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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 2 2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA .............................................................. 3 3 ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR OU ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA? .................................................................................................................... 6 4 CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA ........................................................................................................................ 9 5 CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA ................................... 13 5.1 Gestão participativa ............................................................................ 16 6 A FUNÇÃO DO GESTOR NO CONTEXTO ESCOLAR ............................... 19 6.1 Gestão e Liderança ............................................................................ 22 7 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO AMBIENTE ESCOLAR ................................ 25 8 A EDUCAÇÃO FACE ÀS MUDANÇAS, AOS NOVOS MODELOS DE GESTÃO E À ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA ............................................................ 28 8.1 Gestão escolar em tempos inovadores .............................................. 32 8.2 Gestão da inovação e inovação educativa ......................................... 34 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 37 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA Silva (2016), enfatiza que a escola é uma organização social de natureza pública ou privada regulamentada pela política pública de educação. A determinação da política pública de educação brasileira está contida na sua Constituição Federal (1988), a qual define a educação como um direito de todos e estabelece as diretrizes para o seu financiamento e a sua gestão. A Constituição de 1988 nos artigos 6º; 205, 206 e 208 coloca a educação como um direito social e dever do Estado, sem, é claro, excluir a família desta responsabilidade. Assim entendida, a educação assume a mesma importância que o trabalho, a saúde, o lazer, a segurança e outros direitos de natureza vital à vida em sociedade e à preservação da saúde mental. E distribui as obrigações com a educação entre o Estado e a família, uma vez que cabe a ambos desenvolverem a educação, podendo contar com a parceria da sociedade (PACHECO; 2009, p.25 apud SILVA; 2016). A história da educação no Brasil se divide em três etapas: a) do descobrimento até 1930, b) dos anos de 1930 a 1964 e c) período pós-64, que vai até 1985. (GADOTTI, 2000). A primeira fase faz parte da fase de educação tradicional religiosa, com foco no adulto e para a autoridade do professor. De 1549 a 1759, a educação jesuíta prevaleceu. A família real portuguesa chegou ao Brasil em 1808, a prioridade naquela época era a formação das elites governantes e dos quadros militares. Em 1827, ainda priorizando a elite, foram fundadas duas faculdades de direito (Recife e São Paulo) para que os formados pudessem ocupar cargos importantes na administração pública, na política, jornalismo e advocacia (PEDROZA, S/D, p. 2). A segunda fase é caracterizada pelo confronto entre a educação pública e a privada, com o surgimento da escola nova, afetou o liberalismo na educação, o que contradiz a educação tradicional. As tentativas de melhorar o desenvolvimento educacional não são recentes. Após a revolução de 1930, houve grandes avanços para o ramo educacional, devido a criação do Ministério da Educação e a criação do capítulo da educação na constituição de 1934, outras medidas tomadas e alteradas: Constituição de 1937, de 1946, 1º projeto de lei de 1948, LDB 1961, Decreto-Lei nº 477 (1969), MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) em 1970, dentre outras (PEDROZA, S/D, p. 2). A última fase da história da educação, demarcada pelo período pós-64, inicia- se por uma extensa etapa de educação autoritária do período militar em que o 4 tecnicismo educacional prevalece. Em 1964, os militares assumem o poder e governam durante 21 anos, num regime autoritário com restrições políticas, censura aos meios de comunicação, prisões e torturas de adversários do regime (PEDROZA, S/D, p. 3). Bittar e Bittar (2012) enfatizam que, a política educacional da ditadura militar, instituída em 1964, por meio de um golpe de Estado, provocou mudanças estruturais na história da escola pública brasileira, a consolidação da sociedade urbano industrial durante o regime militar transformou a escola pública brasileira porque na lógica que presidia o regime era necessário um mínimo de escolaridade para que o País ingressasse na fase do “Brasil potência”, conforme veiculavam slogans da ditadura. Entretanto, ainda conforme os autores, a expansão quantitativa não veio aliada a uma escola cujo padrão intelectual fosse aceitável. Pelo contrário: a expansão se fez acompanhada pelo rebaixamento da qualidade de ensino, segundo a maioria dos estudiosos. Pedroza (S/D, p. 2) expende que, assim como a educação teve todo um processo histórico, com a administração escolar não foi diferente. Afinal, as instituições escolares dependiam dela para realizar o seu trabalho de acordo com o que a sociedade exigia em cada estágio de evolução. E os administradores e atualmente gestores educacionais, tiveram seus momentos de mudança no trabalho dentro das unidades escolares de forma que a atender às expectativas da sociedade. Sander (2007 apud Pedroza (S/D, p. 3) observa que em cada período histórico houve uma forma de administração escolar e subdivide-os da seguinte forma: O primeiro refere-se à administração no período colonial, a qual fora baseada no direito romano. O segundo, Era Republicana, se divide em quatro fases. São elas: fase organizacional, comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada uma correspondente a um modelo específico de gestão da educação definido de acordo com cada época. Cabia, portanto, aos educadores, se adaptarem aos períodos e gerirem as instituições escolares de forma que atendesse às necessidades do momento. Nas décadas de 70 e 80, o sistema escolar foi marcado pelo centralismo, autoritarismo e estruturas burocráticos padrões. A unidade escolar era organizada de “fora para dentro”. Conforme Mello (1993 apud Pedroza (S/D, p. 4) o poder de decisão da equipe escolar, nesta época, era praticamente inexistente sobre seus objetivos e até sobre a estrutura e organização pedagógica e de equipe escolar. 5 O processo de redemocratização do país se concretiza com a Constituição de 1988, cujo texto final é o resultado de uma mescla de emendas populares e emendas originadas de uma aliança de partidos de centro (Cunha, 1991, p.14), em especial na educação. O governo Sarney permanece até 1990. Segue-seo Governo Collor, primeiro presidente eleito por voto direto desde o início do regime militar (1964), valendo-se do apoio de forças conservadoras. Elegeu-se com base no discurso de moralização da política, de derrubada da inflação e de modernização econômica conforme o modelo neoliberal, mas, paradoxalmente, acabou sendo afastado em 1992 pelo Congresso Nacional por corrupção. Seu vice, Itamar Franco, assume a Presidência e governa até 1994. Nesse mesmo ano, é eleito Fernando Henrique Cardoso, depois reeleito, que cumpre dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002). Em janeiro de 2003, assume Luís Inácio Lula da Silva, que após quatro anos de governo disputa, em 2006, seu segundo mandato. A nova Constituição consolida, na educação, um conjunto de aspirações de vários agrupamentos políticos, alimentadas desde o início da década. Na educação, a nova Constituição introduz em seu art. 206 vários princípios “democráticos” do sistema de ensino, entre eles, o da gestão democrática da escola e dos sistemas. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; (...) IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; (...) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 reproduz o princípio a gestão democrática definido na Constituição, definindo-a em seu artigo 14: Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação da comunidade escolar local em conselhos escolares ou equivalentes. 6 3 ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR OU ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA? Fonte: www.sponte.com.br Conforme elucidam Souza e Tavares (2014), a gestão da educação no Brasil é produto de uma história que inclui as influências teórico-normativas feitas pelos manuais norte-americanos do início do século XX, a relativa incorporação das proposições feitas pelas teorias gerais da administração, os experimentalismos pedagógicos, a resistência política no período pós-ditadura militar (1964-1985), a luta pela democracia e a busca pela qualidade, seja esta entendida como adjetivo da própria gestão, seja entendida como resultado escolar estandardizado. Mas, talvez, a marca mais importante na gestão educacional em nosso país seja a constante procura por um modelo (técnico) de planejamento educacional, que garanta o maior controle sobre a gestão e os melhores resultados. “Administração" é um termo que se concentra no controle de processos, enquanto "gestão" é uma palavra que está mais intimamente ligada ao relacionamento com pessoas. Porém, recentemente o termo “administração” vem sendo substituído pelo termo “gestão”, no âmbito corporativo, e é justamente aí que se encontra essa sútil diferença entre os termos. Gestão é um processo muito mais ligado ao relacionamento e ao aspecto humano das empresas, este vem sendo utilizado como uma maneira de humanizar os aspectos gerenciais das organizações. Luck (2006) vê a gestão escolar como um conceito novo, que supera o enfoque limitado de administração, a partir do entendimento de que os problemas educacionais 7 são complexos e demandam uma visão global e abrangente, assim como uma ação articulada, dinâmica e participativa. A mobilização dinâmica promove o trabalho em equipe do elemento humano coletivamente organizado, enfocando, em especial, sua energia e competência como condições básicas e fundamentais da qualidade da educação e das ações realizadas no sistema e unidades de ensino. A gestão escolar emerge para superar, entro outros aspectos, a carência de: Orientação e de liderança clara e competente, exercida a partir de princípios educacionais democráticos e participativos; b) referencial teórico- metodológico avançado para a organização e orientação do trabalho em educação; c) uma perspectiva de superação efetiva das dificuldades cotidianas pela adoção de mecanismos e métodos estratégicos globalizadores. (LUCK, 2006, p. 23-24). De acordo com Chiavenato (2000), a administração é o gerenciamento de forma coerente das atividades de um estabelecimento com fins lucrativos ou não. Sem o ato de administrar as organizações não se manteriam. A concepção de administração é vista de uma forma centralizadora e autoritária a quem detém o poder, em um vínculo hierarquizado. Algumas das características de um administrador são a objetividade, imparcialidade e previsibilidade. Já segundo Luck (2006) a administração é classificada como sistemático, constante e imutável. As soluções são baseadas na objetividade condicionando uma visão realista e imparcial sem deixar que aspectos de fora interfiram. A função do administrador é conservar-se neutro e afastado dos sistemas de produção, como uma maneira de visualizar a situação de fora e desempenhar sua liderança e atingir bons rendimentos. Já a concepção de Gestão, ao contrário da administração, é dinâmica e está em constante mudança. [...] a gestão educacional tem natureza e características próprias, ou seja, tem escopo mais amplo do que a mera aplicação dos métodos, técnicas e princípios da administração empresarial, devido à sua especificidade e aos fins a serem alcançados. Ou seja, a escola, entendida como instituição social, tem sua lógica organizativa e suas finalidades demarcadas pelos fins político- pedagógicos que extrapolam o horizonte custo-benefício stricto sensu. Isto tem impacto direto no que se entende por planejamento e desenvolvimento da educação e da escola e, nessa perspectiva, implica aprofundamento sobre a natureza das instituições educativas e suas finalidades, bem como as prioridades institucionais, os processos de participação e decisão, em âmbito nacional, nos sistemas de ensino e nas escolas (DOURADO, 2007, p.924). O estudo de Marangon (2014), mostra que a Gestão no âmbito escolar se desdobra em três, que são elas: Gestão Educacional, Gestão Escolar e Gestão 8 Democrática. Para Marangon, Gestão Educacional representa um processo de inter- relação entre as diversas esferas governamentais, englobando o governo Federal, Estadual e Municipal, perante o regime de cooperação. É basicamente o campo onde são elaboradas e aplicadas as normatizações que regem a educação no Brasil. Luck (1998), explica que gestão educacional: [...] corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas, compromissados com os princípios e com métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias no âmbito de suas competências), de participação e compartilhamento (tomada de decisões e efetivação de resultados) autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações) e transparência (demonstração pública de resultados) (p.35-36 apud MARANGON, 2014). Gestão Escolar é estabelecida no âmbito da instituição de ensino, com autonomia para gerir seus recursos, mas sempre respeitando as normas que são estabelecidas pelas organizações educacionais. Cabe a cada escola através de seu projeto político pedagógico criar e aplicar a sua proposta pedagógica; gerir os recursos humanos, materiais e financeiros; encarregar-se do ensino-aprendizagem do educando; oportunizando um ensino de qualidade, com métodos de recuperação, e com o apoio e o incentivo de toda a comunidade escolar nas tomadas de decisão, estimulando o ensino e aprendizagem para todos os indivíduos (LIBÂNEO, 2004 apud MARANGON, 2014). Conduzir as instituições, incentivando a cooperaçãode todos de forma transparente e igualitária é o que se pode chamar de Gestão Democrática. Os fundamentos básicos que pautam essa gestão são: a descentralização, a participação e a transparência. A descentralização consiste nas ações que são criadas e implementadas de maneira não hierarquizada. A participação advém de todos os sujeitos abarcados no dia-a-dia escolar, e a transparência se dá no momento das deliberações, pois deve ser de conhecimento de todos. Conforme Luck (2006, p. 41 apud Maranhon, 2014) “a gestão democrática ocorre na medida em que as práticas escolares sejam orientadas por filosofia, valores, princípios e ideias consistentes presentes na mente e no coração das pessoas, determinando seu modo de ser e de fazer”. 9 4 CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA Fonte: www.criticalthinking.org Silva (2016), explica que “a escola é uma organização social de natureza pública ou privada regulamentada pela política pública de educação. A determinação da política pública de educação brasileira está contida na sua Constituição Federal (1988), a qual define a educação como um direito de todos e estabelece as diretrizes para o seu financiamento e a sua gestão. A Constituição de 1988 nos artigos 6º; 205, 206 e 208 coloca a educação como um direito social e dever do Estado, sem, é claro, excluir a família desta responsabilidade. Assim entendida, a educação assume a mesma importância que o trabalho, a saúde, o lazer, a segurança e outros direitos de natureza vital à vida em sociedade e à preservação da saúde mental. E distribui as obrigações com a educação entre o Estado e a família, uma vez que cabe a ambos desenvolverem a educação, podendo contar com a parceria da sociedade (PACHECO; 2009, p.25 apud Silva 2016). O termo gestão escolar foi criado para se diferenciar da expressão administração escolar e trazer para o contexto educacional elementos e conceitos fundamentais para aumentar a eficiência dos processos institucionais e melhorar o ensino. O termo gestão escolar não é apenas um termo didático, ele foi construído para desenvolver a ideia de uma escola aberta, democrática, participativa em que todos os atores possam desenhar a história dessa nova escola (SILVA, 2016). 10 Ferreira (2009) elucida que, para que as organizações funcionem e, assim, realizem seus objetivos, requer-se a tomada de decisões e a direção e controle dessas decisões. Esse processo denomina-se de gestão. A gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional na educação destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efetividade das ações educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos (FERREIRA, 2009). Almeida e Silva (2017), enfatizam a Lei de Diretrizes de Bases da Educação, onde na lei n º 9.394/96 (BRASIL, 1996), evidencia que à gestão escolar deve ser democrática e autônoma modificando práticas antigas visando um novo olhar na forma de gerir. Dessa forma, incube-se, aos sistemas de ensino, a função de organizar e adaptar a gestão pública escolar, conforme o contexto em que ela se insere. A escola é uma organização composta pela sociedade, que visa cultivar e disseminar os valores sociais por meio da experiência de aprendizagem e do ambiente educacional, e contribuir para a formação dos alunos. Libânio (2004) diz que os princípios e métodos da organização escolar tem origem de experiência administrativa em geral, porém “suas características são diferentes das empresas industriais, comerciais e de serviços. Os seus objetivos dirigem-se para educação e formação de pessoas e seu processo de trabalho tem natureza eminentemente interativa com forte presença das relações interpessoais” (LIBÂNEO,2004, p.435). Pinheiro e Santos (2015, p. 39) explicam que o ensino público no país, em particular o ensino fundamental apresenta-se precário na atualidade e a participação da população usuária na gestão da escola básica é essencial para a mudança nessa realidade. Onde é a população usuária que mantém o Estado com seus impostos e é precisamente a ela que a escola estatal deve servir, procurando agir de acordo com seus interesses. A gestão escolar é caracterizada pela importância da descentralização e participação, consciente e esclarecida, das pessoas nas decisões sobre questões substantivas inerentes ao campo de seu trabalho. Segundo Luck (1998 apud Pinheiro e Santos, 2015), a gestão está associada ao fortalecimento da ideia de democratização do processo pedagógico, entendida como participação de todos nas decisões e na sua efetivação. A gestão democrática indicada na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) n° 9394/96 é interpretada como uma construção social. Trata-se de 11 conceber a escola como uma organização social, inserida num contexto local, com identidade e cultura próprias, materializadas em seu Projeto Político Pedagógico construído pela sua coletividade. Silva e Silva (2016) afirma também que, a Gestão democrática não significa dizer que o gestor de uma escola deva ouvir todos e fazer tudo aquilo que pensam, dessa maneira o ambiente escolar se tornaria confuso e desorganizado. A abertura para a democracia não implica que a gestão deve ser permissiva demais, pelo contrário deve estabelecer uma ordem que possa de fato organizar esse espaço com a participação de todos os envolvidos com a educação. Para Barbosa (1999), a gestão da escola participativa é muito importante, e está ganhando cada vez mais espaço no ensino público, pois representa um grande avanço nos dias de hoje e mostra mais comprometimento e preparação aos gestores. De acordo com este autor: A gestão da escola passa a ser então o resultado do exercício de todos os componentes da comunidade escolar, sempre na busca do alcance das metas estabelecidas pelo projeto político-pedagógico construído coletivamente. A gestão democrática, assim entendida, exige uma mudança de mentalidade dos diferentes segmentos da comunidade escolar. A gestão democrática implica que a comunidade e os usuários da escola sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores de serviços educacionais (BARBOSA, 1999, p.219). A gestão democrática escolar surge como parte de um processo mais amplo de redemocratização da sociedade brasileira, garantida pela Constituição Federal no Art. 206 e contemplada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996). Ambas as leis apresentam alternativas para superar as modelos de gestão centralizadoras e antidemocrática que se perpetuou durante décadas na história da educação brasileira e se constitui como uma forma de extinguir práticas descentralizadas dando lugar às novas práticas participativas, tendo como foco o diálogo constante. Uma gestão nessa ótica poderá reverter às relações de poder entre as pessoas dentro da escola, bem como promover a construção de uma educação com mais qualidade e mais justa. Na perspectiva de Gadotti (2014) à gestão democrática deve: [...] estar impregnada por uma certa atmosfera que se respira na escola, na circulação das informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação dos recursos humanos, etc. A gestão democrática é, portanto, atitude e método. A atitude democrática é 12 necessária, mas não é suficiente. Precisamos de métodos democráticos de efetivo exercício da democracia. Ela também é um aprendizado, demanda tempo, atenção e trabalho (p.4). Almeida (2012), destaca que a gestão da escola é um dos temas mais importantes e pauta de muitas reinvindicações, desde o início de sua criação.Gestão democrática significa compartilhar com a comunidade escolar as decisões tomadas na escola; significa envolver pais, alunos, professores, funcionários e comunidade no trabalho da escola. O autor ainda esclarece que “a escola pertence a comunidade e, portanto, cabe a ela ajudar a traçar a decisão sobre o seu destino. Ela tem oportunidade de exercer este seu poder de várias formas, quando elege seu diretor, atua no Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmios Estudantis e outros espaços que a escola deve oferecer”. Partindo-se desse princípio, conclui-se que um gestor democrático precisa além de ser um bom líder, também deve ser um bom articulador. Um profissional capaz de relevar determinadas atitudes, ter conhecimento das leis que regem o país, e acima de tudo respeitar as diferentes opiniões que se dissipam no ambiente escolar. Ele é um o principal agente responsável pelo bem-estar de todos dentro do contexto escolar (ALMEIDA e SILVA, 2017). A reflexão de Barroso (1998, p. 25 apud Klébis, 2010) quando nos diz que a elaboração e execução de um projeto educativo exigem que a gestão escolar seja capaz de “conhecer o passado, avaliar o presente e construir o futuro”. Ainda conforme Klébis (2010), é na Constituição Federal de 1988 que a legislação educacional brasileira passa a incorporar o termo “gestão escolar” em lugar de “administração escolar”. A opção por um dos termos também é polêmica. Para Veiga (1995 apud KLÉBIS, 2010), a gestão numa perspectiva democrática exige uma compreensão aprofundada dos problemas que a prática pedagógica revela. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Entende a importância do educador resgatar o controle do processo sua ação pedagógica bem como dos resultados dela. 13 5 CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Fonte: gestaoescolar.org.br Fernandes (2016) explica que a nomenclatura da gestão democrática passou a ter amparo como princípio na organização do trabalho nas escolas públicas pelas legislações, na Constituição Federal de 1988 (CF/88) em seu Artigo 206 (BRASIL, 1988 apud apud FERNANDES, 2016). Adrião e Camargo (2007 apud FERNANDES, 2016) apontam sobre esse ineditismo do aparecimento da gestão democrática na Constituição Federal de 1988, na qual, os grupos particulares (classe burguesa) se mostraram contra este tipo de gestão e, os grupos particulares relacionados às redes públicas (classe proletária) foram totalmente a favor. A solução encontrada foi a de destinar a gestão democrática para o segundo grupo, deixando com o caráter opcional para o primeiro grupo. Oito anos depois, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394 (BRASIL, 1996) reafirmou a gestão democrática em seu artigo 3º. Recentemente, a Lei nº 13.005 (BRASIL, 2014) referente ao Plano Nacional de Educação (PNE) em seu artigo 2º confirma o princípio da gestão democrática como uma das diretrizes nos próximos 10 anos, percebe-se que essas três Leis federais 14 asseguram como princípio e diretriz da educação a gestão democrática na escola pública (FERNANDES, 2016). Soares (2017) defende que, se por um lado, a inclusão do princípio da gestão democrática na CF de 1988, inédito na história constitucional do Brasil, foi influenciada pelo clima que emanava do movimento pela democratização do país ocorrido nesse momento histórico; por outro lado, a partir da década de 80 do século passado, em função da crise do capital, da reestruturação produtiva e da ideologia neoliberal, iniciou-se uma série de reformas caracterizadas por reformas políticas e econômicas, que no âmbito da educação tenderam à privatização, descentralização, municipalização e redemocratização. Trindade (2018) destaca que não é possível então impor uma gestão democrática, visto que seria contraditório ao próprio princípio do que é democracia. As leis e diretrizes servem, portanto, para fundamentar, fortalecer e subsidiar as práticas. Conforme Fernandes (2016) a demanda pela democratização da escola pública exigiria a aplicação de recursos e uma reforma administrativa, garantindo a descentralização e a desburocratização da máquina estatal. A gestão democrática deve garantir o direito de participação, tendo transparência nas decisões e processos participativos de discussão, pressupondo os direitos de cidadania e que essa gestão pode contribuir para a melhoria da educação, mas não isoladamente. O fato de não ser isolada é que a gestão democrática é compreendida [...] como um processo político no qual as pessoas que atuam na/sobre as escolas identificam problemas, discutem, deliberam e planejam, encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola na busca da solução daqueles problemas. Esse processo, sustentado no diálogo, na alteridade e no reconhecimento às especificidades técnicas das diversas funções presentes na escola, tem como base a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito às normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da escola. (SOUZA, 2009, p. 125-126 apud FERNANDES, 2016). Soares (2017) compreende que a gestão democrática acontece com a participação e o trabalho coletivo da comunidade escolar (professores, pais, alunos, funcionários, coordenação pedagógica, gestores), sendo, dessa forma, necessário um ambiente que valorize e respeite a cooperação, a interação entre as pessoas e a participação no sentido amplo, ou seja no seu aspecto qualitativo. Acrescenta-se, 15 ainda, que, uma gestão democrática não deve se limitar a participação apenas no interior da escola, mas envolver a comunidade em geral para atuarem junto ao Estado, cobrando, acompanhando, dando opiniões no que se refere a construção de políticas educacionais que prezem tanto pela quantidade como pela qualidade, pois uma não deve existir sem a outra. Trindade (2018) explica que a gestão democrática pressupõe, também, a participação. Mas entende-se que há algumas dificuldades para que todos os envolvidos possam participar de todos os processos. Independentemente do número de integrantes, seja de uma escola grande, seja de uma escola pequena, é difícil, reunir todos para deliberar sobre todos os problemas. Mas cabe à escola gerenciar esta participação, onde todos possam se posicionar e contribuir, sem que alguns monopolizem as falas e/ou ações, pois “[...] a organização escolar democrática implica não só a participação na gestão, mas a gestão da participação. ” (LIBÂNEO, OLIVEIRA & TOSCHI, 2005, p. 335 apud TRINDADE, 2018). A gestão democrática é sinônimo de gestão participativa e pode ser definida como “[...] conjunto de ações que levam as pessoas, em uma organização, a sentirem- se responsáveis pelo resultado final da empresa [...]” (PRAZERES, 1996, p. 195 apud TRINDADE, 2018).), ou, como uma “[...] gestão descentralizada, em que muitas decisões são tomadas por grupos de pessoas [...]”, onde o objetivo é levar as pessoas a se responsabilizarem pelos resultados obtidos pela organização. (LACOMBE, 2004, p. 161 apud TRINDADE, 2018). O autor ainda explica que gestão democrática e participação são termos que se complementam. A participação na escola deve favorecer o processo de ensino e aprendizagem, e não o prejudicar. Esta participação não pode ficar/estar restrita a números e presença física, mas deve atentar-se para o nível de participação (PATEMAN,1992 apud TRINDADE, 2018). A participação da comunidade escolar e local na gestão da escola pode acontecer a partir de algumas estratégias e mecanismos, entre elas: Grêmio Estudantil, Associação de Pais e Mestres (APM), reunião de pais, conselho escolar e eleições para diretores. Paro (2006) ressalta que, participarnão se limita à execução de tarefas, mas tem relação com tomada de decisões (TRINDADE, 2018) 16 5.1 Gestão participativa Fonte: cidamontijo.com.br Silva (2016), elucida que o conceito de gestão participativa, no âmbito escolar, implica em união de esforços e comprometimento conjunto dos membros da comunidade escolar no planejamento, organização e tomada de decisão na instituição, visando, principalmente, à melhoria do processo pedagógico. Shagholi et al (2011 apud SILVA, 2016), definem gestão participativa como um processo no qual um grau significativo do poder de decisão é compartilhado por empregados e seus superiores hierárquicos. Como resultado, as decisões tomadas em conjunto são mais amplamente aceitas, comparando com a tomada de decisão individual de um modelo de gestão tradicional verticalizado. Tendo a gestão participativa como um conceito complexo, Shagholi et al (2010 apud SILVA, 2016), realizaram uma pesquisa em escolas iranianas analisando quinze elementos que, segundo os autores, compõem uma gestão participativa, sendo eles a confiança, a tomada de decisão, o trabalho em equipe, o poder compartilhado, a motivação, a comunicação, o envolvimento, a colaboração, a democracia, a transparência, a inovação, o respeito, a solução de problemas, a identificação de objetivo comum e o igualitarismo (SILVA, 2016). Pardo-Del-Val et al (2012 apud SILVA, 2016), dividi da mesma ideia sobre o conceito de gestão participativa, o autor explica que está se refere ao envolvimento dos empregados no processo decisório, processo este que se dá em etapas e onde a decisão é compartilhada não apenas por quem ocupa uma posição de poder. 17 Em uma gestão participativa, o nível de participação de cada envolvido afeta positivamente a performance e a satisfação individual. Entre seus benefícios estão a confiança dentro do grupo, diminuição da hostilidade despertada por ordens impostas, aumento da produtividade dos empregados, sentimento de pertencimento e a ampliação do conhecimento através do processo de tomada de decisão (SHAGHOLI et al, 2010 apud SILVA, 2016). Carvalho (2019) explica que a gestão participativa tem um papel importante para combater as diferentes situações relacionadas às questões educativas existentes no nosso meio, uma vez que o desenvolvimento participativo desse processo contribui para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e atuarem na realidade social em que vivem, proporcionando um convívio coletivo e colaborativo. Tendo em conta que a participação democrática não se dá espontaneamente, sendo antes um processo histórico em construção coletiva, coloca-se a necessidade de se prever mecanismos institucionais que não apenas viabilizem, mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública. (PARO 1997, p.46 apud CARVALHO, 2019) Carvalho (2019) ainda destaca que, a participação de todos no processo educacional se destaca no sentido de buscar uma melhor reflexão sobre os conceitos que necessariamente estão ligados à realidade de cada um, fazendo com que as mudanças aconteçam naturalmente, favorecendo a aprendizagem e refletindo satisfatoriamente na vida social de todos. Libâneo (2004, p.79 apud NETA, 2017), afirma que: A participação é o principal meio de se assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Além disso, proporciona um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica, das relações da escola com a comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores, alunos, pais (LIBÂNEO , 2004, p.79 apud NETA, 2017). Neta (2017) explica que é através da gestão participativa que os profissionais da educação podem se envolver com o planejamento e a tomada de decisões na prática diária, aumentando, desta forma, o foco na escola e no aluno e a probabilidade de sucesso de ambos. Esta prática, contudo, leva à necessidade de programas que envolvam a comunidade escolar e local, a partir de momentos que possibilitem o diálogo e a reflexão. 18 Guimarães (2010), compreende que a gestão participativa é a forma de exercício democrático da gestão e um direito de cidadania, mas implica, também, deveres e responsabilidades, portanto, é uma gestão de participação e eficaz, pois, se de um lado a gestão democrática é uma atividade coletiva implicando a participação e objetivos comuns, por outro depende também de capacidades e responsabilidades individuais e de uma ação coordenada e controlada (LIBÂNEO, 2008 apud GUIMARÃES, 2010). O autor ainda destaca que é propósito da gestão participativa, substituir o paradigma autoritário pelo democrático, dar oportunidade ao indivíduo de liberar seu potencial, mostrar seus talentos e sua criatividade, na solução de problemas cotidianos, nesse tipo de gestão, a participação de cada pessoa é fundamental, pois todos são responsáveis por esta construção. Uma gestão escolar democrática, a própria palavra nos diz, promove a redistribuição de responsabilidades, ideia de participação, trabalho em equipe, decidir sobre as ações que serão desenvolvidas analisa situações e promove confronto de ideias, procura-se, assim, o êxito de sua organização, através de uma atuação consciente (SCHNECKENBERG; PAULA, 2008, p. 50 apud GUIMARÃES, 2010). Neta (2017) explica que a consciência da gestão participativa não ocorre de forma natural entre todos os grupos da comunidade escolar; ao contrário, é necessário que seja instigada, estimulada, vivenciada e apreendida por todos. Dessa forma cada um poderá colaborar com o desenvolvimento da escola como um todo, pois se sentiram parte essencial e fundamental na escola. Essa forma de participação da comunidade reforça os interesses coletivos da ação pública e constitui-se em mecanismo político de superação da centralidade de poder instituído nas escolas. Ainda conforme a autora, a ideia que se defende é a da responsabilidade compartilhada, ou seja, a educação escolar é uma tarefa social que deve ser desenvolvida pela sociedade. A participação efetiva e ativa dos diferentes segmentos sociais na tomada de decisões conscientiza a todos de que são atores da história que se faz no dia-a-dia da escola (NETA, 2017) 19 6 A FUNÇÃO DO GESTOR NO CONTEXTO ESCOLAR Fonte: direcionalescolas.com.br A gestão democrática surge de inúmeras discussões ao longo da história da educação. “Os primeiros movimentos de participação na gestão da escola pública que se tem notícia foram dos estudantes secundaristas no antigo Distrito Federal, durante a gestão de Anísio Teixeira como secretário de educação, nos anos de 1931-1935” (BASTOS, 2002, p. 19 apud OGAWA e FILIPAK, 2013), contudo a gestão democrática passa a ter força de lei a partir da Constituição Federal de 1988. A popularização do uso do conceito gestão escolar na Educação teve início no período da redemocratização política nos anos 1980. De acordo com Freitas (2007, p. 502 apud ANDRADE e MACHADO, 2017), o conceito gestão escolar surgiu em contraposição ao “caráter conservador e autoritário” do conceito de administração escolar para ressaltar “seu compromisso com a transformação social e com a democratização do ensino e da escola”. OGAWA e FILIPAK (2013) elucidam que na escola, o gestor, é o responsável pela organização e administração das relações e do trabalho pedagógico. É quem deve articular os processos formativos da escola em consonância com a realidade social, sendo, portanto, necessário a este profissional não apenas o domínio técnico de procedimentos administrativos, mas também a capacidade de diálogo com seus 20 pares e uma clara percepção do contexto social e das inovações exigidas à escola, por estes novos contextos que se formam na gestão dos processos pedagógicos.Para Nóvoa (2002 apud REIS, RAYMUNDO e PACHECO, 2012), este gestor profissional competente, domina conteúdos, técnicas, capazes de traduzir seu compromisso ético e político, capaz de atuar como agente de transformação da realidade em que se insere, assumindo, assim, seu compromisso histórico. O gestor ao realizar as suas tarefas deve pautar-se nos objetivos coletivos, nas funções de socialização e promoção da cidadania, de instrução, de estimulação, de integração, de formação e de desenvolvimento humano, mesmo confrontando-se ainda com os dilemas que advêm de mandatos sociais, políticos, pedagógicos que apontam na contramão dos objetivos Na interpretação de José Carlos Libâneo (2005): O gestor escolar deve ser um líder pedagógico que apoia o estabelecimento das prioridades, avaliando, participando na elaboração de programas de ensino e de programas de desenvolvimento e capacitação de funcionários, incentivando a sua equipe a descobrir o que é necessário para dar um passo à frente, auxiliando os profissionais a melhor compreender a realidade educacional em que atuam, cooperando na solução de problemas pedagógicos, estimulando os docentes a debaterem em grupo, a refletirem sobre sua prática pedagógica e a experimentarem novas possibilidades, bem como enfatizando os resultados alcançados pelos alunos. O gestor deverá animar e articular a comunidade educativa na execução do projeto educacional, incrementando a gestão participativa da ação pedagógico- administrativa, conduzindo a gestão da escola em seus aspectos administrativos, econômicos, jurídicos e sociais. O gestor é o articulador/mediador entre escola e comunidade. Ele deve incentivar a participação, respeitando as pessoas e suas opiniões, no que chamamos de gestão democrática. Como dirigente, cabe-lhe ter uma visão de conjunto e uma atuação que apreenda a escola em seus aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais (LIBANEO, 2005, p. 332). Diferentemente da administração que supõe um administrador como centro de comando, a gestão escolar traz implícito a participação como processo de construção das ações e procedimento que envolve o fazer pedagógico no âmbito escolar. A gestão escolar em sua construção histórica, parte do coletivo como premissa para constituição da identidade da instituição escolar, envolvendo todos os segmentos na discussão e validação dos processos educativos (OGAWA e FILIPAK, 2013). O gestor, como importante animador e facilitador do processo de participação a ser desenvolvido pelo conselho escolar, precisa constantemente atualizar seus conhecimentos acerca das diferentes dimensões da gestão, como a pedagógica, a administrativa e a financeira (COSTA, LIMA e LEITE, 2015). 21 Ainda conforme Costa, Lima e Leite (2015): a formação contínua do gestor e a (re) construção de sua profissionalidade, mais do que uma necessidade, constitui-se como um direito, sem o qual as possibilidades de colaboração deste profissional para o desenvolvimento da escola se tornam limitadas o trabalho do gestor escolar é bastante complexo e demanda conhecimentos de naturezas distintas. Assim, a construção dos conhecimentos necessários ao exercício da gestão é um processo contínuo, que se materializa de forma contínua e em relação direta com os desafios que emergem do cotidiano institucional e da relação do gestor com as diferentes instâncias de gerenciamento da educação e com os sujeitos das práticas educativas (COSTA, LIMA e LEITE, 2015). Silva (2009) explica que, o gestor educacional é o principal responsável pela escola, por isso deve ter visão de conjunto, articular e integrar setores, vislumbrar resultados para a instituição educacional, que podem ser obtidos se embasados em um bom planejamento, alinhado com comportamento otimista e de autoconfiança, com propósito macro bem definido, além de uma comunicação realmente eficaz. Algo considerado de extrema importância para o gestor educacional é a necessidade de administrar suas próprias ações, respeitando as diferenças, pesquisando, analisando, dialogando, cedendo, ouvindo e acima de tudo aceitando opiniões divergentes. OGAWA e FILIPAK (2013) explicam que é fundamental ao gestor uma formação que o prepare adequadamente não somente para as dimensões pedagógicas e administrativas do dia a dia da escola, mas também, sobre um viés político, a partir de discussões que envolvem as políticas educacionais, o seu impacto no cotidiano escolar e que o possibilitem articular ações e debates no interior da escola, no sentido de encaminhar e refletir sobre estas políticas educacionais. Ação gestora pressupõe tomada de decisões, e estas precisam estar focadas na melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem dos seus alunos. O gestor deve ser uma liderança positiva, proativa na escola, como aponta Bologna (2005, p. 49 apud ANDRADE e MACHADO, 2017), “... um bom gestor deve ser um líder e agregar atitudes”. Ainda conforme Andrade e Machado (2017), cabe ao gestor da escola saber direcionar e definir as prioridades e mostrar ao grupo que o cerca as melhores soluções a serem tomadas, ensinando a todos que nem sempre o que parece melhor é o que realmente é necessário para a instituição no momento solicitado. Cabe a ele também saber lidar com a grande diversidade de pensamento dos que a ele recorrerão em momentos diferentes com problemas e apontamento de soluções diferentes, 22 tornando assim a decisão final uma ação democrática e que beneficiará a todos e/ou a grande maioria. 6.1 Gestão e Liderança Fonte: www.ibccoaching.com.br Monteiro (2006) elucidam que os conceitos de gestão e administração enfermam de alguma promiscuidade, encarada por muitos dos atores com alguma ligeireza, escudando-se na grande maioria das vezes, nos normativos emanados da administração central e sentindo-se completamente desresponsabilizados. Será oportuno lembrar a diferença entre chefia e liderança. Enquanto a primeira é retratada no cenário descrito anteriormente, a segunda não se limita ao cumprimento formal das atribuições funcionais de um determinado órgão hierárquico. O indivíduo que pretende ser líder de uma organização tem que ter inerentemente uma relação de legitimidade entre ele próprio, enquanto líder, e os liderados, ou seja, aqueles que aceitam ativamente os desígnios da liderança a que estão sujeitos. Ainda conforme Monteiro, a liderança é algo mais do que o mero cumprimento do conteúdo funcional de uma organização. Tem que ser alguém que consiga motivar os atores dessa organização para que a sua colaboração seja rendibilizada ao nível do cumprimento dos objetivos e, simultaneamente, se sintam realizados na construção de um edificado, isto é, duma cultura organizacional que, no caso específico da organização escola, levará ao fim último que é o sucesso educativo (MONTEIRO, 2006). Segundo Leonard-Barton (1998, p. 78): 23 [...] os gestores precisam ser capazes e estar dispostos a intervir em interações entre grupos opositores – não para suavizar as diferenças, mas para canalizar as energias na direção positiva. Gerentes multilíngues – que são capazes de operar em mais de um domínio de especialização em que utilizam mais de um estilo cognitivo – administram estas intervenções encorajando os participantes a focar em ambos: no processo e no conteúdo da discussão. Segundo Drucker (2000, p. 76 apud MATIAS, 2019), “a base para uma liderança eficaz na sociedade do conhecimento é compreender a missão da organização, defini-la e estabelecê-la de forma clara e visível”. Ao gestor, cabe desta forma ter clareza quanto aos caminhos que almeja construir junto aos membros da equipe criando condições para a participação de todos no trabalho de forma ampla e efetiva tanto na tomada de decisão quanto na organização do trabalho a ser executado. Matias (2019) esclarece que os líderes mais eficazes possuem um estilo de liderançapróprio, e mudam com a agilidade necessária sempre que possível, acompanhando tendências e novas perspectivas de mercado colocando em prática nas organizações os melhores métodos gerenciais. Ainda conforme o autor, o paradigma atual tem olhado para satisfação como um determinante do funcionamento e sucesso das organizações, havendo a preocupação dos líderes (gestores) em promoverem um clima organizacional que promova o envolvimento, a participação, o desempenho, a criatividade e produtividade dos colaboradores (Castro, et al., 2011 apud MATIAS, 2019). O bem-estar e satisfação dos trabalhadores é um pré-requisito para um Marketing externo bem-sucedido (Groonros, 1995 apud MATIAS, 2019). Motta (1996 apud FAGUNDES, 2007) sugere a utilização da palavra gestor para sinalizar a coexistência, tanto dos aspectos de liderança, quanto dos aspectos gerenciais. Diante disso, para melhor exemplificação, Fagundes (2007) propôs a seguinte figura: Fonte: FAGUNDES (2007, p. 46) 24 Ainda conforme Fagundes (2007), as competências de liderança aportam fatores fortemente relacionados com a atitude, e pouco se alteram, independente do segmento organizacional em questão, isto é, seja em uma organização hospitalar, metalúrgica ou educacional, a necessidade, por exemplo, de ter empatia, iniciativa e capacidade para gerenciar conflitos, são competências inquestionavelmente desejáveis para um gestor. Já as competências gerenciais são identificadas ou “desdobradas” a partir da definição das competências organizacionais (BITENCOURT et al, 2005 apud FAGUNDES, 2007), isto é, estão atreladas a conhecimentos e habilidades demandados pela estrutura organizacional, seus processos, diretrizes e metas a serem atingidas através da ação gerencial, nos distintos lugares de poder outorgado, definidos na organização. Cabral e Alves (2018) explicam que nas organizações escolares, a liderança assume uma dimensão ainda mais relevante, dadas as características específicas do trabalho escolar e do contexto em que este se desenvolve. De entre estas características destacam-se “o carácter eminentemente moral da atividade (dada a compulsão da frequência escolar, a imaturidade das crianças e adolescentes e a inerente dependência face aos professores, a obrigação de assegurar a todos boas condições de aprendizagem) ”, a “natureza individual da docência” e as “exigências contraditórias, imprevisíveis e ambíguas dos contextos” (Alves, 1999, p. 25 apud CABRAL e ALVES, 2018). Neste cenário, a liderança, entendida enquanto “capacidade de fazer com que os outros alterem voluntariamente os seus modos de trabalhar tendo em vista a construção e o desenvolvimento de projetos comuns” (id. ibid., p. 25), é uma variável central para a implementação bem-sucedida de processos de inovação pedagógica nas organizações escolares. Parece, então, haver uma série de características dos líderes que são capazes de criar empatia nos liderados e, por conseguinte, tornar possível a adesão voluntária a uma causa comum, cujo objetivo último terá sempre que passar pela melhoria das aprendizagens dos alunos (Cabral e Alves, 2018). 25 7 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO AMBIENTE ESCOLAR Fonte: www.somospar.com.br Nos dias atuais, observamos a crescente demanda de interação do ser humano com as mídias, principalmente a partir de transformações tecnológicas que cada vez mais agregam dispositivos e novos canais de interatividade. É possível observar que os meios de comunicação há muito adentraram as salas de aula, sendo tomados não só como instrumentos didáticos, mas também como objeto de reflexão. Deixaram de ser foco exclusivo de estudo das áreas de comunicação, sociologia e psicologia e passaram a ser, também, de interesse da área de educação. Esta, ao convergir com os estudos de comunicação, inaugurou um campo novo nas pesquisas acadêmicas, a Educomunicação (PIROLA, 2015). A mídia é um veículo da tecnologia para transmissão de conteúdos, possui carácter cultural de entretenimento, disseminação de informações e, comercial. É através das mídias que ocorre a ampliação de informação que chegam a todos, contribuindo assim na formação de opinião através da abordagem e do meio utilizado (XAVIER, 2019). 26 Costa (2018) abrange sobre Educomunicação explicando que, a prática educomunicativa passa por um caminho definido por processos democráticos, a gestão compartilhada da comunicação. Por isso é que o entendimento da categoria gestão midiática no universo escolar, na perspectiva da educomunicação, preocupa- se com a cidadania e a manutenção de sua integridade. A autora ainda ressalta que a ideia de “letramento midiático” é imprescindível para a escolarização do século XXI, considerando quatro aspectos: a representação, a língua, a produção e a audiência. Alton Grizzle (2016, p. 18 apud COSTA, 2018) explica que “a Unesco usa o termo ‘informação e alfabetização midiática’, que é muito similar ao que estamos chamando de educomunicação no Brasil”. E ainda esclarece: Existem muitos conceitos sendo usados. É importante que vocês, formadores de políticas públicas, saibam disso. Podem ver todos os diferentes nomes: alfabetização de bibliotecas, educomunicação, informação e alfabetização computacional digital alfabetização midiática, alfabetização de imprensa, também fala de alfabetização social. A Unesco está propondo um conceito guarda-chuva, que seria Alfabetização Midiática e Informacional e que incluiria o conceito de educomunicação como subconceito. Nós acreditamos que essa abordagem é futurista, porque ela harmoniza o campo todo e faz com que o campo seja mais claro, também dá melhor visão aos pensadores de políticas públicas para que eles possam entender do que estamos falando. (GRIZZLE, 2016, p. 20 apud COSTA, 2018). Existem várias concepções de mídia-educação, Presser (2007) explica que os pesquisadores que se dedicam ao tema do estudo de mídia na escola utilizam diversos termos e expressões para se referir a essa atividade, como “mídia- educação”, “alfabetização midiática”, “alfabetização para a mídia”, “educação para os meios” e “educomunicação”, entre muitos outros. O autor ainda ressalta que. A educomunicação, portanto, implica uma mudança no modo de planejar a educação: troca, em vez de transmissão de conhecimentos. Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, pesquisadora da PUC-SP, comenta: [...] a tecnologia precisa estar presente na sala de aula e alerta que o currículo escolar não pode continuar dissociado das novas possibilidades tecnológicas. Pois em um mundo cada vez mais globalizado, utiliza as novas tecnologias de forma integrada ao projeto pedagógico é uma maneira de se aproximar da geração que está na escola. Também é necessário que a tecnologia seja integrada no currículo. Pois o currículo da sala de aula não é apenas o prescrito. Ele se desenvolve do que emerge das experiências de alunos e professores, do diálogo, entre eles. Nesse sentido, o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), pode auxiliar muito, quando desenvolve-se um currículo mediatizado, é feito o registro dos processos e com essa base é possível identificar qual foi o avanço do aluno. (ALMEIDA, 2010,p. 48-51) 27 Rodrigues (2018) esclarece que, para que a Educomunicação se efetive como projeto educacional é preciso haver interesse pela formação das novas gerações de professores. Devem ser preparados para a utilização de TICs e aplicação de práticas comunicacionais na sala de aula. São necessárias, também, mudanças estruturais na política educacional do país, investimento nesta área, valorização dos professores, incentivo às universidades e aprimoramento quanto ao ensino, pesquisa e extensão relativos à Educação, Comunicação e Educomunicação. O autor ainda explica que na prática, a Educomunicação envolve ações educativas e comunicativas no ambiente escolar, contudo não se limita a isto,envolve a comunidade como um processo mais amplo e fomentador da cidadania. A educomunicação [...] pretende prever o exercício de comunicação como prática cidadã. Para tanto, na linha do diálogo entre os campos em estudo, o novo conceito parte, em primeiro lugar, do pressuposto de que a comunicação – antes de ser um objeto a ser estudado – é um dos elementos constitutivos do próprio processo educacional, uma espécie de eixo transversal de toda prática educativa. (SOARES, 2011, p.86 apud RODRIGUES, 2018). Ao se tratar de Educomunicação, ela “[...] se caracteriza por criar e desenvolver ‘ecossistemas comunicativos’ [...] em espaços educativos” Soares (2011, p.43 apud RODRIGUES, 2018). Podemos pensar em ecossistemas comunicacionais criados nos espaços escolares e/ou educativos, presenciais ou virtuais, no qual a informação e a comunicação mediada por Tecnologias de Informação e Comunicação passam a auxiliar no processo dialógico do ensino-aprendizagem (SOARES, 2000 apud RODRIGUES, 2018). Como forma de explicar a abrangência da Educomunicação, Rodrigues (2018) explica que o papel da Educomunicação não é restrito à esfera escolar, ela se apresenta como proposta de integrar a escola com a comunidade, com as famílias, e com agentes participantes externos à ambiência escolar, compondo o ecossistema educomunicacional. 28 8 A EDUCAÇÃO FACE ÀS MUDANÇAS, AOS NOVOS MODELOS DE GESTÃO E À ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA Fonte: horario.com.br Pensar sobre a melhoria da educação escolar implica colocar no centro das preocupações das políticas educacionais elementos mais conceituais, capazes de operar mudanças tanto nos resultados da escolarização (a afetiva aprendizagem pelos alunos) como na constituição de uma cultura geral de valorização, não apenas da profissão do professor, mas também da própria atividade da escola como um todo (NUNES e OLIVEIRA, 2017). Oliveira e Courela (2013), destacam que no campo da inovação em educação é habitual considerar três termos – inovação, mudança e reforma – que, embora surjam interligados, definem realidades diversas. Importa, então, perceber o significado desses conceitos e situá-los do ponto de vista das suas origens e contextos. Referindo-se ao estudo da gestão na eficácia escolar – entendida como o grau em que a escola é capaz de alcançar resultados positivos e constantes, durante um certo tempo, em toda a comunidade educativa – e ao papel da gestão na inovação e na mudança, Glatter (1992 apud OLIVEIRA e COURELA, 2013) afirma que os termos mudança, inovação e improvement “são muito ambíguos, uma vez que não têm 29 apenas conotações técnicas, mas também políticas, e que a maior parte das tentativas de mudança e de inovação estão associadas a determinados valores” (p. 144). O termo school improvement, considerado para o autor como sucessor de inovação, implicaria uma planificação deliberada que não está tão presente na mudança. Glatter (1992 apud OLIVEIRA e COURELA, 2013) alerta que a mudança, quando ocorre, não é necessariamente para melhor, dependendo da apreciação que cada um faz. Analisa o conceito atribuindo-lhe diferentes graus, onde inclui a inovação enquanto “mudança planificada” e envolvendo um processo que visa melhorar a escola. O processo envolve três fases: i) iniciação, que corresponde à introdução de novas ideias e práticas e à procura do aval institucional; ii) implementação, ou seja, a operacionalização dessas alterações e iii) institucionalização ou estabilização, em que as alterações são constituídas em normas e rotinas, de modo a tornarem-se parte integrante do trabalho escolar. De acordo com Canário (1996 apud OLIVEIRA e COURELA, 2013), a mudança surge associada à designada “crise da escola” (p.59, entre aspas no original) nos finais dos anos 60 e início dos anos 70, na literatura da OCDE e da UNESCO. Esta situação estaria relacionada com o notável crescimento quantitativo do sistema escolar, sem que fosse acompanhado de correspondentes mudanças qualitativas. Face a essa crise, as propostas de mudança basearam-se, predominantemente, em reformas educativas que consistiam em impor às escolas um conjunto uniforme de soluções. A inadequação das sucessivas vagas de reformas, nos anos 80 e 90, entendidas como uma solução para a crise dos sistemas escolares (como estratégia mudança). As reformas educativas afetam a estrutura do sistema educativo no seu todo e ocorrem por razões de ordem política, económica e social (Sebarroja, 2001 apud OLIVEIRA e COURELA, 2013). Ainda conforme os autores Oliveira e Courela (2013) neste sentido, a reforma não é sinônimo de mudança, inovação e melhoria; a inovação surge associada à renovação pedagógica e a mudança e melhoria; a mudança pode não implicar melhoria, mas esta implica mudança. Tendo em conta os condicionamentos dos contextos socioculturais, das conjunturas económicas e políticas e o grau de envolvimento dos vários agentes educativos, o autor define inovação como sendo: “uma série de intervenções, decisões e processos, com algum grau de intencionalidade e sistematização, que tentam modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas pedagógicas e, por sua vez, introduzir, seguindo uma linha inovadora, novos projetos e programas, 30 materiais curriculares, estratégias de ensino e aprendizagem, modelos didáticos e uma outra forma de organizar e gerir o currículo, a escola e a dinâmica da aula.” (p. 16 apud OLIVEIRA e COURELA, 2013). Esteve (2009 apud NUNES e OLIVEIRA, 2017) apresenta dez indicadores básicos para resumir as principais mudanças da educação nos últimos anos: a) Novas responsabilidades para o professor (o professor tem de ser facilitador/ problematizador da aprendizagem, organizador do trabalho, além de ter de atender ao ensino, cuidar do equilíbrio psicológico e afetivo de seus alunos, da integração social etc.), embora não tenha ocorrido mudança na formação para essas novas responsabilidades; ou, quando ocorreu, não acompanhou o mesmo ritmo ou intensidade. b) Com a redução das responsabilidades de outros agentes sociais, como a família, sobre suas funções educativas, tal tarefa tem sido atribuída quase exclusivamente ao professor. No entanto, paulatinamente, há de se abandonar essas responsabilidades fora da escola. c) Compreensão pelo professor da internet e dos meios de comunicação como fontes de informação alternativas, as quais ele precisa incorporar à sua dinâmica de trabalho. Não se pode esquecer de que muitos estudantes acompanham os avanços das tecnologias da comunicação e da informação com muito mais propriedade do que o fazem alguns professores. d) A diversificação dos valores a serem ensinados/aprendidos na escola exige que o professor atue tendo em vista os diferentes modelos educativos na sociedade plural (da socialização convergente à socialização divergente). Se antes a escola absorvia as classes alta e média, atualmente, com as políticas públicas de universalização do acesso à escola, esta tem ampliado sua abrangência para as camadas populares, fazendo com que a sala de aula passe a ser entendida como um espaço plural. Essa situação exige do professor mudanças no entendimento, na prática e na gestão pedagógica de suas aulas, de modo a desenvolver uma educação que atenda à diversidade de aspectos culturais presentes numa mesma sala. O professor precisa incorporar em suas aulas uma postura sensível a questões de natureza linguística e cultural muito diversas, posto que os alunos provêm de contextos sociais com educação familiar em que os valores são igualmente distintos. e) A diversificação da sociedade com diferentes modelos ou diferentes culturas obriga o professor a se preparar na busca de equilíbrio ante os modelos 31 educativos contracorrentes, observando não apenas a diversidade cultural, mas também atendendo às determinações provenientesdas novas legislações que surgem em resposta às demandas da própria pluriculturalidade. f) A mudança na rentabilidade social da educação, em que professores, alunos e pais devem entender que a escola pode proporcionar a formação e o desenvolvimento do cidadão na sociedade contemporânea, mas não constitui o status social que oferecia no passado. g) O juízo social do professor e a crítica generalizada ao sistema de ensino. No passado, os pais e a sociedade, em geral, apoiavam os professores em relação às dificuldades do processo educativo, atualmente defendem os alunos/filhos. Nas palavras de Esteve (2009, p. 25), “si todo va bien, los padres piensan que sus hijos son buenos estudiantes, pero si van mal, piensan que los profesores son malos docentes”. h) A consideração social do professor em sua sociedade materialista como uma questão ideológica. No mesmo ritmo em que ocorre uma desconsideração salarial do professor, há também a desvalorização profissional docente. A posição ocupada pelo professor na sociedade atual termina por absorver as representações que são estabelecidas sobre este ramo profissional tanto por outros sujeitos sociais como pelo próprio professor. O resultado disso, entre outras coisas, pode reverberar na construção de uma identidade profissional docente. i) A necessidade de revisar os conteúdos curriculares em face do avanço das ciências e da variação das demandas sociais, de modo a garantir que, ao mesmo tempo em que a escola priorize em seus conteúdos o crescimento econômico do país, tenha lugar também o desenvolvimento social dos cidadãos. Ao se entender que o conteúdo é um dos elementos centrais na composição de uma aula, espera-se que o professor esteja atualizado, teórica e metodologicamente, sobre as inovações científicas por que passa o conteúdo em sua própria área e nas interfaces com as diferentes áreas do conhecimento científico. j) Autoridade e disciplina na relação educativa. Se no passado o professor era considerado o detentor de todo o poder dentro da sala de aula em detrimento dos estudantes, atualmente essa situação se inverteu, chegando a causar, em alguns contextos escolares, muitos conflitos entre professor e alunos, com agressões verbais e físicas (ESTEVE, 2009). 32 8.1 Gestão escolar em tempos inovadores De acordo com Teixeira (1999 apud COELHO, 2011), até o século XVIII, a escola destinava-se a “manter e a desenvolver a cultura intelectual e artística [...], para tanto preparando um pequeno grupo de especialistas do saber e das profissões de base científica e técnica” (TEIXEIRA, 1999, p. 311). Aquela escola não objetivava a formação do cidadão do trabalhador, nem muito menos a formação do seu caráter, mas sim a formação intelectual e profissional (profissões sacerdotais, liberais e o magistério superior), enfim, buscava distinguir a cultura geral da cultura intelectual, especializada. A educação tem o seu papel compreendido via uma perspectiva macro da formação do ser humano; é por meio dela que forma-se o senso crítico, o desafio de pensar e fomentar direitos. Toda essa atividade deve estar ligada a motivação do homem em sua busca de auto realização, renovando nele, a possibilidade de ser cada vez mais pleno e realizado. (CHIAVENATO, 2010 apud COELHO, 2011). Santos (2008 apud COELHO, 2011), destaca a necessidade da inovação no novo século: [...] o século que se inicia vai exigir uma nova escola, organizada e gerida em bases totalmente diferentes, com mais dinamismo e criatividade para ser capaz de interpretar as solicitações de cada momento e criar condições mais propícias para um trabalho escolar mais eficaz. (SANTOS, 2008, p. 35) Dessa forma, é preciso que a escola entenda que está participando de um novo ambiente, global, interdependente, tecnológico e veloz e para tanto, precisa se preparar, tornar-se competente para implementar o que o novo contexto exige. Cabe ao educador/gestor cumprir o desafio de introduzir estas inovações na vida da escola, com o devido cuidado em preservar sua missão, seus valores, seu caráter. Uma escola atual não precisa abrir mão de sua identidade, de sua vocação institucional (COELHO, 2011). Percebe-se então que, no atual contexto brasileiro, a inovação tem boas condições de plena atuação, no entanto, o egoísmo e o apego ao que é habitual, familiar e seguro, são paradigmas que forçam a estagnação, conforme Garcia (2001 apud COELHO, 2011). Por isso, os agentes inovadores estão sob constante renovação, a fim de promover estrategicamente os benefícios da inovação social e educacional. 33 Amorim (2015), defende que toda inovação educacional deve promover nos alunos marcas legítimas e significativas que gerem a formação de atitudes positivas e que contribuam para a formação de um ambiente pedagógico duradouro, consolidando a criação de uma cultura escolar aberta, movida pelo interesse científico, pela experimentação curricular, que contribua para o surgimento de projetos variados e eficazes para serem institucionalizados no espaço educativo e social. Amorim ainda destaca que da mesma forma, esse espaço inovador deve favorecer a construção e a consolidação de novas teorias, de métodos e técnicas de ensino que deem um sentido contemporâneo às instituições educacionais, ao processo formativo, para estimular a investigação dentro e fora da sala de aula, tornando o ambiente de aprendizagem cada vez mais dinâmico e comprometido com um modelo de educação, que tenha equidade e promova o espaço democrático da escola, de maneira igualitário e possibilite a criação de novos saberes educacionais, sociais e culturais(ARROYO, 2010 apud AMORIM 2015). A inovação pode ser trabalhada no sentido de responder a um questionamento, ao estudo de uma problemática, para buscar a solução de uma ou de várias questões oriundas do cotidiano escolar, do sistema educacional ou da formulação de uma política pública, que tenha alcance geral no conjunto da educação. Da mesma forma, a inovação educacional quando ocorre, ela é caracterizada por diferentes elementos da vida educacional e forma um conjunto sistematizado, capaz de ser acompanhado e avaliado para verificar o alcance social, educacional e cultural das realizações efetivadas (AMORIM 2015). Inovar é modificar de maneira definitiva todo o processo de evolução do sistema educacional e da escola; significa ainda a concretização da ruptura do sistema ou da escola com o velho, com as práticas escolares isoladas, fragmentadas e que não despertam alunos e professores para o verdadeiro sentido pedagógico e filosófico da educação. Na escola atual, o processo de inovação do seu ambiente e de suas práticas educativas deve caminhar no sentido de fazer com que o aluno aprenda ser, aprenda a sentir, aprenda a atuar, aprenda a viver, aprenda a conviver, aprenda a saber, aprenda a saber fazer, aprenda a pensar, aprenda a aprender, aprenda a empreender, sendo papel da gestão escolar atuar para garantir as condições institucionais que irão efetivar este processo inovador. 34 8.2 Gestão da inovação e inovação educativa Coelho (2011), faz citação em seu artigo de Carbonell (2002, p.23 apud COELHO, 2011) onde este último retrata três movimentos na concepção educativa: o primeiro suponha “fazer o mesmo, porém mais”; o segundo, “fazer o mesmo, porém melhor”, e o terceiro, “reestruturar e redesenhar o sistema educativo”. Estamos lentamente (e tardiamente) saindo de um paradigma quantitativo relativo às mudanças, para um modelo mais significativo e que realmente altere as bases necessárias para a promoção da inovação. Um rápido estudo da educação no século XX e não será difícil encontrar movimentos inovadores com o objetivo de superar as dificuldades da educação existente. De maneira especial,os países latino-americanos, assim como os que emergiram em meados do século XX, a fim de concluir o processo de descolonização, investiram no campo da educação, conscientes de que esse era o caminho para diminuir a desvantagem em relação às demais nações (COELHO, 2011). De qualquer forma, Carbonell (2002 apud COELHO, 2011) incita que não é olhando para trás mesmo que seja em direção à escola, que se encontrará uma provisão do futuro ou mesmo os apontamentos necessários para a superação da crise; o passado é importante para apresentar as origens e percebê-las em operação, no entanto, não deve direcionar o atual pensamento, pois o que está em jogo é a mudança. Coelho (2011) ressalta que é evidente que algo mudou na escola, no entanto, pouco se for falar de conteúdos e de práticas escolares; Carbonell (2002, p. 16) ao analisar escolas de diferentes países, justifica essa afirmativa explicando que as “mudanças, em geral, foram mais epidérmicas que reais”, detectando-se claramente sintomas de modernidade; no entanto, isso não indica que foram desencadeadas mudanças. O uso da tecnologia, na sua função de transmissão ou exposição do conhecimento é um exemplo – nesse caso, a única coisa que muda é a metodologia. A tecnologia se trata apenas de um habilitador. Pensin e Nikolai (2013), elucidam que no campo da educação, o conceito de inovação foi historicamente associado às orientações tecnicistas de ensino e aprendizagem, cujos pressupostos estão alicerçados às mudanças “[...] que objetivam o aperfeiçoamento de uma estrutura tal qual ela é.” (LUCARELLI, 2007 apud PENSIN e NIKOLAI, 2013). Estas mudanças perspectivam a inclusão de novos procedimentos, 35 com aspecto modernizante, mas que não representam, necessariamente, superação de processos pedagógicos tradicionais. Foi assim que sedimentamos, ao longo dos tempos, a concepção de inovação que traz em suas bases a concepção tecnicista de educação. É assim que seguimos, reproduzindo e fortalecendo uma concepção de inovação que consegue, quando muito, atender a demandas de mercado e reproduzir, nos processos de formação acadêmica, uma lógica utilitarista e excessivamente pragmática, uma concepção que encontra suas raízes na sociedade moderna que nasceu com a Revolução Industrial. Ainda conforme Pensin e Nikolai (2013) a inovação das práticas pedagógicas que nos serve de orientação está fundada em uma perspectiva crítica e caracterizada, em consonância às indicações de Lucarelli (2007 apud PENSIN e NIKOLAI, 2013), pela ruptura com o estilo didático habitual e pelo protagonismo na gestão e desenvolvimento da prática pedagógica por parte, principalmente, dos professores. Nas palavras de Zanchet e Cunha (2007 apud PENSIN e NIKOLAI, 2013), toma-se o conceito de inovação “da perspectiva da ruptura paradigmática”. Vê-se, portanto, que não se está falando da inovação na perspectiva da lógica produtiva, do mercado, tampouco se assume a inovação na perspectiva do ajuste, do aperfeiçoamento de uma estrutura que se mantenha em essencial tal e qual já é. Fala-se de ruptura paradigmática, ou seja, do rompimento com um paradigma existente que sustenta as ações (nesse caso, formativas, pedagógicas, de docência). Em relação ao protagonismo do professor frente à inovação nas práticas pedagógicas, Cunha (2005 apud PENSIN e NIKOLAI, 2013) reconhece o complexo e intrincado conjunto de relações entre os múltiplos fatores que tornam possíveis, ou não, as inovações nas universidades. Não obstante, indica o professor “[...] como elemento fundamental que pode favorecer a mudança, pela sua condição de dar direção à prática pedagógica que desenvolve, mesmo reconhecendo nesta os condicionantes históricos, sociais e culturais. ” (CUNHA, 2005, p. 33 apud PENSIN e NIKOLAI, 2013). Pois bem, despertar a atenção sobre o professor traz, quase que inevitavelmente, a necessidade de se apontar para práticas pedagógicas de professores que, então, estejam envolvidos com perspectivas inovadoras de docência. Não há, claro, consensos e unanimidades em relação às práticas dos bons professores. Também é provável que o que se considere positivo em relação ao professor, na ótica da sociedade, seja diferente daquilo que o professor considere a 36 respeito de si próprio; a comparação entre estes últimos e o que os alunos apontam como positivo e inovador em seus professores (PENSIN e NIKOLAI, 2013). Silva (2018) explica que as ações realizadas para a ocorrência da inovação devem ser geridas para que seja possível ampliar a gama dos bons resultados. Para isto, existem ambientes propícios que auxiliam o desenvolvimento das inovações e construção do conhecimento, como por exemplo os ambientes universitários, que são ambientes de inovação. Andrade (2005 apud SILVA, 2018), considera que estes ambientes são receptores integrais de apoio às mudanças culturais e desenvolvimento de criatividade, pontos estes essenciais para o desenvolvimento do processo de inovação. Ainda conforme Silva (2018), quando inseridos no ambiente da educação básica, os indivíduos pertencentes aos /s universitários podem influenciar positivamente, instigando professores e alunos a desbravarem outros níveis do conhecimento. De acordo com Coutinho, Folmer e Puntel (2014 apud SILVA, 2018), a relação entre escola e universidade é importantíssima, pois embora ambas instituições abordam a temática “educação”, possuem diferentes visões de mundo, devido ao fato dos professores da educação básica necessitarem de capacitações relacionadas ao contato com os aparatos tecnológicos, e através de atividades de nivelamento promovidos pelo ambiente universitário conseguem levar tais recursos para sala de aula. Partindo da compreensão de que o ambiente universitário pode se unir à educação básica para realizar melhorias e inovações, de maneira significativa, surgem os laboratórios de experimentação remota, como importantes agentes de inovação, que se caracterizam pela busca, contemplação e desenvolvimento de novos conhecimentos (SILVA, 2018). Silva (2017 apud SILVA, 2018), relata que a este tipo de inovação proporciona possibilidades surpreendentes, trazendo benefícios para instituições acadêmicas, indústrias, governo, além de significativos benefícios pessoais, profissionais e econômicos. 37 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Cristina Maria Matté de. Desafios da gestão escolar. Orientador: Prof.ª Ana Paula da Rosa Cristino. 2012. 55 f. Monografia (Especialista em Gestão Educacional) - Universidade Federal de Santa Maria(UFSM, RS), Sapucaia do Sul/RS, 2012. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/12149/TCCE_GE_EaD_ALMEIDA_CRI STINA.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 8 abr. 2021. ALMEIDA, Maria Bianconcine de. In: FERNANDES, Elisângela. A tecnologia precisa estar presente na sala de aula. Revista Nova Escola, São Paulo, ano XXV, nº233, p. 48-51, junho/julho, 2010. BITTAR, M.; BITTAR, M. <b>História da Educação no Brasil: a escola pública no processo de democratização da sociedade</b> - doi: 10.4025/actascieduc.v34i2.17497. Acta Scientiarum. Education, v. 34, n. 2, p. 157- 168, 16 ago. 2012. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96. 1996. CABRAL, Ilídia; ALVES, José Matias. Inovação pedagógica e mudança educativa da teoria à (s) prática (s). Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa - Porto, 2018. Disponível em: https://afc.dge.mec.pt/sites/default/files/2020- 02/FEP_UCP_2018_Inovacao_Pedagogica_e_Mudanca%20Educativa.pdf. CARVALHO, Gilmara Jackeline Rezende. Desafios da Escola para a Gestão Democrática Participativa: Responsabilidades e contribuições do coletivo na produção do ambiente, 2019, 105p. Orientadora: Jacqueline Magalhães Alves. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação) - Universidade Federal de Lavras, 2019.
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