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LAMBE OS OSSOS E ENCAROÇA O CORAÇÃO APG 9 Objetivos: 1. Estudar a fisiopatologia da febre reumática e suas manifestações clínicas; 2. Compreender a etiopatogenia das lesões valvares e suas consequências. A febre reumática e a cardiopatia reumática são complicações de resposta imunomediada à infecção da garganta por estreptococos do grupo A (beta-hemolíticos). O aspecto mais sério da FR é o desenvolvimento de distúrbios valvares crônicos que produzem disfunção cardíaca permanente e, em alguns casos, causam insuficiência cardíaca fatal anos depois. Embora a FR e a CR sejam raras nos países desenvolvidos, ainda são problemas de saúde importantes nos países subdesenvolvidos, onde há prevalência de atendimento de saúde inadequado, desnutrição e condições de vida em aglomerações. A FR pode atingir as articulações, o coração e o cérebro, deixando sequelas graves, com consequências que podem durar a vida toda. A faixa etária entre 5 e 15 anos é a mais acometida. Além disso, vale ressaltar que a doença ocorre em surtos, se não for prevenida, e a cada surto aumenta a chance de ocorrerem lesões cardíacas graves. Os estreptococos beta-hemolíticos são divididos em diversos grupos sorológicos com base em seu antígeno polissacarídico da parede celular. Além disso, o grupo A é subdividido em mais de 130 tipos M distintos, responsáveis pela vasta maioria das infecções. A proteína M define melhor a virulência da bactéria e tem sido estudada mais intensivamente quanto à reatividade cruzada com o tecido cardíaco. Embora os EGA causem tanto faringite quanto infecções cutâneas (impetigo), apenas a faringite é relacionada à FR e à CR. A patogênese da FR ainda não está estabelecida. O período de tempo até o desenvolvimento dos sintomas relativos à dor de garganta e à presença de anticorpos contra os EGA sugere fortemente uma origem imunológica. Acredita-se que os anticorpos direcionados contra a proteína M de determinadas cepas de estreptococos apresentem reação cruzada com antígenos glicoproteicos presentes no coração, nas articulações e em outros tecidos, produzindo resposta autoimune por meio de um fenômeno denominado mimetismo molecular. O aparecimento dos sintomas em 2 a 3 semanas após a infecção e a ausência de estreptococos na lesão apoiam essa suspeita. Ainda que haja desenvolvimento de FR somente em uma baixa porcentagem de pacientes com faringite por EGA não tratada, a incidência de recidivas na vigência de uma infecção não tratada subsequente é substancialmente maior. Essas observações aliadas a estudos mais recentes sugerem uma predisposição genética ao desenvolvimento da doença. Além disso, elementos ambientais podem afetar o seu desenvolvimento. Uma incidência maior de FR foi observada em populações junto a áreas com aglomeração, como barracas militares, devido à alta virulência e à transmissão rápida. SINTOMAS DA FEBRE REUMÁTICA ➔ Os primeiros sintomas em geral são febre, edema (inchaço) e dores nas articulações (principalmente joelhos, cotovelos e tornozelos), cerca de duas semanas após uma infecção de garganta mal curada; ➔ Muitas vezes o paciente não consegue andar por causa da dor; ➔ Quando atinge o coração, o paciente, em geral, sente cansaço constante, falta de ar e a sensação de coração disparado. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A FR pode se manifestar como um distúrbio agudo, recidivante ou crônico. ➔ O estágio agudo da FR inclui histórico de uma infecção estreptocócica inicial e subsequente envolvimento de elementos do tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e dos tecidos subcutâneos. Uma lesão comum a todos, denominada corpo de Aschoff, consiste em uma área localizada de necrose tecidual circundada por células imunes. ➔ A fase recidivante normalmente envolve a extensão dos efeitos cardíacos da doença. ➔ A fase crônica da FR é caracterizada pela deformidade permanente das valvas cardíacas e é causa frequente de estenose da valva mitral. O surgimento de CR crônica geralmente demora no mínimo 10 anos, após a crise inicial, mas pode demorar décadas. A maior parte das pessoas com FR apresenta histórico de dor de garganta, cefaleia, febre (38,3 a 40°C), dor abdominal, náuseas, vômito, edema de linfonodos (normalmente no ângulo da mandíbula), além de outros sinais e sintomas de infecção estreptocócica. Outras manifestações clínicas associadas a um episódio de FR aguda estão relacionadas ao processo inflamatório agudo e às estruturas envolvidas no processo patológico. A evolução da doença é caracterizada por um conjunto de achados, incluindo poliartrite migratória das grandes articulações, cardite, eritema marginado, nódulos subcutâneos e coreia de Syndenham. Os marcadores laboratoriais da inflamação aguda incluem elevação da contagem de leucócitos, VSH e PCR. Esses níveis elevados dos reagentes de fase aguda são inespecíficos para FR, mas fornecem evidências de uma resposta inflamatória aguda. ➔ A poliartrite é a mais comum e, com frequência, a primeira manifestação da FR em 75% dos casos. Pode ser o único critério importante em adolescentes e adultos. A artrite, que pode variar da artralgia até a artrite debilitante, envolve com mais frequência as grandes articulações, em particular os joelhos e tornozelos, e é menos comum nos punhos, cotovelos, ombros e quadril. Quase sempre é migratória, afetando primeiro uma articulação e depois outra. Se não tratada, a artrite dura aproximadamente 4 semanas. Uma característica marcante da artrite reumática é a resposta drástica (normalmente dentro de 48 h) aos salicilatos. A artrite geralmente apresenta cura total e não deixa sequelas funcionais. ➔ A cardite reumática aguda, que complica a fase aguda da FR, pode afetar o endocárdio, miocárdio ou pericárdio. O envolvimento do endocárdio e das estruturas valvares produz os efeitos permanentes e incapacitantes da FR. A cardite manifesta-se principalmente como uma regurgitação mitral, e menos comumente como regurgitação aórtica, ainda que todas as quatro valvas possam estar envolvidas. Durante o estágio inflamatório agudo da doença, as estruturas valvares se tornam vermelhas e edemaciadas, e ocorre o desenvolvimento de pequenas lesões vegetativas nos folhetos valvares. As alterações inflamatórias agudas progridem gradualmente, até o desenvolvimento de um tecido cicatricial fibroso que tende a contrair e causar deformidade dos folhetos valvares e encurtamento das cordas tendíneas. Em alguns casos, as bordas ou comissuras dos folhetos valvares se fundem, à medida que ocorre a cicatrização. As características clínicas da endocardite/valvite, sem histórico de CR, incluem um sopro holossistólico apical decorrente de regurgitação mitral, ou um sopro diastólico precoce basal resultante de regurgitação aórtica. Em pessoas com histórico de CR, uma alteração na característica desses sopros ou um novo sopro são indicativos de cardite reumática aguda. ➔ Nódulos subcutâneos, eritema marginado e coreia de Sydenham. Os nódulos subcutâneos são rígidos, indolores e livremente móveis, normalmente ocorrendo sobre os músculos extensores das articulações do punho, cotovelo, tornozelo e joelho, com um tamanho que varia de 0,5 a 2 cm. Os nódulos subcutâneos raramente ocorrem de modo isolado na FR, mas se manifestam com mais frequência associados à cardite moderada a grave. As lesões do eritema marginado são áreas maculares semelhantes a um mapa, mais comumente observadas no tronco ou nos aspectos internos dos braços e das coxas, mas nunca na face. Ocorrem no início da evolução de uma crise reumática e tendem a apresentar nódulos subcutâneos, bem como cardite. São transitórias e desaparecem durante a progressão da doença. A coreia de Sydenham é a principal manifestação da FR no sistema nervoso central. É observada com mais frequência em meninas e raramente ocorre após os 20 anos de idade. Tipicamente, seu início é insidioso de irritabilidade, e existem outros problemas comportamentais. A criança aparenta inquietação, chora facilmente, começa a caminhar desajeitadamente e deixa os objetos caírem. Osmovimentos coreiformes são espasmos espontâneos, rápidos e despropositados, que interferem nas atividades voluntárias. É comum haver caretas faciais, e até mesmo a fala pode estar afetada. A coreia é autolimitante e normalmente evolui em questão de semanas ou meses, porém as recidivas não são incomuns. Uma infecção estreptocócica anterior pode ser detectada em apenas cerca de dois terços dos casos, dificultando o diagnóstico diferencial. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de febre reumática ainda se baseia em um grupo de critérios: os critérios de febre de Jones. Val����ti�� A função das valvas cardíacas é promover o fluxo unidirecional do sangue pelas câmaras do coração. Ainda que qualquer uma das quatro valvas possa estar sujeita a um distúrbio, as mais comumente afetadas são as valvas mitral e aórtica. Os distúrbios das valvas pulmonar e tricúspide não são tão comuns, devido à baixa pressão no lado direito do coração. As valvas cardíacas são compostas por finos folhetos de tecido fibroso resistente e flexível, recobertos por endotélio, firmemente unidos na base aos anéis fibrosos valvares. Capilares e músculo liso estão presentes na base dos folhetos, mas estes não se estendem até o interior da valva. Os folhetos das valvas cardíacas podem estar lesionados ou se tornar um sítio de processo inflamatório, e isso pode deformar a sua linha de fechamento. A reparação dos folhetos valvares com frequência está associada a um aumento no conteúdo de colágeno e à formação de cicatriz, o que torna os folhetos mais curtos e rígidos. As bordas dos folhetos valvares podem se fundir durante a cicatrização, de modo que a valva não abre ou fecha adequadamente. Na cardiopatia valvar, ocorrem dois tipos de disfunção mecânica: estreitamento da abertura da valva, que impossibilita a abertura adequada; e distorção da valva, impossibilitando o fechamento adequado. A estenose se refere a um estreitamento do orifício valvar e à incapacidade dos folhetos da valva de abrir normalmente. O estreitamento significativo do orifício da valva aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo pela valva, convertendo o fluxo laminar normalmente suave em um fluxo turbulento menos eficiente. 1 - Estenose da valva mitral: representa a abertura incompleta da valva mitral durante a diástole, com distensão do átrio esquerdo e comprometimento do enchimento do ventrículo esquerdo. A afecção em geral resulta da febre reumática e, em menor frequência, o defeito congênito. A estenose é um distúrbio contínuo, progressivo e vitalício, com evolução lenta e estável, porém com aceleração progressiva nos últimos anos. A estenose da valva mitral é caracterizada pela substituição do tecido valvar por um tecido fibroso, bem como por rigidez e fusão do aparelho valvar. Tipicamente, as cúspides mitrais se fundem nas bordas e o envolvimento das cordas tendíneas causa encurtamento, o que traciona as estruturas valvares mais profundamente para dentro do ventrículo. Conforme a resistência ao fluxo através da valva aumenta, o átrio esquerdo dilata e a pressão atrial esquerda aumenta. O aumento da pressão atrial esquerda é finalmente transmitido ao sistema venoso pulmonar, causando congestão pulmonar. A velocidade do fluxo pela valva depende do tamanho do orifício valvar, da pressão direcionadora e do tempo disponível para o fluxo durante a diástole. Os sintomas se desenvolvem com o agravamento do gradiente pela valva e conforme a pressão atrial esquerda se torna maior que a pressão ventricular esquerda. Com o avanço da condição, os sintomas de diminuição do débito cardíaco se manifestam durante o esforço extremo ou em outras situações que causam taquicardia, reduzindo assim o tempo de enchimento diastólico. Nos estágios finais da doença, a resistência vascular pulmonar aumenta e há desenvolvimento de hipertensão pulmonar; isso aumenta a pressão contra a qual o coração direito precisa bombear e, por fim, leva à insuficiência cardíaca do lado direito. 2 - Regurgitação da valva mitral: é caracterizada pelo fechamento incompleto da mesma, com o volume sistólico ventricular esquerdo sendo dividido entre o volume sistólico anterógrado (movimento em direção à aorta) e o volume sistólico regurgitante (movimento retrógrado) para o átrio esquerdo durante a sístole. A regurgitação da valva mitral pode resultar de muitos processos. A CR está associada a uma valva rígida e espessada, que não abre ou fecha completamente. Além da CR, a regurgitação mitral pode resultar da ruptura das cordas tendíneas ou dos músculos papilares, da disfunção dos músculos papilares, ou do estiramento das estruturas valvares em consequência da dilatação do VE ou do orifício valvar. O prolapso valvar mitral é uma causa comum de regurgitação da valva mitral. A regurgitação aguda da valva mitral pode ocorrer abruptamente, como na disfunção dos músculos papilares subsequente ao infarto do miocárdio, perfuração valvar na EI ou ruptura das cordas tendíneas no prolapso da valva mitral. Na regurgitação mitral aguda grave, a sobrecarga aguda do volume aumenta a pré-carga ventricular esquerda, possibilitando um aumento modesto no volume sistólico ventricular esquerdo. Contudo, o volume sistólico anterógrado (que se move pela aorta até a circulação sistêmica) está reduzido, e o volume sistólico regurgitante ocasiona uma rápida elevação na pressão atrial esquerda, edema pulmonar e diminuição no débito cardíaco. A regurgitação aguda da valva mitral quase sempre é sintomática. Em casos graves, com frequência há indicação para a substituição da valva mitral. As alterações hemodinâmicas associadas à regurgitação crônica da valva mitral ocorrem mais lentamente, possibilitando o recrutamento de mecanismos compensatórios. Um aumento do volume DFVE possibilita uma elevação no volume sistólico total, restaurando o fluxo anterógrado para a aorta. A pré-carga aumentada e a pós-carga reduzida ou normal (em consequência do descarregamento do VE no átrio esquerdo) facilitam a ejeção ventricular esquerda. Ao mesmo tempo, um aumento gradual no tamanho do átrio esquerdo possibilita a acomodação do volume regurgitante a uma pressão de enchimento mais baixa. 3 - Prolapso da valva mitral: também denominado síndrome da valva mitral frouxa, ocorre em 1 a 2,5% da população geral. O distúrbio é observado com mais frequência em mulheres do que em homens e pode ter uma base familiar. O prolapso da valva mitral familiar é transmitido como um traço autossômico, e foram identificados diversos loci cromossômicos. Embora a causa exata do distúrbio em geral seja desconhecida, ela tem sido associada à síndrome de Marfan, osteogênese imperfeita e outros distúrbios do tecido conjuntivo, e com distúrbios cardíacos, hematológicos, neuroendócrinos, metabólicos e psicológicos. Os achados patológicos em pessoas com prolapso de valva mitral incluem a degeneração mixedematosa (mucinosa) dos folhetos da valva mitral, tornando-os aumentados e frouxos, de modo a prolapsarem ou realizarem um movimento de balão para dentro do átrio esquerdo, durante a sístole. As alterações fibróticas secundárias refletem os estresses e a lesão que os movimentos de balonamento impõem sobre a valva. Determinados tipos de prolapso da valva mitral podem decorrer de distúrbios miocárdicos que impõem um estresse indevido sobre a valva mitral, em consequência do movimento anormal da parede ventricular ou dos músculos papilares. O prolapso da valva mitral pode ou não causar regurgitação mitral. 4 - Estenose aórtica: é caracterizada por um aumento da resistência à ejeção do sangue do VE para a aorta. As causas mais comuns de estenose da valva aórtica são as malformações valvares congênitas e a calcificação adquirida da valva tricúspide normal. As malformações congênitas podem resultar em folhetos valvares unicúspides, bicúspides ou com formato inadequado. De modo geral, a estenose aórtica adquirida é consequência da calcificação associada ao “uso e desgaste” normal de uma valva aórtica anteriormente normal, ou de valvas bicúspides congênitas. A progressão da estenose aórticacalcificada em geral é lenta e muito variável entre os indivíduos. As alterações valvares variam de um leve espessamento sem obstrução até a calcificação grave com comprometimento do movimento dos folhetos e obstrução da saída ventricular esquerda. Foi demonstrado que os processos implicados no desenvolvimento da valvopatia aórtica calcificada são semelhantes aos da DAC. Ambas as condições são mais comuns em homens, idosos e pessoas com hipercolesterolemia parcialmente derivada de um processo inflamatório ativo. As lesões iniciais da esclerose aórtica apresentam lesões semelhantes às das placas subendoteliais, como nas fases iniciais de uma lesão aterosclerótica. A esclerose aórtica é diferenciada da estenose aórtica pelo grau de comprometimento valvar. Na esclerose aórtica, os folhetos valvares estão anormalmente espessados, mas a obstrução da saída é mínima, enquanto na estenose aórtica a área funcional da valva está suficientemente diminuída para causar obstrução da saída. A calcificação da valva aórtica progride a partir da base das cúspides até os folhetos. Isso reduz o movimento dos folhetos e a área efetiva da valva, mas sem fusão das comissuras. Na medida em que a calcificação progride, os folhetos enrijecem, ocorre um agravamento da obstrução da saída ventricular esquerda e a fusão das comissuras leva à estenose aórtica. Como o desenvolvimento da estenose aórtica é gradual, o VE tem tempo para se adaptar. Com o aumento da pressão sistólica em consequência da obstrução, a parede ventricular esquerda se torna mais espessa, ou hipertrofia, porém o volume normal da câmara é mantido. Uma redução adicional na área da valva, de metade até um quarto do seu tamanho normal, produz uma obstrução grave do fluxo e uma sobrecarga de pressão progressiva sobre o VE. Nesse ponto, o aumento do trabalho cardíaco começa a exceder a reserva do fluxo sanguíneo coronariano, causando disfunção sistólica e diastólica, e sinais de insuficiência cardíaca. 5 - A regurgitação da valva aórtica (ou regurgitação aórtica) é o resultado de uma valva aórtica insuficiente que permite o fluxo retrógrado do sangue para o VE durante a diástole. Como resultado, o VE precisa aumentar o volume sistólico para incluir tanto o sangue que entra dos pulmões como aquele que extravasa e retorna pela valva regurgitante. Esse defeito pode resultar de condições que causam cicatrização dos folhetos da valva, ou de um alargamento do orifício valvar que afasta os folhetos a ponto de deixarem de se tocar. Existem diversas causas de regurgitação aórtica, incluindo FR, dilatação idiopática da aorta, anormalidades congênitas, EI e síndrome de Marfan. Outras causas incluem hipertensão, traumatismo e insuficiência de uma prótese valvar. A regurgitação aórtica aguda é caracterizada pelo súbito aparecimento de um grande volume regurgitante para o VE de tamanho normal, que não teve tempo para se adaptar à sobrecarga de volume. É mais comumente causada por distúrbios como EI, traumatismo ou dissecção aórtica. Embora o coração responda utilizando os mecanismos de Frank-Starling e aumentando a frequência cardíaca, esses mecanismos compensatórios não conseguem manter o débito cardíaco. Como resultado, ocorre uma grave elevação na pressão DFVE que é transmitida para o átrio esquerdo e para as veias pulmonares, culminando no edema pulmonar. A diminuição no débito cardíaco leva à estimulação simpática e a um aumento resultante na frequência cardíaca e na resistência vascular periférica, com consequente agravamento da regurgitação. Na regurgitação aórtica grave, é comum haver morte por edema pulmonar, arritmias ventriculares ou colapso circulatório. A regurgitação aórtica crônica, que normalmente tem início gradual, representa uma condição decorrente da combinação do volume ventricular esquerdo com a sobrecarga de pressão. Conforme a deformidade da valva aumenta, o fluxo regurgitante no VE aumenta, a pressão arterial diastólica diminui e o volume do VE aumenta progressivamente. Em termos hemodinâmicos, o aumento no volume ventricular esquerdo resulta na ejeção de um grande volume sistólico geralmente adequado para manter o débito cardíaco anterógrado até o final da evolução da doença. A maior parte das pessoas permanece assintomática durante essa fase compensada, a qual pode durar décadas. Por muitos anos, o único sinal pode ser um sopro aórtico sistólico suave.
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