Buscar

Aula 03

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ao fi nal desta aula, você deverá ser capaz de: 
identifi car os aspectos econômicos relevantes 
dos recursos naturais;
reconhecer alguns aspectos metodológicos 
e analíticos da avaliação ambiental;
apresentar algumas técnicas de valoração do 
capital natural.
A avaliação econômica do 
meio ambiente 3
ob
jet
ivo
s
A
U
L
A
Meta da aula 
Apresentar alguns instrumentos 
consagrados de avaliação ambiental.
1
2
3
C E D E R J 61
A
U
LA
 
3
Assim, o principal arcabouço teórico da economia dos recursos 
naturais emergiu da análise neoclássica sobre o emprego de fatores, tais 
como os minerais e recursos fl orestais, ou seja, tanto recursos repro-
dutíveis quanto os não reprodutíveis. Os modelos de determinação 
dos níveis ótimos de utilização de recursos naturais são os mesmos da 
microeconomia neoclássica.
O objeto de estudo em questão, que é representado pelo conjunto 
dos recursos naturais, decorre dos ciclos naturais do planeta Terra, com 
durações que variam de poucos instantes até milhões de anos. A capa-
cidade de recomposição de um dado recurso, durante o horizonte de 
tempo da vida humana, tem sido o principal critério para a classifi cação 
dos recursos naturais. Dessa forma, conforme os recursos sejam capazes 
de se recompor na natureza durante o período de vida do homem, eles 
poderão ser classifi cados da seguinte forma: renováveis ou reprodutíveis; 
e não renováveis, que também são denominados esgotáveis, exauríveis 
ou não reprodutíveis.
Dessa forma, os solos, as águas, o ar, as fl orestas, a fauna e a fl ora 
são considerados recursos naturais renováveis, uma vez que os seus ciclos 
de recomposição são compatíveis com o tempo da vida humana. Já os 
combustíveis fósseis, tais como o petróleo, o gás natural e os minérios 
em geral, são considerados não renováveis, porque são necessárias eras 
geológicas para a sua formação. Não obstante, dependendo do grau de 
utilização de um determinado recurso, é possível considerar a possibi-
lidade de esgotamento de recursos renováveis e de não esgotamento de 
recursos exauríveis.
A regra de Hotelling 
A análise econômica dos recursos exauríveis se fundamenta no artigo de 
Hotelling, publicado em 1931, The Economics of Exhaustible Resources. 
Neste trabalho, Hotelling sugere que os preços dos recursos exauríveis 
devem evoluir no mesmo ritmo que as taxas de juros do mercado (essas 
taxas de juros seriam as taxas de desconto dos fl uxos futuros de riqueza 
gerados pelos recursos exauríveis).
62 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
Figura 3.2: As fl orestas constituem recursos naturais renováveis, mas que podem 
se esgotar conforme a velocidade com que o homem se utiliza delas. 
Fonte: http://fi sica.cdcc.sc.usp.br/olimpiadas
Figura 3.1: O petróleo, extraído de plataformas off-shore ou de poços em terra, 
é um recurso não renovável. 
Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/media/imagens/2009/01/02/1129Divulga0P51.jpg/view
60 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
INTRODUÇÃO Com o avanço da preocupação humana com o meio ambiente, novas questões 
foram apresentadas aos gestores de organizações e empresas, que, muitas 
vezes, se descobriram incapazes de respondê-las.
Via de regra, a atividade empresarial envolve complexas análises de investimen-
tos, nas quais são consideradas avaliações de benefícios e custos envolvidos 
nas ações pretendidas. Quando essas avaliações envolvem montantes em 
dinheiro, seja de receitas ou de gastos, as técnicas de avaliação costumam 
convergir rapidamente para uma faixa de valor, de forma a orientar a tomada 
de decisão dos gestores.
Não obstante, quando um gestor é confrontado com a necessidade de incor-
porar ganhos e perdas, em termos de meio ambiente, nas suas decisões de 
investimentos, ele se depara com o complexo problema de ter de atribuir valores 
monetários a entidades que não possuem um preço ou valor observado, porque 
não são negociadas nos mercados. Por exemplo, quanto vale uma fl oresta de 
mata atlântica que vai ser inundada pelo lago de uma usina hidroelétrica? 
Quanto vale um exemplar da fauna nativa que vai desaparecer por perda de 
seu habitat? Essas questões são fundamentais para que se possa incorporar 
o meio ambiente na base das decisões econômicas e sociais que permeiam 
a vida em sociedade. Nesta aula, nós vamos apresentar algumas ferramentas 
que poderão auxiliá-lo na análise dessas questões. 
OS ASPECTOS ECONÔMICOS DOS RECURSOS NATURAIS
De acordo com Silva (2003, p. 33), apenas a partir dos anos 1970 
é que os recursos naturais foram considerados elementos relevantes no 
escopo principal da teoria econômica. Tal resgate se deu em virtude da 
ampliação dos debates acerca dos limites do crescimento econômico 
promovidos pelos fóruns internacionais.
Não obstante, essa reinserção do meio ambiente no arcabouço 
conceitual da economia trouxe poucas inovações inicialmente em termos 
metodológicos e doutrinários, ou seja, sua infl uência nos processos de 
investigação científi ca e no arcabouço teórico foi pequena. O que ocorreu 
foi o resgate de trabalhos antigos, que não tiveram muita expressão na 
ocasião em que foram produzidos, em razão de não estarem alinhados 
com o pensamento econômico majoritário. Dentre eles, destacam-se os 
trabalhos de Faustmann, que tratava da gestão de recursos fl orestais, 
produzidos em 1849, e os trabalhos de Hotelling, versando sobre as 
regras de uso dos recursos esgotáveis, em 1931.
C E D E R J 63
A
U
LA
 
3No caso dos recursos renováveis, um aspecto fundamental, que 
explica em grande parte o seu desaparecimento, é a incompatibilidade 
entre a dinâmica biológica, que é quem vai determinar a evolução, e a 
dinâmica econômica, que, por sua vez, determina a taxa de extração 
dos recursos.
A dinâmica ecológica demonstra que o estoque de recursos natu-
rais renováveis não é constante. Esse estoque cresce à medida que são 
apresentadas as condições para o seu crescimento. Essa expansão está 
condicionada a um limite máximo, que é defi nido pela capacidade de 
suporte (originado do termo carring capacity) do seu ecossistema.
Por outro lado, a dinâmica econômica tende a pressionar no senti-
do do declínio de um recurso, na medida em que a sua taxa de extração 
exceder, de maneira persistente, a taxa de reposição do recurso. Isso 
signifi ca dizer que, na busca incessante do lucro, os agentes econômicos 
tendem a explorar os recursos renováveis numa velocidade maior do que 
a taxa de reposição dos estoques desses recursos.
Para os recursos renováveis, a exploração econômica está baseada 
no “princípio do máximo”, oriundo do pensamento neoclássico, e cujo 
objetivo consiste em obter as condições para atingir o nível “ótimo” 
econômico, no qual o produtor obterá o maior benefício ou lucro 
máximo. Assim, o estoque (x), de um recurso (G), em qualquer instante 
no tempo (t), será o resultado da diferença entre a sua taxa natural de 
recomposição no tempo e a sua taxa de exploração ao longo do tempo, 
conforme apresentamos na expressão a seguir:
x = G (x(t)) – h (t)
onde: x = mudança no estoque do recurso natural renovável G no 
tempo.
 G (x(t)) = taxa natural de recomposição de x.
 h (t) = taxa de utilização de x.
Assim, se a taxa de recomposição G (x(t)) for maior do que a 
taxa de utilização h(t), o recurso terá garantida a sua permanência como 
fator de produção, num contexto de sustentabilidade. No caso oposto, 
o recurso será completamente exaurido e desaparecerá. 
64 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
No caso dos recursos exauríveis, existem aspectos peculiares 
que determinam os modelos de exploração econômica dos mesmos. 
O primeiro aspecto diz respeito ao aproveitamento econômico de um 
recurso exaurível. Para ser aproveitável, um recurso deve ser extraído 
de forma viável tecnologicamente e permitirque os lucros compensem 
os custos incorridos, superando também os custos de oportunidade do 
capital empregado. Por exemplo, o ouro existe em frações ínfi mas em 
todas as rochas, mas o custo para extrair essas quantidades mínimas 
superaria muito o ganho que se pudesse auferir.
Suponha que uma região da Floresta Amazônica possua 300 exemplares 
de uma árvore chamada pau-rosa. Ela produz uma essência que é usada 
na elaboração do perfume francês Chanel nº 5. São necessários vários anos 
para que esta árvore cresça e fi que em condições de lançar novas sementes. 
Suponha ainda que, nessa região da fl oresta, o número de árvores que 
atinja a idade de fl oração (e, consequentemente, de lançamento de novas 
sementes) seja de 20 por ano e que os madeireiros estejam extraindo 50 
exemplares por ano. Vejamos o que vai acontecer:
Ao fi m do primeiro ano: 
Variação de estoque = taxa de reposição – taxa de extração = 20/ano – 50/
ano = –30
300 árvores – 30 árvores = 270 árvores
Ao fi m do segundo ano:
270 árvores – 30 árvores = 240 árvores
Ao fi m de dez anos, já não existirão mais árvores.
Por isso, o correto manejo dos recursos naturais deve conciliar as taxas de 
extração e reposição.
Custo de oportunidade
Do ponto de vista econômico, 
trata-se da melhor alternativa de aplica-
ção de recursos que se tinha, ao mesmo nível 
de risco, antes de se optar por uma determinada 
alternativa de investimentos. Por exemplo, o custo 
de oportunidade de se manter dinheiro guardado no 
colchão é equivalente ao rendimento da caderneta 
de poupança, que é a alternativa de aplicação que 
foi abandonada ao guardar-se o dinheiro no 
colchão, supondo que ambas as aplicações 
não possuem risco (risco zero).
??
C E D E R J 65
A
U
LA
 
3Com o objetivo de distinguir os recursos economicamente aprovei-
táveis daqueles que estão apenas dispersos, encontramos em Silva (2003, 
p. 36) os seguintes conceitos: recursos, reservas e recursos hipotéticos.
O conceito de reserva mineral implica algum tipo de medição 
física que anteriormente tenha sido realizada com relação ao teor e à 
quantidade de concentração mineral in loco, de tal forma a evidenciar 
que a extração do recurso seja viável sob a ótica tecnológica, tanto 
hoje quanto num futuro próximo, e que possa ser realizada com lucro 
econômico.
A ideia de recurso, pura e simplesmente, não apresenta o mesmo 
nível de detalhamento, embora a sua existência seja conhecida. Por fi m, 
os recursos hipotéticos são todos aqueles recursos conhecidos e não 
conhecidos, mas possíveis de existir numa determinada porção da crosta 
terrestre e capazes de serem utilizados no futuro.
Com base nessas defi nições, é possível perceber que o conceito de 
recurso mineral é dinâmico, de tal forma que não existem condições pre-
viamente estabelecidas, pois os estoques de recursos podem se expandir 
e se contrair em resposta às preferências dos agentes econômicos, bem 
como às condições tecnológicas e políticas. O exemplo brasileiro das 
reservas de petróleo contidas na camada pré-sal da plataforma conti-
nental ao longo do litoral das regiões Sul e Sudeste é um exemplo dessa 
dinâmica: no passado, o Brasil era um importador de petróleo vulnerável 
às variações de preço dessa commodity, e, hoje, o país é um potencial 
exportador e grande produtor de petróleo.
Camada pré-sal
O pré-sal é uma camada de sal em 
pedra de centenas de metros de largura, 
soterrada por camadas de sedimentos no fundo 
do mar e que serviu de tampão para que os organismos 
microscópicos, que se depositaram no mar primordial, for-
mado pelo afastamento dos continentes sul-americano 
e africano, se tornassem petróleo. Está a mais de cinco quilô-
metros de profundidade contados a partir do fundo do mar, 
que por sua vez está a mais de mil metros da superfície. Esta 
camada, chamada de pré-sal, localiza-se no Sudeste do Bra-
sil, do estado de Santa Catarina ao Espírito Santo; e, abai-
xo dela, encontram-se as maiores reservas de petróleo 
descobertas no Brasil. Especialistas dizem que 
abaixo dessa camada ainda há muito 
petróleo a se descobrir.
??
66 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
Não obstante, na medida em que a reprodução dos recursos 
não renováveis não está assegurada, ao mesmo tempo que eles se esgo-
tam localmente, é preciso introduzir uma dimensão temporal na análise, 
haja vista que o recurso extraído no presente não estará mais disponível 
no futuro. 
O problema que se apresenta aos tomadores de decisão consiste em 
identifi car o comportamento que os preços de um determinado recurso 
exaurível deve evidenciar para que possa ser estabelecida a sua extração 
ótima do ponto de vista econômico. Deve ser lembrado que, em razão 
de o uso desses recursos ser fi nito, a sua extração e utilização envolvem 
decisões intertemporais, ou seja, decisões tomadas no presente, mas que 
implicam consequências no futuro.
No caso dos recursos exauríveis, as decisões intertemporais se refe-
rem à época mais adequada para a sua exploração: é melhor consumir o 
recurso hoje ou deixá-lo para as gerações futuras? Além disso, em razão 
do esgotamento de um recurso fi nito, a dimensão intertemporal também 
implica a consideração de um certo “custo de uso”, que representa um 
valor que a geração presente deve pagar para compensar as gerações 
futuras pelo esgotamento desses recursos. As variáveis críticas para a 
análise dessas decisões intertemporais são: a taxa de juros (i); o Valor 
Presente Líquido (VPL) dos fl uxos futuros de benefícios econômicos 
gerados e o tempo, considerado em períodos discretos (n). 
Além dessas variáveis que afetam as decisões intertemporais, são 
levados em consideração dois aspectos adicionais para estabelecer a 
estratégia efi ciente de “uso ótimo” de um dado recurso exaurível, num 
contexto de decisão intertemporal: a existência de benefícios econômicos 
decorrentes da extração do recurso (também designados por royalties) e 
a evolução dos preços e do valor do royalty no tempo.
Sob a ótica da Teoria Econômica, a intensidade do uso de um 
recurso exaurível será uma variável que dependerá do valor econômico 
desse recurso no presente, bem como das taxas de juros e do tempo de 
exaustão da jazida. Assim, uma elevação de preços de um dado recurso 
tenderá a restringir o consumo do mesmo, na medida em que aumen-
ta o valor do royalty (recurso extraído à disposição de seu titular), e, 
por esta razão, seus possuidores não vão desejar aumentar a taxa de 
extração para tornar este produto mais abundante e assim perder valor. 
68 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
questão, mas que, à medida que o royalty do mesmo se eleva, passa a ser 
uma alternativa viável (isso coloca limites à valorização do royalty). 
Falhas de mercado
São situações que ocorrem sem que um mercado livre seja capaz de evitar 
e que comprometem a alocação efi ciente de riqueza. A existência dessas 
falhas em princípio seria capaz de justifi car a intervenção do Estado na eco-
nomia. A doutrina econômica assinala cinco falhas de mercado clássicas:
1 – Externalidades: são efeitos externos, da produção ou do consumo, que 
atingem outros agentes econômicos. Como exemplo, a fumaça do cigarro 
ou o lançamento de detritos industriais nos rios.
2 – Mercados incompletos: são situações nas quais não ocorre natural-
mente um mercado competitivo, tal como os planos de previdência e os 
seguros (ambos necessitam de forte regulamentação do Estado e por isso 
existem).
3 – Monopólios naturais: são atividades econômicas que, em razão de seu 
porte e complexidade, só se manifestam sob a forma de monopólio. Como 
exemplo, a Petrobras em relação ao petróleo.
4 – Informações assimétricas: decorrem do fato de alguns agentes serem 
mais informados do que outros, utilizando isso a seu favor. É o caso das 
informações privilegiadas na Bolsa de Valores.
5 – Bens públicos: são bens de uso comum, nos quais o consumopor parte 
de um agente não pode excluir o outro (como, por exemplo, a segurança 
pública). O problema é que ninguém está disposto a pagar por eles.
O jornal O Globo noticiou, em 12 de junho de 2008, a seguinte matéria: 
O desenvolvimento acelerado da China faz o país consumir seus recursos naturais 
duas vezes mais rapidamente do que eles podem ser renovados. Caso mantenha 
o mesmo ritmo, se aproximando dos patamares de demanda por recursos naturais 
dos EUA, o país precisará de todas as matérias-primas do planeta, exaurindo-o por 
completo (...) a China já consome 15% de toda a capacidade biológica do planeta 
(recursos como água, terra e madeira) (...) Nos próximos 10 a 20 anos, o consumo 
da China provavelmente continuará a impor desafi os ao próprio ecossistema chinês 
e pressionará a biocapacidade do planeta (...) A China precisa aderir ao desenvolvi-
mento sustentável em no máximo 20 anos (...) Por conta dos subsídios dados pelo 
governo chinês ao uso de água, eletricidade e combustíveis, (...) fazendas e indústrias 
desperdiçam recursos (SCOFIELD Jr., 2008).
Com base na leitura do texto, é possível dizer que a China maneja corretamente os seus 
recursos naturais no contexto de sua economia? Quais os aspectos que estão sendo 
negligenciados? Quais as possibilidades de redução dos impactos ambientais?
Atividade 1
1
C E D E R J 69
A
U
LA
 
3
ASPECTOS METODOLÓGICOS E ANALÍTICOS DA 
AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Verifi camos em Motta (1998, p. 15) que, num contexto de decisão 
de alocação de recursos, confrontado com restrições orçamentárias, é 
imperativo que se estabeleça uma análise prévia de custo-benefício das 
opções de escolha ou cursos de ações a serem seguidos. Dessa forma, 
o decisor poderá comparar, em cada opção, o custo de realizá-la em 
face do benefício resultante, e assim optar pela relação custo-benefício 
mais favorável.
Não obstante, a estimação dos custos e benefícios nem sempre é 
trivial, uma vez que requer, preliminarmente, a capacidade de identifi cá-
los e, numa segunda etapa, a defi nição a priori de critérios que tornem 
as distintas alternativas comparáveis numa métrica adequada.
Nos casos em que esses custos e benefícios refl itam os dispêndios 
a preços de mercado dos bens e serviços transacionados, o processo de 
Resposta Comentada
Não. De acordo com o texto, é possível verifi car que a China não realiza uma 
gestão competente de seus recursos naturais, na medida em que não leva 
em consideração os aspectos básicos de gestão desses recursos. O primeiro 
aspecto a ser considerado é o fato de que, dependendo do grau de utilização 
de um determinado recurso, é possível considerar a possibilidade de esgota-
mento de recursos renováveis e do não esgotamento de recursos exauríveis 
para que se estabeleça o manejo dos mesmos. Uma outra consideração diz 
respeito, no caso dos recursos renováveis, a um aspecto fundamental que explica 
em grande parte o seu desaparecimento, que é a incompatibilidade entre a 
dinâmica biológica, que determina a sua evolução, e a dinâmica econômica, que 
determina a taxa de extração dos mesmos. Por fi m, em razão do fato de que a 
reprodução dos recursos não renováveis não está assegurada, ao mesmo tempo 
que eles se esgotam localmente, é preciso introduzir uma dimensão temporal 
na análise, haja vista que o recurso que é extraído no presente não estará mais 
disponível no futuro, bem como levar em consideração os custos de oportunida-
de envolvidos na sua extração. Talvez, se a China passar a considerar a adoção 
de instrumentos de manejo sustentáveis de seus recursos naturais, ela consiga 
reduzir ou até reverter o nível de destruição do meio ambiente.
70 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
estimação e identifi cação é mais simples e objetivo, pois tanto o custo 
quanto o benefício serão obtidos a partir da soma de todos os gastos e 
de todas as receitas incorridas.
Como base de análise, supõe-se que os gastos dos consumidores, 
que são expressos em valores monetários, estivessem associados aos 
benefícios esperados do consumo, dado o nível de renda disponível. 
Destarte, a satisfação dos consumidores seria derivada de múltiplas for-
mas de consumo, ou seja, o bem-estar dos indivíduos seria o resulta-
do tanto do consumo de bens e serviços como também do consumo 
de amenidades de origem recreativa, política, cultural e ambiental.
Dessa forma, de acordo com a Teoria Econômica, no ambiente de 
mercado privado, os preços e as quantidades dos produtos transacionados 
são determinados pela interação entre a disposição a pagar dos consu-
midores e a disposição a ofertar das empresas, de tal forma a orientar 
as decisões alocativas de recursos dos agentes. Por sua vez, as decisões 
alocativas no setor público, envolvendo a provisão de bens e serviços que 
devem aumentar o bem-estar dos cidadãos, em face de um orçamento 
limitado, são auxiliadas por análises sociais de custo-benefício. 
Ainda de acordo com Motta (1998, p. 16), a análise social de 
custo-benefício tem por objetivo atribuir um valor social para todos os 
efeitos de um determinado projeto, investimento ou política. Os efeitos 
positivos são considerados como sendo benefícios, e os efeitos negativos 
são tratados como custos. 
Uma vez que o objetivo do analista é comparar os custos e os 
benefícios, é preciso estabelecer uma métrica apropriada, ou seja, uma 
medida comum, ou numerário, ou unidade de conta. Na medida em que 
muitos dos custos são facilmente mensuráveis em termos monetários, 
há uma tentativa de se expressar os benefícios na mesma métrica. Não 
obstante, existem muitas difi culdades nessa tentativa de estabelecer um 
numerário comum para custos e benefícios.
A principal difi culdade reside no fato de que muitos bens e servi-
ços não são transacionados no mercado, e, por essa razão, não possuem 
preços defi nidos. Em geral, os recursos ambientais se enquadram nessa 
categoria. Para introduzir na análise um fator adicional de complicação, 
convém lembrar que o consumo das gerações futuras também deve ser 
levado em consideração, de tal forma a incorporar um componente de 
distribuição de riqueza intergeracional. 
C E D E R J 71
A
U
LA
 
3Do ponto de vista metodológico, as variações de bem-estar das 
famílias decorrentes da variação de consumo ocasionada pelos inves-
timentos públicos devem ser levadas em conta nas análises sociais de 
custo-benefício. Nesse sentido, a mensuração dos custos e benefícios 
sociais, em virtude de sua contribuição para o bem-estar dos indivíduos, 
é o suporte da teoria econômica do bem-estar, e dela derivam as técnicas 
de valoração monetária dos recursos ambientais.
Os métodos de valoração do capital natural incorporam essa forma 
de análise de custo-benefício, de maneira que os valores sociais dos bens 
e serviços devem considerar as variações de bem-estar e não apenas os 
valores de mercado. Isso signifi ca que existe uma avaliação sob a ótica 
privada, ou de mercado, e uma avaliação sob a ótica social.
É importante que você entenda a distinção entre a ótica privada 
e a ótica social ou econômica. De acordo com Contador (1997, p. 21), 
em geral se considera a viabilidade de um projeto como de interesse 
apenas do investidor ou do agente fi nanceiro que vai fi nanciá-lo. Esta 
é a ótica privada. Porém, a viabilidade de qualquer projeto pode ser 
avaliada por diversas óticas. Por exemplo, um projeto de fábrica pode 
ser excelente para um empresário, mas pode ser péssimo para as pessoas 
que vão entrar em contato com a poluição gerada. Assim, a avaliação 
social se propõe a examinar os efeitos diretos e indiretos que são ou 
serão causados por um determinado projeto, sob o enfoque da sociedade 
como um todo. Ela permite identifi car as situações nas quais a economia 
como um todo, considerando todos os agentes envolvidos, está sendo 
prejudicada ou favorecida. 
Não obstante, como existem limitaçõesteóricas e barreiras meto-
dológicas na adoção de métodos de valoração baseados no arcabouço 
teórico da economia do bem-estar social, a análise de custo-benefício é 
apenas um indicador adicional para a tomada de decisão.
Ocorre que, em alguns níveis de decisão, via de regra, aqueles que 
envolvem questões socialmente complexas e indefi nidas, a análise de custo-
benefício torna-se tão onerosa e/ou imprecisa que deve até ser evitada. Em 
outras instâncias, entrementes, quando o próprio processo político exige 
uma avaliação econômica para sustentar a sua capacidade de ordenação 
de prioridades, os indicadores econômicos são bastante úteis.
O intenso debate acerca da questão ambiental convergiu no sen-
tido de que a proteção do meio ambiente é uma questão de equidade 
72 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
intertemporal. Num modelo econômico em que os custos da degradação 
ecológica não são pagos por aqueles que a geraram, acabam afetando 
terceiros sem que estes sejam devidamente compensados pelo dano, ou 
seja, constituem-se em externalidades para o sistema econômico. Entenda 
que a poluição e a degradação ambiental que produzimos hoje vai afetar 
as crianças que estão nascendo agora, ou seja, a próxima geração, que 
não tem voz para reclamar.
Quando as atividades econômicas são planejadas sem que sejam 
consideradas as externalidades ambientais, os padrões de consumo dos 
indivíduos são forjados sem considerar a internalização (apropriação 
pela entidade econômica) dos custos ambientais.
Quando não ocorre internalização dos custos advindos das 
externalidades ambientais, estabelece-se um padrão de apropriação do 
capital natural no qual os benefícios são providos para alguns usuários 
de recursos ambientais sem que estes compensem os custos incorridos 
pelos usuários excluídos desses benefícios. Ademais, as gerações futuras 
serão deixadas com um estoque de capital natural resultante das esco-
lhas feitas pela geração atual, e arcarão com todos os custos resultantes 
dessas escolhas.
Destarte, apesar do fato de que o uso dos recursos ambientais não 
tenha o seu preço reconhecido no mercado, é razoável inferir a existência 
de seu valor econômico, uma vez que o seu uso possui a capacidade de 
alterar o nível de produção e de consumos da sociedade, ou seja, o seu 
próprio nível de bem-estar.
Em face da existência de externalidades ambientais, existe uma 
situação oportuna para a intervenção do Estado, que pode se manifestar 
por intermédio de distintos instrumentos tais como: a determinação dos 
direitos de propriedade, o uso de normas ou padrões, os instrumentos 
econômicos, as compensações monetárias por danos etc.
Nesses casos, não é trivial o fato de a intervenção do Estado ser 
legítima, pois os interesses político-partidários eventualmente prevalecem 
sobre o interesse público. Sobretudo no caso da conservação da diver-
sidade biológica, a intervenção governamental é ainda mais complexa, 
haja vista que o conhecimento teórico e gerencial ainda é insufi ciente para 
responder a todos os questionamentos. Há, contudo, um certo consenso 
acerca das difi culdades da gestão ambiental, de maneira que os atuais 
problemas podem ser classifi cados em três categorias principais: baixas 
C E D E R J 73
A
U
LA
 
3provisões orçamentárias em face dos altos custos de gerenciamento; polí-
ticas econômicas indutoras de perdas ambientais; questões de equidade 
(como, por exemplo, a tentativa de resolver supostas injustiças sociais tole-
rando a proliferação de favelas) que difi cultam o cumprimento da lei.
Estas três categorias de problemas caracterizam uma situação na 
qual se faz necessária uma introdução de critérios econômicos na gestão 
ambiental. Tal consideração não é propriamente inovadora e está cada 
vez mais difundida em vários países. Os critérios econômicos devem, 
então, orientar a determinação de prioridades, ações e procedimentos 
para a gestão ambiental.
Nesse sentido, em virtude das tremendas restrições orçamentárias 
que acometem o processo decisório do Estado, em face das múltiplas 
demandas dos atores sociais e das negociações políticas daí advindas, 
faz-se necessária a determinação de prioridades, ações e procedimentos 
que tornem efetiva a gestão ambiental.
As restrições orçamentárias impõem ao Estado a resposta para os 
seguintes questionamentos: 
1º - Em quais recursos ambientais deverão ser centralizados os 
esforços da ação estatal?
2º - Quais devem ser os métodos a serem empregados para que 
se atinjam os objetivos pretendidos?
Ou seja, de forma simplifi cada, podemos dizer que a grande 
questão em pauta consiste na defi nição acerca do que conservar e onde 
conservar. 
Durante 
boa parte do proces-
so histórico de gestão do meio 
ambiente, as abordagens predominan-
tes se basearam em critérios ambientais, 
biológicos ou geográfi cos. Atualmente, o 
uso do critério econômico, de forma comple-
mentar aos anteriores, tem aumentado a 
efi ciência do processo e reforçado a 
dimensão humana da gestão 
ambiental. 
!!
74 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
A doutrina voltada para o gerenciamento dos recursos ambien-
tais desenvolveu vários modelos nesses últimos vinte anos. Existem três 
abordagens que sintetizam as principais proposições analíticas: 
(i) Análise Custo-Benefício (ACB);
(ii) Análise Custo-Utilidade (ACU);
(iii) Análise Custo-Efi ciência (ACE); 
A Análise Custo-Benefício é a técnica econômica mais empregada 
para a determinação de prioridades na avaliação de políticas. O pro-
pósito dessa técnica é a comparação de custos e benefícios associados 
aos impactos das estratégias alternativas de políticas, em termos de seus 
valores monetários.
No âmbito da gestão dos recursos naturais, os benefícios são todos 
os bens e serviços ecológicos cuja conservação conduzirá à recuperação 
ou à conservação dos mesmos, para a fruição da sociedade, impactando 
de forma positiva o nível de bem-estar dos agentes.
Analogamente, os custos dessa ACB representam o bem-estar que 
se deixou de ter em virtude do desvio dos recursos da economia para 
políticas ambientais, em detrimento de outras atividades econômicas, 
ou seja, trata-se de um custo de oportunidade inerente à escolha feita 
no sentido da preservação do meio ambiente.
Por sua vez, a estimação de valores monetários deverá refl etir 
valores econômicos baseados nas preferências dos consumidores. Empre-
gando os mercados de bens privados complementares e substitutos para 
os serviços ambientais, ou até mesmo mercados hipotéticos para esses 
serviços, é possível estimar a disposição a pagar dos agentes econômicos 
com relação às mudanças da provisão ambiental.
A ordenação das alternativas de escolha em políticas é realizada 
com base no valor presente dos custos e benefícios descontados por 
uma taxa ao longo do tempo. Não obstante, as restrições desse método 
fi cam por conta do adequado estabelecimento das taxas de desconto e 
das variabilidades (riscos) e incertezas associadas ao processo.
Outra técnica importante é a Análise Custo-Utilidade – ACU. 
Trata-se de um indicador de benefícios que busca integrar critérios eco-
nômicos com critérios ecológicos.
C E D E R J 75
A
U
LA
 
3Dessa forma, a ACU gera indicadores que são calculados para 
valores econômicos e também critérios ecológicos tais como: insubs-
titutibilidade; vulnerabilidade; grau de ameaça; representatividade 
e criticabilidade.
O critério insubstitutibilidade diz respeito ao fato de o benefício 
ser ou não substituível (por exemplo, um trecho de mata nativa pode ser 
reconstituído em outro terreno, mas o habitat dos golfi nhos que viviam 
na baía da Guanabara, não). A vulnerabilidade diz respeito ao grau em 
que o objeto a ser protegido pode ser afetado com o impacto ambiental 
(por exemplo, uma estrada que corte uma fl oresta pode isolar grupos de 
animais deuma mesma espécie, degenerando a variabilidade genética). 
O grau de ameaça refere-se ao nível em que o objeto a ser protegido 
encontra-se ameaçado com a atual ação humana. A representatividade 
diz respeito à importância relativa do objeto a ser protegido para o 
equilíbrio da Terra (é o caso da Amazônia, cujo desaparecimento vai 
afetar o clima do planeta). A criticabilidade diz respeito à urgência com 
que uma medida deve ser adotada, em virtude de sua rápida evolução 
(é o caso das medidas contra o aquecimento global).
Cada um desses indicadores teria um peso absoluto, que, por sua 
vez, ponderaria a avaliação dos benefícios de cada opção de escolha. 
As opções poderiam ser um programa, uma política ou um projeto. 
Os resultados fi nais seriam então calculados para cada opção, 
representando uma média ponderada para todos os critérios eleitos como 
sendo relevantes para a tomada de decisão.
O principal problema metodológico presente na ACU diz res-
peito à determinação de escalas coerentes e aceitáveis para a defi nição 
e caracterização da importância relativa de cada um dos critérios, ou 
seja, a base de comparação que vai estabelecer o peso na ponderação 
de cada um deles. Para dirimir esta questão, a saída mais apropriada 
consiste na participação dos atores sociais relevantes e do Estado, por 
meio do debate político.
Existem ainda as difi culdades para quantifi cação do resultado 
absoluto dos benefícios correspondentes a cada um dos critérios, gerados 
por cada uma das opções. Assim, podemos dizer que o desenvolvimento 
de uma base de dados sobre a biodiversidade constitui-se num pré-
requisito para o emprego efetivo da ACU.
76 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
Em virtude dessas considerações, Motta (1998, p. 20) afi rma que 
a ACU é uma abordagem muito dispendiosa, que, em geral, se posiciona 
acima da capacidade institucional, do compromisso político e da acei-
tação social nos países em desenvolvimento.
Por fi m, há a Análise Custo-Efi ciência (ACE), que é empregada 
quando a estimação de benefícios ou utilidades for de difícil realização 
ou também quando ela se mostrar custosa além da capacidade institu-
cional, restando apenas a possibilidade de ordenar as prioridades com 
base em critérios estritamente ecológicos.
Nesses casos, a ACE leva em consideração as várias opções de 
escolha disponíveis para que se possa alcançar uma prioridade política 
predefi nida, e compara, então, os custos relativos de cada opção, neces-
sários para que elas atinjam os objetivos pretendidos.
Assim, a ACE possibilita identifi car a opção que assegura o alcance 
do objetivo pretendido ou resultado desejado ao menor custo possível. 
É preciso observar que a ACE não ordena as opções para que sejam 
defi nidas as prioridades, mas, sim, funciona como um instrumento para 
a defi nição de ações, uma vez que as prioridades foram previamente 
defi nidas. Isso signifi ca que uma dada prioridade pode ser obtida por 
intermédio de distintas ações.
A ACE também é empregada com êxito nos casos em que os custos 
institucionais da avaliação do projeto eventualmente excedam os ganhos 
de efi ciência com o emprego da ACB ou da ACU.
Além dessas abordagens metodológicas, é interessante apresentar 
as análises sob múltiplas perspectivas, no sentido de revelar os agentes 
perdedores e benefi ciários, bem como as preferências dos tomadores 
de decisão. Essa maneira de apresentar uma ACB, por exemplo, não 
implica esforços adicionais de análise, mas apenas novos formatos de 
apresentação dos parâmetros requeridos para a análise completa. Nesse 
sentido, as seguintes possibilidades se oferecem:
a) Análise privada (perspectiva do usuário) – maximiza receitas 
e minimiza custos. A ACB utiliza preços de mercado sem considerar 
eventuais externalidades.
b) Análise fi scal (perspectiva do Tesouro) – maximiza a receita 
fi scal e minimiza os custos de administração. A ACB mensura apenas os 
ganhos e as perdas sob a ótica do fi sco.
C E D E R J 77
A
U
LA
 
3c) Análise econômica (perspectiva da efi ciência) – maximiza o 
bem-estar total dos agentes e minimiza os custos de oportunidade. 
A ACB se vale dos preços de mercado sem subsídios e outras distorções 
de mercado.
d) Análise social (perspectiva distributiva) – maximiza o bem-
estar total e minimiza os custos de oportunidade e distributivos. A ACB 
emprega preços de mercado sem subsídios e outras distorções de mer-
cado, ajustando estes com pesos distributivos para incorporar questões 
de equidade.
e) Análise de sustentabilidade (perspectiva ecológica) – maximiza 
o bem-estar total e minimiza custos de oportunidade, tanto os distri-
butivos quanto os ambientais. A ACB emprega preços de mercado sem 
subsídios e outras distorções de mercado, ajustando estes com pesos 
distributivos e ambientais, para incorporar as questões de equidade 
e as externalidades ambientais.
Assim, é com base nessa moldura de considerações metodológicas 
e analíticas que são construídas as técnicas de valoração ambiental.
Um determinado recurso fl orestal poderia gerar para uma população um benefício 
imediato de R$ 4,5 milhões, caso seja totalmente extraído da fl oresta. Não obstante, 
alguns técnicos estimam que a ausência desse recurso provocará um desequilíbrio 
ecológico na região, de modo a aumentar a incidência de um mosquito transmissor de 
febre palustre. Os gastos permanentes de combate a esta endemia serão da ordem de 
R$ 350 mil por ano. Existe uma probabilidade de 60% de que os custos de oportunidade 
para as avaliações de custo-benefício sejam de 8% a.a. e de 40% de que sejam de 16% 
a.a. A partir apenas da realização de uma ACB, você recomendaria a extração total do 
recurso? Tal decisão estaria de acordo com a noção de sustentabilidade?
Resposta Comentada
Em primeiro lugar, é preciso determinar a taxa de desconto dos fl uxos de bene-
fícios e custos futuros decorrentes da decisão. Essa taxa será dada pelo valor 
esperado do custo de oportunidade:
Atividade 2
2
78 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
Taxa de desconto = (0,6 x 0,08) + (0,4 x 0,16) = 0,112 ou 11,2%
O segundo passo consiste em comparar, em termos de valores presentes, 
os custos com os benefícios. Estes últimos já estão em valores presentes, 
portanto não precisam ser descontados:
Total de benefícios = R$ 4,5 milhões
Por sua vez, os custos traduzem uma perpetuidade (conceito de matemática 
fi nanceira que equivale a um fl uxo de caixa perpétuo). Lembrando que o valor 
presente de uma perpetuidade equivale ao quociente do seu fl uxo de caixa pela 
taxa de desconto, temos que:
Total de custos = (R$ 350 mil / 0,112) = R$ 3,125 milhões
Como o total de benefícios é maior do que o total de custos, o decisor optaria 
por explorar imediatamente o recurso.
Repare que essa decisão leva apenas em consideração o modelo sugerido, pois 
existem benefícios líquidos a serem auferidos. Porém, sua adoção sem maiores 
considerações, por implicar a erradicação total de um recurso natural, estaria em 
desacordo com a ideia de sustentabilidade. 
AS TÉCNICAS DE VALORAÇÃO DO CAPITAL NATURAL
De acordo com Ortiz (2003, p. 81), um bem ou serviço ambien-
tal possui grande relevância para o suporte das funções ecológicas que 
garantem a sobrevivência das espécies. Dessa forma, admite-se que todas 
as espécies animais e vegetais dependem dos serviços ecossistêmicos dos 
recursos naturais para viabilizar a sua existência.
Em virtude dessa característica que os recursos naturais revelam, 
sua importância é traduzida por meio de valores associados aos bens e 
recursos naturais. Esses valores podem evidenciar uma dimensão ética, 
moral ou econômica. Assim, todos os recursos ambientais têm um valor 
intrínseco, que lhes é próprio, inerente, e que refl ete os direitos de exis-
tência e os interesses de espécies não humanas e objetos inanimados.
Dessa forma, a valoraçãoeconômica ambiental tem por obje-
tivo avaliar o valor econômico de um recurso ambiental, por meio da 
determinação de um numerário que lhe seja equivalente, em termos de 
outros recursos econômicos, de que a sociedade estaria disposta a abrir 
mão, com vistas a obter uma melhoria de qualidade ou de quantidade 
do referido recurso ambiental. Portanto, trata-se de um trade-off entre 
alternativas de decisão envolvendo custos de oportunidade. 
C E D E R J 79
A
U
LA
 
3As técnicas de valoração econômica ambiental procuram mensurar 
as preferências dos atores econômicos por um dado recurso ou serviço 
ambiental, de tal forma que o valor é atribuído não ao recurso estrita-
mente, e sim às mudanças com relação à qualidade ou à quantidade do 
recurso ambiental. As preferências individuais, por sua vez, são expressas 
em medidas de bem-estar do arcabouço teórico da microeconomia, tais 
como: variação compensatória, excedente do consumidor e variação 
equivalente.
As medidas de bem-estar da microeconomia supõem que os agentes eco-
nômicos podem auferir ganhos indiretos decorrentes das suas avaliações 
subjetivas de valor. Por exemplo, se você resolve comprar um par de sapatos 
de uma determinada marca e está disposto a pagar até R$ 300,00 por ele, 
mas encontra o mesmo sendo vendido por R$ 250,00, supostamente, para 
a microeconomia, você auferiu um excedente do consumidor de R$ 50,00. 
O mesmo ocorre quando você tem um prejuízo e alguém lhe oferece algo 
como compensação. Ocorreu agora uma variação compensatória. O mesmo 
raciocínio se aplica a uma variação equivalente.
Essas medidas de bem-estar podem ser interpretadas como sendo 
a disposição a pagar (DAP) de um agente econômico por uma melhoria 
ou incremento de um dado recurso ambiental, ou também como sendo 
a disposição a aceitar (DAA) uma piora ou decréscimo da oferta do 
recurso.
Assim, podemos dizer que o principal objetivo da avaliação econô-
mica ambiental é estimar os custos sociais decorrentes do uso de recursos 
sociais escassos, bem como incorporar os ganhos sociais decorrentes do 
uso desses recursos.
Ortiz (2003, p. 83) nos informa que o valor econômico total de 
um recurso do meio ambiente compreende a soma dos valores de uso 
e do valor de não uso (também chamado valor de existência). Por sua 
vez, os valores de uso compreendem a soma dos valores de uso direto, 
dos valores de uso indireto e dos valores de opção.
O valor de uso direto de um recurso ambiental é aquele decorrente 
de sua utilização ou do consumo direto do recurso. Destaca-se que um 
mesmo recurso ambiental pode servir para múltiplos usos, e assim ter 
vários valores de uso direto. Por exemplo, uma fl oresta pode servir para 
a extração da madeira ou para a coleta de frutos e essências, dentre 
outros usos possíveis.
80 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
Os valores de uso indireto são aqueles derivados das funções eco-
lógicas do recurso, tais como, com relação à mesma fl oresta do exemplo 
anterior, a qualidade das águas, o ar puro e a beleza cênica.
Por sua vez, o valor de opção se refere à quantia que os indivíduos 
estariam dispostos a pagar para manter o recurso ambiental para uso 
futuro. Dessa forma, não haveria uso direto ou indireto no presente, mas 
poderia haver uso no futuro. O valor de opção é a disposição a pagar do 
agente econômico pela opção de usar o recurso no futuro.
O outro gênero, que é o valor de existência ou valor de não uso 
de um recurso ambiental, refere-se à satisfação pessoal em se saber 
que o objeto em questão está no seu local de origem, sem que o agente 
econômico venha a auferir qualquer vantagem direta ou indireta dessa 
existência do recurso natural. Por exemplo, dependendo do grau de 
aperfeiçoamento moral (o grau de altruísmo e solidariedade) de alguns 
indivíduos, eles podem ter uma disposição a pagar positiva pelo não 
desfl orestamento da Mata Atlântica no Brasil, mesmo que jamais venham 
a visitar a fl oresta ou consumir qualquer dos seus produtos.
Assim, podemos sintetizar dizendo que o valor econômico total 
de um recurso ambiental compreende a soma de todos os seus valores 
de uso direto e indireto (que podem ser múltiplos) mais o seu valor de 
opção e o seu valor de existência. É preciso atenção para não ocorrer 
uma dupla contagem no caso de usos confl itantes.
Figura 3.3: Um mesmo recurso ambiental pode servir para múltiplos usos, 
e assim ter vários valores de uso direto.
Fonte: www.fcd.ufpel.edu.br/turismo/docentes/nara/biomas
C E D E R J 67
A
U
LA
 
3O oposto também é verdadeiro, pois, se os recursos forem abundantes, 
o valor deles em estoque será baixo, e por isso fará sentido extraí-los ao 
máximo, pois podem ser aplicados a juros de mercado ao mesmo tempo 
que reduzem a quantidade do estoque.
Podemos extrair algumas considerações gerais sobre a velocidade 
de exaustão:
1ª - A taxa de extração do recurso exaurível será tanto maior 
quanto menor for o valor do royalty (recurso em estoque). Sendo assim, 
para que a taxa de extração diminua, é preciso que os seguintes fatores 
se manifestem: elevação da demanda (aumento de preços e valorização 
do royalty); esgotamento de fontes alternativas; descoberta de novos 
usos para o recurso.
2ª - A taxa de utilização do recurso é diretamente proporcional 
à taxa de juros que desconta os fl uxos de benefícios futuros (custo de 
oportunidade), de tal forma que uma elevação das taxas de juros promove 
um aumento da taxa de extração, reduzindo o prazo de esgotamento 
do recurso, já que a velocidade com que ele será extraído será maior. 
Se a taxa de juros aumentar, a tendência do valor de todos os inves-
timentos é de queda (aí incluídos os estoques de recursos exauríveis), 
de forma que, para se reduzir os estoques e aumentar o valor do recurso, 
será preciso elevar a taxa de extração. Além disso, a elevação das taxas de 
juros amplia o valor do consumo presente da sociedade, numa condição 
econômica na qual a maximização do benefício social requer uma taxa 
maior de extração e uso dos recursos. 
Além do fato de essas análises de cunho neoclássico consistirem 
numa primeira modelagem econômica para orientar a tomada de decisão 
quanto ao uso dos recursos exauríveis, existem muitas críticas aos seus 
postulados, sobretudo as que dizem respeito aos seguintes aspectos:
a) os modelos não consideram as falhas de mercado, tais como os 
monopólios ou oligopólios em que se constituem as principais empre-
sas de mineração, bem como as externalidades geradas sob a forma de 
poluição;
b) os modelos desconhecem a verdadeira demanda futura, ao 
admitir que seja igual à demanda presente, desconsiderando completa-
mente os valores de demanda das gerações futuras;
c) a existência das chamadas tecnologias de fundo, que são alter-
nativas mais caras para se produzir um substituto para o recurso em 
C E D E R J 81
A
U
LA
 
3Entrementes, o maior problema da avaliação ambiental consiste 
na determinação das taxas de desconto que devem ser empregadas para 
avaliar os fl uxos de benefícios advindos dos recursos ambientais. Tais 
taxas de desconto devem levar em consideração as preferências dos 
atuais agentes econômicos e sua disposição a incorrerem em sacrifícios 
presentes em benefício das gerações futuras. Dessa forma, quando um 
planejador impõe uma taxa alta ou baixa para descontar os benefícios 
futuros de um ativo ambiental, ele está implicitamente dizendo qual é 
a importância que as gerações futuras darão para estes benefícios, no 
caso, alta ou baixa, respectivamente.
Para a avaliação dos recursos ambientais, existem dois conjuntos 
de técnicas: os métodos indiretos e os métodos diretos.
Os métodos indiretos são os que inferem o valor de um dado 
recurso natural com base na observação do comportamento dos agen-
tes econômicos em mercados que têm relação com o ativo ambiental. 
Os mercados relacionados podem ser tanto de bens complementaresquanto de bens substitutos ao consumo do recurso ambiental. Como 
esses métodos dependem do consumo do recurso ambiental, eles apenas 
podem estimar os valores de uso. Esses métodos são: custo de viagem, 
preços hedônicos, custos de reposição, gastos defensivos, produtivida-
de marginal, transferência de benefícios, capital humano ou produção 
sacrifi cada.
(i) Custo de viagem – este método estima que o valor do uso 
recreativo de um recurso natural, tal como um parque fl orestal, pode 
ser obtido a partir da análise dos gastos incorridos pelos visitantes desse 
lugar. A lógica subjacente a essa técnica decorre do fato de que, quando 
o recurso ambiental é utilizado para atividades recreativas, ocorre um 
fl uxo mensurável de gastos por parte dos visitantes do lugar. As visitas 
aos parques, praias e cachoeiras envolvem transações econômicas, de 
tal forma que o preço do serviço ambiental seria equivalente ao custo 
de se viajar e fi car nesse lugar de recreação.
(ii) Preços hedônicos – esta técnica procura estimar um preço implí-
cito por atributos ambientais associados a alguns bens comercializados 
em mercados, por meio da observação do preço praticado nesses bens. 
Por exemplo, um imóvel próximo a um parque ou com vista para o mar 
tem seu valor alterado em função desse recurso ambiental.
82 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
(iii) Custos de reposição – de acordo com este método, o valor de 
um recurso ambiental seria o custo de restauração das condições ideais 
desse recurso. Assim, o valor de um rio limpo seria o custo de limpá-lo 
após a sua degradação.
(iv) Gastos defensivos ou custos evitados – trata-se de um método 
que estima os gastos que seriam incorridos em termos de bens substitutos, 
para não alterar a quantidade consumida de um dado recurso ambiental. 
Se supusermos que um manancial fi que interditado ao consumo de uma 
dada população, o gasto da mesma com a aquisição de água potável para 
substituir o manancial seria o valor do gasto defensivo.
(v) Produtividade marginal – este método pode ser empregado 
quando o recurso ambiental é um insumo da produção de algum bem ou 
serviço comercializado no mercado. Por exemplo, a qualidade do solo 
afeta a produção agrícola, de forma que a degradação do solo poderia 
ser associada à queda da produção agrícola por unidade de terra.
(vi) Transferência de benefícios – supõe que as pessoas se compor-
tam de forma similar com relação a um determinado recurso ambiental, 
que é revelado, por meio dos valores expressos pelos indivíduos com 
relação à sua disposição a pagar para evitar um dano advindo da degra-
dação ambiental. Por exemplo, alguns indivíduos estariam dispostos 
a pagar para reduzir a poluição do ar e assim evitarem problemas no 
sistema respiratório.
(vii) Capital humano ou produção sacrifi cada – esta técnica supõe 
que uma vida humana perdida equivale ao custo de oportunidade para a 
sociedade equivalente ao valor presente da capacidade daquele indivíduo 
de gerar renda. No caso de morte prematura, digamos, em virtude da 
poluição do ar, o valor presente representaria a produção perdida desse 
indivíduo.
Por sua vez, os métodos diretos são aqueles que inferem as pre-
ferências individuais dos agentes econômicos, com relação aos recursos 
ambientais, a partir de perguntas feitas diretamente aos mesmos. Os méto-
dos diretos são: valoração contingente e o ranqueamento contingente.
(i) Valoração contingente – este método consiste no emprego 
de pesquisas amostrais para identifi car, em termos monetários, as 
preferências dos agentes econômicos com relação aos bens que não 
são comercializados no mercado. No caso específi co de um recurso 
ambiental, pergunta-se diretamente aos indivíduos o quanto eles avaliam 
C E D E R J 83
A
U
LA
 
3as ocorrências hipotéticas envolvendo mudanças de qualidade ou de 
quantidade de um recurso ambiental. Dessa forma, são criados mercados 
hipotéticos para o recurso ambiental, com base na disposição a pagar ou 
a aceitar dos indivíduos, com relação a uma perda de qualidade ou de 
quantidade do recurso ambiental. Trata-se do único método que permite 
a estimação de valores de existência. Não obstante, esse método possui 
muitos problemas, haja vista que as perguntas são muito hipotéticas e 
nada garante que os valores declarados sejam efetivamente os verdadeiros 
valores que os indivíduos pagariam numa situação real.
(ii) Ranqueamento contingente – trata-se de um método que 
procura apresentar aos entrevistados múltiplas alternativas hipotéticas 
e características, com relação a um dado recurso ambiental, de tal forma 
que os mesmos as ordenem segundo as suas preferências. Os valores 
relativos podem ser inferidos a partir desse ranking, sobretudo se alguma 
das características descritas possuir preço de mercado. 
Atividade 3
O jornal Folha de S. Paulo noticiou, em 22 de junho de 2008, a seguinte matéria: 
Os tubarões do litoral brasileiro estão protagonizando um fi lme de horror – só que 
como vítimas, não como vilões. Nesse novo roteiro, populações inteiras estão sendo 
vitimadas pelos vários tipos de pesca. Algumas, como é o caso do cação-listrado, 
já declinaram em até 95%. O incremento na cobiça pelos tubarões no país em todas 
as partes do mundo ocorre por causa do aumento do preço da sua barbatana, puxada 
principalmente pela demanda asiática. Hoje, ela pode chegar a custar até R$ 100 o 
quilo no Brasil. É usada em uma sopa muito apreciada pelos chineses. A procura pelas 
barbatanas pode ser vista, por exemplo, em Itajaí (Santa Catarina). (...) A pressão sobre 
o tubarão-azul, capturado pela pesca conhecida como espinhel, é crescente. O pesqui-
sador Jorge Kotas, do Cepsul (Centro de Pesquisas e Gestão de Recursos Pesqueiros 
do Litoral Sudeste e Sul), contabilizou a retirada de 35 mil indivíduos das águas do 
Sul do Brasil entre 1997 e 2005. (..) só dessa espécie, 2 milhões de exemplares são 
retirados do Atlântico Sul todo ano. Os sinais do declínio da população já apareceram 
(...) Em 2001, cada viagem rendia 5,7 toneladas de tubarão-azul desembarcadas em 
Itajaí. Em 2005, eram 3,4 toneladas por viagem (GERAQUE, 2008).
Com base nesse texto, diga quais são os valores econômicos ambientais que podem 
ser inferidos com relação ao tubarão-azul. Além disso, como você poderia estabelecer 
um valor para o tubarão-azul?
3
84 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
Resposta Comentada
O valor econômico total de um recurso do meio ambiente compreende a 
soma dos valores de uso e do valor de não-uso (também chamado valor 
de existência). Por sua vez, os valores de uso compreendem a soma dos 
valores de uso direto, dos valores de uso indireto e dos valores de opção. 
No texto em questão, podemos inferir o valor de uso direto do tubarão-azul, 
que é aquele decorrente de sua utilização ou do consumo direto do recurso. 
No caso, R$ 100,00 por quilo de barbatana, sem contar a carne.
Para o estabelecimento de um valor para o tubarão-azul, poderia ser empregado 
o método direto de valoração contingente, de forma a indagar a disposição a 
pagar dos indivíduos pela preservação do animal ou a disposição a aceitar dos 
produtores pela abstenção de sua pesca. 
CONCLUSÃO
Inserir o meio ambiente na tomada de decisão econômica não é 
uma tarefa simples nem trivial. Grande parte das decisões empresariais 
possuem refl exos sobre o meio ambiente, de forma que é preciso integrá-
lo ao processo de tomada de decisão.
Uma grande difi culdade para realizar essa integração reside no 
fato de que o meio ambiente não possui preços de mercado nem tam-
pouco custos diretos ou indiretos de fabricação, como a maior parte dos 
produtos empregados pelo homem. Os preços e custos são elementos 
fundamentais para orientar a tomada de decisão dos gestores. Por essa 
razão, os instrumentos de avaliação econômica do meio ambiente estão 
se tornando importantesferramentas de apoio à tomada de decisão dos 
gestores empresariais da atualidade.
C E D E R J 85
A
U
LA
 
3
A partir das situações a seguir descritas, diga qual é a melhor metodologia de 
valoração que um gestor deveria empregar para avaliar, em termos econômicos, 
um dado recurso natural. Descreva a metodologia empregada:
1 – A lagoa de Araruama, atualmente bastante poluída, localizada na Região dos Lagos no 
 estado do Rio de Janeiro.
2 – Uma praia deserta na Ilha Grande, na região sul-fl uminense.
3 – As vítimas de doenças respiratórias após um vazamento de gases tóxicos em uma fábrica.
4 – O Atol das Rocas, no Nordeste brasileiro.
Resposta Comentada
No caso 1, é apropriado o uso do método de custos de reposição. De acordo com este 
método, o valor de um recurso ambiental seria o custo de restauração das condições 
ideais desse recurso. Assim, o valor de um rio limpo seria o custo de limpá-lo após a 
sua degradação.
No caso 2, lembre-se de que você pode visitar o local, portanto seria apropriado o 
emprego do custo de viagem. Esse método estima que o valor do uso recreativo de 
um recurso natural pode ser obtido a partir da análise dos gastos incorridos pelos 
visitantes desse lugar.
No caso 3 devemos usar o método do capital humano ou produção sacrifi cada, que 
supõe que uma vida humana perdida equivale ao custo de oportunidade para a 
sociedade equivalente ao valor presente da capacidade de aquele indivíduo gerar 
renda. No caso de morte prematura, digamos, em virtude da poluição do ar, o valor 
presente representaria a produção perdida desse indivíduo.
No caso 4, lembre-se de que não é possível uma visita ao local, portanto o método 
da valoração contingente seria o mais apropriado. Este método consiste no emprego 
de pesquisas amostrais para identifi car, em termos monetários, as preferências dos 
agentes econômicos com relação aos bens que não são comercializados no merca-
do. No caso de um recurso ambiental, pergunta-se diretamente aos indivíduos em 
quanto eles avaliam em termos monetários as ocorrências hipotéticas envolvendo 
mudanças de qualidade ou de quantidade de um recurso ambiental. Assim, são 
criados mercados hipotéticos para o recurso ambiental, com base na disposição a 
pagar ou a aceitar dos indivíduos, com relação a uma perda de qualidade ou de 
quantidade do recurso ambiental. Trata-se do único método que permite 
a estimação de valores de existência. 
Atividade Final
321
86 C E D E R J
Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente
Nesta aula, vimos que o estudo relativo à questão do meio ambiente se 
depara com a necessidade de atribuir um valor econômico aos recursos 
naturais. Em primeiro lugar, é necessário estabelecer uma classifi cação 
para esses recursos. A capacidade de recomposição de um dado recurso 
durante o horizonte de tempo da vida humana tem sido o principal critério 
para a classifi cação dos recursos naturais. Estes recursos são classifi cáveis 
como renováveis ou reprodutíveis e não renováveis, também denominados 
esgotáveis, exauríveis ou não reprodutíveis.
Para os recursos renováveis, a exploração econômica está baseada no 
“princípio do máximo”, oriundo do pensamento neoclássico, e cujo objetivo 
consiste em obter as condições para atingir o nível “ótimo” econômico, no 
qual o produtor obterá o maior benefício ou lucro máximo.
Já para a retirada dos recursos exauríveis, existem aspectos peculiares 
que determinam os modelos de exploração econômica dos mesmos. Um 
aspecto importante diz respeito ao aproveitamento econômico de um 
recurso exaurível. Porém, na medida em que a reprodução dos recursos 
não renováveis não está assegurada, ao mesmo tempo que eles se esgotam 
localmente, é preciso introduzir uma dimensão temporal na análise, haja 
vista que o recurso que é extraído no presente não estará mais disponível 
no futuro. 
Vimos também que, num contexto de decisão de alocação de recursos, 
confrontado com restrições orçamentárias, é imperativo que se estabeleça 
uma prévia análise de custo-benefício das opções de escolha ou cursos de 
ações a serem seguidos. Dessa forma, o decisor poderá comparar, em cada 
opção, o custo de realizá-la em face do benefício resultante, e assim optar 
pela relação custo-benefício mais favorável.
A estimação dos custos e benefícios nem sempre é trivial, uma vez que 
requer, preliminarmente, a capacidade de identifi cá-los, e, numa segunda 
etapa, a defi nição a priori de critérios que tornem as distintas alternativas 
comparáveis numa métrica adequada.
A doutrina voltada para o gerenciamento dos recursos ambientais relaciona 
três abordagens que sintetizam as principais proposições analíticas: a Análise 
Custo-Benefício (ACB), a Análise Custo-Utilidade (ACU), e a Análise Custo-
Efi ciência (ACE).
R E S U M O
C E D E R J 87
A
U
LA
 
3
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, veremos a maneira de introduzir o meio ambiente na 
Contabilidade.
Por fi m, vimos que a valoração econômica ambiental tem por objetivo avaliar 
o valor econômico de um recurso ambiental, por meio da determinação 
de um numerário que lhe seja equivalente, em termos de outros recursos 
econômicos, do qual a sociedade estaria disposta a abrir mão, com vistas a 
obter uma melhoria de qualidade ou de quantidade, do referido recurso 
ambiental.
Para a avaliação dos recursos ambientais, existem dois conjuntos de técnicas: 
os métodos indiretos e os métodos diretos.
Os métodos indiretos são: custo de viagem, preços hedônicos, custos de 
reposição, gastos defensivos, produtividade marginal, transferência de 
benefícios, capital humano ou produção sacrifi cada.
Por sua vez, os métodos diretos são: valoração contingente e o ranqueamento 
contingente.

Continue navegando

Outros materiais