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CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 2 DIREITOS AUTORAIS Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre o mesmo estão reservados. Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações legais. CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 3 Pré-requisitos do repertório de ouvinte Autoria: Iara Andriele Carvalho Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento Embora em sua teoria Skinner tenha se preocupado muito mais com o papel do falante, a função de ouvinte é essencial para o desenvolvimento das demais funções verbais, bem como, a ausência desse repertório faz com que a criança seja totalmente dependente de seus cuidadores, visto que não consegue ser verbalmente guiada. Em muitos casos, parece que a criança já tem o repertório de ouvinte e que segue instruções, quando na verdade suas respostas estão sendo controladas por dicas contextuais e até mesmo dicas inadvertidas do aplicador ou cuidadores. Por exemplo, uma mãe diz para seu filho “me abraça” e abre os braços esperando pela resposta da criança. A criança então responde, não porque entendeu o comando, mas porque foi direcionada pelo gesto da mãe. Para testar se ela, de fato, entendeu qual ação emitir diante do comando oferecido, esse deve ser falado sem nenhum tipo de pista ou dica. Esse exemplo mostra um dos diversos tipos de problemas que algumas crianças podem apresentar na aquisição do repertório de ouvinte devido a dificuldades em discriminar e ficar sob controle das propriedades auditivas da fala de outra pessoa. Isso explica, em parte, porque algumas dessas crianças se tornam tão boas em seguir dicas visuais, pois precisam de outros mecanismos para obter reforço. O repertório de ouvinte permite que o comportamento da criança seja governado verbalmente, na medida em que ela aprende uma relação de correspondência entre a fala do outro e o comportamento não-verbal a ser executado, tornando-se mais independente. Além disso, a aquisição do ecoico depende do repertório de ouvinte, pois para ecoar novas palavras é necessário ouvir o estímulo auditivo e reproduzi-lo de forma idêntica, o que também permite a aquisição das outras funções verbais como tato e mando, por exemplo. Alguns repertórios de ouvinte são fundamentais no desenvolvimento de habilidade verbais complexas e para os estágios verbais mais avançados que são: manter conversação, naming, auto-fala, correspondência entre o dizer e o CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 4 fazer, compreensão de leitura, resolução de problemas e reforço do ouvinte nas interações sociais. As funções de ouvinte e falante, embora inicialmente independentes, posteriormente se inter-relacionam de modo a possibilitar o desenvolvimento de comportamentos complexos. Nesse sentido, atrasos no repertório de ouvinte estão frequentemente relacionadas a dificuldades nos estágios avançados do desenvolvimento verbal. Portanto, ensinar o repertório de ouvinte é essencial para promover a aquisição de repertórios complexos e da socialização, visto que o papel de ouvinte é fundamental nos episódios verbais. Greer e Ross (2008) sugere alguns protocolos para a aquisição do repertório básico de ouvinte que incluem o treino de atenção e de responder como ouvinte. Para algumas crianças, outros pré-requisitos podem ser necessários para esse ensino, como, por exemplo, rastreio visual e controle instrucional. Os cinco programas atencionais básicos propostos são: sentar, permanecer sentado, contato visual, imitação e imitação generalizada. Esses programas têm como objetivo que a criança aprenda a fazer o que o aplicador pediu, no entanto, não é possível garantir que ela está fazendo porque está sob controle de estímulos auditivos ainda, pois pode estar seguindo pistas não- verbais. Os cinco programas atencionais 1- Sentar: O aplicador diz “Senta” e a criança deve sentar dentro de poucos segundos. A instrução deve ser apresentada em diferentes contextos e intercalada com instruções dos outros programas atencionais para ir fomentando o controle discriminativos pelas propriedades da fala. Se a criança não responder, devem ser utilizadas pistas visuais, como por exemplo, apontar para a cadeira. As ocorrências do comportamento devem ser reforçadas. 2- Permanecer sentado: Nesse programa o aplicador diz “permaneça sentado” e a criança deve permanecer sentada por uma quantidade de tempo pré-determinada. O objetivo inicial deve ser o tempo que a criança já passa sentada e deve ir amentando gradualmente. Em alguns casos pode ser necessária ajuda física. 3- Contato visual: A instrução fornecida pelo aplicado é “Olha pra mim!” e a resposta esperada é que a criança olhe por um período pré-determinado para obter o reforço. O tempo de permanência do contato visual deve ir aumentando gradualmente. Inicialmente pode ser usado um reforçador CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 5 comestível ou tangível para atrair o olhar da criança em direção ao rosto do aplicador, mas a presença deles como reforçador deve ser esvanecida rapidamente. 4- Imitação: A instrução dada pelo aplicador deve ser “Faz igual” ou “Faça isso”. Logo em seguida dever ser apresentado uma ação a ser imitada pela criança. Não deve ser dito nenhum comando verbal que especifique a ação a ser realizada e as primeiras ações escolhidas como alvo devem ser bem simples. O aplicador deve escolher, pelo menos, 4 ações e fazer 5 tentativas de cada, alternando a apresentação de cada uma, de modo a evitar problemas como a criança responder em sequência. Para garantir a ocorrência correta, deve ser utilizados procedimentos de ajuda. 5- Imitação generalizada: Após ter ensinado à criança alguns movimentos no programa anterior, o objetivo agora é a generalização do repertório de imitação. O terapeuta dá a instrução “Faça isso!”e apresenta novos movimentos que ainda não foram ensinados para a criança imitar. Se ela aprender a imitar de modo generalizado, isso indica que ela tem a capacidade de ver-fazer, o que significa um passo importante na aprendizagem observacional. Desse modo, ela pode realizar novos comportamentos sem a necessidade de modelagem, apenas observando o modelo fornecido por outra pessoa. Esses programas são um primeiro passo entre os repertórios de pré- ouvinte e ouvinte. Para algumas crianças eles podem contribuir na aquisição de controle instrucional e estabelecer as bases para o aprendizado dos demais repertórios a serem ensinados. Referência: Greer, R. D., & Ross, D. E. (2008). Verbal behavior analysis: Inducing and expanding complex communication in children with severe language delays. Boston: Allyn & Bacon. CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 6 Atenção compartilhada como pré-requisito ao desenvolvimento verbal. Autoria: Iara Andriele Carvalho Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento A atenção compartilhada é um pré-requisito a interações sociais e ao desenvolvimento do comportamento verbal. Ela pode ocorrer de dois modos diferentes, a resposta de atenção de atenção compartilhada (RAC) e a iniciação de atenção compartilhada (IAC). A primeira ocorre quando a criança olha para o mesmo objeto que um adulto está olhando e a segunda, quando ela olha para o objeto e em seguida para o adulto, como forma de demonstrar interesse. Um exemplo de RAC é quando uma mãe está com seu bebê, aponta para um cachorro e diz: “Olha o auau!” e a criançaolha em direção ao cachorro. Já a IAC seria quando a criança olha para o cachorro e em seguida para a sua mãe. A presença desses repertórios promove oportunidades de aprendizagem da correspondência entre objetos e seus respectivos nomes. Crianças com autismo, geralmente apresentam dificuldades nessa habilidade. Partindo de uma definição funcional de operantes verbais, as respostas de atenção compartilhada, principalmente de IAC, podem ser caracterizadas como mandos e tatos, a depender das relações funcionais entre antecedentes e consequências. É muito mais provável que as primeiras respostas de atenção compartilhada ocorram como mandos, por exemplo, quando uma criança pequena olha para a sua mamadeira e posteriormente para sua mãe. Essa, por sua vez, deduz que a criança está com fome, então lhe dá a mamadeira. Nessa ocorrência, tem-se uma operação motivadora de privação por parte da criança (a fome), a resposta de olhar em direção à mamadeira (solicitar aquele reforçador em específico) e a mãe desempenhando o papel de ouvinte (mediadora do reforço). Ao fornecer por contínuas vezes o acesso a reforçadores a mãe se torna reforçador condicionado generalizado e audiência, podendo então evocar respostas que se classificariam como tato. Tendo em vista que o tato ocorre sobre controle de estímulos ambientais ou propriedades desses estímulos e tem como consequência o reforço social generalizado, por exemplo, ao olhar para um objeto como forma de demonstrar interesse, a criança tem como consequência social a aprovação e o sorriso da CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 7 mãe, que já tem papel de reforçador generalizado e audiência. Essa sequência de eventos parece constituir as primeiras relações funcionais essenciais que estão na base da aquisição desse operante e permite identificar um dos componentes da sua história de reforçamento. Além dos processos operantes envolvidos, também é possível salientar o papel do pareamento de estímulos. Em cada uma dessas ocorrências, tanto de RAC quanto de IAC, a criança é continuamente exposta a relação de correspondência entre nome-objeto convencionada por sua comunidade verbal. No exemplo acima vimos a palavra cachorro sendo atrelada ao estímulo ambiental. Essa exposição contribui na formação do repertório de ouvinte e, posteriormente, na aquisição da cúspide comportamental de nomeação (naming), que se constitui numa relação bilateral de interdependência entre os repertórios de ouvinte e falante. Nesse sentido, a atenção compartilhada é um pré-requisito fundamental para o desenvolvimento das funções verbais iniciais e necessita ser ensinada para as crianças que não demonstram essa habilidade. Bacelar, Neves e Souza (2017) realizaram um procedimento de ensino de atenção compartilhada. A pesquisa envolveu diversas etapas, como teste de preferências e sessões de condicionamento dos aplicadores como estímulos reforçadores sociais, além de treinos de tato e mando. Para os fins aqui propostos, apenas serão apresentados os procedimentos de treino de RAC e IAC. O treino de RAC seguiu os seguintes passos: 1- Entregar um estímulo de menor preferência para a criança manipular. Colocar um objeto de maior preferência na mão da criança e direcionar o rosto da criança em direção ao objeto, caso ela não olhe. 2- Movimentar o estímulo em frente ao rosto da criança 3- Apresentar o estímulo em frente ao rosto da criança, sem movimentá-lo. 4- Apontar para brinquedos de ativação e painéis com personagens favoritos posicionados aproximadamente a 40 cm de distância. 5- Apontar para brinquedos de ativação e painéis com personagens favoritos posicionados aproximadamente a 40 cm de distância. CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 8 6- O terapeuta deve virar a cabeça e o tronco em direção ao item posicionado a uma distância de 40 cm aproximadamente e não deve mais apontar. A cada passo as respostas corretas eram reforçadas com consequências sociais e naturais. O treino de IAC seguiu os seguintes passos e pode ser feito com tentativa discreta ou ensino incidental: 1- Guiar o rosto da criança com as duas mãos para que ele alterne o olhar entre o estímulo e o rosto do terapeuta. 2- guiar levemente com uma mão o rosto da criança em direção ao seu. 3- Tocar levemente o rosto da criança para que ela olhe de volta para o seu rosto. 4- A criança deverá olhar de volta para o rosto do terapeuta sem nenhuma ajuda física. A cada passo as respostas corretas de olhar de volta para o terapeuta, vocalizar e/ou apontar para o estímulo emitidas em até 3 segundos dvem ser reforçadas com consequências sociais e naturais. (por exemplo, ativar o brinquedo, fazer um comentário) No estudo de Bacelar, Neves e Souza (2017), foi realizada uma adaptação na qual as respostas de iniciação das crianças se caracterizaram como mandos, pois eles precisavam atentar ao rosto do experimentador para obterem o item de preferência. Os autores ressaltam a importância de um procedimento de transferência de controle de estímulos, ou seja, o item passaria a não ser entregue quando a resposta de iniciasse a atenção ao estímulo para que esta fique sob controle apenas dos reforçadores sociais e não da aquisição do item. Cabe ressaltar que o procedimento aqui sugerido é um dentre outros possíveis. (Para mais detalhes ver: Bacelar e Souza, 2014). Referências: CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 9 Bacelar, F., & Souza, C. B. A. (2014). Intervenções comportamentais no ensino de atenção conjunta para crianças com autismo: Uma revisão de literatura. Interação em Psicologia, 18, 191-202. Bacelar, F., Neves, E. B., & Souza, C. B. A. (2017) Relações funcionais entre estímulos condicionais sociais, atenção conjunta, tato e mando em crianças com autismo. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 4, 45-61 Oliveira, T. P., & Gil, M. S. C. A. (2007) Elementos fundamentais para a aquisição de operantes verbais porbebês: análise comportamental da “atenção compartilhada”. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2, 217-225 CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 10 Ensinando o repertório de ouvinte básico. Autoria: Iara Andriele Carvalho Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento Skinner (1957) denominou de comportamento de ouvinte o que comumente se chama de linguagem receptiva. Para esse autor, os termos falante e ouvinte retratam melhor as ações que o indivíduo executa e como elas influenciam o comportamento de outra pessoa. Crianças com autismo, em geral, apresentam dificuldades nas habilidades de ouvinte, o que atrapalha o desenvolvimento de habilidades verbais mais complexas, tais como participar de uma conversação e ler com fluência. Quanto mais comprometido o repertório de ouvinte, mais dependente a criança é. Nesse sentido, é fundamental que esse repertório seja ensinado. Além de contribuir na aquisição das outras funções verbais, o repertório de ouvinte também é importante ao bom desenvolvimento da terapia, pois compreende o controle instrucional, ou seja, a habilidade de seguir comandos, cuja ausência implica muitas vezes em comportamentos negativos. Barbera & Rasmussen (2007) recomendam que, ao se iniciar o ensino intensivo da habilidade de ouvinte, o terapeuta deve escolher vários comandos diferentes e nunca ensinar um comando sozinho. Assim, a criança conseguirá diferenciar entre eles, evitando um responder indiscriminado. Outra recomendação dessa autora é que sejam realizadas sondas para verificar quais instruções a criança já consegue seguir sem nenhum tipo de ajuda. Após as sondas, começa a fase de ensino dos alvos selecionados. Nessa fase éimportante o uso de procedimentos de transferência de controle de estímulos para garantir a aprendizagem sem erros. Esse procedimento consiste em fornecer dicas ou ajudas e ir gradualmente as esvanecendo, até que o responder da criança fique sobre controle dos estímulos que naturalmente controlam esse responder. Por exemplo, no caso da instrução “Levanta os braços”, as primeiras tentativas de ensino deverão receber ajuda física total e imediata para garantir a ocorrência. Após algumas tentativas essa ajuda pode ser apenas parcial ou ocorrer após alguns segundos, dando a oportunidade para a criança emitir uma resposta independente. Não adianta o CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 11 terapeuta fornecer uma instrução e logo da primeira vez esperar que a criança responda se ela não compreende o que lhe está sendo dito. É a partir do momento em que houve a instrução, recebe a ajuda necessária para executá-la e essa resposta é reforçada, que a criança começa a discriminar o que aquele conjunto de palavras significa em termos de ação. Também é importante que o esvanecimento da ajuda seja realizado o mais rápido possível de modo a evitar dependência. O ensino intensivo de ouvinte deve incluir programas de seguimento de instruções e de identificação, como por exemplo, identificar partes do corpo e selecionar objetos ou figuras. Na aula anterior vimos alguns programas que são pré-requisitos do repertório de ouvinte. Quando a criança já os tem adquirido, deve agora passar ao treino de ouvinte. O protocolo sugerido por Greer & Ross (2008) é chamado de imersão de ouvinte e consiste no ensino de seguimento de instruções faladas como forma de promover a aprendizagem da correspondência entre estímulos auditivos e ações. Para a garantia de que o repertório está sobre o controle discriminativo adequado, ou seja, que as instruções são de fato o antecedente, não deve haver nenhum tipo de pista visual. As pesquisas apresentadas pelo autor indicam melhora em diversos repertórios após a criança passar pelo protocolo. O protocolo se estrutura da seguinte forma: 1- O primeiro passo consiste em selecionar 16 instruções alvo e 4 sem sentido. Os comandos alvo devem incluir respostas já adquiridas anteriormente em tentativas de discriminação auditivo visual, atenção compartilhada, pareamento ou programas atencionais básicos (por exemplo: “Olha pra mim!”, “Aponte o carrinho”, “Pega na sua cabeça!”. Os comandos sem sentido devem ser sequências de sons sem significado ou instruções impossíveis de seguir (por exemplo, toque um arco-íris). O aplicador deve estar atento para manter a mesma entonação nos comandos sem sentido. 2- Após selecionadas, as instruções devem ser divididas em quatro conjuntos de 5 componentes que contenham quatro instruções válidas e uma instrução se sentido. As instruções devem ser apresentadas de maneira randomizada de modo que, cada uma delas seja apresentada 5 CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 12 vezes numa sessão de ensino. (Nessa parte, o autor sugere que os comandos sejam gravados com diferentes vozes). Todos os conjuntos devem ser ensinados ao mesmo tempo, embora que para isso outros programas precisem ser suspensos. Apenas devem ser mantidos os programas de mando. As respostas corretas devem ser reforçadas. No caso das instruções sem sentido, deve-se reforçar se a criança não emitir nenhuma resposta. Isso ajudará no processo de discriminação. 3- Devem ser usados procedimentos de ajuda para que a criança desempenhe a resposta correta, os quais devem ser esvanecidas gradualmente aumentando o atraso entre o fornecimento da instrução e a apresentação da ajuda. Desse modo, a criança terá a oportunidade de responder de modo independente. Também devem ser aplicados procedimentos de correção para o caso da criança emitir respostas erradas e se ela emitir alguma resposta aos comandos sem sentido, essa deve ser ignorada. 4- O desempenho da criança irá variar entre os conjuntos de instruções. Se ela conseguir responder de modo independente a um conjunto de instruções, deve-se estabelecer um critério de taxa de respostas para esse conjunto. Greer e Ross (2008) sugerem uma taxa de, pelo menos, 12 respostas corretas por minuto, podendo esse número ser maior a depender do desempenho da criança. Cabe ressaltar que, nesse caso, está em vigor um esquema de reforçamento no qual a criança deve emitir uma quantidade determinada de respostas dentro do critério de taxa para obter reforço. 5- Os demais conjuntos devem continuar sendo ensinados até atingirem o critério domínio (100% de acerto em uma sessão e 90% em duas sessões, enquanto para os que já atingiram deve ser ensinado o critério de taxa (Pelo menos 12 respostas corretas por minuto). O protocolo se encerra quando a criança atingir o domínio do critério de taxa para todos os conjuntos e responder adequadamente quando as instruções são dadas por outras pessoas para pelo menos um conjunto. (Nesse caso, o autor sugere a utilização de diferentes vozes gravadas). CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 13 Ao final desse procedimento a criança deverá ter ampliado seu repertório de ouvinte de modo significativo, conseguindo responder com rapidez aos comandos. No entanto, é muito importante que a criança tenha o domínio das habilidades pré-requisito. Cabe ressaltar que essa é apenas uma sugestão de procedimento, não o único modo pelo qual o ensino pode ser feito. Observação importante: o procedimento aqui apresentado é de autoria de Greer & Ross (2008), sendo utilizado para fins educativos e de difusão da Análise do Comportamento Aplicada. Referência: Greer, R. D., & Ross, D. E. (2008). Verbal behavior analysis: Inducing and expanding complex communication in children with severe language delays. Boston: Allyn & Bacon. CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 14 Ensino de discriminação de ouvinte. Autoria: Iara Andriele Carvalho Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento As habilidades de ouvinte envolvem tanto o seguimento de instruções quanto respostas de identificação ou discriminações auditivo-visuais. Mesmo antes de poder nomear um item (tato), as crianças já conseguem identificá-lo (ouvinte) e, por ocorrerem muito próximos no tempo, parece que esses dois repertórios surgem simultaneamente. Entretanto, em crianças com atraso de linguagem, como no caso de autistas, essa diferença na aquisição fica mais evidente com as respostas de ouvinte aparecendo primeiro. Por exemplo, é comum que uma criança com atraso no desenvolvimento verbal tenha um extenso repertório de ouvinte, mas não consiga falar sequer uma palavra. Isso corrobora a hipótese de que, até certo ponto, os repertórios de ouvinte e falante são independentes, sendo necessário o aprendizado de relações bidirecionais entre eles para que se tornem interdependentes, o que caracteriza o operante de segunda ordem chamado naming. Tarefas de discriminação de ouvinte envolvem relações entre estímulos verbais e não verbais e se caracterizam como uma discriminação condicional. Nesse caso, a resposta a ser executada não depende da presença de apenas um estímulo, como seria em uma discriminação simples, mas da relação entre dois estímulos antecedentes. Por exemplo, ao solicitar que a criança identifique a figura do gato em meio a um arranjo com outras figuras, a resposta correta dela de selecionar depende da relação entre a palavra falada “gato” e a figura do gato. Selecionar a figura correta significa que a criança compreende o significado da palavra gato. Diferente de discriminações visuais, como tarefas de pareamento ao modelo, a discriminação de ouvinteé uma resposta mais complexa, pois parte de uma relação entre estímulos de duas modalidades sensoriais distintas, auditiva e visual. Muitas crianças com autismo apresentam dificuldades nesse repertório, principalmente à medida que ele vai se complexificando e incluindo outros componentes como adjetivos, função, característica ou classe dos objetos/eventos. Por exemplo, é mais difícil responder à uma solicitação do tipo CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 15 “Toque no animal que tem pelos!” do que uma como “Toque no gato!”. Esse repertório necessita, portanto, ser ensinando considerando seus pré-requisitos e uma hierarquia de ensino que vá das habilidades mais básicas para as mais avançadas. A forma mais comum de realizar procedimentos de discriminação de ouvinte como tentativa discreta é dispor itens (objetos ou figuras) em arranjos e solicitar que a criança aponte ou toque o item. No entanto, muitas crianças necessitam começar esse treino bem do início, por exemplo, aprendendo a apontar. Nesse caso, é importante começar com apenas um item, de preferência um objeto. Com algumas crianças é possível usar figuras, mas isso depende da avaliação inicial. O terapeuta segura o item com uma das suas mãos e fala “Aponte o boneco!”, com a outra mão ele dá a ajuda física para a criança realizar a demanda. Nas próximas tentativas essa ajuda deve ser esvanecida ate que a criança realize a demanda de modo independente. Uma vez que ele adquiriu esta habilidade, é hora de ensiná-lo a discriminar entre dois itens. Gradativamente, mais itens devem ser acrescentados para que haja no mínimo três, evitando acertos ao acaso, visto que, se permanecerem apenas dois itens, a criança terá 50% de chances de acertar sem necessariamente ter aprendido a resposta correta. Eventualmente, o terapeuta deverá substituir os objetos por figuras e ir aumentando o tamanho do arranjo para ampliar a habilidade de rastreio, bem como, para que a discriminação seja mais complexa. Além disso, é interessante que haja mais de um exemplar do mesmo objeto (três carrinhos diferentes ou três figuras de bolas, por exemplo) para que se alterne entre as tentativas. Também é importante que as tentativas sejam randomizadas, ou seja, o terapeuta não deve solicitar as respostas sempre na mesma ordem para que a criança não decore. A medida em que a criança adquirir um grande e generalizado repertório de identificação de diferentes itens (objetos, fotos de familiares, animais, frutas e etc), o terapeuta pode ensinar discriminações de cores, formas, baseadas em adjetivos ou advérbios e assim por diante, levando sempre em consideração os marcos do desenvolvimento verbal. Referência: CBI of Miami Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ 16 Sundberg, M. L., & Partington, J. W. (1998). Teaching language to children with autism and other developmental disabilities. Pleasant Hill, CA: Behavior Analysts.
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