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Ao fi nal desta aula, você deverá ser capaz de: identifi car os aspectos econômicos relevantes dos recursos naturais; reconhecer alguns aspectos metodológicos e analíticos da avaliação ambiental; apresentar algumas técnicas de valoração do capital natural. A avaliação econômica do meio ambiente 3 ob jet ivo s A U L A Meta da aula Apresentar alguns instrumentos consagrados de avaliação ambiental. 1 2 3 C E D E R J 61 A U LA 3 Assim, o principal arcabouço teórico da economia dos recursos naturais emergiu da análise neoclássica sobre o emprego de fatores, tais como os minerais e recursos fl orestais, ou seja, tanto recursos repro- dutíveis quanto os não reprodutíveis. Os modelos de determinação dos níveis ótimos de utilização de recursos naturais são os mesmos da microeconomia neoclássica. O objeto de estudo em questão, que é representado pelo conjunto dos recursos naturais, decorre dos ciclos naturais do planeta Terra, com durações que variam de poucos instantes até milhões de anos. A capa- cidade de recomposição de um dado recurso, durante o horizonte de tempo da vida humana, tem sido o principal critério para a classifi cação dos recursos naturais. Dessa forma, conforme os recursos sejam capazes de se recompor na natureza durante o período de vida do homem, eles poderão ser classifi cados da seguinte forma: renováveis ou reprodutíveis; e não renováveis, que também são denominados esgotáveis, exauríveis ou não reprodutíveis. Dessa forma, os solos, as águas, o ar, as fl orestas, a fauna e a fl ora são considerados recursos naturais renováveis, uma vez que os seus ciclos de recomposição são compatíveis com o tempo da vida humana. Já os combustíveis fósseis, tais como o petróleo, o gás natural e os minérios em geral, são considerados não renováveis, porque são necessárias eras geológicas para a sua formação. Não obstante, dependendo do grau de utilização de um determinado recurso, é possível considerar a possibi- lidade de esgotamento de recursos renováveis e de não esgotamento de recursos exauríveis. A regra de Hotelling A análise econômica dos recursos exauríveis se fundamenta no artigo de Hotelling, publicado em 1931, The Economics of Exhaustible Resources. Neste trabalho, Hotelling sugere que os preços dos recursos exauríveis devem evoluir no mesmo ritmo que as taxas de juros do mercado (essas taxas de juros seriam as taxas de desconto dos fl uxos futuros de riqueza gerados pelos recursos exauríveis). 62 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente Figura 3.2: As fl orestas constituem recursos naturais renováveis, mas que podem se esgotar conforme a velocidade com que o homem se utiliza delas. Fonte: http://fi sica.cdcc.sc.usp.br/olimpiadas Figura 3.1: O petróleo, extraído de plataformas off-shore ou de poços em terra, é um recurso não renovável. Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/media/imagens/2009/01/02/1129Divulga0P51.jpg/view 60 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente INTRODUÇÃO Com o avanço da preocupação humana com o meio ambiente, novas questões foram apresentadas aos gestores de organizações e empresas, que, muitas vezes, se descobriram incapazes de respondê-las. Via de regra, a atividade empresarial envolve complexas análises de investimen- tos, nas quais são consideradas avaliações de benefícios e custos envolvidos nas ações pretendidas. Quando essas avaliações envolvem montantes em dinheiro, seja de receitas ou de gastos, as técnicas de avaliação costumam convergir rapidamente para uma faixa de valor, de forma a orientar a tomada de decisão dos gestores. Não obstante, quando um gestor é confrontado com a necessidade de incor- porar ganhos e perdas, em termos de meio ambiente, nas suas decisões de investimentos, ele se depara com o complexo problema de ter de atribuir valores monetários a entidades que não possuem um preço ou valor observado, porque não são negociadas nos mercados. Por exemplo, quanto vale uma fl oresta de mata atlântica que vai ser inundada pelo lago de uma usina hidroelétrica? Quanto vale um exemplar da fauna nativa que vai desaparecer por perda de seu habitat? Essas questões são fundamentais para que se possa incorporar o meio ambiente na base das decisões econômicas e sociais que permeiam a vida em sociedade. Nesta aula, nós vamos apresentar algumas ferramentas que poderão auxiliá-lo na análise dessas questões. OS ASPECTOS ECONÔMICOS DOS RECURSOS NATURAIS De acordo com Silva (2003, p. 33), apenas a partir dos anos 1970 é que os recursos naturais foram considerados elementos relevantes no escopo principal da teoria econômica. Tal resgate se deu em virtude da ampliação dos debates acerca dos limites do crescimento econômico promovidos pelos fóruns internacionais. Não obstante, essa reinserção do meio ambiente no arcabouço conceitual da economia trouxe poucas inovações inicialmente em termos metodológicos e doutrinários, ou seja, sua infl uência nos processos de investigação científi ca e no arcabouço teórico foi pequena. O que ocorreu foi o resgate de trabalhos antigos, que não tiveram muita expressão na ocasião em que foram produzidos, em razão de não estarem alinhados com o pensamento econômico majoritário. Dentre eles, destacam-se os trabalhos de Faustmann, que tratava da gestão de recursos fl orestais, produzidos em 1849, e os trabalhos de Hotelling, versando sobre as regras de uso dos recursos esgotáveis, em 1931. C E D E R J 63 A U LA 3No caso dos recursos renováveis, um aspecto fundamental, que explica em grande parte o seu desaparecimento, é a incompatibilidade entre a dinâmica biológica, que é quem vai determinar a evolução, e a dinâmica econômica, que, por sua vez, determina a taxa de extração dos recursos. A dinâmica ecológica demonstra que o estoque de recursos natu- rais renováveis não é constante. Esse estoque cresce à medida que são apresentadas as condições para o seu crescimento. Essa expansão está condicionada a um limite máximo, que é defi nido pela capacidade de suporte (originado do termo carring capacity) do seu ecossistema. Por outro lado, a dinâmica econômica tende a pressionar no senti- do do declínio de um recurso, na medida em que a sua taxa de extração exceder, de maneira persistente, a taxa de reposição do recurso. Isso signifi ca dizer que, na busca incessante do lucro, os agentes econômicos tendem a explorar os recursos renováveis numa velocidade maior do que a taxa de reposição dos estoques desses recursos. Para os recursos renováveis, a exploração econômica está baseada no “princípio do máximo”, oriundo do pensamento neoclássico, e cujo objetivo consiste em obter as condições para atingir o nível “ótimo” econômico, no qual o produtor obterá o maior benefício ou lucro máximo. Assim, o estoque (x), de um recurso (G), em qualquer instante no tempo (t), será o resultado da diferença entre a sua taxa natural de recomposição no tempo e a sua taxa de exploração ao longo do tempo, conforme apresentamos na expressão a seguir: x = G (x(t)) – h (t) onde: x = mudança no estoque do recurso natural renovável G no tempo. G (x(t)) = taxa natural de recomposição de x. h (t) = taxa de utilização de x. Assim, se a taxa de recomposição G (x(t)) for maior do que a taxa de utilização h(t), o recurso terá garantida a sua permanência como fator de produção, num contexto de sustentabilidade. No caso oposto, o recurso será completamente exaurido e desaparecerá. 64 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente No caso dos recursos exauríveis, existem aspectos peculiares que determinam os modelos de exploração econômica dos mesmos. O primeiro aspecto diz respeito ao aproveitamento econômico de um recurso exaurível. Para ser aproveitável, um recurso deve ser extraído de forma viável tecnologicamente e permitirque os lucros compensem os custos incorridos, superando também os custos de oportunidade do capital empregado. Por exemplo, o ouro existe em frações ínfi mas em todas as rochas, mas o custo para extrair essas quantidades mínimas superaria muito o ganho que se pudesse auferir. Suponha que uma região da Floresta Amazônica possua 300 exemplares de uma árvore chamada pau-rosa. Ela produz uma essência que é usada na elaboração do perfume francês Chanel nº 5. São necessários vários anos para que esta árvore cresça e fi que em condições de lançar novas sementes. Suponha ainda que, nessa região da fl oresta, o número de árvores que atinja a idade de fl oração (e, consequentemente, de lançamento de novas sementes) seja de 20 por ano e que os madeireiros estejam extraindo 50 exemplares por ano. Vejamos o que vai acontecer: Ao fi m do primeiro ano: Variação de estoque = taxa de reposição – taxa de extração = 20/ano – 50/ ano = –30 300 árvores – 30 árvores = 270 árvores Ao fi m do segundo ano: 270 árvores – 30 árvores = 240 árvores Ao fi m de dez anos, já não existirão mais árvores. Por isso, o correto manejo dos recursos naturais deve conciliar as taxas de extração e reposição. Custo de oportunidade Do ponto de vista econômico, trata-se da melhor alternativa de aplica- ção de recursos que se tinha, ao mesmo nível de risco, antes de se optar por uma determinada alternativa de investimentos. Por exemplo, o custo de oportunidade de se manter dinheiro guardado no colchão é equivalente ao rendimento da caderneta de poupança, que é a alternativa de aplicação que foi abandonada ao guardar-se o dinheiro no colchão, supondo que ambas as aplicações não possuem risco (risco zero). ?? C E D E R J 65 A U LA 3Com o objetivo de distinguir os recursos economicamente aprovei- táveis daqueles que estão apenas dispersos, encontramos em Silva (2003, p. 36) os seguintes conceitos: recursos, reservas e recursos hipotéticos. O conceito de reserva mineral implica algum tipo de medição física que anteriormente tenha sido realizada com relação ao teor e à quantidade de concentração mineral in loco, de tal forma a evidenciar que a extração do recurso seja viável sob a ótica tecnológica, tanto hoje quanto num futuro próximo, e que possa ser realizada com lucro econômico. A ideia de recurso, pura e simplesmente, não apresenta o mesmo nível de detalhamento, embora a sua existência seja conhecida. Por fi m, os recursos hipotéticos são todos aqueles recursos conhecidos e não conhecidos, mas possíveis de existir numa determinada porção da crosta terrestre e capazes de serem utilizados no futuro. Com base nessas defi nições, é possível perceber que o conceito de recurso mineral é dinâmico, de tal forma que não existem condições pre- viamente estabelecidas, pois os estoques de recursos podem se expandir e se contrair em resposta às preferências dos agentes econômicos, bem como às condições tecnológicas e políticas. O exemplo brasileiro das reservas de petróleo contidas na camada pré-sal da plataforma conti- nental ao longo do litoral das regiões Sul e Sudeste é um exemplo dessa dinâmica: no passado, o Brasil era um importador de petróleo vulnerável às variações de preço dessa commodity, e, hoje, o país é um potencial exportador e grande produtor de petróleo. Camada pré-sal O pré-sal é uma camada de sal em pedra de centenas de metros de largura, soterrada por camadas de sedimentos no fundo do mar e que serviu de tampão para que os organismos microscópicos, que se depositaram no mar primordial, for- mado pelo afastamento dos continentes sul-americano e africano, se tornassem petróleo. Está a mais de cinco quilô- metros de profundidade contados a partir do fundo do mar, que por sua vez está a mais de mil metros da superfície. Esta camada, chamada de pré-sal, localiza-se no Sudeste do Bra- sil, do estado de Santa Catarina ao Espírito Santo; e, abai- xo dela, encontram-se as maiores reservas de petróleo descobertas no Brasil. Especialistas dizem que abaixo dessa camada ainda há muito petróleo a se descobrir. ?? 66 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente Não obstante, na medida em que a reprodução dos recursos não renováveis não está assegurada, ao mesmo tempo que eles se esgo- tam localmente, é preciso introduzir uma dimensão temporal na análise, haja vista que o recurso extraído no presente não estará mais disponível no futuro. O problema que se apresenta aos tomadores de decisão consiste em identifi car o comportamento que os preços de um determinado recurso exaurível deve evidenciar para que possa ser estabelecida a sua extração ótima do ponto de vista econômico. Deve ser lembrado que, em razão de o uso desses recursos ser fi nito, a sua extração e utilização envolvem decisões intertemporais, ou seja, decisões tomadas no presente, mas que implicam consequências no futuro. No caso dos recursos exauríveis, as decisões intertemporais se refe- rem à época mais adequada para a sua exploração: é melhor consumir o recurso hoje ou deixá-lo para as gerações futuras? Além disso, em razão do esgotamento de um recurso fi nito, a dimensão intertemporal também implica a consideração de um certo “custo de uso”, que representa um valor que a geração presente deve pagar para compensar as gerações futuras pelo esgotamento desses recursos. As variáveis críticas para a análise dessas decisões intertemporais são: a taxa de juros (i); o Valor Presente Líquido (VPL) dos fl uxos futuros de benefícios econômicos gerados e o tempo, considerado em períodos discretos (n). Além dessas variáveis que afetam as decisões intertemporais, são levados em consideração dois aspectos adicionais para estabelecer a estratégia efi ciente de “uso ótimo” de um dado recurso exaurível, num contexto de decisão intertemporal: a existência de benefícios econômicos decorrentes da extração do recurso (também designados por royalties) e a evolução dos preços e do valor do royalty no tempo. Sob a ótica da Teoria Econômica, a intensidade do uso de um recurso exaurível será uma variável que dependerá do valor econômico desse recurso no presente, bem como das taxas de juros e do tempo de exaustão da jazida. Assim, uma elevação de preços de um dado recurso tenderá a restringir o consumo do mesmo, na medida em que aumen- ta o valor do royalty (recurso extraído à disposição de seu titular), e, por esta razão, seus possuidores não vão desejar aumentar a taxa de extração para tornar este produto mais abundante e assim perder valor. 68 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente questão, mas que, à medida que o royalty do mesmo se eleva, passa a ser uma alternativa viável (isso coloca limites à valorização do royalty). Falhas de mercado São situações que ocorrem sem que um mercado livre seja capaz de evitar e que comprometem a alocação efi ciente de riqueza. A existência dessas falhas em princípio seria capaz de justifi car a intervenção do Estado na eco- nomia. A doutrina econômica assinala cinco falhas de mercado clássicas: 1 – Externalidades: são efeitos externos, da produção ou do consumo, que atingem outros agentes econômicos. Como exemplo, a fumaça do cigarro ou o lançamento de detritos industriais nos rios. 2 – Mercados incompletos: são situações nas quais não ocorre natural- mente um mercado competitivo, tal como os planos de previdência e os seguros (ambos necessitam de forte regulamentação do Estado e por isso existem). 3 – Monopólios naturais: são atividades econômicas que, em razão de seu porte e complexidade, só se manifestam sob a forma de monopólio. Como exemplo, a Petrobras em relação ao petróleo. 4 – Informações assimétricas: decorrem do fato de alguns agentes serem mais informados do que outros, utilizando isso a seu favor. É o caso das informações privilegiadas na Bolsa de Valores. 5 – Bens públicos: são bens de uso comum, nos quais o consumopor parte de um agente não pode excluir o outro (como, por exemplo, a segurança pública). O problema é que ninguém está disposto a pagar por eles. O jornal O Globo noticiou, em 12 de junho de 2008, a seguinte matéria: O desenvolvimento acelerado da China faz o país consumir seus recursos naturais duas vezes mais rapidamente do que eles podem ser renovados. Caso mantenha o mesmo ritmo, se aproximando dos patamares de demanda por recursos naturais dos EUA, o país precisará de todas as matérias-primas do planeta, exaurindo-o por completo (...) a China já consome 15% de toda a capacidade biológica do planeta (recursos como água, terra e madeira) (...) Nos próximos 10 a 20 anos, o consumo da China provavelmente continuará a impor desafi os ao próprio ecossistema chinês e pressionará a biocapacidade do planeta (...) A China precisa aderir ao desenvolvi- mento sustentável em no máximo 20 anos (...) Por conta dos subsídios dados pelo governo chinês ao uso de água, eletricidade e combustíveis, (...) fazendas e indústrias desperdiçam recursos (SCOFIELD Jr., 2008). Com base na leitura do texto, é possível dizer que a China maneja corretamente os seus recursos naturais no contexto de sua economia? Quais os aspectos que estão sendo negligenciados? Quais as possibilidades de redução dos impactos ambientais? Atividade 1 1 C E D E R J 69 A U LA 3 ASPECTOS METODOLÓGICOS E ANALÍTICOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL Verifi camos em Motta (1998, p. 15) que, num contexto de decisão de alocação de recursos, confrontado com restrições orçamentárias, é imperativo que se estabeleça uma análise prévia de custo-benefício das opções de escolha ou cursos de ações a serem seguidos. Dessa forma, o decisor poderá comparar, em cada opção, o custo de realizá-la em face do benefício resultante, e assim optar pela relação custo-benefício mais favorável. Não obstante, a estimação dos custos e benefícios nem sempre é trivial, uma vez que requer, preliminarmente, a capacidade de identifi cá- los e, numa segunda etapa, a defi nição a priori de critérios que tornem as distintas alternativas comparáveis numa métrica adequada. Nos casos em que esses custos e benefícios refl itam os dispêndios a preços de mercado dos bens e serviços transacionados, o processo de Resposta Comentada Não. De acordo com o texto, é possível verifi car que a China não realiza uma gestão competente de seus recursos naturais, na medida em que não leva em consideração os aspectos básicos de gestão desses recursos. O primeiro aspecto a ser considerado é o fato de que, dependendo do grau de utilização de um determinado recurso, é possível considerar a possibilidade de esgota- mento de recursos renováveis e do não esgotamento de recursos exauríveis para que se estabeleça o manejo dos mesmos. Uma outra consideração diz respeito, no caso dos recursos renováveis, a um aspecto fundamental que explica em grande parte o seu desaparecimento, que é a incompatibilidade entre a dinâmica biológica, que determina a sua evolução, e a dinâmica econômica, que determina a taxa de extração dos mesmos. Por fi m, em razão do fato de que a reprodução dos recursos não renováveis não está assegurada, ao mesmo tempo que eles se esgotam localmente, é preciso introduzir uma dimensão temporal na análise, haja vista que o recurso que é extraído no presente não estará mais disponível no futuro, bem como levar em consideração os custos de oportunida- de envolvidos na sua extração. Talvez, se a China passar a considerar a adoção de instrumentos de manejo sustentáveis de seus recursos naturais, ela consiga reduzir ou até reverter o nível de destruição do meio ambiente. 70 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente estimação e identifi cação é mais simples e objetivo, pois tanto o custo quanto o benefício serão obtidos a partir da soma de todos os gastos e de todas as receitas incorridas. Como base de análise, supõe-se que os gastos dos consumidores, que são expressos em valores monetários, estivessem associados aos benefícios esperados do consumo, dado o nível de renda disponível. Destarte, a satisfação dos consumidores seria derivada de múltiplas for- mas de consumo, ou seja, o bem-estar dos indivíduos seria o resulta- do tanto do consumo de bens e serviços como também do consumo de amenidades de origem recreativa, política, cultural e ambiental. Dessa forma, de acordo com a Teoria Econômica, no ambiente de mercado privado, os preços e as quantidades dos produtos transacionados são determinados pela interação entre a disposição a pagar dos consu- midores e a disposição a ofertar das empresas, de tal forma a orientar as decisões alocativas de recursos dos agentes. Por sua vez, as decisões alocativas no setor público, envolvendo a provisão de bens e serviços que devem aumentar o bem-estar dos cidadãos, em face de um orçamento limitado, são auxiliadas por análises sociais de custo-benefício. Ainda de acordo com Motta (1998, p. 16), a análise social de custo-benefício tem por objetivo atribuir um valor social para todos os efeitos de um determinado projeto, investimento ou política. Os efeitos positivos são considerados como sendo benefícios, e os efeitos negativos são tratados como custos. Uma vez que o objetivo do analista é comparar os custos e os benefícios, é preciso estabelecer uma métrica apropriada, ou seja, uma medida comum, ou numerário, ou unidade de conta. Na medida em que muitos dos custos são facilmente mensuráveis em termos monetários, há uma tentativa de se expressar os benefícios na mesma métrica. Não obstante, existem muitas difi culdades nessa tentativa de estabelecer um numerário comum para custos e benefícios. A principal difi culdade reside no fato de que muitos bens e servi- ços não são transacionados no mercado, e, por essa razão, não possuem preços defi nidos. Em geral, os recursos ambientais se enquadram nessa categoria. Para introduzir na análise um fator adicional de complicação, convém lembrar que o consumo das gerações futuras também deve ser levado em consideração, de tal forma a incorporar um componente de distribuição de riqueza intergeracional. C E D E R J 71 A U LA 3Do ponto de vista metodológico, as variações de bem-estar das famílias decorrentes da variação de consumo ocasionada pelos inves- timentos públicos devem ser levadas em conta nas análises sociais de custo-benefício. Nesse sentido, a mensuração dos custos e benefícios sociais, em virtude de sua contribuição para o bem-estar dos indivíduos, é o suporte da teoria econômica do bem-estar, e dela derivam as técnicas de valoração monetária dos recursos ambientais. Os métodos de valoração do capital natural incorporam essa forma de análise de custo-benefício, de maneira que os valores sociais dos bens e serviços devem considerar as variações de bem-estar e não apenas os valores de mercado. Isso signifi ca que existe uma avaliação sob a ótica privada, ou de mercado, e uma avaliação sob a ótica social. É importante que você entenda a distinção entre a ótica privada e a ótica social ou econômica. De acordo com Contador (1997, p. 21), em geral se considera a viabilidade de um projeto como de interesse apenas do investidor ou do agente fi nanceiro que vai fi nanciá-lo. Esta é a ótica privada. Porém, a viabilidade de qualquer projeto pode ser avaliada por diversas óticas. Por exemplo, um projeto de fábrica pode ser excelente para um empresário, mas pode ser péssimo para as pessoas que vão entrar em contato com a poluição gerada. Assim, a avaliação social se propõe a examinar os efeitos diretos e indiretos que são ou serão causados por um determinado projeto, sob o enfoque da sociedade como um todo. Ela permite identifi car as situações nas quais a economia como um todo, considerando todos os agentes envolvidos, está sendo prejudicada ou favorecida. Não obstante, como existem limitaçõesteóricas e barreiras meto- dológicas na adoção de métodos de valoração baseados no arcabouço teórico da economia do bem-estar social, a análise de custo-benefício é apenas um indicador adicional para a tomada de decisão. Ocorre que, em alguns níveis de decisão, via de regra, aqueles que envolvem questões socialmente complexas e indefi nidas, a análise de custo- benefício torna-se tão onerosa e/ou imprecisa que deve até ser evitada. Em outras instâncias, entrementes, quando o próprio processo político exige uma avaliação econômica para sustentar a sua capacidade de ordenação de prioridades, os indicadores econômicos são bastante úteis. O intenso debate acerca da questão ambiental convergiu no sen- tido de que a proteção do meio ambiente é uma questão de equidade 72 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente intertemporal. Num modelo econômico em que os custos da degradação ecológica não são pagos por aqueles que a geraram, acabam afetando terceiros sem que estes sejam devidamente compensados pelo dano, ou seja, constituem-se em externalidades para o sistema econômico. Entenda que a poluição e a degradação ambiental que produzimos hoje vai afetar as crianças que estão nascendo agora, ou seja, a próxima geração, que não tem voz para reclamar. Quando as atividades econômicas são planejadas sem que sejam consideradas as externalidades ambientais, os padrões de consumo dos indivíduos são forjados sem considerar a internalização (apropriação pela entidade econômica) dos custos ambientais. Quando não ocorre internalização dos custos advindos das externalidades ambientais, estabelece-se um padrão de apropriação do capital natural no qual os benefícios são providos para alguns usuários de recursos ambientais sem que estes compensem os custos incorridos pelos usuários excluídos desses benefícios. Ademais, as gerações futuras serão deixadas com um estoque de capital natural resultante das esco- lhas feitas pela geração atual, e arcarão com todos os custos resultantes dessas escolhas. Destarte, apesar do fato de que o uso dos recursos ambientais não tenha o seu preço reconhecido no mercado, é razoável inferir a existência de seu valor econômico, uma vez que o seu uso possui a capacidade de alterar o nível de produção e de consumos da sociedade, ou seja, o seu próprio nível de bem-estar. Em face da existência de externalidades ambientais, existe uma situação oportuna para a intervenção do Estado, que pode se manifestar por intermédio de distintos instrumentos tais como: a determinação dos direitos de propriedade, o uso de normas ou padrões, os instrumentos econômicos, as compensações monetárias por danos etc. Nesses casos, não é trivial o fato de a intervenção do Estado ser legítima, pois os interesses político-partidários eventualmente prevalecem sobre o interesse público. Sobretudo no caso da conservação da diver- sidade biológica, a intervenção governamental é ainda mais complexa, haja vista que o conhecimento teórico e gerencial ainda é insufi ciente para responder a todos os questionamentos. Há, contudo, um certo consenso acerca das difi culdades da gestão ambiental, de maneira que os atuais problemas podem ser classifi cados em três categorias principais: baixas C E D E R J 73 A U LA 3provisões orçamentárias em face dos altos custos de gerenciamento; polí- ticas econômicas indutoras de perdas ambientais; questões de equidade (como, por exemplo, a tentativa de resolver supostas injustiças sociais tole- rando a proliferação de favelas) que difi cultam o cumprimento da lei. Estas três categorias de problemas caracterizam uma situação na qual se faz necessária uma introdução de critérios econômicos na gestão ambiental. Tal consideração não é propriamente inovadora e está cada vez mais difundida em vários países. Os critérios econômicos devem, então, orientar a determinação de prioridades, ações e procedimentos para a gestão ambiental. Nesse sentido, em virtude das tremendas restrições orçamentárias que acometem o processo decisório do Estado, em face das múltiplas demandas dos atores sociais e das negociações políticas daí advindas, faz-se necessária a determinação de prioridades, ações e procedimentos que tornem efetiva a gestão ambiental. As restrições orçamentárias impõem ao Estado a resposta para os seguintes questionamentos: 1º - Em quais recursos ambientais deverão ser centralizados os esforços da ação estatal? 2º - Quais devem ser os métodos a serem empregados para que se atinjam os objetivos pretendidos? Ou seja, de forma simplifi cada, podemos dizer que a grande questão em pauta consiste na defi nição acerca do que conservar e onde conservar. Durante boa parte do proces- so histórico de gestão do meio ambiente, as abordagens predominan- tes se basearam em critérios ambientais, biológicos ou geográfi cos. Atualmente, o uso do critério econômico, de forma comple- mentar aos anteriores, tem aumentado a efi ciência do processo e reforçado a dimensão humana da gestão ambiental. !! 74 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente A doutrina voltada para o gerenciamento dos recursos ambien- tais desenvolveu vários modelos nesses últimos vinte anos. Existem três abordagens que sintetizam as principais proposições analíticas: (i) Análise Custo-Benefício (ACB); (ii) Análise Custo-Utilidade (ACU); (iii) Análise Custo-Efi ciência (ACE); A Análise Custo-Benefício é a técnica econômica mais empregada para a determinação de prioridades na avaliação de políticas. O pro- pósito dessa técnica é a comparação de custos e benefícios associados aos impactos das estratégias alternativas de políticas, em termos de seus valores monetários. No âmbito da gestão dos recursos naturais, os benefícios são todos os bens e serviços ecológicos cuja conservação conduzirá à recuperação ou à conservação dos mesmos, para a fruição da sociedade, impactando de forma positiva o nível de bem-estar dos agentes. Analogamente, os custos dessa ACB representam o bem-estar que se deixou de ter em virtude do desvio dos recursos da economia para políticas ambientais, em detrimento de outras atividades econômicas, ou seja, trata-se de um custo de oportunidade inerente à escolha feita no sentido da preservação do meio ambiente. Por sua vez, a estimação de valores monetários deverá refl etir valores econômicos baseados nas preferências dos consumidores. Empre- gando os mercados de bens privados complementares e substitutos para os serviços ambientais, ou até mesmo mercados hipotéticos para esses serviços, é possível estimar a disposição a pagar dos agentes econômicos com relação às mudanças da provisão ambiental. A ordenação das alternativas de escolha em políticas é realizada com base no valor presente dos custos e benefícios descontados por uma taxa ao longo do tempo. Não obstante, as restrições desse método fi cam por conta do adequado estabelecimento das taxas de desconto e das variabilidades (riscos) e incertezas associadas ao processo. Outra técnica importante é a Análise Custo-Utilidade – ACU. Trata-se de um indicador de benefícios que busca integrar critérios eco- nômicos com critérios ecológicos. C E D E R J 75 A U LA 3Dessa forma, a ACU gera indicadores que são calculados para valores econômicos e também critérios ecológicos tais como: insubs- titutibilidade; vulnerabilidade; grau de ameaça; representatividade e criticabilidade. O critério insubstitutibilidade diz respeito ao fato de o benefício ser ou não substituível (por exemplo, um trecho de mata nativa pode ser reconstituído em outro terreno, mas o habitat dos golfi nhos que viviam na baía da Guanabara, não). A vulnerabilidade diz respeito ao grau em que o objeto a ser protegido pode ser afetado com o impacto ambiental (por exemplo, uma estrada que corte uma fl oresta pode isolar grupos de animais deuma mesma espécie, degenerando a variabilidade genética). O grau de ameaça refere-se ao nível em que o objeto a ser protegido encontra-se ameaçado com a atual ação humana. A representatividade diz respeito à importância relativa do objeto a ser protegido para o equilíbrio da Terra (é o caso da Amazônia, cujo desaparecimento vai afetar o clima do planeta). A criticabilidade diz respeito à urgência com que uma medida deve ser adotada, em virtude de sua rápida evolução (é o caso das medidas contra o aquecimento global). Cada um desses indicadores teria um peso absoluto, que, por sua vez, ponderaria a avaliação dos benefícios de cada opção de escolha. As opções poderiam ser um programa, uma política ou um projeto. Os resultados fi nais seriam então calculados para cada opção, representando uma média ponderada para todos os critérios eleitos como sendo relevantes para a tomada de decisão. O principal problema metodológico presente na ACU diz res- peito à determinação de escalas coerentes e aceitáveis para a defi nição e caracterização da importância relativa de cada um dos critérios, ou seja, a base de comparação que vai estabelecer o peso na ponderação de cada um deles. Para dirimir esta questão, a saída mais apropriada consiste na participação dos atores sociais relevantes e do Estado, por meio do debate político. Existem ainda as difi culdades para quantifi cação do resultado absoluto dos benefícios correspondentes a cada um dos critérios, gerados por cada uma das opções. Assim, podemos dizer que o desenvolvimento de uma base de dados sobre a biodiversidade constitui-se num pré- requisito para o emprego efetivo da ACU. 76 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente Em virtude dessas considerações, Motta (1998, p. 20) afi rma que a ACU é uma abordagem muito dispendiosa, que, em geral, se posiciona acima da capacidade institucional, do compromisso político e da acei- tação social nos países em desenvolvimento. Por fi m, há a Análise Custo-Efi ciência (ACE), que é empregada quando a estimação de benefícios ou utilidades for de difícil realização ou também quando ela se mostrar custosa além da capacidade institu- cional, restando apenas a possibilidade de ordenar as prioridades com base em critérios estritamente ecológicos. Nesses casos, a ACE leva em consideração as várias opções de escolha disponíveis para que se possa alcançar uma prioridade política predefi nida, e compara, então, os custos relativos de cada opção, neces- sários para que elas atinjam os objetivos pretendidos. Assim, a ACE possibilita identifi car a opção que assegura o alcance do objetivo pretendido ou resultado desejado ao menor custo possível. É preciso observar que a ACE não ordena as opções para que sejam defi nidas as prioridades, mas, sim, funciona como um instrumento para a defi nição de ações, uma vez que as prioridades foram previamente defi nidas. Isso signifi ca que uma dada prioridade pode ser obtida por intermédio de distintas ações. A ACE também é empregada com êxito nos casos em que os custos institucionais da avaliação do projeto eventualmente excedam os ganhos de efi ciência com o emprego da ACB ou da ACU. Além dessas abordagens metodológicas, é interessante apresentar as análises sob múltiplas perspectivas, no sentido de revelar os agentes perdedores e benefi ciários, bem como as preferências dos tomadores de decisão. Essa maneira de apresentar uma ACB, por exemplo, não implica esforços adicionais de análise, mas apenas novos formatos de apresentação dos parâmetros requeridos para a análise completa. Nesse sentido, as seguintes possibilidades se oferecem: a) Análise privada (perspectiva do usuário) – maximiza receitas e minimiza custos. A ACB utiliza preços de mercado sem considerar eventuais externalidades. b) Análise fi scal (perspectiva do Tesouro) – maximiza a receita fi scal e minimiza os custos de administração. A ACB mensura apenas os ganhos e as perdas sob a ótica do fi sco. C E D E R J 77 A U LA 3c) Análise econômica (perspectiva da efi ciência) – maximiza o bem-estar total dos agentes e minimiza os custos de oportunidade. A ACB se vale dos preços de mercado sem subsídios e outras distorções de mercado. d) Análise social (perspectiva distributiva) – maximiza o bem- estar total e minimiza os custos de oportunidade e distributivos. A ACB emprega preços de mercado sem subsídios e outras distorções de mer- cado, ajustando estes com pesos distributivos para incorporar questões de equidade. e) Análise de sustentabilidade (perspectiva ecológica) – maximiza o bem-estar total e minimiza custos de oportunidade, tanto os distri- butivos quanto os ambientais. A ACB emprega preços de mercado sem subsídios e outras distorções de mercado, ajustando estes com pesos distributivos e ambientais, para incorporar as questões de equidade e as externalidades ambientais. Assim, é com base nessa moldura de considerações metodológicas e analíticas que são construídas as técnicas de valoração ambiental. Um determinado recurso fl orestal poderia gerar para uma população um benefício imediato de R$ 4,5 milhões, caso seja totalmente extraído da fl oresta. Não obstante, alguns técnicos estimam que a ausência desse recurso provocará um desequilíbrio ecológico na região, de modo a aumentar a incidência de um mosquito transmissor de febre palustre. Os gastos permanentes de combate a esta endemia serão da ordem de R$ 350 mil por ano. Existe uma probabilidade de 60% de que os custos de oportunidade para as avaliações de custo-benefício sejam de 8% a.a. e de 40% de que sejam de 16% a.a. A partir apenas da realização de uma ACB, você recomendaria a extração total do recurso? Tal decisão estaria de acordo com a noção de sustentabilidade? Resposta Comentada Em primeiro lugar, é preciso determinar a taxa de desconto dos fl uxos de bene- fícios e custos futuros decorrentes da decisão. Essa taxa será dada pelo valor esperado do custo de oportunidade: Atividade 2 2 78 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente Taxa de desconto = (0,6 x 0,08) + (0,4 x 0,16) = 0,112 ou 11,2% O segundo passo consiste em comparar, em termos de valores presentes, os custos com os benefícios. Estes últimos já estão em valores presentes, portanto não precisam ser descontados: Total de benefícios = R$ 4,5 milhões Por sua vez, os custos traduzem uma perpetuidade (conceito de matemática fi nanceira que equivale a um fl uxo de caixa perpétuo). Lembrando que o valor presente de uma perpetuidade equivale ao quociente do seu fl uxo de caixa pela taxa de desconto, temos que: Total de custos = (R$ 350 mil / 0,112) = R$ 3,125 milhões Como o total de benefícios é maior do que o total de custos, o decisor optaria por explorar imediatamente o recurso. Repare que essa decisão leva apenas em consideração o modelo sugerido, pois existem benefícios líquidos a serem auferidos. Porém, sua adoção sem maiores considerações, por implicar a erradicação total de um recurso natural, estaria em desacordo com a ideia de sustentabilidade. AS TÉCNICAS DE VALORAÇÃO DO CAPITAL NATURAL De acordo com Ortiz (2003, p. 81), um bem ou serviço ambien- tal possui grande relevância para o suporte das funções ecológicas que garantem a sobrevivência das espécies. Dessa forma, admite-se que todas as espécies animais e vegetais dependem dos serviços ecossistêmicos dos recursos naturais para viabilizar a sua existência. Em virtude dessa característica que os recursos naturais revelam, sua importância é traduzida por meio de valores associados aos bens e recursos naturais. Esses valores podem evidenciar uma dimensão ética, moral ou econômica. Assim, todos os recursos ambientais têm um valor intrínseco, que lhes é próprio, inerente, e que refl ete os direitos de exis- tência e os interesses de espécies não humanas e objetos inanimados. Dessa forma, a valoraçãoeconômica ambiental tem por obje- tivo avaliar o valor econômico de um recurso ambiental, por meio da determinação de um numerário que lhe seja equivalente, em termos de outros recursos econômicos, de que a sociedade estaria disposta a abrir mão, com vistas a obter uma melhoria de qualidade ou de quantidade do referido recurso ambiental. Portanto, trata-se de um trade-off entre alternativas de decisão envolvendo custos de oportunidade. C E D E R J 79 A U LA 3As técnicas de valoração econômica ambiental procuram mensurar as preferências dos atores econômicos por um dado recurso ou serviço ambiental, de tal forma que o valor é atribuído não ao recurso estrita- mente, e sim às mudanças com relação à qualidade ou à quantidade do recurso ambiental. As preferências individuais, por sua vez, são expressas em medidas de bem-estar do arcabouço teórico da microeconomia, tais como: variação compensatória, excedente do consumidor e variação equivalente. As medidas de bem-estar da microeconomia supõem que os agentes eco- nômicos podem auferir ganhos indiretos decorrentes das suas avaliações subjetivas de valor. Por exemplo, se você resolve comprar um par de sapatos de uma determinada marca e está disposto a pagar até R$ 300,00 por ele, mas encontra o mesmo sendo vendido por R$ 250,00, supostamente, para a microeconomia, você auferiu um excedente do consumidor de R$ 50,00. O mesmo ocorre quando você tem um prejuízo e alguém lhe oferece algo como compensação. Ocorreu agora uma variação compensatória. O mesmo raciocínio se aplica a uma variação equivalente. Essas medidas de bem-estar podem ser interpretadas como sendo a disposição a pagar (DAP) de um agente econômico por uma melhoria ou incremento de um dado recurso ambiental, ou também como sendo a disposição a aceitar (DAA) uma piora ou decréscimo da oferta do recurso. Assim, podemos dizer que o principal objetivo da avaliação econô- mica ambiental é estimar os custos sociais decorrentes do uso de recursos sociais escassos, bem como incorporar os ganhos sociais decorrentes do uso desses recursos. Ortiz (2003, p. 83) nos informa que o valor econômico total de um recurso do meio ambiente compreende a soma dos valores de uso e do valor de não uso (também chamado valor de existência). Por sua vez, os valores de uso compreendem a soma dos valores de uso direto, dos valores de uso indireto e dos valores de opção. O valor de uso direto de um recurso ambiental é aquele decorrente de sua utilização ou do consumo direto do recurso. Destaca-se que um mesmo recurso ambiental pode servir para múltiplos usos, e assim ter vários valores de uso direto. Por exemplo, uma fl oresta pode servir para a extração da madeira ou para a coleta de frutos e essências, dentre outros usos possíveis. 80 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente Os valores de uso indireto são aqueles derivados das funções eco- lógicas do recurso, tais como, com relação à mesma fl oresta do exemplo anterior, a qualidade das águas, o ar puro e a beleza cênica. Por sua vez, o valor de opção se refere à quantia que os indivíduos estariam dispostos a pagar para manter o recurso ambiental para uso futuro. Dessa forma, não haveria uso direto ou indireto no presente, mas poderia haver uso no futuro. O valor de opção é a disposição a pagar do agente econômico pela opção de usar o recurso no futuro. O outro gênero, que é o valor de existência ou valor de não uso de um recurso ambiental, refere-se à satisfação pessoal em se saber que o objeto em questão está no seu local de origem, sem que o agente econômico venha a auferir qualquer vantagem direta ou indireta dessa existência do recurso natural. Por exemplo, dependendo do grau de aperfeiçoamento moral (o grau de altruísmo e solidariedade) de alguns indivíduos, eles podem ter uma disposição a pagar positiva pelo não desfl orestamento da Mata Atlântica no Brasil, mesmo que jamais venham a visitar a fl oresta ou consumir qualquer dos seus produtos. Assim, podemos sintetizar dizendo que o valor econômico total de um recurso ambiental compreende a soma de todos os seus valores de uso direto e indireto (que podem ser múltiplos) mais o seu valor de opção e o seu valor de existência. É preciso atenção para não ocorrer uma dupla contagem no caso de usos confl itantes. Figura 3.3: Um mesmo recurso ambiental pode servir para múltiplos usos, e assim ter vários valores de uso direto. Fonte: www.fcd.ufpel.edu.br/turismo/docentes/nara/biomas C E D E R J 67 A U LA 3O oposto também é verdadeiro, pois, se os recursos forem abundantes, o valor deles em estoque será baixo, e por isso fará sentido extraí-los ao máximo, pois podem ser aplicados a juros de mercado ao mesmo tempo que reduzem a quantidade do estoque. Podemos extrair algumas considerações gerais sobre a velocidade de exaustão: 1ª - A taxa de extração do recurso exaurível será tanto maior quanto menor for o valor do royalty (recurso em estoque). Sendo assim, para que a taxa de extração diminua, é preciso que os seguintes fatores se manifestem: elevação da demanda (aumento de preços e valorização do royalty); esgotamento de fontes alternativas; descoberta de novos usos para o recurso. 2ª - A taxa de utilização do recurso é diretamente proporcional à taxa de juros que desconta os fl uxos de benefícios futuros (custo de oportunidade), de tal forma que uma elevação das taxas de juros promove um aumento da taxa de extração, reduzindo o prazo de esgotamento do recurso, já que a velocidade com que ele será extraído será maior. Se a taxa de juros aumentar, a tendência do valor de todos os inves- timentos é de queda (aí incluídos os estoques de recursos exauríveis), de forma que, para se reduzir os estoques e aumentar o valor do recurso, será preciso elevar a taxa de extração. Além disso, a elevação das taxas de juros amplia o valor do consumo presente da sociedade, numa condição econômica na qual a maximização do benefício social requer uma taxa maior de extração e uso dos recursos. Além do fato de essas análises de cunho neoclássico consistirem numa primeira modelagem econômica para orientar a tomada de decisão quanto ao uso dos recursos exauríveis, existem muitas críticas aos seus postulados, sobretudo as que dizem respeito aos seguintes aspectos: a) os modelos não consideram as falhas de mercado, tais como os monopólios ou oligopólios em que se constituem as principais empre- sas de mineração, bem como as externalidades geradas sob a forma de poluição; b) os modelos desconhecem a verdadeira demanda futura, ao admitir que seja igual à demanda presente, desconsiderando completa- mente os valores de demanda das gerações futuras; c) a existência das chamadas tecnologias de fundo, que são alter- nativas mais caras para se produzir um substituto para o recurso em C E D E R J 81 A U LA 3Entrementes, o maior problema da avaliação ambiental consiste na determinação das taxas de desconto que devem ser empregadas para avaliar os fl uxos de benefícios advindos dos recursos ambientais. Tais taxas de desconto devem levar em consideração as preferências dos atuais agentes econômicos e sua disposição a incorrerem em sacrifícios presentes em benefício das gerações futuras. Dessa forma, quando um planejador impõe uma taxa alta ou baixa para descontar os benefícios futuros de um ativo ambiental, ele está implicitamente dizendo qual é a importância que as gerações futuras darão para estes benefícios, no caso, alta ou baixa, respectivamente. Para a avaliação dos recursos ambientais, existem dois conjuntos de técnicas: os métodos indiretos e os métodos diretos. Os métodos indiretos são os que inferem o valor de um dado recurso natural com base na observação do comportamento dos agen- tes econômicos em mercados que têm relação com o ativo ambiental. Os mercados relacionados podem ser tanto de bens complementaresquanto de bens substitutos ao consumo do recurso ambiental. Como esses métodos dependem do consumo do recurso ambiental, eles apenas podem estimar os valores de uso. Esses métodos são: custo de viagem, preços hedônicos, custos de reposição, gastos defensivos, produtivida- de marginal, transferência de benefícios, capital humano ou produção sacrifi cada. (i) Custo de viagem – este método estima que o valor do uso recreativo de um recurso natural, tal como um parque fl orestal, pode ser obtido a partir da análise dos gastos incorridos pelos visitantes desse lugar. A lógica subjacente a essa técnica decorre do fato de que, quando o recurso ambiental é utilizado para atividades recreativas, ocorre um fl uxo mensurável de gastos por parte dos visitantes do lugar. As visitas aos parques, praias e cachoeiras envolvem transações econômicas, de tal forma que o preço do serviço ambiental seria equivalente ao custo de se viajar e fi car nesse lugar de recreação. (ii) Preços hedônicos – esta técnica procura estimar um preço implí- cito por atributos ambientais associados a alguns bens comercializados em mercados, por meio da observação do preço praticado nesses bens. Por exemplo, um imóvel próximo a um parque ou com vista para o mar tem seu valor alterado em função desse recurso ambiental. 82 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente (iii) Custos de reposição – de acordo com este método, o valor de um recurso ambiental seria o custo de restauração das condições ideais desse recurso. Assim, o valor de um rio limpo seria o custo de limpá-lo após a sua degradação. (iv) Gastos defensivos ou custos evitados – trata-se de um método que estima os gastos que seriam incorridos em termos de bens substitutos, para não alterar a quantidade consumida de um dado recurso ambiental. Se supusermos que um manancial fi que interditado ao consumo de uma dada população, o gasto da mesma com a aquisição de água potável para substituir o manancial seria o valor do gasto defensivo. (v) Produtividade marginal – este método pode ser empregado quando o recurso ambiental é um insumo da produção de algum bem ou serviço comercializado no mercado. Por exemplo, a qualidade do solo afeta a produção agrícola, de forma que a degradação do solo poderia ser associada à queda da produção agrícola por unidade de terra. (vi) Transferência de benefícios – supõe que as pessoas se compor- tam de forma similar com relação a um determinado recurso ambiental, que é revelado, por meio dos valores expressos pelos indivíduos com relação à sua disposição a pagar para evitar um dano advindo da degra- dação ambiental. Por exemplo, alguns indivíduos estariam dispostos a pagar para reduzir a poluição do ar e assim evitarem problemas no sistema respiratório. (vii) Capital humano ou produção sacrifi cada – esta técnica supõe que uma vida humana perdida equivale ao custo de oportunidade para a sociedade equivalente ao valor presente da capacidade daquele indivíduo de gerar renda. No caso de morte prematura, digamos, em virtude da poluição do ar, o valor presente representaria a produção perdida desse indivíduo. Por sua vez, os métodos diretos são aqueles que inferem as pre- ferências individuais dos agentes econômicos, com relação aos recursos ambientais, a partir de perguntas feitas diretamente aos mesmos. Os méto- dos diretos são: valoração contingente e o ranqueamento contingente. (i) Valoração contingente – este método consiste no emprego de pesquisas amostrais para identifi car, em termos monetários, as preferências dos agentes econômicos com relação aos bens que não são comercializados no mercado. No caso específi co de um recurso ambiental, pergunta-se diretamente aos indivíduos o quanto eles avaliam C E D E R J 83 A U LA 3as ocorrências hipotéticas envolvendo mudanças de qualidade ou de quantidade de um recurso ambiental. Dessa forma, são criados mercados hipotéticos para o recurso ambiental, com base na disposição a pagar ou a aceitar dos indivíduos, com relação a uma perda de qualidade ou de quantidade do recurso ambiental. Trata-se do único método que permite a estimação de valores de existência. Não obstante, esse método possui muitos problemas, haja vista que as perguntas são muito hipotéticas e nada garante que os valores declarados sejam efetivamente os verdadeiros valores que os indivíduos pagariam numa situação real. (ii) Ranqueamento contingente – trata-se de um método que procura apresentar aos entrevistados múltiplas alternativas hipotéticas e características, com relação a um dado recurso ambiental, de tal forma que os mesmos as ordenem segundo as suas preferências. Os valores relativos podem ser inferidos a partir desse ranking, sobretudo se alguma das características descritas possuir preço de mercado. Atividade 3 O jornal Folha de S. Paulo noticiou, em 22 de junho de 2008, a seguinte matéria: Os tubarões do litoral brasileiro estão protagonizando um fi lme de horror – só que como vítimas, não como vilões. Nesse novo roteiro, populações inteiras estão sendo vitimadas pelos vários tipos de pesca. Algumas, como é o caso do cação-listrado, já declinaram em até 95%. O incremento na cobiça pelos tubarões no país em todas as partes do mundo ocorre por causa do aumento do preço da sua barbatana, puxada principalmente pela demanda asiática. Hoje, ela pode chegar a custar até R$ 100 o quilo no Brasil. É usada em uma sopa muito apreciada pelos chineses. A procura pelas barbatanas pode ser vista, por exemplo, em Itajaí (Santa Catarina). (...) A pressão sobre o tubarão-azul, capturado pela pesca conhecida como espinhel, é crescente. O pesqui- sador Jorge Kotas, do Cepsul (Centro de Pesquisas e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul), contabilizou a retirada de 35 mil indivíduos das águas do Sul do Brasil entre 1997 e 2005. (..) só dessa espécie, 2 milhões de exemplares são retirados do Atlântico Sul todo ano. Os sinais do declínio da população já apareceram (...) Em 2001, cada viagem rendia 5,7 toneladas de tubarão-azul desembarcadas em Itajaí. Em 2005, eram 3,4 toneladas por viagem (GERAQUE, 2008). Com base nesse texto, diga quais são os valores econômicos ambientais que podem ser inferidos com relação ao tubarão-azul. Além disso, como você poderia estabelecer um valor para o tubarão-azul? 3 84 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente Resposta Comentada O valor econômico total de um recurso do meio ambiente compreende a soma dos valores de uso e do valor de não-uso (também chamado valor de existência). Por sua vez, os valores de uso compreendem a soma dos valores de uso direto, dos valores de uso indireto e dos valores de opção. No texto em questão, podemos inferir o valor de uso direto do tubarão-azul, que é aquele decorrente de sua utilização ou do consumo direto do recurso. No caso, R$ 100,00 por quilo de barbatana, sem contar a carne. Para o estabelecimento de um valor para o tubarão-azul, poderia ser empregado o método direto de valoração contingente, de forma a indagar a disposição a pagar dos indivíduos pela preservação do animal ou a disposição a aceitar dos produtores pela abstenção de sua pesca. CONCLUSÃO Inserir o meio ambiente na tomada de decisão econômica não é uma tarefa simples nem trivial. Grande parte das decisões empresariais possuem refl exos sobre o meio ambiente, de forma que é preciso integrá- lo ao processo de tomada de decisão. Uma grande difi culdade para realizar essa integração reside no fato de que o meio ambiente não possui preços de mercado nem tam- pouco custos diretos ou indiretos de fabricação, como a maior parte dos produtos empregados pelo homem. Os preços e custos são elementos fundamentais para orientar a tomada de decisão dos gestores. Por essa razão, os instrumentos de avaliação econômica do meio ambiente estão se tornando importantesferramentas de apoio à tomada de decisão dos gestores empresariais da atualidade. C E D E R J 85 A U LA 3 A partir das situações a seguir descritas, diga qual é a melhor metodologia de valoração que um gestor deveria empregar para avaliar, em termos econômicos, um dado recurso natural. Descreva a metodologia empregada: 1 – A lagoa de Araruama, atualmente bastante poluída, localizada na Região dos Lagos no estado do Rio de Janeiro. 2 – Uma praia deserta na Ilha Grande, na região sul-fl uminense. 3 – As vítimas de doenças respiratórias após um vazamento de gases tóxicos em uma fábrica. 4 – O Atol das Rocas, no Nordeste brasileiro. Resposta Comentada No caso 1, é apropriado o uso do método de custos de reposição. De acordo com este método, o valor de um recurso ambiental seria o custo de restauração das condições ideais desse recurso. Assim, o valor de um rio limpo seria o custo de limpá-lo após a sua degradação. No caso 2, lembre-se de que você pode visitar o local, portanto seria apropriado o emprego do custo de viagem. Esse método estima que o valor do uso recreativo de um recurso natural pode ser obtido a partir da análise dos gastos incorridos pelos visitantes desse lugar. No caso 3 devemos usar o método do capital humano ou produção sacrifi cada, que supõe que uma vida humana perdida equivale ao custo de oportunidade para a sociedade equivalente ao valor presente da capacidade de aquele indivíduo gerar renda. No caso de morte prematura, digamos, em virtude da poluição do ar, o valor presente representaria a produção perdida desse indivíduo. No caso 4, lembre-se de que não é possível uma visita ao local, portanto o método da valoração contingente seria o mais apropriado. Este método consiste no emprego de pesquisas amostrais para identifi car, em termos monetários, as preferências dos agentes econômicos com relação aos bens que não são comercializados no merca- do. No caso de um recurso ambiental, pergunta-se diretamente aos indivíduos em quanto eles avaliam em termos monetários as ocorrências hipotéticas envolvendo mudanças de qualidade ou de quantidade de um recurso ambiental. Assim, são criados mercados hipotéticos para o recurso ambiental, com base na disposição a pagar ou a aceitar dos indivíduos, com relação a uma perda de qualidade ou de quantidade do recurso ambiental. Trata-se do único método que permite a estimação de valores de existência. Atividade Final 321 86 C E D E R J Gestão Ambiental | A avaliação econômica do meio ambiente Nesta aula, vimos que o estudo relativo à questão do meio ambiente se depara com a necessidade de atribuir um valor econômico aos recursos naturais. Em primeiro lugar, é necessário estabelecer uma classifi cação para esses recursos. A capacidade de recomposição de um dado recurso durante o horizonte de tempo da vida humana tem sido o principal critério para a classifi cação dos recursos naturais. Estes recursos são classifi cáveis como renováveis ou reprodutíveis e não renováveis, também denominados esgotáveis, exauríveis ou não reprodutíveis. Para os recursos renováveis, a exploração econômica está baseada no “princípio do máximo”, oriundo do pensamento neoclássico, e cujo objetivo consiste em obter as condições para atingir o nível “ótimo” econômico, no qual o produtor obterá o maior benefício ou lucro máximo. Já para a retirada dos recursos exauríveis, existem aspectos peculiares que determinam os modelos de exploração econômica dos mesmos. Um aspecto importante diz respeito ao aproveitamento econômico de um recurso exaurível. Porém, na medida em que a reprodução dos recursos não renováveis não está assegurada, ao mesmo tempo que eles se esgotam localmente, é preciso introduzir uma dimensão temporal na análise, haja vista que o recurso que é extraído no presente não estará mais disponível no futuro. Vimos também que, num contexto de decisão de alocação de recursos, confrontado com restrições orçamentárias, é imperativo que se estabeleça uma prévia análise de custo-benefício das opções de escolha ou cursos de ações a serem seguidos. Dessa forma, o decisor poderá comparar, em cada opção, o custo de realizá-la em face do benefício resultante, e assim optar pela relação custo-benefício mais favorável. A estimação dos custos e benefícios nem sempre é trivial, uma vez que requer, preliminarmente, a capacidade de identifi cá-los, e, numa segunda etapa, a defi nição a priori de critérios que tornem as distintas alternativas comparáveis numa métrica adequada. A doutrina voltada para o gerenciamento dos recursos ambientais relaciona três abordagens que sintetizam as principais proposições analíticas: a Análise Custo-Benefício (ACB), a Análise Custo-Utilidade (ACU), e a Análise Custo- Efi ciência (ACE). R E S U M O C E D E R J 87 A U LA 3 INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula, veremos a maneira de introduzir o meio ambiente na Contabilidade. Por fi m, vimos que a valoração econômica ambiental tem por objetivo avaliar o valor econômico de um recurso ambiental, por meio da determinação de um numerário que lhe seja equivalente, em termos de outros recursos econômicos, do qual a sociedade estaria disposta a abrir mão, com vistas a obter uma melhoria de qualidade ou de quantidade, do referido recurso ambiental. Para a avaliação dos recursos ambientais, existem dois conjuntos de técnicas: os métodos indiretos e os métodos diretos. Os métodos indiretos são: custo de viagem, preços hedônicos, custos de reposição, gastos defensivos, produtividade marginal, transferência de benefícios, capital humano ou produção sacrifi cada. Por sua vez, os métodos diretos são: valoração contingente e o ranqueamento contingente.
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