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José Virgínia Herculano HISTÓRIA DA OCEANOGRAFIA GERAL IMPORTANCIA DOS OCEANOS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS OCEANOS CIRCULAÇÃO OCEÁNICA Licenciatura em Física Universidade Save Massinga 2022 2 José Virgínia Herculano HISTÓRIA DA OCEANOGRAFIA GERAL IMPORTANCIA DOS OCEANOS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS OCEANOS CIRCULAÇÃO OCEÁNICA O Docente: Dr. Flugêncio Punguane Universidade Save Massinga 2022 Trabalho de pesquisa a ser apresentado na Faculdade de Ciências Naturais e Exactas, Departamento de Ciências Naturais, curso de Licenciatura em Física, como Requisito Parcial para efeitos de avaliação na cadeira de Oceanografia Geral. 3 Índice 1. Introdução............................................................................................................................4 1.1. Objectivos.....................................................................................................................5 1.1.1. Geral......................................................................................................................5 1.1.2. Específicos............................................................................................................5 1.2. Metodologias................................................................................................................5 2. História da Oceanografia.....................................................................................................6 2.1. No Mundo....................................................................................................................6 2.2. Em Moçambique..........................................................................................................8 3. Situação actual da oceanografia..........................................................................................9 4. Importância dos mares para a vida no planeta.....................................................................9 4.1. Importância dos mares o Homem no Passado............................................................10 4.2. Importância dos mares o Homem no Presente...........................................................11 5. Interacção Oceano-Atmosfera...........................................................................................11 5.1. As trocas da água........................................................................................................11 5.2. As trocas de oxigénio e de dióxido de carbono..........................................................12 6. Propriedades físicas da água do mar..................................................................................14 6.1. Salinidade...................................................................................................................14 6.2. Temperatura...............................................................................................................16 6.3. Densidade...................................................................................................................17 7. Propagação do som e luz na água do mar..........................................................................20 7.1. Propagação do som na água do mar...........................................................................20 7.2. Propagação da luz na água do mar.............................................................................22 8. Circulação Oceânica..........................................................................................................23 8.1. Circulação Oceânica Superficial (gerada pelo Vento)...............................................23 8.2. Circulação Oceânica Profunda (Termohalina)...........................................................25 9. Circulação estuarina..........................................................................................................26 10. Conclusão.......................................................................................................................28 11. Referências Bibliográficas.............................................................................................29 II PARTE – Resolução da Tarefa.............................................................................................30 4 12. Qual é o impacto directo e indirecto dos oceanos no planeta?......................................30 13. Equação da fotossíntese.................................................................................................31 14. Processo de produção do Clorecto de Sódio..................................................................32 5 1. Introdução O conhecimento do ambiente marinho ainda é limitado, já que, diferentemente dos ambientes continentais emersos, que têm os seus componentes visíveis, o mar mostra apenas as suas interfaces água-costa e água-atmosfera, compreendendo uma superfície aparentemente monótona. No entanto, é abaixo da superfície que ocorrem processos complexos, que condicionam em grande parte a vida nos oceanos e no planeta. Para o adequado entendimento dos processos oceanográficos, são necessárias informações sobre variáveis físicas, químicas e geológicas, tais como temperatura, salinidade, luz, gases e nutrientes dissolvidos, partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão, entre outras, obtidas com o auxílio de uma vasta gama de instrumentos e técnicas (Calazans, 2011). O principal foco desta pesquisa meramente bibliográfica, é de buscar compreender os principais conteúdos oceanográficos, desde o historial desta ciência no mundo em geral e Moçambique, de forma especifica, as propriedades físicas da água dos oceanos, a circulação da oceânica, entre outros pontos que se tomaram como foco nesta investigação. Tal como referiu-se no parágrafo anterior, esta pesquisa é meramente bibliográfica, isto é, basear-se-á na leitura de obras físicas assim como electrónicas para tornar possível a realização do mesmo. 6 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral Compreender a ciência dos oceanos, desde o seu historial até á sua circulação. 1.1.2. Específicos Explicar a evolução da oceanografia no mundo e em Moçambique; Explicar a situação actual da oceanografia; Identificar as propriedades físicas da água do mar; Analisar a variação da temperatura, salinidade e densidade das águas oceânicas; Mencionar os tipos de circulação oceânica; Caracterizar os tipos de circulação oceânica; Explicar a circulação estuarina. 1.2. Metodologias Para a elaboração do presente trabalho recorreu-se a diversas pesquisas bibliográficas de diversos autores e consultas na internet, onde foi necessário a leitura e síntese da informação que consta deste trabalho. 7 2. História da Oceanografa 2.1. No Mundo Segundo Castello & Krug (2017) divide a evolução dos estudos sobre os oceanos em três períodos: O primeiro – que remonta aos primórdios da navegação, período em que os pioneiros da arte passaram a registar suas observações sobre pontos de referência visuais na costa, astros celestes, direcção dos ventos, correntes e sobre tudo aquilo que pudesse facilitar suas necessidades básicas de ir e vir. O segundo - que refere-se a empreendimentos mais organizados e sistemáticos, com a aplicação de procedimentos científicos; O terceiro – que compreende a Oceanografia moderna, como hoje é conhecida, com o crescente uso de recursos tecnológicos para a obtenção de dados, reconhecimento de grandes áreas geográficas, modernas embarcações e cooperação internacional. Pesquisadores da plataforma Portal Educação, referem na sua obra intitulada “Oceanografia Geral” (2012) que as propensões do homem pelo mar são muito antigos, entretanto, só pôde começar seus estudos científicos a partir do século XVII, depois da revolução científica na Europa Ocidental. De entre vários cientistas que tiveram papel de destaque na revolução da oceanografianeste período e que também ocasionalmente estudaram o mar, destacam-se: Issac newton (1643-1742) - que através das suas leis de gravitação, as quais explicam a atracção gravitacional entre a terra e a lua, que explica as marés. Edmund Halley (1656-1742) - que calculou a orbita do cometa e estudou os ventos alísios. Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) - foi o primeiro a analisar quimicamente a água do mar. James Cook - foi um dos primeiros exploradores científicos dos oceanos. Em 1758, com o navio Endeavour, fez diversos estudos astronómicos no Pacifico Sul, realizou sondagens de profundidades, mediu correntes, ventos, mapeou ilhas e obteve informações sobre recifes de corais. Bejamin Franlin - percebeu que os navios que iam dos Estados Unidos a Europa moviam-se mais rapidamente do que em sentido inverso. Através de medições da temperatura da água descobriu a Corrente de Golfo (nomeado por ele) em 1768. Charles Darwin – que durante a viagem do HMS Beagle (1831 e 1836), colectou informações que o levaram a desenvolver a sua revolucionária teoria sobre a origem das espécies. 8 Edward Forbes (1815-1845) - um pioneiro em Oceanografia Biológica, estudou a vida nos oceanos e postulou a falta de vida debaixo dos 600m de profundidade (Teoria de Azóica). Porém a sua teoria foi refutada a partir de 1860, quando cabos oceânicos içados à superfície para reparos trouxeram inúmeros organismos vivos fixos em suas estruturas. Esta descoberta estimulou muitos cientistas a investigarem a vida marinha. Mattew Fontaine Maury – que em 1853, organizou a primeira conferência internacional de meteorologia em Bruxelas na Bélgica, para estabelecer uma uniformização dos métodos náuticos e observações meteorológicas no mar. Em 1855 ele publicou o primeiro livro de Oceanografia em língua Inglesa, um atlas das condições do mar e direcção dos ventos. Por estas iniciativas, Maury é frequentemente referido como o pai da Oceanografia moderna. Frdjof Nansen (1861-1930) - o grandioso zoologista, artista e ganhador do premio Nobel. Apesar de Nansen ter falhado em chegar ao pólo norte (seu navio congelou num pacote de gelo do oceano Ártico), ele foi o homem que alcançou a posição mais ao norte que um homem jamais havia ido naquela ‘época. A garrafa de colecta de água que ele projectou e até hoje usada para colecta de amostras (garrafa de Nansen). Refira-se que a primeira expedição que marca o início da oceanografia moderna foi à expedição de um navio de marinha real britânica, o HMS Challenger sob direcção do Sir. C. Wyville Thompson, que iniciou em 23 de Dezembro do ano 1872, com 243 tripulantes e 6 cientistas, tendo percorrido 110 mil km por oceano durante três anos e meio. Os pescadores abordo descreveram um número recorde de novas espécies marinhas (4.417), realizaram 492 medidas de profundidade, 133 dragagens e 363 estacões oceanográficas. Os resultados da viagem do Challenger geraram uma publicação com 50 volumes, no total de 29500 páginas com 3000 ilustrações, o que marcou o nascimento da moderna ciência oceanográfica. A partir dessa época, a Oceanografia experimentou um desenvolvimento crescente, que se intensificou especialmente com os progressos tecnológicos que permitiram a construção de equipamentos cada mais sofisticados para a exploração directa e indirecta do ambiente marinho. Já no século XX, a viagem do navio alemão Meteor (1925 – 1927) proporcionou grande contribuição sobre a circulação oceânica no Atlântico Sul. Nos anos 50 a Oceanografia teve um grande impulso devido à Segunda Guerra Mundial, quando foram desenvolvidos diversos equipamentos para a utilização na guerra que puderam ser aperfeiçoados e utilizados na pesquisa oceanográfica. Entre 1957 e 1958, a realização do Ano Geofísico Internacional mobilizou uma força tarefa de mais de 20 mil pesquisadores de 66 países para a investigação dos fenómenos físicos da 9 Terra, incluindo os fenómenos oceanográficos. Como resultado disso, os anos 70 foram designados como a “Década Internacional de Exploração dos Oceanos”. A necessidade de se investigar o oceano de forma sistemática forçou a formação de comissões científicas internacionais, como o Comité Científico de Pesquisa Oceânica (SCOR), a qual desencadeou várias pesquisas oceanográficas em diferentes países do mundo. 2.2. Em Moçambique Paloschi (2016) afirma que aspectos oceanográficos do canal de Moçambique eram inexistentes até a descoberta de vórtices altamente variáveis, frequentemente dipolos (pareamento de um ciclone e um anticiclone), que se formam na região próxima a Comoros. Como resultado da vorticidade importada para a Corrente Sul Equatorial (SEC), conforme esta flui em torno da região norte de Madagáscar, vórtices ciclónicos e anticiclónicos são gerados. Algumas vezes um giro mais amplo também é formado, circulando em volta das Ilhas Comoros. Foi nesta senda que surgem as primeiras propensões sobre a investigação da área oceanográfica em Moçambique tendo, portanto, participado do Workshop “O Papel da Investigação na Gestão da Zona Costeira” realizado em 1996 em Maputo. Desde a realização do referido Workshop, várias actividades de investigação e gestão surgiram e foram levadas a cabo, tendo como principal foco a compreensão do comportamento das zonas costeiras, de entre elas destacam-se: Investigações dos processos naturais e físicos que englobam entre outros temas correntes, marés, erosão costeira e intrusão salina nos estuários; A planificação e criação de cursos de formação técnica e superior sobre a área de oceanografia, piscicultura, produção pesqueira, etc. A discussão e o estabelecimento de formas de divulgação e disseminação de informação técnico-científica dos oceanos e mares; A realização de conferências nacionais sobre a investigação na zona costeira, durante cada período mínimo de 4 anos; A criação de fundos de investigação, tais como PROAGRI, WIOMSA, IUCN, Fundo do Ambiente, Fundo do Turismo, etc. Como forma de complementar as deliberações do Workshop de 1996, temos: A realização da II Conferência Nacional sobre Investigação nas Zonas Costeiras no ano 2000; A realização da II Conferência Nacional sobre Investigação nas Zonas Costeiras em 2004, na qual 50 comunicações foram apresentadas e 150 participantes estiveram presentes na conferência; 10 Realizado de 5 a 8 de 2005, o III Congresso sobre as zonas costeiras dos países de Expressão Portuguesa, sob o tema “Perspectivas de Gestão e Sustentabilidade da Zona Costeira”. 3. Situação actual da oceanografa Nas últimas décadas, a oceanografia passou a receber maior atenção pelos investigadores, à medida que a sociedade foi adquirindo uma consciência mais profunda sobre a importância desse ambiente para a humanidade. Um relatório de 2019 do Painel Intergovernamental das Nações Unidas (ONU) sobre as Mudanças Climáticas alertou que, sem “profundas transformações económicas e institucionais”, haveria danos irreversíveis aos oceanos e ao gelo marinho. E isso pode afectar, alem do modo de vida, a economia global de maneira imediata. O quadro somado à falta de informações científicas sobre os oceanos, é um dos motivos que levou com que a ONU declarasse o período entre 2021 e 2030 como a Década da Oceanografia. De acordo com este relatório, a ciência e a cultura (UNESCO), um braço da ONU, de 2017, a oceanografia representa somente 0,04% a 4% do total de pesquisas e investimentos desenvolvimento por parte dos governos ao redor do mundo. Hoje em dia, mais de 100 companhias são responsáveis por facturar na área marinha. 4. Importância dos mares para a vida no planeta Campos, (2014), afirma que a água é uma substância essencial para aexistência e a sustentabilidade da vida no planeta Terra. O oceano, com quase todo o volume da água do planeta, cobre quase três quartos da superfície da Terra. Isso faz dele um componente fundamental no ciclo hidrológico – o processo pelo qual a água é continuamente transferida do oceano para as nuvens, para os continentes e de volta para o oceano. A água é a substância com o maior calor específico entre as comumente encontradas no ambiente terrestre – a única substância natural com calor específico superior ao da água é a amónia líquida. O grande volume e a alta capacidade térmica da água fazem do oceano média de aproximadamente 4 mil metros. Com 97% de todo o volume de água do planeta, o oceano desempenha papel-chave no ciclo hidrológico, processo pelo qual a água é continuamente transferida entre os diferentes compartimentos do sistema regulador do sistema climático, reduzindo as diferenças de temperatura e criando um ambiente propício para a vida em quase toda a superfície da Terra. A água faz também com que, no oceano, as respostas a alterações nos forçantes do clima sejam bem mais lentas do que na atmosfera. Dessa forma, o oceano age como um atenuador da velocidade com que o clima em geral é afectado por essas mudanças. (Campos, 2014) 11 4.1. Importância dos mares o Homem no Passado Segundo Pereira (2001), no passado, os oceanos e mares serviam de vias para que os navegadores atingissem terras desconhecidas. Na antiguidade serviam como caminhos ou vias de comunicação dos mercados ultramarinos. Por via dos oceanos e mares, interligavam-se as economias do mundo. As novas rotas marítimas de longa distância foram essenciais para a expansão rápida do comércio. Pereira, sublinha ainda que o arranjo de oceanos e continentes na superfície é um factor determinante para as mudanças climáticas e para a evolução das espécies. No inicio do Cenozóico (60 milhões de anos atrás), a existência de um mar circum-equatorial (por exemplo), como o Mar de Ténis, favorecia um forte aquecimento das águas oceânicas e, portanto, uma maior distribuição do calor no planeta. Em contrapartida, a formação de um oceano em torno da Antártica, há cerca de 30 milhões de anos, era tida como parcialmente responsável pelo isolamento térmico daquele continente, que teve, como efeitos significativos na circulação oceânica e no clima do planeta. Em suma, os oceanos e mares foram de grande importância na organização territorial do mundo, na distribuição geográfica mundial, na organização dos tratos e das redes mercantis, na circulação do capital a partir do momento em que permitiam a interconexão entre os grupos de comerciantes antigos. Através da permissão dessas trocas marinhas entre diferentes grupos territoriais, os oceanos e mares foram de grande importância na construção de grandes riquezas em grandes cidades, como por exemplo, a Espanha que tinha um movimento expansionista marítimo atlântico, tendo apossando-se de grande parte da América, obtendo monopólio da prata e ouro extraídos das suas possessões no chamado novo mundo. (Riley. In: Bethencourt & Chaudhuri, 1998). 4.2. Importância dos mares o Homem no Presente Nas últimas décadas, o oceano passou a receber maior atenção, à medida que a sociedade foi adquirindo uma consciência mais profunda sobre a importância desse ambiente para a humanidade. O comércio e as comunicações internacionais, a obtenção de proteínas marinhas (extraídas e cultivadas), a biodiversidade, as fontes de energia, a exploração de combustíveis e 12 minerais, a modulação do clima, entre outros, são temas da maior importância, não apenas para os países com litoral marinho, mas para todo o planeta. (Castello & Krug, 2017) Os estudos sobre os oceanos têm revelado a enorme diversidade e complexidade dos seres vivos que habitam as águas marinhas. Alguns desses seres, em especial aqueles que habitam camadas de águas mais próximas da superfície, são recursos pesqueiros, que constituem uma importante fonte de proteína marinha. Parte considerável desses recursos, no entanto, encontra-se ameaçada em razão da super-exploração. 5. Interacção Oceano-Atmosfera Tokinaga et al. (2005), Pezzi et al. (2005, 2009, 2016), Acevedo et. al. (2010), Camargo et al. (2013), entre outros, argumentam que o entendimento dos processos de interacção Oceano-Atmosfera permitirá uma melhor compreensão sobre o papel dos oceanos no tempo e clima do planeta. Os processos que ocorrem na interface entre o oceano e a atmosfera são complexos. O acoplamento no sistema Oceano-Atmosfera ocorre através das interacções na interface entre a superfície do mar e a CLA, onde se processam as trocas de momentum, energia e gases entre os dois sistemas. O oceano supre a atmosfera com vapor de água e energia que, consequentemente, influenciam o ciclo hidrológico e o balanço energético da atmosfera. A atmosfera, por sua vez, fornece para os oceanos água na forma de precipitação que afecta a origem das massas de água, além de momentum e energia calorífica, que força as ondas, as correntes geradas pelo vento e a circulação termohalina global. 5.1. As trocas da água A evaporação no oceano ocorre predominantemente em regiões subtropicais, com temperaturas da superfície do mar (TSM) mais altas e com pouca cobertura de nuvens. Essa mudança de estado retira grande quantidade de calor do oceano, esfriando sua superfície. Na atmosfera, o vapor de água é transportado pelos ventos, e a precipitação ocorre predominantemente na Zona de Convergência Intertropical (ITCZ, na sigla em inglês), longe das áreas de maior evaporação. 13 O esquema seguinte dá uma ideia das trocas de água entre os oceanos, a atmosfera e as terras emersas (fig.1) e pode considerar-se um ciclo da água mini completo. Figura 1: Ciclo Hidrológico (Fonte: Campos, 2014). 5.2. As trocas de oxigénio e de dióxido de carbono Pereira (2001), afirma que a produção de oxigénio e de dióxido de carbono nas águas oceânicas está directamente ligado à actividade dos seres vivos, como vimos anteriormente. A fotossíntese e a respiração, associadas à decomposição dos seres vivos, são responsáveis pelas variações destes dois gases (fig.2). Esta actividade biológica é fundamental, porque, apesar das águas oceânicas só possuírem 1% da reserva total de oxigénio livre, elas asseguram 78% da renovação de O2 atmosférico (o restante provém das áreas emersas). Mas as águas oceânicas também controlam o dióxido de carbono presente, que é consumido pela fotossíntese, como se referiu, por processos biológicos que conduzem à formação dos esqueletos animais carbonatados e também por dissolução das rochas carbonatadas. O CO2 é o terceiro gás dissolvido, a seguir ao azoto e ao oxigénio. O carbono inorgânico nas águas oceânicas adquire várias formas químicas: dissolvido, entrando e saindo nas trocas com a atmosfera, e como iões de carbonato (CO32-) e bicarbonato (HCO3-), transportados pelas águas continentais e provenientes da meteorização das rochas (reacções promovidas pela água rica em dióxido de carbono com as rochas das terras emersas). 14 Os oceanos controlam o CO2 existente na atmosfera porque a sua capacidade de o absorver em compostos químicos, é cerca de cem vezes a capacidade da atmosfera, razão porque contém cerca de sessenta vezes mais carbono do que a atmosfera. Figura 2: Variação do teor em O2 e CO2 com a profundidade, bem como as designações dos ambientes biológicos. (Fonte: Campos, 2014). Pezzi et al. (2005, 2009) e Acevedo et al. (2010) avaliaram o comportamento sinóptico da CLA em função da condição termodinâmica da camada limite oceânica. Os resultados desses autores demonstram que, na ausência de sistemas atmosféricos de grande escala actuantes na região (frentes frias e ciclones extra-tropicais),os grandes contraste termais horizontais típicos da frente oceanográfica que caracteriza a região da CBM modulam localmente a CLA. A reversão na direcção dos ventos em baixos níveis em função da estação do ano é um factor determinante para o clima de algumas regiões tropicais do planeta. Este esquema de circulação atmosférica que afecta as características precipitação, determina a ocorrência de verões húmidos e invernos secos. Estas reversões na circulação ocorrem principalmente devido ao surgimento de intensos gradientes termais devido a diferença de aquecimento entre o continente e regiões oceânicas adjacentes, seguindo a marcha sazonal climática (Trenberth et al., 2006). Esta reversão na circulação atmosférica em baixos níveis é denominado de monção e já foi objecto de estudo de vários autores como Moran e Morgan (1986), Trenberth et al. (2006), Zhang e Wang (2008), Gan et al. (2009). 6. Propriedades fsicas da água do mar 15 De acordo com Castello & Krug (2017), a água do mar é um fluido complexo formado por água pura, sais e gases dissolvidos, substâncias orgânicas dissolvidas e, também, inorgânicas particuladas. A presença de sais, em uma proporção aproximada de 3,5% do volume total dos oceanos, causa impacto em diversas propriedades, provocando um comportamento totalmente distinto daquele da água doce. As propriedades físicas afectadas são: compressibilidade da água; velocidade de propagação do som; densidade; condutividade eléctrica; índice de refracção da luz; temperatura de máxima densidade, e o ponto de congelamento. Entre estas, a distribuição da densidade das águas, que é resultante da combinação dos efeitos da salinidade e da temperatura, tem um papel decisivo na circulação oceânica. 6.1. Salinidade Água do mar contém, entre seus elementos mais importantes, os iões de cloro, sódio, enxofre, magnésio e cálcio. Em 1877, por meio da análise de amostras de água colectadas em todos os oceanos do mundo pela expedição do navio HMS Challenger, Dittmar elaborou sua conhecida lei da constância das proporções, a qual diz, em linhas gerais, que a salinidade varia de lugar para lugar, mas a proporção entre os elementos que a constituem permanece a mesma. A salinidade foi inicialmente definida como a quantidade total de substâncias dissolvidas, dada em gramas, contida em um quilograma de água do mar após total evaporação. (Castello & Krug, 2017) Em 1 quilograma de água do mar há em média 35 gramas de compostos dissolvidos, chamados sais inorgânicos, ou seja, 96,5% da água do mar é constituída de água pura e 3,5% de sais. A composição da água do mar é bastante diversa e contém a maioria dos elementos conhecidos, porém os elementos mais abundantes (conservativos) são apenas seis, e representam 99,28% do peso total do material dissolvido, sendo que o sal mais abundante é o NaCl (sal de cozinha) que corresponde a 86%. A quantidade total de sais dissolvidos nos oceanos é estimada em 5x106 toneladas, esta quantidade seria capaz de cobrir a Terra com uma camada de 40 metros de espessura apenas de sais. Uma característica importante da salinidade é que enquanto a concentração total de sais dissolvidos varia de lugar para lugar, a proporção ou razão entre eles permanece constante. Esta propriedade mostra que os oceanos tornaram-se bem misturados ao longo do tempo geológico. A maior importância desta propriedade para a oceanografia é que basta medir a concentração de um elemento conservativo (Tabela 1) que através de proporção é possível conhecer a concentração dos demais. Alguns locais específicos, devido ao aporte de água 16 doce ou condições diferenciadas de circulação, a constância dos sais pode ser alterada como em baías fechadas, estuários, lagunas, fiordes. Os principais factores que controlam a salinidade são: (a) balanço entre evaporação e precipitação, que aumenta e diminui a concentração de sais na água respectivamente; (b) grau de mistura entre as águas superficiais e profundas. A distribuição superficial da salinidade também é zonal conforme a latitude, porém não tão claramente definido como a distribuição da temperatura. Na região equatorial a salinidade é menor, pois há maior precipitação e menor evaporação, pois nestas regiões ocorrem centros de baixa pressão atmosférica (ciclónicas) onde o ar quente se eleva provocando nuvens e chuvas. Figura 3: Variação da salinidade em função da condutividade para duas temperaturas. (Fonte: IVANOFF, 1961). Nos trópicos a salinidade se eleva, pois a taxa de evaporação é alta, devido à acção de ventos constantes denominados de alísios, típicos da região. Importa sublinhar que há uma clara dependência da temperatura para a variação da salinidade, por isso os sensores de hoje lê primeiro a temperatura da água, para depois transformar o valor da condutividade em concentração de sais. 17 6.2. Temperatura A temperatura é uma propriedade física que caracteriza o equilíbrio térmico de um sistema, e/ou o equilíbrio térmico de um sistema com outro, sendo medida em graus Célsius (ºC) no sistema internacional de unidades (SI). (Portal Educação, 2012) A temperatura da água do mar apresenta variabilidade tanto na escala vertical quanto horizontal, mas as variações horizontais são menores que as variações verticais. A variação horizontal da temperatura superficial dos oceanos apresenta zonação conforme a latitude, ou seja, formam-se linhas de mesma temperatura denominadas de isotermas (Figura 4). As temperaturas superficiais decrescem de 28 ºC em baixas latitudes para até -2ºC em altas latitudes. Nas regiões temperadas os gradientes são maiores do que nas regiões tropicais e polares. De forma geral a temperatura altera-se em média 0,5ºC para cada grau de latitude percorrido. Figura 4: Temperatura superficial do mar média para os oceanos globais. É possível observar a distribuição das isotermas conforme a latitude. Fonte: (Tomczak & Godfrey, 1994). Nas regiões costeiras, principalmente nos contornos oeste dos continentes, ocorre o fenómeno denominado de ressurgência (upwelling), que se caracteriza pelo afloramento de águas profundas, geralmente frias e ricas em nutrientes, para regiões menos profundas dos oceanos. De acordo com Portal Educação (2012), a distribuição vertical da temperatura na coluna de água geralmente decresce com a profundidade. É possível distinguir três regiões distintas ao longo da coluna de água: (1) zona de mistura: se prolonga até 200 m, possui temperaturas similares às da superfície do mar devido aos processos de mistura ocasionadas pela acção dos ventos, ondas e correntes; (2) zona de termoclina: ocorre entre 200 e 1000 metros, onde a temperatura diminui abruptamente com a profundidade; (3) zona profunda: onde a temperatura varia suavemente a 18 partir de 1000 m até o fundo. Porém este padrão varia conforme a latitude, dividindo-se nas seguintes zonas: a) Baixas latitudes: Apresentam temperaturas típicas de 20 ºC na superfície, 8ºC a 500 m, 5ºC a 1.000 m e 2ºC a 4.000 m; Não existe grande variabilidade entre as estações do ano; Apresenta camada de mistura superficial; Possui termoclina permanente durante todo o ano; b) Médias latitudes: Grande variabilidade anual entre as estações de inverno e verão; Termoclina sazonal: ocorre somente durante o verão, pois aumenta a temperatura superficial e há menor mistura; Durante o inverno ocorrem fortes ventos e correntes, além da acção de grandes ondas que causam a mistura. c) Altas latitudes: Não há termoclina; Temperatura é praticamente uniforme ao longo da coluna de água; Maior parte da superfície é recoberta por gelo durante o inverno. Conforme estabelecido anteriormente, a camada de mistura é limitada pela máxima propagação da radiação solar e da acção dos ventos. Assim, espera-se nessa camada uma variação da temperaturaem função da latitude. Isso pode ser comprovado ao analisar-se a Figura 5.5, que mostra os máximos valores ocorrendo na região equatorial, em torno de 28 °C a 29 °C, e o decréscimo em direcção às altas latitudes, com valores negativos (em torno de -2 °C). Isso mostra o carácter zonal da temperatura. 6.3. Densidade A densidade é a propriedade que dita a forma como as águas oceânicas se distribuem verticalmente. Numa condição normal, dita estável, a densidade tende a aumentar com a profundidade. (Castello & Krug, 2017) A densidade é um factor muito importante na oceanografia, pois diferenças na densidade produzem movimentos de águas, chamada de circulação termohalina. A densidade é definida como a relação entre a massa de qualquer substância e seu volume, a unidade mais utilizada é quilogramas por metro cúbico (kg/m3) sendo representada pela letra grega ρ (rho). A densidade varia em função de mudanças na temperatura (T), salinidade (S) e pressão. Conforme descrito 19 anteriormente, em oceanografia costuma-se desprezar os efeitos da pressão sobre a densidade. A temperatura e a salinidade são propriedades conservativas, desta forma é possível identificar diferentes massas de água através de combinações características de T e S, e ainda traçar seu caminho a partir da sua origem. De forma simplificada: a T e a S seriam as “identidades” das massas de água, pois cada massa de água possui a sua combinação específica de T e S. (Portal Educação, 2012) Figura 6: Variação da densidade em função da temperatura (a) e da salinidade (b). (Fonte: Haefner, 1996). É importante ressaltar que a densidade das camadas mais superficiais das águas de altas latitudes é praticamente igual à da camada de mistura. Isso é uma indicação de que as águas dessa camada em latitudes menores são oriundas de áreas de altas latitudes, mostrando os efeitos da circulação termo-halina aos casos de salinidade e temperatura, a picnoclina é uma descontinuidade da densidade com a profundidade. Figura 7: (a) Distribuição vertical de densidade (Sigma t) para o Oceano Atlântico Sul em baixas (azul) e médias (vermelho) latitudes; (b) Altas latitudes. Os perfis de densidade correspondem aos de salinidade e de temperatura 20 das Figuras 5.3 e 5.6, respectivamente. (Fonte: Dados obtidos no World Ocean Database, 2009, http://www.nodc.noaa.gov/OC5/WOD/pr_wod.html). De forma resumida, a variação da temperatura superficial, salinidade e densidade com a latitude pode ser descrita na figura à seguir (Fig. 8): Figura 8: Variação da temperatura superficial, salinidade e densidade com a latitude. (Fonte: Suckow et al., 1995). http://www.nodc.noaa.gov/OC5/WOD/pr_wod.html 21 7. Propagação do som e luz na água do mar 7.1. Propagação do som na água do mar Tal como afirmam Castello & Krug (2017), A utilização de equipamentos baseados em métodos acústicos tem sido o meio mais eficiente de distinguir formas de seres e objectos na água do mar e de determinar a profundidade de áreas oceânicas. Transdutores acústicos têm sido usados para localizar e caracterizar cardumes de espécies comerciais de pescados e também em condições de guerra submarina. Refira-se por esses autores que a velocidade do som depende da salinidade, da temperatura e da pressão. Começando pela salinidade, um aumento desta significa um aumento de densidade e, também, do coeficiente de compressibilidade. Se esses dois termos forem tratados de forma separada, a diminuição de velocidade causada pelo aumento de densidade é menor do que o aumento causado pela diminuição da compressibilidade. Como conclusão, a velocidade do som é directamente proporcional à salinidade. Para a variação de uma unidade de sal, a velocidade do som aumenta em 1,3 m/s. Temperatura e densidade têm uma relação inversa e com isso a velocidade do som é directamente proporcional à temperatura, numa razão de 3 m/s por grau de temperatura. A temperatura é, portanto, o factor mais importante no controle da velocidade do som. Isso é válido, sobretudo, na camada superior do oceano, que engloba a termoclina. Da mesma forma que a salinidade, o efeito da pressão na compressibilidade da água do mar é mais importante do que sobre a densidade, e a velocidade do som vai aumentar em 1,8 m/s a cada 100 m de profundidade. A pressão começa a ser dominante no perfil de velocidade do som a partir da base da termoclina, quando o efeito da temperatura é reduzido. Esse maior efeito da temperatura e da profundidade sobre a velocidade do som fez com que equipamentos como o X, que só medem o perfil de temperatura em profundidade, se tornassem básicos para essas medições. Existem vários métodos empíricos para o cálculo da velocidade do som na água do mar. O mais utilizado actualmente é a equação de Chen e Millero (descrita já a seguir) também conhecida como o algoritmo da UNESCO. Essa equação é aplicada para o cálculo da velocidade do som para um perfil medido com, por exemplo, um CTD. Normalmente esses equipamentos trazem a possibilidade de se obter automaticamente o perfil de velocidade do som por meio de uma subrotina em seus programas. ¿C s ,t , p Cw (t , p )+ A (t , p ) S+B (t , p ) S 3 2+D( t , p)S2 22 As variáveis Cw (t , p ) , A (t , p ) ,B (t , p ) e D (t , p) são calculados por meio de polinómios e T, P e S são, respectivamente, a temperatura em graus centígrados, a pressão em bar e a salinidade. A equação é válida para a temperatura entre 0oC e 40oC; salinidade entre 0 e 40 unidades, e pressão entre 0 e 1.000 bar (~10.000 m). A velocidade média do som na água do mar é da ordem de 1.500 m/s. A variação da velocidade do som na água do mar pode ser resumida nas seguintes figuras: Figura 9: Perfil vertical da velocidade do som em função das camadas observadas na distribuição de temperatura em profundidade. Na zona centrada em torno do mínimo de velocidade do som aparece o canal acústico, chamado, na literatura inglesa, SoFaR (sound, fixing and ranging). (Fonte: Suckow et al., 1995). 23 Figura 10: Variação da velocidade do som (C) com a profundidade e trajectória dos raios sonoros com o transdutor (emissor, fonte) acústico colocado em posição de quatro diferentes perfis verticais de velocidade de som. (Fonte: MCLELLAN, 1965). 7.2. Propagação da luz na água do mar A incidência da radiação solar sobre a superfície da Terra pode ser considerada como a fonte de energia inicial de vários processos, incluindo a movimentação das massas de ar, os ventos, que geram no oceano movimentos importantes, na forma de correntes e ondas. Parte da radiação que se propaga para dentro da camada de mistura do oceano não só contribui para o aquecimento dessa capa, como também propicia o desenvolvimento de organismos fitoplanctônicos, por meio da fotossíntese. (Castello & Krug, 2017) A radiação solar, que incide sobre a superfície do mar com um determinado ângulo, pode ser parcialmente reflectida de volta à atmosfera, em forma de ângulo de reflexão. No entanto, a maior parte é absorvida pela camada superior do oceano, conforme representado na Figura 11. Convém observar que o raio refractado aproxima-se da normal, pois a velocidade da luz é menor na água do que no ar. Na água do mar, em decorrência da presença de sais, o índice ou coeficiente de refracção da luz, estabelecido de forma geral na equação apresentada já a seguir, é maior do que o da água doce para a mesma temperatura. O índice de refracção é directamente proporcional à salinidade e inversamente à temperatura, conforme mostrado na Figura 11. Figura 11: (a) Incidência da radiação solar na superfície do oceano (NM) com os processos de reflexão e a refracção da onda incidente e seus respectivos ângulos ai, ar e arf ; e (b) variação do índice de refracção da luz como função da salinidade e temperatura. (Fonte: MCLELLAN, 1965).Diversos estudos baseados em medições têm demonstrado que essa radiação que incide com intensidade I0, é exponencialmente atenuada com o aumento da profundidade (z). Esse 24 processo pode ser representado pela equação seguinte: I z=I0 e −az, onde I z e I 0 são respectivamente, as intensidades luminosas na superfície e na profundidade z, enquanto a é o coeficiente de extinção da luz, que é adimensional, isto é, tem unidades de m−1. 8. Circulação Oceânica A circulação oceânica é geralmente separada nas componentes geradas pelo vento e termo- halina apenas para fins didácticos. Na realidade essas circulações estão superpostas uma a outra. A circulação termo-halina é dominante nas camadas mais profundas, enquanto a circulação gerada pelo vento é dominante nas camadas superiores. A circulação termo-halina é aquela que resulta de variações na densidade da água do mar, que, por sua vez, estão associadas a ganhos ou perdas de calor e sal. (Castello & Krug, 2017) Noutra linguagem, afirma-se que a circulação oceânica pode ser dividida em circulação superficial (controlada principalmente pelo vento) e a circulação profunda (controlada pela densidade - termohalina), entretanto, ambas são primeiramente controladas pela energia solar. 8.1. Circulação Oceânica Superficial (gerada pelo Vento) Está circulação está associada ao sistema de ventos na atmosfera, tornando-se, assim, necessário o conhecimento do mesmo. Portanto, na atmosfera existem sistemas relativamente permanentes, chamados de centros de alta pressão que ocorrem sobre os pólos e em latitudes tropicais, e os centros de baixa pressão que ocorrem nas regiões equatoriais e temperadas. Estes centros são causados por diferenças de temperatura, os centros de baixa pressão ocorrem quando o ar se aquece, diminui sua densidade e sobe. Já os centros de alta pressão ocorrem quando o ar se resfria, torna-se mais denso e desce. A diferença de pressão entre essas áreas (alta e baixa pressão) é denominada de gradiente de pressão atmosférica e gera o movimento horizontal do ar, ou seja, o vento. Desta forma criam-se os sistemas de vento na atmosfera terrestre. Figura 12: Representação esquemática de centros de alta pressão (AP) e baixa pressão (BP) atmosférica 25 As correntes superficiais marinhas estão entre os primeiros fenómenos oceanográficos estudados, devido a sua importância para a navegação comercial. Hoje em dia, praticamente todas as maiores correntes superficiais são bem conhecidas (Figura 13). O sistema de correntes superficiais marinhas é resultado não apenas da fricção do vento, mas também da geometria do fundo oceânico, do movimento de rotação da Terra e das massas continentais. Este sistema não é constante e apresenta variabilidade em intensidades e direcções em função do tempo. Como exemplo, a circulação geral no Oceano Atlântico Sudoeste é caracterizada pelo fluxo da Corrente do Brasil (CB), de origem tropical, em direcção ao pólo sul, e pelo fluxo oposto da Corrente das Malvinas (CM), de origem subantártica (Legeckis & Gordon, 1982). A CB constitui a corrente de contorno oeste do Atlântico Sul, e origina-se pela bifurcação da Corrente Sul Equatorial (~10ºS). Esta flui, então, para sul como uma corrente superficial rasa, praticamente confinada entre a borda externa da plataforma e o talude continental (Castro, 1996). A CB carrega águas quentes e oligotróficas em direcção às altas latitudes, acompanhando a linha de quebra da plataforma continental até aproximadamente 36ºS. Nesta latitude a CB encontra-se com a CM criando uma das regiões mais energéticas da Terra, com fortes gradientes térmicos, conhecida como Convergência Subtropical. A Figura a seguir apresenta em destaque a circulação superficial do Atlântico Sul. Figura 14: Representação esquemática da circulação superficial do Atlântico Sul. (Fonte: Adaptado de Tomczak & Godfrey, 1994). As correntes oceânicas que transportam maiores volumes de água são a corrente do Golfo (CG) e a Circumpolar Antártica. A Corrente o Brasil (CB) é considerada uma corrente fraca em relação à CG, estimativas indicam que a CB transporte em torno de 20 milhões de metros cúbicos por 26 segundo, já a CG pode transportar até 150 milhões de metros cúbicos por segundo (Domingues, 1997). Apenas para comparação, o rio Amazonas, maior rio do mundo, transporta apenas 225 mil metros cúbicos por segundo. (Portal educação, 2012) 8.2. Circulação Oceânica Profunda (Termohalina) A densidade da água do mar é função da temperatura, salinidade e pressão. Como a água é praticamente incompressível, ou seja, não pode ser comprimida, o efeito da pressão na densidade da água pode ser ignorado. À medida que a temperatura aumenta, a densidade da água do mar diminui, e à medida que a salinidade aumenta, a densidade também aumenta. A água do mar pode ganhar calor da atmosfera e tornar-se menos densa, ou perder calor para a atmosfera e tornar-se mais densa. Pode receber água doce proveniente de chuvas, descarga de rios ou derretimento de gelo, tornando-se menos salina e, consequentemente, menos densa. Por outro lado, a água do mar pode ainda evaporar e tornar-se mais salina e, portanto, mais densa. Fica evidente que os processos que modificam a densidade da água do mar ocorrem próximo à superfície, onde há contacto com a atmosfera. (Castello & Krug, 2017) Assim, a circulação de oceano profundo é denominada de termohalina, pois é controlada pelas diferenças de temperatura (termo) e salinidade (halina) da água, resultando em variações de densidade, que resulta em um movimento vertical, responsável pela circulação oceânica profunda. Têm como origem a fusão das calotas polares, estas águas mais frias e densas que lentamente afundam e fluem em direcção ao equador. A velocidade das correntes termohalinas é muito pequena, de cerca de 1 centímetro por segundo. Porém a circulação termohalina tem grande importância, pois é o principal processo pelo qual as águas abissais (a mais de 700 m) têm suas propriedades renovadas. Além disso, apresenta um fluxo intenso e suficiente para promover a erosão de fundos marinhos e a redistribuição de sedimentos depositados, portanto a circulação termohalina controla a deposição de partículas no fundo oceânico. Os sistemas de circulação superficial e profundo dos oceanos estão interligados, pois as correntes superficiais que caminham para as altas latitudes ao chegarem lá se resfriam, afundam e retornam em direcção às baixas latitudes quando então afloram e o ciclo recomeça. A velocidade com que essa circulação se move é ditada pela taxa de formação da APAN no Atlântico Norte. Mudanças climáticas, que causam o derretimento de grandes quantidades de gelo no Ártico, podem causar diminuição da salinidade, o que dificultaria a formação da APAN (águas menos salinas congelam-se antes de ficarem densas o suficiente para afundar). Acredita-se que isso geraria uma desaceleração da 27 MOC, com consequências sérias para o clima global, pois diminuiria o transporte de calor dos trópicos para os pólos. Figura 15: Circulação termohalina global: (a) Esquema tridimensional simplificado da Célula de Revolvimento Meridional, e (b) Esquema bidimensional simplificado da Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico. (Fonte: Talley et. al., 2011). 9. Circulação estuarina Definições clássicas consideram que estuários são ambientes costeiros de transição entre o domínio marinho e fluvial, influenciados pelas oscilações de maré (entendida como oscilações do nível de água, com periodicidade conhecida e relacionada à movimentos astronómicos), e ao longo dos quais as massas de água oceânica e continental tem suas características físicas (temperatura, cor, condutividade eléctrica e turbidez) e químicas (salinidade, sólidossuspensos, concentração de gases, pH) alteradas (Pritchard 1952, McLusky 1993). A modificação frequente das características da água exige que a fauna e flora que habitam esta região tenham metabolismo peculiar, capaz de suportar grandes variações físico-químicas no ambiente em intervalos de horas, dias e meses. Este grande espectro temporal de variação está relacionado às oscilações diárias e quinzenais da maré (fases de sizígia e quadratura), assim como às oscilações sazonais da precipitação e descarga fluvial. A velocidade do escoamento do estuário é proporcional à altura da maré, e costuma variar entre dezenas de centímetros a poucos metros por segundo (10-1 a 100 m/s). Como a 28 oscilação da maré tem um período pré-estabelecido (12,4 horas ao longo do litoral brasileiro), quanto maiores forem as marés maior será a inclinação da superfície líquida, e mais rápidas serão as correntes de maré. É muito comum observar nos estuários que um dos sentidos de escoamento da maré (vazante ou enchente) apresenta correntes mais velozes do que o outro. Desta forma, temos estuários dominados por correntes de maré enchente (quando a velocidade do fluxo de enchente é maior) e estuários dominados por correntes de maré vazante (quando o fluxo de vazante é mais vigoroso). Estuários dominados pela maré vazante tendem a apresentar volumosos depósitos arenosos na antepraia, denominados de deltas de maré vazante, que são construídos pelo represamento temporário de sedimentos marinhos transportados pela deriva litorânea. É errado interpretar que os sedimentos tenham origem fluvial; estes ficam presos na cabeceira dos estuários, não alcançando a costa. Já estuários dominados pela maré enchente tendem a apresentar depósitos de sedimentos marinhos na região interna, imediatamente atrás do canal de entrada ou embocadura do estuário. Analogamente, estes depósitos são chamados de deltas de maré enchente. 29 10. Conclusão O trabalho realizado teve como objectivo principal compreender os principais conteúdos oceanográficos, desde o historial desta ciência no mundo e em Moçambique, as propriedades física da água mar, a circulação oceânica, entre outros pontos que se tomaram como foco nesta investigação. Chegado ao fim desta pesquisa, conclui-se que o interesse pelos oceanos surge desde os tempos mais remos com observações interesseiras dos cientistas de renome e que trilharam no mundo da ciência, entretanto, só a partir do século XVII é que começaram a efectuar observações mais científicas sobre a oceanografia, tendo assim retardado a eclosão desta ciência no mundo em geral. Refira-se ainda que a oceanografia é uma ciência de grande relevância para a vida do homem, a partir do momento em que busca trazer de forma mais convicta as informações relativas a vida nos oceanos, desde as formas sustentáveis do proveito dos seus recursos, muito aproveitados pelo homem. Há que sublinhar ainda, o facto de os oceanos constituírem a base para as variações climáticas no planeta, partindo da pressuposta das suas trocas ou interacções com a atmosfera, de onde decorrem vários processos de trocas gasosas, permitindo assim a vida no planeta. Concluiu-se ainda que a água do mar é um fluido complexo formado por água pura, sais e gases dissolvidos, substâncias orgânicas dissolvidas e, também, inorgânicas particuladas. Com relação à circulação oceânica, pôde-se concluir que ela é geralmente separada nas componentes geradas pelo vento e termo-halina apenas para fins didácticos. A circulação termo-halina é dominante nas camadas mais profundas, enquanto a circulação gerada pelo vento é dominante nas camadas superiores. A circulação termo-halina é aquela que resulta de variações na densidade da água do mar, que, por sua vez, estão associadas a ganhos ou perdas de calor e sal. Portanto, pode-se afirmar categoricamente, que os objectivos que levaram á celebração deste presente trabalho de pesquisa foram alcançados com sucesso. 30 11. Referências Bibliográfcas 1. Acevedo, O. C.; Pezzi, L.P.; Souza, R.B.; Anabor, V.; Degrazia G. A. (2010). Atmospheric boundary layer adjustment to the synoptic cycle at the Brazil-Malvinas Confluence, South Atlantic Ocean. Journal of Geophysical Research, v. 115, D22107: 10.1029/2009JD013785. 2. Calazans, D. (Org.). 2011. Estudos Oceanográficos: do instrumental ao prático. Ed. Textos. Pelotas. 3. Calazans, D., Muelbert, J.H. e Muxagara, E. 2011. Organismos planctônicos. In: Calazans, D. (Org.): Estudos Oceanográficos: do instrumental ao prático. Ed. Textos. Pelotas. p.200 275. 4. Camargo, R. e Harari, J. 2003. Revista Brasileira de Oceanografia. Modeling of the Paranagua Estuarine Complex, Brazil: tidal circulation and cotidal charts. 51 (único), p.23-31. 5. Campos, E.J.D. (2014). O papel do oceano nas mudanças climáticas globais. In: Dossiê Clima, Revista USP, v. 103, p. 57-66. 6. Castello, Jorge P. e Krug, Luís C. (2017). Introdução Às Ciências Do Mar. Editora Textos. Pelotas. 7. Krug, L.C. (Org.). 2012. Formação de Recursos Humanos em Ciências do Mar: estado da arte e plano nacional de trabalho 2012/2015. Pelotas: Ed. Textos. 8. Pereira, Ana Ramos. (2001). Os Oceanos e as suas Margens (Cadernos de Educação ambiental 5). 1aEd. Edição do Instituto de Inovação Educacional, Lisboa. 123p. 9. Pereira, Ana Ramos e Gomes, M. (1996). Educação ambiental e geografia. Inforgeo, 11, p.135-150. 10. Portal Educação (2012). Oceanografia Geral. Disponível no endereço http://www.portaleducacao.com.br. 140p 11. Wainer, I; Taschetto, A.; Soares, J.; Oliveira, A.P.; Otto-Bliesner, B.; Brady, E. (2003). Intercomparison of Heat Fluxes in the South Atlantic. Part I: The Seasonal Cycle. Journal of Climate. v. 16, p. 706-714. http://www.portaleducacao.com.br/ 31 II PARTE – Resolução da Tarefa 12. Qual é o impacto directo e indirecto dos oceanos no planeta? R: Impacto Directo: Os aspectos do impacto directo dos oceanos são: a) O clima no planeta Os oceanos têm um impacto directo para o clima, partindo do momento em que a sua água é uma substância essencial para a existência e a sustentabilidade da vida no planeta Terra. O oceano, tem quase todo o volume da água do planeta, cobre quase três quartos da superfície da Terra. Isso faz dele um componente fundamental no ciclo hidrológico – o processo pelo qual a água é continuamente transferida do oceano para as nuvens, para os continentes e de volta para o oceano. A água é a substância com o maior calor específico entre as comumente encontradas no ambiente terrestre – a única substância natural com calor específico superior ao da água é a amónia líquida. O grande volume e a alta capacidade térmica da água fazem do oceano média de aproximadamente 4 mil metros. Com 97% de todo o volume de água do planeta, o oceano desempenha papel-chave no ciclo hidrológico, processo pelo qual a água é continuamente transferida entre os diferentes compartimentos do sistema regulador do sistema climático, reduzindo as diferenças de temperatura e criando um ambiente propício para a vida em quase toda a superfície da Terra. b) Possibilita a vida no planeta Milhares de milhões de pessoas têm ligações pessoais com o oceano. Para muitas pessoas que vivem em comunidades costeiras, o oceano não é apenas uma fonte de alimentação e meios de subsistência, é uma parte intrínseca da sua cultura e herança. Para os milhões de pessoas que ganham a sua vida do oceano, é uma fonte de rendimento e um modo de vida. Para os 40 por cento da população mundial que vivem a 150 quilómetros da costa e as centenas de milhões de outras pessoas que a visitam, o oceano é o centro das suas vidas. O oceano desempenha um papel essencial e normalmente não reconhecido nas vidas diárias de todos os habitantes do planeta. De facto, a própria respiração seria impossível sem o oceano, o que produzmetade do oxigénio da terra. c) Para a economia global 32 O oceano também é um enorme activo económico. Cerca de 90 por cento dos bens mundiais são comercializados em todo o oceano3. Centenas de milhões de pessoas trabalham na pesca e maricultura, transporte e portos, turismo, energia offshore, produtos farmacêuticos e cosméticos - todos eles com base nos recursos do oceano4. Em algumas estimativas, a economia do oceano contribui directamente com mais de 1,5 biliões de dólares por ano para a economia global. Os aspectos do impacto indirecto dos oceanos são: a) Pode ser visto como um influenciador para o analfabetismo Tal como referimos no inicio, milhares de milhões de pessoas têm ligações pessoais com o oceano. Para muitas pessoas que vivem em comunidades costeiras, o oceano não é apenas uma fonte de alimentação e meios de subsistência, é uma parte intrínseca da sua cultura e herança. Para os milhões de pessoas que ganham a sua vida do oceano, é uma fonte de rendimento e um modo de vida. Portanto, isso faz com que maior parte de crianças, jovens e adultos das zonas costeiras se desinteressem pela escolaridade, tomando vida marinha a base para toda sua sobrevivência, não se preocupando com a sua formação profissional e académica em outras áreas ou mesmo na área de sua vocação. b) Pode ser visto como um contribuinte de geração de emprego Hoje em dia os oceanos tornaram-se um lugar de interesse em todo mundo, através de desenvolvimento de projectos de extracção de vários recursos minerais que os oceanos possuem na sua rica composição química. Esses projectos provocam a eclosão de varias oportunidades de emprego para muitos cidadãos, em especial os formados na área de oceanografia, extracção dos recursos minerais e minas, etc. c) Impacto nas guerras internacionais Devido a sua rica composição em recursos minerais, vários são os governos que desenvolvem intrigas com principal foco na exploração dos recursos naturais oferecidos pelos oceanos. Um factor por sublinhar é a questão de quase todos os países costeiros e que se tenha observado a existência de minérios na sua faixa costeira ou mesmo fora da costa, é a vida conflituosa provocada por grupos jihadistas, com o principal intuito ocupar e explorar as zonas ricas em recursos minerais. 13. Equação da fotossíntese A fotossíntese é a síntese de carboidratos a partir de água e dióxido de carbono (CO2). O que caracteriza essa reacção é a absorção da luz, e é através que ocorre a produção de alimentos nos vegetais, sendo assim, ela é indispensável para a vida das plantas e dos animais no geral. 33 A reacção química da fotossíntese pode ser esquematizada da seguinte forma: gás carbónico + água + luz = glicose + oxigénio ou 6 CO2 ( g )+6 H 2 0 ( l )+ luz=C6 H 12 O6 ( aq )+6 O2(g) 14. Processo de produção do Clorecto de Sódio O sal é produzido através de um processo contínuo de evaporação da água do mar, que é bombeada com aproximadamente 3,5% de sais totais dos quais ¾ são cloreto de sódio. Para cada tonelada de sal produzida, usa-se aproximadamente 45m³ de água do mar que foi inicialmente bombeada, que vai fluindo pelos diversos evaporadores e paulatinamente aumentando sua concentração de cloreto de sódio. Ao atingir o último evaporador, a salmoura já se encontra maturada e preparada para alimentar os grandes cristalizadores onde, durante os meses de Junho a Janeiro de cada ano, o sal é precipitado. O sal é colhido mecanicamente ou manualmente, lavado com salmoura saturada e empilhado nas áreas de estocagem, onde aguardará para ser comercializado. No início do processo, o sal é obtido através da exploração das águas do mar, quando os rios, que são temporais, enchem-se e misturam-se com a água do mar. Deste encontro ocorre o espraiamento, que então enche as várzeas, deixando nelas porções de água retidas nos tanques “chocadores” ou “cristalizadores”. Após alguns dias, acontece a evaporação através do sol e dos ventos, deixando os solos cobertos por camadas da substância cristalina. A limpeza do sal consiste na lavagem do sal bruto ainda na salina, muitas vezes acontecendo uma segunda lavagem para garantir a qualidade do produto. Em seguida, o sal é depositado em uma centrífuga onde é secado e preparado para a moagem. O processo de refino constitui uma moagem mais sofisticada, já que o sal é aquecido a 120 graus centígrados, em uma operação conhecida por “torragem”. Após este processo, o sal está pronto para ser embalado em sacos plásticos, tornando-se apto para ser comercializado. 1. Introdução 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral 1.1.2. Específicos 1.2. Metodologias 2. História da Oceanografia 2.1. No Mundo 2.2. Em Moçambique 3. Situação actual da oceanografia 4. Importância dos mares para a vida no planeta 4.1. Importância dos mares o Homem no Passado 4.2. Importância dos mares o Homem no Presente 5. Interacção Oceano-Atmosfera 5.1. As trocas da água 5.2. As trocas de oxigénio e de dióxido de carbono 6. Propriedades físicas da água do mar 6.1. Salinidade 6.2. Temperatura 6.3. Densidade 7. Propagação do som e luz na água do mar 7.1. Propagação do som na água do mar 7.2. Propagação da luz na água do mar 8. Circulação Oceânica 8.1. Circulação Oceânica Superficial (gerada pelo Vento) 8.2. Circulação Oceânica Profunda (Termohalina) 9. Circulação estuarina 10. Conclusão 11. Referências Bibliográficas II PARTE – Resolução da Tarefa 12. Qual é o impacto directo e indirecto dos oceanos no planeta? 13. Equação da fotossíntese 14. Processo de produção do Clorecto de Sódio
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