão conduzidos para o rack do CLP e, sim, para pontos de I/O que ficarão localizados fisicamente no campo. Figura 26: Módulo de I/O remoto. Fonte: Acervo do autor. 38 Estes módulos de I/O, também conhecidos como remotas, são independentes e configuráveis. Interligados entre si através de um barramento de campo proprietário ou de padrão aberto. Nesta arquitetura (Figura 27 (a)), existe a necessidade de cartões de interface para conexão entre os rack´s remotos e o rack central. Um barramento, como o mostrado na Figura 27 (b), permite melhorar o controle de I/O através do uso de blocos de comunicação no programa da aplicação. Este barramento também pode ser usado integralmente para o controle de I/O conectados a vários dispositivos, sem a necessidade de comunicação adicional. Pode ainda ser dedicado à comunicação da CPU, com múltiplas CPUs e sem dispositivos de I/O. Sistemas mais complexos também podem ser desenvolvidos, com CPUs duplas e uma ou mais CPUs adicionais para a monitoração de dados. Figura 27: (a) Arquitetura local de CLP com I/O remotos ou distribuídos - (b) Arquitetura de rede de CLPs. Fonte: Acervo do autor. Módulos de I/O montados localmente. Normalmente, a comunicação dos CLPs com o sistema de supervisão é do tipo mestre-escravo ou polling. Classificação geral dos CLPs Podemos ressaltar que, com a popularização dos microcontroladores e a redução dos custos de desenvolvimento e produção, houve uma avalanche no mercado de tipos e modelos de CLPs os quais podemos dividir em: μCLPs São CLPs de pouca capacidade de I/O (máximo 16 Entradas e 16 Saídas), normalmente só digitais, composto de um só módulo (ou placa), baixo custo e reduzida capacidade de memória (máximo, 512 passos/512 Bytes). CLPs de Médio Porte São CLPs com uma capacidade de I/O de até 256 pontos, digitais e analógicas, podendo ser formado por um módulo básico, que pode ser expandido. Costumam permitir até 2048 (2 Kbyte) passos de memória, que poder interna ou externa, ou podem ser totalmente modulares. CLPs de Grande Porte Os CLPs de grande porte se caracterizam por uma construção modular, constituída por uma Fonte de alimentação, CPU principal, CPUs auxiliares, CPUs Dedicadas, módulos de I/O digitais e Analógicos, Módulos de I/O especializados, Módulos de Redes Locais ou Remotas, que são agrupados de acordo com a necessidade e complexidade da automação. Permitem a utilização de até 8192 (4 Kbyte) pontos de I/O. São montados em um bastidor (ou Rack) que permite um cabeamento estruturado. 39 Dispositivos de entrada: transdutores, sensores Transdutor é um dispositivo que recebe um sinal de entrada na forma de uma grandeza física e fornece um sinal de saída da mesma espécie ou diferente. Em geral, os transdutores transformam a informação da grandeza física, que corresponde ao sinal de entrada, em um sinal elétrico de saída. Por exemplo, um transdutor de pressão transforma a força exercida pela pressão numa tensão elétrica proporcional à pressão. O sensor é a parte sensitiva do transdutor a qual, na maioria das vezes, se completa com um circuito eletrônico para a geração do sinal elétrico que depende do nível de energia da grandeza física que afeta o sensor. Entretanto, os dispositivos de entrada, principalmente os transdutores, têm seu alcance limitado a algumas dezenas de metros. Isto ocorre devido ao fio que transporta o sinal do sensor ou transdutor possuir resistência e indutância não desprezível, podendo interferir na grandeza medida. Outro fato importante é que ruídos podem ser captados ao longo do percurso e afetar a precisão da informação obtida pelo dispositivo de sensoriamento. Nesses casos, é necessária a utilização de um dispositivo específico para transmitir o sinal medido a longas distâncias, esse dispositivo é chamado transmissor. Portanto, o transmissor é um equipamento que recebe o sinal de um transdutor ou sensor e modifica as características de um sinal de referência (4-20 mA, 0-5 V, etc..) proporcionalmente ao sinal do transdutor ou sensor. Na Figura 28, vemos uma ilustração desse dispositivo. Figura 283: Dispositivo transmissor de sinal. Fonte: Acervo do autor. Características Linearidade Parâmetro que indica que a relação entre o sinal gerado e a grandeza física é o grau de proporcional (linear). Os sensores não lineares são usados em faixas limitadas, em que os desvios são aceitáveis, ou com adaptadores especiais que corrigem o sinal. É comum em automação o uso do termo sensor e transdutor para se referir à mesma coisa, portanto, podemos dizer que sensor é um dispositivo que altera seu comportamento sob a ação de uma grandeza física, podendo fornecer diretamente ou indiretamente um sinal que indicará esta grandeza. Importante! 40 Faixa de atuação Intervalo de valores da grandeza em que pode ser usado o sensor sem ser danificado ou provocar imprecisão no sinal gerado. Transdutores mais usados na INDÚSTRIA Existe uma série de transdutores disponíveis no mercado; eles variam conforme a grandeza medida, precisão e região de operação. A classificação mais comum é a por tipo de grandeza medida. Assim, temos, principalmente, os transdutores de temperatura;
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