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Pmsus 4 - Saúde sexual e reprodutiva das mulheres

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Disciplina: PMSUS 4 (Reflexão)
 
 SÍNTESE OFICINA 3
SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DAS MULHERES
objetivos
1. Diferenciar sexo e gênero
2. Conhecer e diferenciar os direitos sexuais e reprodutivos
3. Aprender os principais marcos sociopolíticos que fundamentaram os direitos sexuais e reprodutivos no brasil
4. Identificar e entender leis e programas de políticas públicas no brasil, com foco na aps, para garantir e monitorar os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, a fim de manter a autonomia e integridade à saúde (inclusive infertilidade)
5. Diferenciar: planejamento reprodutivo e controle da natalidade. 
6. Conhecer os métodos contraceptivos disponibilizados no sus e a anticoncepção de emergência.
7. Conhecer a norma técnica de atenção humanizada ao abortamento, evidenciando os direitos das mulheres 
8. Compreender a legislação atual sobre o aborto legal (cp e conselho de medicina) e a conduta médica a ser adotada.
9. Compreender a importância da equipe multidisciplinar no aborto legal
10. Diferenciar menopausa e climatério, além de definir sintomatologia envolvida nesta fase.
1. Diferenciar sexo e gênero
SEXO - biológico ou designado
É um rótulo que o médico nos dá ao nascer, de acordo com uma série de fatores fisiológicos como a genitália, os hormônios e os cromossomos que carregamos. (XX, XY). Existem outras possibilidades de combinações cromossómicas e por isso alguns países já não adotam mais a descrição do sexo na certidão de nascimento, podendo constar como não identificado, e essas pessoas se identificarem como intersexual.
GÊNERO
O gênero é uma construção social e histórica sobreposta a um corpo sexuado. Se refere ao conjunto de relações, atributos, papéis, crenças e atitudes que definem o que significa ser homem ou ser mulher, que trazem expectativas sobre comportamentos, pensamentos uma pessoa, em função do seu sexo. Na maioria das sociedades, as relações de gênero são desiguais
O gênero delimita campos de atuação para cada sexo, dá suporte à elaboração de leis e suas formas de aplicação. Os desequilíbrios de gênero se refletem nas leis, políticas e práticas sociais, assim como nas identidades, atitudes e comportamentos das pessoas. 
Mulheres e homens estão expostas a variados tipos e graus de risco, em função da organização social das relações de gênero, se expondo a padrões distintos de sofrimento, adoecimento e morte, sendo importante incluir o gênero na análise do perfil epidemiológico e no planejamento de ações de saúde, que tenham como objetivo promover a melhoria das condições de vida, a igualdade e os direitos.
ORIENTAÇÃO SEXUAL
Está relacionado com as diferentes formas de atração afetiva e sexual de cada um. Esse conceito veio substituir o de “opção sexual” visto que as pessoas não escolhem sua orientação, ou seja, elas desenvolvem sua sexualidade ao longo da vida.
Direitos sexuais e reprodutivos
2- Conhecer e diferenciar os Direitos Sexuais e Reprodutivos
Conhecer:
A atenção em saúde sexual e em saúde reprodutiva é uma das áreas de atuação prioritárias da Atenção Básica à saúde. Deve ser ofertada observando-se como princípio o respeito aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. Uma atuação a qual deve considerar os aspectos sociais, econômicos, ambientais, culturais, entre outros, como condicionantes e/ou determinantes da situação de saúde.
Sobre saúde sexual e da saúde reprodutiva na Atenção Básica, dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio definidos na Conferência do Milênio, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro de 2000, quatro possuem relação direta com a saúde sexual e com a saúde reprodutiva: 1) a promoção da igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; 2) a melhoria da saúde materna; 3) o combate ao HIV/Aids, malária e outras doenças; 4) e a redução da mortalidade infantil.
Conceituar
SAÚDE REPRODUTIVA/ DIREITOS REPRODUTIVOS : a CIPD ampliou e ratificou o conceito de saúde reprodutiva definido em 1988 pela Organização Mundial da Saúde (OMS): 
A saúde reprodutiva é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, em todos os aspectos relacionados com o sistema reprodutivo e as suas funções e processos, e não de mera ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo autonomia para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo. Implícito nessa última condição está o direito de homens e mulheres de serem informados e de terem acesso a métodos eficientes, seguros, permissíveis e aceitáveis de planejamento familiar de sua escolha, assim como outros métodos de regulação da fecundidade, de sua escolha, que não sejam contrários à lei, e o direito de acesso a serviços apropriados de saúde que deem à mulher condições de atravessar, com segurança, a gestação e o parto e proporcionem aos casais a melhor chance de ter um filho sadio. Em conformidade com a definição acima de saúde reprodutiva, a assistência à saúde reprodutiva é definida como a constelação de métodos, técnicas e serviços que contribuem para a saúde e o bem-estar reprodutivo, prevenindo e resolvendo problemas de saúde reprodutiva. Isso inclui também a saúde sexual, cuja finalidade é a intensificação das relações vitais e pessoais e não simples aconselhamento e assistência relativos à reprodução e a doenças sexualmente transmissíveis (NACIONES UNIDAS, 1995, anexo, cap. VII, par. 7.2).
SAÚDE SEXUAL/ DIREITO SEXUAL: O conceito de direitos sexuais tem uma história distinta e mais recente. Sua formulação inicial se dá nos anos 90, no âmbito dos movimentos gay e lésbico europeus e norte-americanos, produzindo-se, em seguida, uma sinergia com os segmentos dos movimentos feministas.
· Assegura que as pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gênero possam viver com a mesma dignidade e respeito a que todas as pessoas têm direito.
· A ideia de direitos sexuais implica, portanto, a aceitação dos diferentes tipos de expressão sexual, a autonomia para tomar decisões sobre o uso do próprio corpo e a igualdade de gênero.
A saúde sexual é a habilidade de mulheres e homens para desfrutar e expressar sua sexualidade, sem riscos de doenças sexualmente transmissíveis, gestações não desejadas, coerção, violência e discriminação. A saúde sexual possibilita experimentar uma vida sexual informada, agradável e segura, baseada na autoestima, que implica abordagem positiva da sexualidade humana e respeito mútuo nas relações sexuais. A saúde sexual valoriza a vida, as relações pessoais e a expressão da identidade própria da pessoa. Ela é enriquecedora, inclui o prazer e estimula a determinação pessoal, a comunicação e as relações (HERA, 1999 apud CORRÊA; ALVES; JANUZZI, 2006, p. 45).
	
QUAIS SÃO ESSES DIREITOS
· Formalizados no contexto das Conferências das Nações Unidas como concernentes ao planejamento familiar e ao enfrentamento da violência sexual contra as mulheres.
Direitos reprodutivos:
· O direito das pessoas decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas. 
· O direito de acesso a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos. 
· O direito de exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e violência.
Direitos sexuais: 
· O direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições, e com total respeito pelo corpo do(a) parceiro(a). 
· O direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual. 
· O direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças. 
· O direito de viver a sexualidade, independentemente de estado civil, idade ou condição física. 
· O direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual. 
· O direito de expressar livremente sua orientação sexual: heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade. 
· O direito de ter relação sexual, independentemente da reprodução. 
· O direitoao sexo seguro para prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e Aids. 
· O direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e um atendimento de qualidade, sem discriminação. 
· O direito à informação e à educação sexual e reprodutiva.
· A sexualidade é uma importante dimensão da vida, abrangendo aspectos biológicos, psíquicos, sociais, culturais e históricos. Não se restringe à meta reprodutiva, sendo constitutiva das relações amorosas e do laço afetivo entre as pessoas.
3- Aprender os principais marcos sociopolíticos que fundamentaram os Direitos Sexuais e Reprodutivos no Brasil
Os direitos sexuais e os direitos reprodutivos são Direitos Humanos.
Os Direitos Humanos inscrevem-se no conjunto dos direitos sociais e surgem como uma resposta aos horrores ocorridos na Segunda Guerra Mundial. 
Marcos referenciais internacionais
· Destacam-se duas conferências promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU):
1. Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD);
Cairo, em 1994; com propostas de abandonar a ênfase na necessidade de limitar o crescimento populacional como forma de combater a pobreza e as desigualdades e maior foco no desenvolvimento do ser humano. Levanta as questões sobre a mulher – desigualdades de gênero – meio ambiente e os Direitos Humanos;
· Na década de 90 do século XX, representantes dos movimentos feministas, ambientalistas e de Direitos Humanos possibilitaram que os avanços teórico-conceituais fossem transformados em princípios assumidos pela Conferência sobre População e Desenvolvimento do Cairo
2. IV Conferência Mundial sobre a Mulher
Ocorrido em Beijing, Pequim, em 1995. Reafirmaram os acordos estabelecidos no Cairo e avançou-se na definição dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como Direitos Humanos.
É aqui que há a solidificação de direitos sexuais e direitos reprodutivos como Direitos Humanos. 
· Nas décadas de 1950 e 1960, quando foi difundido o medo da “explosão populacional”, os formuladores de políticas passaram a defender a 
· disseminação de métodos anticoncepcionais, mesmo que contrariando os interesses individuais. Nesse contexto, os movimentos feministas sempre colocaram como pontos fundamentais o direito de escolha e a liberdade de decisão das mulheres nos assuntos sexuais e reprodutivos;
Ainda sobrre a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, ocorreu a formulação do conceito relativo aos direitos sexuais, como parte dos princípios dos Direitos Humanos, tendo redigido, em seu parágrafo 96;
Os programas de ação propostos nas Conferências do Cairo e de Beijing enfatizam a necessidade de se promover a igualdade entre homens e mulheres como requisito essencial para a conquista de melhores condições de saúde e de qualidade de vida.
Portanto, é fundamental o envolvimento dos homens com relação à paternidade responsável, à prevenção de gestações não desejadas ou à prevenção das DST/HIV/Aids, dividindo também com as mulheres as responsabilidades no cuidado dos filhos e na vida doméstica. 
Nessas conferências, os governos de vários países, entre os quais se inclui o Brasil, assumiram o compromisso de se pautarem nos direitos sexuais e nos direitos reprodutivos para definição de políticas e programas nacionais dedicados à população e ao desenvolvimento, inclusive no que se refere aos programas de planejamento reprodutivo.
· Setembro de 2000, a ONU promoveu a Conferência do Milênio, da qual participaram 189 países, entre eles o Brasil, que assinaram a Declaração do Milênio,
Os oito objetivos definidos na Conferência do Milênio, e que devem ser atingidos, em sua maioria, num período de 25 anos (entre 1990 e 2015), quatro deles têm relação direta com a saúde sexual e a saúde reprodutiva: a promoção da igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
· A erradicação da pobreza e da fome. 
· A universalização do acesso à educação básica. 
· A promoção da igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres. 
· A redução da mortalidade infantil. 
· A melhoria da saúde materna. 
· O combate ao HIV/Aids, malária e outras doenças. 
· A promoção da sustentabilidade ambiental. 
· O desenvolvimento de parcerias para o desenvolvimento.
· Em 2006, os Princípios de Yogyakarta: projeto com o objetivo de desenvolver um conjunto de princípios jurídicos sobre a aplicação da legislação internacional às violações de Direitos Humanos com base na orientação sexual e identidade de gênero, no sentido de dar mais clareza e coerência às obrigações de Direitos Humanos dos estados.
· Elaboração na Universidade Gadjah Mada, em Yogyakarta, Indonésia, entre 6 e 9 de novembro de 2006, 29 eminentes especialistas de 25 países adotaram por unanimidade os Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação da Legislação Internacional de Direitos Humanos em Relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero. 
· MARCOS REFERENCIAIS NACIONAIS
· Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher – PAISM/MS/1984.
Centralizado na integralidade e na equidade das ações, o PAISM propunha uma abordagem global da saúde da mulher em todas as fases do seu ciclo vital, e não apenas no ciclo gravídico-puerperal
 
· Constituição Federal de 1988. 
Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas (BRASIL, 1988).
· Lei nº 9.263/1996, que regulamenta o planejamento familiar.
art. 2º:
Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Parágrafo único – É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para qualquer tipo de controle demográfico (BRASIL, 1996).
art. 9º: 
Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção (BRASIL, 1996).
 
· Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher/MS/2004.
 Implementação de ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam a morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis. Enfatiza a melhoria da atenção obstétrica, o planejamento familiar, a atenção ao abortamento inseguro e às mulheres e às adolescentes em situação de violência doméstica e sexual. Além disso, amplia as ações para grupos historicamente alijados das políticas públicas nas suas especificidades e necessidades. 
 
· Política Nacional dos Direitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos/MS/2005
Entre as diretrizes e ações propostas por essa política estão: a ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis no SUS, incentivo à implementação de atividades educativas em saúde sexual e saúde reprodutiva para usuários(as) da rede SUS; capacitação dos profissionais da Atenção Básica em saúde sexual e saúde reprodutiva; ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária (laqueadura tubária e vasectomia) no SUS; implantação e implementação de redes integradas para atenção às mulheres e aos adolescentes em situação de violência doméstica e sexual; ampliação dos serviços de referência para a realização do aborto previsto em lei e garantia de atenção humanizada e qualificada às mulheres em situação de abortamento; entre outras ações;
· Em 2007, o governo federal lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que busca aliar o crescimento econômico com o desenvolvimento e a equidade social. Nesse contexo, o Ministério da Saúde elaborou o Programa Mais Saúde: Direito de Todos, com expansão das ações de planejamento familiar
4- dentificar e entender leis e programas de políticas públicas no Brasil, com foco na APS, para garantir e monitorar os direitos sexuais e reprodutivosda mulher, a fim de manter a autonomia e integridade à saúde (inclusive infertilidade)
Em 2005, criação do Programa Serviços Amigáveis aos Adolescentes, coordenado pela organização Save the Children, do Reino Unido, foi implantado no Brasil em em unidades de saúde da rede de atenção básica nos municípios de São Paulo, Recife e Natal. O programa objetiva a construção de um modelo de atenção integral que incorpore as necessidades de saúde do segmento adolescente de 10 a 19 anos na perspectiva dos Direitos Humanos, no marco dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos 
Destinado à promoção da saúde do adolescente e a prevenção primária e secundária às DST/aids e a violência sexual nas Secretarias Municipais de Saúde; profissionais e ativistas de Organizações Não-Governamentais e redes de adolescentes que atuam na comunidade.
Em 2006, o Pacto pela Saúde, firmado entre os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), também inclui prioridades de correlação com a saúde sexual e com a saúde reprodutiva. Dentre essas, estão a redução da mortalidade infantil e materna, controle do câncer de colo de útero e da mama, saúde do idoso, promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica.
· O alvo é a mulher adulta, com poucas iniciativas para o envolvimento dos homens. E, mesmo nas ações direcionadas para as mulheres, predominam aquelas voltadas ao ciclo gravídico-puerperal e à prevenção do câncer de colo de útero e de mama.
Em 2007, o Ministério da Saúde elaborou o Programa Mais Saúde: Direito de Todos, no qual uma das medidas propostas é a expansão das ações de planejamento familiar.
· Planejamento familiar: implica não só a oferta de métodos e técnicas para a concepção e a anticoncepção, mas também a oferta de informações e acompanhamento, num contexto de escolha livre e informada;
· 
O Caderno de Atenção Básica – Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva buscou abordar a saúde sexual como essencial para a qualidade de vida e de saúde das pessoas e o papel fundamental que as equipes de Atenção Básica/Saúde da Família têm na promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva.
· Na perspectiva de enfrentamento a toda forma de discriminação, muitas ações afirmativas vêm se desenvolvendo no sentido de buscar concretizar o princípio da equidade no SUS.
REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA E SUS - PORTARIA Nº 426/GM Em 22 de março de 2005.
Institui, no âmbito do SUS, a Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida e dá outras providências
Considerando que, segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS e sociedades científicas, aproximadamente, 8% a 15% dos casais têm algum problema de infertilidade durante sua vida fértil, sendo que a infertilidade se define como a ausência de gravidez após 12 (doze) meses de relações sexuais regulares, sem uso de contracepção;
Art. 1º Instituir, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, a Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão
Art. 2° Determinar que a Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida seja implantada de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Estado de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, permitindo:
Art. 3º Definir que a Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida, de que trata o artigo 1º desta Portaria, seja constituída a partir dos seguintes componentes fundamentais:
I - Atenção Básica: é a porta de entrada para a identificação do casal infértil e na qual devem ser realizados a anamnese, o exame clínico-ginecológico e um elenco de exames complementares de diagnósticos básicos, afastando-se patologias, fatores concomitantes e qualquer situação que interfira numa futura gestação e que ponham em risco a vida da mulher ou do feto;
II – Média Complexidade: os serviços de referência de Média Complexidade estarão habilitados a atender aos casos encaminhados pela Atenção Básica, realizando acompanhamento psicossocial e os demais procedimentos do elenco deste nível de atenção, e aos quais é facultativa e desejável, a realização de todos os procedimentos diagnósticos e terapêuticos relativos à reprodução humana assistida, à exceção dos relacionados à fertilização in vitro; e
III - Alta Complexidade: os serviços de referência de Alta Complexidade estarão habilitados a atender aos casos encaminhados pela Média Complexidade, estando capacitados para realizar todos os procedimentos de Média Complexidade, bem como a fertilização in vitro e a inseminação artificial.
§ 1º A rede de atenção de Média e Alta Complexidade será composta por:
a) serviços de referência de Média e Alta Complexidade em reprodução humana assistida; e
b) serviços de Assistência Especializada - SAE que são de referência em DST/HIV/Aids.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/portaria_426_ac.htm. 
5- Diferenciar: planejamento reprodutivo e controle da natalidade. 
PLANEJAMENTO REPRODUTIVO
A atenção em planejamento familiar implica não só a oferta de métodos e técnicas para a concepção e a anticoncepção, mas também a oferta de informações e acompanhamento, num contexto de escolha livre e informada.
A Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, inclui no Título VIII da Ordem Social, em seu Capítulo VII, art. 226, § 7º, a responsabilidade do Estado no que se refere ao planejamento familiar, nos seguintes termos: 
Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas (BRASIL, 1988).
A Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que regulamenta o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece em seu art. 2º: 
Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Parágrafo único – É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para qualquer tipo de controle demográfico (BRASIL, 1996). Determina a mesma Lei, em seu art. 9º, que: Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção (BRASIL, 1996)
Utilização do termo planejamento reprodutivo em substituição a planejamento familiar,
Considerando que o planejamento pode ser realizado pelo homem e pela mulher, isoladamente, mesmo quando estes não querem instituir uma família, vem sendo amplamente discutida a utilização do termo planejamento reprodutivo em substituição a planejamento familiar, havendo a defesa de que se trata de uma concepção mais abrangente. 
As pessoas têm o direito de planejar a vida de acordo com as suas necessidades. O planejamento reprodutivo é um importante recurso para a saúde de homens, mulheres e crianças. Contribui para uma prática sexual mais saudável, possibilita o espaçamento dos nascimentos e a recuperação do organismo da mulher após o parto, melhorando as condições que ela tem para cuidar dos filhos e para realizar outras atividades.
O planejamento reprodutivo baseia-se no respeito aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos.
· O papel da Atenção Básica no planejamento reprodutivo
No que se refere ao planejamento reprodutivo, a atuação dos profissionais de saúde deve estar pautada na Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que regulamenta o § 7º do art. 226 da Constituição Federal. Nesse sentido, o planejamento reprodutivo deve ser tratado dentro do contexto dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos. 
Os profissionais de saúde da Atenção Básica devem procurar compreender as expectativas das pessoas no que diz respeito à reprodução eajudá-las a concretizarem essas expectativas, respeitando suas escolhas.
CONTROLE DA NATALIDADE
O controle de natalidade implica imposições do governo sobre a vida reprodutiva de homens e mulheres.
6- Conhecer os métodos contraceptivos disponibilizados no SUS e a anticoncepção de emergência.
O que são métodos anticoncepcionais?
São maneiras, medicamentos, objetos e cirurgias usados pelas pessoas para evitar a gravidez. Existem métodos femininos e masculinos.
Métodos anticoncepcionais reversíveis oferecidos pelo SUS:
· Pílula combinada de baixa dosagem (etinilestradiol 0,03 mg + levonorgestrel 0,15 mg).
· Minipílula (noretisterona 0,35 mg).
· Pílula anticoncepcional de emergência (levonorgestrel 0,75 mg).
· Injetável mensal (enantato de norestisterona 50 mg + valerato de estradiol 5 mg).
· Injetável trimestral (acetato de medroxiprogesterona 150 mg).
· Preservativo masculino.
· Diafragma.
· DIU Tcu-380 A (DIU T de cobre).
* Secretarias estaduais e municipais de saúde também fazem aquisições de métodos anticoncepcionais e complementam o que é distribuído pelo MS.
Como eleger?
A escolha do método ideal para o paciente deve ser realizada com base nas características individuais, podendo o método ser considerado adequado sem qualquer restrição, utilizado com cautela, ou mesmo contraindicado para o indivíduo.
Percentual de eficácia e continuidade de diferentes anticoncepcionais durante o primeiro ano de uso do método (OMS).
Métodos anticoncepcionais:
I - Reversíveis.
II – Não reversíveis.
Reversíveis
	HORMONAIS
	Orais
Combinados
 Monofásicos
 Bifásicos
 Trifásicos
 Minipílulas
	Injetáveis
Mensais
 Trimestrais
	Implantes subcutâneos
	Percutâneos
Adesivos
	Vaginais
Comprimidos
 Anel
	Sistema liberador de levonorgestrel (SIU)
	BARREIRA
	INTRAUTERINOS
	COMPORTAMENTAIS OU NATURAIS
	DUCHAS VAGINAIS
	Feminino
Diafragma
 Espermaticida
 Esponjas
 Capuz cervical
 Preservativo 
feminino
	Masculino
Preservativo masculino
	Medicados 
DIU de cobre
Diu com levonorgestrel
	Não medicados
	Tabela ou calendário (Ogino-Knaus)
Curva térmica basal ou de temperatura
Sintotérmico
Billings (mucocervical)
Coito interrompido
	
Diafragma: método vaginal de anticoncepção que consiste em um capuz macio de látex ou de silicone côncavo, com borda flexível, que recobre o colo uterino. Existem diafragmas de diversos tamanhos, sendo necessária a medição por profissional de saúde treinado para determinar o tamanho adequado. Por ser método de barreira, tem a vantagem de não ocasionar alterações sistêmicas. Entretanto, o diafragma não protege contra a transmissão das IST.
Espermicidas: São substâncias químicas que, quando introduzidas na vagina, destroem ou imobilizam os espermatozoides ou ainda inativam as enzimas necessárias para a penetração deles no óvulo. São a base de nonoxinol-9 (N-9) a 2%, não devem ser usados por mulheres HIV-positivas ou por parceiras de homens HIV-positivos, porque podem provocar irritação e/ou microfissuras na mucosa vaginal e cervical quando usados várias vezes ao dia, aumentando o risco de infecção e transmissibilidade de DST/HIV.
O dispositivo intrauterino – DIU: é um objeto pequeno de plástico flexível, em forma de T, que mede aproximadamente 31 mm, ao qual pode ser adicionado cobre ou hormônios que, inserido na cavidade uterina, exerce função contraceptiva. 
O DIU de cobre estimula uma reação inflamatória por presença de corpos estranhos no útero. tornando mais dificil passagem do espermatozoide pelo trato reprodutivo feminino, reduzindo a possibilidade de fertilização do óvulo
É um dos métodos de planejamento familiar mais usados em todo o mundo.
Comportamentais (tabela, muco cervical, temperatura basal, sintotérmico, entre outros) não protegem contra a transmissão do HIV e outras DST, devendo a usuária do método ser sempre orientada para o uso adequado e consistente do preservativo, masculino ou feminino, fazendo abstinência de relações sexuais vaginais no período fértil.
Não reversíveis - cirúrgicos:
1 - Esterilização cirúrgica feminina- ligadura tubária
2 - Esterilização cirúrgica masculina - vasectomia
Só se justificam nos casos em que existem condições clínicas ou genéticas que façam com que seja imperativo evitar a gravidez permanentemente.
Regulamentada pela Lei nº 9.263/96, que trata do planejamento familiar, a qual estabelece no seu art. 10 os critérios e as condições obrigatórias para a sua execução. 
“Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: 
I – em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;
II – risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos.
Como condição para a realização da esterilização cirúrgica, deve haver consentimento expresso do casal após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes. 
Laqueadura das tubas (esterilização feminina)
Método de esterilização feminina com oclusão mecânica da trompa de Falópio que limita a migração dos espermatozoides ao encontro do óvulo, impedindo a fertilização.
Está em decadência nos países mais desenvolvidos, devido ao planejamento reprodutivo dispor atualmente de inúmeros outros métodos reversíveis, de menor custo, menor risco e menores complicações em longo prazo. No Brasil, a esterilização feminina mantém-se como o método contraceptivo mais frequentemente utilizado (29%), seguida pela pílula (25%) (BRASIL, 2008b). Por outro lado, cada vez mais aumenta a demanda para reversão de laqueadura tubária, decorrente do arrependimento da mulher. 
A legislação federal não permite a esterilização cirúrgica feminina durante os períodos de parto ou aborto ou até o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores. Essa restrição visa à redução da incidência de cesárea para procedimento de laqueadura, levando-se em consideração que o parto cesariano, sem indicação clínica, constitui-se em risco inaceitável à saúde da mulher e do recém-nascido. Além disso, esses momentos são marcados por fragilidade emocional, em que a angústia de uma eventual gravidez não programada pode influir na decisão da mulher. Ademais, há sempre o risco de que uma patologia fetal, não detectada no momento do parto, possa trazer arrependimento posterior à decisão tomada
Vasectomia (esterilização masculina)
Ao contrário da esterilização feminina, deve ser incentivada, por se tratar de um procedimento mais fácil e seguro, em relação à laqueadura tubária. É ótima alternativa de dividir a responsabilidade sexual e reprodutiva com o parceiro. Para sua escolha é preciso que o homem esteja realmente seguro de que não deseja mais ter filhos, pois este é um método considerado permanente ou irreversível.
Consiste na ligadura dos canais deferentes para evitar que o esperma expelido contenha espermatozóides.
CONTRACEPÇÃO DE EMERGENCIA (CE)
Também conhecido como “pílula do dia seguinte” ou “pílula pós-coital”, composto por alta doses hormonais (estrogênio e progestogênio ou apenas progestogênio) devendo ser utilizado após relação sexual desprotegida, para evitar gravidez indesejada. 
Deve ser usada somente como método de emergência, e não de forma regular, substituindo outro método anticoncepcional. Seu uso frequente, diminui a eficácia.
São efetivos e seguros para a maioria das mulheres quando utilizados adequadamente e em situações de emergência, devendo ser utilizado em até cinco dias (120 horas), todavia, quanto mais precoce maior proteção.
Não tem efeito abortivo, nem eficacia caso tenha ocorrido a fecundação. Seu mecanismo de ação varia conforme afase do ciclo menstrual:
Na primeira fase do ciclo: altera o crescimento folicular, impedindo ou retardando a ovulação por muitos dias, impossibilitando o contato dos gametas feminino e masculino.
Na segunda fase do ciclo: após ocorrida a ovulação, a CE tenta impedir a fecundação: Altera o transporte dos espermatozoides e do óvulo pela Trompas de Falópio, modificando o muco cervical tornando-o hostil à espermomigração e interferindo na capacitação espermática.
É ofertado pelo SUS, desde 2001 (levonorgestrel 0,75 mg), cientificamente aceito e aprovado pela OMS, pela Anvisa, pelas Agências Reguladoras de Medicamentos da Europa, Estados Unidos e muitas da Ásia e da América Latina. Apesar da disponibilidade do método, ainda existe resistência por parte de alguns profissionais de saúde em ofertá-lo. Salienta-se que não disponibilizar a anticoncepção de emergência fere os direitos sexuais e os direitos reprodutivos das pessoas e a Lei federal nº 9.263, que regulamenta o planejamento familiar.
· Estimular sempre o uso da camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais, por ser o único método que protege contra as DST/HIV/Aids.
· Estimular a adoção da dupla proteção, uso combinado da camisinha masculina ou feminina com outro método anticoncepcional, com vistas à prevenção simultânea da gravidez indesejada e da transmissão das DST/HIV/Aids.
Aborto Legal
7- Conhecer a Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento, evidenciando os direitos das mulheres 
REVISANDO A PROBLEMATICA DO ABORTO
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, metade das gestações é indesejada, com 1 a cada 9 mulheres recorrendo ao abortamento para interrompê-las.
Em países em desenvolvimento, o risco de morte por complicações de procedimentos de abortamento inseguro muito maior do que quando realizado em condições seguras.
O abortamento representa uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil.
Em Salvador, desde o início da década de 90, o abortamento permanece como a 1ª causa isolada de morte materna, com adolescentes e jovens apresentando maiores riscos de morte (2005).
Além da mortalidade, a curetagem pós-abortamento representa o segundo procedimento obstétrico mais realizado nas unidades de internação da rede pública de serviços de saúde, superada apenas pelos partos normais.
Qual o objetivo da norma?
A norma de Atenção Humanizada ao Abortamento (2005/MS), cria parâmetros de humanização e acolhimento para as mulheres que chegam aos serviços de saúde em processo de abortamento espontâneo ou inseguro, fornecendo aos profissionais subsídios para que possam oferecer não só cuidado imediato às mulheres em situação de abortamento, mas também, integralidade deste atendimento, disponibilizar às mulheres alternativas contraceptivas, evitando o recurso a abortamentos repetidos. 
A atenção humanizada às mulheres em abortamento merece abordagem ética e reflexão sobre os aspectos jurídicos, tendo como princípios norteadores a igualdade, a liberdade e a dignidade da pessoa humana, não se admitindo qualquer discriminação ou restrição do acesso a assistência à saúde. Esses princípios incorporam o direito à assistência ao abortamento no marco ético e jurídico dos direitos sexuais e reprodutivos afirmados nos planos internacional e nacional de direitos humanos.
DIREITO DA MULHER 
O abortamento seguro, nas razões legalmente admitidas no Brasil, e o tratamento do abortamento constituem direito da mulher que deve ser respeitado e garantido pelos serviços de saúde.
Durante o primeiro trimestre da gravidez, consideram-se métodos aceitáveis a aspiração intra-uterina (manual ou elétrica), o abortamento farmacológico e a curetagem uterina. A ordem de escolha para os diferentes métodos depende das condições de cada serviço e da preferência da mulher, além da necessária avaliação do risco/benefício de cada procedimento.
No segundo trimestre, o abortamento farmacológico constitui método de eleição, como método único, podendo ser complementado, após a expulsão fetal, com curetagem ou aspiração uterina, segundo as condições clínicas da mulher. A interrupção da gravidez por meio de microcirurgia ou microcesariana deve ser reservada para condições excepcionais.
Quanto ao aborto por indução farmacológica, no Brasil, tem-se disponível o misoprostol e a ocitocina.
CÓDIGO CIVIL DO CONSENTIMENTO
O consentimento da mulher é necessário para o abortamento em quaisquer circunstâncias, salvo em caso de eminente risco de vida, estando a mulher impossibilitada para expressar seu consentimento. 
De acordo com os arts. 3º, 4º, 5º, 1631, 1690, 1728 e 1767 do Código Civil:
a) A partir dos 18 anos: a mulher é capaz de consentir sozinha;
b) A partir dos 16 e antes dos 18 anos: a adolescente deve ser assistida pelos pais ou por seu representante legal, que se manifestam com ela;
c) Antes de completar 16 anos: a adolescente ou criança deve ser representada pelos pais ou por seu representante legal, que se manifestam por ela.
A outra circunstância em que é necessário o consentimento de representante legal (curador/a ou tutor/a) refere-se à mulher que, por qualquer razão, não tenha condições de discernimento e de expressão de sua vontade.
De qualquer forma, sempre que a mulher ou adolescente tiver condições de discernimento e de expressão de sua vontade, deverá também consentir, assim como deverá ser respeitada a sua vontade se não consentir com o abortamento, que não deverá ser praticado, ainda que os seus representantes legais assim o queiram. é garantido a mulher
Diante de abortamento espontâneo ou provocado, o(a) médico(a) ou qualquer profissional de saúde não pode comunicar o fato à autoridade policial, judicial, nem ao Ministério Público, pois o sigilo na prática profissional da assistência à saúde é dever legal e ético, salvo para proteção da usuária e com o seu consentimento. O não cumprimento da norma legal pode ensejar procedimento criminal, civil e ético profissional contra quem revelou a informação, respondendo por todos os danos causados à mulher.
BIOÉTICA NO ABORTAMENTO A atenção humanizada às mulheres em abortamento pressupõe o respeito aos princípios fundamentais da bioética (ética aplicada à vida): 
a) Autonomia: direito da mulher de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida; 
b) Beneficência: obrigação ética de se maximizar o benefício e minimizar o dano (fazer o bem); c) Não-maleficência: a ação deve sempre causar o menor prejuízo à paciente, reduzindo os efeitos adversos ou indesejáveis de suas ações (não prejudicar); 
d) Justiça: o(a) profissional de saúde deve atuar com imparcialidade, evitando que aspectos sociais, culturais, religiosos, morais ou outros interfiram na relação com a mulher.
Diante de um caso de abortamento inseguro, “Não fazer juízo de valor e não julgar”, sendo dever de todos os profissionais de saúde acolher condignamente e envidar esforços para garantir a sobrevivência da mulher e não causar quaisquer transtornos e constrangimentos.
Dessa forma, a norma prioriza, humanização, acolhimento e a orientação como elementos importantes para uma atenção de qualidade e humanizada às mulheres em situação de abortamento.
8- Compreender a legislação atual sobre o aborto legal (CP e Conselho de medicina) e a conduta médica a ser adotada.
Organização Mundial da Saúde reconhece o aborto como um serviço de saúde essencial desde 2012.
No Brasil, admite-se duas espécies de aborto legal que podem ser realizados gratuitamente através do SUS: o terapêutico ou necessário e o sentimental ou humanitário, sendo legalizado em 3 situações:
1. Se a gravidez é decorrente de estupro (artigo 128 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940)
2. Se a gravidez representar risco de vida à mulher (terapêutico; artigo 128 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940)
3. Se for caso de anencefalia fetal (STF 2012)
Fora dessas situações, interromper a gravidez é crime no Brasil. Fazer um aborto induzido pode acarretar em detenção de 1 a 3 anos para a mulher ou que dê permissão para que outra pessoa o cometao aborto. Já o responsável pelo procedimento pode pegar de 1 a 4 anos de prisão e quando o aborto é induzido e provocado sem o consentimento da mulher o tempo de reclusão varia entre 3 a 10 anos.
Em caso de abuso sexual o MS delimita que o aborto legal deve ser realizado até a 20ª ou 22ª, com peso inferior a 500 gramas, já se tratando de gravidez que ponha em risco a vida da mulher ou feto anencéfalo não há limite de semanas de gestação para realizar o aborto. Ressalta-se que a lei do CP, não determina prazos sobre nenhuma hipótese.
De acordo com a Portaria GM/MS nº 2.282 de 28 agosto 2020, que “Dispõe sobre o Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, no âmbito do SUS”, há obrigatoriedade de que os profissionais da saúde notifiquem a autoridade policial quando do atendimento de mulheres que engravidaram em decorrência de uma violência sexual. Devendo estes preservar possíveis evidências materiais do crime de estupro, a serem entregues imediatamente à autoridade policial, como fragmentos de embrião ou feto, para a realização de exames genéticos que poderão levar à identificação do autor do crime. (Sociedade Brasileira de Medicina da Comunidade e da Família se posicionou contra a portaria).
PROJETOS DE LEI EM TRAMITE:
1- Projeto de Lei Projeto de Lei 232/21 – Estatuto da gestante: Na hipótese de a gestante vítima de estupro não dispor de meios econômicos suficientes para cuidar da vida, da saúde, do desenvolvimento e da educação da criança, o Estado arcará com os custos respectivos de um salário-mínimo até a idade de 18 anos da criança, "ou até que se efetive o pagamento da pensão alimentícia por parte do genitor ou outro responsável financeiro especificado em lei, ou venha a ser adotada a criança, se assim for a vontade da gestante, conforme regulamento"
2- Projeto de Lei 232/21 (fevereiro de 2021) torna obrigatória a apresentação de boletim de ocorrência com exame de corpo de delito positivo que ateste a veracidade do estupro, para a realização de aborto decorrente de violência sexual.
Segundo o Conselho Federal de Medicina, a orientação implica em clara violação do Código de Ética Médica no que tange o princípio fundamental (e as regras dele derivadas, vide Capítulo IX) de se guardar “sigilo a respeito das informações de que detenha conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos em lei”. Ora, a lei, nesse caso, prevê pena de “detenção de três meses a um ano, ou multa (...)” para aqueles que revelarem “sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem” (Art. 154 do Código Penal), dentre outras censuras. 
Estima-se que a notificação do estupro, quando realizada sem o consentimento da vítima, tem elevado potencial de produzir novos danos sobre a mulher, uma vez que, em quase 80% dos casos, o agressor é uma pessoa próxima à vítima, não raramente, um familiar com o qual ela divide o mesmo teto.
	Ressalta-se que até então, o Código Penal não exige qualquer documento para a prática do abortamento nesses casos e a mulher violentada sexualmente não tem o dever legal de noticiar o fato à polícia. Deve-se orientá-la a tomar as providências policiais e judiciais cabíveis, mas, caso ela não o faça, não lhe pode ser negado o abortamento.
O(a) médico(a) e demais profissionais de saúde não devem temer possíveis consequências jurídicas, caso revele-se posteriormente que a gravidez não foi resultado de violência sexual, pois “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima” (Código Penal, art. 20, § 1º).
SITUAÇÃO DO ABORTO NOS PAISES DA AMERICA CENTRAL E DO SUL
NO Brasil, de 176 hospitais cadastrados no CNES, 89 confirmaram a oferta do serviço para os 3 casos de aborto. Dentre as que não fazem, alegaram “não proteger bandidos”, demonstrando total desconhecimento sobre a legislação. Alguns deles, exigem BO, exame de delito, demonstrando total desconhecimento sobre o aborto legal.
código de ética médico
Da objeção de consciência:
Princípios fundamentais
VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.
Direito do medico
IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência.
Não cabe objeção de consciência
a) Em caso de necessidade de abortamento por risco de vida para a mulher; 
b) b) Em qualquer situação de abortamento juridicamente permitido, na ausência de outro (a) médico(a) que o faça e quando a mulher puder sofrer danos ou agravos à saúde em razão da omissão do(a) médico(a); 
c) No atendimento de complicações derivadas de abortamento inseguro, por se tratarem de casos de urgência
Desta forma, de acordo com o código de ética, a OAB e O CFM, compreendem que os médicos têm autonomia para decidir executar ou não qualquer procedimento quando não a risco de morte para o paciente (objeção de consciência, que pode ser por questões religiosas, culturais ou de foto íntimo). O médico que é contrário a interrupção da gravidez tem o direito de exercer sua objeção, sempre que demandado, a não ser que exista risco de vida imediato para a gestante.
Toda via, em caso de omissão, quando há risco de morte, o (a) médico (a) pode ser responsabilizado(a) civil e criminalmente pela morte ou pelos danos físicos e mentais que a mulher venha a sofrer, pois podia e devia agir para evitar tais resultados (Código Penal, art. 13, § 2º).
Compreender a importância da equipe multidisciplinar no aborto legal
É um direito de mulheres e adolescente o aborto seguro. E estas devem ser orientadas em hospitais, unidades de referencia e delegacias. Em caso de violência sexual, nenhum hospital pode se recusar a atender a mulher, principalmente em situação de emergência. Não é necessário registrar boletim de ocorrência e nem é obrigatória a denúncia do agressor.
Unidades de Atenção Humanizada ao Abortamento devem seguir as normas técnicas do Ministério da Saúde (2011). Elas determinam que as mulheres devem ser atendidas por uma equipe multiprofissional e devem auxiliá-la a decidir, sem julgá-la, sobre interromper ou não a gravidez ou encaminhar para adoção depois do parto.
Se for menor de idade, a adolescente deve ter suas escolhas respeitadas sempre que tiver condições de discernimento e de expressar sua vontade. O acompanhamento de um responsável é importante, mas não é obrigatório. Se a adolescente tiver discernimento não é necessário o acompanhante para a decisão. A assistência ao abortamento é prioritária e só pode ser realizado até a 22ª semana gestacional. Os médicos têm o direito de não realizar o aborto por convicções pessoais, contudo, o direito do médico não pode se sobrepor ao direito da mulher e se não houver outro médico, ele mesmo deverá realizar o procedimento. A recusa infundada e injustificada pode ser considerada pelo código de ética Médica como omissão. 
Rotineiramente, mulheres que optam pelo aborto são discriminadas e desrespeitadas, por isso é importante que o acesso ao abortamento aconteça de forma eficiente, sem julgamento morais e exigências previstas em lei. Se as mulheres tiverem consciência do seu direito elas pode exigir esse atendimento. Por isso é tão importante falar sobre aborto e orientar mulheres e adolescentes quanto aos seus direitos sexuais e reprodutivos na atenção primária à saúde.
A notificação é compulsória em situações de violência contra crianças, adolescentes, mulheres e pessoas idosas. A Ficha de Notificação/Investigação Individual de Violência Doméstica, Sexual e/ou outras Violências é única, independentemente do sexo, faixa etária, raça/cor/etnia, classe social, religião ou orientação sexual da vítima. Encontra-seimplantada no sistema Sinan NET. O correto preenchimento da ficha de notificação dos casos de violência é parte importante do atendimento feito pela equipe.
A principal ação da equipe multiprofissional concentra-se no acolhimento a mulher, com atitude destituída de julgamentos arbitrários e rotulações. Esta prática não é fácil, uma vez que é complexa a dissociação dos valores individuais.
Promover o acolhimento e fornecer as informações deve ser prática de todos os profissionais da equipe multiprofissional e devem estar presentes de forma transversal durante todo o contato com a mulher. Mais do que um dos passos do atendimento, o acolhimento é uma prática educativa que deverá refletir a qualidade da relação profissional de saúde/usuária na perspectiva de construção de novo modelo de atendimento. Para isso, os profissionais deverão estar devidamente sensibilizados e capacitados para incorporar o acolhimento e a orientação como prática cotidiana da assistência. Devemos considerar que o papel de cada profissional de saúde na promoção do acolhimento e da orientação está relacionado a sua formação profissional. Nos casos de abortamento por estupro, o profissional deverá atuar como facilitador do processo de tomada de decisão pela mulher, respeitando-a.
As faculdades precisam preparar os futuros profissionais para que possam lidar com a dissociação entre os valores individuais (morais, éticos, religiosos) e a prática profissional; com os sentimentos, com a questão social, enfim, com elementos que vão além da prática biomédica. 
No tocante à escuta, é fundamental considerar a atenção psicossocial às mulheres em abortamento, integrando assistentes sociais e psicólogos no atendimento, com suas respectivas especificidades na atenção à saúde, quando possível. Deve-se considerar que os enfoques da Psicologia e do Serviço Social podem ser diferenciados no trato das questões emocionais, relacionais e sociais. A Enfermagem também tem papel diferenciado por estar presente na porta de entrada, durante o procedimento obstétrico e na fase de recuperação clínica da mulher na unidade de saúde.
Durante a conversa é importante abordar a maternidade e o desejo de ser ou não ser mãe, a sexualidade e o relacionamento com parceiros; o espaço para elaboração subjetiva da experiência, com a verbalização dos sentimentos, a compreensão dos significados do abortamento no contexto de vida e dos motivos que levaram ao surgimento de uma gravidez não planejada ou repercussões do aborto.
O tema abortamento pressupõe sensibilização da equipe de saúde, visando à mudança de postura, de forma continuada. Nesse sentido, podem ajudar: discussões coletivas, supervisões clínicas, troca de preocupações, confronto de atitudes e convicções implícitas no atendimento, reuniões e oficinas de sensibilização e capacitação sobre sexualidade e práticas reprodutivas.
Todos os profissionais de saúde devem promover a escuta privilegiada, evitando julgamentos, preconceitos e comentários desrespeitosos, com abordagem que respeite a autonomia das mulheres e seu poder de decisão, procurando estabelecer relação de confiança. 
RESPONSABILIDADE DA EQUIPE: 
a) Respeitar a fala da mulher, lembrando que nem tudo é dito verbalmente, auxiliando-a a contatar com os seus sentimentos e elaborar a experiência vivida, buscando a autoconfiança; 
b) Organizar o acesso da mulher, priorizando o atendimento de acordo com necessidades detectadas; 
c) Identificar e avaliar as necessidades e riscos dos agravos à saúde em cada caso, resolvendo-os, conforme a capacidade técnica do serviço, ou encaminhando-a para serviços de referência, grupos de mulheres e organizações não-governamentais (ONG) feministas; 
d) Dar encaminhamentos aos problemas apresentados pelas mulheres, oferecendo soluções possíveis e priorizando o seu bem-estar e comodidade; 
e) Garantir a privacidade no atendimento e a confidencialidade das informações; 
f) Realizar os procedimentos técnicos de forma humanizada e informando as mulheres sobre as intervenções necessárias. 
CABE AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL E SERVIÇO SOCIAL: 
a) Prestar apoio emocional imediato e encaminhar, quando necessário, para o atendimento continuado em médio prazo; 
b) Reforçar a importância da mulher, respeitando o estado emocional em que se encontra, adotando postura auto compreensiva, que busque a autoestima; 
c) Identificar as reações do grupo social (famílias, amigos, colegas) em que está envolvida; 
d) Perguntar sobre o contexto da relação em que se deu a gravidez e as possíveis repercussões do abortamento no relacionamento com o parceiro; 
e) Conversar sobre gravidez, abortamento inseguro, menstruação, saúde reprodutiva e direitos sexuais e reprodutivos.
Em síntese, a equipe precisa estar atenta às preocupações das mulheres, aceitando as suas percepções e saberes, passando informações que atendam às suas necessidades e perguntas. Estabelecer comunicação efetiva, estando atenta à comunicação não-verbal (gestos, expressões faciais. Utilizar linguagem simples, aproximativa, inteligível e apropriada ao universo da usuária. Informar sobre os procedimentos e como serão realizados, sobre as condições clínicas da usuária, os resultados de exames, os cuidados para evitar complicações posteriores e o acompanhamento pós-abortamento. Orientar quanto à escolha contraceptiva no momento pós-abortamento, informando, inclusive, sobre a contracepção de emergência.
De fato, esta temática ainda suscita nos profissionais dificuldades em lidar com um tema polêmico, cheio de questões paradoxais, que mexe com convicções internas e influencia na atuação profissional. A presença do psicólogo na equipe multiprofissional é de grande valia para auxiliar no aprimoramento do cuidado, acolhimento integral e adequado a estas mulheres e no enfrentamento de situações cotidianas como esta para as equipes de saúde. 
Muitos profissionais afirmam não levarem suas opiniões para a sala de atendimento, deixando em suspenso suas crenças pessoais e tendo como base para os serviços prestados as complicações de saúde e o sofrimento de cada paciente. Esses profissionais identificam os sofrimentos acarretados pelo aborto e entendem o cuidado e o acolhimento como o ato de proferir palavras de conforto às pacientes, sem questionamentos sobre a etiologia do aborto e sem perceber os sofrimentos trazidos pelo aborto induzido.
Climatério
Diferenciar menopausa e climatério, além de definir sintomatologia envolvida nesta fase.
O Climatério é marcado pelo esgotamento dos folículos ovarianos, fazendo com que eles produzam menos estrogênio. Ocorre, portanto, um aumento progressivo nas concentrações de FSH (mais precoce) e LH (mais tardio), e uma diminuição de estradiol, progesterona e inibinas. Quando ocorre a menopausa, ou seja, a última menstruação, ocorre uma queda moderada da concentração de testosterona.
O CLIMATÉRIO é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica da vida e não um processo patológico, que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher, que geralmente se dá dos 40 aos 65 anos. Síndrome climatérica é o elenco de sintomas que se manifesta neste período. Universalmente, esse conceito parece inconsistente por representar apenas uma dimensão temporal pouco útil para compreensão diagnóstica e terapêutica.
A MENOPAUSA é um marco dessa fase, correspondendo ao último ciclo menstrual, somente reconhecida depois de passados 12 meses da sua ocorrência e acontece geralmente em torno dos 48 aos 50 anos de idade.
No período do climatério ocorrem alterações na fisiologia da mulher, caracterizadas por alterações hormonais (diminuição dos níveis de estradiol, progesterona e aumento das gonadotrofinas hipofisárias); modificações funcionais (disfunções menstruais, sintomas vasomotores); modificações morfológicas (atrofia mamária e urogenital, alterações da pele e mucosas) e outras alterações em sistemas hormonodependentes, como o cardiovascular e os ossos.
Essas mudanças repercutem na saúde geral da mulher,podendo alterar sua autoestima e qualidade de vida, e também na longevidade.
Manifestações menstruais - no período, da perimenopausa o intervalo entre as menstruações pode diminuir, quando menstrua, as menstruações podem ser abundantes e com maior duração.
Manifestações neurogênicas - ondas de calor, sudorese, calafrios, palpitações, cefaleia, tonturas, parestesia, insônia, perda da memória e fadiga. 
Manifestações psicogênicas - diminuição da autoestima, insegurança, irritabilidade, labilidade afetiva, sintomas depressivos, dificuldade de concentração e memória, dificuldades sexuais e insônia.
Manifestações metabólicas – perda óssea, osteoporose, lombalgia, perda de altura e cifose. 
Metabolismo lipídico - os níveis de LDL aumentam, enquanto os níveis de HDL diminuem. A deficiência estrogênica da pós-menopausa é considerada como fator relevante na etiopatogenia da doença cardiovascular e das doenças cerebrovasculares isquêmicas.
Manifestações urogenitais - processo atrófico que acompanha a redução estrogênica pode ser verificado no epitélio e tecidos pélvicos de sustentação, tornando a mucosa mais delgada, propiciando prolapsos genitais, além de sintomas vaginais, como ressecamento, sangramento e dispareunia, e uretrais, como disúria, frequência e urgência miccional. 
Manifestações tegumentares - hipoestrogenismo atuaria diminuindo a produção de colágeno. Na derme diminui a síntese de ácido hialurônico e com isto diminui o conteúdo de água. O ressecamento da pele é fator importante. Com o avançar da idade, a pele perde a elasticidade, os músculos enfraquecem e ficam frouxos, o coxim subcutâneo dissolve-se e a pele mais afinada perde o apoio, permitindo o aparecimento das rugas. Podem aparecer manchas hipocrômicas na pele ou formação de lentigos (sardas) e melanose (pigmento escuro) nas áreas expostas ao sol.
Alterações sexuais - mudanças na função sexual são multifatoriais e compreendem domínios biológicos, psicológicos e sociais. 
Conhecer as estratégias de Atenção ao climatério / menopausa no SUS.
As mulheres estão vivendo cada vez mais, entretanto, necessitam de um melhor atendimento tanto do ponto de vista de assistência médica quanto de orientação em relação aos problemas percebidos no climatério, para uma melhor qualidade de vida. As perspectivas, em decorrência dos avanços tecnológicos, medidas preventivas e terapêuticas, são extremamente favoráveis, desde que profissionais e o Estado responsáveis pela saúde e pelos cuidados sanitários continuem trabalhando conjuntamente e de forma consciente.
O climatério não é uma doença e sim uma fase natural da vida da mulher e muitas passam por ela sem queixas ou necessidade de medicamentos. Outras têm sintomas que variam na sua diversidade e intensidade. No entanto, em ambos os casos, é fundamental que haja, nessa fase da vida, um acompanhamento sistemático visando à promoção da saúde, o diagnóstico precoce, o tratamento imediato dos agravos e a prevenção de danos.
Os profissionais de saúde que atendem a clientela feminina devem cuidar para que haja a maior efetividade possível. Os serviços de saúde precisam adotar estratégias que evitem a ocorrência de oportunidades perdidas de atenção às mulheres no climatério. Isto é, evitar ocasiões em que as mulheres entram em contato com os serviços e não recebem orientações ou ações de promoção, prevenção e ou recuperação, de acordo com o perfil epidemiológico deste grupo populacional.
As oportunidades ocorrem durante a anamnese que valoriza a escuta, no exame clínico que inclui aferição do peso, da altura, da circunferência abdominal e da pressão arterial, no elenco de exames solicitados. Também no encaminhamento para grupos psico-educativos ou para outros profissionais (saúde bucal, endocrinologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia, etc.), na orientação sobre sexualidade, alimentação saudável, prevenção do câncer e das DST/aids, na oferta de atividades de promoção da saúde e outros recursos disponíveis na rede, em outros serviços públicos e na comunidade.
A abordagem deve ser criteriosa e individualizada. Embora muitas das queixas comportamentais no climatério possam ser explicadas por influências socioculturais e psicológicas, não significa que não existam importantes interações entre biologia, psicologia e cultura.
Para que a atenção à saúde da mulher no climatério se concretize, é necessária a decisão gestora de planejar ações e destinar recursos financeiros para implementação, além de apoio técnico, envolvimento com a sociedade civil, entre outros elementos destinados a este fim. 
Para racionalizar e qualificar a atenção, o sistema de saúde deve adotar estratégias de co-gestão, com acolhimento, escuta qualificada, oferta programada e captação precoce na perspectiva da promoção da saúde, considerando também um espaço para a demanda espontânea. 
A atenção à saúde da mulher no climatério pressupõe a existência de profissionais de saúde devidamente capacitados(as) e sensibilizados(as) para as particularidades inerentes a este grupo populacional. A atenção básica é o nível de atenção adequado para atender a grande parte das necessidades de saúde das mulheres no climatério e é necessário que a rede esteja organizada para oferecer atendimento com especialistas, quando indicado. Devem ser efetuadas parcerias com as áreas de DST/Aids, de doenças crônicas não transmissíveis – incluindo o câncer, saúde mental, odontologia, nutrição, ortopedia, entre outras. 
É indispensável também a organização da referência para realização de exames e a disponibilidade de medicamentos com as diversas opções terapêuticas. É uma proposta a existência de ambiente destinado a atividades psicoeducativas, para práticas complementares de saúde como grupo de apoio psicológico, meditação, ioga, automassagem, etc. 
Como cidadãs de direitos, as mulheres no climatério também devem ser chamadas a participar e exercer o controle social, nos espaços do SUS, nas experiências de gestão participativa, na mobilização da comunidade para as ações de saúde coletiva.
REFERENCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde – Brasília, Ministério da Saúde, 2013. 300 p. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26) In: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_saude_reprodutiva.pdf
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