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53 CONTABILIDADE AVANÇADA 5 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS: PRIMEIRA PARTE 5.1 Aspectos societários e contábeis 5.1.1 Aspectos societários A combinação de negócios é uma operação por meio da qual o adquirente obtém o controle de um ou mais negócios, independentemente da forma jurídica da operação. Lembrete A combinação de negócios surge com as transações de empresas. Uma combinação de negócios é a união de entidades ou atividades empresariais em uma única entidade, do ponto de vista da apresentação das demonstrações financeiras. A entidade deve determinar se uma operação é uma combinação de negócios por meio da exigência de que os ativos adquiridos e os passivos assumidos constituam um negócio. Se os ativos adquiridos não constituírem um negócio, a entidade deverá contabilizar a operação como aquisição de ativos. Observação As combinações de negócios compreendem as operações de fusão, incorporação e cisão. Saiba mais Consulte a seguinte lei: BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Brasília, 1976. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em: 20 jun. 2013. Essa lei, com suas atualizações, trata dos procedimentos referentes à combinação de negócios. Leia do artigo 220 ao 226 e do 230 ao 234. Unidade II 54 Unidade II Incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser realizadas na forma prevista para a alteração dos seus estatutos ou contratos sociais. Nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo. Os acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas receberão, diretamente da companhia emissora, as ações que lhes couberem. Se a incorporação, fusão ou cisão envolver companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão também abertas. Nesse caso, será necessário obter o respectivo registro e promover a admissão de negociação das novas ações no mercado secundário. Lembrete Na incorporação, fusão ou cisão é necessário um protocolo firmado pelos órgãos de administração ou pelos sócios das sociedades interessadas. Desse protocolo devem constar: • número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição aos direitos de sócios que se extinguirão; • os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no caso de cisão; • os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a avaliação e o tratamento das variações patrimoniais posteriores; • o valor do capital das sociedades a serem criadas, ou de aumento ou redução do capital das sociedades que fizerem parte da operação; • o projeto de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverá ser aprovado para efetivar a operação; • todas as demais condições a que estiver sujeita a operação. Por alterarem a relação entre a entidade e seus investidores, essas operações devem ser submetidas à assembleia‑geral das companhias interessadas, na qual serão expostos: • os motivos ou fins da operação e o interesse da companhia na sua realização; • as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a modificação dos seus direitos; 55 CONTABILIDADE AVANÇADA • a composição, após a operação, das espécies e classes das ações, do capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se deverão extinguir; • o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes. Além disso, é dado aos investidores o direito de retirada, mas o pagamento do reembolso somente será devido se a operação vier a efetivar‑se. A incorporação, fusão ou cisão de companhia emissora de debêntures dependerá da aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia. Os credores prejudicados têm até sessenta dias, depois de publicados os atos relativos à incorporação ou à fusão, para pleitear judicialmente a anulação da operação. A Instrução CVM nº 319, de 3 de dezembro de 1999, com as alterações introduzidas pelas Instruções CVM nº 320/99 e 349/01, aborda o âmbito e a finalidade das operações de incorporação, fusão e cisão, como vemos a seguir: Art. 1º. São regulados pelas disposições da presente Instrução, relativamente às operações de incorporação, fusão e cisão envolvendo companhia aberta: I – a divulgação de informações; II – o aproveitamento econômico e o tratamento contábil do ágio e do deságio; III – a relação de substituição das ações dos acionistas não controladores, nas operações de incorporação; IV – a obrigatoriedade de auditoria independente das demonstrações financeiras; V – o conteúdo do relatório da administração; VI – hipóteses de exercício abusivo do poder de controle; e VII – o fluxo de dividendos dos acionistas não controladores. §1º. O disposto nesta Instrução aplica‑se, independentemente da respectiva forma societária, às sociedades comerciais que façam parte das operações de que trata o caput deste artigo. §2º. Para os efeitos desta Instrução, equiparam‑se às companhias abertas as sociedades beneficiárias de recursos oriundos de incentivos fiscais registradas na CVM, e as demais sociedades cujas ações 56 Unidade II sejam admitidas à negociação nas entidades do mercado de balcão organizado, nos termos da Instrução CVM nº 243, de 1º de março de 1996 (CVM, 1999). 5.1.2 Aspectos contábeis Com a convergência das normas contábeis brasileiras para as normas internacionais, a legislação sobre as Demonstrações Contábeis Consolidadas passou a ser baseada nas instruções do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, por meio do Pronunciamento Técnico CPC nº 15, referente à Combinação de Negócios, para manter a Correlação com as Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS 3. Esse CPC foi aprovado pela Coordenadoria Técnica do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), de acordo com as disposições da Resolução CFC nº. 1.055/05 e alterações posteriores. Foi elaborado a partir do IFRS 3 – Business Combination (IASB), e sua aplicação, no julgamento do Comitê, produz reflexos contábeis que estão em conformidade com o documento editado pelo IASB. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), por meio de sua Deliberação CVM nº 580, de 31 de julho de 2009, aprova o Pronunciamento Técnico CPC 15, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que trata da combinação de negócios. Essa deliberação teve os seguintes efeitos: I – aprovar e tornar obrigatório, para as companhias abertas, o Pronunciamento Técnico CPC 15, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, anexo à presente Deliberação, que trata de combinação de negócios; II – que esta Deliberação entra em vigor na data da sua publicação no Diário Oficial da União, aplicando‑se aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010 e às demonstrações financeiras de 2009 a serem divulgadas em conjunto com as demonstrações de 2010 para fins de comparação (CVM, 2009). O CFC (Conselho Federal de Contabilidade), que é membro do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), considerando que este tem por objetivo estudar, preparar e emitir Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de contabilidade, aprovou, por meio da Resolução CFC nº 1.175/09, a NBC TG 15 – Combinação de Negócios. A compreensão dos procedimentos exigidos pelo referido pronunciamento depende do entendimento dos conceitos subjacentes, os quais se encontram no Apêndice A do CPC 15. 57 CONTABILIDADE AVANÇADA Saiba mais Acesse e leia o Apêndice A da seguinte Resolução: CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Resolução nº 1.350, de 16 de junho de 2011. Dá nova redação à NBC TG 15 – combinação de negócios. Brasília, 2011. Disponível em: http://www.crcsp.org.br/portal_ novo/legislacao_contabil/resolucoes/Res1350.htm. Acesso em: 20 jun. 2013. Com o conhecimento dos termos utilizados nessa norma, vamos estudar os tópicos principais do CPC 15. De acordo com a Deliberação CVM nº 665/2011: A entidade deve determinar se uma operaçãoé uma combinação de negócios aplicando a definição utilizada nesta Norma, a qual exige que os ativos adquiridos e os passivos assumidos constituam um negócio; caso contrário, a entidade deverá contabilizar a operação ou o evento como aquisição de ativos (CVM, 2011). A combinação de negócios é uma operação na qual o adquirente, conceito já visto, obtém o controle de um ou mais negócios. Isso pode ser feito mediante transferência de dinheiro, assunção de passivos, emissão de ações ou contrato independente. A contabilização da combinação de negócios deve ser feita com a aplicação do método de aquisição. Para tanto, é necessário atender aos seguintes requisitos: identificar o adquirente; determinar a data de aquisição; reconhecer e mensurar os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos, as participações societárias de não controladores na adquirida e o ágio por rentabilidade futura (goodwill), ou o ganho proveniente de compra vantajosa. Para que você possa entender melhor o método de aquisição, vamos detalhar os requisitos citados. O adquirente é a entidade que obtém o controle da adquirida e emite instrumentos de participação societária. Normalmente, é a entidade cujo tamanho é significativamente maior em relação às demais da combinação. A data em que o adquirente obtém o controle é aquela na qual o adquirente transfere legalmente a contraprestação pelo controle da adquirida; é quando adquire os ativos e assume os passivos da adquirida, ou seja, a data de fechamento do negócio. A partir da data de aquisição, definida pelo adquirente, deve ser reconhecido separadamente o ágio por expectativa de rentabilidade futura (que é o goodwill), os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e as participações de não controladores. 58 Unidade II O adquirente deve mensurar os ativos adquiridos e os passivos assumidos pelos respectivos valores justos da data da aquisição. Em cada operação de combinação de negócios, deve mensurar a participação de não controladores na adquirida pelo seu valor justo nessa participação, ou pela parte que lhes cabe no valor justo dos ativos identificáveis da adquirida. Quando a combinação de negócios vier a liquidar um relacionamento preexistente entre o adquirente e a adquirida, o adquirente deverá reconhecer o ganho ou a perda mensurados ao valor justo. Exemplo: quando é fechado um contrato entre duas empresas com valores fixos por cinco anos, e, nesse período, uma destas tem a opção de realizar compras ou vendas envolvendo outra empresa com um ganho maior, esse contrato pode ser rescindido, desde que se pague a multa estabelecida. O CPC 15 recomenda que o adquirente, ao reconhecer o ágio por rentabilidade futura (goodwill), na data da aquisição, mensure‑o como o valor em que (a) exceder (b), conforme segue: (a) a soma: (i) da contraprestação transferida em troca do controle da adquirida, mensurada de acordo com esta Norma, para a qual geralmente se exige o valor justo na data da aquisição (veja item 37); (ii) do valor das participações de não controladores na adquirida, mensuradas de acordo com esta Norma; e (iii) no caso de combinação de negócios realizada em estágios, veja itens 41 e 42, o valor justo, na data da aquisição, da participação do adquirente na adquirida imediatamente antes da combinação; (b) o valor líquido, na data da aquisição, dos ativos identificáveis adquiridos e dos passivos assumidos, mensurados de acordo com esta Norma (CFC, 2009). O adquirente deve reconhecer o ágio por rentabilidade futura (goodwill), na data da aquisição. Observação O ágio por rentabilidade futura (goodwill), ou o ganho proveniente de compra vantajosa deve ser mensurado como o valor em que a soma (valor de aquisição) excede o valor líquido (valor justo). Se o valor de aquisição for superior ao valor justo considerado pelos avaliadores como o valor da empresa, o excedente será contabilizado como custo do ativo. Se o ágio pago corresponder à diferença entre o valor de mercado de parte ou de todos os bens do ativo da entidade adquirida e o respectivo valor contábil, este deverá ser reconhecido pela investidora como custo desses ativos. 59 CONTABILIDADE AVANÇADA O ágio pago decorrente de expectativa de rentabilidade futura em uma aquisição de entidades (goodwill) representa um desembolso realizado na expectativa de benefícios econômicos futuros de ativos, para os quais a administração não consegue individualmente identificá‑los [...]. Esse ágio não gera fluxos de caixa independentemente de outros ativos ou grupos de ativos, e frequentemente contribui para os fluxos de caixa de diversas unidades geradoras de caixa. Às vezes, esse ágio não pode ser alocado de forma não arbitrária para unidades geradoras de caixa individuais, mas apenas a grupos de unidades geradoras de caixa (CPC, 2009, p. 110). Observação Unidades geradoras de caixa são as partes da entidade que realizam atividade própria, capaz de gerar caixa, sendo consideradas unidades de negócios. As entidades habitualmente envolvidas na compra e venda de ativos intangíveis exclusivos (ou únicos) podem desenvolver técnicas para mensurar indiretamente os seus valores justos. Essas técnicas podem ser utilizadas para a mensuração inicial de ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios, se o seu objetivo for estimar o valor justo e se refletirem operações correntes no setor a que esses ativos pertencem (CPC, 2010, p. 118). A baixa do goodwill pode ser feita pela amortização, ou, mais corretamente, pelo teste de redução ao valor recuperável (teste de impairment). Para fins de teste de redução ao valor recuperável, o ágio (goodwill) pago em uma aquisição em decorrência de expectativa de resultado futuro deverá, a partir da data da aquisição, ser alocado a cada uma das unidades geradoras de caixa do adquirente. Saiba mais Leia a seguinte deliberação: COMISSÃO DE VALORES IMOBILIÁRIOS (CVM). Deliberação nº 665, de 4 de agosto de 2011. Aprova o Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que trata de combinação de negócios. Brasília, 2011. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/ legislacao/deliberacaocvm665_2011.htm. Acesso em: 20 jun. 2013. 60 Unidade II Antes da convergência das normas contábeis brasileiras com as internacionais, os tratamentos contábeis dos processos de fusão, incorporação e cisão, normalmente utilizados no Brasil, não envolviam obrigatoriamente a utilização de valores de mercado. Com as novas regras, porém, há casos em que há necessidade de utilizarmos o valor de mercado, conforme indica a Instrução CVM nº 469/2008: Art. 9º. Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, realizadas entre partes independentes e vinculadas à efetiva transferência de controle, nos termos do § 3º do art. 226 da Lei nº 6.404, de 1976, devem ser determinados os valores de mercado de todos os ativos e passivos, inclusive contingentes, identificáveis e passíveis de mensuração. Parágrafo único. As operações referidas no caput deste artigo realizadas no decorrer de 2008 poderão ser contabilizadas pelo seu valor contábil, devendo ser ajustadas ao valor de mercado até o encerramento do exercício social em curso, enquanto a CVM não emitir norma específica sobre essa matéria (CVM, 2008). Lembrete É importante destacar que a utilização do valor de mercado ocorrerá quando, nas operações de incorporação, fusão ou cisão, houver a efetiva transferência de controle. Só haverá nova entidade econômica quando houver alteração do controle acionário. Isso é facilmente percebido pela análise de demonstrações contábeis consolidadas. Incorporar, fundir ou cindir formalmente sociedades cujo controle permanece com a mesma entidade não promove alterações nas demonstrações contábeis consolidadas. Saiba mais Se você quiser conhecer o CPC 15 na íntegra, bastará acessar o site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis: http://www.cpc.org.br. 6 INCORPORAÇÃO E COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS 6.1Incorporação Operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Em outras palavras, uma empresa absorve todo o patrimônio de outra(s), trazendo seus ativos e passivos para dentro do patrimônio da incorporadora e fazendo desaparecer a incorporada. Na hipótese de incorporação, enquanto desaparecem as sociedades incorporadas, a sociedade incorporadora permanece inalterada quanto à personalidade jurídica, ocorrendo apenas modificação em seu 61 CONTABILIDADE AVANÇADA estatuto ou contrato social, em que há indicação do aumento do capital social e do seu patrimônio. A fusão, em contrapartida, impõe a extinção das sociedades fusionadas, originando, assim, uma nova sociedade. A lei das S. A., e suas atualizações tratam dos procedimentos referentes à incorporação, como descrevemos a seguir: Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. § 1º A assembleia‑geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. § 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. § 3º Aprovados pela assembleia‑geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue‑se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação (BRASIL, 1976). As ações da sociedade a ser incorporada que forem de propriedade da companhia incorporadora poderão ser extintas, ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora, até o limite dos lucros acumulados e reservas, não sendo considerada, nesse caso, a reserva a legal. A assembleia‑geral da companhia incorporadora deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. A sociedade a ser incorporada autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. Após aprovados pela assembleia‑geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue‑se a incorporada, competindo à incorporadora promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. Esta é, na prática, um processo contábil quase idêntico ao da consolidação. A diferença é a não segregação da participação dos acionistas minoritários. Observação O tratamento contábil do reconhecimento da incorporação deve ser feito de maneira análoga à de uma consolidação, com a exclusão das operações entre a incorporadora e a incorporada. 62 Unidade II Exemplo 1. A empresa A incorporou a empresa B. Vamos elaborar o BP da empresa A após a operação, sabendo que a incorporadora possui 70% do capital de B, que a operação não mudou o controle acionário das empresas e que o valor justo dos ativos das empresas é 30% maior que o valor contábil. Tabela 7 – Balanço patrimonial antes da incorporação BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 Tabela 8 – Balanço patrimonial após a incorporação BP A B Ajustes A Outros ativos 2.000 800 2.800 Investimentos 3.500 1.000 (2.660) 1.840 Equipamento 2.500 3.000 5.500 Total 8.000 4.800 10.140 Outros passivos 1.000 1.000 2.000 Capital 5.000 3.000 (2.100) 6.700 Res. lucros 2.000 800 (560) 1.440 Nessa operação, a empresa incorporada deixa de existir, caso da empresa B. Como a empresa A tem o controle acionário da empresa B, é necessário fazer a eliminação dos investimentos da empresa A (0,70 x 3.500) e do patrimônio líquido da B (0,70 x 3.000 e 0,70 x 800). Como essa operação não mudou o controle acionário de nenhuma das duas empresas, não é preciso ajustar os ativos pelo seu valor justo; basta somar os balanços. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da incorporação: • A incorporada encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido deverão ser encerradas em uma conta chamada Incorporação. • A incorporadora reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Incorporação. 63 CONTABILIDADE AVANÇADA O aumento do capital social da Incorporadora corresponde ao valor do patrimônio líquido da Incorporada. • Contabilização Lançamentos na incorporada: incorporação: 4.800 a ativos: 4.800 passivos: 1.000 a incorporação: 1.000 capital social: 3.000 res. lucros: 800 a incorporação: 3.800 Lançamentos na incorporadora: ativos: 4.800 a incorporação: 4.800 incorporação: 1.000 a passivos: 1.000 incorporação: 3.800 a investimento na incorporada: 2.660 a capital social: 1.140 Exemplo 2. A empresa A incorporou a empresa B. Vamos elaborar o BP da Empresa A após a operação, sabendo que a operação mudou o controle acionário das empresas e que o valor justo dos ativos da empresa B é 30% maior que o valor contábil. 64 Unidade II Tabela 9 – Balanço patrimonial antes da incorporação BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 AAP Tabela 10 – Balanço patrimonial após a incorporação BP A B Ajustes B A Outros ativos 2.000 800 240 3.040 Investimentos 3.500 1.000 300 4.800 Equipamento 2.500 3.000 900 6.400 Total 8.000 4.800 1.440 14.540 Outros passivos 1.000 1.000 2.300 Capital 5.000 3.000 8.800 Res. lucros 2.000 800 2.000 AAP 1.440 1.440 Nessa operação, a empresa incorporada deixa de existir, caso da empresa B. Como a empresa A não tem o controle acionário da empresa B, não é necessário fazer a eliminação dos investimentos da empresa A e do patrimônio líquido da B. Como essa operação mudou o controle acionário da empresa B, é preciso ajustar os ativos desta pelo seu valor justo, antes de somar os balanços. Como os ativos têm um valor justo 30% maior que o valor contábil, é necessário aumentar o valor dos ativos em 30%, como foi feito na coluna dos ajustes (outros ativos = 800 x 1,30), e a contrapartida é lançada no ajuste da avaliação patrimonial. Esse procedimento é feito para todos os ativos. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da incorporação: • A incorporada encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Incorporação. 65 CONTABILIDADE AVANÇADA • A incorporadora reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Incorporação. • Lançamento do ajuste a valor de mercado na incorporada. O aumento do capital social da incorporadora corresponde ao valor do patrimônio líquido da incorporada. • Contabilização Lançamentos na incorporada: incorporação: 4.800 a ativos: 4.800 passivos: 1.000 a incorporação: 1.000 capital social: 3.000 res. lucros: 800 a incorporação: 3.800 Lançamentos na incorporadora: ativos: 4.800 a incorporação: 4.800 incorporação: 1.000 a passivos: 1.000 incorporação: 3.800 a capital social: 3.800 ativos: 1.440 a AAP: 1.440 66 Unidade II Exemplo 3. A empresa A incorporou a empresa B. Vamos elaborar o BP da empresa A após a operação, sabendo que essa operação não mudou o controle acionário das empresas e que o valor justo dos ativos das empresas é 30% maior que o valor contábil. Tabela 11 – Balanço patrimonial antes da incorporaçãoBP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 Tabela 12 – Balanço patrimonial após a incorporação BP A B Ajustes A Outros ativos 2.000 800 2.800 Investimentos 3.500 1.000 4.500 Equipamento 2.500 3.000 5.500 Total 8.000 4.800 12.800 Outros passivos 1.000 1.000 2.000 Capital 5.000 3.000 8.800 Res. lucros 2.000 800 2.000 Nessa operação, a empresa incorporada deixa de existir, caso da empresa B. Como essa operação não mudou o controle acionário de nenhuma das duas empresas, não é preciso ajustar os ativos pelo seu valor justo; basta somar os balanços. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da incorporação: • A incorporada encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Incorporação. • A incorporadora reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Incorporação. O aumento do capital social da incorporadora corresponde ao valor do patrimônio líquido da incorporada. 67 CONTABILIDADE AVANÇADA • Contabilização Lançamentos na incorporada: incorporação: 4.800 a ativos: 4.800 passivos: 1.000 a incorporação: 1.000 capital social: 3.000 res. lucros: 800 a incorporação: 3.800 Lançamentos na incorporadora: ativos: 4.800 a incorporação: 4.800 incorporação: 1.000 a passivos: 1.000 incorporação: 3.800 a capital social: 3.800 Exemplo 4. A empresa A incorporou a empresa B. Vamos elaborar o BP da empresa A após a operação, sabendo que esta mudou o controle acionário das empresas, que o valor justo dos ativos da empresa B é 30% maior que o valor contábil e que a empresa A adquiriu a empresa B por $ 7.000. Tabela 13 – Balanço patrimonial antes da incorporação BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 AAP 68 Unidade II Tabela 14 – Balanço patrimonial após a incorporação BP A B Ajustes B A Outros ativos 2.000 800 240 3.040 Investimentos 3.500 1.000 300 4.800 Equipamento 2.500 3.000 900 6.400 Intangível (goodwill) 1.760 1.760 Total 8.000 4.800 3.200 16.000 Outros passivos 1.000 1.000 2.000 Capital 5.000 3.000 8.800 Res. lucros 2.000 800 2.000 AAP 3.200 3.200 Nessa operação, a empresa incorporada deixa de existir, caso da empresa B. Como a empresa A não tem o controle acionário da empresa B, não é necessário fazer a eliminação dos investimentos da empresa A e do patrimônio líquido da B. Como essa operação mudou o controle acionário da empresa B, é preciso ajustar os ativos da empresa B pelo seu valor justo, antes de somar os balanços. Já que os ativos têm um valor justo 30% maior que o valor contábil, é necessário aumentar o valor dos ativos em 30%, como foi feito na coluna dos ajustes (outros ativos = 800 x 1,30), e a contrapartida é lançada no ajuste da avaliação patrimonial. Esse procedimento é feito para todos os ativos. Nesse caso, consideramos que o valor do ágio pago relativo à empresa B é a expectativa de benefícios futuros (goodwill), com o valor de 7.000 menos o PL da empresa ajustado pelo valor justo (4.800 x 1,3 – 1000 = 5.240, ou seja, 7.000 – 5.240 = 1.760). Já que esse item não pode ser delimitado como uma unidade de negócios (unidade geradora de caixa), deve ser classificado como um ativo intangível. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da incorporação: • A incorporada encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Incorporação. • A incorporadora reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Incorporação. • Lançamento do ajuste a valor de mercado na incorporada. O aumento do capital social da incorporadora corresponde ao valor do patrimônio líquido da incorporada. 69 CONTABILIDADE AVANÇADA • Contabilização Lançamentos na incorporada: Incorporação 4.800 a Ativos 4.800 Passivos 1.000 a Incorporação 1.000 Capital Social 3.000 Reserva de lucros 800 a Incorporação 3.800 Lançamentos na incorporadora: Ativos 4.800 a Incorporação 4.800 Incorporação 1.000 a Passivos 1.000 Incorporação 3.800 a Capital Social 3.800 Ativos 1.440 Intangível 1.760 a Ajustes da Variação da Avaliação Patrimonial 3.200 6.2 Combinação de negócios 6.2.1 Fusão É a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Observação Na fusão de empresas, o controle administrativo fica ao encargo da empresa que for maior ou mais próspera. Isso permite reduções de custos, mas pode levar a práticas restritivas ou monopolistas no mercado. 70 Unidade II A fusão caracteriza‑se pelo fato de desaparecem as sociedades que se fundem para, em seu lugar, surgir uma nova sociedade. Não implica, entretanto, a dissolução das sociedades fundidas, mas a extinção formal destas. Não havendo dissolução, não há liquidação do patrimônio social, posto que a nova sociedade resultante dessa operação assumirá toda e qualquer obrigação, ativa e passiva, das sociedades fusionadas. Atualmente, as grandes empresas e companhias apresentam maior tendência a optar pelo regime da fusão econômica, mediante a criação de sociedades ou companhias controladoras ou financiadoras daquelas que exploram o mesmo ramo de comércio ou indústria. Na fusão surge uma nova entidade que soma os valores daquelas que a formam. Nesse caso, ocorre a união entre o adquirente e os ativos líquidos de um ou mais negócios que estão sendo fundidos. O valor da empresa é obtido de acordo com os peritos, e o investimento nos ativos líquidos de cada entidade é avaliado pelo seu valor justo. A fusão se diferencia da incorporação por proporcionar o desenvolvimento de uma nova entidade, com característica e personalidade jurídica diferenciadas daquelas pertencentes às entidades que a compuseram. Observação A assembleia‑geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades. Lembrete Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. A Lei nº 6.404/1976, com suas atualizações, trata dos procedimentos referentes à fusão, como descrevemos a seguir: Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. § 1º A assembleia‑geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades. § 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para uma assembleia‑geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte. 71 CONTABILIDADE AVANÇADA § 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros administradores promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão (BRASIL, 1976). Quando uma das sociedades fundidas for proprietária de ações ou quotas de outra, as ações da empresa poderão ser extintas, ou substituídas por ações em tesouraria. Exemplo 1. A empresa A fundiu‑se com a empresa B. Vamos elaborar o BP da empresa C após a operação, sabendo que a empresa A possui 70% do capital de B, que a operação não mudou o controle acionário das entidades e que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. Tabela 15 – Balançopatrimonial antes da fusão BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 Tabela 16 – Balanço patrimonial após a fusão BP A B Ajustes C Outros ativos 2.000 800 2.800 Investimentos 3.500 1.000 (2.660) 1.840 Equipamento 2.500 3.000 5.500 Total 8.000 4.800 10.140 Outros passivos 1.000 1.000 2.000 Capital 5.000 3.000 (2.100) 6.700 Res. lucros 2.000 800 (560) 1.440 Nessa operação, as empresas A e B deixam de existir, e surge uma nova empresa, denominada C. Como a empresa A tem o controle acionário da empresa B, é necessário fazer a eliminação dos investimentos da empresa A (0,70 x 3.500) e do patrimônio líquido da B (0,70 x 3.000 e 0,70 x 800). Como essa operação não mudou o controle acionário de nenhuma das duas empresas, não é preciso ajustar os ativos pelo seu valor justo; basta somar os balanços. 72 Unidade II Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da fusão: • As empresas fusionadas encerram as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Fusão. • A empresa resultante da fusão reconhece todos os ativos, os passivos e o capital social em contrapartida da conta chamada Fusão. • Contabilização Lançamentos na fusionada A: Fusão 8.000 a Ativos 8.000 Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital Social 5.000 Reserva de lucros 2.000 a Fusão 7.000 Lançamentos na fusionada B: Fusão 4.800 a Ativos 4.800 Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital Social 3.000 Reserva de Lucros 800 a Fusão 3.800 Lançamentos na empresa C: Ativos 8.000 a Fusão 8.000 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 73 CONTABILIDADE AVANÇADA Fusão 7.000 a Capital Social 7.000 Ativos 4.800 a Fusão 4.800 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 Fusão 3.800 a Capital Social 3.800 Incorporação 3.800 a Investimento na Incorporada 2.660 a Capital Social 1.140 Exemplo 2. A empresa A fundiu‑se com a empresa B. Vamos elaborar o BP da empresa C após a operação, sabendo que esta mudou o controle acionário da empresa A e que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. Tabela 17 – Balanço patrimonial antes da fusão BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 AAP Tabela 18 – Balanço patrimonial após a fusão BP A B Ajustes A C Outros ativos 2.000 800 400 3.200 Investimentos 3.500 1.000 700 5.200 Equipamento 2.500 3.000 500 6.000 Total 8.000 4.800 14.400 Outros passivos 1.000 1.000 2.000 Capital 5.000 3.000 8.800 Res. lucros 2.000 800 2.000 AAP 1.600 1.600 74 Unidade II Nessa operação, as empresas A e B deixam de existir, originando uma nova empresa, denominada C. Como a empresa A não tem o controle acionário da empresa B, não é necessário fazer a eliminação dos investimentos da empresa A e do patrimônio líquido da B. Como essa operação mudou o controle acionário da empresa A, é preciso ajustar os ativos desta pelo seu valor justo, antes de somar os balanços. Como os ativos têm um valor justo 20% maior que o valor contábil, é necessário aumentar o valor dos ativos em 20%, como foi feito na coluna dos ajustes (outros ativos = 2.000 x 0,20), e a contrapartida é lançada no ajuste da avaliação patrimonial. Esse procedimento é feito para todos os ativos. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da fusão: • As empresas fusionadas encerram as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Fusão. • Lançamento do ajuste a valor de mercado na fusionada. A empresa resultante da fusão reconhece todos os ativos, os passivos e o capital social em contrapartida da conta chamada Fusão. • Contabilização Lançamentos na fusionada A: Fusão 8.000 a Ativos 8.000 Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital Social 5.000 Reserva de Lucros 2.000 a Fusão 7.000 Lançamentos na fusionada B: Fusão 4.800 a Ativos 4.800 Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital Social 3.000 Reserva de Lucros 800 a Fusão 3.800 75 CONTABILIDADE AVANÇADA Lançamentos na empresa C: Ativos 8.000 a Fusão 8.000 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 Fusão 7.000 a Capital Social 7.000 Ativos 4.800 a Fusão 4.800 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 Fusão 3.800 a Capital Social 3.800 Ativos 1.600 a Ajustes da Variação da Avaliação Patrimonial 1.600 Exemplo 3. A empresa A fundiu‑se com a empresa B. Vamos elaborar o BP da Empresa C após a operação, sabendo que esta não mudou o controle acionário das empresas e o que valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. Tabela 19 – Balanço patrimonial antes da fusão BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 76 Unidade II Tabela 20 – Balanço patrimonial após a fusão BP A B Ajustes C Outros ativos 2.000 800 2.800 Investimentos 3.500 1.000 4.500 Equipamento 2.500 3.000 5.500 Total 8.000 4.800 12.800 Outros passivos 1.000 1.000 2.000 Capital 5.000 3.000 10.800 Res. lucros 2.000 800 Nessa operação, as empresas A e B deixam de existir, originando uma nova empresa, C. Como essa operação não mudou o controle acionário de nenhuma das duas, não é preciso ajustar os ativos pelo seu valor justo; basta somar os balanços. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da fusão: • As empresas fusionadas encerram as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Fusão. • A empresa resultante da fusão reconhece todos os ativos, os passivos e o capital social em contrapartida da conta chamada Fusão. • Contabilização Lançamentos na fusionada A: Fusão 8.000 a Ativos 8.000 Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital Social 5.000 Reserva de Lucros 2.000 a Fusão 7.000 Lançamentos na fusionada B: Fusão 4.800 a Ativos 4.800 77 CONTABILIDADE AVANÇADA Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital social 3.000 Reserva de Lucros 800 a Fusão 3.800 Lançamentos na empresa C: Ativos 8.000 a Fusão 8.000 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 Fusão 7.000 a Capital Social 7.000 Ativos 4.800 a Fusão 4.800 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 Fusão 3.800 a Capital Social 3.800 Exemplo 4. A empresa A fundiu‑se com a empresa B. Vamos elaborar o BP da empresa C após a operação, sabendo que esta mudou o controle acionário da empresa A, que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil e que a empresa C adquiriu a empresa A por $ 10.000. Tabela 21 – Balanço patrimonial antes da fusão BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 5.000 3.000 Res. lucros 2.000 800 AAP 78 Unidade II Tabela 22 – Balanço patrimonial após a fusão BP A B Ajustes A C Outros ativos 2.000 800 400 3.200 Investimentos 3.500 1.000 700 5.200 Equipamento 2.500 3.000 500 6.000 Intangível (goodwill) 1.400 1.400 Total 8.000 4.800 3.000 15.800 Outros passivos 1.000 1.000 2.000 Capital 5.000 3.000 10.800 Res. lucros 2.000 800 AAP 3.000 3.000 Nessa operação, as empresas A e B deixam de existir, originando uma nova empresa, C. Como a empresa A não tem o controle acionário da empresa B, não é necessário fazer a eliminação dos investimentos da empresa A e do patrimônio líquido da B. Como essa operação mudou o controle acionário da empresa A, é preciso ajustar os ativos da empresa A pelo seu valor justo, antes de somar os balanços. Já que os ativos têm um valor justo 20% maior que o valor contábil, é necessário aumentar o valor dos ativos em 20%, como foifeito na coluna dos ajustes (outros ativos = 2.000 x 0,20), e a contrapartida é lançada no ajuste da avaliação patrimonial. Esse procedimento é feito para todos os ativos. Nesse caso, consideramos que o valor do ágio pago relativo à empresa A é a expectativa de benefícios futuros (goodwill), com o valor de 10.000 menos o PL da empresa ajustado pelo valor justo (8.000 x 1,20 – 1000 = 8.600, ou seja, 10.000 – 8.600 = 1.400). Já que esse item não pode ser delimitado como uma unidade de negócios (geradora de caixa), deve ser classificado como um ativo intangível. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da fusão: • As empresas fusionadas encerram as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Fusão. • Lançamento do ajuste a valor de mercado na fusionada. • A empresa resultante da fusão reconhece todos os ativos, os passivos e o capital social em contrapartida da conta chamada Fusão. • Contabilização 79 CONTABILIDADE AVANÇADA Lançamentos na fusionada A: Fusão 8.000 a Ativos 8.000 Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital Social 5.000 Reserva de Lucros 2.000 a Fusão 7.000 Lançamentos na fusionada B: Fusão 4.800 a Ativos 4.800 Passivos 1.000 a Fusão 1.000 Capital Social 3.000 Reserva de Lucros 800 a Fusão 3.800 Lançamentos na empresa C: Ativos 8.000 a Fusão 8.000 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 Fusão 7.000 a Capital Social 7.000 Ativos 4.800 a Fusão 4.800 Fusão 1.000 a Passivos 1.000 Fusão 3.800 a Capital Social 3.800 Ativos 1.600 Intangível 1.400 a Ajustes da Variação da Avaliação Patrimonial 3.000 80 Unidade II 6.2.2 Cisão É a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo‑se assim a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo‑se o seu capital, se a cisão for parcial. Na cisão total, extingue‑se a companhia cindida, se houver a transferência de todo o seu patrimônio. Na cisão parcial, não se extingue a companhia cindida, pois se divide o seu capital. A cisão de empresa não implica a extinção da sociedade cindida, uma vez que a própria lei prevê a possibilidade de cisão parcial. Nesta, o capital social se divide em razão da versão de parte do patrimônio da empresa cindida para outra empresa. A parcela vertida à outra sociedade corresponde sempre a uma diminuição de capital social. No caso de cisão total, com extinção da sociedade, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da sociedade cindida sucederão a esta, na proporção do patrimônio transferido, nos direitos e obrigações referentes àquela determinada porção de patrimônio que foi transferida. Na hipótese de cisão parcial, a situação é similar, devendo‑se ressaltar, entretanto, que a sociedade cindida permanece existindo. Dessa forma, a sucessão de direitos e obrigações será proporcional. Saiba mais Leia o artigo 229 da seguinte lei: BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Brasília, 1976. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em: 20 jun. 2013. A cisão total é praticamente uma incorporação; a diferença é que, nesta, o patrimônio é transferido para apenas uma entidade, enquanto na cisão total o patrimônio será revertido para mais de uma sociedade. No caso da cisão parcial para uma sociedade existente, o procedimento para a entidade que recebe a participação do patrimônio é o mesmo adotado na incorporação. Se a cisão parcial envolver uma sociedade nova, o patrimônio da cindida destinado a essa nova sociedade corresponderá ao patrimônio integral da nova entidade. No caso da cisão total, o patrimônio da empresa cindida será plenamente repartido entre duas ou mais empresas, pois, se fosse revertido para apenas uma, seria uma incorporação. Os peritos selecionados deverão obter o valor da empresa, de modo que as parcelas destinadas na cisão sejam definidas pelo seu valor justo. 81 CONTABILIDADE AVANÇADA Lembrete Na cisão total, extingue‑se a companhia cindida, se houver a transferência de todo o seu patrimônio. Na cisão parcial não se extingue a companhia cindida, pois se divide o seu capital. Exemplo 1. A empresa A fez uma cisão parcial do seu patrimônio para a empresa B. Vamos elaborar o BP das empresas A e B após a operação, sabendo que 60% do patrimônio foram destinados para A, e o restante, para B; que a operação não mudou o controle acionário das empresas; e que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. Tabela 23 – Balanço patrimonial antes da cisão parcial BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 7.000 3.800 Tabela 24 – Balanço patrimonial após a cisão parcial BP A B 60% de A 40% de A A B Outros ativos 2.000 800 1.200 800 1.200 1.600 Investimentos 3.500 1.000 2.100 1.400 2.100 2.400 Equipamento 2.500 3.000 1.500 1.000 1.500 4.000 Total 8.000 4.800 4.800 3.200 4.800 8.000 Outros passivos 1.000 1.000 600 400 600 1.400 Capital 7.000 3.800 4.200 2.800 4.200 6.600 Nessa operação, a empresa cindida tem uma parte do seu patrimônio transferido para a empresa B. Como essa operação não mudou o controle acionário de nenhuma das duas, não é preciso ajustar os ativos pelo seu valor justo; basta calcular a parcela do patrimônio de A que vai ser vertida para B, como foi feito na coluna de ajustes (outros ativos = 2.000 x 0,60), e somar os balanços. 82 Unidade II Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da cisão parcial: • A cindida encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Cisão. • A empresa que vai receber o acervo reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Cisão. • Contabilização Lançamentos da cisão na empresa A: Cisão 3.200 a Ativos 3.200 Passivos 400 a Cisão 400 Capital social 2.800 a Cisão 2.800 Lançamentos da cisão na empresa B: Ativos 3.200 a Cisão 3.200 Cisão 400 a Passivos 400 Cisão 2.800 a Capital Social 2.800 Exemplo 2. A empresa B fez uma cisão parcial do seu patrimônio para a empresa A. Vamos elaborar o BP das empresas A e B após a operação, sabendo que, do patrimônio de B, foram destinados 60% para A e o restante para B; que a operação não mudou o controle acionário das empresas; e que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. 83 CONTABILIDADE AVANÇADA Tabela 25 – Balanço patrimonial antes da cisão parcial BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 7.000 3.800 Tabela 26 – Balanço patrimonial após a cisão parcial BP A B 60% de B 40% de B A B Outros ativos 2.000 800 480 320 2.480 320 Investimentos 3.500 1.000 600 400 4.100 400 Equipamento 2.500 3.000 1.800 1.200 4.300 1.200 Total 8.000 4.800 2.880 1.920 10.880 1.920 Outros passivos 1.000 1.000 600 400 1.600 400 Capital 7.000 3.800 2.280 1.520 9.280 1.520 Nessa operação, a empresa cindida tem uma parte do seu patrimônio transferido para a empresa A. Como essa operação não mudou o controle acionário de nenhuma das duas, não é preciso ajustar os ativos pelo seu valor justo; basta calcular a parcela do patrimônio de B que vai ser vertida para A, como foi feito na coluna de ajustes (outros ativos = 800 x 0,60), e somar os balanços. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da cisão parcial: • A cindida encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Cisão. • A empresa quevai receber o acervo reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Cisão. O aumento do capital social da incorporadora corresponde ao valor do patrimônio líquido da incorporada. • Contabilização Lançamentos da cisão na empresa A: Ativos 2.880 a Cisão 2.880 84 Unidade II Cisão 600 a Passivos 600 Cisão 2.280 a Capital Social 2.280 Lançamentos da cisão na empresa B: Cisão 2.880 a Ativos 2.880 Passivos 600 a Cisão 600 Capital Social 2.280 a Cisão 2.280 Exemplo 3. A empresa A fez uma cisão parcial do seu patrimônio para a empresa B. Vamos elaborar o BP das empresas A e B após a operação, sabendo que 60% do patrimônio foram destinados para A, e o restante, para B; que a operação mudou o controle acionário da empresa B; e que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. Tabela 27 – Balanço patrimonial antes da cisão parcial BP A B Outros ativos 2.000 800 Investimentos 3.500 1.000 Equipamento 2.500 3.000 Total 8.000 4.800 Outros passivos 1.000 1.000 Capital 7.000 3.800 AAP Tabela 28 – Balanço patrimonial após a cisão parcial BP A B 60% de A 40% de A Ajuste B A B Outros ativos 2.000 800 1.200 800 160 1.200 1.760 Investimentos 3.500 1.000 2.100 1.400 200 2.100 2.600 Equipamento 2.500 3.000 1.500 1.000 600 1.500 4.600 Total 8.000 4.800 4.800 3.200 960 4.800 8.960 Outros passivos 1.000 1.000 600 400 600 1.400 Capital 7.000 3.800 4.200 2.800 4.200 6.600 AAP 960 960 85 CONTABILIDADE AVANÇADA Nessa operação, a empresa cindida tem uma parte do seu patrimônio transferido para a empresa B. Como mudou o controle acionário da empresa B, é preciso ajustar os ativos desta pelo seu valor justo, antes de somar os balanços. Como os ativos têm um valor justo 20% maior que o valor contábil, é necessário aumentar o valor dos ativos em 20%, como foi feito na coluna dos ajustes (outros ativos = 2.000 x 0,20), e a contrapartida é lançada no ajuste da avaliação patrimonial. Esse procedimento é feito para todos os ativos. Também é preciso calcular a parcela do patrimônio de A que vai ser vertida para B (outros ativos = 2.000 x 0,40) e somar os balanços. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da cisão parcial: • A cindida encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Cisão. • A empresa que vai receber o acervo reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Cisão. • Lançamento do ajuste a valor de mercado na empresa B. • Contabilização Lançamentos da cisão na empresa A: Cisão 3.200 a Ativos 3.200 Passivos 400 a Cisão 400 Capital Social 2.800 a Cisão 2.800 Lançamentos da cisão na empresa B: Ativos 3.200 a Cisão 3.200 Cisão 400 a Passivos 400 Cisão 2.800 a Capital Social 2.800 Ativos 960 a Ajustes da Variação da Avaliação Patrimonial 960 86 Unidade II Exemplo 4. A empresa A fez uma cisão total do seu patrimônio entre as empresas B e C. Vamos elaborar o BP das empresas B e C após a operação, sabendo que 60% do patrimônio foram destinados a B, e o restante, a C; que a operação não mudou o controle acionário das empresas; e que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. Tabela 29 – Balanço patrimonial antes da cisão total BP A B C Outros ativos 2.000 800 700 Investimentos 3.500 1.000 1.200 Equipamento 2.500 3.000 1.800 Total 8.000 4.800 3.700 Outros passivos 1.000 1.000 500 Capital 7.000 3.800 3.200 Tabela 30 – Balanço patrimonial após a cisão total BP A B C 60% de A 40% de A B C Outros ativos 2.000 800 700 1.200 800 2.000 1.500 Investimentos 3.500 1.000 1.200 2.100 1.400 3.100 2.600 Equipamento 2.500 3.000 1.800 1.500 1.000 4.500 2.800 Total 8.000 4.800 3.700 4.800 3.200 9.600 6.900 Outros passivos 1.000 1.000 500 600 400 1.600 900 Capital 7.000 3.800 3.200 4.200 2.800 8.000 6.000 Nessa operação, a empresa cindida tem todo o seu patrimônio transferido para as empresas B e C. Como essa operação não mudou o controle acionário de nenhuma das duas empresas, não é preciso ajustar os ativos pelo seu valor justo; basta calcular a parcela do patrimônio de A que vai ser vertida para B e C, como foi feito na coluna de ajustes (outros ativos = 2.000 x 0,60 e outros ativos = 2.000 x 0,40), e somar os balanços. Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da cisão total: • A cindida encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Cisão. • A empresa que vai receber o acervo reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Cisão. 87 CONTABILIDADE AVANÇADA • Contabilização Lançamentos da cisão na empresa A – 60%: Cisão 4.800 a Ativos 4.800 Passivos 600 a Cisão 600 Capital Social 4.200 a Cisão 4.200 Lançamentos da cisão na empresa A – 40%: Cisão 3.200 a Ativos 3.200 Passivos 400 a Cisão 400 Capital Social 2.800 a Cisão 2.800 Lançamentos da cisão na empresa B: Ativos 4.800 a Cisão 4.800 Cisão 600 a Passivos 600 Cisão 4.200 a Capital Social 4.200 Lançamentos da cisão na empresa C: Ativos 3.200 a Cisão 3.200 Cisão 400 a Passivos 400 Cisão 2.800 a Capital Social 2.800 88 Unidade II Exemplo 5. A empresa A fez uma cisão total do seu patrimônio para as empresas B e C. Vamos elaborar o BP das empresas B e C após a operação, sabendo que 60% do patrimônio foram destinados para a B, e o restante, para a C; que a operação mudou o controle acionário da empresa B; e que o valor justo dos ativos das empresas é 20% maior que o valor contábil. Tabela 31 – Balanço patrimonial antes da cisão total BP A B C Outros ativos 2.000 800 700 Investimentos 3.500 1.000 1.200 Equipamento 2.500 3.000 1.800 Total 8.000 4.800 3.700 Outros passivos 1.000 1.000 500 Capital 7.000 3.800 3.200 AAP Tabela 32 – Balanço patrimonial após a cisão total BP A B C 60% de A 40% de A Ajuste B B C Outros ativos 2.000 800 700 1.200 800 160 2.160 1.500 Investimentos 3.500 1.000 1.200 2.100 1.400 200 3.300 2.600 Equipamento 2.500 3.000 1.800 1.500 1.000 600 5.100 2.800 Total 8.000 4.800 3.700 4.800 3.200 960 10.560 6.900 Outros passivos 1.000 1.000 500 600 400 1.600 900 Capital 7.000 3.800 3.200 4.200 2.800 8.000 6.000 AAP 960 960 Nessa operação, a empresa cindida tem todo o seu patrimônio transferido para as empresas B e C. Como essa operação mudou o controle acionário da empresa B, é preciso ajustar os ativos desta pelo seu valor justo, antes de somar os balanços. Como os ativos têm um valor justo 20% maior que o valor contábil, é necessário aumentar o valor dos ativos em 20%, como foi feito na coluna dos ajustes (outros ativos = 2.000 x 0,20), e a contrapartida é lançada no ajuste da avaliação patrimonial. Esse procedimento é feito para todos os ativos. Também é preciso calcular a parcela do patrimônio de A que vai ser vertida para B e C (outros ativos = 2.000 x 0,60 e outros ativos = 2.000 x 0,40), e somar os balanços. 89 CONTABILIDADE AVANÇADA Estes são os passos que devem ser seguidos para a contabilização da cisão total: • A cindida encerra as suas contas de resultado, como receitas, despesas e custos. Depois, as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido devem ser encerradas em uma conta chamada Cisão. • A empresa que vai receber o acervo reconhece todos os ativos, os passivos e o aumento do capital social em contrapartida da conta chamada Cisão. • Lançamento do ajuste a valor de mercado na empresa B. • Contabilização Lançamentos da cisão na empresa A – 60%: Cisão 4.800 a Ativos 4.800 Passivos 600 a Cisão 600 Capital social 4.200 a Cisão 4.200 Lançamentos da cisão na empresa A – 40%: Cisão 3.200 a Ativos 3.200 Passivos 400 a Cisão 400 CapitalSocial 2.800 a Cisão 2.800 Lançamentos da cisão na empresa B: Ativos 4.800 a Cisão 4.800 Cisão 600 a Passivos 600 Cisão 4.200 a Capital Social 4.200 90 Unidade II Ativos 960 a Ajustes da Variação da Avaliação Patrimonial 960 Lançamentos da cisão na empresa C: Ativos 3.200 a Cisão 3.200 Cisão 400 a Passivos 400 Cisão 2.800 a Capital Social 2.800 Saiba mais Para conhecer o CPC 15 na íntegra, basta acessar o site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis: http://www.cpc.org.br. Resumo Nesta unidade abordamos a combinação de negócios, uma operação por meio da qual o adquirente obtém o controle de um ou mais negócios, independentemente da forma jurídica da operação. Aprendemos também que compreende as operações de fusão, incorporação e cisão, que podem ser feitas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes, e deverão ser realizadas na forma prevista para a alteração dos seus estatutos ou contratos sociais. Se alguma delas envolver companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão também abertas. Aprendemos que, em razão da convergência das normas contábeis brasileiras com as normas internacionais, a legislação sobre as Demonstrações Contábeis Consolidadas passou a ser baseada nas instruções do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, por meio do Pronunciamento Técnico CPC 15, referente à Combinação de Negócios, para manter a Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS 3. A contabilização deve ser feita com a aplicação do método de aquisição. 91 CONTABILIDADE AVANÇADA O adquirente deve reconhecer o ágio por rentabilidade futura (goodwill) na data da aquisição. Este, ou o ganho proveniente de compra vantajosa, deve ser mensurado como o valor em que a soma (valor de aquisição) exceder o valor líquido (valor justo). Mais especificamente, vimos que a incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Nessa hipótese, desaparecem as sociedades incorporadas, em contraposição à sociedade incorporadora, que permanece inalterada em termos de personalidade jurídica. Ocorre a reforma do estatuto ou contrato da sociedade que incorpora. Fizemos uma comparação com a fusão, em que as sociedades fusionadas são extintas. A sociedade a ser incorporada autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à operação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. Vimos que após aprovados pela assembleia geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue‑se a incorporada, competindo à incorporadora promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. O tratamento contábil do reconhecimento da incorporação deve ser feito de maneira análoga a de uma consolidação, com a exclusão das operações entre a incorporadora e a incorporada. Aprendemos ainda sobre as operações de fusão e cisão. Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. O controle administrativo fica ao encargo da empresa maior ou mais próspera. Esse tipo de associação permite reduções de custos, mas pode levar a práticas restritivas ou monopolistas no mercado. Caracteriza‑ se pelo desaparecimento das sociedades que se fundem, para, em seu lugar, surgir uma nova sociedade. Atualmente, as grandes empresas e companhias preferem o regime da fusão econômica, mediante a criação de sociedades ou companhias controladoras ou financiadoras das sociedades que exploram o mesmo ramo de comércio ou indústria. No caso, surge uma nova entidade que soma os valores daquelas que a formam. Ocorre uma fusão entre o adquirente e os ativos líquidos de um ou mais negócios que estão sendo fundidos. 92 Unidade II A fusão se diferencia da incorporação por proporcionar o desenvolvimento de uma nova entidade, com característica e personalidade jurídica diferenciadas daquelas relativas às entidades que a compuseram levar a práticas restritivas ou monopolistas no mercado. Caracteriza‑se pelo desaparecimento das sociedades que se fundem, para, em seu lugar, surgir uma nova sociedade. Atualmente, as grandes empresas e companhias preferem o regime da fusão econômica, mediante a criação de sociedades ou companhias controladoras ou financiadoras das sociedades que exploram o mesmo ramo de comércio ou indústria. No caso, surge uma nova entidade que soma os valores daquelas que a formam. Ocorre uma fusão entre o adquirente e os ativos líquidos de um ou mais negócios que estão sendo fundidos. Abordamos também os tipos de cisão: parcial ou total. Na cisão parcial, a sociedade cindida continua a existir, ocorrendo apenas a divisão do seu capital. Dessa forma, a sucessão de direitos e obrigações é feita proporcionalmente. Já na cisão total, extingue‑se a companhia cindida, se houver a transferência de todo o seu patrimônio. Vimos também que, mais especificamente no caso de cisão total com extinção da sociedade, aquelas que absorverem parcelas do patrimônio da sociedade cindida sucederão a esta na proporção do patrimônio transferido. Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela assembleia geral da companhia. Se esta aprovar a cisão, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida e funcionará como assembleia de constituição da nova companhia. Também aprendemos que, efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e a publicação dos atos da operação. As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam. Finalmente, no caso da cisão total, aprendemos que o patrimônio da empresa cindida será plenamente repartido entre duas ou mais entidades, pois, se fosse revertido para apenas uma empresa, seria uma incorporação. 93 CONTABILIDADE AVANÇADA Exercícios Questão 1. “Art. 229. [...] é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo‑se a companhia [em questão], se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo‑se o seu capital, se parcial a versão.” Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L6404consol.htm. Acesso em: 19 dez. 2019. O trecho da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, faz referência à: A) Fusão de empresas. B) Incorporação de empresas. C) Cisão de empresas. D) Transformação de empresas. E) Falência de empresas. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: a fusão de empresas prevê a união de duas ou mais empresas. Ainda que haja o nascimento de uma nova empresa, essa última não foi constituída com o intuito de absorver o capital da empresa cindida. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a incorporação prevê a absorção de uma ou mais empresas por outra. Diferentemente do processo de cisão, o caminho da incorporação é na verdade oposto ao processo de cisão. C) Alternativa correta. Justificativa: a cisão de empresas é descrita no art. 229 da referida Lei. Trata‑se de um processo de desintegração de uma empresa e este pode ser parcial ou total. D) Alternativa incorreta. Justificativa: a transformação, como o próprio nome nos permite intuir, é a mudança do tipo societária empresa. A empresa pode deixar de ser Ltda. e passar a ser S/A. 94 Unidade II E) Alternativa incorreta. Justificativa: o trecho destacado deixa evidente que não se trata da descrição de um processo falimentar. Questão 2. “Baixo crescimento econômico agregado, crescente excesso de capacidade produtiva e altos níveis de desemprego/subemprego convertem‑se, assim, nos traços fundamentais do capitalismo monopolista.” Disponível em: https://bit.ly/38STzHH. Acessoem: 19 dez. 2019. Para tentar inibir que o mercado concorrencial subverta para poucas mãos, o Estado em uma de suas funções, a fiscalizatória, trabalha para diminuir o ímpeto de concentração de mercado em poucas firmas. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) é uma autarquia federal do Brasil que se encarrega de avaliar processos de fusões, aquisições, entre outros. Sobre o que disciplina a Lei n. 12.529, de 30 de novembro de 2011, as empresas envolvidas devem acionar o Cade se: A) Ao menos um dos grupos envolvidos tenha tido, no último balanço, faturamento igual ou superior a R$ 300.000.000,00 e, cumulativamente, o outro grupo tenha tido faturamento equivalente, nos mesmos termos, de R$ 30.000.000,00. B) Os atos e concentração que trata o art. 88 da referida lei apontam em seu § 2º que “será prévio e realizado em, no máximo, 360 (trezentos e sessenta) dias, a contar do protocolo de petição ou de sua emenda”. C) Segundo a lei, durante o período de avaliação por parte de Cade, as condições de concorrência não precisam ser preservadas. D) Segundo o Cade serão proibidas as transações que eliminem a concorrência de parte relevante do mercado, exceto se o processo de concentração implique em aumento de produtividade, por exemplo. E) O aumento da concentração não poderá ser realizado ainda que parte relevante dos benefícios decorrentes deste seja repassado aos consumidores. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: os valores previstos no primeiro e segundo incisos do art. 88 são de R$ 400 milhões e R$ 30 milhões, respectivamente. 95 CONTABILIDADE AVANÇADA B) Alternativa incorreta. Justificativa: o texto original aponta para a necessidade de 240 dias. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o parágrafo quarto da Lei trata deste assunto, e deixa claro que as condições iniciais de concorrência devem ser preservadas até a decisão final sobre a operação. D) Alternativa correta. Justificativa: segundo o parágrafo sexto da referida lei, o processo de concentração poderá ser permitido, entre outros motivos, pelo aumento da produtividade ou competitividade. E) Resposta incorreta. Justificativa: o segundo parágrafo do parágrafo sexto diz exatamente o oposto. A fusão poderá ocorrer caso parte importante dos benefícios decorrentes da fusão sejam repassada aos consumidores.
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